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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Interpretação e Compreensão����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Ler e Entender um Texto���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Noções Básicas sobre Interpretação e Compreensão Textual��������������������������������������������������������������������������������������2

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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Interpretação e Compreensão
Nas provas de Língua Portuguesa, o texto é a base de todos os questionamentos. As questões de
interpretação e compreensão exigem do candidato um conhecimento das estruturas de um texto e
um amplo vocabulário.
Deve-se ficar atento ao fato de que as frases geralmente possuem significados de acordo com o
contexto em que estão inseridas. Logo, torna-se necessário confrontar todas as partes de um texto
para resolver uma questão.
Além disso, vale entender os dois principais níveis de leitura: decodificação (elementos explícitos
no texto), inferência (elementos implícitos, deduções, conclusões).

Ler e Entender um Texto


É importante buscar os dois níveis de leitura: a informativa e de reconhecimento (decodificação)
e a interpretativa (inferência).
Na primeira leitura, são extraídas as informações mais importantes, a ideia central do texto e a
ideia central de cada parágrafo. É interessante destacar as palavras-chave do texto.
Deve-se ressaltar que há limites para interpretação, ou seja, não se deve buscar o que o leitor
entende, mas o que o texto permite que se entenda. Desse modo, não importa a opinião do leitor do
texto, mas apenas o que é possível compreender pela leitura.
Antes de realizar a leitura, é fundamental identificar a referência bibliográfica, para verificar se é
um texto de jornal, literário, blog, etc.
Para responder às questões, é necessário entender o enunciado, para perceber o que está sendo
pedido, se há palavras como exceto, respectivamente, nunca, sempre, etc.
Muitas vezes, a interpretação busca o que é mais adequado, mais lógico para aquele momento, o
que é possível concluir.
Cabe ressaltar que algumas questões trazem fragmentos de um texto. Quando isso ocorrer,
deve-se retornar o texto, pois a descontextualização pode causar dúvida ou induzir o candidato ao
erro. Ao retornar ao texto, é importante ler o período anterior e posterior ao fragmento citado na
questão.

Noções Básicas sobre Interpretação e Compreensão Textual


1) Conceito de texto: são ideias organizadas e relacionadas entre si, as quais formam um todo sig-
nificativo. Um texto é um enunciado capaz de produzir uma interação comunicativa, a qual dê a
capacidade de codificar e decodificar os sentidos.
2) Significado de contexto: um texto é um enunciado que tem um sentido e é constituído por meio
de frases. Em cada uma delas, há uma relação de coesão, pois uma informação se liga com a
anterior e/ou com a posterior, o que cria condições para a estruturação do conteúdo a ser trans-
mitido. Essa interligação de frases e períodos recebe o nome contexto. Vale destacar que a relação
entre as frases é tão importante que, se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada
separadamente, poderá haver um significado diferente daquele inicial.
3) Intertexto é uma das características de um texto, ou seja, uma produção textual geralmente apre-
senta referências diretas ou indiretas a outros autores por meio de citações.
4) A interpretação de texto busca identificar a ideia principal de um texto. A partir dessa ideia prin-
cipal, localizam-se as secundárias, as fundamentações, as argumentações, as explicações, ou
seja, tudo o que leva ao esclarecimento das questões apresentadas numa prova.
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5) As questões que envolvem a compreensão e a interpretação de textos geralmente exigem que o


