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Lista Carpeuax

Homero

Questão homérica; a época mais provável das origens homéricas situa-se entre o séc IX e o
século VII a.C

1. Ilíada
2. Odisseia

Homero, na Grécia, era tido como a tradição católica, suas epopeias eram decoradas não como
fator literário, mas como um catecismo. Homero era a Bíblia grega. O realismo objetivo de
Homero caracteriza-se por ser um estilo: rápido, direto, simples e nobre. O nobre é que
distingue Homero dos outros, ele fala de tudo o que é humano. Consegue dar vida verdadeira
em fórmulas fixas, clichês. Ele era o equilíbrio entre realismo e idealidade.

Hesíodo
Séc VII a.C

1. Teogonia
2. Os Trabalhos e os Dias

É uma poesia cinzenta, prosaica. Hesíodo não é um produto da decadência, é o Homero dos
proletários, é o reverso da medalha.

Píndaro
518-446 a.C

1. 14 epinikios, 12 epinikios píticos, 11 epikios nemeus e 8 epinikios ístimicos.


2. 12 “paeans”, algumas parthenias e um ditirambo

A poesia de Píndaro é aristocrática, solene, nobre. Exerceu bastante influência nos séculos
aristocráticos.
Ésquilo
Do latim Aeschylus, 525-456 a.C.

1. Prometeu Agrilhoado
2. Os Persas
3. Os sete contra Tebas (talvez a peça mais trágica do teatro grego)
4. Oréstia (Agamemnon, Choephoras e Eumênidas.

Criou o verdadeiro teatro grego, e já representa o seu apogeu. Seu teatro trata de destinos
coletivos, não de indivíduos. Não falam indivíduos pela boca dos seus personagens, e sim céus
e infernos, raças e eras. É uma linguagem inconfundível; Ésquilo fala por todos (humanidade);
mas é indivíduo. As relações familiares constituem a lei bárbara do passado, substituída pela
ordem social duma nova religião, a religião da Cidade. Família se opõe ao Estado (ele é contra).

Eurípedes
480-406 a.C.

1. Hiketidas, Alcestis, Andromaque, Medea, Hippolytus, Troades, Phoenissae


2. Electra, Helena, Hécuba, Íon, Orestes, Heraclides, Ifigênia em Aulis, Ifigênia em Tauris,
Becchae, e a peça de sátiros O ciclope.

Seu foco era a oposição do indivíduo ante as ordens estabelecidas. Aristófanes considerava-o
como espírito subversivo, e o corruptor do teatro grego. Aristóteles, como “o poeta mais
trágico de todos”. No seu teatro o Estado é uma força exterior, o drama se passa nas
complicações dentro da vida familiar. Família se opõe ao indivíduo (ele é contra). Ele é fatalista
– o destino é inelutável. A dor para ele não significa a condição humana, e sim, sofrimento
imerecido.

Aristófanes
446-385 a.C.

1. Acharnoi, Os cavaleiros, As nuvens, As vespas, A paz , Os pássaros


2. Lysistrata, As Thesmophoriazusas, As rãs, As Ekklesiazusas, Plutos.

Era detentor de alta comédia política. A política é o tema de Aristófanes, mas não a essência
da sua arte. Ele busca conservar a Religião e o Estado. Ele possui a sátira mais pessoas e direta
que existe, cita nomes, escândalos, etc. Mas ele não é profundo, e, seu conservantismo é
apenas sentimental. Poeta obsceno, chama todas as coisas pelos nomes certos.
Plauto
Titus Maccius Plautus, 254-184 a.C.

1. Amphitruo, Asinaria, Aulularia, Bacchides, Captivi, Casina, Cistellaria, Curculio,


2. Epidicus, Manaechmi, Mercator, Miles gloiosus, Mostellaria, Persa, Pseudolus, Rudens
Stichus, Trinummus , Truculentus, Vidularia.

Plauto sabia pegar o pequeno mundo grego e romanizá-lo e latinizá-lo até à perfeição. Plauto é
um dos autores mais influentes da literatura universal. O seu teatro é popular; quer fazer rir as
massas e consegue. Um gênio do palco, fala a língua do povo, mas, dispõe-se de riqueza de
metros complicados. Plauto possui um gênio poético, lírico. (Comediógrafo)

Terêncio
Publius Terentius Afer, 189-159 a.C.

1. Andria, Hecyra, Heautontimoroumenos, Eunuchus, Phormio e Adelphoi.

É mais decente que Plauto, fala como o “epistolário universal dos enamorados” e o seu latim é
muito bom. Foi usado como autor preferido nas escolas, de Carlos Magno até os colégios
jesuíticos. Deveria voltar a ser lido nas escolas.

Plutarco
Plutarchos, 46-120 d. C.

1. Muitos, dentre os principais: Coriolanos, Mário, Silas, Catões, Brutos e Marco Antônio.

Ele cria a biografia; é um grande artista da narração; sabe caracterizar à maravilha, de modo
que, de todas as figuras da Antiguidade, só as que ele biografou se transformaram em
personagens tão reais como Don Quixote, Hamlet ou Napoleão. Suas biografias lidas em
seguida não monótonas, o herói parece sempre o mesmo.
Salústio
Caius Sallustius Crispus, 86-34 a.C.

1. De coniuratione Catilinae
2. De bello Iugurthino

Estilo rápido, nervoso, sentencioso, carregado de esprit e eletricidade. Já vimos várias vezes
surgir e perecer os seus personagens, desaparecer e voltar as situações. Não se pode abrir uma
página de Salústio sem encontrar “atualidades” surpreendentes. Salústio é o maior observador
da literatura romana.

Cícero
Marcus Tullius Cicer, 106-43 a.C.

1. Políticos: Pro Roscio Amerino, VII In Verrem, Pro lege Manilia, De Imperio Cnei Pompei,
De lege agraria, IV In Catilinam, Pro Murena, Pro Sestio, Pro Rabirio Postumo, Pro
Milone, Pro Marcello, Pro Ligario, Pro Dejataro rege, XIV Philippicae.
2. Forenses: Pro Sextio Roscio Amerino, Pro Caecina, Pro Cornelio Sulla, Pro Archia poeta,
Por Caelio.
3. Obras teóricas: De oratore libri III, Brutus sive de claris oratoribus, Orator ad Brutum.
4. Obras Filosóficas: Somnium Scipionis, De legibus, De finibus bonorum et malorum,
Academica, Tusculanae disputationes, De natura deorum, Cato maior seu de
senectute, De divinatione, Laelius seu de amicitia, De officiis.
5. Cartas: Ad familiares libri XVI, Ad Atticum libri XVI, As Quintunum fratrem libri III.

Foi um jornalista algo superficial, em todos os setores da sua atividade. Exerceu, porém, uma
influência universal, baseando todos os homens cultos, os letrados da Europa inteira, falaram e
escreveram a língua de Cícero. As teses dele que parecem lugares-comuns, só são observadas
assim se o leitor não reconhecer a natureza imoral da política romana – sem espírito. Não é
mero declamador. Sabe observar e é bom psicólogo como todos os conservadores. Cícero foi
sempre alvo de discussões e objeto das apreciações mais divergentes. É o destino do
ideólogo incoerente, mas também o destino do homme de lettres fora dos partidos, do
intelectual independente.

