Modernismo • O panorama mundial estava muito conturbado: Contextualização histórica • 1914 eclodiu a Primeira Guerra Mundial; • Revolução Russa de 1917.
• Em Portugal este período foi diDcil: • em 1911, foi eleito o primeiro presidente da República; • com a guerra, estavam em jogo as colónias africanas que eram cobiçadas pelas grandes potências desde o final do século XIX; • exisPam muitas divergências relaPvamente à parPcipação ou não de Portugal na I Guerra Mundial, o que desencadeou um debate intenso, conturbado e generalizado, concentrando o confronto de ideias, argumentos e posições políPcas extremadas, e concitando a contestação crescente de grande parte da sociedade portuguesa; • A neutralidade manteve-se até Março de 1916, contudo, os impactos de um conflito em escalada mundial far-se-iam senPr-se de forma muito intensa, reflePndo-se na escassez e na caresPa de bens essenciais à subsistência de uma população cujos níveis de contestação social e políPca se intensificavam. Modernismo Pintura Amadeo de Sousa Cardoso
Almada Negreiros
Santa Rita Pintor
Modernismo Imprensa
• Orpheu – 1915 (saíram apenas dois números, o terceiro
estava pronto para ser impresso, mas por falta de verba não saiu); • Centauro – 1916; Contemporânea – 1922/26, Athena – 1924/25, Presença – 1927 a 1940 (segundo Modernismo – 56 números). Modernismo Literatura • Movimento moderno em Portugal marcado por um tom: • provocatório e turbulento. • europeu, arrojado e requintado. • Literatura associada às artes plásPcas e influenciada por elas. • As relações tradicionais entre autor e obra são postas em causa. • Desafio aos poderes e limites do Homem num momento histórico importante – crise de valores. • Movimento, fundamentalmente, lisboeta (existem poucas adesões no resto do país), europeísta, cosmopolita e nacionalista. Modernismo Literatura • Interação de linguagens estéPcas - futurismo, interseccionismo, paúlismo, decadenPsmo, sensacionismo. • Futurismo – elogio à civilização moderna e mecânica. (Os modernistas portugueses conseguem criar uma certa independência, relaPvamente ao pré-estabelecido, ou seja negam o futurismo de escola e professam a arte não-aristotélica – força, dinamismo e domínio sobre os outros) • Interseccionismo – entrecruzamento e justaposição de realidades diferentes. • Paúlismo – fusão entre o objePvo e o subjePvo; frases nominais, exclamaPvas; desvios sintáPcos; vocabulário expressivo do tédio, do vazio da alma, desejo de «outra coisa»; uso expressivo de maiúsculas. • DecadenPsmo – (+/- 1880 até à década de 1920). A civilização desiludida, cansada do tédio e do ocaso, busca novas e mais intensas (até extravagantes) sensações, com um certo paralelismo com o Simbolismo e Impressionismo, produtos da mesma atmosfera sócio- cultural. • Sensacionismo - «exuberância abstrato-concreta das imagens», ou seja, a sensação é a base de todas as coisas. Modernismo Literatura • Aspetos mais visíveis deste movimento: • misPficação (engano feito por brincadeira) e excentricidade. • reação ao cePcismo através da agressão, do sarcasmo, exercício gratuito das energias individuais, da descoberta do inconsciente, da entrega à sensação, à omnipotência das máquinas, das técnicas, da vida na cidade moderna. • José Régio considera o Modernismo: • tendência para a dispersão ou mulPplicidade da personalidade; • misto de irracionalismo e intelectualismo; • expressão contraditória das emoções e dos senPmentos. • a problemáPca da unidade do ser é uma constante neste movimento. • modernismo como humanismo, com carácter pedagógico e aforísPco, propicia a inteireza individual. Modernismo Literatura Temas dominantes: • Euforia do moderno que rapidamente desliza para o tédio existencial; • Dissolução do sujeito que conduz, muitas vezes ao suicídio; • Esforço patéPco do autoconhecimento; • Crise aguda do sujeito projetada: • na máscara; • no retrato; • no espelho; • na procura labirínPca do outro em si mesmo: • Fragmentação do eu. • Viragem para o interior do indivíduo, para a corrente da consciência. • Esta viragem introspePva causa a ruptura dos laços convencionais do indivíduo com a sociedade. • Reinvenção da linguagem, ao nível da forma, da expressão, introduzindo no domínio do literário uma pretensa desconstrução sintáPca e as linguagens jornalísPca e publicitária. MANIFESTO FUTURISTA de Marinep (Publicado em 20 de Fevereiro de 1909, no “Le Figaro”) Modernismo 1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da temeridade. 