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UNOPAR BIOGEOGRAFIA
Biogeografia
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ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico,
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e
transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e
Distribuidora Educacional S.A.
ISBN 978-85-8482-273-7
CDD 578
2016
Editora e Distribuidora Educacional S.A
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Você perceberá que esta disciplina lhe proporcionará uma vasta gama de
conhecimento para a compreensão da distribuição dos seres vivos na superfície
terrestre, bem como será possível perceber o modo como os conteúdos de
diversas disciplinas se interagem para responder às questões da biogeografia. Não
podemos deixar de citar, também, que esse conteúdo está contemplado tanto
nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) quanto nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN). Portanto, boa leitura e bons estudos!
Unidade 1
BIOGEOGRAFIA HISTÓRICA:
ORIGEM DA VIDA, EVOLUÇÃO
E DISTRIBUIÇÃO DOS SERES
VIVOS NO PLANETA
Guilherme Alves de Oliveira
Objetivos de aprendizagem:
10 Biogeografia histórica: origem da vida, evolução e distribuição dos seres vivos no planeta
U1
Introdução à unidade
Para tal, iremos então nos aprofundar em um dos ramos desta ciência, a
Biogeografia Histórica. Esta abordagem nos fornecerá fundamentações para a
construção e o discernimento de determinados fenômenos da Biogeografia.
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Seção 1
Biogeografia histórica
Antes de iniciarmos nossas aplicações, devemos, primeiramente, responder a
um questionamento: “O que é e o que se estuda em Biogeografia?” A Biogeografia
faz parte de um componente das Ciências da Terra que busca compreender os
fenômenos e elementos da distribuição dos seres vivos em nosso planeta. Para tal,
realizam-se diversos estudos que contemplam áreas como a Geografia, Geologia,
Genética, Zoologia, Botânica e demais ciências afins.
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U1
Ou seja, a primeira teoria biogeográfica nos remete a uma relação direta dos
seres vivos com um fator externo, como o clima, uma vez que a Lei de Buffon se
aplica pela afirmação “Áreas distintas possuem espécies distintas”.
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U1
Uma destas principais correntes para a análise tanto do ramo histórico quanto do
ramo ecológico é a Panbiogeografia. A Panbiogeografia surgiu como uma análise
mais aprofundada através dos estudos de dispersão e adaptação dos seres vivos dos
renomados naturalistas Charles Darwin (1809-1882) e Alfred Wallace (1823-1913).
Esta corrente biogeográfica foi batizada por Leon Croizat (1894-1982), que se
baseou em uma plotagem cartográfica de mapas com a sobreposição de elementos
de análise de dispersão. Croizat observou, através de suas análises, uma espécie
de trilha criada pela dispersão dos seres vivos, afirmando que ele poderia recriar o
caminho reverso destes seres.
Ainda que Croizat refutasse a teoria da deriva continental, seu trabalho foi alvo de
críticas, por não ter como parâmetro de análise as relações genéticas entre os seres
vivos analisados e referenciados por mapeamento.
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16 Biogeografia histórica: origem da vida, evolução e distribuição dos seres vivos no planeta
U1
a) V – F – V – F – V.
b) F – V – F – F – F.
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c) V – F – V – F – V.
d) F – V – V – V – F.
e) V – F – V – V – V.
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U1
Seção 2
A origem da vida
Desde o princípio da humanidade, nós, como seres humanos, mantemos dúvidas
e indagações sobre: qual é a origem da vida? Como e quando surgiu vida nesse
planeta? Estas perguntas persistem ainda com o advento da sociedade moderna
que observamos hoje, porém, diversas teorias podem nos ajudar a compreender um
pouco mais sobre a história do nosso planeta.
A teoria do Big Bang, tal qual Novello (2010) relata, se baseia em uma súbita
explosão de escala cósmica que induziu a uma expansão e fluxo de matéria e
energia. Em paralelo, a teoria do Oscilamento possui o início similar ao Big Bang, se
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Cerca de 4,6 bilhões de anos atrás, após o período Planckiano que reconhecemos,
havia uma densa nuvem de gás e poeira cósmica como material decorrente da
explosão de estrelas em supernova. Este material se fundiu, dando origem a novas
estrelas de diferentes grandezas, incluindo o Sol do nosso sistema planetário.
Outras partículas sólidas também presentes nesta nuvem, como gelo e rochas,
se uniram criando um campo gravitacional decorrente da massa aglomerada e,
consequentemente, atraindo partículas menores em suspensão. Eis que assim
podemos idealizar a formação dos planetas em nosso sistema, integrando também
o planeta Terra.
Esses impactos dos materiais externos tiveram tanta relevância quanto a dinâmica
interna do planeta. A importância destes fenômenos se representa pela regulação do
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Após muito tempo, a Igreja Católica foi conivente com a teoria da geração
espontânea de Aristóteles, inclusive difundindo-a ao passar dos anos, até ser
contestada na Idade Moderna.
Existem ainda relatos históricos sobre a teoria da geração espontânea, tal qual
espécies de receitas para a criação natural de vida. Um dos exemplos clássicos
que apoiava a teoria através do experimento se baseava em deixar a carne (matéria
inanimada) exposta ao tempo (princípio ativo), criando assim moscas.
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U1
seus experimentos, observou que, quanto mais expostas ao ar, mais as amostras
demonstravam a proliferação de organismos. Concluindo então que o ar conteria
os ovos destes organismos, levando a comunidade científica a um embate entre a
biogênese e a abiogênese.
Tal embate entre as teorias se manteve até 1862, quando o francês Louis Pasteur
(1822-1895) redefiniu definitivamente as ideias acerca da geração espontânea e
abiogênese através de seus experimentos. Estes experimentos se baseavam em criar
a infusão de soluções, submetendo-as a uma temperatura contínua em recipientes
esterilizados que permitiam a entrada de ar e minimizavam a entrada de organismos
pelo distanciamento do pescoço do recipiente com o fundo. Como resultado de
seus experimentos, Pasteur observou que os líquidos da infusão permaneciam
inalterados e não se apresentava vestígio de qualquer microrganismo.
A vida não reside nos fluidos como sugerido, mas sim em seus
componentes celulares. É necessário excluir estes fluidos sem
células do reino das matérias vivas. A vida sempre será algo
à parte, mesmo se descobrirmos o que mecanicamente a
despertou. [...] Podemos evidenciar como origem os germes
ou partículas sólidas através de elementos que flutuam na
atmosfera ou de esporos de fungos ou ovos infusórios, mas
eu prefiro pensar que a vida vem da vida ao invés somente da
poeira. (PASTEUR apud WILKINS, 2004, p. 12, tradução nossa)
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Esta teoria teve sua origem na antiguidade com as hipóteses do grego Anaxágoras
(499 a.C. – 428 a.C.), que afirmava que a vida presente na Terra teria sido trazida pelo
bombardeamento de meteoros e meteoritos que atingiram nosso planeta.
Por mais controversa que esta teoria possa se apresentar aos nossos olhos,
alguns cientistas a têm como fundamento inicial para a explicação da origem da
vida. Tais ideias foram resgatadas no século XIX por Hermman von Helmholtz (1821-
1894), alegando a possibilidade circunstancial de que determinados elementos e
organismos essenciais para origem da vida tenham sido trazidos ao planeta através
da queda de meteoros e meteoritos.