candidato:
a) Identifique, ou seja, reconheça os elementos fundamentais de argumentação, de um processo,
de um momento. Nesse caso, é importante identificar os verbos e os advérbios.
b) Compare, quer dizer, descubra as relações de semelhança ou de diferenças que são explicitadas
no texto.
c) Comente, isto é, relacione o conteúdo apresentado com uma realidade.
d) Resuma, ou melhor, perceba a ideia central e/ou as secundárias de um parágrafo, de um texto.
6) Interpretar significa deduzir, fazer conclusões, julgar. Geralmente há os seguintes enunciados:
infere-se, depreende-se, é possível deduzir que, o texto permite concluir que, a intenção do autor
é, etc.
7) Compreender significa intelecção, entendimento, atenção às informações explícitas e implícitas.
Geralmente há os seguintes enunciados: o texto diz que, de acordo com o texto, o autor afirma
que, etc.
8) Alguns dos equívocos mais comuns na interpretação são: extrapolar o que está no texto, acres-
centando ideias pessoais e não as que são possíveis de serem concluídas; reduzir o significado do
texto, dando apenas atenção a um aspecto, esquecendo-se de que o texto é um todo e não uma
parte; discordar do texto e avalia-lo segundo as suas próprias perspectivas, tirando conclusões
equivocadas, pessoais.
9) Para fazer uma questão que trabalha com os sentidos de um texto, é preciso avaliar a ótica do
autor, e não do leitor. Isso significa que a opinião do leitor não importa, pois deve ser levado em
consideração apenas o que o autor diz.
10) A coesão influencia a construção e os sentidos de um texto. Portanto, deve-se fica atento ao
emprego de conectivos, como pronomes, conjunções, sinônimos.
Exercícios
01. Leia o texto a seguir;
Além do ato instintivo, inconsciente, automático, puramente reflexo, evitação do sentimento
doloroso, ocorre a infindável série dos gestos intencionais, expressando o pensamento pela mímica, con-
vencionada através do tempo. Essa Signe Language, Gebärdensprache, Langue per Signes, Language
per Gestes, tem merecido ensaios de penetração psicológica, indicando a importância capital como
índices do desenvolvimento mental.
Desta forma o homem liberta e exterioriza o pensamento pela imagem gesticulada, com áreas mais
vastas no plano da compreensão e expansão que o idioma. Primeira forma da comunicação humana,
mantém sua prestigiosa eficiência em todos os recantos do mundo. As pesquisas sobre antiguidade e
valorização de certos gestos, depoimentos insofismáveis de certos temperamentos pessoais e coletivos,
índices de moléstias nervosas, apaixonam estudiosos.
A correlação dos gestos com os centros cerebrais, ativando-lhes a capacidade criadora, e não esses
àqueles, possui, presentemente, alto número de defensores. Esclarecem-se, atualmente, a antiguidade e
potência intelectual da Mímica como documento vivo, milenar e contemporâneo, individual e coletivo.
Não havendo obrigatoriedade do ensino mas sua indispensabilidade no ajustamento da conduta
social, todos nós aprendemos o gesto desde a infância e não abandonamos seu uso pela existência
inteira. Os desenhos paleolíticos registram os gestos mais antigos, de mão e cabeça, e toda literatura
clássica, história, viagem, teatro, poemas, mostra no gesto sua grandeza de expressão insubstituível.
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Não existe, logicamente, a mesma tradução literal para cada gesto, universalmente conhecido. Na
famosa estória popular da Disputa por Acenos, cada antagonista entendia o gesto contrário de acordo
com seu interesse. Negativa e afirmativa, gesto de cabeça na horizontal e vertical, têm significação
inversa para chineses e ocidentais. Estirar a língua é insulto na Europa e América, é saudação respei-
tosa no Tibete. Vênias, baixar a cabeça, curvar os ombros, ajoelhar-se, elevar a mão à fronte, são uni-
versais. A mecânica da adaptação necessária a outras finalidades de convívio explica a multiplicação.
(Adaptado de: CASCUDO, Câmara, “Prefácio”, em História dos Nossos Gestos. Edição digital. Rio de Janeiro: Global, 2012)

