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Brasília – DF
Abril, 2011
ARNALDO MONTEIRO COSTA JÚNNIOR
Brasília
2011
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FICHA CATALOGRÁFICA
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Dedico este trabalho à minha bisavó
Ducelina que aos 96 anos de idade
contagia a todos com sua alegria e
sabedoria!
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AGRADECIMENTOS
5
RESUMO
6
LISTA DE FIGURAS
7
LISTA DE QUADROS
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................ 10
CONCLUSÃO.................................................................. 43
REFERÊNCIAS............................................................... 45
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INTRODUÇÃO
10
Somente três décadas após o início da ditadura militar, o
Brasil teria de fato uma agência de inteligência que não fosse
liderada por um militar, mas sim por um civil. No governo de
Fernando Henrique, foi criada a Abin (Agência Brasileira de
Inteligência). Atualmente, a maior parte das ações da agência estão
relacionadas à investigação de crimes políticos e a fiscalização de
seus programas de inteligência: o PNPC e o PRONABENS.
11
CAPÍTULO 1
CONCEITOS E HISTÓRIA
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[...] intelligence is best defined as
information collected, organized, or
analyzed on behalf of the actors or decision
makers. Such information include technical
data, trends, rumors, pictures, or hardware.
(SIMS, 1995:4)
13
É sabido que o senso comum geralmente associa a atividade
de inteligência a espionagem, trapaças e chantagens, imagem
amplamente estimulada pela literatura ficcional e pela mídia. Não
somente devemos fazer essa diferenciação como compreendermos
que a atividade de inteligência refere-se a certos tipos de
informações, relacionadas à segurança de Estado, às atividades
desempenhadas no sentido de obtê-las ou impedir que outros países
a obtenham e por fim às organizações responsáveis pela realização
e coordenação da atividade no Estado.
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1.2 A atividade de inteligência no Brasil
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Figura 1: A atuação do Sfici (1956-1964)
Presidência
da República Conselho de
Segurança Nacional
Ministérios Ministérios
Civis Militares
SFICI
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Figura 2: A atuação do SNI (1964-1985)
Presidência
da República SNI
Ministérios Ministérios
Civis Militares
17
o exercício permanente de ações
especializadas orientadas para a produção de
conhecimentos em proveito da política
nacional, especificamente no tocante à
soberania nacional e à defesa do Estado
democrático e para a salvaguarda de
segredos que ao Estado interessa proteger.
(Ministério a Justiça. Apud. ANTUNES,
2002:146)
18
Figura 3: Linha do tempo da inteligência brasileira
19
Figura 4: Logo da ABIN
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Segundo o institucional da agência de inteligência, ela atua
em duas vertentes:
21
CAPÍTULO 2
22
É de responsabilidade dos órgãos de inteligência a segurança
cuja obtenção se dá através de padrões e medidas de proteção para
conjuntos definidos de informações, instalações, comunicações,
pessoal, equipamentos ou operações.
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Com o surgimento do SNI em 1967, os demais órgãos uniram-
se para atuar em defesa do Estado de Segurança Nacional através
do culto ao segredo. É fato que os órgãos de informações sempre
privilegiaram o segredo como demonstra Sheppele:
24
2.2 O perfil organizacional da inteligência
25
nacionais diversos. Assim, os serviços de inteligência
contemporâneos teriam surgido com dupla finalidade. Entretanto,
há pouca evidência histórica para demonstrar tal suposição, mas do
ponto de vista teórico há dois exemplos.