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Biogeografia histórica: origem da vida, evolução e distribuição dos seres vivos no planeta 25
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Outro ponto que podemos destacar acerca desta hipótese é a relação evolutiva
destes seres, uma vez que hoje temos ideia de que existem diversos tipos de bactérias,
considerados organismos simples unicelulares, que realizam o processo autotrófico
para a obtenção de energia.
Reforçando esta linha de pensamento surge a dúvida; quais foram os outros meios
de obtenção de energia aos quais esses organismos tiveram que recorrer? Para sanar
nossas dúvidas acerca dessa problemática, devemos observar os meios de obtenção
de energia de organismos mais complexos do que os quimiolitoautotróficos, mas
ainda assim considerados como organismos simples na escala evolutiva. A resposta
definitiva nos vem através da seguinte análise evolutiva:
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Esta hipótese tem como princípio a ideia de que as primeiras formas de vida
se dividiam entre seres autótrofos, que produziam seu próprio alimento, e seres
heterotróficos, que não conseguem produzir seu próprio alimento, buscando assim
meios para a obtenção de energia através de outras matérias orgânicas presentes
no ambiente.
Para tal, Miller construiu uma espécie de simulador atmosférico referente a este
período geológico do planeta, implementando uma série de mecânicas capazes de
emular as condições da Terra primitiva entre os balões de vidro interligados, assim
como incluiu gases em suas respectivas proporções para observar o resultado dos
experimentos. O processo metodológico e fundamentos para o funcionamento do
experimento podem ser analisados tal qual como se sugere na seguinte citação:
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Como modelo estrutural do experimento de Miller, a citação acima referida nos auxilia
na compreensão e no funcionamento da pesquisa através da análise da figura abaixo.
Figura 1.1 | Modelo ilustrado do simulador de Miller
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U1
Entretanto, ainda não temos uma conclusão definitiva de como estes organismos,
sejam eles autótrofos, heterótrofos, até mesmo os coacervados, rumaram para o
modelado atual de vida em nosso planeta. Tal definição ainda motiva pesquisadores
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Tal qual como o modelado tomado para a teoria do “mundo do RNA”, adotaremos
como base para o nosso aprofundamento em Biogeografia uma junção da
Hipótese Heterotrófica com a Hipótese Autotrófica. Ambas as hipóteses apresentam
segmentos necessários para a compreensão da vida, por adotarem um modelo de
evolução adaptativa.
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Seção 3
Evolução e biodiversidade
A diversidade de seres vivos que conhecemos hoje é fruto das transformações a
que estes seres foram submetidos. Mas como podemos explicar tais transformações? A
resposta para esta pergunta está intimamente ligada com o conceito de evolução. Tal
conceito nos auxilia a pensar que determinadas circunstâncias ocasionaram a modificação
destes seres, levando à mudança de diversos organismos ao longo do tempo.
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Sendo assim, o DNA deve ser visto como uma chave que contém as informações
que podem abrir determinadas características e funções nos organismos dos seres
vivos. Mas como o organismo se forma a partir das informações do DNA? Para
responder a esta pergunta devemos esclarecer e definir o gene.
Uma das principais causas da complexidade e perpetuação dos seres vivos mais
complexos foi o abandono da reprodução assexuada. A carga genética deste tipo
de reprodução é basicamente nula, com exceções de fenômenos que veremos a
seguir. A baixa variabilidade implica que o organismo sempre será idêntico, fazendo
com que este esteja sujeito ao mesmo tipo de adversidade do meio.
Sobre um tipo das adversidades encaradas pela baixa variação genética, podemos
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hereditariedade.
O bastião da genética moderna a que temos acesso hoje foi Gregor Johan
Mendel (1822-1884), um monge agostiniano considerado o pai da genética moderna
e o precursor da corrente de estudos sobre a genética derivada de seu nome, o
Mendelismo.
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38 Biogeografia histórica: origem da vida, evolução e distribuição dos seres vivos no planeta
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Genes A A
A AA Aa
a Aa AA
Proporção: 25% AA 50% Aa 25%aa
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40 Biogeografia histórica: origem da vida, evolução e distribuição dos seres vivos no planeta
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A lei do uso e desuso instituía que os organismos dos seres vivos estavam sujeitos
de modo individual a alterações conforme a necessidade que o meio propunha.
Como meio de evidenciar esta lei, Lamarck utilizava a relação do alongamento
do pescoço de girafas, afirmando que a necessidade de alimentação de folhas
nas copas das árvores forçava os animais a alongarem os seus pescoços, e assim
justificava a variedade de comprimento entre estes animais como características que
os distinguiam de outros quadrúpedes.
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O progresso da ciência é marcado tanto pelos erros quanto pelos acertos dos
indivíduos que propõem hipóteses e teorias para justificar critérios que levam a
indagações. Neste ponto, ao pensarmos nos critérios da Biogeografia, as hipóteses
e teorias oriundas da corrente do lamarckismo possibilitaram um avanço significativo
com as contestações e novas formulações a respeito do processo evolutivo e
formulações das relações da biodiversidade em nosso planeta.
Sendo assim, podemos considerar que o lamarckismo, por mais que apresente
diversas lacunas e equívocos teóricos, possui um valor significativo quanto ao
desenvolvimento das ciências biológicas e das concepções da Biogeografia
aplicadas para contestar as teorias e hipóteses apresentadas por esta corrente do
evolucionismo.
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E fazendo uso desta prática científica, o naturalista Charles Robert Darwin (1809-
1882) desenvolveu uma corrente de pensamento que iria revolucionar o campo
das ciências biológicas e a própria Biogeografia, com uma série de apontamentos e
análises acerca do evolucionismo de todos os seres vivos, construindo uma corrente
científica hoje conhecida como darwinismo.
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Filo: é uma divisão mais atenta dos segmentos do reino de acordo com suas
características. Por exemplo, o reino dos animais é subdividido em dez filos:
Poríferos (esponjas do mar), Celenterados (águas vivas), Platelmintos (planárias),
Asquelmintos (lombrigas), Anelídeos (minhocas), Moluscos (polvos), Artrópodes
(insetos), Aracnídeos (escorpião), Equinodermos (estrela-do-mar), Cordados (peixes,
mamíferos etc).
Classe: é uma divisão dos seres pertencentes ao filo, como, o filo dos cordados se
subdivide em cinco classes: peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
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A Biologia comparativa nos traz então bases para que possamos evidenciar
princípios evolutivos similares entre seres vivos completamente distintos, mas
inseridos em um mesmo grupo taxonômico, possibilitando assim traçar elementos
que comprovem o evolucionismo pautado, sobretudo, nas correntes evolutivas
darwinista e neodarwinista, fornecendo bases suficientes para desenvolvermos um
amplo debate no segmento da Biogeografia Ecológica.
50 Biogeografia histórica: origem da vida, evolução e distribuição dos seres vivos no planeta
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a) V – F – V – F – V.
b) F – F – V – F – F.
c) V – V – F – F – V.
d) F – V – F – V – V.
e) V – V – V – F –V.
a) V – V – F – F.
b) F – F – V – V.
c) V – F – V – F.
d) V – V – V – F.
e) F – F – F – V.
