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MESTRADO

ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

Lei de Okun e Efeitos de Histerese –


Uma Aplicação ao Caso de Portugal
Liliana Vanessa Macedo Cardoso

M
2018









LEI DE OKUN E EFEITOS DE HISTERESE – UMA APLICAÇÃO AO
CASO DE PORTUGAL
Liliana Vanessa Macedo Cardoso

Dissertação
Mestrado em Economia e Administração de Empresas

Orientado por
Paulo Ricardo Tavares Mota

2018


Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Professor Paulo Mota pelo seu apoio,
orientação e colaboração nesta dissertação. A sua ajuda foi sem dúvida indispensável.
Gostaria também de agradecer à minha família, em especial aos meus pais, pelo
apoio contínuo e pela possibilidade que me proporcionaram em estudar.
Por último, queria também agradecer aos meus colegas, quer de mestrado, quer
fora dele, por me terem acompanhado nesta etapa e me terem sempre apoiado e ajudado a
dar o meu melhor.

iii
Resumo

A Lei de Okun é um tema bastante estudado em economia. Esta lei refere-se à existência
de uma relação inversa entre a taxa de desemprego e o output. O objetivo desta dissertação
é, testar a presença de histerese na relação entre a taxa de desemprego e o output em
Portugal. Para tal, foi inicialmente feita uma revisão da literatura existente sobre a lei de
Okun e sobre o conceito de histerese. O teste empírico à existência de histerese na relação
de Okun baseou-se na estimação de uma equação de switching derivada do modelo de
histerese designado de linear play. Utilizamos dados trimestrais compreendidos entre 2010 e
2017 referentes à taxa de desemprego e ao output em Portugal. Os resultados obtidos
revelam que a relação entre a taxa de desemprego e o output em Portugal apresentam
histerese.

Classificação JEL: E24, J23

Palavras-chave: taxa de desemprego, output, histerese, custos de austamento.


Abstract

Okun's Law is a well-studied subject in economics. This law refers to the existence of an
inverse relationship between the unemployment rate and the output. The objective of this
dissertation is to test the presence of hysteresis in the relationship between the
unemployment rate and the output in Portugal. For this, a review of the existing literature
on Okun's law and on the concept of hysteresis was initially made. The empirical test for
the existence of hysteresis in the Okun relation was based on the estimation of a switching
equation derived from the hysteresis model called linear play. We used quarterly data
between 2010 and 2017 regarding the unemployment rate and the output in Portugal. The
results show that the relationship between the unemployment rate and the output in
Portugal presents hysteresis.

JEL Classification: E24, J23

Keywords: unemployment rate, output, hysteresis, adjustment costs


Índice Geral

AGRADECIMENTOS ............................................................................................. III

RESUMO .................................................................................................................. IV

ABSTRACT ................................................................................................................ V

ÍNDICE GERAL ...................................................................................................... VI

ÍNDICE DE FIGURAS............................................................................................ IX

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................. 1

CAPÍTULO 2. REVISÃO DE LITERATURA SOBRE A LEI DE OKUN ............. 3


2.1. AS VERSÕES TRADICIONAIS DA LEI DE OKUN .................................................................. 3
2.1.1. Versão das primeiras diferenças .......................................................................................... 3
2.1.2. Versão do output gap ......................................................................................................... 3
2.1.3. Versão dinâmica ................................................................................................................ 5
2.1.4. A versão função-produção ................................................................................................... 5
2.1.5 Versões não Lineares da Lei de Okun ................................................................................ 6
2.2. REVISÃO DE LITERATURA EMPÍRICA .................................................................................. 6

CAPÍTULO 3. A HIPÓTESE DA EXISTÊNCIA DE HISTERESE NA


DINÂMICA DA TAXA DE DESEMPREGO .......................................................... 21
3.1. CONCEITO ............................................................................................................................. 21
3.2. CONTEXTO HISTÓRICO DA APLICAÇÃO DA HISTERESE À DINÂMICA DA TAXA DE
DESEMPREGO .............................................................................................................................. 22
3.3. FUNDAMENTOS ECONÓMICOS DA EXISTÊNCIA DE HISTERESE NA DINÂMICA DO
EMPREGO/TAXA DE DESEMPREGO ........................................................................................ 24
3.3.1. Fatores do Lado da Procura de Trabalho .......................................................................... 24
3.3.2. Fatores do Lado da Oferta de Trabalho ............................................................................ 27

CAPÍTULO 4. METODOLOGIA............................................................................. 29
4.1. MODELO ................................................................................................................................ 29
4.1.1 Versões Tradicionais da Lei de Okun ............................................................................... 29
4.1.2 Versão da Lei de Okun com Histerese .............................................................................. 30

CAPÍTULO 5. RESULTADOS DA ESTIMAÇÃO .................................................. 35

vi
CAPÍTULO 6. CONCLUSÃO .................................................................................. 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 46

vii
Índice de Quadros

Quadro 2. 1 Estimadores do coeficiente da Lei de Okun ...................................................................... 8

Quadro 2. 2 Síntese dos contributos empíricos para a Lei de Okun ................................................... 19

Quadro 5. 1 Resultados da Estimação das Versões Tradicionais da Lei de Okun ............................. 36

Quadro 5. 2 Resultados da Estimação das versões Tradicionais da Lei de Okun (tendo em conta o
efeito da crise financeira)........................................................................................................................38

Quadro 5. 3 Resultados da Estimação das versões Tradicionais da Lei de Okun (tendo em conta o
efeito do ciclo)....................................................................................................................................................40

Quadro 5. 4 Resultados da Estimação da versão de Histerese da Lei de Okun.................................. 43

viii
Índice de Figuras

Figura 3. 1 Taxa de Desemprego em Portugal ................................................................................... 23

Figura 4. 1 Dinâmica do Unemployment Gap no Modelo de Histerese Linear Play ........................... 32

Figura 5. 1 Output Gap e Transformação de Histerese do Output Gap (Spurt) ................................. 44

ix
Capítulo 1. Introdução

A lei de Okun, inicialmente formulada por Arthur Okun em 1962, sugere uma
relação inversa entre o output e a taxa de desemprego, ou seja, um aumento do output leva a
que haja uma diminuição da taxa de desemprego. Okun revelou que existia uma relação
linear simples entre estas duas variáveis, assim, sempre que o output aumentasse ou
diminuísse, a taxa de desemprego iria reagir de forma oposta e proporcional.
Contudo, alguns autores como Phelps (1972) e Lang & Peretti (2009), constataram
que o histórico do sistema económico também era relevante e surtia efeito no presente. É
aqui que nasce o conceito de histerese no contexto da economia. Constatou-se que um
elevado número de empresas heterogenias não ajustavam continuamente o seu nível de
emprego como resposta a variações económicas.
Na presença de histerese, para um certo nível de output, não existe um valor de
emprego único, este está sempre relacionado com a história dos choques passados. Assim,
após uma recessão, numa situação de equilíbrio, assistimos a uma elevada taxa de
desemprego durante bastante tempo, devido a uma queda na procura. Isto deve-se ao facto
de que uma empresa não irá despedir/contratar um trabalhador mal haja uma
diminuição/aumento da procura. Uma vez que existem custos associados com o facto de
contratar/despedir trabalhadores, esta diminuição/aumento tem que compensar esses
custos e isto é susceptível de causar histerese.
É então aqui que está presente o foco do nosso problema, o objetivo é responder à
questão se de facto existe ou não histerese na Lei de Okun em Portugal.
Para tal foram inicialmente testadas as versões tradicionais a Lei de Okun, com
posterior adição de duas variáveis dummy. Uma que capta o efeito da recente crise financeira
e outra que capta o efeito do ciclo, estando em expansão ou recessão.
Posteriormente foi testada uma versão que tem em conta a probabilidade de
existência de histerese através da utilização do modelo Linear Play. Neste modelo o efeito
de histerese é captado pela existência de uma reação mais acentuada do unemployment gap ao
output gap quando a variação do output gap é relativamente grande em comparação com a
situação em que a variação do output gap é relativamente pequena.
Foram utilizados dados trimestrais, compreendidos entre 2000 e 2017 referentes à
taxa de desemprego e do output em Portugal, tendo como fonte o EUROSTAT.

1
A presente dissertação está organizada da seguinte forma: no segundo capítulo é
feita uma revisão de literatura sobre a Lei de Okun, onde são descritas as versões
tradicionais e resultados empíricos não só para estas mesmas, como também para versões
não lineares e com presença de histerese. No terceiro capítulo é abordada a teoria da
histerese, onde se refere o seu significado, o contexto histórico e os fundamentos
económicos para a sua existência. No quarto capítulo, estão presentes as versões
tradicionais que irão sem testadas, e é descrito o modelo empírico usado para verificar a
existência de histerese na Lei de Okun em Portugal, assim como a amostra de dados usada.
No quinto capítulo são apresentados e discutidos os resultados das estimações
anteriormente referidas. Por último, no sexto capítulo são apresentadas as conclusões da
presente dissertação.

2
Capítulo 2. Revisão de Literatura sobre a Lei de Okun

2.1. As versões tradicionais da Lei de Okun

2.1.1. Versão das primeiras diferenças

A Lei de Okun foi inicialmente formulada por Arthur Okun (1962) que constatou
que existia uma correlação negativa entre as componentes cíclicas do output e da taxa de
desemprego. Esta relação surgiu após ter sido constatado de que era necessária mais força
de trabalho para produzir mais bens e serviços na economia. Para que haja um aumento da
produção, é possível optar por um maior número de horas por trabalhador ou mais
trabalhadores. Como resultado desta abordagem surgiram duas equações.
A equação original de Okun, relaciona as variáveis nas primeiras diferenças, tal
como descrito na equação 1.1:

𝑢! = 𝛽! − 𝛽! 𝑦! + 𝜀! (2.1)

onde 𝑢! é a variação da taxa de desemprego no período 𝑡, 𝑦! a taxa de crescimento do


output em termos reais, e 𝜀! um termo de perturbação aleatória de espetro branco. 𝛽! é
considerado o coeficiente de Okun. O sinal esperado deste coeficiente é negativo. Assim,
um crescimento rápido do produto refletir-se-ia numa diminuição da taxa de desemprego e,
um crescimento lento ou negativo do produto, estaria associado a um aumento da taxa de
desemprego.

2.1.2. Versão do output gap

A segunda versão da Lei de Okun, formulada também pelo mesmo, especifica o


desvio entre a taxa de desemprego observada, 𝑢! , e a taxa de desemprego natural, 𝑢!∗ , como
função do output gap, entendido como o desvio entre o output observado, 𝑦! , e o seu nível

3
potencial, 𝑦!∗ , ou seja, quanto a economia iria produzir se estivesse em condições de pleno
emprego.

