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Desenvolvimento
Meio Ambiente e
UNOPAR RECURSOS NATURAIS, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
Recursos naturais
meio ambiente e
desenvolvimento
Flávia Bortoloti
Tiago Henrique dos Santos Garbim
Tatiana de Ávila Miguel
Lílian Gavioli de Jesus
© 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico,
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e
transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e
Distribuidora Educacional S.A.
Bortoloti,
Bortoloti, Flávia
Flávia dada Silva
Silva
B739g
B739r Geografia
Recursos da população
naturais, / Flávia da
meio ambiente Silva Bortoloti, Lílian
e desenvolvimento /
Gavioli
Flávia de Jesus.
da Silva – Londrina:
Bortoloti, Editora e dos
Tiago Henrique Distribuidora
Santos Garbim,
Educacional
Tatiana de ÁvilaS.Miguel,
A., 2015.Lílian Gavioli de Jesus. – Londrina:
192
Editora p. : il.
e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
210 p.
ISBN
ISBN 978-85-8482-166-2
978-85-8482-325-3
CDD 577
2016
Editora e Distribuidora Educacional S.A
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 1 |Histórico da questão ambiental e sua relação com a popu-
lação 6
Caro aluno, você está iniciando mais uma disciplina do Curso de Licenciatura
em Geografia, cujo nome é Recursos Naturais, Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Ao iniciar nossos estudos nesta disciplina, faço um convite para uma jornada
pelo conhecimento geográfico, em especial sobre os conceitos que envolvem a
dinâmica socioambiental.
Espera-se que, após o estudo desta disciplina, você possa melhor apreender os
estudos socioambientais, seus objetivos e propósitos e possa colocar em prática
os conhecimentos aqui construídos em sua futura prática docente.
Bom estudo!
Unidade 1
HISTÓRICO DA QUESTÃO
AMBIENTAL E SUA RELAÇÃO
COM A POPULAÇÃO
Flávia Bortoloti
Objetivos de aprendizagem:
Introdução à unidade
Caro acadêmico, você já teve acesso a algum material que discutisse a questão
ambiental? Já estudou a respeito das conferências mundiais sobre o meio ambiente
e a evolução das discussões sobre a relação entre o homem e o meio ambiente?
Bons estudos!
Seção 1
Nesta seção, você vai compreender como ocorreu a evolução das questões
ambientais e, ainda, conhecer as principais conferências mundiais sobre o meio
ambiente.
Caro acadêmico, você já se deu conta de que é da Terra que retiramos tudo
aquilo de que necessitamos para nossa sobrevivência, tal como água e alimentos?
Já percebeu que sobre ela construímos nossas moradas e dela obtemos matérias-
primas para a produção de nossos utensílios e energia? Todavia, é nela que
depositamos todos resíduos, tanto os industriais quanto os domésticos.
A humanidade intervém no meio em que vive, pelo menos, desde que aprendeu
a dominar o fogo e então começou a modificar as condições naturais do planeta.
Não se sabe ao certo quando o homem começou a dominar o fogo e a natureza,
mas há registros de exploração mineral com cerca de 40.000 anos, quando a
hematita era minerada na África para ser utilizada como tinta para decoração.
Caro acadêmico, como futuro professor de geografia, você pode utilizar o filme
a Guerra do Fogo para discutir com seus alunos a importância do domínio do fogo
para a sobrevivência da raça humana.
De acordo com Silva e Crispim (2011, p. 164), a “[...] evolução histórica das
questões ambientais repercute desde os tempos remotos, quando o homem
desenvolveu um relacionamento direto como dependente dos recursos existentes
na natureza, sua fonte de sobrevivência”.
Estudos realizados a partir da sondagem de amostras de gelo (por meio dos gases
aprisionados em bolhas de ar) com 2 quilômetros de comprimento, retirados do
continente Antártico e da Groelândia, indicam que, não coincidentemente, houve
aumento da concentração de CO2 (dióxido de carbono) e CH4 (gás metano) –
gases capazes de aprisionar calor na atmosfera e acentuar o efeito estufa – na
mesma época em que se começa a prática da agricultura. As amostras analisadas
preservaram um registro de 400 mil anos da temperatura do planeta e dos níveis
de dióxido de carbono e metano na atmosfera.
É sabido que a temperatura média da Terra foi oscilante através dos tempos e que
muito provavelmente novas mudanças hão de ocorrer. As geleiras são os grandes
laboratórios naturais que ajudam a comprovar essas mudanças. Mais de 400 mil
anos de registro de temperatura e dos níveis de dióxido de carbono e metano na
atmosfera podem ser estudados a partir dos gases que ficam aprisionados nas
bolhas de ar e demonstram que o planeta já passou por períodos com médias
térmicas anuais mais ou menos elevadas, resultando em degelo – e consequente
aumento do nível do mar – ou épocas glaciais – tendo a última terminado há cerca
de 20.000 anos.
Isso porque não havia mais a necessidade de que todos do bando se dedicassem
apenas à atividade agrícola. Desse modo, um grupo de pessoas deveria se dedicar a
outras atividades, como a segurança do bando, o comércio e o artesanato. Assim,
houve a criação da divisão social do trabalho, o qual foi o fator último necessário
para a constituição das cidades.