De acordo com o texto,


a) ainda que de eficácia limitada, a linguagem gestual tem lugar no desenvolvimento do
homem desde o início da comunicação verbal.
b) embora a linguagem gestual, ou mímica, não se limite ao idioma de quem a utiliza, diferen-
ças culturais chegam a atribuir sentidos contrários a um mesmo gesto.
c) uma vez que a utilização da linguagem gestual é intensa na infância, mesmo que dispensável
na vida adulta, terminamos por preservar-lhe alguns resquícios.
d) d)ao contrário, por exemplo, da língua de sinais desenvolvida para deficientes auditivos, a
mímica, presente desde a infância, é preponderantemente de caráter instintivo.
e) e)a despeito dos idiomas, a vantagem da linguagem de sinais é sua possibilidade generaliza-
da de efetivar a comunicação entre os mais diferentes povos.
02. Leia o texto a seguir.
Além do ato instintivo, inconsciente, automático, puramente reflexo, evitação do sentimento
doloroso, ocorre a infindável série dos gestos intencionais, expressando o pensamento pela mímica, con-
vencionada através do tempo. Essa Signe Language, Gebärdensprache, Langue per Signes, Language
per Gestes, tem merecido ensaios de penetração psicológica, indicando a importância capital como
índices do desenvolvimento mental.
Desta forma o homem liberta e exterioriza o pensamento pela imagem gesticulada, com áreas mais
vastas no plano da compreensão e expansão que o idioma. Primeira forma da comunicação humana,
mantém sua prestigiosa eficiência em todos os recantos do mundo. As pesquisas sobre antiguidade e
valorização de certos gestos, depoimentos insofismáveis de certos temperamentos pessoais e coletivos,
índices de moléstias nervosas, apaixonam estudiosos.
A correlação dos gestos com os centros cerebrais, ativando-lhes a capacidade criadora, e não esses
àqueles, possui, presentemente, alto número de defensores. Esclarecem-se, atualmente, a antiguidade e
potência intelectual da Mímica como documento vivo, milenar e contemporâneo, individual e coletivo.
Não havendo obrigatoriedade do ensino mas sua indispensabilidade no ajustamento da conduta
social, todos nós aprendemos o gesto desde a infância e não abandonamos seu uso pela existência
inteira. Os desenhos paleolíticos registram os gestos mais antigos, de mão e cabeça, e toda literatura
clássica, história, viagem, teatro, poemas, mostra no gesto sua grandeza de expressão insubstituível.
Não existe, logicamente, a mesma tradução literal para cada gesto, universalmente conhecido. Na
famosa estória popular da Disputa por Acenos, cada antagonista entendia o gesto contrário de acordo
com seu interesse. Negativa e afirmativa, gesto de cabeça na horizontal e vertical, têm significação
inversa para chineses e ocidentais. Estirar a língua é insulto na Europa e América, é saudação respei-
tosa no Tibete. Vênias, baixar a cabeça, curvar os ombros, ajoelhar-se, elevar a mão à fronte, são uni-
versais. A mecânica da adaptação necessária a outras finalidades de convívio explica a multiplicação.
(Adaptado de: CASCUDO, Câmara, “Prefácio”, em História dos Nossos Gestos. Edição digital. Rio de Janeiro: Global, 2012)
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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Ao utilizar de diferentes línguas para referir-se à expressão do pensamento pela mímica (1°pará-
grafo), o autor
a) confere um caráter particular à linguagem de sinais, em oposição à universalidade das
línguas que usam um mesmo alfabeto.
b) ilustra a diversificação da linguagem de sinais, que muda em consonância com a língua
falada em cada lugar.
c) representa a infindável série dos gestos intencionais, muito embora decodificáveis indepen-
dentemente da língua das pessoas.
d) subentende a ligação intrínseca da linguagem de sinais e do idioma falado por quem a
utiliza.
e) sugere que o interesse por esse assunto não é exclusividade sua; ao contrário, está dissemina-
do entre os mais diversos povos.
03. Leia o texto a seguir.
Toda utopia, desde a criação do termo por Thomas Morus, há quinhentos anos, anda junto com
um projeto de urbanização. É difícil planejar uma cidade e resistir à tentação de formular um projeto
de sociedade. Mais que isso, se Severo Sarduy tem razão ao afirmar que a cidade passa a ser cartogra-
fada, quando, durante a Renascença, deixa de ser imediatamente visível em sua inteireza, quando
escapa ao olhar direto, então o ato de cartografar a cidade é simultâneo ao de planejá-la. Ver a cidade
como um todo e criá-la nova obedecem a um mesmo movimento.
É conhecida a oposição que, em Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda tece entre as cidades
da América hispânica e as da América portuguesa. As cidades hispano-americanas são como tabulei-
ros de xadrez: planejadas, com ruas perpendiculares. Já as cidades brasileiras são semeadas nas mon-
tanhas e nos vales, seguindo ritmos naturais, que não são os das linhas retas. Pois o Brasil central tem
uma presença mais intensa das retas e perpendiculares, bem como do planejamento urbano, mas que
talvez só uma vez, com a construção da capital federal, esteja vinculado a um projeto de nova socie-
dade. O Brasil central e tardio rompe com o Brasil colonial, “atrasado”. O exemplo mais significativo
dessa mudança está no modo como o antigo estado de Goiás gerou três capitais que correspondem a
três momentos diferentes do planejamento urbano.
A primeira é Goiânia, fundada em 1933. É uma cidade moderna, planejada, mas não é utópica.
A segunda é a capital do país. Construída ao longo da segunda metade da década de 1950, Brasília é,
sim, uma cidade utópica. Desde seu projeto inicial, pretendeu-se efetuar uma mudança nas relações
entre as pessoas que lá fossem viver; isso se tentou com dificuldade e com fracassos, porém, de qualquer
forma, houve, em Brasília, um projeto utópico. Já a terceira capital retirada do antigo território goiano
é Palmas, fundada em 1989, onde há planejamento, mas a utopia sumiu. Sessenta anos de história
marcam, assim, a trajetória da utopia no país. Esse período, entre o governo Vargas e a Constituição de
1988, assinala a ascensão e a queda de um projeto utópico.
A palavra utopia é polissêmica. Salientamos alguns de seus aspectos: o princípio teórico para a
resolução dos males do mundo, o planejamento, a urbanização. Mas a utopia não se esgota neles. Ela
pode ser sinônimo de irrealismo − e, portanto, algo positivo (o sonho, o impossível) ou negativo (o im-
possível, o devaneio). Pode ser o que nos leva a romper com o convencional, impelindo-nos à ação, e
pode ser o que nos impede de agir, prendendo-nos ao imaginário.
(Adaptado de: RIBEIRO, Renato Janine. A boa política: Ensaios sobre a democracia na era da internet. Edição Digital. São
Paulo: Companhia das Letras, 2017)
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Consideradas as ideias expostas no texto, depreende-se corretamente:


a) Devaneio ou sonho, a utopia, sinônimo de irrealismo, pode ter efeitos negativos quando nos leva a
romper com as regras firmadas pela sociedade, em busca de um ideal dificilmente atingível.
b) Apesar de as cidades já serem cartografadas desde que foram fundadas, a infraestrutura dos
aglomerados urbanos começou a ser idealizada apenas a partir do período renascentista,
com ganhos para a organização social e o convívio.
c) As três cidades mencionadas no terceiro parágrafo representam exemplos de utopia urbana,
ainda que existam pontos negativos a respeito de seu planejamento.
d) Houve um projeto utópico na construção de Brasília, visto que havia já em seu projeto inicial
a intenção de efetuar uma mudança nas relações entre as pessoas que lá fossem viver.
e) As cidades da América portuguesa, que se desenvolveram seguindo ritmos naturais, que não são
os das linhas retas, são mais humanizadas e utópicas do que as cidades hispano-americanas.
04. Leia o texto a seguir.
O que quer dizer civilização do espetáculo? É a civilização de um mundo onde o primeiro lugar na
tabela de valores é ocupado pelo entretenimento, onde divertir-se, escapar do tédio, é a paixão universal.
Esse ideal de vida é perfeitamente legítimo. Mas transformar em valor supremo essa propensão natural à
diversão tem consequências inesperadas: banalização da cultura, generalização da frivolidade e, no campo
da informação, a proliferação do jornalismo irresponsável da bisbilhotice e do escândalo.
O que fez o Ocidente ir resvalando para uma civilização desse tipo? O bem-estar que se seguiu aos
anos de privações da Segunda Guerra Mundial e à escassez dos primeiros anos pós-guerra. Depois
dessa etapa duríssima, seguiu-se um período de extraordinário desenvolvimento econômico. As classes
médias cresceram e a mobilidade social se intensificou. O bem-estar e o espaço ocupado pelo ócio no
mundo desenvolvido constituíram notável estímulo para as indústrias da diversão, promovidas pela
publicidade, mestra de nosso tempo. Não se entediar e evitar o que perturba e angustia passou a ser,
para setores sociais cada vez mais amplos da pirâmide social, o preceito de toda uma geração, aquilo
que Ortega y Gasset chamava de “espírito de nosso tempo”.
(Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. A civilização do espetáculo: uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura. Edição
digital. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2012)

Atente para as afirmações abaixo:


I. No primeiro parágrafo, o autor aponta para algumas das consequências negativas do modo
de vida estabelecido na chamada civilização do espetáculo, como o aumento do jornalismo
irresponsável e o temor ao tédio.
II. O surgimento da publicidade é apontado no texto como responsável pela banalização da
cultura, fenômeno que se acentua a partir do crescimento das classes médias na segunda
metade do século XX, que passaram a consumir cada vez mais produtos industrializados
em detrimento da erudição.
III. No texto, questiona-se a tese de que a paixão universal pela diversão seja decorrência do de-
senvolvimento econômico observado após a Segunda Guerra Mundial, uma vez que a ela se
seguiu um período de notável escassez.
Está correto o que consta em
a) I, II e III.
b) II, apenas.
c) I, apenas.
d) I e III, apenas.
e) II e III, apenas.
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05. Leia o texto a seguir.


Juízo de valor
Um juízo de valor tem como origem uma percepção individual: alguém julga algo ou outra pessoa
tomando por base o que considera um critério ético ou moral. Isso significa que diversos indivíduos
podem emitir diversos juízos de valor para uma mesma situação, ou julgar de diversos modos uma
mesma pessoa. Tais controvérsias são perfeitamente naturais; o difícil é aceitá-las com naturalidade
para, em seguida, discuti-las. Tendemos a fazer do nosso juízo de valor um atestado de realidade: o
que dissermos que é, será o que dissermos. Em vez da naturalidade da controvérsia a ser ponderada,
optamos pela prepotência de um juízo de valor dado como exclusivo.
Com o fenômeno da expansão das redes sociais, abertas a todas as manifestações, juízos de valor
digladiam-se o tempo todo, na maior parte dos casos sem proveito algum. Sendo imperativa, a opinião
pessoal esquiva-se da controvérsia, pula a etapa da mediação reflexiva e instala-se no posto da con-
vicção inabalável. À falta de argumentos, contrapõem-se as paixões do ódio, do ressentimento, da
calúnia, num triste espetáculo público de intolerância.
Constituem uma extraordinária orientação para nós todos estas palavras do grande historiador
Eric Hobsbawm: “A primeira tarefa do historiador não é julgar, mas compreender, mesmo o que temos
mais dificuldade para compreender. O que dificulta a compreensão, no entanto, não são apenas as
nossas convicções apaixonadas, mas também a experiência histórica que as formou.” A advertência de
Hobsbawm não deve interessar apenas aos historiadores, mas a todo aquele que deseja dar consistên-
cia e legitimidade ao juízo de valor que venha a emitir.
(Péricles Augusto da Costa, inédito)