O primeiro seria Anthony Giddens (1987:178) cuja
argumentação dá-se sobre o controle governamental de informações
cruciais sobre a população e como os recursos de cada país foi
importante para consolidar a autoridade soberana do Estado:
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organizações do Estado como as Forças Armadas por exemplo;
segundo, existe o risco de tratar os serviços de inteligência
modernos como continuações dos que surgiram primeiro. De acordo
com Cepik (2003:90),
27
2.2.1 Inteligência de segurança
28
As polícias políticas controlavam redes
próprias de agentes recrutados nas
embaixadas estrangeiras situadas nas
capitais de seus países, interceptavam
comunicações dos grupos dissidentes e das
embaixadas estrangeiras, além de tentarem
estabelecer rede de agentes e informantes
em outros países. [...] Com o processo de
descolonização durante a Guerra Fria e com
o terrorismo nos anos 1970, certas
operações de suporte à contra-insurgência,
contramedidas defensivas e antiterrorismo
foram acrescentadas ao leque de missões
desse tipo de organização. (CEPIK,
2003:100)
29
Por outro lado, a segurança externa está relacionada às
aptidões, atividades e intenções de países ou indivíduos
estrangeiros. Grande parte da atividade de inteligência é focada na
busca de informações sobre outros países e em sua própria
segurança interna.
30
2.2.2 Agências internacionais de inteligência
31
A verba destinada à agência é secreta e a própria tem
permissão para manter seu pessoal, estrutura organizacional assim
como salário e um número considerável de funcionários em
segredo. Durante seus mais de 50 anos de história, a agência se
envolveu em grandes polêmicas. Em 1953 no Irã, a CIA restaurou o
poder para o Xá através da expulsão do primeiro ministro. Já em
1961, Cuba teve sua Báia dos Porcos atacada por uma força
paramilitar dos cidadãos cubanos apoiados pela CIA. O desfecho
dessa artimanha foi de saldo negativo para os americanos, pois
foram derrotados polemizando assim uma operação que deveria ter
sido secreta e bem sucedida.
O próximo escândalo de visiblidade internacional seria em
1972 com o caso do Watergate onde ex-oficiais da Agência foram
acusados de invadir o quartel-general do CND (Comitê Nacional
Democrático) onde parte do grupo estava envolvida na campanha de
reeleição do presidente Nixon. Duas décadas depois a CIA estaria
na mídia internacional por causa do seu agente Aldrich Ames. Ele
atuou durante nove anos como espião da KGB e delatou vários
espiões americanos trabalhando na URSS. Aldrich recebeu mais de
dois milhões de dólares da KGB e ainda lhe foi destinado a um
banco em Moscou uma segunda quantia de valor idêntico. Foi sem
dúvida o espião mais bem pago da história.
Finalmente, o ataque terrorista de 11 de setembro em Nova
York deflagrou uma série de críticas à CIA por sua falha em
impedir os ataques. Uma das questões levantadas para tal fracasso,
seria a de que as agências de inteligência do país não trabalham
entre si. Desde o ataque, mudanças estruturais na comunidade de
inteligência foram realizadas visando uma maior cooperação e o
seu programa de espionagem foi reforçado.
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serviço inglês começou a instalar oficiais nas embaixadas que
controlavam a atividade de inteligência naquele determinado país.
Embora fosse eficiente, o sistema tornou-se conhecido por outros
Estados no final da década de 1930. Durante os anos da década
anterior, a atenção do serviço voltou-se para a Rússia e logo
atividades de espionagem foram iniciadas naquele país. O sistema
de inteligência inglês tentou causar a queda do partido comunista
com a ajuda de personalidades como Boris Savinkov e Sidney
Reilly.
Com a ascensão do nazismo ainda na década de 1930, o MI6
transferiu sua atenção para a Alemanha. Embora tenha conseguindo
informantes confiáveis naquele país, a agência não foi bem
sucedida na Segunda Guerra Mundial. Operações de outros espiões
recrutados por eles foram prejudicadas durante a guerra.
Nos primeiros anos da Guerra Fria, os soviéticos conseguiram
penetrar no governo inglês em oficiais do mais alto escalão. Um
dos motivos foi porque um dos diretores encarregados do
departamento de contra-inteligência era simpatizante do
comunismo e proveu durante vários anos informações para a KGB.
No entanto, a situação começou a se inverter nos anos de 1960. O
MI6 recrutou diversas fontes seguras dentro da URSS, sendo uma
dessas fontes o coronel Oleg Penkovsky. Ele forneceu milhares de
documentos confidenciais sobre as operações militares russas
inclusive os planos soviéticos de instalar mísseis em Cuba.