De acordo com Viestel (2011, p. 2): “Na sociedade egípcia os recursos naturais
tinham um valor histórico próprio (com suas características econômicas, políticas,
sociais e culturais), o que fez com que a questão ambiental fosse uma questão de
sobrevivência, e não uma ‘visão de conservação’ ou ‘consciência ambiental’ [...].”
Entre os séculos XVI e XVII, mudanças radicais sob todos os aspectos nas
relações sociais e de trabalho começaram a ocorrer com o desenvolvimento da
manufatura. Não só a produção e a capacidade de produção aumentaram, mas
também a utilização de recursos da natureza.
Veja que, hoje em dia, praticamente não existe um local que não tenha sido
modificado, mesmo que em menor escala, pelo homem.
A Revolução Industrial teve início não por acaso. Os donos das manufaturas já
tinham percebido as vantagens econômicas do aumento da produtividade, e havia
a necessidade de aumentá-la ainda mais para alcançarem maiores lucros. Ademais,
a Inglaterra possuía uma grande soma de riquezas que puderam ser investidas em
novos meios para aumentar a produção, razão pela qual conseguiram desenvolver
máquinas para cuja movimentação não era utilizada energia humana.
Mas a revolução tecnológica das máquinas teve altos custos tanto para o
operário – não era raro haver fábricas que empregavam crianças e idosos, com
jornadas de trabalho que ultrapassavam 15 horas – quanto para o meio ambiente,
tendo em vista que o carvão mineral foi utilizado para a produção de vapor.
Procure mais sobre o episódio o Grande Smog. Para isso, acesse o site
disponível em: <http://lhys.org/iag/141-smog.pdf> Acesso em: 20 ago.
2015. Nele você encontrará um breve texto com importantes dados e
fatos desse momento na Inglaterra.
Observe a Figura 1.4 a seguir para visualizar como Londres ficou coberta por
um grande nevoeiro durante três dias. Após esse episódio trágico em 1956, o
Parlamento Britânico aprovou uma legislação regulando a emissão de poluentes
no país.
A bióloga constatou que esse pesticida atingia todo ecossistema, solo, águas,
fauna e flora, e poderia trazer riscos à saúde humana, já que o DDT tem efeito
cumulativo na cadeia alimentar.
Para saber mais sobre Rachel Carson, leia as informações do site <http://
www.rachelcarson.org/>. Acesso em: 20 ago. 2015. Nele você encontrará
informações sobre seus estudos, sua biografia, livros e pesquisas recentes
que foram inspiradas nessa cientista.
Procure, também, pelo livro Primavera Silenciosa, principal obra de
Rachel Carson. Leia uma resenha sobre esse livro tão importante para os
debates sobre o meio ambiente no site <http://cienciahoje.uol.com.br/
revista-ch/2010/275/pdf_aberto/resenha275.pdf>. Acesso em 20 ago.
2015.
O DDT teve seu uso banido em vários países europeus e nos Estados Unidos
durante as décadas de 1960 e 1970. Atualmente, cerca de 180 países restringem
o uso desse pesticida. No Brasil, as proibições com relação à fabricação e à
comercialização desse composto somente ocorreu no ano de 2009 (PEREIRA,
2012).
Esse grupo também trouxe à tona discussões sobre o consumismo como fator
para a degradação ambiental, o crescimento populacional mundial, o aumento das
atividades industriais e, ainda, propôs que se pensasse em todos os tipos de poluição,
e não somente a poluição atmosférica que se mostrava mais em evidência naquele
momento. O Clube, atualmente, trabalha em parceria com organizações como a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco),
a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Ainda no ano de 1972, foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA).
Caro acadêmico, reflita como o ano de 1972 foi importante para a evolução dos
debates sobre o meio ambiente.
Para saber mais sobre o IPCC, acesse o site do Painel, em que você
encontrará informações atualizadas sobre o clima do planeta e, ainda,
publicações sobre o tema. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/index.
htm>. Acesso em: 20 ago. 2015.
Para saber mais sobre a Agenda 21 leia o Box 1 a seguir, no qual você
encontrará informações relevantes sobre as quatro principais áreas de atuação
desse documento, o qual, mesmo não tendo validade legal, mostra-se como um
instrumento importante e influente no campo do meio ambiente. Ela contém 4
seções, 40 capítulos, 115 programas, e aproximadamente 2.500 ações a serem
implementadas.
Ainda que esse instrumento seja base de referência para o manejo ambiental
na maior parte das regiões do mundo, as práticas enfatizadas em seus 40 capítulos
são pouco efetivas, em razão, principalmente, dos altos custos de implantação.
Box 1: Agenda 21
e Florestas. Durante a COP-6 (em Haia – Holanda, 2000) o presidente dos EUA,
George W. Bush, afirmou que não ratificaria o Protocolo, alegando que os custos
de diminuição desses gases seriam muito elevados.
Esta conferência foi realizada em 2012 no Rio de Janeiro e ficou conhecida como
Rio+20 em razão de ter marcado os vinte anos de realização da Eco-92. Nesse
evento houve a contribuição na definição das ações futuras (para os próximos 20
anos) para o desenvolvimento sustentável. Os principais temas abordados durante a
conferência foram a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável
e da erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento
sustentável.
