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2° SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO

5 a 8 de novembro de 2019

Análise do cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal nos municípios


de Cláudio, Itaguara e Itapecerica no período de 2013 a 2016

Ana Paula Santos Diniz1


Tacilmara Aparecida Felisberto Fidelis2
Kelen Cristina de Lima Rafael3
Bianca Kellen da Silva Sousa4

INTRODUÇÃO
A Lei da Responsabilidade Fiscal foi criada para dar equilíbrio, transparência às contas
públicas e punir gestores irresponsáveis. Ela auxilia os governantes das três esferas de poder
(federal, estadual e municipal), a gerir os recursos públicos, prevenir riscos e corrigir desvios,
a fim de atender aos objetivos e necessidades dos cidadãos.
A Lei Complementar nº. 101 de 04 de maio de 2000, conhecida como Lei de
Responsabilidade Fiscal – LRF - iniciou o período de gestão fiscal responsável no Brasil,
tendo como objetivo melhorar a administração das contas públicas. Ela envolve ação
planejada e transparente; prevenção de riscos; equilíbrio das contas públicas; cumprimento de
metas e de resultados; cumprimento de limites, como gastos de pessoal e endividamento;
reforça o desenvolvimento econômico e representa um código de conduta para
administradores públicos, ou seja, essa lei mudou os rumos da administração pública no país.
(BRASIL, 2000)
É importante que o cidadão tome conhecimento dos dispositivos da lei aplicáveis aos
municípios, para que consiga acompanhar e cobrar as ações dos administradores.
Simultaneamente, os governantes devem obedecer às normas e limites, administrar com
compromisso as finanças para equilibrar receitas e despesas, e prestar contas sobre quanto, e
como gastam os recursos públicos. O presente trabalho é resultado de uma análise sobre o
cumprimento por parte dos municípios de Cláudio, Itaguara e Itapecerica da LRF no período
de 2013 a 2016. É imprescindível a verificação do cumprimento dessa lei, pois se não for

1 Mestre em Direito Processual Coletivo, professora na Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade
Cláudio, e-mail: ana.diniz@uemg.br
2 Graduanda em Administração na Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade Cláudio, e-mail:
tacilmarafidelis@gmail.com
3 Graduanda em Administração na Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade Cláudio, e-mail:
kelencristinadlr@hotmail.com
4 Graduanda em Administração na Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade Cláudio, e-mail:
bkellen48@gmail.com
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cumprida causa danos ao erário. Considerando as publicações do TCE, onde há registro de


intimações aos municípios objetos de estudo, entende-se que o cumprimento da LRF é parcial,
hipótese inicialmente apontada.
Este trabalho permitirá que os cidadãos tenham conhecimento e maior clareza da
gestão dos recursos financeiros dos referidos municípios e se a LRF foi cumprida
adequadamente, podendo, assim, acompanhar, cobrar a aplicação correta do dinheiro público
e avaliar os administradores.

METODOLOGIA
Quanto aos objetivos esta pesquisa se classificou como exploratória. Foi analisado se
os municípios cumprem ou não os dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal. Gil (2008)
escreve que pesquisas exploratórias tem o propósito de desenvolver uma visão completa, mais
próxima de determinado assunto. A utilização desta categoria de pesquisa é utilizada
principalmente, quando um assunto escolhido para ser pesquisado é pouco estudado,
dificultando a delimitação das hipóteses.
Quanto à abordagem se classificou como qualitativa e uma análise documental, pois
foram analisados documentos extraídos do site oficial do Tribunal de Contas do Estado de
Minas Gerais (TCEMG), sobre o orçamento de cada município, relatórios de execução
orçamentária, relatório de cumprimento de metas, documentos enviados ao TCE de
cumprimento da LRF pelos municípios e que foram disponíveis aos cidadãos.
A utilização do método qualitativo advém da coleta de dados, que abrem caminhos
para encontrar prováveis verdades, que permite indicar o motivo e a finalidade das análises
dos dados. (PRODANOV; FREITAS, 2013).
Quanto aos procedimentos técnicos, se classificou como estudo de caso, bibliográfica
e documental. Para uma análise em maior profundidade foi realizado um estudo de casos
múltiplos, para verificar a relação e dificuldades no cumprimento da Lei da Responsabilidade
Fiscal entre os três municípios escolhidos. Bertucci (2015) acredita que o estudo de caso
permite uma visão ampla e impulsiona identificar a busca de novos fatos. Prodanov e Freitas
(2013) descreve o estudo de caso como método de criar bancos de dados e analisá-los sobre
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determinado tipo de pessoa, entidade, com o objetivo de estudar os aspectos variantes em