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52 Biogeografia histórica: origem da vida, evolução e distribuição dos seres vivos no planeta
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Seção 4
Até alcançar esta seção, discorremos sobre pontos cruciais e alguns elementos
presentes no estudo da Biogeografia Histórica, tornando possível a fundamentação teórica
e segmentos que proporcionem a compreensão de diversos motes tratados por este ramo
da Biogeografia. Foi fundamental então discutirmos sobre a origem da vida no planeta
e os conceitos que proporcionaram as concepções de evolução e biodiversidade para
alcançarmos este eixo que, quiçá, pode ser considerado uma das maiores potencialidades
de estudo oriundo do ramo da Biogeografia Histórica.
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Então, como comprovar a teoria da deriva continental? Através dos alicerces que
fundamentam a relação das tectônicas de placas, podemos evidenciar de maneira
conclusiva a teoria da deriva continental, comprovando tanto suas particularidades
como fornecendo informações a respeito da dinâmica interna da Terra.
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Sendo assim, podemos concluir que a Biogeografia Histórica nos traz uma análise
dos processos de grande escala, e quando há a necessidade de uma compreensão
dos parâmetros de dispersão e diversidade dos animais no decorrer da história
da Terra, é fundamental recorrermos a concepções geológicas, como a deriva
continental, e observá-las por um viés biogeográfico que nos permita fundamentar e
comprovar determinadas hipóteses acerca da distribuição dos seres vivos no planeta.
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62 Biogeografia histórica: origem da vida, evolução e distribuição dos seres vivos no planeta
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a) I, II e IV.
b) II, III e IV.
c) I e IV.
d) I, III e IV.
e) Todas as opções.
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2 – Darwinismo
3 – Neodarwinismo
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Referências
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U1
68 Biogeografia histórica: origem da vida, evolução e distribuição dos seres vivos no planeta
Unidade 2
BIOGEOGRAFIA ECOLÓGICA:
FATORES LIMITANTES DA
DISTRIBUIÇÃO DOS SERES
VIVOS
Guilherme Alves de Oliveira
Objetivos de aprendizagem:
Nesta unidade iremos nos ater aos elementos que condicionam a dinâmica
dos fatores limitantes da distribuição dos seres vivos pelo viés fundamentado
na Biogeografia Ecológica, tendo por objetivo central a compreensão destas
dinâmicas e como as relações e as interações ecológicas contribuem para
a disposição dos seres ao redor do planeta diante da múltipla interação dos
fatores limitantes como um condicionante para a abundância ou a restrição
dos seres vivos.
Introdução à unidade
Seção 1
Um modelo que pode ser apresentado para entendermos como uma barreira
geográfica atua no processo de especiação é a Ilha da Queimada Grande, no Estado
de São Paulo. Esta ilha possui uma população de serpentes Jararacas (Bothrops
jararaca) estimada entre 2.000 a 4.000 indivíduos. O isolamento da população de
serpentes deriva de um aumento do nível do mar, criando uma barreira geográfica
intransponível e condicionando estes seres vivos a uma especiação alopátrica no
nicho ecológico da ilha.
Mas qual é o motivo para que estas temperaturas diminuam em direção aos
polos? Para respondermos a esta pergunta, devemos nos inteirar sobre a relevância
dos fatores de regulação climática vinculada à latitude.
Sendo assim, a regulação climática vinculada à latitude tem como principal critério
a angulação do eixo terrestre (23,5°), todavia, a Terra está em contínuo movimento
de rotação e translação, fazendo com que a variação de radiação e temperatura
também esteja relacionada com a duração do dia, latitude e estação do ano, tal qual
Ayoade (1986) menciona em:
Vimos que latitude está intrinsecamente ligada à variação de temperatura, uma vez
que, de acordo com a angulação da Terra, quanto maior a latitude, maior é o caminho
percorrido pela radiação solar e, consequentemente, menor é a temperatura. Outro
ponto que também está atrelado nos parâmetros de dinâmica climática global que
nos demonstra a relevância do fator latitude são as estações do ano.
aves citado anteriormente, nos remete que um grupo de seres vivos, devido à
condição climática da estação em seu hábitat, ruma para outras porções latitudinais
que proporcionam uma melhor busca por alimentos e reprodução, e posteriormente
retornam ao hábitat de origem quando a condição climática se torna mais amena. Já
a dispersão motivada pelas características climáticas faz que um grupo de seres vivos
abandone por completo seu hábitat devido a uma alteração climática no ambiente,
forçando-o a buscar um novo meio para se adaptar e sobreviver. Por exemplo, os
períodos das grandes glaciações.
Podemos afirmar então que o relevo possui uma influência direta no clima e,
consequentemente, na formulação de ambientes distintos sobre os quais diversas
espécies se relacionam em sua escala ecológica. Sendo assim, em parâmetros
biogeográficos, a compleição dos fatores climáticos deve ser voltada para uma
análise das características da dinâmica climática global, das relações de temperatura
e da influência de barreiras geográficas, atuando sobre a dinâmica climática e
proporcionando diferentes ambientes com uma biota respectiva ao meio.
As circunstâncias que atuam sobre os seres vivos advêm como uma perspectiva
para compreendermos tanto os processos de migração quanto os de dispersão,
uma vez que os indivíduos de diversas espécies buscam o clímax ecológico para sua
sobrevivência. Para evidenciar estas circunstâncias, cientistas que se baseavam na
lei da tolerância formulavam “[...] provas de tensão realizadas no laboratório ou em
campo, em que os organismos são sujeitos a uma série de condições experimentais”
(ODUM, 1985, p. 170).
Sabemos que os polos possuem uma menor incidência de radiação solar, por
conta da angulação do planeta e da latitude, isto faz com que a temperatura de
modo geral seja mais baixa nesta região. Também, temos ciência das condições
fisiológicas dos répteis, sendo estes heterotérmicos e suscetíveis à temperatura do
ambiente. Pensando no contexto da lei da tolerância de Shelford, podemos concluir
que a temperatura nas regiões extremas dos polos cria uma amplitude extremamente
estreita para os répteis, impossibilitando assim a distribuição deste tipo de ser vivo
em dado ambiente.
Todavia, uma das maiores particularidades dos seres vivos são as condições
evolutivas de adaptação e seleção natural decorrentes do processo evolutivo, às
quais todos os seres vivos estão submetidos. Odum (1985) realiza apontamentos
pertinentes para que possamos compreender os fatores limitantes em uma
perspectiva clara, na seguinte citação:
É possível então afirmar que o meio possui uma grande influência na distribuição
dos seres vivos, porém, o contínuo processo evolutivo de adaptação e seleção
natural proporciona diversos mecanismos para que a distribuição seja facilitada.
Ainda que haja algumas exceções, a maioria dos seres vivos não possui
tolerância suficiente para se desenvolver em determinados hábitats, limitando assim
a distribuição geográfica. Os únicos seres vivos de que se tem registro de uma
forte dispersão em diversas regiões do planeta com climas distintos são o falcão
peregrino e o ser humano; todavia, o homem conta com um aparato que vai além
da adaptação, são as tecnologias.