Os juízos de valor são considerados naturalmente controversos pelo fato de que


a) simulam uma convicção quando apenas presumem o que seja um atributo da realidade.
b) expressam a prepotência de quem se nega a discuti-los levando em conta a argumentação alheia.
c) exprimem pontos de vista originários de percepções essencialmente subjetivas.
d) correspondem a verdades absolutas que a realidade mesma dos fatos não é suficiente para
comprovar.
e) traduzem percepções equivocadas do que se considera a verdade autêntica de um fato.
06. Leia o texto a seguir.
Juízo de valor
Um juízo de valor tem como origem uma percepção individual: alguém julga algo ou outra pessoa
tomando por base o que considera um critério ético ou moral. Isso significa que diversos indivíduos
podem emitir diversos juízos de valor para uma mesma situação, ou julgar de diversos modos uma
mesma pessoa. Tais controvérsias são perfeitamente naturais; o difícil é aceitá-las com naturalidade
para, em seguida, discuti-las. Tendemos a fazer do nosso juízo de valor um atestado de realidade: o
que dissermos que é, será o que dissermos. Em vez da naturalidade da controvérsia a ser ponderada,
optamos pela prepotência de um juízo de valor dado como exclusivo.
Com o fenômeno da expansão das redes sociais, abertas a todas as manifestações, juízos de valor
digladiam-se o tempo todo, na maior parte dos casos sem proveito algum. Sendo imperativa, a opinião
pessoal esquiva-se da controvérsia, pula a etapa da mediação reflexiva e instala-se no posto da con-
vicção inabalável. À falta de argumentos, contrapõem-se as paixões do ódio, do ressentimento, da
calúnia, num triste espetáculo público de intolerância.
Constituem uma extraordinária orientação para nós todos estas palavras do grande historiador
Eric Hobsbawm: “A primeira tarefa do historiador não é julgar, mas compreender, mesmo o que temos
mais dificuldade para compreender. O que dificulta a compreensão, no entanto, não são apenas as
nossas convicções apaixonadas, mas também a experiência histórica que as formou.” A advertência de
Hobsbawm não deve interessar apenas aos historiadores, mas a todo aquele que deseja dar consistên-
cia e legitimidade ao juízo de valor que venha a emitir.
(Péricles Augusto da Costa, inédito)
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O violento embate entre juízos de valor nas redes sociais poderia ser bastante amenizado no caso
de se aceitar, conforme recomenda o historiador Hobsbawm, a disposição de
a) evitar o julgamento de fenômenos históricos de difícil interpretação, sobretudo os que nos
são contemporâneos.
b) aceitar como legítimos os juízos de valor já consolidados na alta tradição dos historiadores
mais experientes.
c) definir com bastante precisão qual o juízo de valor a ser adotado como critério para a com-
preensão de um fato.
d) preceder o juízo de valor do exame das condições históricas que determinam a atribuição de
sentido ao objeto de julgamento.
e) pressupor que a compreensão de um fato histórico depende da emissão de juízos de valor já
legitimados socialmente.
07. Leia o texto a seguir.
[Em torno da memória]
Na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar, com imagens
e ideias de hoje, as experiências do passado. A memória não é sonho, é trabalho. Se assim é, deve-se
duvidar da sobrevivência do passado “tal como foi”, e que se daria no inconsciente de cada sujeito. A
lembrança é uma imagem construída pelos materiais que estão, agora, à nossa disposição, no conjunto
de representações que povoam nossa consciência atual. Por mais nítida que nos pareça a lembrança de
um fato antigo, ela não é a mesma imagem que experimentamos na infância, porque nós não somos os
mesmos de então e porque nossa percepção alterou-se.
O simples fato de lembrar o passado, no presente, exclui a identidade entre as imagens de um e de
outro, e propõe a sua diferença em termos de ponto de vista.
(Adaptado de Ecléa Bosi. Lembranças de velhos. S. Paulo: T. A. Queiroz, 1979, p. 17)

