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ISCTE - IUL

Matemática
Licenciaturas em Finanças e Contabilidade, Gestão,
Gestão Industrial e Logı́stica e Gestão de Marketing

17 de Novembro de 2018

Ano Letivo 2018/2019, 1o semestre

Teste Intermédio Duração: 1h30m + 15m

Nome:
Número de aluno:
Turma:
Docente:

Observações:

1. Durante a prova não é permitida a posse de equipamentos eletrónicos, em particular de


máquinas de calcular.

2. A prova é realizada sem consulta.

3. Não é permitido escrever a lápis nem a caneta de tinta vermelha.

4. Não se tiram dúvidas durante a prova.

5. Não destaque nenhuma folha do caderno de prova, sob pena da sua anulação.

6. A prova deve ser resolvida unicamente nas folhas do enunciado, as quais devem permanecer
agrafadas.

7. Não são permitidas folhas de rascunho adicionais. A última folha do enunciado serve para
esse efeito. A folha de rascunho pode ser usada excecionalmente para responder a alguma
questão, desde que claramente assinalado.

Reservado para cotações:

1
1a Parte
(6.0 valores)

A 1a parte é de escolha múltipla, não devendo apresentar quaisquer cálculos ou justi-


ficações. Cada questão tem uma única resposta correcta.


a cos(x) se x < 0

(1.0 val.) 1. Considere a função f (x) = 2 se x = 0 . Identifique para que valores de a e b a

 x
e +b se x > 0
função é contı́nua.

(a) a = 1 e b = 2
(b) a = −2 e b = 1
(c) a = −1 e b = 2
(d) a = 2 e b = 1

(1.0 val.) 2. Considere as três funções


(
1 se x < 0
f (x) = sin(1/x), g(x) = |x|, h(x) = .
0 se x ≥ 0
Quais destas funções têm limite em x = 0?

(a) f (x) e g(x)


(b) g(x)
(c) h(x) e f (x)
(d) Nenhuma das três

(1.0 val.) 3. Para a função de custo de produção C(x) = 24 + 2x + 16x2 , sendo x o número de toneladas
de cimento produzidas, qual o custo marginal quando produzimos 10 toneladas de cimento?

(a) 322
(b) 1644
(c) 346
(d) 2500

2
(1.0 val.) 4. Na imagem seguinte encontra a representação dos gráficos das funções f , g, h e l.

Indique qual das funções g, h e l pode ser uma primitiva da função f .

(a) g(x)
(b) h(x)
(c) l(x)
(d) Nenhuma das três

t3 √
(1.0 val.) 5. A função dada por F (t) = − 2 t3 é uma primitiva da função:
3
t2 √
(a) f (t) = −2 t
3
1
(b) f (t) = t2 − √
t3
t4 4√ 5
(c) f (t) = − t
12 5

(d) f (t) = t2 − 3 t

3
(1.0 val.) 6. Considere a função f , que tem como gráfico o representado na figura

Z 15
O valor do integral f (x) dx é:
0

(a) 4π + 28
(b) 2π + 33
(c) 2π + 28
(d) 4π + 24

Respostas da escolha múltipla: 1 (d), 2 (b), 3 (a), 4 (b), 5 (d), 6 (c)

4
2a Parte
(14.0 valores)

Nas questões da 2a Parte deverá apresentar o seu raciocı́nio de forma clara, indicando todos
os cálculos e justificações necessárias.

(2.0 val.) 1. Considere o limite  


4
lim 3 − x .
x→10 5
(0.5 val.) (a) Calcule o limite usando substituição direta.
(1.5 val.) (b) Confirme o resultado anterior, usando a definição , δ de limite.

Resolução:

(a)
lim (3 − 4/5x) = 3 − 40/5 = 3 − 8 = −5
x→10

(b) – Conjeturar δ:
Dado  > 0 arbitrário, queremos encontrar δ tal que se 0 < |x − 10| < δ então
|f (x) − (−5)| < .
Temos:

4 4 40 − 4x 4 4
|f (x) − (−5)| = 3 − x + 5 = 8 − x =
= |10 − x| = |x − 10|
5 5 5 5 5

Portanto, queremos δ > 0 tal que se

0 < |x − 10| < δ

então
4 5
|x − 10| <  ⇔ |x − 10| < ,
5 4
o que sugere δ = 54 .
– Provar que a escolha de δ é correta
Dado  > 0 arbitrário, escolha-se δ = 45 . Se 0 < |x − 10| < δ = 54  então

3 − 4 x + 5 = 4 |x − 10| < 4 5  = .