Caro acadêmico, após refletir sobre a ideia supracitada, você acredita que
seja possível encontrar um mecanismo para que o desenvolvimento seja
ambientalmente “responsável, socialmente mais justo e economicamente fiável”?
dia de, praticamente, todos os países do mundo, cabendo aos governos, ONGs e
todos os segmentos da sociedade unirem-se para que as ações sustentáveis sejam
efetivamente colocadas em prática.
Seção 2
Aprendemos na Seção 1.1 que o ser humano transforma o meio em que vive,
pelo menos, desde a descoberta do fogo. Vimos ainda que, com a evolução da
sociedade, a descoberta de novos modos de produzir e o modo de consumo
exacerbado provocaram intensa exploração dos recursos naturais. Nesta seção,
você verá discussões e reflexões sobre o crescimento populacional e sua relação
com a utilização dos recursos naturais.
Caro aluno, qual é a interpretação que podemos ter a partir das informações
desse gráfico?
Fonte: Modificado de Word Population Data Sheet (2014, p. 2). Disponível em: <http://www.prb.org/pdf14/2014-world-
population-data-sheet_eng.pdf>.Acesso em: 20 ago. 2015.
3
United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division (2015). World Population Prospects: The 2015
Revision, Key Findings and Advance Tables. Working Paper No. ESA/P/WP.241. Disponível em: <http://esa.un.org/unpd/wpp/
Publications/Files/Key_Findings_WPP_2015.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2015.
Por séculos o meio ambiente foi considerado depósito direto dos subprodutos
inaproveitáveis das atividades econômicas, comportamento esse que era orientado
pela impressão de que os recursos eram infindáveis. Essa conduta advém da visão
No ano de 2006 o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP)
lançou um atlas intitulado Planeta em perigo: atlas das ameaças atuais às pessoas
e ao meio ambiente. Nesse estudo, a ONU aponta como principais ameaças o
aquecimento global (em razão das emissões de gases do efeito estufa), o intenso
uso da água, a poluição nos oceanos, o uso de energia nuclear (tanto civil, quanto
militar) e os acidentes industriais que geram degradação do meio ambiente e da
vida humana.
Observe a Tabela 1.2 a seguir e perceba que, mesmo diante do apelo global
pelo uso de fontes de energia renováveis, o consumo de petróleo no mundo
ainda é muito alto, impactando diretamente no aumento das emissões de gases
do efeito estufa.
Quadro 1.2 | Consumo de petróleo total em 2013
4.000,000
3.000,000
2.000,000
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Fonte: Energy Information Administration (EIA). Disponível em: <http://www.eia.gov/beta/international/>. Acesso em 31 jul.
2015.
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25,000
20,000
15,000
10,000
5,000
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Fonte: Energy Information Administration (EIA). Disponível em: <http://www.eia.gov/beta/international/>. Acesso em: 31 jul.
2015.
Diante dos dados apresentados e das estimativas para as próximas duas décadas,
é possível inferir que o modelo de produção e consumo de bens que está em vigor
há mais de 50 anos é incompatível com a ideia de sustentabilidade apresentada
em 1987, no relatório Nosso Futuro Comum, o que, sem muito sucesso, tenta-se
4
Fonte: Energy Information Administration. Disponível em: <http://futurelab.com.br/site/futureblog/numeros-recentes-
mostram-o-crescimento-continuo-no-consumo-de-combustiveis-fosseis/>. Acesso em: 31 jul. 2015.
colocar em prática. Isso ocorre porque a visão de muitos países ainda está voltada
para o desenvolvimento econômico em detrimento da proteção ambiental.
O século atual se iniciou com uma grave crise hídrica. Segundo apontamentos
da ONU5, mais de 1 bilhão de seres humanos não tem acesso a água potável e 2,4
bilhões não têm acesso a saneamento básico. Para algumas pessoas, a água parece
abundante, mas as reservas estão distribuídas de forma desigual. Considerando
que alguns países detêm 60% de reservas de água doce do planeta, a Ásia, lar de
60% da população do mundo, só tem 30% do total.
5
Planet in peril: Atlas of current threats to people and the environment. Disponível em: <http://apps.unep.org/publications/
index.php?option=com_pub&task=download&file=000667_en>. Acesso em: 31 jul. 2015.
Perceba que não é somente o crescente consumo que faz com que os
recursos hídricos sejam escassos. A poluição indiscriminada da água doce em
vários países do mundo também contribui para uma possível crise hídrica de escala
global. Apesar de sua extrema importância, a água é mal utilizada, mau uso que
é caracterizado tanto pelo uso excessivo (abuso e desperdício, que reduzem a
quantidade disponível) quanto pelo uso inadequado que leva à degradação do
recurso (pela redução de sua qualidade).
6
Fonte: Gestão mais sustentável da água é urgente. Disponível em: <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-
office/single-view/news/urgent_need_to_manage_water_more_sustainably_says_un_report/#.Vb0Ct_lViko>. Acesso em:
31 jul. 2015.
7
Relatório original disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0023/002318/231823E.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2015.
Caro aluno, os desafios que se colocam para o futuro são muitos, como
pontua a Organização das Nações Unidas. Devemos compreender, então, que
o crescimento populacional é parte desse desafio. No entanto, ele não pode ser
visto como o problema central dos problemas ambientais, sociais e econômicos.