𝑢! − 𝑢!∗ = 𝛽! + 𝛽! 𝑦! − 𝑦!∗ + 𝜀! (2.2)

A taxa de desemprego natural foi definida por Friedman (1968) como:


“The ‘natural rate of unemployment’… is the level that would be ground out by the Walrasian
system of the general equilibrium equations, provided there is imbedded within them the actual structural
characteristics of the labor and commodities markets, including market imperfections, stochastic variability
in demands and supplies, the cost of gathering information about job vacancies and labor availabilities, the
costs of mobility, and so on.”
Ou seja, por pleno emprego entende-se que estamos perante um nível de
desemprego suficientemente baixo para produzir o máximo possível, sem que cause
inflação excessiva. No caso de estarmos perante uma elevada taxa de desemprego, é de
esperar que o produto real esteja a baixo do produto potencial. Uma taxa de desemprego
demasiado baixa está associada a um comportamento oposto.
Okun assumiu que o pleno emprego atingir-se-ia quando a taxa de desemprego
fosse de 4%.
Podemos associar dois tipos de desemprego ao pleno emprego: friccional e
estrutural.
O desemprego friccional está associado à rotação de trabalho. A qualquer
momento surgem novas oportunidades de trabalho e outras que acabam, isto faz com que
haja um fluxo de entradas e saídas dos trabalhadores no mercado de trabalho. O tempo que
um indivíduo demora a procurar um novo posto de trabalho e a respetiva transição faz
com que haja sempre trabalhadores no desemprego.
O desemprego estrutural tende a permanecer no longo-prazo e pode existir mesmo
com a economia em equilíbrio. Este, pode resultar da inadequação entre as exigências do
mercado de trabalho e as aptidões dos trabalhadores, nomeadamente a nível geográfico ou
no âmbito das tecnologias.

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2.1.3. Versão dinâmica

Okun constatou que, a taxa de crescimento pode afetar o atual nível de


desemprego, isto implica que, na equação das primeiras diferenças, algumas variáveis
independentes tenham sido omitidas. Baseado nesta constatação é geralmente usada a
versão dinâmica da lei de Okun.
Uma forma de representar esta versão é a seguinte:

∆𝑈! = 𝛽! + 𝛽! ∗ 𝑔! + 𝛽! ∗ 𝑔!!! + 𝛽! ∗ 𝑔!!! + 𝛽! ∗ ∆𝑈!!! + 𝛽! ∗ ∆𝑈!!! (2.3)

Onde ∆𝑈! representa a variação da taxa de desemprego e 𝑔! representa a taxa de


crescimento do output em termos reais. A equação inclui dois lags da taxa de crescimento
real do output e dois lags da variação da taxa de desemprego.
Apesar desta versão ter algumas semelhanças com a das primeiras diferenças,
distingue-se no facto de não captar apenas a correlação contemporânea entre as variações
da taxa de desemprego e a taxa de crescimento do produto real. A desvantagem da mesma
é que não tem a mesma interpretação simples que a versão original da lei de Okun.

2.1.4. A versão função-produção

A teoria económica sugere que a produção de bens e serviços de um determinado


país requer uma combinação de trabalho, capital e tecnologia. A taxa de desemprego é
apenas um fator na determinação da quantidade total de mão de obra, outros fatores são
usados, incluindo a população, a fração da população que está na força de trabalho e o
número de horas de trabalho. Estas componentes, juntamente com a tecnologia e capital,
ajuda os economistas a terem uma imagem mais completa do que afeta o output.
Podemos representar esta versão da seguinte forma:

𝑦! = 𝛼𝑙! + 1 − 𝛼 𝑘! + 𝑛! (2.4)

onde 𝑦! representa o produto, 𝑙! o fator trabalho, 𝑘! o stock de capital efetivamente


utilizado e 𝑛! o progresso técnico.

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A vantagem da versão função-produção é que tem uma estrutura teórica
subjacente, enquanto que as anteriores são mais empíricas. Mas também há inconvenientes,
uma vez que é difícil medir os inputs, tal como o capital e tecnologia.

2.1.5 Versões não Lineares da Lei de Okun

Ambas as variáveis, taxa de desemprego e output, são afetadas pelo ciclo económico.
Seria então de esperar que existisse uma relação simples entre elas. Contudo vamos ver que
nem sempre isto acontece. É evidente que um crescimento elevado do output vai levar a
uma diminuição do desemprego e, consequentemente, uma diminuição do output vai
conduzir a um aumento do desemprego, mas não apresentam uma relação sempre
proporcional.
Weber (1995), Knotek (2007), Lee (2000), Harris and Silverstone (2001)e outros
autores descobriram que a Lei de Okun não é uma relação linear. IMF (2010), Meyer,
Tasci, and Murat (2012) e Owyang and Sekhposyan (2012) foram um pouco mais além e
mostraram que o coeficiente da equação de Okun é sensível ao ciclo económico e altera-se
quando estamos em períodos de contração ou expansão, assim, o valor absoluto do
coeficiente é maior durante períodos de recessão e menor em períodos de expansão.
Silvapulle, Moosa, and Silvapulle (2004), defendem que existem dois argumentos para
explicar a razão pelo qual isto acontece. No primeiro referenciam que o desemprego
responde menos em períodos de contração, uma vez que existem mais restrições para
despedir trabalhadores. O segundo deve-se ao facto de os empregadores serem mais
pessimistas em períodos de recessão, o que leva a que tomem precauções mais rapidamente
do que num período de expansão. Consideram que o primeiro argumento é mais relevante
para os EUA, enquanto que o segundo se aplica mais no caso europeu.

2.2. Revisão de Literatura Empírica

No seu artigo original, Okun estimou uma equação com dados trimestrais do
período compreendido entre 1948 e 1960.

6
De acordo com esta estimativa, se o crescimento real do produto num determinado
trimestre for zero, está associado a um aumento na taxa de desemprego de 0.3 pontos
percentuais nesse trimestre. A taxa de crescimento do produto consistente com uma taxa
de desemprego estável foi estimada em cerca de 4%. Assim, uma taxa de crescimento mais
elevada do que esta originava uma diminuição da taxa de desemprego e, consequentemente,
uma taxa inferior refletia-se num aumento da taxa de desemprego. O valor do coeficiente
de Okun implicava que cada ponto percentual de crescimento do produto que estivesse
acima dos 4%, estava associado a uma queda na taxa de desemprego de 0.07%.

Heterogeneidade em função dos países

Uma questão interessante é saber como o coeficiente de Okun se comporta em


diferentes países. Neste assunto, a literatura não é consistente, a relação entre o output e a
taxa de desemprego não é a mesma de país para país, logo o coeficiente também não vai ser
igual.
Lee (2000) estudou a relação de Okun usando dados de 16 países da OCDE para o
período de 1955 a 1996 1 . São usados dois modelos para proceder à estimação do
coeficiente, o modelo gap e o modelo das primeiras diferenças. No modelo das primeiras
diferenças, as variáveis desemprego e output são expressas nas primeiras diferenças
(crescimento do PIB e variações na taxa de desemprego), enquanto que no modelo gap
estas estão representadas em termos de componentes cíclicas ou desvios da tendência de
longo prazo.
Assim, para o modelo das diferenças, a equação usada foi a seguinte:

∆𝑦! = 𝛽! − 𝛽! ∆𝑢! + 𝜀! , 𝑡 = 1, … , 𝑇, (2.5)

onde ∆ é um operador da diferença, 𝜀! representa uma variável aleatória de espectro


branco. O parâmetro 𝛽! é o termo de intercepção da média da taxa de crescimento e 𝛽!
representa o coeficiente de Okun.
No modelo gap, foi a expressão:

𝑦! − 𝑦!∗ = −𝛽! 𝑢! − 𝑢!∗ + 𝜀! (2.6)



1 Excepto para a Alemanha (1960-1996).
2 Excepto para a Alemanha, que foi no período de 1960 a 1989.

7
onde 𝑦!∗ representa o potencial ou a tendência do output, 𝑦! − 𝑦!∗ = 𝑦!! captura o nível
cíclico do output (output gap) e 𝑢!∗ corresponde à taxa natural de desemprego, ao qual
𝑢! − 𝑢!∗ = 𝑢!! refere-se à taxa de desemprego cíclica (unemployment gap). As variáveis 𝑦!∗ e 𝑢!∗
foram estimadas tendo em conta três métodos alternativos – filtro de Hodrick-Prescott
(HP), filtro Beveridge-Nelson (BN) e uma componente não observável estimada com o
filtro de Kalman. Ao contrário da equação das primeiras diferenças, esta requer informação
sobre a tendência do desemprego e do output, que são variáveis não observáveis.
Os resultados obtidos são compatíveis com a hipótese subjacente à Lei de Okun,
uma vez que os coeficientes estimados são estatisticamente significativos. Contudo, não são
tão robustos como os reportados originalmente por Okun. As estimativas quantitativas
diferem de país para país e com diferentes métodos.
Apesar da heterogeneidade ao longo dos países, estes revelaram uma evidência
forte da mudança estrutural da Lei de Okun. A maior parte assistiu a uma redução do
output, associada a um aumento do desemprego nas últimas décadas, ou seja, um aumento
do valor do coeficiente de Okun. Assiste-se a diferenças entre os dois modelos, quer no das
primeiras diferenças, quer no gap. Isto reflete essencialmente as dificuldades em distinguir
entre tendências de longo prazo e flutuações cíclicas na economia. Assim, segundo esta
perspetiva, inferências baseadas numa especificação de um modelo simples deve ser
interpretada com cuidado.
Uma outra constatação é a diferença entre os Estados Unidos e os países europeus.
Estes últimos apresentam um coeficiente bastante mais baixo, mas neste artigo não são
apresentadas razões diretas que o justifiquem, podendo-se apenas evidenciar a elevada
rigidez nos mercados de trabalho europeus.
Perman and Tavera (2005) analisaram se existia ou não convergência e/ou
homogeneidade do coeficiente da Lei de Okun condicionada pelos valores específicos das
taxas naturais das taxas de desemprego por país. Basearam-se em Hendry, Pagan, and
Sargan (1984), onde o modelo dinâmico usado foi o Autoregressive Distributed Lag (ADL),
com a técnica de Seemingly Unrelated Regressions (SUR). As estimativas da regressão linear do
coeficiente são obtidas estimando a seguinte equação:

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! !
𝑈!! = !
!!! 𝑎!,! 𝑌!!! + !
!!! 𝑎!,! 𝑈!!! + 𝑤! (2.7)

para cada país separadamente. São usados dados semestrais de 17 países europeus para um
período de 1970 a 2002 da base de dados da OCDE Economic Outlook. A tabela que se segue
mostra para cada país o coeficiente de Okun no curto e médio prazo e o valor médio
associado à estatística t.

Quadro 2. 1 Estimativas do coeficiente da Lei de Okun

País 𝑎!" 𝜏(𝑎!" ) 𝑎!" 𝜏(𝑎!" )

Áustria -0.061 -3.766 -0.099 -4.727


Bélgica -0.093 -7.106 -0.280 -12.890
Dinamarca -0.163 -6.705 -0.633 -13.253
Finlândia -0.218 -7.990 -0.672 -7.498
França -0.144 -2.925 -0.364 -11.261
Alemanha -0.009 -3.928 -0.159 -2.026
Grécia -0.023 -0.932 -0.081 -2.860
Irlanda -0.083 -2.436 -0.171 -3.519
Itália -0.108 -4.695 -0.630 -5.176
Luxemburgo -0.021 -2.313 -0.048 -2.551
Holanda -0.116 -5.595 -0.572 -13.905
Noruega -0.099 -5.408 -0.371 -35.689
Portugal -0.108 -2.802 -0.342 -13.020
Espanha -0.332 -2.470 -0.791 -8.018
Suécia -0.151 -6.569 -0.463 -31.406
Suíça -0.038 -4.613 -0.109 -4.833
Reino Unido -0.233 -6.117 -0.681 -12.953

Fonte: Perman and Tavera (2005) pp. 2506.