O clima então é um forte fator limitante para a distribuição dos seres, analisando-o em
sua escala biogeográfica, pois a temperatura e umidade fornecem condições climáticas
para determinados seres vivos, elencando assim o clima como um fator fundamental
quando estudamos os fatores de dispersão dos seres vivos em nosso planeta.
ordenamentos acerca dos fatores edáficos e como estes estão relacionados com
a distribuição dos seres vivos. Porém, antes de iniciarmos nossas análises, devemos
compreender o conceito de solo tal qual como proposto em:
Ante esta definição, podemos afirmar que o solo é oriundo de uma interação
entre os componentes inorgânicos provenientes das rochas intemperizadas por ação
química e física, com os componentes orgânicos oriundos do material decomposto
pelo desempenho biótico de microrganismos.
Não somente para os seres do reino vegetal, o solo pode ser considerado como
um ambiente da microfauna à macrofauna, de acordo com suas características,
atuando como um fator restringente. Por exemplo, seres oligoquetos (minhocas e
outros) possuem um extremo vínculo com solos de características úmidas e com
grande densidade de matéria orgânica, enquanto algumas espécies, como a lagartixa
Podemos então observar que o solo e suas características advêm tanto como um
fator limitante para o suporte de determinados seres vivos quanto está suscetível a
estes fatores, uma vez que, para ser considerado como um elemento dos princípios
biogeográficos, é incontestável a sua interação com os meios edáficos, faunísticos
e das atuações das demais esferas. Fazendo assim que consideremos o solo um
componente indissociável dos critérios edáficos e bióticos como fatores limitantes.
A relação entre o solo e os fatores edáficos pode ser considerada intrínseca para
compreendermos a atuação destes fatores limitantes. Se, por um lado, o solo limita
o suporte para determinados vegetais de acordo com suas características, certos
vegetais irão limitar o fornecimento de matéria orgânica para o solo, fazendo assim
com que haja um ciclo concomitante de atuação entre estes dois fatores.
A atuação dos fatores edáficos como limitantes à distribuição dos seres vivos se
atém aos quesitos que permeiam a relação ecológica entre os seres para com o
solo. No exemplo anteriormente citado, designamos as relações das características
do solo úmido e arenoso como suporte para o hábitat de diferentes seres do reino
Animalia e Funghi. Todavia, os integrantes do reino Plantae são os mais integrados
com as limitações edáficas.
Sob esta lógica, podemos então afirmar que os organismos produtores (base da
cadeia alimentar) detêm um acúmulo de energia muito maior que os organismos
de níveis tróficos superiores de uma cadeia alimentar. Ante esta dinâmica do
fluxo de energia das cadeias alimentares, podemos observar critérios bióticos que
possibilitem traçarmos uma relação direta com os fatores limitantes da distribuição
dos seres vivos.
Cursos de rios podem facilmente ser alterados com canais, áreas áridas podem
ser totalmente remodeladas com o arranjo de sistema de irrigações, até mesmo
barreiras geográficas de relevo são modificadas conforme a intenção e a tecnologia
aplicada.
Ainda que haja uma ampla discussão acerca da inferência antrópica diante da
variação climática global, podemos afirmar, sem dúvidas, que o homem influencia
na dinâmica climática na escala local e, por vezes, na escala regional. As alterações
climáticas antrópicas podem ser vistas pela modificação do meio ambiente,
como a urbanização, o desmatamento e as grandes áreas de agricultura, que
influenciam significativamente no aumento de temperatura e nas quedas dos índices
pluviométricos em várias regiões.
seres. Entendemos então que o ser humano pode realizar diversas modificações
no ambiente que influem na dinâmica ecológica, que, de modo geral, atua como
um impacto negativo ao ambiente, salvo raras exceções, onde o rompimento de
uma barreira geográfica ou a alteração do clima favorece determinado grupo de
seres vivos, mas ainda assim atuam como um elemento artificial que altera todo o
encadeamento ecológico e a harmonia ambiental.
a) I, II e III.
b) II, III e IV.
c) I, III e IV.
d) I, II e IV.
e) Todos.
Seção 2
Um exemplo biótico desta relação pode ser evidenciado como um dos exemplos
utilizados por Amabis e Martho (2005) sobre as algas (Volvox sp.) que se agrupam em
um modelo de esfera, possibilitando assim a reprodução no interior e a proteção de
organismos externos, ocasionando também um desenvolvimento para expansões e
distribuição geográfica das espécies envolvidas.
Por exemplo, a relação entre abelhas e flores pode ser relacionada como uma
interação de mutualismo, uma vez que a abelha se alimenta do néctar das flores,
e, ao fazê-lo, carrega uma carga de pólens que fertilizarão outras flores, criando
assim uma relação benéfica obrigatória de interação, voltada para a alimentação e
reprodução de cada indivíduo respectivo.
Este tipo de interação beneficia os dois seres vivos relacionados, mas a ausência
de obrigatoriedade não configura qualquer fator limitante para ambos os seres,
fazendo com que esta relação seja completamente circunstancial.
Um exemplo que pode ser relatado para esclarecer esta relação ecológica é
a relação entre a lombriga (Ascaris lumbricoide) e o ser humano. Neste caso, a
lombriga é um nematelminto que, no desenvolvimento de seu ciclo, se aloja no
intestino de seu hospedeiro, no caso o ser humano, e se alimenta dos nutrientes que
seriam dirigidos ao hospedeiro.
Sendo assim, ainda que inexpressivo no que diz respeito à limitância entre os
seres vivos, este gênero de relação se baseia em uma condição presente em muitos
ambientes onde as espécies podem ou não interagir em seus nichos ecológicos
sem trazer qualquer representatividade entre as relações.
Espécies
Tipos de Interação Natureza da Interação
1 2
Neutralismo 0 0 Nenhuma das populações afeta a outra
Competição: Influência
- - Inibição direta entre as espécies
direta
Competição: Recurso - - Inibição direta de acordo com o recurso
Amensalismo - 0 População 1 é inibida e a 2 não é afetada
Parasitismo + - Parasita 1 se beneficia do hospedeiro 2
Predação + - Predador 1 se beneficia da presa 2
Comensalismo + 0 Comensal 1 se beneficia e hospedeiro 2 é neutro
Protocooperação + + Interação favorável a ambas mas não obrigatória
Mutualismo + + Interação favorável a ambas mas obrigatória
Fonte: Adaptado de Odum (1985, p. 339)
Alternativas:
a) 1 – 2 – 5 – 3 – 4.
b) 2 – 4 – 3 – 1 – 5.
c) 4 – 2 – 1 – 3 – 5.
d) 2 – 4 – 5 – 3 – 1.
e) 4 – 2 – 3 – 5 – 1.
a) I, II, IV e V.
b) II, IV e V.
c) I, III, IV e V.
d) I, II e IV.
e) II, III, IV e V.
a) I, II e III.
b) I, II e IV.
c) II, III e IV.
d) I e II.
e) Todos.
a) V – V – F – V.
b) F – F – V – V.
c) V – V – F – F.
d) F – F – V – V.
e) V – V – V – F.