Entende-se que a memória não é sonho, é trabalho quando se aceita o fato de que as lembranças
nossas
a) requerem esforço e disciplina para que venham corresponder às reais experiências vividas
no passado.
b) exigem de nós a difícil manutenção dos mesmos pontos de vista que mantínhamos no passado.
c) libertam-se do nosso inconsciente pela ação da análise que, no passado, não éramos capazes
de elaborar.
d) mostram-se trabalhosas por conta do esquecimento que as relega ao plano do nosso inconsciente.
e) produzem-se como construções imagéticas cuja elaboração se dá com elementos do
momento presente.
08. Leia o texto a seguir.
O filósofo Theodor Adorno (1903-1969) afirma que, no capitalismo tardio, “a tradicional dicoto-
mia entre trabalho e lazer tende a se tornar cada vez mais reduzida e as ‘atividades de lazer’ tomam
cada vez mais do tempo livre do indivíduo”. Paradoxalmente, a revolução cibernética de hoje diminuiu
ainda mais o tempo livre.
Nossa época dispõe de uma tecnologia que, além de acelerar a comunicação entre as pessoas e os
processos de aquisição, processamento e produção de informação, permite automatizar grande parte
das tarefas. Contudo, quase todo mundo se queixa de não ter tempo. O tempo livre parece ter encolhi-
do. Se não temos mais tempo livre, é porque praticamente todo o nosso tempo está preso. Preso a quê?
Ao princípio do trabalho, ou melhor, do desempenho, inclusive nos joguinhos eletrônicos, que alguns
supõem substituir “velharias”, como a poesia.
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T.S. Eliot, um dos grandes poetas do século XX, afirma que “um poeta deve estudar tanto quanto
não prejudique sua necessária receptividade e necessária preguiça”. E Paul Valéry fala sobre uma
ausência sem preço durante a qual os elementos mais delicados da vida se renovam e, de algum modo, o
ser se lava das obrigações pendentes, das expectativas à espreita… Uma espécie de vacuidade benéfica
que devolve ao espírito sua liberdade própria.
Isso me remete à minha experiência pessoal. Se eu quiser escrever um ensaio, basta que me aplique
e o texto ficará pronto, cedo ou tarde. Não é assim com a poesia. Sendo produto do trabalho e da
preguiça, não há tempo de trabalho normal para a feitura de um poema, como há para a produção de
uma mercadoria. Bandeira conta, por exemplo, que demorou anos para terminar o poema “Vou-me
embora pra Pasárgada”.
Evidentemente, isso não significa que o poeta não faça coisa nenhuma. Mas o trabalho do poeta é
muitas vezes invisível para quem o observa de fora. E tanto pode resultar num poema quanto em nada.
Assim, numa época em que “tempo é dinheiro”, a poesia se compraz em esbanjar o tempo do poeta,
que navega ao sabor do poema. Mas o poema em que a poesia esbanjou o tempo do poeta é aquele que
também dissipará o tempo do leitor, que se deleita ao flanar por linhas que mereçam uma leitura por
um lado vagarosa, por outro, ligeira; por um lado reflexiva, por outro, intuitiva. É por essa temporali-
dade concreta, que se manifesta como uma preguiça fecunda, que se mede a grandeza de um poema.
(Adaptado de: CÍCERO, Antonio. A poesia e a crítica: Ensaios. Companhia das Letras, 2017, edição digital)

Depreende-se do texto que a tradicional dicotomia entre trabalho e lazer (1° parágrafo), apontada
por Adorno,
a) é reforçada pelo capitalismo tardio, cuja ideia de que “tempo é dinheiro” resulta na deprecia-
ção das atividades lúdicas que demandam maior dedicação, como a poesia.
b) está circunscrita a um determinado momento histórico em que a exigência de dedicação
ao trabalho impedia que a classe dos trabalhadores usufruísse de atividades culturais nos
momentos de folga.
c) causou a desvalorização de certas atividades mais lentas, como a feitura de poemas, que
chegam a levar anos para serem concluídos, em prol de outras mais dinâmicas, como os
jogos eletrônicos.
d) pressupõe que, na era cibernética, diversas atividades, como a comunicação e a captação de in-
formações, estão mais velozes, proporcionando mais tempo de entretenimento para o indivíduo.
e) deu lugar à falta de tempo livre até mesmo nos momentos destinados ao descanso ou ao entrete-
nimento, fenômeno que, apesar dos avanços da tecnologia, ainda se observa nos dias atuais.
09. Leia o texto a seguir.
A coletânea de aforismos que constituem os dois volumes de Humano, demasiado humano, consi-
derado o marco inicial do segundo período da produção de Nietzsche, é um ajuste de contas definitivo
com as ideias fundamentais do sistema filosófico de Schopenhauer.
Dedicando o livro à memória do filósofo francês Voltaire e escolhendo como epígrafe uma citação
de René Descartes, Nietzsche já o insere simbolicamente na tradição da filosofia das Luzes, caracteri-
zada pela confiança no poder emancipatório da ciência, em seu triunfo contra as trevas da ignorância
e da superstição. Não por acaso, portanto, a obra tem como subtítulo Um livro para espíritos livres.
Se, para o jovem Nietzsche, era a arte – e não a ciência – o que constituía a atividade metafísica
do homem, em Humano, demasiado humano ela é destituída desse privilégio. Fazendo uma referên-
cia velada a pressupostos fundamentais da filosofia de Schopenhauer, dos quais partilhara, Nietzs-
che toma agora o cuidado de se afastar criticamente deles. “Que lugar ainda resta à arte? Antes de
tudo, ela ensinou, através de milênios, a olhar com interesse e prazer a vida, em todas as suas formas.
Essa doutrina foi implantada em nós; ela vem à luz novamente agora como irresistível necessidade de
conhecer. O homem científico é o desenvolvimento do homem artístico”.
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Se, para o jovem Nietzsche, o aprofundamento do conhecimento científico conduzia à proliferação