Virgílio
Publius Vergilius Maro, 10-19 a.C.

1. Bucolia, Georgica, Aeneis (Moretum e Culex a autenticidade é duvidosa)

Não atingiu o realismo homérico, só o idealizou. Um artista incomparável do verso, da música


das palavras. Vive uma época de decadência e tenta, disso, reproduzir não uma realidade, e
sim inventar um mundo ideal; apresenta-nos santos e heróis artificiais. Virgílio é “pai do
Ocidente”, profético pagão para a Idade Média, ideal de labor para os monges de S. Bento. Nos
ensinou a transformar angústia em arte.
Sêneca
Lucius Annaeus Seneca, 4 a.C. -65 d.C.

1. Escritos filosóficos: Dialogorum, Quaestiones naturales; Epistulae Morales ad Licilum


2. Tragédias: Hercules furens; Troades; Phoenissae; Medea; Hipolytus; Oedipus;
Agamemnon; Thyestes; Hercules Oetaeus.

O cristianismo, em sua ética, foi influenciado pelo estoicismo de Sêneca, transforamando


porém o suicídio em martírio. O que tinham em comum (cristão da Igreja primitiva) e ele era a
angústia. O eco de suas tragédias encontra-se em Shakespeare, Webster e Tourneur; além de
que suas tragédias são sempre o que acontece em épocas de transições violentas. Sua retórica
dramatiza uma personalidade moralista que se aproxima da caridade cristã, mas que, como
individualista, é incapaz de submeter-se à disciplina do dogma.

Juvenal
Decimus Junius Juvenalis, c. 60-c. 140.

1. Sátiras (são 16): Hipócritas devassos (sát. II), loquazes importunos na rua (III),
efeminação dos ricos (IV). Lascívia das mulheres (VI), literatos ridículos (VII), caçadores
de heranças (IX), métodos errados de educas os filhos (XIV), orgulho dos militares (XV).

Como um Amós ou um Jeremias, sentou-se no alto da colina e viu a massa brutalizada,


enfurecida pelas paixões mais baixas, dançando e gritando sem perceber a tempestade que se
aproximava. Não era contra apenas os déspotas, mas contra a sociedade inteira. Era a voz da
consciência romana.

Boécio
Manlius Severinus Boethius, c. 480-524.

1. Consolatio Philosophiae; De institutione arithmetica; De institutione musicae; De


Trinitate

A Idade Média escolhe seus tratados sobre geometria e música como base do ensino superior.
O problema “Universalia” dos escolásticos é encontra em suas obras. Boécio é romano por
atitude, não cristão, embora já medieval; aliás, não é nada disso, é um individualista. Já Donato
diz que é um cristão convicto.
ANALISAR PÁG 183-184, PARA ACRESCENTAR
OU NÃO, MAIS AUTORES DENTRE OS
ROMANOS.

Ambrósio
Aurelius Ambosius, 340-397.

1. De officiis ministrorum e muitos outros tratados; 91 cartas, sermões, etc.

Romano autêntico, o bispo de Milão, possível criador do hino litúrgico, apresenta um sistema
bem organizado, quase em parágrafos, da conduta moral do clero. Era mais um homem de
ação que escritor.

Jerônimo
Hieronymus, 331-420.

1. De viris illustribus: cartas, comentários bíblicos, etc.; a Bíblia latina (Vulgata).

Homem de intensa atividades, odiava a literatura pagã na qual fora educado, e sua maior obra
foi um trabalho estilístico, a Vulgata. Com essa obra, criou uma língua e literatura nova. A
vulgata é a Eneida do cristianismo. Foi o primeiro grande humanista europeu.

Agostinho
Aurelius Augustinus, 354-430.

1. Contra academicos; Soliloquia; De immortalitate animae; De musica; De libero arbítrio;


De Genesi; Confessiones; De civitate Dei; De gratia et livero arbítrio; De corruptione et
gratia; Retractiones; etc.
2. Ver a a bibliografia secundária deixada por Carpeaux.

É uma das maiores personalidades da literatura universal. Foi introspectivo, buscava a Verdade
dentro da própria alma, todavia, no mundo exterior Agostinho restabelece a ordem. Para
justificar perante Deus e os homens a sua natureza ambígua, o teólogo Agostinho tem de
responsabilizar uma força exterior e mais forte que suas próprias forças: a Graça. Agostinho é
contra o Império, mas não pode viver fora dele. Ele é um santo, pois um santo não é um anjo,
e sim um homem. Agostinho foi o primeiro, em todos o s tempos, a expor sua humanidade
fraca, falível e até antipática, pelo lirismo exuberante e efusivo daquele grande livro
(Confissões).

Hinário da Igreja latina


Primeira obra da literatura moderna

Não está esclarecido se a verdadeira origem da nova métrica se encontra da evolução da


língua latina ou na liturgia. A nova estrutura do latim falado é sintoma de uma nova alma que o
fala.

Prudêncio
Aurelius Prudentius Clemens, 348-400.

1. Psychomachia (luta das virtudes contra as paixões)


2. Cathemerinon (12 odes destinadas a certas horas do dia e certas festas)

O maior poeta da antiga Igreja Romana, mais sério que Horácio, mais humano que Píndaro. Ele
é um dos raros poetas líricos que conseguiu criar um mundo completo de poesia.

Papa Gregório I (Gregório Magno)


Gregorius Magnus, 535-604.

1. Liber regulae pastoralis; Liber dialogorum seu de vita et miraculis patrum italicorum;
Registra.

Chamado de “o último romano”, foi o fundador da Igreja Medieval. Era cheio de angústias
apocalípticas, não fez nada para salvar os tesouros da civilização clássica, ao contrário, fez de
tudo para colocar leituras edificantes, tais como sua obra Liver dialogorum (vida de santos,
milagres incríveis, almas de outro mundo, etc.). Sua atividade realista e o espírito lírico
conjugados deram origem à liturgia que leva seu nome: liturgia gregoriana.

Tomás de Aquino
Tomás de Aquino, 1110-1180.

1. Pangue, lingua, gloriosi


o
O maior teólogo dogmático da Igreja também é o seu maior poeta litúrgico. Nos seus hinos se
encontram maior precisão e maior musicalidade. Seria possível tratá-los como um tratado
teológico, e, mesmo assim, ficam indelevelmente na memória, o que é um dos critérios mais
seguros da grande poesia.

(Ler Gothic Architecture and Scholasticism, E. Panofsky) pág 181 – O Universalismo Cristão

Adendo à literatura francesa na Idade Média


Na Idade Média, a literatura francesa dominou a Europa inteira, fornecendo às outras
literaturas os assuntos, os gêneros, os metros, a mentalidade. O fenômeno não pode ser
explicado sem consideração do fato de que a França dos séculos XII e XIII também era o centro
de uma outra literatura, em língua latina; a literatura francesa da época não passa, com poucas
exceções individuais, de um órgão intermediário, em língua “vulgar”, entre a literatura latina e
as novas literaturas nacionais. A literatura latina medieval é a expressão do internacionalismo
medieval. [...] A literatura latina medieval é a base da literatura medieval inteira.