Referências
BIOMAS TERRESTRES E
DOMÍNIOS BIOGEOGRÁFICOS
DO BRASIL
Luciana A. Pires
Objetivos de aprendizagem:
Esta unidade visa apresentar como as diferentes paisagens naturais,
distinguíveis especialmente pelo clima, e relevo, vegetação, podem ser delimitadas
em biomas e/ou domínios morfoclimáticos, que são formas de classificações
fitogeográficas. Pretende-se que, ao final, você possa caracterizar e localizar os
principais biomas do mundo, bem como dos diversos domínios fitogeográficos
brasileiros, conhecimento importante para fins de pesquisa, planejamento e
implantação de políticas públicas. Também, será discutido ligeiramente sobre as
principais ameaças impostas pelas atividades antrópicas neles.
Introdução à unidade
Você já deve ter reparado que, quando viajamos, em especial a longas distâncias,
podemos observar que a paisagem, mesmo em áreas não antropizadas (ou seja, as
áreas naturais sem ou pouca interferência humana), vai se modificando conforme
o clima e outras condições abióticas (como o solo e o relevo) prevalecentes.
Seção 1
Estes termos nem sempre são facilmente definidos, mas podem ser distinguidos
segundo alguns conceitos que veremos a seguir.
Ecossistema pode ser definido como qualquer local ou área que inclua a
comunidade de organismos (denominada de biota) e o ambiente físico, de maneira
que haja relação entre os componentes bióticos (seres vivos) e abióticos (água, luz,
temperatura etc.) (ODUM, 1988). Desta forma, podemos considerar ecossistemas
de tamanhos variados, desde uma poça, lago, mares ou uma floresta, e até mesmo
ecossistemas artificiais (ou seja, produzidos pelo homem), podemos citar os
agroecossistemas (sistemas agrícolas), um aquário e até mesmo uma cidade.
climático. Por exemplo, as árvores são as formas dominantes nos biomas florestais,
e as herbáceas, nos campos naturais. No entanto, podemos encontrar outras formas
de vida predominando quando a vegetação se encontra em regeneração.
Seção 2
Figura 3.2 | Distribuição mundial dos principais biomas terrestres (segundo AUDERSIK;
AUDERSIK, 1996 apud BEGON et al., 2006).
É o bioma mais frio do planeta, localizado numa faixa circumpolar entre a calota
de gelo polar ao norte e as florestas ao sul. Embora concentrado no Hemisfério
Norte, também é encontrado em outras regiões ecologicamente semelhantes, até
nos trópicos, em altas montanhas, onde as árvores não se desenvolvem, sendo
denominado de “tundra alpina”.
Por estarem próximas aos polos, neva muito, e as temperaturas podem chegar
a dezenas de graus negativos no inverno, com suas noites duradouras; no verão,
o frio torna-se mais ameno, os dias são muito longos e ocorrem chuvas ligeiras
(ROSS, 1996). Tais condições climáticas retardam o processo de decomposição de
matéria orgânica, o que torna o solo pouco fértil e muito sensível aos distúrbios,
apresentando uma lenta recuperação quando isso acontece.
dão lugar aos musgos e líquens nas áreas mais frias, onde os ventos fortes aumentam
a aridez do ambiente, até, por fim, darem lugar ao deserto polar.
Faz parte do conjunto de grandes animais que vivem na Tundra a rena, o urso polar,
o lobo, a raposa, o boi almiscarado, o caribu e aves predadoras, além de pequenos
animais, como os lemingues (roedores), que fazem túneis no manto da vegetação.
No litoral, vivem as focas e os lobos marinhos. Os animais possuem adaptações ao
clima, como uma espessa camada de gordura sob sua pele, e coloração branca para
evitar os predadores.
2.3 Taiga
Também conhecido como Floresta Boreal ou Floresta setentrional de coníferas,
este bioma exclusivo do Hemisfério Norte fica localizado na região biogeográfica
subártica setentrional e úmida, sendo, junto à tundra, os únicos biomas que possuem
uma certa continuidade ao longo do planeta (veja a Figura 3.2).
A taiga pode ser encontrada em largas faixas nas regiões frias e úmidas no norte
do Alasca, Canadá, sul da Groenlândia, parte da Noruega, Suécia, Finlândia, Sibéria e
Japão. Faz limite ao sul com a tundra, e, ao norte, com a floresta temperada, savanas
ou campos, conforme a precipitação.
As florestas boreais são alvos de grande interesse comercial, haja visto seu potencial
como produtor de madeiras para celulose, sendo estimado que só o Canadá contribui
com cerca da metade de todo o papel-jornal comercializado no mundo (FRANCISCO,
2015). Considerando que a maior parte da biomassa do bioma encontra-se retida nas
árvores, a extração excessiva pode causar sérios danos a ele.
Muitas vezes, o solo dos campos temperados pode exibir uma camada de húmus
bem maior que a encontrada em biomas florestais; isto porque as gramíneas e outras
plantas herbáceas possuem um ciclo de vida curto, havendo uma constante deposição
de uma grande quantidade de matéria orgânica no solo. Esta se decompõe rápido no
início, mas lentamente depois.
Não é à toa que os solos escuros e ricos dos campos temperados estão entre os
melhores para produção de milho, trigo e outras espécies de gramíneas cultivadas.
Nas áreas mais secas, nos limites do bioma, os campos são manejados para produção
de carne e leite.
Assim como nos campos temperados, nos campos tropicais e nas savanas
predomina uma vegetação aberta, sendo encontradas desde fisionomias herbácea,
arbustiva até arbórea; todavia, a mais característica refere-se àquela onde as gramíneas
dominam e os arbustos e as árvores são elementos isolados na paisagem, como o
típico baobá (ou barriguda), cujo tronco é enorme, por acumular água em seu interior,
entre outras. Não é raro o predomínio de uma ou poucas espécies.
O fogo, assim como em outros biomas que o têm como fator natural (chaparral e
pradarias), contribui para a dominância da vegetação arbustiva em competição com
a arbórea, sendo encontradas várias plantas adaptadas a este elemento, tais como
aquelas que produzem sementes que só germinam após o incêndio, e outras, que
podem rebrotar a partir de reservas em suas raízes resistentes. O fogo também é
importante para a mineralização da matéria orgânica neste bioma, visto que o
processo de decomposição pode ser lento devido às condições climáticas (com uma
estação seca) e do substrato que apresenta um grau de resistência relativamente alto
(folhas grossas e duras).
Este bioma já vem sendo alterado há séculos para atividades agrícolas e pastoris,
além da urbanização, sendo praticamente erradicada nas montanhas baixas de Los
Angeles (EUA) e no Oriente antigo, região do Mediterrâneo.
2.8 Desertos
Os desertos estão localizados em regiões onde a precipitação é muito baixa, às
vezes menor que 250mm por ano, e distribuída de forma muito desigual. No centro
do deserto do Saara na África, e no norte do Chile, já foram registradas situações
extremas, de menos ou nenhuma chuva.
A escassez de água pode ser atribuída a três fatores, segundo Odum (1988): alta
pressão subtropical, como o caso dos desertos do Saara e da Austrália; posição
geográfica em sombras de chuva, como os desertos na parte ocidental da América do
Norte; à grande altitude, como ocorre com os desertos tibetano, boliviano e de Gobi.
Em geral, fatores físicos, como cordilheiras e locais muito interiorizados, impedem a
chegada dos ventos carregados de umidade do oceano.