Verificamos que todos os valores do coeficiente são negativos, tanto a curto (CP)
como médio prazo (MP) e estatisticamente significativos para um nível de significância de

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5% (a exceção da Grécia). O coeficiente de Okun é menor no curto do que no médio
prazo.
Os resultados empíricos mostram que os países do Norte da Europa e os países
europeus com negociação salarial centralizada, demonstram a convergência das versões de
curto e médio prazo do coeficiente da Lei de Okun durante o período de dez anos
compreendido entre 1993 e 2002. Além disso, as velocidades de convergência estimadas
são semelhantes e bastante elevadas. Diferentes grupos de países exibem sistematicamente
divergências das estimativas do coeficiente de Okun, e a velocidade é maior no caso da
estimativa do coeficiente de médio prazo do que no caso da estimativa de curto prazo.
Esta evidência estatística a favor da convergência do coeficiente da Lei de Okun nos países
com elevado nível de centralização da negociação os salários: Áustria, Grécia, Dinamarca,
Bélgica, Luxemburgo e Noruega, pode ser considerada como o resultado das pressões para
a negociação salarial descentralizada que começou na década de 80 na Europa e ocorreu
predominantemente nesses mesmos países, aumentando assim a homogeneidade do
coeficiente das relações da lei de Okun nesses grupos de países.
Arshad (2007) estimou a Lei de Okun, no caso da Suécia, na sua versão gap. O
modelo foi dividido em duas partes. A primeira é uma estimação do modelo gap simples
que estabelece uma relação de curto prazo entre o PIB e o desemprego. Aqui são usadas as
técnicas do filtro de Hedrick-Prescot, como forma de extrair a componente cíclica. A
equação usada foi a seguinte:

𝑈! − 𝑈!∗ = 𝑏 𝑌! − 𝑌!∗ + 𝑒! (2.8)

Os resultados obtidos são de que, uma alteração de 1% na taxa de desemprego, leva a uma
alteração de 2.2% no PIB, na direção oposta.
A segunda, é o modelo de correção de erros (ECM), usando o método de Engle-
Granger de dois passos, para testar a relação entre o desemprego e o crescimento real do
output desde o primeiro trimestre de 1993 até ao segundo trimestre de 2009, na Suécia.
Assim, a regressão de longo prazo usada é a seguinte:

𝑌! = 𝛼! + 𝛼! 𝑈! + 𝛼! 𝑇 + 𝜀! (2.9)

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O coeficiente de Okun de longo prazo estimado foi de -0.66, o que prova também a
relação negativa entre o desemprego e o output. Estes resultados mostram que o PIB e o
desemprego são co-integrados a longo prazo, uma vez que os resíduos da variável de
regressão são estacionários. O estudo também analisa o coeficiente de curto prazo usando
o modelo de correção de erros (ECM) seguinte:


∆𝑌! = 𝛽! + 𝛽! ∆𝑈! + 𝛽! ∆𝜀!!! +𝜔 (2.10)

O modelo de ECM estimado mostra que o PIB e o desemprego têm uma relação
negativa e de curto prazo. Estima também o valor de -0.06% para os coeficientes de curto
prazo enquanto o termo de correção de erros é negativo e significativo. O termo de
perturbação sugere um processo de ajustamento rápido para o equilíbrio no trimestre atual,

o coeficiente do 𝜀!!! mostra que a percentagem do desequilíbrio do choque do trimestre
anterior se ajusta de novo ao equilíbrio de longo prazo no trimestre atual, que é muito alto.
Por outro lado, IMF (2010) e Cazes, Verick, and Hussami (2013) chegaram a
resultados similares, mas concluem que a legislação de proteção ao emprego, que mede os
custos envolvidos em despedir e contratar trabalhadores, tem um papel importante na
explicação dos diferentes coeficientes. A taxa de desemprego tem uma resposta menos
significativa em países com uma legislação de proteção ao emprego mais rígida, ou seja,
tendo em conta que os custos com despedimentos são maiores, os empregadores não
despedem com tanta facilidade.
Ball et al. (2014), constataram que o coeficiente varia substancialmente entre os
países e que esta variação é principalmente explicada por diferentes características dos
mercados de trabalho.

Não linearidade da Lei de Okun

Jardin and Srephan (2012), no seu artigo apresentaram evidência de uma relação
não linear da Lei de Okun para 16 países europeus. Os dados usados são trimestrais, desde
1984 até 2009.
Tal como Okun sugeriu no seu estudo original, aqui é usada a versão das primeiras
diferenças e a versão gap. A versão gap foca-se nos aspetos da atividade cíclica, enquanto
que a das primeiras diferenças, por natureza, engloba dimensões cíclicas e estruturais.

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A versão das primeiras diferenças usada foi a seguinte:

∆𝑈! = 𝛼 + 𝛾∆𝑦! + 𝜀! (2.11)

Onde ∆𝑈! e ∆𝑦! são alterações trimestrais da taxa de desemprego e logaritmo do PIB real,
𝛼 é um termo constante e 𝜀! é o termo de perturbação. O parâmetro 𝛾 captura o efeito do
PIB real de curto prazo no desemprego, ou seja, o coeficiente de Okun.
A versão gap da Lei de Okun é baseada na taxa de desemprego observada e natural
ou entre o output observado e o potencial. A especificação desta versão é dada pela
seguinte equação:

𝑈!! = 𝛼 + 𝛾𝑦!! + 𝜂! , (2.12)

𝑈!! = 𝑢! − 𝑢!! (1.13)

𝑦!! = 𝑦! − 𝑦!! (2.14)

Onde 𝑈! representa a taxa de desemprego observada, 𝑈!! a taxa de desemprego cíclica, 𝑈!!
a taxa natural de desemprego, 𝑦!! o logaritmo do output cíclico, 𝑦! o logaritmo do output
observado, 𝑦!! o logaritmo do output potencial, 𝛼 é uma constante, 𝜂! é o termo de
perturbação e 𝛾 o coeficiente de Okun.
Os resultados obtidos, segundo a versão das primeiras diferenças, é de que uma
diminuição de 1% no PIB real, está associada a um aumento de 0.11 pontos percentuais da
taxa de desemprego a curto prazo. Na versão gap, a diminuição de 1% no output cíclico,
está correlacionado com um aumento de 0.21 pontos percentuais no desempego cíclico.
Para o caso específico de Portugal, os autores estimaram as seguintes relações lineares:

∆𝑈! = 𝛼 − 0.147∆𝑦! + 𝜀! (2.15)

𝑈!! = 𝛼 − 0.255𝑦!! + 𝜂! (2.16)

12
Concluíram que uma variação de 1% no produto está associada a uma variação de 0.15
pontos percentuais na taxa de desemprego e que um desvio do produto cíclico de 1% está
associado a um desvio do desemprego cíclico de -0.26 pontos percentuais.

Estudos para o Caso Português

Barbosa et al. (1998) usaram dados trimestrais do primeiro trimestre de 1985 até ao
segundo trimestre de 1997 para estimar a seguinte relação para a economia portuguesa:

∆𝑈! = 0.00594 − 0.0374𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜!!! − 0.102𝑈!!! + 𝜀! (2.17)

Onde ∆𝑈! representa a variação da taxa de desemprego entre o período 𝑡 − 1 e 𝑡, 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜!


representa a componente cíclica do produto no período 𝑡, 𝑈! corresponde à taxa de
desemprego no período 𝑡 e 𝜀! representa o termo de perturbação aleatória.
O resultado encontrado sugere que um aumento de 1% na componente cíclica do
produto, corresponde a uma redução da taxa de desemprego em 0.04 pontos percentuais.
Andrade (2007) fez um estudo sobre a Lei de Okun em Portugal que consiste em
quantificar quanto tem que crescer a economia para que taxa de desemprego seja constante.
Realça duas dificuldades na estimação econométrica: a instabilidade temporal dos
coeficientes e a assimetria da relação nas contrações e nas expansões do produto. Usou
dados trimestrais para o logaritmo do produto (𝑦! ) e para a taxa de desemprego (𝑈! ) do
primeiro trimestre de 1977 ao terceiro trimestre de 2006. Foram estimados dois modelos:

Modelo A:
𝑑𝑈! = 0.00232 − 0.11263𝑑𝑦! − 0.16928𝑑𝑦!!! − 0.17902𝑑𝑦!!! + 0.11597𝑑𝑦!!! −
0.38971𝑑𝑈!!! + 0.20438𝑑𝑈!!! + 𝜀! (2.18)

Modelo B:
𝑑𝑈! = 0.00162 − 0.17519𝑑𝑦!!! − 0.20362𝑑𝑦!!! + 0.14161𝑑𝑦!!! −
0.35408𝑑𝑈!!! + 0.232205𝑑𝑈!!! + 𝜀! (2.19)

13
Onde 𝑑𝑈! representa a variação da taxa de desemprego entre o período 𝑡 − 1 e o período
𝑡, 𝑑𝑦! representa a variação da taxa de crescimento entre o período 𝑡 − 1 e o período 𝑡 e
𝜀! o termo de perturbação aleatória.
O modelo A capta o efeito das variações contemporâneas do produto, enquanto
que o modelo B oferece evidência de que o aumento da taxa de desemprego no trimestre
corrente é mais sensível a reduções do produto verificadas nos dois trimestres anteriores. O
resultado encontrado sugere que um aumento de 1% no produto de cada um dos
trimestres anteriores gera uma redução da taxa de desemprego do trimestre corrente de
0.38 pontos percentuais. Respondendo agora à questão inicial, após proceder à estimação
das relações de longo prazo entre o produto e a taxa de desemprego associadas aos
modelos A e B, chegou-se à conclusão que o produto deve crescer 2.761% ao ano (modelo
A) ou 2.751% ao ano (modelo B) para que a taxa de desemprego permaneça constante.
Centeno, Maria, and Álvaro (2009) usaram dados trimestrais compreendidos entre
o primeiro trimestre de 1984 e o quarto trimestre de 2009 para estimarem a seguinte
equação para a economia portuguesa:

(𝑦 − 𝑦)! = −1.3460 𝑈 − 𝑈 !
+ 𝜐! (2.20)

Onde (𝑦 − 𝑦)! representa o desvio do produto, definido como a diferença entre o


logaritmo do produto efetivo e o logaritmo do produto potencial, 𝑈 − 𝑈 !
representa o
desvio do desemprego, definido como a diferença entre a taxa de desemprego efetiva e a
taxa de desemprego natural e 𝜐! representa o termo de perturbação aleatória.
O resultado encontrado sugere que um aumento de um ponto percentual na taxa
de desemprego está associado a uma diminuição de 1.35% no produto.
O desemprego responde mais fortemente ao output quando a economia está em
contração do que em expansão, isto porque as empresas reagem mais rapidamente no
despedimento de trabalhadores.
Palma (2014) fez um estudo da Lei de Okun para Portugal. Os dados utilizados
foram, para o output, da base de dados da OCDE e para a taxa de desemprego da AMECO,
ambos trimestrais (1999T1-2013T2) e anuais (1974-2012), ajustados sazonalmente. Tal
como sugerido pela literatura e, tendo em conta que ambos não são estacionários, foram
usadas as primeiras diferenças das séries, sendo 𝑔 o crescimento do PIB real e Δ𝑢