Pedro Aberlado
Pierre Abailard, 1079 - 1142.

1. Dialectita; Introductio and Theologiam; Sic et Non; Scito te ipsum; Historia


calamitatum mearum; Hymnorum I. III.

Lutou contra os anátemas de São Bernard de Clairvaux; a sua Historia calamitatum mearum é a
autobiografia de um homem moderno, pode ter sido o primeiro racionalista e artista
tipicamente francês. Era um cavaleiro perdido entre clérigos, mas, em realidade, não perdido,
porque de uma inteligência superior.

Poesia do goliados e outros vagabundos latinos


Gregorius Magnus, 535-604.

1. Carmina Burana
2. Cleric vagantes

Entre as universidades medievais, os estudantes viviam em viagem contínuas entre Bologna,


Paris e Oxford. Muitos – junto de clérigos fugidos – perderam-se em uma vida devassa das
estradas reais, outros na anarquia moral das grandes cidades, como Paris. Nisso nasceu uma
poesia antiascética. O maior corpus dessa poesia está no manuscrito “Carmina burana”.

O autor coletivo da poesia dos “cleric vagantes” é um grande poeta, talvez um dos maiores da
literatura universal.
Wolfram von Eschenbach
Wolfram von Eschenbach, 1170-1220.

1. Parzival

Nenhuma outra obra literária sugere mais do que essa a comparação entre o estilo gótico e o
estilo barroco. O Parzival é o romance da evolução religiosa de uma alma; antecede aqueles
numerosos romances alemães modernos que, desde Wilhelm Meister, de Goethe, irão
descrever o caminho de um homem pela vida em busca de si mesmo.

Infante Don Juan Manuel


Don Juan Manuel, 1282-1349.

1. Libro de exemplos del Conde Lucanor et de Patronio: Libro de los Estados.

São de origem oriental muito de seus contos, mas o infante é cristão, e cristão medieval. A sua
moral é a de um aristocrata espanhol do século XIII, e o seu estilo seco e direto lembra o estilo
dos pequenos contos de Heródoto. Pode não ser poeta, mas é um dos primeiro grandes
escritores de língua castelhana.

Physiologus
Página 226.

Livro obscuro da decadência da Antiguidade, no qual as qualidades de animais reais ou


fabulosos são interpretadas como símbolos de atitudes éticas e verdades filosóficas. Fazia
parte da ciência zoológica de Alberto Magno. Enfim, o Physiologus virou espelho zoológico do
mundo medieval inteiro, com todas as suas hierarquias religiosas e sociais.

São Francisco de Assis


Francesco d`Assisi, 1181-1226.

1. Cantico del Frate Sole.


2. Inspirou: Fioretti di san Francesco.

Seu poema é uma das efusões mais profundas da alma humana. É uma paráfrase – sequência
em prosa ritmada – do salmo 148. É um poema universal, a epopeia do cosmo cristão,
condensada numa poesia lírica. Oração ou poema? Coro celeste. Assis também inspirou a
poesia franciscana, verdadeira renovação da poesia litúrgica.
Thomas de Celano
Thomas de Celano, 1200-1260 ou 1270.

1. Vita prima do santo, e dos hinos: Dies irae, Fregit victor e Sanctitas nova.

Dies irae entrou na liturgia do serviço de defuntos e alcançou popularidade imensa, coisa rara,
quando se trata, como no caso, de um dos maiores poemas da literatura universal. Benedetto
Croce negava ao Dies irae a qualidade de poema, talvez por ele (poema) ser a expressão
poética do verdadeiro “numen”.

Jacopone da Todi
Jacopene da Todi, 1230-1306.

1. Laude.

As Laude constituem a obra principal da poesia franciscana. Não são gritos inarticulados de um
homem do povo, mas poesia elaborada de um burguês que adquiriu, para a salvação da sua
alma, cultura teológica. É hoje reconhecido como um dos grandes poetas de língua italiana., de
estranha modernidade.

Franciscanismo e o fim do universalismo medieval.

No franciscanismo, a alma cristã se abre a Deus e ao povo, e também ao mundo. A missão


franciscana se espalhou pela Stracã, Mongólia, índia e China. O nascimento da pintura italiana
está intimamente ligado ao franciscanismo, tanto que, o retrato do santo no Sacro Speco é o
primeiro retrato da pintura moderna. Se o movimento franciscano é revolucionário, o é em
sentido medieval. Os santos e discípulos eram de ortodoxia impecável, não era, de maneira
alguma, precursores da Reforma. Uma ala franciscana se juntou aos joaquimitas, tentando
apressar o advento da Igreja espiritual; este movimento é de importância capital para a
derrota da “Idade Média”. Já o franciscanismo ortodoxo, é começo da Renascença. A ala
joaquimita – os spirituales – juntara-se às oposições das cidades, os teólogos abraçaram a
filosofia nominalista abandonando os fundamentos lógicos da escolástica ortodoxa, criaram
uma nova física, uma nova economia política e aliaram-se a imperadores e reis contra o
Papado. A teoria da soberania do Estado leigo, foi substituída pela soberania do povo. É o fim
do universalismo medieval. Dante já era passadista.
O “Trecento” – Doce stil novo – Literatura Italiana
Século XIV -13.

A Literatura italiana que levara uma existência tão precária ao das expressões em Latim
despontou-se, antecipou-se das outras literaturas europeias; criou novos gêneros:

1- A epopeia religiosa
2- A lírica pessoal
3- A pastoral
4- O Conto

E também novas formas de expressão inteiramente novas. Foi aí que apareceram os maiores
gêneros literários da Itália: Dante, Petrarca e Boccaccio. “Trecento” é quase sinônimo de
“poesia de amor”. Este amor é derivado de uma explicação psicológica e social (senhora e
vassalos). Entremeia-se no surgimento do “dolce stil” o fundamento filosófico, os scholars das
universidades, o espiritualismo filosófico franciscano. Sai daí a epopeia intelectual (Dante), a
lírica pessoal (Petrarca) e o conto realista (Boccaccio).

Guido Cavalcanti
Guido Cavalcanti, 1255-1300.

1. Edições das poesias por L. Di Benedetto, Torino, 1925.

É o grande poeta, pensador rigoroso, escolástico, atravessa um espiritualismo quase herético,


chegando à compreensão religiosa das suas angústias: o amor à morte. O tom da sua poesia é
quase celeste, fresco, popular. É o pai da literatura italiana.

Santa Catarina de Siena


Catarina da Siena, 1347-1380.

1. Saggio letterario su Santa Caterina da Siena.

Escreveu ao papa corrompido lançando-lhe as mesmas expressões , sem consideração e


respeito, de um Cecco Angiolieri, e invocando o Céu com a nergia poética de Dante. A santa foi
quem melhor escreveu em prosa no “dolce stil novo”.
Dante Alighieri
Dante Alighieri, 1265-1321.