Os desertos podem apresentar desde solo muito arenoso até rochoso, reflexo do
lento processo de intemperização em decorrência da reduzida presença de plantas e
precipitação, agentes importantes para o processo de formação de solo. Em planícies
de terras baixas, o solo pode ser coberto com sal.
Quando pensamos em um deserto, logo nos vem à cabeça ser um local de muito
calor, mas acontece que também existem desertos frios!
Diferente dos ambientes úmidos e florestados, a erosão é causada pela ação dos
ventos (eólica), fator importante para a composição da paisagem do deserto.
A biodiversidade, tanto da fauna quanto da flora, atinge seu auge nestas florestas
latifoliadas e perenifólias, localizadas em regiões próximas ao equador, por isso também
chamada de Floresta latifoliada equatorial. Podemos encontrá-las em três áreas
principais: 1. Na América do Sul, nas bacias Amazônica e do Orenoco (que possuem
as maiores extensões contínuas); 2. No centro e oeste da África e no Madagascar, nas
Bacias do Congo, do Níger e do Zambeze; 3. Na Índia, Malaia, Borneo e Nova Guiné.
Embora estas áreas estejam em regiões biogeográficas distintas, e, portanto, diferem
entre si em relação à composição taxonômica das espécies, apresentam estrutura e
ecologia similares.
Como a água é abundante, a luz passa a ser um dos principais fatores limitantes
para as plantas dos estratos inferiores, além, é claro, da alta competição entre os
organismos.
O solo destas florestas pode ser rico em nutrientes, mas em sua maioria são pobres
e ácidos, devido, em parte, à alta lixiviação que carrega os cátions junto à água da
chuva. A serapilheira depositada pela comunidade vegetal é rapidamente decomposta
pelos micro-organismos, que têm suas atividades em alta proporcionadas pelas
condições adequadas de temperatura e umidade, disponibilizando, desta forma, os
nutrientes para serem novamente utilizados pelas plantas.
Figura 3.11 | Floresta Atlântica sobre solo arenoso no litoral do Rio Grande do Norte
De fato, as inter-relações entre fauna e flora na floresta tropical são muito intensas,
por exemplo, cerca de 95% da polinização e de 75% a 95% da dispersão de sementes
(processos ecológicos fundamentais para a reprodução das plantas) das espécies
arbóreas nativas tropicais são realizadas pelos animais (FERRETTI, 2004). Por isso, a
defaunação pode levar ao desaparecimento de diversas espécies de plantas.
A fauna também possui alta diversidade, sendo grande parte dos animais pouco
visível, e muitos são noturnos; comparada às florestas temperadas, proporção muito
maior de animais é encontrada no dossel da floresta, por exemplo, na Guiana, mais da
metade dos mamíferos são arborícolas, além das aves, lagartos, cobras e pererecas.
Além do alimento, visto a abundante produção de frutos e brotos comestíveis, o dossel
pode oferecer abrigo para muitas das espécies, visto que o chão da floresta também
é habitado por diversos predadores, como formigas, aranhas e outros animais (como
onça, lobos etc.).
Seção 3
Biomas brasileiros
Nesta seção você poderá conhecer a localização e as delimitações de cada
domínio fitogeográfico brasileiro e observar as especificidades e as semelhanças
existentes entre eles. Como a classificação em domínios segue a divisão dos biomas,
em algumas ocasiões serão apresentados dados relativos aos últimos. Embora não
seja o foco de estudo, também discutiremos brevemente alguns dos principais
impactos antrópicos causados nos distintos domínios morfoclimáticos.
Cabe ressaltar que, exceto o domínio das Caatingas, os demais se estendem para
outros países.
Core (ou área nuclear): chamamos de área “core” a área mais típica e contínua de
determinado domínio, onde as condições fisiográficas e biogeográficas formam um
complexo relativamente homogêneo e extensivo.
Entre as áreas core vizinhas existem as faixas de transição, sendo que cada área
de contato apresenta uma combinação distinta de vegetação, solo e relevo.
Circulam, por toda a bacia Amazônica, 20% das águas doces do mundo.
Estima-se que somente na parte brasileira, a partir do Amazonas (rio
mestre), haja cerca de 20 mil quilômetros de cursos passíveis de serem
navegados, e com saída terminal livre para o Oceano Atlântico. Imagine
só a potência deste rio, que chega ao mar no Golfão Marajoara, numa
profundidade de até 120 metros, empurrando as águas do oceano,
fenômeno conhecido como pororoca (AB´SABER, 2003).
Quase toda a bacia hidrográfica depende deste regime de chuvas, exceto pelas
precipitações nevais e degelo de primavera, que chegam das cordilheiras dos Andes,
onde nasce o principal rio.
planície inundável, tabuleiros com altitudes de até 200 m, terraços com cascalhos e
lateritas e morros baixos com formas arredondadas. Essa paisagem apresenta uma
relação direta com a bacia hidrográfica amazônica e uma rica variedade de águas
perenes, com rios brancos, negros e cristalinos.
A vegetação que não está sujeita diretamente à ação dos rios é chamada de Mata
de Terra Firme, enquanto que nas planícies que os acompanham, a vegetação muda
de estrutura e recebe o nome de acordo com os períodos de inundação, sendo
reconhecidas as: Matas de várzeas (periodicamente inundadas) e as Matas de igapó
(permanentemente inundadas).
Reflita: Qual é a sua opinião sobre a implantação da usina Belo Monte, no Rio
Xingu? Realize uma pesquisa procurando saber os prós e os contras deste
empreendimento antes de emitir sua opinião.
Acredita-se que grande parte deste domínio era formada por Caatinga arbórea,
entremeada a matas secas, florestas com espécies decíduas, que perdem suas folhas
durante o período mais seco.
A Caatinga já conta com cerca de 36% do bioma ocupado por áreas antrópicas,
sofrendo com processos como a desertificação. Para saber mais sobre a Caatinga,
acesse: <http://www.mma.gov.br/biomas/caatinga/>, e assista ao vídeo que alerta
sobre as ameaças, o qual está disponível em: <http://globotv.globo.com/rede-
globo/nordeste-viver-e-preservar/v/devastacao-de-area-da-caatinga-chega-a-50-no-
nordeste/2541811/>.
A temperatura média anual é cerca de 22°C, com intensa radiação solar o ano todo
(COUTINHO, 2002), por isso, mesmo na época chuvosa (verão), aliado às elevadas
temperaturas que podem chegar a 40°C, podm ser observada baixa umidade do ar ao
final do dia (FRANCO, 1998; MEINZER et al., 1999). Na estação seca, as temperaturas
podem cair bastante, inclusive com a ocorrência de geadas, bem como a umidade
do ar, que pode girar em torno de 15%, condições que ficam piores ainda com os
frequentes incêndios que ocorrem nesta época, condicionando comumente o estado
de alerta à saúde da população.
Fonte: Coutinho (2002, p. 83). Disponível em: <http://www.qmdmt.cnpm.embrapa.br/13.htm>. Acesso em: 25 ago. 2015.
relativamente baixa, com arbustos e árvores espalhadas, de aparência seca, com troncos
retorcidos e folhas grossas, muitas vezes descrito como vegetação xeromórfica. Como
mencionado anteriormente, xeromorfia está relacionado à adaptação à seca. De fato,
existe um elevado déficit hídrico nas camadas superficiais do solo durante a estação
seca, perceptível pelo dessecamento das plantas herbáceas, sendo que muitas destas
espécies perdem sua parte aérea (epigeia) nesta época, mas permanecem com suas
partes subterrâneas (hipogeia) vivas, que rebrotam novamente na estação chuvosa.