5 5 54

Portanto, pela definição de limite, lim (3 − 4/5x) = −5.


x→10

5
(2.0 val.) 2. Considere a função y definida implicitamente pela equação

sin(x) = xy .
dy
(1.0 val.) (a) Resolva a equação em ordem a y e calcule dx .
dy
(1.0 val.) (b) Use derivação implı́cita para calcular dx . Verifique que a solução é consistente com a
solução encontrada em (a).

Resolução:

(a)
sin(x) dy (sin x)0 x − sin x(x)0
sin(x) = xy ⇒ y = ⇒ =
x dx x2

dy x cos x − sin x x cos x − sin x dy cos x sin x


⇒ = 2
= 2
⇒ = − 2
dx x x dx x x
(b)
d d
(sin x) = (xy)
dx dx

dx dy dy
⇒ cos x = y+ x ⇒ cos x = y + x
dx dx dx
Colocando a expressão em ordem a dy/dx, obtemos:

dy cos x y
= −
dx x x
Substituindo y = sin x/x,

sin x
dy cos x cos x sin x
= − x = − 2
dx x x x x
vemos que a solução é a mesma que se obteve em (a).

6
(2.0 val.) 3. Considere a função f (x) = ln(x + 1).

(0.75 val.) (a) Aplique a fórmula de Taylor para obter, em torno do ponto a = 0, uma aproximação
quadrática de f (x).
(1.25 val.) (b) Recorde que, de acordo com o Teorema de Taylor, é válida a igualdade

f (x) = Tn (x) + Rn+1 ,

onde Tn (x) e Rn+1 (x) representam, respetivamente, o polinómio de Taylor de ordem


n e o resto de Lagrange. Utilizando esta igualdade, prove que

ln(x + 1)
lim = 1.
x→0 x

Resolução:

(a) Para obter a aproximação quadrática de f calculamos as funções derivadas de f de


ordem 1 e 2,
(x + 1)0 1
f 0 (x) = =
x+1 x+1
(x + 1)0 1
f 00 (x) = − =−
(x + 1)2 (x + 1)2
e os valores de f e das suas derivadas em a = 0,

f (0) = ln(0 + 1) = ln(1) = 0,


1
f 0 (0) = = 1/1 = 1,
0+1
1
f 00 (0) = − = −1.
1
Assim, a aproximação quadrática de Taylor de f em a = 0 é:

f 00 (0) x2 x2
f (x) ≈ f (0) + f 0 (0)(x − 0) + (x − 0)2 = 0 + 1x − 1 =x−
2! 2 2
x2
⇒ ln(x + 1) ≈ x −
2
(b) Usando o que já obtivemos em (a), sabemos que

x2
ln(x + 1) = x − + R3 (x),
2

onde R3 (x) é o resto de Lagrange, isto é,

f 000 (c)x3
R3 = , para algum c entre x e a.
3!
Como
−1 2
f 000 (x) = (−2) 3
(x + 1)0 = ,
(x + 1) (x + 1)3
temos:
f 000 (c)x3 f 000 (c)x3 x3 2
R3 = = = , para algum c entre x e a.
3! 6 6 (c + 1)3

7
Então,

x2 x3 2 ln(x + 1) x x2 2
ln(x + 1) = x − + 3
⇒ = 1 − +
2 6 (c + 1) x 2 6 (c + 1)3

Logo, tendo em conta que quando x → 0 também c → 0, obtém-se:

x x2
 
ln(x + 1) 2
lim = lim 1 − + =1−0+0=1
x→0 x x→0 2 6 (c + 1)3

8

(2.0 val.) 4. Considere a função f (x) = 1 + x.

(1.0 val.) (a) Utilizando o Teorema do Valor Médio, mostre que num intervalo da forma ]0, b[, com
b > 0, existe um valor c ∈ ]0, b[ tal que

1+b−1 1
= √ .
b 2 1+c

(1.0 val.) (b) Utilizando a alı́nea anterior, verifique que para todo o x > 0 é válida a desigualdade
√ 1
1 + x < 1 + x.
2
Resolução:


(a) A função f (x) = 1 + x é contı́nua e diferenciável no seu domı́nio [−1, ∞[. Em
particular, f é contı́nua num intervalo da forma [0, b] e diferenciável num intervalo da
forma ]0, b[, com b > 0. Pelo TVM, existe um valor c ∈ ]0, b[ tal que

f (b) − f (0)
f 0 (c) = .
b−0
Temos √
f (b) = 1 + b,

f (0) = 1 = 1,
e dado que
1 1 1
f 0 (x) = (1 + x)1−1/2 = 1/2
= √ ,
2 2(1 + x) 2 1+x
pelo TVM enunciado acima, existe um valor c ∈ ]0, b[ tal que

f (b) − f (0) 0 1+b−1 1
= f (c) ⇔ = √ .
b−0 b 2 1+c

(b) Da alı́nea anterior, para qualquer x > 0, existe c ∈ ]0, x[ tal que

1+x−1 1
= √ .
x 2 1+c

Como 0 < c < x, 1 + c > 1 e portanto,
1 1
√ < .
2 1+c 2

Logo, para qualquer x > 0,



1+x−1 1 1 √ x √ x
= √ < ⇒ 1 + x − 1 < ⇒ 1 + x < + 1,
x 2 1+c 2 2 2

como se pretendia demonstrar.