1. Vita Nueova
2. Divina Commedia
3. De vulgari eloquentia; Il Convivio; De Monarchia.

Dante é a única exceção das epopéias, é possível lê-lo como uma obra de literatura viva,
porque, sua principal obra, é uma obra viva. Capaz de despertar paixão e entusiasmo, a Divina
Comédia é a única [epopeia] que não tem nada que ver com os modelos antigos; não tem
ação, não tem enredo, o único elemento unificador dos versos é a pessoa do próprio poeta,
constantemente presente. É uma obra de expressão pessoal, obra lírica: o lirismo é o centro
vital da obra de arte. A comédia, segundo Dante, seria um poema que começa por coisas
penosas para terminar em felicidade, assim como a história sacra da Humanidade, do pecado
original à redenção. Dante, portanto, erigiu um Cosmos, no qual o “Inferno” é a parte mais
humana dele. O “Purgatório” é a ponte entre a imperfeição humana e a perfeição divina, já o
“Paraíso”, é a alegoria que tornou visível o invisível e dizível o inefável, segundo Carpeaux, é o
mais alto cume que a expressão humana jamais atingiu: talvez seja o cume da literatura
universal.

Em Dante tudo está implacavelmente ligado, principalmente pela arquitetura do verso, a terza
rima, a Comédia é um todo, um mundo só. E neste mundo encontra-se o próprio Dante, que
faz sua confissão pessoal, identifica-se com toda a humanidade, coloca tudo na Comédia: seu
amor, sua religião, sua erudição, e sua paixão política. No fundo, a Comédia é um panfleto
político como nenhum outro foi escrito; nela está presente a inseparabilidade no pensamento
de Dante, do poder imperial e do poder papal, o que no Céu é religião, na Terra é política, esta
é a visão de Dante sobre a política. Por isso, antes de tudo, Dante é realista; todas as acusações
contra o vício do tempo é a base moral da Comédia, o “Inferno”, é a paisagem real dos
pecados humanos, e o “Céu” é um edifício construído segundo as normas sólidas da lógica
escolástica, com elementos de uma doutrina religiosa coerente e de uma doutrina política bem
elaborada, que, do ponto de vista literário, é uma grande fuga, fuga na qual, derrotado na
política do século XIV, realizou sua visão ético-política, construindo outro mundo no qual os
valores, perturbados neste mundo, estão restabelecidos. Dante criou, do dialeto florentino,
uma nova língua, a língua italiana, e uma nova literatura, a primeira literatura moderna do
Ocidente; do seu alto espírito religioso e político criou a maior e mais coerente estrutura
poética de todos os tempos, e transfigurou tudo, inclusive o mais profano, em poesia.

Francesco Petrarca
Francesco Petrarca, 1304-1374.

1. Africa; De contempto mundi; Carmen bucolicum; De vita solitária; Canzoniere;


Familiares e Variae; Trionfi.

Petrarca encontra na Antiguidade o ideal do intelectual culto, com as qualidades do espírito


bem formado, este também ser ao o ideal de Gothe. Também possui o lirismo pessoal, ele pe
um humanista, no sentido de cultor dos clássicos. Luta na sua alma o católico ortodoxo e o
precursor da Reforma, o intelectual moderno e o asceta medieval, ele é o primeiro poeta
inteiramente pessoal das literaturas modernas, o primeiro em que só existem motivos
psicológicos; sua poesia virou lugar-comum. Ele é melancólico, pessimista e egoísta, precursor
de Byron e Lamartine, é também o primeiro poeta lírico moderno. Lê-lo sem comentários
históricos e gramatical. Petrarca é o primeiro intelectual moderno.

Boccaccio
Giovanni Boccaccio, 1313-1375.

1. Filostrato; Teseide; Ninfale Fiesolano; Amorosa Visione; Fiammetta; DECAMERONE;


2. Labitinto d`amore (Corbaccio); De montibus, sylvis, fontibus; etc

É burguês, já se julga humanista, é o primeiro poema pastoril da literatura moderna (Ninfale


Fiesolano). Fiammetta, o primeiro romance psicológico. DECAMERONE, encontram-se os
contos, onde está todas as tendências boaccaccianas: amor cortês, o espirito antiascético,
espirito de farsa florentino. A paixão sexual invade todos os poros de sua obra. É realista, o
primeiro grande realista da literatura universal.

Geoffrey Chaucer
Greoffrey Chaucer, 1340-1400.

1. Romaunt of the rose; The House of Fame; Troilus and Criseyde; The Parliament of
Fowls; Canterbury Tales.

Se não fosse Dante, seria o maior poeta no intervalo entra a Antiguidade e os tempos
modernos. É o Dante inglês, o pai da literatura inglesa. Chaucer foi o primeiro grande retratista
da literatura universal e criador de uma “comédie humaine” perfeita: segundo o dizer de
Blake, Chaucer deu nome às pessoas como Lineu às plantas, ou como Adão aos bichos.

Ausias March
Ausias March, 1379-1459.

1. Obras (Obras de amors, de mort, morals) (primeira edição, Barcelona 1543).

É um dos mais profundos poetas literatura universal. É poeta erótico, mas um intelectual de
vasta erudição aristotélica

Celestina (Comedia de Calisto e Melibea


Fernando Rojas, 1465-1525.

Depois de D.Quixote, é o maior monumento da literatura espanhola. Há muitas opiniões


neoplatônicas sobre o amor, muitas reminiscências clássicas e referencias à comedia de
Plauto. Encontra-se na obra o conflito do Amor e Morte. É uma das expressões máximas do
espirito humano.
François Villon
Clérigo da Universida de Paris, 1431-1464.

1. Le Petit Testament; Le Grand Testament.

Degradado até à devassidão, com a língua cheia de resíduos dos estudos de escolásticas. Seus
assuntos – lugares comuns da poesia medieval – são expressos em maneira pessoal. É um do
maiores poetas da língua francesa, alguns acham que é o maior. Os seus escritos gravam na
memória.

Pico da Mirandola
Giovanni Pico da Mirandola, 1463-1494. Místico do Quattrocento.

1. De homis dignitate; Contro l”astrologia, etc.

É o maior místico da Renascença, têm ligações com a magia; procurou na Cabala judaica
processos de magia e vestígios da perdida religião universal que pudesse unificar todas as
religiões positivas. É um místico angustiado. Nele encontra-se algo no fundo místico do
famoso individualismo da Renascença.

Gerolamo Savonarola
Gerolamo Savonarola, 1452-1498.

1. Prediche; ler seus sermões, não poesias e hinos.

Era um monge, no Quattrocento. Não era inimigo da alta cultura, e, é representante máximo,
não da hostilidade contra a Renascença, mas da outra Renascença, cristã e popular, que com
os monges de São Francisco começara e com esse monge de São Domingos acabou. Ele é
medieval, reacionário, sim, se a reação popular contra a burguesia aristocratizada pode ser
considerada reacionária. (O caso Savonarola acabou com a rivalidade entra a Igreja e os
humanistas que, igualmente ameaçados, concluirão uma aliança; e essa aliança é o que
constitui o espírito do “Cinquecento”.