14
alterações na taxa de desemprego. Numa segunda fase, foi usado como indicador do
crescimento do PIB, o Índice de Confidência do Consumidor (ICC). Os dados são
trimestrais, obtidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), para o mesmo período, e
medem o quão pessimista ou otimista a população espera que seja a situação económica no
futuro.
Foram usados três modelos, o modelo estático, dinâmico e VAR. O primeiro
modelo capta a correlação contemporânea entre variações no desemprego (∆𝑢) e a taxa de
crescimento real do output (𝑔), ou seja, como o desemprego reage quando há uma
alteração do crescimento real. A equação estimada foi a seguinte:

∆𝑢! = 𝛼 + 𝛽𝑔! + 𝛿𝐷!!""#!! + 𝜀! (2.21)

O coeficiente 𝛼 é uma constante e pode ser interpretado como uma mudança na taxa de
desemprego quando o crescimento é nulo. O parâmetro 𝛽 é o chamado coeficiente de
Okun, capturando a relação negativa entre o desemprego e o crescimento do PIB. 𝛿 é o
coeficiente de uma variável dummy, 𝐷!!""#!! , que representa uma quebra de estrutura que
ocorre no primeiro trimestre de 2009 e 𝜀 é o termo de perturbação. O modelo dinâmico,
analisa o impacto do crescimento do PIB do período anterior na taxa de desemprego atual.
Um dos argumentos a favor desta ideia é o “jobless recovery”, ou seja, após uma recessão, a
recuperação do emprego atrasa a recuperação da produção e portanto, tanto o emprego
como o desemprego não dependerão apenas da produção corrente, mas também dos
valores de produção passados. Além disso, apesar deste raciocínio, uma vez que o ponto
aqui é encontrar o melhor modelo possível, é interessante e sustentável analisar como o
desemprego reage à produção ao longo do tempo. Em linha com esta ideia, o segundo
modelo aplicado será um modelo Polynomial Distributed Lag (PDL), introduzido por Almon
(1965):

∆𝑢! = 𝛼 + !
!∗! 𝛾! 𝑔!!! + 𝛿𝐷!!""#!! + 𝜀! (2.22)

O último modelo é um modelo VAR multivariável. Nesse tipo de abordagem, ambas as


variáveis são tratadas simetricamente e são expressas por uma equação que explica a sua

15
evolução através de desfasamentos de outras variáveis e o seu próprio passado. Um
modelo VAR de ordem um pode ser escrito em formato de matriz como:

∆!! !! 𝛽!! 𝛽!" ∆!!!! !!!


= + + (2.23)
!! !! 𝛽!" 𝛽!! !!!! !!!

Onde os 𝛼’s e 𝛽’s são coeficientes a estimar, ∆𝑢 e 𝑔 são variáveis e os 𝜀’s são termos de
perturbação aleatória. O número de desfasamentos utilizadas foi decidido levando-se em
consideração o critério de número de lags, os quais apontavam para zero ou um. Como o
objetivo aqui é analisar a dinâmica entre variáveis ao longo do tempo e seu poder de
previsão, decidiu-se usar um VAR de ordem um. A principal vantagem do uso deste
modelo é a capacidade de analisar os efeitos das variáveis entre si ao longo do tempo, sem
definir a priori as relações de causalidade.
Conclui-se que a relação entre variações do desemprego e do crescimento do PIB
não é estável, o que vai de encontro com a maior parte da literatura. Assim, o coeficiente,
não só tem crescido, como tende a ser cada vez maior em períodos em que se assiste a uma
desaceleração da economia, por outras palavras, as variáveis são mais fortemente
correlacionadas em períodos de recessão do que de expansão. Uma possível explicação
para este facto pode ser esclarecida pela teoria económica de rigidez salarial, onde os
ajustamentos são feitos através de declínios no emprego, isto porque a rigidez dos salários é
baixa. Além disso, aumentos na taxa de desemprego ainda assistimos a um crescimento do
PIB, indicando que a estrutura do desemprego está sempre presente, existindo portanto
uma menor correlação entre as variáveis.

Estudos relacionados com histerese

Sogner and Stiassny (2010) fizeram um estudo da lei de Okun para 15 países da
OCDE, no período de 1960 a 19992, tendo como base de dados a OCDE Economic Outlook.
O objetivo era verificar se existiam diferenças significativas entre os países estudados e
possíveis causas. Num segundo passo, é examinada a estabilidade da lei de Okun. Esta
segunda questão também é importante, uma vez que, uma análise da estabilidade, permite-


2 Excepto para a Alemanha, que foi no período de 1960 a 1989.

16
nos perceber indiretamente se os choques externos resultam, ou não, num nível de
desemprego inconstante.
Este artigo usa métodos Bayesianos para verificar alterações discretas na relação de
Okun (quebras estruturais) e filtro de Kalman para verificar mudanças contínuas. Além
disso, os dados relativos à força de trabalho e ao emprego são utilizados para investigar se
as diferenças entre países e as alterações na lei de Okun são baseados em efeitos na procura
ou na oferta. O último passo relaciona os resultados da estimativa com a política de
acumulação de mão-de-obra e com a persistência da taxa de desemprego (efeito de
histerese) utilizando o índice de proteção ao emprego da OCDE e as autocorrelações de
primeira ordem nas taxas de desemprego.
A competição internacional, proteções menos rígidas do emprego e, geralmente,
redução dos custos, levou a que as empresas reduzissem a mão-de-obra. No entanto,
existem alguns países em que os efeitos mais fortes das variações do PIB sobre o
desemprego são parcialmente afetados pelo aumento da elasticidade da mão-de-obra (por
exemplo, na Áustria, no Japão, na Noruega e na Suécia). Isso resulta apenas em declínios
moderados nos coeficientes de Okun. No entanto, na Alemanha, Suíça e França, a
diminuição do coeficiente parece ser reforçada por uma diminuição da elasticidade da força
de trabalho. Em resumo, para a maioria dos países, tal como era esperado pelos
economistas, verificou-se uma diminuição do coeficiente de Okun ao longo do tempo.
Este facto deve-se a que, atualmente, as pessoas são confrontadas com fortes efeitos no
desemprego por variações no PIB.
Dogru (2013), determinou o valor do coeficiente de Okun, usando o método de
correção de erros em painel para o período de 2000 a 2012 nos países da Zona Euro.
Para este efeito, inicialmente, foi analisada a existência da histerese na taxa de
desemprego na Zona Euro utilizando testes de raiz unitária em painel. Posteriormente,
estabeleceram um modelo de correção de erros vetoriais (VECM) para identificar a relação
de curto e longo prazo, entre o output e o desemprego, tendo em conta a Lei de Okun. O
modelo VEC utilizado com duas variáveis e dois lags é o seguinte:

! !
∆𝑔! = !!! 𝛼!! ∆𝑔!!! + !!! 𝛽!! ∆𝑢𝑛!!! + 𝜙!! 𝜀!!!! + 𝜀!! (2.24)

! !
∆𝑢𝑛! = !!! 𝛼!! ∆𝑢𝑛!!! + !!! 𝛽!! ∆𝑔!!! + 𝜙!" 𝜀!!!! + 𝜀!! (2.25)

17
Onde 𝑡 representa os anos, ∆𝑔! o logaritmo do output real nas primeiras diferenças, ∆𝑢𝑛! o
logaritmo da taxa de desemprego nas primeiras diferenças e 𝜀!!!! = 𝑔!!! − 𝛾! − 𝜑! 𝑢𝑛! é
o lag de um ano dos “desequilíbrios residuais”.
De acordo com os resultados empíricos dos testes de raízes unitárias, existe
histerese da taxa de desemprego para todos os países da Zona Euro, e o efeito de longo
prazo do modelo VECM, indica que existe uma relação de equilíbrio entre as variáveis a
longo prazo, neste caso o coeficiente estimado foi de -0,60 para os países da área euro. Não
foi possível encontrar nenhuma evidência que sugira que, no curto prazo, o desemprego
pode ser reduzido pelo crescimento económico.
No quadro 2.2 pode encontrar-se um resumo dos estudos referidos anteriormente,
que contem o autor, o ano, a amostra, o/s modelos/s estudados e uma breve conclusão.
Não estão incluídos pequenas estudos referidos que não descrevam o procedimento usado
para a obtenção das conclusões.

18
Quadro 2. 2 Síntese dos contributos empíricos para a Lei de Okun

Amostra Modelo Conclusões


O resultado encontrado sugere que a taxa de crescimento do produto
Okun 1948T2- 𝑌 ! = 𝑌[1 + 0.032 ∗ 𝑈 − 𝑈 ∗ ]
consistente com uma taxa de desemprego estável foi um pouco mais de
(1960) 1960T4
4%.
Barbosa et 1985T1- O resultado encontrado sugere que o um aumento de 1% na componente
al. 1997T2 ∆𝑈! = 0.00594 − 0.0374𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜!!! − 0.102𝑈!!! + 𝜀! cíclica do produto, corresponde a uma redução da taxa de desemprego
(1998) (Portugal) em 0.04 pontos percentuais.
Os resultados obtidos vão de encontro com a Lei de Okun, no sentido da
1960-1996
Lee ∆𝑦! = 𝛽! − 𝛽! ∆𝑢! + 𝜀! , 𝑡 = 1, … , 𝑇, significância estatística dos parâmetros estimados. Contudo, não são tão
(16 países da
(2000) 𝑦! − 𝑦!∗ = −𝛽! 𝑢! − 𝑢!∗ + 𝜀! robustos como os reportados originalmente por Okun. As estimativas
OCDE)
quantitativas diferem de país para país e com diferentes métodos.
𝑈! − 𝑈!∗ = 𝑏 𝑌! − 𝑌!∗ + 𝑒! Uma alteração de 1% na taxa de desemprego, leva a uma alteração de
Arshad 1993-2009 2.2% no PIB, na direção oposta.
(2007) (Suécia) O coeficiente de Okun de longo prazo encontrado foi de -0.66, o que
𝑌! = 𝛼! + 𝛼! 𝑈! + 𝛼! 𝑇 + 𝜀!
prova também a relação negativa entre o desemprego e o output.

1977T1- 𝑑𝑈! = 0.00232 − 0.11263𝑑𝑦! − 0.16928𝑑𝑦!!!


Andrade Concluiu que o produto deve crescer 2.761% ao ano para que a taxa de
2006T3 − 0.17902𝑑𝑦!!! + 0.11597𝑑𝑦!!!
(2007) desemprego permaneça constante.
(Portugal) − 0.38971𝑑𝑈!!! + 0.20438𝑑𝑈!!! + 𝜀!

19
𝑑𝑈! = 0.00162 − 0.17519𝑑𝑦!!! − 0.20362𝑑𝑦!!! Concluiu que o produto deve crescer 2.751% ao ano para que a taxa de
+ 0.14161𝑑𝑦!!! − 0.35408𝑑𝑈!!! desemprego permaneça constante.