Referências
BRASIL. Rio+20: como chegamos até aqui. Comitê Nacional de Organização –
Conferência das nações unidas sobre desenvolvimento sustentável, Rio de Janeiro,
13-22 de junho de 2012. Disponível em: <http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_
mais_20/rio-20-como-chegamos-ate-aqui/at_download/rio-20-como-chegamos-
ate-aqui.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2015.
BRUNDTLAND, Gro Harlem. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio
Vargas, 1991.
COELHO, José Márcio; GONZAGA Ricardo Martins. Administração científica de Taylor:
o homem do tempo. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/producao-
academica/administracao-cientifica-de-taylor-o-homem-do-tempo/318/>. Acesso
em: 11 ago. 2015.
CORDANI, Umberto G; TAIOLI, Fabio. A Terra, a humanidade e o desenvolvimento
sustentável. In: TEIXEIRA, Wilson et al. (Org). Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de
textos, 2003.
GODOY, Amalia Maria Goldberg. O Clube de Roma: Evolução histórica. Blog
Economia e meio ambiente, 2007. Disponível em: <http://amaliagodoy.blogspot.com.
br/2007/09/desenvolvimento-sustentvel-evoluo.html>. Acesso em: 31 jul. 2015.
LETRA, Leda. Mundo terá 9,7 bilhões de habitantes em 2050. Notícias e Mídia – Rádio
ONU. 2015. Disponível em: <http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2015/07/
mundo-tera-97-bilhoes-de-habitantes-em-2050/#.Vb4n3vlViko>. Acesso em: 31 jul.
2015.
LUNARDI, James; RABAIOLLI, Joel Albino. Valorização e preservação dos recursos
hídricos na busca pelo desenvolvimento rural sustentável. OKARA: Geografia em
Debate, João Pessoa, v. 7, n. 1, p. 44-62, jan.-jun. 2013.
MARCHEZI, Roberta da S. M.; SANTOS, Helio Ricardo da F. Projeto ambiental: uma
visão de negócio. Curitiba: Appris, 2013.
ONU. Relatório de desenvolvimento humano 2000. ONU, jun. 2000. Disponível em:
<http://www.pnud.org.br/HDR/arquivos/RDH2000/RDH0por.pdf>. Acesso em: 29
mar. 2015.
______. Relatório de desenvolvimento humano 2004: Liberdade Cultural num Mundo
Diversificado Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2004a.
Disponível em: <http://www.pnud.org.br/HDR/arquivos/RDHglobais/hdr2004-
portuguese.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2015.
________ (UNITED NATIONS). World Population To 2300. New York: United Nations,
Department of Economic and Social Affairs 2004b. Disponível em: <http://www.
Objetivos de aprendizagem:
Introdução à unidade
Seção 1
Hoje, nas linhas que estudam os recursos naturais, o que se defende fortemente
é a questão do desenvolvimento sustentável, vertente favorável a que a humanidade
deva sim usufruir dos recursos naturais disponíveis, porém com a consciência de
que a biodiversidade e o manejo sustentável de tais recursos devem ser mantidos,
ou seja, a cultura da gestão sustentável dos recursos naturais.
de anos. Com o tempo esses restos iam sendo cobertos por sedimentos, que
se transformavam em rochas sedimentares e, com a ação do calor e pressão e
de reações complexas, formaram o petróleo. Outros exemplos de recursos não
renováveis são o carvão e o urânio.
Bem, agora que você já compreendeu o que são os recursos naturais e que
eles podem ser divididos em dois grupos: renováveis e não renováveis, chegou a
hora de estudar os quatro tipos básicos de recursos naturais: recursos minerais,
recursos hídricos, recursos biológicos e recursos energéticos. Esses quatro tipos
podem ser distribuídos dentro dos dois grupos de recursos naturais que estudamos
(renováveis e não renováveis).
HÍDRICOS
RENOVÁVEIS BIOLÓGICOS
ENERGÉTICOS
RECURSOS
NATURAIS
ENERGÉTICOS
NÃO
RENOVÁVEIS
MINERAIS
Desse modo, você consegue traçar uma relação e perceber que, toda vez que
você acende uma lâmpada ou liga o seu computador, essa energia só está ao
seu dispor graças à força das águas em turbinas de usinas hidrelétricas, ou ainda
quando dirige o seu carro e compreende o poder da gasolina e do petróleo. Assim
funciona a dinâmica da viabilização de recursos naturais em fontes de energia.
Seção 2
Recurso Uso
Solar Aquecimento e refrigeração de ambientes,
aquecimento de água, eletricidade, termoeletricidade.
Eólica Eletricidade, mecânica.
Hídrica Eletricidade, mecânica.
Biomassa Calor, eletricidade, combustíveis.
Geotérmica Eletricidade, aquecimento.
Assim como vimos no Quadro 2.1, a energia solar pode ser utilizada para o
aquecimento de prédios e da água para o consumo residencial e também para a
produção de eletricidade por meio de células solares e geradores de calor. Hoje
podemos considerar que os sistemas de aquecimento solar que são aplicados
na obtenção de água quente doméstica, embora lentamente, crescem de forma
constante no mundo, com pelo menos 5% por ano, de forma mais intensa na Ásia
e na Europa. De fato a energia solar já apresenta um crescimento de 35% por ano
no mundo todo. O grande crescimento das técnicas de aquecimento solar no
mundo aconteceu no começo da década de 1980, com estímulos do governo,
quando o embargo do petróleo em 1973 aumentou os preços do petróleo e da
eletricidade (HINRICHS; KLEINBACH; REIS, 2014a).