Leone Ebreo
Leone Ebreo, foi judeu espanhol, neoplatônico, 1475-1508.

1. Diologhi d` amore (escritos entre 1502-5, publicados em 1535)

Homem culto, influído de neoplatonismo e da mística dos vitorinos e de Bonaventura. É um


pensador original Sua ideia do amor como princípio universal preparou o caminho ao monismo
de Giordano Bruno e Spinoza. Sua meia identificação do amor platônico com o amor sensual
excitou a época: Influenciou Camões, Montaigne e Cervantes; estes dois últimos incluíram os
dialoghi entre os seus livros preferidos. Leone tinha uma inesperada força poética.
Nicolau Maquiavel
Niccolò Machiavelli, Itália, 1469-1527.

1. Il Principe.

Foi contra a revolução religiosa de Savonarola, e, estava sempre no campo errado, sendo
exilado. Maquiavel é observador, chegou à conclusão pessimista de que, em Florença, a força
estava sem virtu, e a virtu, sem força. Ele é um burguês racionalista, desconhece a Providência
divina, e acredita na constância do caráter humano – as qualidades más sempre se repetem,
derivando daí um anacronismo com a história romana. Seu estilo é mais latino que italiano.

Garcilaso de la Vega
Garcilaso de la Veja, poeta espanhol, 1503-1536.

1. Obras poéticas (T. Navarro, Madrid,1924)

É, em certo sentido, o maior poeta da língua espanhola, sua poesia não pode ser separada de
sua vida. É um poeta filosófico sem ter escrito jamais um verso de conteúdo filosófico: é o
poeta do platonismo. Todavia, não deixa de ser realista espanhol. O amor é o único assunto da
sua poesia. Nenhum poeta dá como Garcilaso a impressão de imortalidade.

Michael Drayton
Michael Drayton, poeta inglês, 1563-1631.

1. Idea`s Mirror (5 principais sonetos)

Égrande poeta. Foi considerado por Dante Gabriel Rossetti como o melhor soneto, um de seus
sonetos, em língua inglesa: e Rossetti entendia de sonetos.

Luís de Camões
Luís de Camões, poeta português, 1524-1580.

1. Lusíadas; Rythmas. Comédias: El-rei Seleuco; Anfitriões e Filodemo

Concentra, em sua obra, um elemento grandioso de perfeita unidade de subjetivismo e


objetivismo; é poeta clássico, no sentido virgiliano e humanista, mas não só, é também
romântico, no sentido de cristão, nacional e “moderno”. Em seu estilo a poesia parece ter sido
sua língua materna, é um poeta nato! Em Os Lusíadas a imitação virgiliana e o tom histórico
são a base, dando espaço, em algumas passagens, para confissões autobiográficas. Camões
como poeta épico virgiliano, alcançou algo que nem Virgílio conseguiu: a unidade perfeita do
assunto real e do estilo sublime. Os Lusíadas são epopeia “nacional” e “regular” ao mesmo
tempo. Encontra em seus textos um realismo épico, aliado a uma máquina mitológica de
intervenções divinas. Além disso, é um dos maiores poetas elegíacos, e a influência de Petrarca
é poderosa. Ele é profundamente pessimista, pessimismo de um platônico cristão. Sua
grandeza sufocou os posteriores, é o Dante da literatura portuguesa.
Montaigne
Michel Eyquem, seigneur de Montaigne, francês, 1533-1592.

Essais (1580; 5 ed., 1588; edição póstuma, 1595).

Seu livro Essais é uma coleção de lugares-comuns que se encontram em toda parte da
literatura antiga, com a única diferença de que são lugares-comuns heréticos, opostos a tudo
em que a cristandade havia acreditado, e também, irritaria até os “bem-pensantes” de hoje.
Sua personalidade se exprime através de seu estilo proxilo, mas diz coisas extraordinárias; é
um pensador extraordinário. Para compreendê-lo é necessário perceber sua “humaine
condition”, a fuga para uma existência privada, a renúncia ao agir e exercer influência. É sábio
e ingênuo, é estoico e céptico.

Gil Vicente
Gil Vicente, português, 1465/70 - 1536.

1. Ver página 461.

Um grande poeta, um dos maiores da Renascença, era artista extraordinário e poeta de


categoria universal na apresentação de inúmeros tipos populares, falando todos eles com o
acento característico da sua profissão e da sua província. Gil é erasmiano: pedia a reforma
moral da Igreja; releva perfeita ortodoxia católica e até fé ingênua, defende, como Erasmo, a
doutrina católica do livre-arbítrio contra o determinismo dos protestantes.

Giordano Bruno, Bernard Palissy frente a Gil Vicente e outros,


representam as classes futuras. No centro temos a aristocracia, e
os grupos de “Intelligentzia”, os futuros jornalistas , cientistas e
heréticos. Pág 470. Século XVI.

Ulrich von Hutten


Ulrich von Hutten, 1488-1523.

1. Epistolae obscurorum virorum; Ad Principes Germinae; Gespraechbuechlein.

Importante colaborador da Reforma luterana, por meio da Epistola – uma das armas
jornalísticas mais eficientes. Por meio dele a Reforma tornou-se Reforma alemã por meio de
uma consciência nacional da nação alemã. Com isso a Alemanha não só se afastou da Igreja
romana, mas de toda a civilização ocidental.
Lutero
Martin Luther, 1483-1546.

1. Ver página 481, primeiro tomo.

Parece não haver sentido Lutero como aliado da Renascença pagã, nem um pai de uma
“renascença cristã”. Lutero foi um homem de sentimento religioso tremendo, um twice-born,
que tinha seus costumes bárbaros e dificuldade com os pecados da castidade e do irascível; foi
fruto de perturbações politicas e sociais da Alemanha, mas sua “energia” não pode ser
explicada como fruto de revolta contra indulgencias, corrupção, muito menos da nova
interpretação dada ao versículo I,17 da Epistola Pauli ad Romanos. Lutero culminou no
nominalismo por conta (Denifle) de sua luta contra pecados reiterados. Seus problemas são os
do augustianismo de um monge medieval.

Fr. Luis de León


Fray Luis de León, 1527-1591..

1. La perfecta casada; De los nombres de Cristo; Poesías, publicada por Quevedo, 1637.)

Talvez o maior poeta da língua espanhola, era nutrido de letras clássicas (Horácio, Virgilio). Fr.
Luis de Granada era realista aristotélico (pág 499), já León é platônico. Possui uma atitude
estoica por conta de um pessimismo idealista, e , até certo ponto, o realismo de um espanhol.
É poesia intelectual. Fala da “noche serena” e seu platonismo vem de Agostinho. Não é um
místico, é utopista.

RESUMÉ BARROCO
Fray Luis de León, 1527-1591..

1. La perfecta casada; De los nombres de Cristo; Poesías, publicada por Quevedo, 1637.)

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Caldéron
Giambattista Marino, 1569-1625..

1. La Lira;

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Mateo Alemán
Mateo Alemán, 1547-1614..