Centeno,
O resultado encontrado sugere que um aumento de um ponto percentual
Maria e 1984T1-
(𝑦 − 𝑦)! = −1.3460 𝑈 − 𝑈 !
+ 𝜐! na taxa de desemprego está associado a uma diminuição de 1.35% no
Álvaro) 2011T4
produto.
(2009)
Os resultados obtidos, sugerem que uma diminuição de 1% no PIB real,
Jardin e 1984-2009 ∆𝑢! = 𝛼 + 𝛾∆𝑦! + 𝜀! está associada a um aumento de 0.11 ponto percentuais da taxa de
Srephan (16 países desemprego no curto prazo.
(2012) europeus) Na versão gap, a diminuição de 1% no output cíclico, está correlacionado
𝑢!! = 𝛼 + 𝛾𝑦!! + 𝜂!
com um aumento de 0.21 pontos percentuais no desempego cíclico.
! !

2000-2012 ∆𝑔! = 𝛼!! ∆𝑔!!! + 𝛽!! ∆𝑢𝑛!!! + 𝜙!! 𝜀!!!! + 𝜀!! Os resultados sugerem que existe histerese no desemprego para todos os
Dogru !!! !!!
(países da zona países da zona euro e o coeficiente estimado foi de -0,60 para os países da
(2013) ! !
euro) ∆𝑢𝑛! = 𝛼!! ∆𝑢𝑛!!! + 𝛽!! ∆𝑔!!! + 𝜙!" 𝜀!!!! + 𝜀!! área euro.
!!! !!!

1999T1- ∆𝑢! = 𝛼 + 𝛽𝑔! + 𝛿𝐷!


!""#!!
+ 𝜀! Conclui-se que a relação entre variações do desemprego e do crescimento
2013T2 ! do PIB não é estável, o que vai de encontro com a maior parte da
Palma !""#!!
∆𝑢! = 𝛼 + 𝛾! 𝑔!!! + 𝛿𝐷! + 𝜀!
1974-2012 - !∗! literatura. Assim, o coeficiente não só tem crescido, como tende a ser
(2014)
dados anuais ∆𝑢! 𝛼! 𝛽 𝛽!" ∆𝑢!!! 𝜀!! cada vez maior em períodos em que se assiste a uma da desaceleração da
= + !! +
(Portugal) 𝑔! 𝛼! 𝛽!" 𝛽!! 𝑔!!! 𝜀!! economia.

20
Capítulo 3. A Hipótese da Existência de Histerese na Dinâmica da
Taxa de Desemprego

3.1. Conceito

O termo histerese, que deriva do grego antigo, ὑστέρησις, significa “chegar tarde”,
foi usado pela primeira vez por James Ewing, um físico do século dezanove, para descrever
o efeito de uma força magnética num íman. Após esta força ter sido aplicada, uma vez
removida, os seus efeitos não eram imediatamente eliminados, ou seja, o íman continuava
com esse efeito magnético nos momentos seguintes (Schorderet, 2001).
O reconhecimento entre o comportamento de algumas variáveis económicas e
alguns fenómenos físicos, trás para a economia os modelos de histerese, como
originalmente explícito na física.
No contexto da taxa de desemprego, este conceito foi usado pela primeira vez por
Edmund Phelps. Embora inicialmente tenha defendido a ideia de que a taxa de
desemprego de equilíbrio é a longo prazo independente da política monetária, acabou por
reconhecer que a taxa de desemprego de equilíbrio poderia depender da taxa de
desemprego atual em vez de ser estável ao longo do tempo (Phelps, 1972). Edmund Phelps
sugeriu que a taxa natural de desemprego podia seguir a mesma dinâmica mencionada por
Edwing, ou seja, efeitos/choques transitórios podem ter um efeito permanente sobre a taxa
de desemprego. Esta teoria ficou mais conhecida com o artigo científico de Blanchard and
Summers (1986).
Assim, um sistema dinâmico pode ser considerado histerético quando as trajetórias
das suas variáveis apresentam uma dependência temporal, ou seja, para analisarmos uma
certa variável, temos sempre que ter em conta o seu histórico.
Um sistema input - output com histerese tem três características básicas: a não
linearidade, remanência e memória seletiva.
Relativamente à não linearidade, não podemos assumir que o desemprego responde
linearmente a choques positivos ou negativos. A discrepância entre os valores que se
deveriam observar e os que realmente as variáveis apresentam, depende não só das
flutuações económicas atuais, como também do histórico do sistema económico. Tal como

21
Oi (1962) argumentou, o trabalho é um fator quase fixo, uma vez que há vários custos
associados tanto com o despedimento como com a formação de um trabalhador. Assim,
com uma melhoria na situação económica, é normal os empregadores esperarem algum
tempo até contratarem mais funcionários de forma a garantirem que estes sejam mesmo
necessários e, no caso de um declínio temporário na procura, tentam manter os seus
funcionários chave de modo a garantirem que estes não vão para empresas concorrentes e,
posteriormente, terem de voltar a formar trabalhadores. Uma outra razão para a não
linearidade da Lei de Okun ocorre durante as recessões, uma vez que parte da população
ativa desempregada deixa de procurar emprego, desistindo assim de pertencerem à
população de trabalhadores. Isso implica que as reações do desemprego aos choques
positivos sejam assimétricas (Lang & Peretti, 2009).
Por remanência entende-se que, a aplicação de dois choques sucessivos da mesma
magnitude, mas de sentidos opostos, não trás o sistema de volta à sua posição inicial (Lang
& Peretti, 2009).
Por ultimo, memória seletiva significa que nem todos os choques afetam o sistema
com o mesmo peso. Apenas os choques não dominados, ou seja, os que apresentam
valores extremos da variável e não voltam a ser ultrapassados, permanecem no seu banco
de memória, apresentando assim efeitos permanentes (Krasnosel'skii & Pokrovskii, 1989).

3.2. Contexto Histórico da Aplicação da Histerese à Dinâmica da


Taxa de Desemprego

Nos anos oitenta, o desemprego na Europa apresentava valores bastante elevados.


Assistiu-se a pequenos declínios nos anos seguintes, mas nunca de volta aos valores
apresentados antes da década de 70. Foi então nesta altura que o termo histerese revelou
importância no domínio da economia.
A Europa estava perante políticas restritivas do lado a procura, resultantes da
sequência dos choques petrolíferos. Mas, na medida em que choques na procura não
afetam o equilíbrio ou a taxa natural de desemprego, seria de esperar que uma elevada taxa
de desemprego estaria associada a uma diminuição da taxa de inflação. No entanto, o
esperado não estava a acontecer, não estávamos perante uma deflação e ainda assim as
taxas de desemprego estavam a aumentar (Blanchard & Summers, 1986).

22
Recentemente, o termo histerese voltou a relevar importância, com o intuito de
explicar uma certa persistência dos efeitos negativos causados pela crise financeira que teve
início em Agosto de 2007 nos Estados Unidos.

Figura 3. 1 Taxa de Desemprego em Portugal

18.0
16.0
14.0
12.0
10.0
8.0
6.0
4.0
2.0
0.0

Devido à elevada importância desta questão, surgiram vários artigos com o objetivo
de avaliar a sua relevância empírica. A abordagem sugerida por Gordon (1989) resulta
diretamente da teoria exposta por Phelps. Algumas curvas de Phillips são estimadas numa
tentativa de mostrar que a taxa natural é uma função da taxa de desemprego passada. Com
base no mecanismo de depreciação do capital humano, alguns autores demonstram que os
desvios da curva de Beveridge (que relaciona o desemprego com a taxa de vagas), podem
estar relacionados com o desemprego de longa duração (Budd, Levine, & Smith, 1987). De
forma semelhante, as curvas de Beveridge têm sido exploradas, no sentido de se testar se
em períodos de elevado desemprego, estas se apresentam fora da sua localização habitual.
Além disso, a teoria da histerese tem sido sugerida para explicar o facto do desemprego
parecer que se comporta como um processo de raiz unitária (Elmeskov & MacFarlan,
1993; Mitchell, 1993). Por fim, alguns estudos discutem a hipótese de histerese no contexto
de diferentes representações não lineares, tais como modelos autorregressivos lineares (Peel
& Speight, 1995) e formulações assimétricas do modelo ARMA (Brannas & Ohlsson,
1995).

23
3.3. Fundamentos Económicos da Existência de Histerese na
Dinâmica do Emprego/Taxa de Desemprego

3.3.1. Fatores do Lado da Procura de Trabalho

Canais microeconómicos para a existência de histerese

Segundo Dosi, Pereira, Roventini, and Virgillito (2017), um dos canais


microeconómicos que pode levar à histerese é a baixa taxa de inovação associada a uma
diminuição da procura agregada, o que leva a um declínio do crescimento da produtividade.
Baixas taxas de inovação, difusão e investimento explicam grande parte da desaceleração da
produtividade. Por sua vez, é fundamental perceber que tais mudanças podem ter um
impacto a longo prazo, que são os efeitos histeréticos, sobre a futura dinâmica de
produtividade, produto e emprego. Juntamente com uma baixa taxa de inovação, um
processo de destruição da capacidade produtiva instalada ocorre após 2008.
Outro canal microeconómico relaciona-se com a descida da taxa de criação de
novas empresas. É normal que haja uma taxa média de criação de novas empresas,
contudo, num cenário de recessão é espectável que este valor diminua. Este facto terá
repercussões permanentes, uma vez que estas mesmas não voltarão a ser criadas. Uma
explicação para este fenómeno pode ser a restrição ao crédito. Por outro lado, períodos de
fácil acesso a crédito, podem induzir a um aumento da criação de novas empresas. Assim, a
dinâmica de criação afetada pelo crédito e outras condições, parece ser uma fonte
potencialmente relevante para a histerese. Desde 2006 que o número de novas empresas
tem vindo a diminuir, um fenómeno que tem sido generalizado em todos os setores. Isto
foi acompanhado de taxas de falência constantes, o que diminui oportunidades de trabalho.

