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A MULTIPROPRIEDADE - LEI 13.

777/18

Origem:
Déc. 60 - França
Objetivo inicial: explorar as potencialidades turísticas dos países e reaquecer o mercado da
construção civil de tais países que estavam em fase de depressão econômica,
consolidando-se então por toda Europa e EUA.

No Brasil houve experiências pioneiras em SP, após o RS e então o RJ.

Modalidades de Time-sharing:
1. Multipropriedade societária
2. Multipropriedade como direito real sobre a coisa alheia
3. Multipropriedade imobiliária (natureza real)
4. Multipropriedade hoteleira

Resistências
- Ponto de vista jurídico: a natureza híbrida entre as obrigações pessoais e direitos
reais, conferindo ao instituto uma violação ao princípio da taxatividade dos direitos
reais no Brasil. Além de gerar insegurança jurídica por conta da alta quantidade de
proprietários e a dificuldade de administrar tal sistema.

Vantagens:
- Elimina a inutilidade social de imóvel adquirido para situações de temporada (ex:
casa de praia).
- Aumenta o acesso a segunda casa porque parcelas da população poderão ter
acessibilidade a compra de período de imóvel.
- Permite a ocupação permanente do imóvel
- Aquecimento do comércio local
- Aumento da arrecadação fiscal, vez que cada fração de tempo é um fato gerador de
IPTU
- Aquecimento do setor de construção civil e da indústria hoteleira
- Aumenta o lucro dos corretores e incorporadoras
- O multi proprietário se vê livre da constante manutenção e obrigações para uma
segunda casa

Desafios:
- Mal uso da propriedade
- Móveis inclusos na propriedade, visto que são enquadrados como acessórios
- A possibilidade de má-administração hoteleira
- Atrasos de devolução do imóvel no prazo previsto
- Conflitos sociais

No Brasil a multipropriedade é exclusiva para bens IMÓVEIS, podendo ser qualquer imóvel
urbano ou rural.
A lei prevê que condomínio edilício pode ter unidades utilizadas como multipropriedade
desde que haja autorização na convenção/ato de constituição do condomínio e, caso não
haja, exige-se autorização por maioria absoluta em assembléia de condomínio.
A Lei 13.777/18 acrescentou ao Código Civil os artigos 1.358-A até 1.1358-U,
apresentando-se como um novo instituto de parcelamento do solo.

REsp 1.546.165/SP → Impedimento da penhora em toda a unidade imobiliária por dívida contraída
por um dos multi proprietários, permitindo-se apenas a penhora da fração de tempo do multi
proprietário sobre a propriedade.

Legislações supletivas:
- Código Civil (art. 1.331 ss) - regras do condomínio edilício
- Lei de Registros Públicos
- Código de Defesa do Consumidor

A multipropriedade é um direito real sobre coisa própria, tal opção doutrinária permite que
os demais multi proprietários não respondem pela dívida dos demais, não há relação
solidária entre eles quanto as obrigações propter rem que recaem sobre o imóvel, ou seja,
respondem apenas a fração de cada multi proprietário por suas próprias questões.

A multipropriedade se institui por ato inter vivos ou testamento, da mesma forma que se dá
o condomínio edilício.

A multipropriedade visa o parcelamento temporal do imóvel (fração de tempo/período), o


período mínimo determinado pela lei é de 07 dias, seja qual for a fração de tempo esta será
indivisível (não pode haver fracionamento da fração de tempo). O valor das frações podem
se diferenciar de uma para outra, não é necessário manter o mesmo valor tendo em vista as
diferenças naturais, tal como período de férias ou até mesmo questões climáticas. Nada
impede que se possa adquirir mais de uma parcela sobre o mesmo imóvel e não se
descaracteriza a multipropriedade se existir um único proprietário pelo período de um ano
inteiro. Os períodos podem ser fixos durante o todo ano mas a lei permite o sistema
flutuante, alterando a fração de tempo ao longo dos anos.

Cláusulas obrigatórias do ato de instituição (1.358-G):


1. Direitos e deveres dos multi proprietários
2. Número máximo de pessoas que podem ocupar simultaneamente o imóvel na fração
de tempo
3. Criação de um fundo de reserva
4. As multas a serem estabelecidas
5. Entre outros

DIREITOS DOS MULTI PROPRIETÁRIOS (art. 1.358-I):

- O multiproprietário tem liberdade em ceder/alugar sua fração sem anuência dos


multiproprietários.
- Poderá alienar onerosamente sua fração de tempo sem considerar o direito de
preferência.
- Votar e ser votado nas assembleias - o voto é proporcional a fração de tempo no
silência da convenção
- Entre outros
DEVERES DOS MULTI PROPRIETÁRIOS (art. 1.358 - J):
- As obrigações previstas no ato de constituição;
- Responder por danos causados ao imóvel, instalações, equipamentos e mobiliário,
seja pelo próprio ou por seus dependentes, visitantes, comodatários ou locatários;
- Não realizar modificações;
- Usar o imóvel exclusivamente durante o período que lhe cabe;
- Permitir a realização de obras ou reparos urgentes;

SANÇÕES (art. 1.358 - ):


- Utiliza-se um sistema progressivo
- Multa
- Multa progressiva
- Perda temporário do direito de utilização do imóvel no período que lhe
pertence;

IPTU:
- Incidirá sobre cada fração de tempo
- Não há solidariedade entre os multi proprietários quanto ao pagamento do IPTU

art. 1.358-K: equipara-se aos multi proprietários os promitentes compradores passando a ter
todos direitos e deveres.

Em multipropriedade em condomínio edilício a administração deverá ser profissional.

Sistema de pool: híbrido entre hotel e multipropriedade. Pode alugar a fração de tempo de
um multi proprietário caso este deixe de arcar com suas contribuições.

art. 1.358-T: nova figura de renúncia translativa. Só será possível a renúncia abdicativa da
multipropriedade se realizada de forma translativa e em favor do condomínio edilício
(situação que obriga o condomínio edilício a ser pessoa jurídica para ser sujeito capaz de
ser titular de direitos) e, ainda, poderá o condomínio recusar a renúncia translativa caso o
multi proprietário seja inadimplente. (muitos problemas doutrinários - impedimento ao gozo
pleno do direito de propriedade).

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