2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos essenciais de nossa poesia. Literatura 3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensaAva, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insónia febril, o passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e o soco. 4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com o seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo… um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia. 5. Nós queremos glorificar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada também numa corrida sobre o circuito da sua órbita. 6. É preciso que o poeta prodigalize com ardor, esforço e liberdade, para aumentar o entusiásAco fervor dos elementos primordiais. 7. Não há mais beleza, a não ser na luta. Nenhuma obra que não tenha um carácter agressivo pode ser uma obra- prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças desconhecidas, para obrigá-las a prostrar-se diante do homem. 8. Nós estamos no promontório extremo dos séculos!… Por que haveríamos de olhar para trás, se queremos arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Já estamos vivendo no absoluto, pois já criamos a eterna velocidade omnipotente. 9. Queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo –, o militarismo, o patrioAsmo, o gesto destruidor dos libertários, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo pela mulher. 10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de toda a natureza, e combater o moralismo, o feminismo e toda a vileza oportunista e uAlitária. 11. Cantaremos as grandes mulAdões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação; cantaremos as marés mulAcores e polifónicas das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor nocturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas lutas eléctricas; as estações esganadas, devoradoras de serpentes que fumam; as fábricas penduradas nas nuvens pelos fios contorcidos de suas fumaças; as pontes, semelhantes a ginastas gigantes que cavalgam os rios, faiscantes ao sol com um luzir de facas; os piróscafos aventurosos que farejam o horizonte, as locomoAvas de largo peito, que pateiam sobre os trilhos, como enormes cavalos de aço enleados de carros; e o voo rasante dos aviões, cuja hélice freme ao vento, como uma bandeira, e parece aplaudir como uma mulAdão entusiasta. MANIFESTO ANTI-DANTAS E POR EXTENSO por José de Almada-Negreiros Modernismo
POETA D'ORPHEU FUTURISTA e TUDO Literatura BASTA PUM BASTA! UMA GERAÇÃO, QUE CONSENTE DEIXAR-SE REPRESENTAR POR UM DANTAS É UMA GERAÇÃO QUE NUNCA O FOI! É UM COIO D'INDIGENTES, D'INDIGNOS E DE CEGOS! É UMA RÊSMA DE CHARLATÃES E DE VENDIDOS, E SÓ PODE PARIR ABAIXO DE ZERO! ABAIXO A GERAÇÃO! MORRA O DANTAS, MORRA! PIM! UMA GERAÇÃO COM UM DANTAS A CAVALO É UM BURRO IMPOTENTE! UMA GERAÇÃO COM UM DANTAS À PROA É UMA CANÔA UNI SECO! O DANTAS É UM CIGANO! O DANTAS É MEIO CIGANO! O DANTAS SABERÁ GRAMMÁTICA, SABERÁ SYNTAXE, SABERÁ MEDICINA, SABERÁ FAZER CEIAS P'RA CARDEAIS SABERÁ TUDO MENOS ESCREVER QUE É A ÚNICA COISA QUE ELLLE FAZ! O DANTAS PESCA TANTO DE POESIA QUE ATÉ FAZ SONETOS COM LIGAS DE DUQUEZAS! O DANTAS É UM HABILIDOSO! O DANTAS VESTE-SE MAL! O DANTAS USA CEROULAS DE MALHA! O DANTAS ESPECÚLA E INÓCULA OS CONCUBINOS! O DANTAS É DANTAS! O DANTAS É JÚLIO! MORRA O DANTAS, MORRA! PIM! …
“MANIFESTO ANTI-DANTAS E POR EXTENSO” – dito por Mário Viegas
h„ps://www.youtube.com/watch?v=Izz4aoZ1Bsw
“Manucure” – Mário de Sá Carneiro h„p://12portugues-cad.blogspot.pt/2014/10/contemporaneos-de-pessoa-mario-de-sa.html