Custos de ajustamento fixos/variáveis

Existem custos de ajustamento associados ao facto de despedir ou contratar


trabalhadores, custos estes que podem ser fixos ou variáveis. Este facto tem impacto no

24
ajustamento do número de trabalhadores por partes das empresas face a choques da
procura.
Os custos de ajustamento são fixos, caso não se alterem face ao número de
trabalhadores a contratar/despedir. Podemos incluir aqui os custos de manutenção do
departamento de recursos humanos; custos com publicidade; custos com a formação, que
não depende do número de trabalhadores; quebra na produção, causada por possíveis
dificuldades na integração dos novos trabalhadores na rotina da empresa e uma diminuição
da produtividade causada por uma diminuição da moral dos trabalhadores após um
período de despedimentos (Hamermesh, 1993).
Os custos de ajustamento variáveis são todos os custos de ajustamento que variam
com o número de trabalhadores despedidos ou contratados. Incluem-se aqui os custos de
contratação, como entrevistas e seleção de candidatos para as vagas existentes; custos de
formação com o objetivo de aumentar a produtividade dos novos trabalhadores e custos de
despedimentos, como por exemplo, indeminizações. Os custos de ajustamento variáveis
podem ser lineares, se os custos de ajustamento por trabalhador forem invariáveis
relativamente à dimensão das alterações do emprego ou quadráticos se os custos de
ajustamento por trabalhador forem crescentes na dimensão da alteração do emprego (Mota
& Vasconcelos, 2012).
Os custos de ajustamento, independentemente da sua estrutura, são uma possível
fonte de fixação da mão de obra, o que faz com que as empresas ajustem lentamente o
nível de emprego como resposta aos choques.
Se os custo de ajustamento forem não convexos, isto é, lineares ou fixos, o nível de
emprego não se altera em resposta a pequenos choques macroeconómicos, mas é ajustado
para o seu nível de equilíbrio caso o choque seja grande o suficiente ou após uma série de
pequenos choques. Assim, a dinâmica do desemprego é caracterizada por longos períodos
de inação, seguidos de períodos de grandes ajustes, sendo estes último menos frequentes.
Uma vasta literatura, teórica e empírica, mostra que, quando as decisões são
tomadas num contexto de incerteza, e quando existem custos de ajustamento fixos ou
lineares, ocorrem períodos de inércia no ajustamento do nível de emprego por parte das
empresas, o que é suficiente para causar histerese. A escolha do nível atual de emprego de
uma empresa é feita através da comparação entre os custos de ajustamento do emprego em
cada período e o valor atual do lucro adicional induzido pelo seu ajustamento para o novo
nível de equilíbrio. Assim, uma empresa só ajusta o volume de emprego caso os custos da

25
alteração sejam menores do que o lucro adicional obtido pelo ajustamento, obtendo-se
então um novo nível de emprego de equilíbrio. Isto resulta num adiamento das decisões de
investimento e recrutamento (Bertola & Caballero, 1990).
Hamermesh (1988), descreve que a tomada a decisão das empresas em contratar
novos funcionários pode ser caracterizada através do seguinte modelo:


𝑛!,! = 𝑛!,!!! + 𝜇1!,! ← 𝑛!,! − 𝑛!,!!! < 𝑘!
𝑛!,! = ∗ ∗ (3.1)
𝑛!,! = 𝑛!,! + 𝜇2!,! ← |𝑛!,! − 𝑛!,!!! | ≥ 𝑘!


em que 𝑛!,! é o nível desejado de emprego 𝑗 no período 𝑡, 𝑛!,! , é o nível atual de emprego,
e 𝑘! é a percentagem de desvio do nível de emprego no período anterior em relação ao
nível desejado que é necessária para mais do que compensar os custos não convexos de
ajustamento. 𝜇1!,! e 𝜇2!,! , são termos de perturbação, com 𝐸(𝜇1!,! , 𝜇2!,! ) = 0.
Espera-se que um aumento no nível da procura do produto resulte num aumento
do emprego. Contudo, o nível atual de emprego escolhido pela empresa depende da
comparação entre os custos fixos de ajustamento num certo período e o valor do lucro
adicional resultante desse mesmo ajustamento, que leva a um novo nível de equilíbrio.
Assim, se a procura da empresa 𝑗 começa a aumentar, esta só irá contratar mais

trabalhadores se |𝑛!,! − 𝑛!,!!! | ≥ 𝑘! . Com uma posterior diminuição do nível da procura,

o nível de emprego mantem-se inalterado e só irá modificar quando |𝑛!,! − 𝑛!,!!! | ≤ 𝑘! .
Uma vez que o nível de emprego não é imediatamente ajustado como forma de
resposta a qualquer variação da procura agregada, é necessário que seja atingido
determinado valor para que se justifiquem essas mesmas alterações.
Tal como já foi referido, a relação entre o output e a taxa de desemprego é negativa,
assim, quando o output gap começa a aumentar, o desemprego começa a diminuir, mas
inicialmente, como existem custos de ajustamento das empresas, a diminuição é limitada. A
partir de uma certa altura, esses custos de ajustamento são mais do que compensados pelo
aumento da procura, este facto está a ser captado pelo output gap, assim, o ajustamento por
parte das empresas começa a ser maior. Se entretanto o choque positivo reverter, nesse
mesmo momento o output gap começa a diminuir, mas, como há custos associados ao
despedimento de trabalhadores, as empresas não o fazem imediatamente. Assim, associado
ao mesmo valor do output podemos ter mais do que um nível de emprego.

26
Teoria Insiders-Outsiders

Esta teoria assume que os trabalhadores incumbentes protegidos por custos de


turnover, os insiders, estabelecem os salários de forma a manterem o seu próprio emprego,
em vez de se preocuparem com os desempregados, os outsiders. Uma das implicações
resultantes deste fenómeno é que, não havendo choques, qualquer nível de emprego dos
insiders é um nível de equilíbrio.
Após um choque adverso, por exemplo, que reduza o emprego, alguns
trabalhadores perdem a sua posição de insiders, e o novo grupo que ocupa este papel
determina o salário de modo a manter o novo nível de emprego. O emprego e o
desemprego não mostram uma tendência em voltarem aos seus valores iniciais após um
choque.

Teoria da Depreciação do Capital Físico

Na sequência de uma recessão da economia, parte do capital físico pode perder a


sua capacidade produtiva. Isto porque após um choque negativo, a taxa de utilização do
capital físico baixa, ou seja, há menos produção, o capital físico é utilizado menos
intensivamente ou pode mesmo ser abandonado, eventualmente as oportunidade para
manutenção desse capital físico baixam, ou seja, ele torna-se de certa forma, parcialmente
obsoleto.
Quando a economia recupera, a empresa continua a ter o material , mas ele já não é
tão produtivo. Este facto leva a que, por vezes, o nível de emprego possa ser rígido, uma
vez que podem não ser contratados de imediato novos trabalhadores que seriam
necessários para dar resposta às necessidades da empresa.

3.3.2. Fatores do Lado da Oferta de Trabalho

Teoria de Depreciação do capital Humano

Se a economia entra numa fase de recessão mais longa, as empresas tendem a


despedir trabalhadores. A capacidade em contratar por parte das empresas diminui de tal

27
forma que o desemprego temporário e cíclico inicial pode tornar-se em desemprego de
longa duração. Os trabalhadores que estão desempregados perdem a oportunidade de
manter e desenvolver as suas qualidades, o que não aconteceria se estivessem a trabalhar,
uma vez que perdem o contacto com as novas práticas e técnicas que as empresas
introduzem. O desemprego de longa duração, por exemplo, conduz a um enfraquecimento
das capacidades produtivas dos trabalhadores e até à perda de hábitos de trabalho. De
forma mais geral, se por motivos de incentivo ou de capital humano, os empregadores
preferirem empregados para um maior horizonte temporal, pode tornar-se mais
complicado para trabalhadores de meia idade encontrarem novos empregos. Num
ambiente de desemprego elevado, pode ser difícil até para os trabalhadores com
competências e de confiança mostrarem as suas qualidades, assegurando o seu emprego ou
tentando ser promovidos. À medida que a economia recupera e os trabalhadores voltam a
ser novamente contratados, a produtividade destes é menor do que a dos trabalhadores que
permaneceram no ativo, o que reduz a produtividade geral (Dosi et al., 2017).

28
Capítulo 4. Metodologia

4.1. Modelo

4.1.1 Versões Tradicionais da Lei de Okun

De acordo com a literatura, começamos por estimar por OLS três modelos
correspondentes às versões tradicionais da Lei de Okun.

O primeiro modelo estimado (modelo I) é a versão das diferenças da Lei de Okun:

𝑢! = 𝐵! + 𝐵! 𝑌! + 𝜀! (4.1)

em que 𝑢! é a variação da taxa de desemprego no período 𝑡, 𝑌! a taxa de crescimento do


output em termos reais, e 𝜀! um termo de perturbação aleatória de espetro branco.

O segundo modelo estimado (modelo II) é a versão gap da Lei de Okun:

(𝑈! − 𝑈!∗ ) = 𝐵! + 𝐵! (𝑌! − 𝑌!∗ ) + 𝜀! (4.2)

em que 𝑈! é a taxa de desemprego, 𝑈!∗ a taxa de desemprego de equilíbrio calculada com


recurso ao filtro Hodrick-Prescott (HP), 𝑌! é o output (em logaritmos), 𝑌!∗ o output potencial
calculado também na base da aplicação do filtro HP, e 𝜀! um termo de perturbação
aleatória de espetro branco.

O terceiro modelo estimado (modelo III) é a versão dinâmica da Lei de Okun:

𝑢! = 𝐵! + 𝐵! 𝑌! + 𝐵! 𝑌!!! + 𝐵! 𝑌!!! + 𝐵! 𝑢!!! + 𝐵! 𝑢!!! + 𝜀! (4.3)

Posteriormente, para verificar a estabilidade dos coeficientes estimados, re-


estimamos os modelos tendo em conta a possibilidade de existência de uma quebra de

29
estrutura (modelo IV). A quebra de estrutura é introduzida de forma ad hoc, para distinguir
os períodos anteriores e posteriores à falência do banco de investimento Lehman
Brothers,3 através de uma variável dummy aditiva e multiplicativa, 𝑑! :

1 𝑠𝑒 𝑡 > 2008: 2
𝑑! = (4.4)
0 𝑠𝑒 𝑡 ≤ 2008: 2

Para analisar a possibilidade da existência de uma resposta assimétrica do


desemprego a variações do output nos períodos de expansão e nos períodos de recessão,
estimamos o modelo com uma variável dummy aditiva e multiplicativa, 𝑐! , que capta o efeito
do ciclo (modelo V):

1 𝑠𝑒 (𝑌! − 𝑌!∗ > 0


𝑐! = (4.5)
0 𝑠𝑒 (𝑌! − 𝑌!∗ ≤ 0

4.1.2 Versão da Lei de Okun com Histerese

No trabalho empírico usamos o modelo de histerese conhecido como linear play”4 e


partimos da equação tradicional de Okun estimada que tem associada um valor do R2 mais
elevado (ou seja a versão gap) (ver quadro 4.4).
O modelo linear play carateriza-se por segmentos reversíveis horizontais (ou com
declive relativamente pouco acentuado) com o mesmo comprimento (play line) e segmentos
delimitadores ascendentes e descendentes de maior declive, (spurt line) que originam a
formação loops na dinâmica da variável dependente (o unemployment gap neste caso) no
sentido dos ponteiros do relógio na sequência de variações transitórias da variável
independente (o output gap neste caso) – ver Figura 4.1.
Conforme se pode verificar na Figura 4.1, o declive de um segmento linear altera-se
quando um extremo local do output gap (Y! − Y!∗ ) é atingido. Uma alteração da direção de
(Y! − Y!∗ ) implica que a variação de (Y! − Y!∗ ) origine variações do unemployment gap
(U! − U!∗ ) ao longo de uma play line, isto acontece durante o designado play interval. Depois


3Este ponto assinala o início das repercussões reais em Portugal decorrentes da crise financeira.
4Ver Kranosel’skii e Pokrovskii (1989) e Visitin (1994) para uma descrição mais pormenorizada do modelo.
Ver também Göcke (2001) e Mota et al. (2012; 2015), para uma aplicação à dinâmica do emprego a nível
agregado.