consonância com o assunto a ser investigado e estudado.
A pesquisa bibliográfica, segundo Lakatos e Marconi (2001), tem como objetivo
possibilitar ao pesquisador, uma relação direta dos dados que já foram publicados sobre certo
assunto, em revistas, livros, publicações avulsas e imprensa escrita.
Para melhor compreensão, comparação e conclusões, os dados levantados foram
categorizados e transformados em uma análise das contas e parecer do Tribunal de Contas do
Estado de Minas Gerais – TCEMG.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para verificar se os municípios cumprem a LRF foram analisados os relatórios e
pareceres, publicados no portal do Tribunal de Contas, intitulado Fiscalizando com o TCE na
área da análise de dados. Constam nos anexos as falhas encontradas pelo órgão técnico e
quais justificativas os municípios apresentaram. Na sequência são apresentados os pareceres
dos municípios analisados, entre os períodos de 2013 a 2016.
Em 2013, Cláudio teve dados revisados pelo Tribunal de contas, houve uma abertura
de crédito sem princípio legal e créditos abertos com recursos de valores extrapolados de
arrecadação, mas depois do envio de justificativas e documentos, o Tribunal aprovou as
contas. Em 2014 verificou que não foi suficiente o envio da prestação de contas do município
de Cláudio referente ao exercício, pois os dados se mostraram sem veracidade, mas após
novos documentos enviados ao TCE, as contas do município foram aprovadas. Na prestação
de contas do ano de 2015, a Unidade Técnica novamente não aprovou a abertura de créditos
suplementares/especiais sem recursos disponíveis, novamente o gestor municipal apresentou
documentos e provas concretas e todas as irregularidades foram sanadas. No exercício de
2016 foi verificado pelo TCE a abertura de créditos suplementares e também uma abertura de
crédito suplementares especiais sem recursos disponíveis. Foi feito um reexame, verificando a
defesa feita, aprovaram a abertura destes créditos e emitiram parecer prévio aprovando as
contas de 2016, no mais, o processo ainda consta em “aguardando prazo - parecer prévio”.
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Os relatórios de execução orçamentária, financeira, contábil e patrimonial,


correspondentes ao exercício de 2013 do município de Itaguara foram aprovados e nenhuma
irregularidade foi apontada. Mas é importante ressaltar que os poderes executivo e legislativo
alcançaram o limite máximo, de 54% e 6% respectivamente, dos gastos com salário. O TCE
nos relatórios do exercício de 2014 sugeriu recomendações ao prefeito. Neste exercício
também tiveram algumas irregularidades. A Unidade Técnica apontou, no primeiro exame,
créditos considerados suplementares/ especiais, que não estavam previstos na lei
orçamentária, mas depois do reexame as contas forma aprovadas. Na análise de 2015 em um
primeiro exame do “Comparativo da Despesa Fixada com a Executada” constatou a existência
de créditos abertos sem recursos. Os relatórios referentes à prestação de contas do exercício
de 2016, ainda estão em análise. Sem o parecer prévio do TCE e as justificativas dadas pelo
município, torna-se inviável o estudo deste exercício.
A equipe técnica do Tribunal fez a análise das contas e não foi encontrada nenhuma
irregularidade nos registros que se referiam ao exercício de 2013 do Município de Itapecerica.
Na prestação de contas de 2014 após detalhamento de cada informação, verificação na
regulamentação na abertura de créditos orçamentários e adicionais, aplicação de recursos na
educação, saúde, gastos pessoais e repasse de recursos para a Câmara Municipal, baseados
nos limites da Constituição Federal, as contas foram aprovadas, sem a necessidade de reenvio
de relatórios e defesa do executivo. As informações necessárias forma enviadas para o TCE,
através do SICOM, mas ainda não foi dado nenhum parecer sobre a decisão referente ao
exercício de 2015. No reexame da prestação de contas do município de Itapecerica do
exercício de 2016, os técnicos averiguaram que houve irregularidades na abertura de créditos
suplementares. Por falta de documentos e provas das receitas e despesas lançadas, o Tribunal
opina pela emissão de parecer com rejeição das contas. Porém, no acompanhamento do
processo a situação se encontra “aguardando parecer/despacho”, por este motivo, não se pode
afirmar que o processo foi concluído ou alegar que oficialmente, as contas não foram
aprovadas. A situação é similar ao período de 2015.