1. Guzmán de Aldarache

É o primeiro romance picaresco do Barroco e é o mais importante de todos; uma das maiores
obras da literatura espanhola e da literatura universal. Esta obra é um comentário da vida
humana, de valor permanente. Há uma implacável análise dos motivos psicológicos e
reminiscências de sintaxe latina.

Grimmelshausen
Johann Jacob Christofell von Grimmelshausen, 1622-1676.

1. O Simplicissimus Teutsch

Um dos maiores livros do século XVII, um livro terrivelmente ainda vivo. É literatura barroca
alemã italianizada e afrancesada; obra panorâmica de um país devastado durante 30 anos, é
um grande documento de tudo que aconteceu. O Simplicissimus é um menino que cresce, até
tornar-se homem, vivendo, observando e relatando tudo. O caminho da vida de Simplicissimus
é um caminho de educação e auto-educação, através das tentações e experiências de vida.
Grimmelshausen criou o “Bildungsroman”, o “romance de educação”. Prevalecem em seu
romance elementos de estoicismo barroco e reminiscências do cristianismo gótico. É o porta-
voz do povo

Marlowe
Chistopher Marlowe, 1564- 1593.

1. Página 724. Tomo II.

Marlowe foi um monstro, mas um monstro genial. Foi o criador do grande teatro inglês e, sua
obra, é tão monstruosa quanto o autor. A sua retórica pretende provocar, mas além disso, é
mais importante destacar que foi o criador do verso branco: capaz de exprimir todos os
sentimentos humanos e simbolizar, pela modulação do ritmo, as diferenças de caracteres e
paisagens e a durée do tempo. Marlowe é um homem barroco, fantasiado de boêmio da Renas
Shakespeare
William Shakespeare, 1564-1616.

1. Ver página 727, tomo II.

É o maior dramaturgo e o maior poeta da língua inglesa. Enquanto considerada a criação de


um mundo poético completo como critério supremo, Shakespeare é o maior poeta de todos os
tempos, junto de Dante – mais longe de nós. O primeiro grupo de suas peças compõe-se de
comédias em estilo renascentista; há também a série de “histories”. O conceito barroco do
mundo como teatro levou Shakespeare a uma concepção altamente original da História:
conceber a tragédia histórica como tragicomédia. As suas peças não são confissões
autobiográficas, e sim experiências sucessivas de mediação entre o gosto dos espectadores,
aristocratas ou populares, e as suas necessidades de expressão poética. O mundo poético de
Shakespeare não tem a Providência nem Deus; como poeta não tem filosofia nem religião,
apenas estilo dramático e poético. Shakespeare teve uma evolução estilística: começo
renascentista, transições meio barrocas, até o pleno Barroco senequistas; e por fim, a última
fase barroca: a transfiguração da realidade em “Gran teatro del mundo”. Shakespeare é o
maior artista do verso inglês, e a interpretação da sua obra tem de ser, em primeira linha,
interpretação poética, ao lado de análise dos valores humanos. Dramaturgo dos grandes
senhores infelizes.

+Mais alguns da época de Shakespeare? Falta talvez, lá


atrás, na lista, o Calderón.

Vondel
Joost van den Vondel, 1587-1679.

1. Ver página 762, tomo II.

Vondel é o maior poeta da língua holandesa e um dos maiores da literatura universal. Sua obra
constitui uma enciclopédia do séc. XVII. No seu teatro, apenas no drama o lirismo é emoção
livre, capaz de exteriorizar-se e exprimir uma civilização inteira. O seu ponto de partida é a
cultura burguesa, meio medieval, das cidades holandesas. Foi-lhe transmitido as teorias
aristotélicas que resultou em uma poesia contra-reformista. Do “grande Barroco” aproximou-
se Vondel através das reminiscências do cristianismo medieval. Ele não era pensador; foi um
grande artista do verso, da língua. A preocupação da época é a religião, e Vonde é, antes de
tudo, um grande poeta religioso.
Donne
John Donne, 1572-1631

1. Poems; Paradoxes and Problems; Essays in Divinity; Sermons.

Donne não é um poeta universal nem um grande homem, não é o maior poeta inglês, todavia,
é o mais original, e isso é grande coisa. Sua poesia pode ser dividida em três poesias. Donne
termina sua vida cheirando a santidade. Celebrou muito o corpo feminino, sua poesia erótica é
a mais original do mundo, mas o seu maior papel foi ter acabado com o petrarquismo da
Renascença. Substituiu por uma mistura de neoplatonismo exaltado e naturalismo sexual;
destruiu a tradição de Spenser e Shakespeare, e é a de Milton, Pope e Keats. É um poeta
inimitável.

Milton
John Milton, 1608-1674.

1. Obra principal: Paradise Lost. Ver todas obras: pág 800; tomo II.

Paradise Lost, depois de Shakespeare, é a maior obra da literatura inglesa do século XVII e
Milton é o maior poeta inglês depois de Shakespeare. O Paradise Lost é um monumento, trata
da criação do homem, a queda de Adão e Eva, a expulsão do Paraíso, e o panorama visionário
da história humana inteira. Esta obra distingue-se das outras epopeias pela força dramática da
caracterização das personagens; sobretudo o Satã de Milton é um dos maiores personagens
dramáticos da literatura universal. Milton é o Dante do protestantismo, todavia, era herege,
como mostra sua obra De Doctrina Christiana e, mais tarde, como fica exposto em sua epopeia
essas heresias: Milton não acreditava na criação ex nihilo, nem na divindade de Jesus Cristo; o
poeta de uma epopeia sobre o pecado original acreditava até na liberdade absoluta da
vontade humana, e tratou com simpatia a caracterização de Satanás. Milton recebeu sua
formação definitiva na Itália, a sua arte tem o aroma da perfeição latina; encontra ele a
harmonia perfeita ente sentido e música, impondo à poesia inglesa uma serenidade que
eclipsou a “metaphysical poetry”. Milton é muito erudito em todas as áreas, estava
familiarizado com a escolástica medieval e a filosofia renascentista, com as doutrinas místicas
e as teorias dos ocultistas e cabalistas, e estes estudos o levaram ao gnosticismo e heresias. Há
um conflito entre ascetismo puritano e paganismo renascentista em sua obr. Milton é, no
fundo, poeta dramático, afastado do teatro vivo pelas convicções puritanas e pelo ambiente
burguês; o puritanismo antiartístico é a própria fonte da grande arte de Milton – das suas
contradições e da sua grandeza. A poesia de Milton é síntese de classicismo aristocrático e
puritanismo burguês. Pelos recursos usais da expressão barroca o conflito não pôde ser
resolvido, porque não é um conflito estético nem um conflito religioso, e sim um conflito
moral. Dele nasceu um estilo sui generis, que é um Barroco todo especial, exclusivamente
miltoniano (Sua segunda epopeia, Paradise Regain`d). A predominância do som sobre o
sentido na poesia de Milton lembra a grande música barroca. A história da influência de Milton
na poesia inglesa é a história da poesia inglesa depois de Milton.
San Juan de la Cruz
Juan de Yepes y Álvarez, 1542-1591

1. Obras Espirituales (1618)

San Juan de la Cruz é um grande humanista; a expressão imediata das suas experiências
místicas foram algumas poesias, e todo o resto de sua literatura foram comentários teológicos
destes poemas. A poesia religiosa de San Juan é a poesia mais erótica do Barroco. Sua poesia é
“poésie purê”, porque incapaz de ser parafraseada em conceitos racionais; apresenta símbolos
de experiências inefáveis. San Juan é mais medieval do que seus contemporâneos
renascentistas. A sua doutrina é uma ponta entre a mística flamenga e a poesia barroca;
exprime mística medieval em versos barrocos.