de um saber erudito e estéril, que sufocava a vida, para o Nietzsche do período intermediário o conhe-
cimento científico torna livre o espírito.
Pouco mais tarde, Nietzsche aprofundaria seu novo entendimento relativo ao papel da ciência e à
oposição entre esta e a arte. Contrapondo-se àqueles que valorizam apenas a imaginação e as obras-
-primas do disfarce estético, o filósofo afirma: “eles pensam que a realidade é horrível; contudo, não
pensam que o conhecimento até da mais horrível realidade é belo, do mesmo modo que aquele que
conhece bastante e amiúde está, por fim, muito longe de considerar horrível o grande todo da reali-
dade, cuja descoberta lhe proporciona sempre felicidade. A felicidade do homem do conhecimento
aumenta a beleza do mundo”.
(Adaptado de: GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche. São Paulo, Publifolha, 2000, p. 42-46)

De acordo com o texto,


a) em Humano, demasiado humano, Nietzsche afasta-se das ideias propostas por Schope-
nhauer, com as quais havia se identificado anteriormente, e aponta para o poder de liberta-
ção proporcionado pelo conhecimento científico.
b) o subtítulo da coletânea de aforismos escrita por Nietzsche permite pressupor que nesta
obra valoriza-se antes a liberdade de imaginação do artista, tido como o arauto da civiliza-
ção moderna, do que os princípios da ciência.
c) ao afirmar que o jovem Nietzsche considerava pouco profícuo o acúmulo de conhecimento
científico, em oposição ao caráter produtivo da estética, o autor do texto estabelece um juízo
de valor a respeito da ingenuidade do filósofo.
d) a doutrina mencionada no 3° parágrafo, que Nietzsche considera ter sido “implantada em
nós”, refere-se à crença no poder do conhecimento científico, em conformidade com os
pressupostos do pensamento de Schopenhauer, contra os quais se opôs abertamente.
e) desenvolvido tardiamente, o entendimento de Nietzsche sobre a importância da ciência para
a felicidade do homem leva-o à condenação precipitada do caráter ilusório da arte, esta que,
para o autor do texto, representa o belo edificante em oposição aos horrores da realidade.
10. Atenção: Para responder à questão, considere a entrevista abaixo com o historiador e professor
Leandro Karnal.
1. Até que ponto o fracasso é culpa do indivíduo?
Leandro Karnal – Hoje existe um discurso dominante de que tudo o que acontece nas nossas vidas
depende das nossas escolhas. Teorias de diversas naturezas, da religião à psicanálise, contrariam essa
tese. Não somos tão racionais, nossas escolhas não nascem de uma liberdade plena e o acidente tem
um papel maior do que imaginamos. Tenho usado em minhas palestras duas noções desenvolvidas
por Nicolau Maquiavel: a “virtù”, o conjunto de habilidades e competências que nascem comigo e que
posso desenvolver, e a “ fortuna”, que significa o acaso, o inesperado. Ninguém é tão divino (só “virtù”)
e nem tão suscetível às circunstâncias (pura “ fortuna”). Faz diferença a escolha do indivíduo. Mas
nem sempre esse indivíduo lida com uma lógica absoluta, ele faz sua escolha dentro do possível.
2. De que forma o autoconhecimento pode ajudar uma pessoa que está vivendo uma fase
ruim na carreira?
Leandro Karnal – Se você olhar para si mesmo com honestidade, se encarar o retrato terrível da
Medusa, que é o seu lado difícil, tem a primeira chance de superá-lo. É o que diz a máxima “conhece
a ti mesmo”, que funda a filosofia de Sócrates. É preciso investigar a si mesmo para perceber que você
também tem falhas. Desse modo, fica mais fácil diminuir o efeito das fraquezas. Por outro lado,
conhecer a si mesmo também é conhecer o que há de bom em mim mesmo e aquilo que me traz bem-es-
tar. É comum ver pessoas que dizem que a carreira é tudo para elas, mas sofrem de gastrite no domingo

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à noite. Não sabem o que realmente querem. Há pessoas que adoram atividades repetitivas. Outras são
viciadas em desafios. Eu preciso saber do meu perfil. Não posso contrariar permanentemente a minha
natureza.
3. A morte do sociólogo Zygmunt Bauman reacendeu o debate sobre a deterioração das
relações humanas na era da internet. Redes sociais geram uma falsa ideia sobre o sucesso alheio?
Leandro Karnal – Toda tecnologia é neutra, tudo depende do que fazemos com ela. Vivemos na
sociedade do espetáculo, em que toda a atenção é voltada para a imagem. Precisamos entender que
tudo que se publica nas redes sociais é de autoria de um roteirista. É alguém construindo uma imagem.
(Disponível em: exame.abril.com.br. Com adaptações)