30
deste intervalo ser percorrido variações subsequentes de (Y! − Y!∗ ) originam variações de
(U! − U!∗ ) ao longo de um segmento de maior declive designado de spurt line.
A título de ilustração considere-se que o sistema começa no ponto A, com
(Y! − Y!∗ )! = (Y! − Y!∗ )! – Ver Figura 4.1. Um aumento do output gap de (Y! − Y!∗ )! para
(Y! − Y!∗ )! causa inicialmente uma resposta fraca do unemployment gap ao longo de uma play
line até um valor de switching (Y! − Y!∗ )! ser atingido (o Sistema está no ponto B). Isto
acontece devido à existência de custos não-convexos de ajustamento do emprego e de
incerteza. Quando a variação do output gap se torna suficientemente grande, i.e., quando
(Y! − Y!∗ )! é ultrapassado, a diminuição do unemployment gap torna-se mais acentuada ao
longo de uma downward spurt line. O unemployment gap segue a trajetória ABC. O retorno
subsequente do output gap para o valor inicial (Y! − Y!∗ )! origina de novo uma reação fraca
do unemployment gap, até se atingir o ponto D. A consequência é a de que um choque
transitório positivo no output gap tem um efeito permanente sobre o unemployment gap –
efeito de remanência.
Neste modelo o efeito de histerese é captado pela existência de uma reação mais
acentuada do unemployment gap ao output gap quando a variação do output gap é relativamente
grande em comparação com a situação em que a variação do output gap é relativamente
pequena.
Se 𝛽! representar a variação do unemployment gap em resposta à variação do output gap
quando a variação do output gap é pequena (variação ao longo da designada play line – ver
Figura 4.1), 𝛽! + 𝛽! representa a variação do unemployment gap em resposta à variação do
output gap quando a variação do output gap é relativamente grande (variação ao longo da
designada spurt line – ver Figura 4.1). Logo 𝛽! é designado de parâmetro de memória ou de
remanência (ver Göcke, 2001).

!(!! !!!∗ ) 0, 𝑜𝑛 𝑡ℎ𝑒 𝑝𝑙𝑎𝑦 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑠


= 𝛽! + 𝐷𝛽! , 𝑤𝑖𝑡ℎ 𝐷 = (4.6)
!(!! !!!∗ ) 1, 𝑜𝑛 𝑡ℎ𝑒 𝑠𝑝𝑢𝑟𝑡 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑠

Note-se, que tanto 𝛽! como 𝛽! têm sinais esperados negativos.

31
Figura 4.1 Dinâmica do Unemployment Gap no Modelo de Histerese Linear Play

(𝑈! − 𝑈!∗ )
𝑑𝑜𝑤𝑛𝑤𝑎𝑟𝑑 𝑠𝑝𝑢𝑟𝑡 𝑙𝑖𝑛𝑒
𝑢𝑝𝑤𝑎𝑟𝑑 𝑠𝑝𝑢𝑟𝑡 𝑙𝑖𝑛𝑒

𝑃𝑙𝑎𝑦 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙 (PLAY)

play line
(𝑌! − 𝑌!∗ )! (𝑌! − 𝑌!∗ )! (𝑌! − 𝑌!∗ )!

𝐴 (𝑌! − 𝑌!∗ )
Play line B
Remanência

𝑢𝑝𝑤𝑎𝑟𝑑 𝑠𝑝𝑢𝑟𝑡 𝑙𝑖𝑛𝑒 𝑑𝑜𝑤𝑛𝑤𝑎𝑟𝑑 𝑠𝑝𝑢𝑟𝑡 𝑙𝑖𝑛𝑒

32
No contexto do modelo, seguindo Göcke (2001) e Mota et al. (2015), descrevemos
a variação do unemployment gap (𝑈! − 𝑈!∗ ) induzida por uma variação do output gap (𝑌! −
𝑌!∗ ), dividida numa ‘reação fraca’ ao longo da ‘play line’ e uma ‘reação forte’ ao longo da
spurt line , quando a variação de (𝑌! − 𝑌!∗ ) é suficientemente grande, através da seguinte
equação:

(𝑈! − 𝑈!∗ ) = 𝛽! + 𝛽! (𝑌! − 𝑌!∗ )𝛽! + 𝑆𝑃𝑈𝑅𝑇! + 𝜀! (4.7)

Onde 𝑆𝑃𝑈𝑅𝑇! é uma transformação de histerese de (𝑌! − 𝑌!∗ ), em que todas as varrições
∆(𝑌! − 𝑌!∗ ) < 𝑃𝐿𝐴𝑌! são filtradas. Nesta equação 𝛽! dá-nos a reação de (𝑈! − 𝑈!∗ ) ao
longo da play line, enquanto 𝛽! é a diferença da reação de (𝑈! − 𝑈!∗ ) ao longo da spurt line e
da play line causada por variações em (𝑌! − 𝑌!∗ ).5
O teste à presença de histerese consiste em verificar a capacidade da transformação
de histerese da variável output gap (𝑆𝑃𝑈𝑅𝑇! ) em explicar a dinâmica do unemployment gap.
Para o efeito efetua-se um teste à significância da variável 𝑆𝑃𝑈𝑅𝑇! . A presença de histerese
na equação de Okun implica que 𝛽! (na equação 4.7) seja estatisticamente diferente de
zero.
A estimação da equação de switching, que requer o cálculo da transformação de
histerese do output gap (𝑆𝑃𝑈𝑅𝑇! ) baseou-se no algoritmo desenvolvido por Belke and
Göcke (2001), com as alterações introduzidas por Mota et al. (2015, 2018) que permitem a
inclusão de quebras de estrutura no parâmetro de switching.
Neste caso, o algoritmo considera a possibilidade de existência de duas quebras de
estrutura no fator de switching da equação de Okun; uma em 2008:3 (derivada do agudizar
da crise financeira na sequência da falência do banco de investimento Lehman Brothers), e
outra em 2011:1, que marca o início da crise das dívidas soberanas na Zona Euro.
A introdução destas duas quebras de estrutura origina três parâmetros de switching
diferentes. O algoritmo estima o 𝑅 ! da equação de Okun por OLS, associado a cada
combinação desses três valores, e escolhe a combinação que maximiza o 𝑅 ! .


5 Ver para mais pormenor Belke and Göcke (2001).

33
Dados

No que respeita aos dados, a amostra usada tem como fonte o EUROSTAT. Os
dados utilizados são trimestrais, referentes à taxa de desemprego e ao PIB em Portugal,
desde 2010 até 2017.

34
Capítulo 5. Resultados da Estimação

Num primeiro momento foram estimadas por OLS as versões tradicionais da Lei
de Okun (ver quadro 5.1). O modelo I representa a versão das diferenças, o modelo II a
versão gap e por fim, o modelo III, a versão dinâmica.
Assim, no primeiro modelo, o coeficiente de Okun significativo para um nível de
significância de 5% é de -0.043, é negativo, tal como esperado. Constatamos que um
aumento de 1 ponto percentual na taxa de crescimento económica origina uma redução de
0.043 pontos percentuais na taxa de desemprego.
No segundo modelo, o coeficiente de Okun significativo para um nível de
significância de 1% é de -0.453, é negativo, tal como é esperado e concluímos que um
aumento de 1 ponto percentual na taxa de desemprego de equilibro, origina uma
diminuição de 0.453 pontos percentual no output gap.
Por fim, no terceiro modelo, o coeficiente de Okun significativo para um nível de
significância de 1% é de -0.213, é negativo, tal como é esperado. Um aumento de um ponto
percentual na taxa de crescimento económico de um período origina uma diminuição de
0.213 pontos percentuais na taxa de desemprego desse mesmo período, enquanto que um
aumento de 1 ponto percentual na taxa de crescimento económico do período anterior
origina um aumento da taxa de desemprego em 0.179 pontos percentuais. As restantes
variáveis não se revelam estatisticamente significativas para um nível que confiança de 10%.
Dos três modelos, o modelo II (modelo gap) é aquele que apresenta um maior
potencial de explicação da variação da taxa de desemprego, apresentando um maior 𝑅! de
0.541.

35
Quadro 5. 1 Resultados da Estimação das Versões Tradicionais da Lei de Okun

Modelo I Modelo II Modelo III


Variáveis
Variável Dependente: Variável Dependente: Variável Dependente:
Independentes
𝑢! 𝑈! − 𝑈!∗ 𝑢!

0.0007 0.000 0.0008


𝛽!
(1.407) (0.000) (1.274)

-0.043** -0.213***
𝑦!
(-2.0598) (-3.167)

-0.453***
𝑌! − 𝑌!∗
(-4.541)

-0.179***
𝑌!!!
(-3.132)

0.031
𝑌!!!
(0.464)

0.176
𝑢!!!
(1.583)

-0.063
𝑢!!!
(-0.560)

𝑅! 0.039 0.541 0.286

Nota: t-statistics, baseados no procedimento de Newey-West (1987), entre parêntesis;


***,**, * indica significância a 1%, 5% e 10%, respetivamente.

36
Posteriormente foram estimados os três modelos descritos anteriormente, mas com
a adição de uma variável dummy (aditiva e multiplicativa) que capta o efeito da recente crise
financeira.
No modelo IV a), o coeficiente de Okun não é significativo. Constatamos que um
aumento de um ponto percentual na taxa do crescimento económico origina uma redução
de 0.301 pontos percentuais na taxa de desemprego, tendo em conta o efeito da crise
financeira.
No modelo IV b), o coeficiente de Okun significativo para um nível de
significância de 1% é de -0.265, é negativo, tal como era esperado. A adição da dummy
multiplicativa é estatisticamente significativa e as variáveis apresentam o sinal esperado.
Antes da recente crise financeira, um aumento de 1 ponto percentual da taxa de
desemprego de equilíbrio, refletia-se numa diminuição de 0.265 pontos percentuais do
output gap. Após a crise, o coeficiente aumentou para −0.511 = −0.265 − 0.246 pontos
percentuais. Este facto vai de encontro com o estudo de Palma (2014), descrito no capítulo
2. É de esperar que uma recessão na economia leve a que haja um aumento do coeficiente
da Lei de Okun.
Por fim, no caso do modelo IV c), o coeficiente de Okun significativo para um
nível de significância de 1% é de -0.225, é negativo, tal como era esperado. Um aumento de
um ponto percentual na taxa de crescimento económico origina uma diminuição de 0.225
pontos percentuais na taxa de desemprego atual. Com um desfasamento na taxa de
desemprego o valor aumenta 0.1 pontos percentuais e com dois desfasamentos, 0.130
pontos percentuais. Tendo em conta dois lags na taxa de desemprego, verifica-se numa
diminuição de 0.596 pontos percentuais da taxa de desemprego atual antes da crise
financeira. Após a crise financeira, o valor obtido para dois lags no output, não apresenta a
magnitude esperada. As restantes variáveis não são estatisticamente significativas.
Assim, podemos afirmar que houve uma influência da recente crise financeira na
relação entre a taxa de desemprego e o output em Portugal.

37
Quadro 5. 2 Resultados da Estimação das versões Tradicionais da Lei de Okun

(tendo em conta o efeito da Crise Financeira)

Modelo IV a. Modelo IV b. Modelo IV c.