CONCLUSÃO
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O objetivo geral desta pesquisa era verificar e analisar o cumprimento da LRF pelos
municípios de Cláudio, Itaguara e Itapecerica cumprem a Lei de Responsabilidade Fiscal e
por objetivo a verificação de relatórios e entendimento de leis. Chegou-se à conclusão de que
o cumprimento é parcial. Este resultado se deu após a verificação de relatórios e análise das
leis. Acontece que no geral pôde ser percebido que apesar deles apresentarem as contas ao
TCEMG, não fazem de maneira correta, ou não apresentam dados coerentes e corretos para
uma análise mais eficaz do Tribunal de Contas, com isso, as contas são devolvidas algumas
vezes para serem refeitas, reanalisadas e talvez assim aceitas para poderem ser publicadas no
Diário Oficial.
Os municípios apresentaram algumas dificuldades como, a utilização do novo sistema,
o SICOM que é exigido pelo TCE para ser completado com os dados necessários a uma
análise eficiente e também acontece algumas vezes, deles fazerem abertura de crédito pelo
menos uma vez durante esse período de 2013 a 2016, ultrapassando o valor limite liberado e
sem apresentar um parecer claro e explicativo do motivo de tal crédito.
A desvantagem da lei para a população é que há pouco conhecimento e acesso claro
sobre a prestação de contas dos entes federativos. Pode-se constatar também, que o site e os
dados apresentados não são fáceis de mexer e a linguagem muito complexa para a
compreensão popular. O conhecimento e divulgação dessas contas e seus pareceres só é feito
via internet, onde impossibilita o conhecimento ás pessoas que não tem esse acesso. Poderia
ser feito periodicamente, ou seja, anualmente, pois é quando acontece a publicação dos
relatórios, uma divulgação via rádio, TV e até mesmo canais de comunicação mais simples,
sendo em escolas ou murais de prefeituras a divulgação dos pareceres dessas contas para que
todos tenham conhecimento de como está indo à Administração dos recursos financeiros
públicos.

REFERÊNCIAS
BERTUCCI, Janete Lara de Oliveira. Metodologia básica para elaboração de trabalhos de
conclusão de cursos (TCC): ênfase na elaboração de TCC de pós-graduação Lato Sensu. 1ª
ed. – 7ª reimp. – São Paulo: Atlas, 2015.
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BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de Maio de 2000. Estabelece normas de finanças


públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.
Brasília: DF. 2000a. Publicado em: 04 de Maio de 2000. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>. Acesso em: 03 abr. 2019.

BRASIL. Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais – TCEMG. Fiscalizando com o


TCE. Minas Transparente. Tudo que o cidadão precisa saber para ajudar na fiscalização e no
combate à corrupção. Disponível em: <https://fiscalizandocomtce.tce.mg.gov.br/#/inicio>.
Acesso em: 04 set. 2019.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.
Disponível em: <https://ayanrafael.files.wordpress.com/2011/08/gil-a-c-mc3a9todos-e-
tc3a9cnicas-de-pesquisa-social.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2019.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do Trabalho


Científico. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2001.

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho


científico [recurso eletrônico]: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. – 2.
ed. – Novo Hamburgo: Feevale, 2013. Disponível em:
<http://www.feevale.br/Comum/midias/8807f05a-14d0-4d5b-b1ad-1538f3aef538/E-book
%20Metodologia%20do%20Trabalho%20Cientifico.pdf> Acesso em: 20 abr. 2019.

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