No Brasil, de acordo com Hinrichs, Kleinbach e Reis (2014a), a energia solar ainda é
pouco difundida, com restrição às regiões Sul e Sudeste. Porém, de qualquer forma,
não podemos descartar o fato de que esses números estão crescendo em todo o
A energia eólica pode ser utilizada para bombear água, mover moinhos ou
também para gerar energia elétrica, tornando-se uma fonte altamente rentável a
partir do desenvolvimento de rotores e geradores de alta eficiência e passando
a ser uma interessante alternativa frente ao esgotamento do aproveitamento
hidrelétrico (TAIOLI, 2009). É o recurso energético que aumenta mais rapidamente
no mundo em relação a sua utilização, crescendo cerca de 30% a 40% ao ano.
Entre 2000 e 2008, a energia eólica deu um salto de 55% ao ano na Europa, que
Assim como analisado na Tabela 2.1 acima com dados da Global Wind Energy
Council e também com base nos dados provenientes das estatísticas da World
Wind Energy Association, o cenário atual do uso da energia eólica no mundo vem
crescendo cada vez mais, com grande destaque a China.
De acordo com Taioli (2009), a maré é um fenômeno natural que ocorre duas
vezes ao dia, causado pela interação gravitacional entre a Terra, a Lua e o Sol,
processo dependente das posições relativas destes. O homem aproveita a energia
proveniente das marés através da conversão de energia potencial em energia
cinética, armazenando água durante a maré cheia por meio da abertura de uma
barragem que permite a entrada de água em um dique; quando a maré baixa, a
água sai por turbinas geradoras de energia elétrica. É um sistema que necessita de
correntes e marés fortes, sendo possível em apenas algumas regiões do mundo.
A energia cinética das ondas pode ser usada para fazer funcionar uma turbina.
Protótipos fixos e flutuantes visam aproveitar tal energia, em uma dinâmica em
que a elevação da onda em uma câmara promove a saída do ar, movimento que
pode vir a girar uma turbina, que se transforma em energia elétrica por meio de um
gerador. Modelos também podem ser aplicados em movimentos de êmbolos que
podem fazer funcionar geradores.
Figura 2.11 | Usina La Rance na França. Eletricidade é produzida a partir da energia das
marés.
Com a aplicação das três diferentes técnicas, vários produtos com potencial
energético são derivados da biomassa, como, por exemplo: bio-óleo (aplicado
no aquecimento e geração de energia elétrica), biogás (gases obtidos da
decomposição de matéria orgânica que podem gerar energia elétrica – Figura 2.12),
etanol ou metanol (combustíveis produzidos a partir de matérias-primas como a
cana de açúcar, milho e madeira), gás natural comprimido – GNC (combustível
gasoso que pode funcionar em veículos como alternativa ao álcool ou à gasolina),
biodiesel (combustível produzido a partir de óleos vegetais de dendê, mamona,
sorgo, soja etc., representando uma interessante alternativa ao diesel padrão –
Figura 2.13), carvão vegetal (obtido da carbonização da lenha), turfa (material
orgânico encontrado em regiões pantanosas) e lenha (a utilização de biomassa
mais antiga).
Figura 2.12 | Usinas de biogás podem gerar energia elétrica
Seção 3
3.1 Carvão
O Brasil conta com cerca de 0,1% do carvão conhecido no mundo todo apenas.
O carvão brasileiro explorado é derivado de uma paleoflora típica do Carbonífero
e Permiano do antigo supercontinente Gondwana. O carvão brasileiro utiliza os
depósitos na borda leste da bacia do Paraná, principalmente nos estados de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, em rochas de idade permiana inferior – cerca de 260
Ma (TAIOLI, 2009).
3.2 Petróleo
De acordo com Hinrichs, Kleinbach e Reis (2014b) e Taioli (2009), várias teorias
tentam explicar a origem do petróleo, o qual, basicamente, consiste em uma
mistura de óleo bruto, gás natural em solução e semissólidos asfálticos espessos e
pesados, consistindo em uma mistura complexa de hidrocarbonetos (compostos
de hidrogênio e carbono). Sua origem é proveniente de matéria orgânica soterrada
com sedimentos lacustres ou marinhos. A grande diferença entre a formação do
carvão mineral para os hidrocarbonetos é a matéria-prima: o material lenhoso
origina o carvão e as algas originam os hidrocarbonetos, processos definidos pela
sedimentação que ocorre a seguir. Todos os depósitos de petróleo contêm gás
natural, mas nem todos os depósitos de gás natural contêm óleo.
Leia o artigo “Estudo diz que pré-sal do Brasil contém 176 bilhões de
barris de petróleo e gás” no link <http://g1.globo.com/economia/
noticia/2015/08/pre-sal-do-brasil-contem-176-bilhoes-de-barris-de-
petroleo-e-gas-diz-estudo.html>. Acesso em: 01 set. 2015.
A última fonte de energia não renovável que vamos analisar é a energia nuclear.
Primeiramente, vamos compreender como funciona esse tipo de energia. A
energia nuclear é gerada pela fissão do núcleo do elemento Urânio (235U) através
de um bombardeamento de nêutrons, liberando mais nêutrons e calor, o que
acontece em cadeia. Com o estudo mais aprofundado de tal fonte de energia, foi
possível gerar sistemas de controle dessas reações em cadeia, o que estabeleceu
um controle da energia gerada, com o consequente uso dela em fins militares ou
de energia termoelétrica (TAIOLI, 2009).