A dinâmica de
ciclagem de nutrientes Figura 3.16 | Incêndio no Parque Nacional de Brasília -
da vegetação de Cerrado queimada e destruição ambiental
se opõe ao encontrado
nas florestas tropicais
úmidas, apresentando
uma lenta decomposição
da matéria orgânica, em
decorrência da dureza
do substrato vegetal,
elevadas luminosidade
e temperatura, e baixa
umidade do solo e do
ar ao longo da estação
seca. Assim como
outras savanas (descritas
Fonte: Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Queimada_
na seção anterior), o ABr_02.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2015.
O domínio dos Cerrados possui uma ampla faixa transicional, que resulta em
diferentes sistemas biológicos. Cabe ressaltar, entre eles, os encontrados nas planícies
aluviais pantaneiras, no sul do estado do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul,
onde podem ser reconhecidos vários tipos de ecossistemas. Dadas as peculiaridades
do local, e a sua complexidade de ecossistemas, é muito comum esta região ser
classificada como um bioma separado do Cerrado, chamado de Pantanal.
É constituído, em grande parte, por relevos acidentados e variados entre si, com
altitudes de 2 a acima de 1100m de altitude ao nível do mar, com presença de morros
arredondados e serras íngremes, como as escarpas da Serra do Mar, além de alguns
chapadões florestados. Presença marcante da mamelonização, processo conhecido no
cinturão das terras intertropicais, definido como “um conjunto de processos fisiográficos
suficientemente capaz de "arredondar" as vertentes de rochas cristalinas até o nível de
uma feição geométrica policonvexa” (AB'SÁBER; MARIGO, 2009, p. 53).
Pela sua disposição norte-sul - do Amapá ao Rio Grande do Sul –, e por variações
setoriais de seus ecossistemas, a zona costeira atlântica do Brasil pode ser
considerada como um Domínio de natureza.
No interior, onde o clima possui duas estações bem definidas (uma mais seca e
outra mais úmida), encontramos as florestas estacionais (Floresta Tropical Sazonal),
sob solos que podem ser bem férteis, e manchas de cerrado, especialmente em São
Paulo e norte de Paraná, subdomínio dos chapadões florestados.
Nos planaltos mais altos (em geral, maior que cerca de 600m de altitude), como
em Campos de Jordão e Bocaina, localizam-se as matas de araucária, as quais iremos
descrever adiante como um domínio próprio.
Nos topos das serras, sobre os solos rasos e afloramentos rochosos, ocorrem os
campos rupestres com vegetação predominantemente herbácea, como cactos e
outras plantas adaptadas às condições de alta luminosidade e temperatura, ventos
constantes e falta de solo orgânico.
Você sabe o que são Hotspots? São áreas prioritárias para conservação,
ou seja, que possuem uma alta biodiversidade, rica em espécies
endêmicas, e que estejam com sua vegetação original altamente
ameaçada. No Brasil, encontram-se dois hotspots: Mata Atlântica e
Cerrado. Aprofunde-se no assunto acessando: <http://www.seer.ufu.br/
index.php/caminhosdegeografia/article/viewFile/15700/8881>.
Agora, vamos descrever os dois domínios extratropicais brasileiros. Você sabe quais
são?
Situado no sul do país, em regiões de clima subtropical úmido, desde o Paraná até
o norte do Rio Grande do Sul, com altitudes elevadas variando entre 800 a 1300m
(podendo ser citado como um dos aspectos mais relevantes para sua distinção do
domínio dos Mares de Morro), abrangendo cerca de 400 mil quilômetros quadrados.
Na classificação do IBGE (2004), a área deste domínio está incluída junto ao bioma
Mata Atlântica.
Situado no extremo sul do Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, onde o relevo é
plano a levemente ondulado - também conhecido como domínio das coxilhas (relevo
com suaves ondulações), região das campinas meridionais, Campanha Gaúcha e
Pampas -, conta com aproximadamente 80 mil quilômetros quadrados.
dos campos, mais até do que as condições climáticas. As pastagens para criação de
animais (tradicionais na região desde a sua colonização) e os incêndios não permitem
o estabelecimento da vegetação arbustiva/arbórea, como se verifica em vários trechos
da área de distribuição dos Campos do Sul.
Araucárias
Campos
Referências
BIODIVERSIDADE,
CONSERVAÇÃO E MANEJO
DE ECOSSISTEMAS
Objetivos de aprendizagem
O escopo central desta unidade visa contemplar nossos estudos no
entendimento sobre a Biodiversidade como um elemento basal para
fundamentação dos ecossistemas, e, assim, apresentar os meios e as
formas de conservação destes ambientes sob o ponto de vista da relação
sociedade e ambiente. Para tal, buscamos realizar abordagens direcionadas
que contemplem tanto a fundamentação dos conceitos atribuídos à unidade
como as políticas públicas envolvidas nas concepções de conservação e
manejo dos ecossistemas.
Introdução à unidade
Para tal, procuramos realizar uma abordagem inicial que contemple o conceito
da Biodiversidade de sua norma à forma, entendendo pelo viés teórico as suas
definições e delineamentos, fundamentais para uma análise sobre o que é a
Biodiversidade na prática e como esta se expressa diante das dinâmicas naturais.
Por fim, temos como principal escopo compreender como as dinâmicas político-
administrativas atreladas aos segmentos da Ciência biogeográfica podem contribuir
para uma melhor acuidade ambiental sob a perspectiva da proposta de um ambiental
sustentável e harmônico, tanto para a sociedade quanto para a natureza.
Seção 1
Para tal, listaremos cada um destes conceitos a modo de expor sumariamente cada
condicionante capaz de expor a amplitude dos conceitos em um cunho biogeográfico,
além de expor os critérios fundamentais que culminam na perspectiva pública e
organizacional de conservação e manejo do ambiente pelo fator antrópico.
1.2.1 A Biodiversidade
Por estes apontamentos, podemos também nos dirigir sobre a abordagem desta
temática com olhares atentos à dinâmica de alteração da Biodiversidade. Se por um lado
consideramos que as relações ecológicas são um dos elementos fundamentais para
o desenvolvimento da Biodiversidade, as alterações do ambiente atuam diretamente
nas relações ecológicas fundamentais para a manutenção da Biodiversidade,
desenvolvendo então uma necessidade de redução de impactos e conservação do
meio ambiente para um melhor incremento e estabilidade da diversidade dos seres
vivos em determinado ambiente.
1.2.2 O Bioma
Podemos definir este conceito através dos critérios apresentados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em seu respectivo domínio, destacando o
seguinte segmento:
Sendo assim, o Bioma em sua definição é dado como uma associação dos seres
vivos e características naturais referenciadas em uma escala geográfica de similaridade
que abrange uma determinada diversidade biológica de acordo com a atuação
dinâmica dos fatores limitantes para a distribuição de espécies em determinada região.