9
(4.5 val.) 5. Calcule a primitiva geral de cada uma das seguintes funções:

ex
(1.5 val.) (a) f (x) = √
1 + ex

(1.5 val.) (b) f (x) = x2 sin x

x2 − x + 5
(1.5 val.) (c) f (x) =
(x − 1)(x2 + 4)

Resolução:

(a) Note que se u = ex + 1 então u0 = ex . Então,

ex (ex + 1)−1/2+1 √
Z Z
p dx = ex (ex + 1)−1/2 dx = +C = 2 ex + 1+C, C∈R
(ex + 1) −1/2 + 1

Alternativamente, por substituição: se u = ex + 1 então du = ex dx e portanto

ex u−1/2+1 √
Z Z
1
√ x dx = √ du = +C =2 u+C
e +1 u −1/2 + 1
Reescrevendo o resultado em ordem à variável x, tem-se
ex √
Z
p d x = 2 ex + 1 + C, C ∈ R.
(ex + 1)

(b) Efetuamos primitivação por partes, escolhendo:

u = x2 , v 0 = sin x, u0 = 2x, v = − cos x.

Então,
Z Z Z
2 2 2
x sin(x) dx = −x cos x − −2x cos x dx = −x cos x + 2 x cos x dx.

Aplicamos primitivação por partes de novo, agora tomando

u = x, v 0 = cos x, u0 = 1, v = sin x,

donde Z  Z 
2 2
x sin(x) dx = −x cos x + 2 x sin x − sin xdx
Z
⇒ x2 sin(x) = −x2 cos x + 2 (x sin x + cos x) + C, C ∈ R.

(c) Trata-se de uma função racional própria cujo denominador já está fatorizado comple-
tamente (um fator linear x − 1 não repetido e um fator quadrático x2 + 4 irredutı́vel).
Assim, a decomposição em frações parciais é

x2 − x + 5 A Bx + C
2
= + 2 .
(x − 1) (x + 4) x−1 x +4

Reduzindo ambos os lados da igualdade ao mesmo denominador e igualando os nume-


radores, obtém-se:

x2 − x + 5 = A x2 + 4 + (Bx + C)(x − 1) ⇔


10
⇔ x2 − x + 5 = Ax2 + 4A + Bx2 − Bx + Cx − C ⇔
⇔ x2 − x + 5 = (A + B)x2 + (−B + C)x + 4A − C ⇔

A + B = 1

⇔ −B + C = −1

4A − C = 0

Resolvendo o sistema, obtém-se A = 1, B = 0 e C = −1. Então:

x2 − x + 5
Z Z   Z Z
1 1 1 1
2
dx = − 2 dx = dx − 2
dx
(x − 1) (x + 4) x−1 x +4 x−1 x +4

x2 − x + 5
Z Z
1 1
⇒ dx = ln(x − 1) − dx
(x − 1) (x2 + 4) 4 x2 /4 + 1
Z
1 1 1
= ln(x − 1) − dx = ln(x − 1) − arctan(x/2) + C
4 (x/2)2 + 1 2
x2 − x + 5
Z
1
⇒ 2
dx = ln(x − 1) − arctan(x/2) + C, C ∈ R.
(x − 1) (x + 4) 2

11
(1.5 val.) 6. Mostre as seguintes desigualdades:
Z 2
2
e ≤ ex dx ≤ e4 .
1

Resolução:
2
A função f (x) = ex é monótona crescente no intervalo [1, 2]. Logo,

m = f (1) = e ≤ f (x) ≤ f (2) = e4 = M, ∀ x ∈ [1, 2]

Pela propriedade dos integrais


Z b
m ≤ f (x) ≤ M, a ≤ x ≤ b =⇒ m(b − a) ≤ f (x) dx ≤ M (b − a),
a

com a = 1, b = 2, concluı́mos que


Z 2
2
(2 − 1) · e ≤ ex dx ≤ (2 − 1) · e4 ⇔
1
Z 2
2
⇔e≤ ex dx ≤ e4
1

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Folha de rascunho

13
Folha de rascunho

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