Referências
AGÊNCIA Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Carvão mineral. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/carvao_mineral/8_2.htm >. Acesso em: 12
ago. 2015.
BARRETO, M. L. Mineração e Desenvolvimento Sustentável: desafios para o Brasil. Rio
de Janeiro: CETEM/MCT, 2001. Disponível em: <http://pubs.iied.org/pdfs/G00580.
pdf>. Acesso em: 29 jul. 2015.
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ECOLOGIA E AGRONEGÓCIO
– CONCEITOS BÁSICOS E
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS
NO BRASIL Tatiana de Ávila Miguel
Objetivos de aprendizagem:
Introdução à unidade
Com certeza, você conhece alguns conceitos de Ecologia, porém muitas vezes
é possível confundi-los. Por essa razão, acaba-se analisando as consequências das
ações humanas de maneira equivocada. Na maioria das situações, o homem é
separado do meio ambiente, gerando assim uma partição que na verdade não existe,
uma vez que o ser humano é uma espécie animal integrante dos ecossistemas. Nesse
sentido, todas as atividades humanas (econômicas e sociais, por exemplo) estão
intrinsecamente relacionadas ao meio ambiente e à sua preservação. Desde muito
antigamente o homem utiliza a agropecuária como base para o desenvolvimento
das sociedades, e, atualmente, essas atividades estão englobadas dentro do sistema
do agronegócio. Embora extremamente importante para economia e para a
sociedade, o atual modelo de agronegócio utilizado no Brasil e no mundo acarreta
diversos impactos socioambientais negativos, o que levanta questões sobre o futuro
das sociedades e a necessidade de mudanças para que o desenvolvimento seja
mais sustentável. Assim, na primeira parte desta unidade você vai compreender os
conceitos fundamentais da Ecologia, para que na Seção 3.2 possamos introduzir a
questão do agronegócio, levando em consideração o seu desenvolvimento histórico
e as consequências positivas e negativas que dele decorrem. Por fim, vamos discutir a
sustentabilidade no agronegócio, juntamente com alternativas para que os impactos
socioambientais negativos possam ser ultrapassados.
Seção 1
Fundamentos de ecologia
A ecologia é, basicamente, o ramo da biologia que estuda os seres vivos e suas
interações entre si e com o meio ambiente.
A relação dos seres vivos com a natureza vem sendo observada e estudada
pela humanidade intuitivamente desde seus primórdios, pois o homem precisava
conhecer o seu ambiente para sobreviver. Os primeiros antecedentes científicos da
ecologia são encontrados na história grega, através de um discípulo de Aristóteles:
Teofrasto, cujos estudos descreveram as relações dos organismos entre si e com
o meio ambiente. Porém, o termo Ecologia surgiu apenas em 1866, no livro
Morfologia Geral dos Organismos do biólogo alemão Ernst Haeckel, com a proposta
de relacionar a teoria da evolução das espécies de Charles Darwin à morfologia
animal e de estudar a relação das espécies entre si e com o ambiente.
Com base em sua definição, podemos notar que a Ecologia é uma ciência
interdisciplinar, que permeia diversos ramos, como agronomia, etologia, zoologia,
botânica, biogeografia, genética, paleontologia, sociologia, entre outros, sendo de
extrema importância para a humanidade.
• Espécie
• Habitat
• Biótopo
• Biota
• Bioma
• Biosfera ou Ecosfera
• Biodiversidade
• Espécie Nativa
• Espécie Exótica
Não habita seu local natural, isto é, foi introduzida pelo homem. Quando a
espécie vive em harmonia com os organismos nativos, dizemos que ela é uma
espécie exótica introduzida. Já a espécie que altera as condições ambientais do
solo, da água, elimina e/ou interfere nas espécies nativas é denominada de espécie
exótica invasora.
Todas as relações que o homem estabelece entre si e com o meio ambiente são
estudadas pela Ecologia Humana, pela Sociologia e pela Antropologia. Portanto,
você pode perceber que, conforme discutimos no início desta unidade, a Ecologia
é uma ciência interdisciplinar. Isso quer dizer que, para discutirmos e realmente
compreendermos a natureza, precisamos, além de estudar a fauna e a flora dos
ecossistemas, estudar o comportamento humano e seu impacto na natureza.
Imagine uma situação bastante comum: lavar a calçada, ou não reciclar o lixo,
ou despejar óleo na pia. Agora imagine que há no mundo 7 bilhões de pessoas
(Organização das Nações Unidas – ONU, 2014) e que apenas um centésimo de
toda a população mundial faça alguma dessas atividades diariamente. O resultado
dessa conta é que diariamente 7 milhões de pessoas prejudicam o meio ambiente
de alguma forma, isso se levarmos em consideração apenas 1 centésimo da
população mundial e 1 fator de desequilíbrio. Se, no entanto, extrapolarmos essa
estimativa e considerarmos que a maioria das pessoas não faz a sua parte para a
preservação do meio ambiente, e que temos milhares de indústrias, pastagens
e plantações, milhões de veículos movidos a combustível fóssil, toneladas de
resíduos, fica fácil perceber o quanto o homem prejudica o meio ambiente e o
quão importante é a Ecologia.
a) I e II, apenas.
b) I, III e IV, apenas.
c) I, III, IV e V, apenas.
d) II, III, e IV, apenas.
e) I, II, III, IV, V.