1.2.3 O Ecossistema
Todavia, com o escopo de definirmos o conceito a partir de uma ótica que elenque
os elementos que o formulam, é válido ressaltarmos os apontamento de Pierre George
(1974) salientados por AB’Saber (2009) em:
Tal qual nos fomenta Viadana (1985), os biomas possuem uma grande escala
espacial e até mesmo uma distribuição geográfica dada pela generalização de
características bióticas e abióticas em determinadas regiões, salientando assim a
escala regional como atributo geográfico para a delimitação de um Bioma. Já os
ecossistemas não se atêm a este atributo de escalas, podendo assim se expressar sob
diferentes proporções espaciais.
1.2.4 A Biocenose
Além das definições propostas acerca das dinâmicas que instituem a Biocenose,
para distinguirmos este conceito do ecossistema e o destacarmos enquanto um
importante elemento nos estudos biogeográficos, devemos conhecer primeiramente
a amplitude da Biocenose em sua terminologia.
Por definição, o Biótopo se refere a “[...] uma área geográfica de superfície e volume
variáveis, submetida a condições cujas dominantes são homogêneas" (PERES, 1968,
p. 42). Nesta perspectiva, encaramos o Biótopo como o ambiente físico, detentor das
características abióticas fundamentais para a interação dos seres vivos vinculados ao
conceito e definição de Biocenose.
A Agenda 21, por definição, pode ser designada pelos seguintes termos: “[...] um
instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em
diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça
social e eficiência econômica” (BRASIL, 1993).
Este documento contou com a assinatura dos representantes de 179 países, onde
fora estipulado o compromisso político para com o desenvolvimento, conservação e
manejo ambiental. Logo a partir deste documento surgiu ou tornou-se mais rigorosa
a legislação no que circunda a perspectiva pública e organizacional sobre o meio
ambiente.
Desde então aconteceram outros encontros dirigidos pela ONU com o intuito
de debater e verificar os parâmetros sugeridos pelas conferências anteriores, bem
como a discussão e formulação de propostas, como o Protocolo de Kyoto proposto
em 1997, entrando em vigor em 2005, o qual tinha como proposta a redução da
emissão de gases poluentes na atmosfera mediante o cumprimento de determinados
países em delegar meios e técnicas para esta redução.
Em 2012, fora realizada uma nova conferência, intitulada Rio+20, cujo escopo era
discorrer acerca das tomadas de decisões, normas e medidas tomadas nos últimos
anos ante o ritmo ambiental proposto na Conferência de 1992, assim como renovar
as propostas e os cumprimentos ambientais entre as nações participantes.
Todavia, autores como Viola e Leis (1996) ressaltam que a amplitude do diálogo
ambiental só se firmou através das propostas e concepções público-organizacionais
oriundas do Estado e da sociedade civil na década de 1970, como fomentado no
seguinte trecho:
sistema de latifúndios.
Ante esta complexidade, Viola e Leis (1996) fazem apontamento que nos
ajuda a esclarecer estas relações político-organizacionais nas tomadas do Estado,
formulando assim um movimento multissetorial:
A década de 1990 foi marcada por elementos fundamentais para toda a esfera
ambiental no Brasil. O perfil das políticas organizacionais do meio ambiente nesta
década mantinha os movimentos multissetoriais no que circunda unir diversas
esferas em torno de uma mesma causa, a acuidade ambiental.
Sociedade
2 3
4
Economia 1 Ambiente
Legenda
1- Relação Justa na ótica Ambiental
2- Relação Viável no ambito Socioeconômico
3- Relação Suportável sob a ótica Sócioambiental
4- Interação Estável e Equalitária entre todos os elementos
a) I – IV – III – II.
b) I – III – IV – II.
c) II – IV – III – I.
d) II – III – I – IV.
e) III – IV – I – II.
a) V – V – F – F – V.
b) F – F – V – V – F.
c) V – F – F – V – F.
d) F – V – V – F – F.
e) V – F – V – F – V.
Seção 2
2.1.1 Conservação
2.1.2 Preservação
dos fluxos ambientais sem que haja qualquer intervenção voltada para o benefício
ou exploração pela sociedade. “Essa preservação radical, algumas vezes chamada de
preservação ética, é um conceito quase exclusivamente americano, seus defensores
são chamados de preservacionistas” (ART, 200, p.122).
No que diz respeito à diretriz de Dispersão dos Seres Vivos, para compreendermos
a proposta da teoria, deve-se correlacionar os elementos oriundos da Biogeografia
Histórica e Ecológica para compreender os possíveis fatores que contribuíram para a
disposição das espécies em determinada região, assim como os fatores limitantes que
os restringem a determinado ambiente (MACARTHUR; WILSON, 1976). Um exemplo
prático desta diretriz pode ser apresentado quando se analisam as características
biogeográficas da Ilha da Queimada Grande–SP, anteriormente relatadas na Unidade
2 deste livro.
Diante deste critério, os autores da teoria propuseram uma análise quantitativa que
buscava interpretar uma relação proporcional das possíveis espécies em extinção no
Mas por que esta teoria e corrente científica não restringe seus estudos somente
a ilhas, como mencionado anteriormente? Se analisarmos o cerne deste campo
de pesquisa, busca-se compreender a Biodiversidade e as dinâmicas ecológicas
de fragmentos naturais isolados. No que tange a este objeto de estudo, podemos
associar as áreas de Preservação ou Conservação ambiental enquanto fragmentos
ambientais nestes mesmos parâmetros, interpretando-as enquanto fragmentos ou
remanescentes florestais isolados e sujeitos a uma dinâmica própria, sendo assim
vistos como “ilhas” devido à segregação biogeográfica designada a determinados
recortes geográficos e espaciais. Sob este viés, aplicam-se então os mesmos
parâmetros epistemológicos a ambientes fragmentados, ainda que estes não sejam
estritamente relacionados com o critério de um ambiente cercado de água.
Gráfico 4.1 | Evolução e extensão das áreas protegidas no mundo durante o século XX
Quadro 4.1 | Objetivo das unidades de conservação da natureza por categoria de manejo
Figura 4.5 | Distribuição das unidades de conservação ativas no SNUC por classe e bioma
Podemos concluir que as Unidades de Conservação são uma das melhores formas
de manejo do ecossistema quando estas se pautam em um planejamento ambiental
adequado, frisando os critérios para o desenvolvimento do equilíbrio dinâmico e
os fatores discorridos como elementos fundamentais para a autorregulação de
fragmentos ambientais pela Biogeografia de Ilhas.
a) V – V – V – F – V.
b) F – V – V – F – V.
c) F – F – V – V – V.
d) F – V – F – F – F.
e) V – F – V – V – F.
A sequência correta é:
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) II, III e V.
d) II, III e V.
e) Todas as opções.
a) 1 – 2 – 1 – 2 – 1.
b) 2 – 2 – 1 – 2 – 2.
c) 2 – 2 – 1 – 2 – 2.
d) 2 – 2 – 1 – 1 – 2.
e) 1 – 1 – 2 – 1 – 2.
a) I – II – III.
b) III – I – II.
c) II – III – I.
d) I – III – II.
e) III – II – I.
a) V – V – F - V.
b) F – F – V – F.
c) F – F – V – V.
d) V – V – F – F.
e) V – F – F – F.
Referências