Santa Teresa de Ávilla


Teresa de Cepeda y Ahumada)

1. Libro de su vida; Libro de las fundaciones; Camino de perfección; Las Moradas o el


Castillo interior; Cartas.

Santa Teresa é uma santa popular, incomparavelmente mais realista que o seu companheiro-
poeta. A mística de santa Teresa é mais ascética. A grande santa foi histérica; após a análise
discreta dos documentos pelo bolandista Hahn não restam dúvidas. Há em santa Teresa algo
de D. Quixote, da sua paixão pela boa causa, do seu romantismo. Na mocidade a futura santa
gostava de ler romances de cavalaria. Ela foi aquilo a que aspirava, uma “alma hermosa”. Ela
se apoiava, talvez sem saber, em doutrinas da mística platônica-augustiniana, assim ela
encarna o misticismo realista, típico da raça espanhola. Como representante dessa mística de
ação, é Teresa uma santa do Barroco; pertence, sem o saber, ao realismo aristotélico.

São Francisco de Sales


Saint François de Sales, 1567-1622.

1. Introducion à La vie dévote; Traité de I`amour de Dieu.

São Francisco de Sales reconquistou os territórios calvinista em torno de Genebra; tinha


formação italiana, isto é, humanista – fora aluno da Universidade de Pádua, gostava de leituras
clássicas. Dirigia-se literariamente, como a tendência geral da Contra-Reforma, de origem
jesuítica, às classes superiores da sociedade. Francisco de Sales não pensava, é claro, em
facilitar o cristianismo; pretendia apenas demonstrar que em nossa própria natureza agem
forças morais paralelas e que, portanto, o fim não é inacessível nem de dificuldade sobre-
humana. Para ele a religião não é uma intervenção severa do moralismo contra a natureza
humana, e sim o equilíbrio sereno das forças humanas. Seu estilo é terno, florido, até florido
demais para o nosso gosto, expressão de um cristianismo amoroso. Não chegou ele ao
classicismo, mas, quando muito, ao aristotelismo estilístico, que faz parte do Barroco. Ele e
seus amigos, junto dos jesuítas, iniciaram a Renascença religiosa, o “humanismo devoto”,
durante o ano de 1602 do rei Henrique IV.
Bossuet
Jacques-Bénigne Bossuet, 1627-1704.

1. Ver página 837; tomo II.

Bossuet é a maior figura da Igreja “docens” da França, não sabe inteiramente no gênero
“eloquência sacra”. Em 1772, o “abbé! Maury proclamou ser Bossuet o maior orador cristão de
todos os tempos. Bossuet é o maior de todos, não como orador sacro, mas porque não é
apenas orador sacro. É antes a figura mais completa do movimento que se chama “classicismo
francês”, cujo estudo se começa convenientemente com ele. Sua atividade literária foi imensa:
eloquência e historiografia, espistolografia e política, meditações místicas e polemicas
exegéticas. Bossuet tem consciência do seu gênio literário; mas usa-o não para criar belezas
verbais, e sim dizer a verdade como ele entende: a verdade da Igreja, a qual era seu único
partido. [Na Igreja francesa do século XVII viveu algo do espirito altivo do cristianismo romano
de Ambrósio, bispo e ciceroniano]. Como não encontrara estilo bíblico em língua francesa,
criou, então, um estilo francês correspondente ao bíblico. Os seus sermões estão redigidos de
harmonia com os preceitos da retorica aristotélica. A oração fúnebre é um gênero retórico do
qual é ele o único verdadeiro mestre. O dogma literário de Bossuet é o compromisso entre o
mundo clássico [Renascença] e o mundo cristão [Barroco]. Ele é ídolo de uma parte da França
e o espantalho de outra, que faz críticas por sua obra ser um imenso lugar comum eloquente,
já que não nos diz nada. O sistema de Bossuet é homogêneo, sem contradições logicas, e por
isso o mundo moderno é levado a rejeitá-lo. A poesia de Bossuet começa onde a sua logica
termina. No pensamento de Bossuet mantém-se assim equilíbrio entre teocratismo ortodoxo e
absolutismo real, entre o dogma e a dialética.

[História do jansenismo, pág 844, tomo II]


Descartes
René Descartes, 1596-1650.

1. Discours de la méthode (1637); Méditations métaphysiques (1641); Traité des passions


(1649); etc.

O racionalismo analítico de Descartes, o seu espírito metódico, a clareza sistemática das suas
exposições, a análise das paixões, tudo isso se encontra na literatura clássica em toda parte; o
racionalista Descartes seria precursor mais conveniente da França moderna. Os traços
característicos da estética cartesiana seriam o ideal de beleza racional e impessoal. Contra essa
interpretação cartesiana da literatura clássica levantou-se com energia a voz de Bunetière. A
ideia fundamental do cartesianismo é a identidade de pensamento e ser. O que parece
cartesianismo na literatura francesa do século XVII é antes um traço característico da literatura
francesa inteira: o gosto da exposição sistemática, da clareza metódica, da composição
simétrica. O classicismo não é cartesiano. O que parece racionalismo cartesiano é, muitas
vezes, intelectualismo aristotélico.
Pascal
Blaise Pascal, 1623-1662.

1. Ver página 851, tomo II.

Blase Pascal não foi poeta; é o primeiro grande prosador francês, mas não o maior; contudo, é
o gênio literário mais completo da nação francesa. É até um gênio universal, à maneira da
Renascença: um “spirit géométrique”. Mas difere dos outros geométricos pela angustia que o
objeto dos seus estudos lhe inspira: onde os outros observam, medem e calculam, Pascal fica
assustado. A angústia desesperada em face de problemas epistemológicos, da metodologia
astronômica e teológica mostram Pascal inteiro; ele é um melancólico de nascença. Pascal é do
número daqueles que destruíram o domínio da física aristotélica; mas a sua vítima é menos o
próprio Aristóteles, a quem conhecia mal, do que o aristotelismo dos comentadores. A sua
verdadeira curiosidade não diz respeito à física, mas à metafísica; no fundo, Pascal é uma
natureza aristotélica. O mistério que o perturba é o da “condition humaine”, essa mistura
esquisita de capacidades espirituais e misérias físicas, e o pensamento invariavelmente voltado
para a morte. O dogma de Pascal é a grandeza do homem como criatura de Deus, e a sua
fraqueza por conta do pecado original. Lettres provinciales, embora injusta, foi a única obra
moderna comparável aos grandes discursos de Demóstenes; uma das maiores obras da
eloquência francesa. Pascal é poeta em prosa. Pensées não são uma confissão poética e sim
uma apologia do cristianismo. Pascal pretendeu demonstrar a verdade crista assim como se
demonstra uma verdade geométrica, e a tragédia da sua inteligência consiste na sua
incapacidade de apresentar essa demonstração. Pascal acreditava que são diferentes os
métodos aplicados às ciências matemáticas-físicas e os aplicados às “ciências do espirito”. A
poesia foi substituída pela prosa, e Pascal foi o criador da prosa moderna que exprime
igualmente os raciocínios do “esprit géométrique” e as emoções do “esprit de finesse”. Na sua
prosa há várias contradições dialéticas entre sua ortodoxia dogmática e seu ceptismo
humanístico, entre curiosidade cientifica e a angustia existencialista. E meio das nuvens de
interpretações, Pascal continua na sua imensa solidão, a dos grande gênios religiosos da
humanidade; a dos que morreram para este mundo e nasceram outra vez; os “twice-born” da
psicologia de William James.