Seção 2
1. Pré-porteira: fabricantes e
fornecedores de matéria-prima,
equipamentos e insumos.
que acarreta preços mais baixos dos alimentos. Isso se aplica a toda a cadeia do
agronegócio, por exemplo: quando o preço da soja, do milho e de outros grãos
diminui, todos os produtos industrializados derivados também sofrem queda de
preço, incluindo produtos de origem animal, já que a ração contém esses grãos.
Barros (2006, p. 2) relatou que, de 1989 a 2006:
agronegócio ainda persiste, devendo ser adotadas outras medidas para sanar esse
problema.
Para que você possa compreender melhor, segue lista com os impactos
socioeconômicos gerados pelo agronegócio, discutidos anteriormente:
existem cadastros oficiais para determinar quem cumpre a lei, daí o “incentivo” à
ilegalidade. Com o intuito de auxiliar na regularização desse processo, o Cadastro
Ambiental Rural foi introduzido no novo Código Florestal. O cadastro incluirá
dados georreferenciados da terra, determinando as áreas de proteção permanente
e Reserva Legal, por exemplo. Com isso, espera-se que ocorra uma regressão do
desmatamento ilegal por parte dos proprietários privados (WELLE, 2014).
2.2.2.2 Solo
Como você pode perceber, há inúmeras estratégias que podemos adotar para
reduzir os impactos negativos provocados pelo agronegócio e ao mesmo tempo
manter suas implicações positivas para a economia e para a sociedade.
Referências
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Bulletin of the Ecological Society of America, v. 94, n. 3, 2013.
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL NA CONSERVAÇÃO
DOS RECURSOS NATURAIS
Lílian Gavioli de Jesus
Objetivos de aprendizagem:
Introdução à unidade
O primeiro passo é respaldar-se nas leis, como a Lei n. 6.938 de 1981, que
estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente. Ela deve ser lida e discutida em
reuniões pedagógicas ou até mesmo em reuniões com a presença da comunidade
escolar, para que, com base nela, sejam formuladas ações e os projetos a partir dos
quais a comunidade local e a escola possam juntos promover melhorias no bairro e
também no ambiente escolar.
Além de não ser uma tarefa fácil, muitas vezes ela pode ser frustrante ao
professor de Geografia, como será detalhado nesta unidade, considerada a realidade
socioeconômica e cultural das famílias, a qual muitas vezes pode ser vulnerável, o
que dificulta um diálogo pautado na Educação Ambiental.
Essa busca de “esperança” que o bairro tinha em relação ao ambiente escolar não
deve ser confundida com um ato assistencialista, o que é de responsabilidade dos
gestores e educadores a partir de suas ações e interações para com a comunidade
que cerca a escola.
(quando o conteúdo não é copiado do próprio livro didático)? Essas ações, não se
assuste, ainda imperam na educação brasileira.
Por acreditar em você, espero que aproveite esta leitura a fim de questionar e
refletir sobre as políticas públicas voltadas ao meio ambiente; aos recursos naturais
e ao seu desenvolvimento e aplicabilidade nas escolas. Ou existe ambiente melhor
para se debater as políticas públicas que não sejam as escolas?
Boa leitura!
Seção 1
Eis o que deve ser enfatizado desde já: professores de Geografia, muitas vezes,
ao ensinar sobre os recursos naturais, atribuem exemplos a lugares distantes da
permanência e interação dos alunos. Promovem, por exemplo, “Semana do Meio
Ambiente” nas escolas, com a utilização de cartazes e pinturas em sulfite. Esquecem
do espaço escolar como algo ativo na vida escolar, pois a impressão que passam
é a de uma educação inexistente, em que os livros didáticos são projetados em
terceira ou quarta dimensão no ambiente escolar, sem que seja considerado o
conhecimento prévio do aluno ou até mesmo o espaço escolar.
Isso se observa até mesmo no caso de escolas que possuem a merenda escolar
no lugar da cantina, em que os resíduos dos alimentos são colocados pelos
funcionários das escolas, e não pelos alunos. Você deve se perguntar: “por que
isso ocorre?”. Isso acontece porque no Brasil ainda existem práticas equivocadas
sobre as ações dos alunos na escola, que são justificadas com frases como “eles
não saberão fazer isso!”, “isso é trabalho dos serventes”, “são muito pequenos para
separar esse lixo”, “a bagunça será imensa, vamos evitar”.
Esse é o reflexo das gestões das escolas brasileiras que, por sua vez, minimizam
as atitudes referentes à Educação Ambiental, que não está presa simplesmente à
horta da escola e às lixeiras coloridas.
Junto a essa política da década de 1980, no mesmo ano, o Brasil teve uma nova
Constituição, a qual assegura como dever do Estado a promoção da Educação
Ambiental em todas as modalidades de ensino, assim como a conscientização
ambiental pública, para que se evitem danos no ambiente; na sociedade.
Foi no Brasil, em 1992, que ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, com o objetivo de reunir chefes de Estado e
de governo e ONGs para a discussão e análise sobre documentos relacionados
aos problemas ambientais.