Depreende-se corretamente da entrevista:


a) Diversas teorias questionam a tese de que somos inteiramente responsáveis por nossas escolhas,
com base na ideia de que estas não são feitas de modo completamente lógico e racional.
b) A imagem terrível da Medusa foi usada por Karnal com o intuito de exemplificar de forma
metafórica as condições adversas e imprevisíveis que atingem as pessoas em certas ocasiões.
c) Para Karnal, a moderna tecnologia da comunicação deteriora as relações interpessoais, na
medida em que não se pode confiar nas informações publicadas nas redes sociais, conside-
radas obras fictícias de um “roteirista”.
d) Karnal lança mão dos conceitos de “virtù” e “fortuna”, assinalando que o êxito profissional
depende do esforço individual e da capacidade que alguns possuem de fazer escolhas racio-
nais, ainda que diante de circunstâncias adversas.
e) A referência à máxima de Sócrates, “conhece a ti mesmo”, foi usada, no contexto, como
crítica a pessoas que não planejam a carreira e dedicam-se, sem objetivo definido, a ocupa-
ções com que depararam ao acaso.
11. Leia o texto a seguir.
Brasileiros e latino-americanos fazemos constantemente a experiência do caráter postiço da vida
cultural que levamos. Essa experiência tem sido um dado formador de nossa reflexão crítica desde os
tempos da Independência. Ela pode ser e foi interpretada de muitas maneiras, o que faz supor que cor-
responda a um problema durável e de fundo.
O Papai Noel enfrentando a canícula em roupa de esquimó é um exemplo de inadequação. Da
ótica de um tradicionalista, a guitarra elétrica no país do samba é outro. São exemplos muito diferen-
tes, mas que comportam o sentimento da contradição entre a realidade nacional e o prestígio ideológi-
co dos países que nos servem de modelo.
Tem sido observado que, a cada geração, a vida intelectual no Brasil parece recomeçar do zero. O
apetite pela produção recente dos países avançados muitas vezes tem como avesso o desinteresse pelo
trabalho da geração anterior e, por conseguinte, a descontinuidade da reflexão. Nos vinte anos em que
tenho dado aula de literatura, por exemplo, assisti ao trânsito da crítica por uma lista impressionante
de correntes. Mas é fácil observar que só raramente a passagem de uma escola a outra corresponde
ao esgotamento de um projeto; no geral, ela se deve ao prestígio americano ou europeu da doutrina
seguinte. Conforme notava Machado de Assis em 1879, “o influxo externo é que determina a direção
do movimento”.
Não é preciso ser adepto da tradição para reconhecer os inconvenientes desta praxe, a que falta a
convicção das teorias, logo trocadas. Percepções e teses notáveis a respeito da cultura do país são deca-
pitadas periodicamente, e problemas a muito custo identificados ficam sem o desdobramento que lhes
poderia corresponder. O que fica de nosso desfile de concepções e métodos é pouco, já que o ritmo da
mudança não dá tempo à produção amadurecida.
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O inconveniente faz parte do sentimento de inadequação que foi nosso ponto de partida. Nada
mais razoável, portanto, para alguém consciente do prejuízo, que passar ao polo oposto e imaginar que
baste não reproduzir a tendência metropolitana para alcançar uma vida intelectual mais substantiva.
A conclusão tem apoio intuitivo forte, mas é ilusória. Não basta renunciar ao empréstimo para pensar
e viver de modo mais autêntico. A ideia de cópia discutida aqui opõe o nacional ao estrangeiro e o
original ao imitado, oposições que são irreais e não permitem ver a parte do estrangeiro no próprio, a
parte do imitado no original e também a parte original no imitado.
(Adaptado de: SCHWARZ, Roberto. Que horas são? São Paulo, Cia. Das Letras, 1987, p. 29-48)

Considere:
I. Depreende-se do texto que o pensamento crítico brasileiro é permeado por um sentimento
de inadequação, relacionado ao cultivo, no país, de práticas culturais consideradas inautên-
ticas, que não refletiriam a realidade nacional, advindas de países estrangeiros de prestígio.
II. A colocação irônica de Machado de Assis de que “o influxo externo é que determina a direção
do movimento” corrobora a tese proposta pelo autor do texto de que uma vida intelectual
brasileira mais expressiva será alcançada quando o país valorizar suas raízes, no plano da
cultura, e deixar de imitar práticas culturais vindas de fora.
III. A praxe criticada no 4° parágrafo refere-se à tendência de conciliar tradições culturais es-
sencialmente brasileiras, como o samba, com elementos emprestados de culturas estrangei-
ras, como a guitarra elétrica.
IV. Para o autor, não é pertinente opor o nacional ao estrangeiro e o original ao imitado, pois
tais oposições impedem que se perceba, por exemplo, o que há de original na cópia.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e IV.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, II e IV.
e) II e III.
Gabarito
01 - B
02 - E
03 - D
04 - C
05 - C
06 - D
07 - E
08 - E
09 - A
10 - A
11 - A

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