O MI6 colaborou com a CIA para derrubar o governo do Irã
em 1953 e também conseguiu iniciar uma luta de poder entre
grupos militares no Líbano em 1980. A maior parte dos esforços do
MI6 foram destinados à URSS e conseguiu recrutar inúmeros
agentes russos para viver em outros países a serviço da agência.
Depois da Guerra Fria, o sistema de inteligência inglês direcionou
sua atenção para riscos de segurança e não mais se concentrou em
regiões geográficas. As principais áreas de interesse do serviço era
a atuação do Exército Republicano Irlandês, crimes hediondos,
combate ao terrorismo, narcotráfico, proliferação nuclear dentre
outros. Algumas dessas atividades se deram a partir de uma
colaboração entre o MI6 e outras agências.
Hoje, a agência é liderada pelo cavaleiro Collin McColl que
adotou uma política de abertura limitada sobre o trabalho da
agência para o público. Depois da ameaça soviética, a Inglaterra
cortou o seu orçamento de defesa resultando na diminuição de vinte
e cinco por cento dos fundos passados à agência sem falar que
quarenta por cento do seu quadro de funcionários foi aposentado.
33
Figura 7: Logo da KGB
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político vigente; a quarta era formada pelos guardas da fronteira e
a quinta por escolares que eram inúmeros.
O KGB teve seu auge durante a Guerra Fria e tinha como
principal inimiga a CIA. O poder de infiltração da agência era tão
grande que quando os americanos conseguiram desenvolver a
tecnologia nuclear, passados quatro anos, os soviéticos também a
teriam graças a sua rede de espiões. Seus agentes atuavam
disfarçados como diplomatas, empresários e jornalistas. Assim,
poderiam se infiltrar em grandes operações de espionagem e atuar
nas cidades mais importantes do ocidente. Foi devido a esse
trabalho eficiente por parte de seus agentes que a KGB manteve-se
no mesmo nível de desenvolvimento militar dos americanos.
No entanto, a atuação da KGB não se restringia apenas ao
ocidente, ela atuou também nos países do bloco socialista da
Europa Oriental resultando tanto na repressão ao movimento
reformista na Polônia como na invasão da Hungria em 1965 e três
anos depois iria promover uma ação militar na Tchecoslováquia;
sem falar ainda na decisão de construir o Muro de Berlim graças a
seu sistema de inteligência.
Um erro fatal cometido pela KGB foi o seu envolvimento na
invasão do Afeganistão em 1979. Poderíamos dizer que a aventura
no Afeganistão significou para os russos o que a Guerra do Vietnã
representou para os americanos. A invasão soviética durou uma
década e fracassou devido à resistência dos rebeldes cujas armas
eram financiadas por países do ocidente. Nos anos da década de
1980 a URSS era pressionada a acompanhar a escalada
armamentista dos americanos e acabou não conseguindo, entrando
em colapso. Depois da implosão da União Soviética, a KGB foi
extinta e o seu maior sucesso foi o FSB (Segurança de Federação
Russa).
35
relações exteriores do país. Dois anos depois, o instituto foi
substituído pela Mossad sob supervisão direta do primeiro
ministro. Naquele mesmo ano, a agência assinou um tratado
clandestino com a CIA.
A sede principal da Mossad está localizada em Tel Aviv e
possui inúmeros departamentos. O Departamento de Coleta executa
tanto operações oficiais como de espionagem. Já o Departamento
de Ação Política lida com as tensões políticas com países
considerados amigos e também inimigos. A Metsada ou Divisão de
Operações Especiais é encarregada de executar sabotagens e
assassinatos. O Lohamah ou Departamento de Psicologia lida com a
propaganda e a guerra psicológica. O Departamento de Pesquisa
com suas diversas seções recebe relatórios das grandes partes do
mundo todos os dias da semana, todos os meses do ano. E
finalmente o uso de tecnologia sofisticada para auxiliar as suas
operações é fornecido pelo Departamento de Tecnologia.