Como podem ver, não é uma simples tarefa que acarretará como atividade
final um simples cartaz nos corredores da escola, mas em ações permanentes que
alterarão a paisagem escolar.
Uma das atividades a se desenvolver poderá ser o grafite para reconstruir uma
sala de aula ao ar livre (algum espaço abandonado no pátio escolar), ou nos muros
escolares a partir de releituras artísticas ou charges, ou nas paredes da quadra
escolar, ou no refeitório, proporcionando um ambiente educativo de maior
qualidade.
Observe que essa ação, que envolve a arte, poderá se estender por toda a
comunidade escolar e não se restringir a um pequeno grupo, podendo acontecer
em diferentes turmas escolares e com um professor de arte.
Em paralelo a essas diretrizes, abrimos para a discussão sobre o caso dos lixões
no Brasil. O descarte dos resíduos sólidos no Brasil é poucas vezes trabalhado
nas escolas brasileiras. As lixeiras coloridas, como já mencionado antes, muitas
vezes não são utilizadas da forma correta, por falta de informação da comunidade
escolar. Isso ocorre porque os professores não possuem essas informações, que
devem ser oriundas de formações pedagógicas, uma vez que não são todas as
áreas do conhecimento que estudam os resíduos sólidos.
Ocorre que, com a Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010, foi instituída a Política
Nacional de Resíduos Sólidos. É uma das ações que devem ser realizadas em todo
território nacional, a partir da colaboração das prefeituras, com a mudança dos
lixões para os aterros sanitários.
Está sujeito a multa aquela prefeitura que não executar o que rege a mencionada
lei, sendo próximo de 60% o número dos municípios brasileiros que não respondem
a essa nova legislação.
A Figura 4.2 retrata o espaço geográfico dos lixões. Observe quão vulnerável é
este lugar, e a pergunta que emerge é: “por que só agora, a partir dos anos 2000,
é que isso foi ser pensado?”
• Uma gestão mais eficaz perante os resíduos e sua gestão, ou seja, a forma
como não gerar tais resíduos, ou reduzir, ou reutilizar, ou reciclar, ou ainda fornecer
um tratamento específico para o rejeito.
• Resíduos domiciliares.
• Resíduos industriais.
• Resíduos agrossilvipastoris.
• Resíduos de mineração.
Figura 4.8 | Precipitado de hidróxido de ferro num regato recebendo águas ácidas de uma
mina de carvão
Os resíduos não perigosos são todos aqueles que não se enquadram como os
perigosos, que foram explicados acima.
Seção 2
As ações devem ser urgentes e de âmbito global, ainda que se aja localmente
visando à obtenção de resultados que beneficiarão globalmente. A Educação
Ambiental pode ser apontada como um dos caminhos para mitigar os efeitos da
crise ambiental que está instaurada.
De acordo com EPA (2008, apud LUZZI, 2005, p. 15), “por meio da Educação
Ambiental, as pessoas passam a compreender como as ações individuais afetam o
meio ambiente, adquirem competências para pensar os vários lados das questões
e tornar-se mais aptas para tomarem decisões conscientes”. Diaz (2002) nos ensina
que devemos resgatar a relação que os homens primitivos tinham com o meio
ambiente, que estava baseada no respeito à natureza.
O papel da Educação Ambiental, segundo Pelicioni e Philippi Jr. (2014, p. 3), é “[...]
formar e preparar cidadãos para a reflexão crítica e para uma ação social corretiva,
ou transformadora do sistema, de forma a tornar viável o desenvolvimento integral
dos seres humanos”.
John Dewey, um dos primeiros pedagogos da Escola Nova, iniciou seus estudos
sobre projetos a partir de sua concepção de construção coletiva do conhecimento,
segundo a qual o saber é constituído por conhecimentos e vivências que se unem
dinamicamente. Ele acredita que o aluno deva ter condições para resolver por si
próprio os seus problemas, porque a escola não apenas prepara a vida, como é a
vida. Para que um projeto se consolide, o pedagogo propõe que este surja através
de uma situação problemática e que esta situação seja levada para além dos muros
da escola e então se estabeleça uma solução para esta por meio de um olhar não
fragmentado diante das disciplinas escolares (DEWEY, 1970).
Sabe-se que um projeto tem suas origens no irreal e com seus avanços atinge
a materialidade. O professor tende a buscar no mundo das ideias um ponto de
partida, para então estruturar um projeto. Todavia, para isso é necessário haver uma
boa estrutura e um respaldo teórico-científico, caso contrário, a prática escolar
seria apenas uma reunião de saberes populares aplicados (NOGUEIRA, 2001). E
assim complementa Perrenoud (2003, p. 13-14):
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Figura 4.12 | O projeto “Peladão Verde na Escola” desenvolve trabalho com jovens no
Amazonas. Assim a conscientização ambiental é passada adiante.
Figura 4.14 | Simples atividades que visem à reutilização de materiais que seriam jogados
no lixo, conscientização sobre a reciclagem, plantio de mudas e sementes de plantas,
dentre outras, são desenvolvidas com as crianças dentro das Com-Vidas.
Figura 4.15 | Apresentações escolares são atividades simples mas criativas e efetivas
a) Escola Piagetiana.
b) Escola Nova.
c) Escola Tradicional.
d) Escola Montessoriana.
e) Escola de Skinner.
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