La Rochefoucauld
François, duc de La Rochefoucauld, 1613-1680

1. Réflexions ou Sentences et maximes Morales (1665).

Da doutrina cristã, aceita apenas o pecado original e rejeita a salvação. O ressentimento


envenenara-lha a fé aristocrática; o ressentimento é a força motriz dos atos morais. Tornou-se
o maior aforista de todos os tempos, o clássico do gênero, mas, em sentido absoluto, não La
Rochefoucauld não é um clássico.
Madame de Sévigné
Marie de Rabutin-Chantal, marquise de Sévigné, 1626-1696.

1. Lettres (primeiras edições, 1734-1754)

É necessária lê-la para ter ideia da escritora, talvez a mais completa da língua francesa. Nada
lhe falta para grande dama; para grande dama do século XVII falta-lhe apenas o
arrependimento e a penitência.

Jean Racine
Jean Racine, 1639-1699.

1. Ver pág 891, tomo II.

Não foi o maior poeta da literatura francesa, e como razões mais ou menos suficientes; mas é
o poeta mais perfeito da língua francesa. Na opinião de Hippolyte Taine, o dramaturgo teria
sido o pintor naturalista da sua sociedade. Racine tem um realismo, é o realismo psicológico,
como o de Dostoievski, os temas são parecidos: ciúmes criminosos, crimes de um tirano,
sacrifício de uma inocente para fins políticos, etc. É um poeta do lado noturno da alma, um
poeta das paixões mórbidas e perversas. Racine teria sacrificado a verdade à harmonia musical
do seu verso. Mas a harmonia do seu verso não resulta do preciocismo estilístico, e sim da
melancolia elegíaca do poeta, virgiliana. Síntese do jansenismo e da Grécia, eis a formula que
se propõe para definir Racine. Racine foi o único dramaturgo moderno que conseguiu criar
uam tragédia comparável à grega, mitológica e, contudo, já não mitológica. A lógica rigorosa e
algo esquemática das suas composições é a lógica das convulsões do coração, em
desenvolvimento rápido e desfecho trágico.

FALTA CORNEILLE NA MINHA LISTA


Cervantes
Miguel de Cervantes Saavedra, 1547-1616.

1. Ver pág 907, tomo II.

Dom Quixote conservará para sempre as suas duas classes de leitores: as crianças, que ainda
não conhecem a vida, e os outros, duramente experimentados por ela. A literatura universal
ouviu de preferência a lição de Sancho Pansa e do seu realismo razoável. Disse bem o crítico
americano Trillig que o contraste entre as aparências e a realidade é a própria substância do
gênero “romance”. Nesse sentido é o Don Quijote “o romance dos romances”. Dele deriva o
romance realista, em que as duras realidades do ambiente se opõem às ideias e atos
subjetivos do homem; quer dizer, o romance moderno, e logo o maior de todos os romances.
Porque em uma ambiguidade intencional se esconde o sentido universal da humanidade
inteira, representada pelas duas figuras de Don Quijote e Sancho Pansa. Os ideais falsos
(cavalaria) são derrotados, mas, os ideais verdadeiros também. Na literatura universal é o Don
Quijote a primeira grandiosa obra de arte em prosa porque o humorismo é sentimento da
poesia em face da prosa da vida. Cervantes (de acordo com Américo de Castro) foi o último
adepto de Erasmo; seu erasmismo justifica seu antibarroquismo. Destacam-se elementos
platônicos e renascentista, mas também, como mostrou Casalduero, destaca-se elementos de
Barroco idealizado. O estilo de Cervantes foi, do começo até o fim, o estilo idealista da
Renascença.

Molière
Jean Baptiste Poquelin, dit Molière, 1622-1673.

1. Ver pág 943, tomo II.

Os franceses reconhecem em Molière o próprio gênio nacional, e, quase como Homero, é


objeto de admiração unânime em todas as nações. Transfigurou experiências humanas em
visões verbais. Procura apenas assuntos cômicos; e farsas à maneira italiana. Ele é o grande
mestre do divertimento ligeiro, para burgueses e para o povo, e só às vezes dizia algumas
verdades desagradáveis. O elemento principal de sua arte é a criação de caracteres, de
personagens completos: Molière aperfeiçoa cada vez mais o seu poder de abstração,
chegando a criar figuras tão essenciais como o avarento Harpagon etc; Ele dá, apenas,
“essências”; mas pelo seu gênio dramático insuflou a essas essências vida autêntica. Na sua
dramaturgia a intriga apresenta extrema simplicidade; a comicidade resulta só da logica
implacável da sucessão das situações. Nesse ambiente de regularidade cartesiana, agem e
reagem os personagens da “commedia dell`arte”, cada um movido por uma determinada
virtude ou por um determinado vício, como abstrações “morais”. Moliére é o clássico
cartesiano da comédia. Por Boileau foi chamado de realista; por Brunitière, de naturalista.
Molière é poeta, principalmente, nas suas farsas; talvez um dos maiores nesse gênero menor.
A arte de Molière serve para desmascarar as ideologias da sua época.
Bellman
Carl Mikael Bellman, 1740-1795.

1. Fredmans epistlar; Fredmans sanger; Fredmans handskrifter.

Assim como Villon e Verlaine, é um dos grandes poetas para todos os tempos. As suas poesias
chamam-se anacreônticas; mas estão fora das convenções arcádicas; são sinceras,
delicadamente irônicas ou brutalmente humorísticas, às vezes furiosas, desesperadas e
mordazes, e sua singularidade é acentuada pela música que o poete lhes juntou: são melodias
populares com acompanhamento de uma curiosa orquestra rococó: flauta, viola, corneta e
timbale. Bellman criou um mundo completo, transfiguração do seu mundo real: taverna
fuliginosa, cheia de barulho e música, vendo, pela janela, o palácio real... A sua poesia não é
comparável com nenhuma outra; é a poesia de um mundo encantado dos tempos do rei
Gustaf III.

Dryden

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