Variáveis Independentes Variável Dependente: Variável Dependente: Variável Dependente:
𝑢! 𝑈! − 𝑈!∗ 𝑢!
0.001* 0.0007 0.004***
𝛽!
(1.762) (0.917) (4.373)
-0.028 - -0.225***
𝑦!
(-0.410) (-4.013)
- -0.265*** -
𝑌! − 𝑌!∗
(-4.881)
- - -0.100**
𝑌!!!
(-2.122)
- - -0.130**
𝑌!!!
(-2.438)
- - 0.063*
𝑢!!!
(0.366)
- - -0.5696**
𝑢!!!
(-1.927)
-0.002 -0.0009 -0.004**
𝑑!
(-1.151) (-0.469) (-3.134)
-0.301** - -0.108
𝑑! ×𝑦!
(-2.897) (-0.736)
- -0.246* -
𝑑! × 𝑌! − 𝑌!∗
(-1.766)
- - -0.181
𝑑! ×𝑌!!!
(-1.645)
- - 0.302*
𝑑! ×𝑌!!!
(2.058)
- - 0.005
𝑑! ×𝑢!!!
(0.022)
- - 0.657**
𝑑! ×𝑢!!!
(2.019)
𝑅! 0.198 0.572 0.454
Nota: t-statistics, baseados no procedimento de Newey-West (1987), entre parêntesis;
***,**, * indica significância a 1%, 5% e 10%, respetivamente.

38
Estimamos ainda o modelo V, para captar o efeito da introdução de uma variável
dummy aditiva e multiplicativa, que capta o efeito do ciclo, no sentido de analisar a
possibilidade da existência de uma resposta assimétrica do desemprego a variações do
output nos períodos de expansão e recessão.
Assim, no modelo V a), o coeficiente de Okun significativo para um nível de
significância de 5% é de -0.233, é negativo, tal como esperado. Concluímos que o aumento
de 1 ponto percentual na taxa de crescimento económica origina uma redução de 0.223
pontos percentuais na taxa de desemprego.
No caso do modelo b), o coeficiente de Okun significativo para um nível de
significância de 5% é de -0.648, é negativo, tal como esperado. Podemos concluir que os
resultados vão de encontro com a teoria descrita no segundo capítulo. No caso deste
modelo, um aumento de 1 ponto percentual leva a uma diminuição de 0.648 pontos
percentuais do output quando estamos em períodos de recessão. Já em períodos de
expansão, este valor diminui para −0.235 = −0.648 + 0.413.
Por fim, no caso do modelo IV c), o coeficiente de Okun significativo para um
nível de significância de 5% é de -0.271, é negativo, tal como esperado. Um aumento de
um ponto percentual na taxa de crescimento económico origina uma diminuição de 0.271
pontos percentuais na taxa de desemprego atual. Com um desfasamento na taxa de
desemprego o valor diminui 0.1397 pontos percentuais. Após a crise financeira, a dummy
multiplicativa com a taxa de desemprego não apresenta a magnitude esperada. As restantes
variáveis não são estatisticamente significativas.
Assim, podemos afirmar que o ciclo tem influência na relação entre a taxa de
desemprego e o output em Portugal.

39
Quadro 5. 3 Resultados das Versões Tradicionais da Lei de Okun

Modelo V a. Modelo V b. Modelo V c.


Variáveis Independentes Variável Dependente: Variável Dependente: Variável Dependente:
𝑢! 𝑈! − 𝑈!∗ 𝑢!
0.002 -0.002 0.001
𝛽!
(1.402) (-1.502) (1.219)
-0.233** - -0.271**
𝑦!
(-2.682) (-3.158)
- -0.648** -
𝑌! − 𝑌!∗
(-3.035)
- - -0.1397**
𝑌!!!
(-2.032)
- - -0.002
𝑌!!!
(-0.019)
- - 0.353**
𝑢!!!
(2.570)
- - -0.179
𝑢!!!
(-1.274)
-0.003* -0.0005 -0.002
𝑑!
(-1.865) (-0.224) (-1.561)
0.169 - 0.203*
𝑑! ×𝑦!
(1.3997) (1.685)
- 0.413* -
𝑑! × 𝑌! − 𝑌!∗
(1.787)
- - 0.044
𝑑! ×𝑌!!!
(0.319)
- - 0.154
𝑑! ×𝑌!!!
(0.947)
- - -0.306
𝑑! ×𝑢!!!
(-1.519)
- - 0.132
𝑑! ×𝑢!!!
(0.562)
𝑅! 0.166 0.576 0.3696

(tendo em conta o efeito do ciclo)

Nota: t-statistics, baseados no procedimento de Newey-West (1987), entre parêntesis;


***,**, * indica significância a 1%, 5% e 10%, respetivamente.

40
Finalmente, no quadro 5.4 são apresentados os resultados obtidos na estimação da
versão de histerese da Lei de Okun.
No modelo VI a) o algoritmo escolhe um parâmetro de switching (PLAY),
constante para todo o período amostral, de uma grelha de valores admissíveis entre 0.00 e
0.200 com incrementos de 0.001, de forma a maximizar o R2 da equação 4.7. O valor do
parâmetro de swicthing que maximiza o R2 é igual a 0.016. Grosso modo isto significa que
variações do output gap inferiores a este valor originam uma reação fraca do unemployment gap,
enquanto que variações superiores a este valor originam variações mais fortes.
Na Figura 5.1. apresenta-se a série original do output gap em conjunto com a série
transformada tendo em conta os efeitos de histerese (𝑆𝑃𝑈𝑅𝑇𝐶! ). Esta série é uma espécie
de série original que filtra todas as observações que origem variações do output gap inferiores
ao valor do PLAY.
Os resultados da estimação (ver segunda coluna do Quadro 5.4) mostram que a
reação do unemployment gap a variações do output gap quando estas variações são
relativamente pequenas é igual a -0.192, enquanto que a reação do unemployment gap a
variações do output gap quando estas variações são relativamente grandes é igual a
−0.517 = −0.192 − 0.325 . O facto dos coeficientes 𝛽! e 𝛽! serem ambos
estatisticamente significativos permite corroborar a hipótese de existência de histerese na
relação de Okun para Portugal. Note-se que o coeficiente de Okun estimado no modelo II
(que não considera a existência de histerese) igual a -0.453 está a captar uma espécie de
reação média ponderada entre uma reação fraca e uma reação mais forte.
No modelo VI b) (Quadro 5.4) o algoritmo escolhe uma combinação de três
parâmetros de switching (PLAY) que podem ser diferentes para três períodos amostrais
distintos, que são criados pela consideração de duas possíveis quebras de estrutura – uma
em 2008:03 referente aos efeitos da falência do banco Lehman Brothers e outra em 2011:1
assinalando o início da crise das dívidas soberanas na Zona Euro, de forma a maximizar o
R2 da equação 4.7. A combinação que maximiza o R2 é 0.032 para o período compreendido
entre o primeiro trimestre de 2001 e o segundo trimestre de 2008; 0.040 para o período
compreendido entre o terceiro trimestre de 2003 e o quarto trimestre de 2010; e 0.012 para
o período a partir do primeiro trimestre de 2011.
Na Figura 5.1. apresenta-se a série original do output gap em conjunto com a série
transformada, tendo em conta os efeitos de histerese quando se consideram estas duas
quebras de estrutura (𝑆𝑃𝑈𝑅𝑇2! ). Esta série é uma espécie de série original que filtra todas

41
as observações que origem variações do output gap inferiores ao valor do PLAY estimado
para cada um dos três períodos amostrais.
Os resultados da estimação (ver terceira coluna do Quadro 5.4) mostram que a
reação do unemployment gap a variações do output gap quando estas variações são
relativamente pequenas é igual a -0.316, enquanto que a reação do unemployment gap a
variações do output gap quando estas variações são relativamente grandes é igual a
−0.634 = −0.316 − 0.318 . O facto dos coeficientes 𝛽! e 𝛽! serem ambos
estatisticamente significativos para um nível de significância de um por cento permite de
novo corroborar a hipótese de existência de histerese na relação de Okun para Portugal.

42
Quadro 5. 4 Resultados da Estimação da Versão de Histerese da Lei de Okun

Modelo VI a) Modelo VI b)
Variáveis
Variável Dependente: Variável Dependente:
Independentes
𝑢! 𝑈! − 𝑈!∗

2000:1-2008:2: 0.032

Estimativa do PLAY 0.016 2008:3-2010:4: 0.040

2011:1-2017:4: 0.012

-0.003*** -0.005***
𝛽!
(-2.672) (-3.043)

-0.192** -0.316***
𝑌! − 𝑌!∗
(-2.154) (-5.192)

-0.325***
𝑆𝑃𝑈𝑅𝑇𝐶! -
(-3.356)

-0.318***
𝑆𝑃𝑈𝑅𝑇2! -
(-3.458)

𝑅! 0.594 0.600

Nota: t-statistics, baseados no procedimento de Newey-West (1987), entre parêntesis;


***,**, * indica significância a 1%, 5% e 10%, respetivamente.

43
Figura 5. 1 Output Gap e Transformação de Histerese do Output Gap (Spurt)

.03

.02

.01

.00

-.01

-.02

-.03

-.04
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016

SPURT (play constante)


SPURT (quebra estrutural no valor do play em 2008:03 e 2011:01)
Output GAP

44
Capítulo 6. Conclusão

A Lei de Okun, formulada por Okun em 1962, é um tema com bastante relevância
em economia, diz-nos que a taxa de desemprego e o nível de output de um país apresentam
uma relação inversa e, inicialmente, considerada linear. No entanto, tal como descrito nesta
dissertação, por vezes, esta relação não é linear. Isto levou a que os economistas
procurassem outras teorias que pudessem explicar este fenómeno. Surgiu então o conceito
de histerese, que nos diz que efeitos passados têm influência no presente, ou seja, apesar de
certos antecedentes poderem já ter desaparecido podem ainda continuar a influenciar o
presente.
Na presente dissertação foram testadas as versões tradicionais da Lei de Okun,
sendo elas a versão das primeiras diferenças, do output gap e a versão dinâmica. Ambas as
versões apresentam magnitude esperada, contudo, a que melhor corrobora com a teoria
existente é a versão gap.
Concluímos que a recente crise financeira teve um efeito na taxa de desemprego em
Portugal e que o comportamento da mesma em períodos de expansão e recessão corrobora
com a literatura existente.
O modelo usado para captar a presença de histerese é denominado de Linear Play e
capta a presença da mesma pela reação mais acentuada do unemployment gap ao output gap
quando a variação do output gap é relativamente grande em comparação com a situação em
que a variação do output gap é relativamente pequena. Também foram consideradas duas
quebras de estrutura, uma tendo em conta a falência do banco Lehman Brotehrs e outra
que marca o início da crise das dívidas soberanas na Zona Euro.
É evidente a presença de histerese em Portugal e podemos portanto concluir que
existe não linearidade na relação entre a taxa de desemprego e o output em Portugal.
Também se constatou que com o início da crise das dívidas soberanas na Zona
Euro que afetou Portugal, assistiu-se a um maior número de oscilações entre a taxa de
desemprego e o output.
Estes resultados vão de encontro à literatura existente e com os pressupostos do
modelo play, formulado por Gocke (2002) e Mota and Vasconcelos (2012).

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