Uma das primeiras operações de alto nível da agência foi o
seqüestro de Adolf Eichmann em 1960. Adolf, um nazista acusado
de crimes de guerra, foi encontrado na Argentina e foi condenado à
morte por seu envolvimento na morte de judeus na Europa. Antes
disso, em 1956, ela tinha conseguido obter o discurso secreto no
qual Nikita Khrushchov condenava Josef Stalin. Nos anos da
década de 1960, a agência forneceu informações essenciais sobre a
força aérea do Egito durante a guerra dos seis dias. Essa
interferência por parte do governo israelense possibilitou a retirada
do Iraque do desertor Munir Redfa e sua família. Em 1972, durante
os jogos olímpicos de Munique, a Mossad foi responsável por
assassinar membros do grupo que seqüestrou e matou os atletas
israelenses. No ano seguinte, um garçon marroquino foi
assassinado na Noruega pela agência porque foi confundido com o
líder do grupo palestino Setembro Negro, responsável pelo
massacre em Munique.
Em 1975, a Mossad organizou uma reunião secreta entre os
chefes de Estado de Israel e da Jordânia e uma segunda reunião foi
realizada dois anos depois. Em 1982, a agência forneceu
inteligência durante a invasão do Líbano pelo governo israelense.
No entanto, ela falhou em assassinar Saddam Hussein em 1991.
Uma década depois, em 2001, a agência alertou a CIA sobre os
planos da Al-Qaeda mas não foram levados em consideração. Um
outro incidente aconteceu em 2004 quando dois agentes da Mossad
tentaram obter passaportes falsos da Nova Zelândia resultando em
sanções diplomáticas por parte daquele país para Israel.
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Figura 9: Logo da BND
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Anteriormente, o BND tinha tido um papel importante na
consolidação do governo da Croácia. Inicialmente, a Alemanha
patrocinou o ELK com armas e uniformes. Tanto os Estados Unidos
como a Alemanha influenciaram secretamente na fundação da
grande Albânia, comprimindo partes da Macedônia e do Kosovo.
Em 1994, uma lei contra o crime foi adotada e permitia que o
BND pudesse rastrear chamadas telefônicas com o único propósito
de coletar dados de inteligência. A agência opera em mais de cem
países e troca de dados com outras organizações de inteligência
como alfândega ou polícia federal.
Durante a guerra do Iraque, o BND teria fornecido
inteligência para as tropas americanas em 2003. No ano de 2005, o
BND encarou um de seus piores escândalos públicos conhecido
como o escândalo jornalístico. Tratava-se da vigilância de
inúmeros jornalistas da Alemanha e a razão por trás disso foi
investigar o vazamento de informações de dentro do BND.
38
CAPÍTULO 3
3.1 O PNPC
39
No tocante à espionagem industrial entre empresas nacionais,
não há quase nada que o Estado possa fazer pois configura
competição ilegal entre empresas, tornando-se responsabilidade da
polícia e não do estado. Em 1997, foi apresentada ao governo
brasileiro pela Abin a proposta de criação do Programa Nacional de
Proteção ao Conhecimento Sensível – PNPC.
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3.2 O PRONABENS
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Quadro 2: Objetivos do PRONABENS
42
CONCLUSÃO
43
a cura de doenças, etc. A proteção precisa e deve ser reforçada nos
mais variados aspectos da política externa do país. É de
responsabilidade da Abin a identificação e prevenção quanto à
possíveis ameaças ao Estado brasileiro.
Os programas instituídos pela ABIN visam justamente o
combate e proteção dos nossos conhecimentos sensíveis. Tanto o
PNPC quanto o PRONABENS tem como objetivo orientar os
cidadãos sobre as ameaças que eles podem sofrer como é o caso da
inteligência empresarial.
Hoje, a corrida não é mais armamentista, mas sim pelo
conhecimento. Quem o possui por completo, sabe como e quando
utiliza-lo e para que fins. Portanto, é o papel do Estado brasileiro
se tornar a apto a lidar com tais ameaças, usando por exemplo as
técnicas de contra-inteligência. É preciso uma maior elucidação
sobre o assunto para a população em geral como uma tentativa de
diminuir o estigma que envolve tal atividade.
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REFERÊNCIAS
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BESSA, Jorge. A contra-espionagem brasileira na Guerra fria.
Brasília: Thesaurus, 2009.
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