@JornaisPT

Contas à ordem Declaração de IRS Direitos laborais SUPLEMENTO

GRATUITO
CONDOMÍNIO REFORMADOS FÉRIAS
Poupe até 114 euros anuais É preciso rever a lei para não Esclareça as principais GUIA FISCAL
com as Escolhas Acertadas ser cobrado imposto a mais dúvidas dos trabalhadores Tudo sobre IRS, IMI,
Pág. 19 Pág. 26 Pág. 44 IMT, ISV e IUC

Número 158 // março/abril 2020 // Bimestral € 10,50

Diretora e editora Cláudia Maia

www.deco.proteste.pt DECO PROTESTE

REVISTAS
Descarregue a app

SEGURO DE QUÊ?
A maioria das apólices de vida e acidentes pessoais não cobre morte ou invalidez
se fizer desporto amador. Exigimos o fim desta exclusão em todos os seguros
@JornaisPT
DISCURSO DIRETO NESTA EDIÇÃO

CAPA

10
SEGUROS DE VIDA
E DE ACIDENTE PESSOAIS
Muitas apólices preveem uma cláusula que
exclui as coberturas de morte ou invalidez
ocorrida durante a prática desportiva,
ainda que amadora. Exigimos a retirada
imediata desta exclusão de todas as apólices
Filipa Rendo comercializadas em Portugal
Jornalista
e coordenadora editorial

Paciência de reformado
Todos os anos, mais de 100 mil portugueses pedem a reforma por velhice.
E, até que recebam a primeira pensão, passam vários meses. Um ano
mesmo. Uma longa espera: atualmente de quase cinco meses, segundo
dados da própria Segurança Social. E, quando o dinheiro chega, chega
por atacado, correspondendo aos meses em atraso. Razão pela qual um
reformado pode ter recebido em 2019 não só o que lhe era devido nesse
ano, como o bolo referente a 2018, momento em que deixou a vida ativa.
Não bastassem já as dificuldades financeiras que este hiato pode causar
aos reformados que tenham de governar-se no entretanto com um
pé-de-meia mais modesto (ou até sem ele), ainda os aguarda um castigo
fiscal. Este ano, ao entregar o IRS, o nosso reformado tem de declarar
como rendimento o valor das pensões de 2019 acrescido do relativo aos
meses de 2018 em que já não trabalhava. É quase certo que verá a taxa de
imposto inflacionada e, com ela, um aumento no IRS a pagar – 1200 euros,
no exemplo que publicamos na página 26. Valor que não teria de suportar
se as pensões de 2018 fossem tributadas na declaração de 2018.
Em julho, foi aprovada uma lei que poderia corrigir esta injustiça
fiscal, a partir de outubro. Mas as Finanças têm recusado os
QUEM PRATICA DESPORTO
pedidos. Má-fé ou incompetência? Nem uma, nem outra, já que
FEDERADO OU PARTICIPA
se limitam a interpretar a norma. O dedo tem de ser apontado ao
EM COMPETIÇÕES É PENALIZADO
Parlamento. Tal como a lei foi redigida – sem mencionar um caráter
interpretativo –, o Parlamento impede as Finanças de fazerem correções
NOS SEGUROS DE VIDA
com efeitos retroativos, como ao nosso reformado. É tão-somente
E DE ACIDENTES PESSOAIS
aplicável a uma minoria, ou seja, a quem estiver a receber pensões
em atraso desde outubro. Ao invés de mitigar uma injustiça causada por
ineficiências da Segurança Social, a lei pouco resolveu, antes criando OS NOSSOS VALORES
desigualdades entre reformados. Uma situação insustentável e que INDEPENDÊNCIA
carece de retificação urgente. Vamos recorrer aos grupos parlamentares, A nossa missão exige independência total: financeira,
política e ideológica. Os conselhos e tomadas de posição
para que a lei seja revista e não discrimine ninguém. resultam dos nossos estudos e análises, livres de qualquer
tipo de pressão. A totalidade das receitas da nossa atividade
ENVIE-NOS OS SEUS COMENTÁRIOS editorial@deco.proteste.pt é reinvestida em prol dos consumidores.

2 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

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Descubra tudo sobre os

direitos dos trabalhadores
em férias

44

22

35

ANÁLISES E ESTUDOS RUBRICAS

14
Brexit
Há novos deveres para quem
viaja para o Reino Unido, mas
também direitos que se mantêm
26
Dúvidas de IRS
Há alterações nos anexos
a serem preenchidos por
pensionistas e por senhorios
38
Abrir conta no banco
As FinTech descomplicaram a
abertura de conta, e tudo pode
ser feito pela internet
4
Grande plano
Banca exclusivamente online,
Revolut, crédito à habitação,
apostas no Euromilhões,

16 30 41
travão no crédito pessoal,
estatuto de cuidador informal,
Poupança familiar Habitação duradoura Assinatura digital sobre-endividamento.

48
Conheça as poupanças que Pecados e virtudes do regime Explicamos, passo a passo,
conseguimos para três irmãs que entrou em vigor no início como ativar esta função
que pediram o nosso apoio de 2020 com a chave móvel digital Sem recurso

19
Contas-condomínio
São cada vez menos as opções
que não implicam custos
acrescidos. Com as Escolhas
Acertadas, poupa até 114 euros
32
Seguros de proteção ao
crédito e ao desemprego
Confira os motivos que
nos levam a desaconselhar
estes produtos
e como assinar um documento Veja como os tribunais decidiram
à distância num caso idêntico ao seu
44 50
Férias Livro de reclamações
Direitos e deveres Histórias, dúvidas e testemunhos
dos trabalhadores por conta dos nossos leitores

35
anuais de outrem

22
Megaprocessos
Explicamos toda a complexidade
que arrasta processos judiciais
em tribunal por anos a fio
Fenómenos da natureza
Que coberturas do seguro
multirriscos-habitação podem
ser contratadas para proteger
imóveis dos efeitos do mau tempo

CREDIBILIDADE PROXIMIDADE 218 410 858

A concretização da nossa missão assenta na credibilidade
e no reconhecimento da qualidade do nosso trabalho.
Esta resulta do profissionalismo das nossas equipas e de
métodos comprovados, transparentes e constantemente
reavaliados, baseados numa ética profissional exigente.
A nossa missão é permanentemente orientada Serviço de informação
para a satisfação das necessidades dos consumidores.
A concretização passa por interagir com todos os 218 410 801
interlocutores – consumidores, comunicação social, poderes Assinaturas e encomendas
políticos, etc. – de forma direta, concreta e adequada.

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GRANDE
PLANO TODA A ATUALIDADE E AS RECOMENDAÇÕES DOS NOSSOS ESPECIALISTAS

APLICAÇÕES BANCÁRIAS

Bancos de bolso
Concorrentes Normalmente, livres de comissões
de manutenção e com custos de
cada vez mais utilização reduzidos, até no estrangeiro,
fortes da banca os bancos mobile ganham adeptos
entre os portugueses. O setor está a
tradicional, os bancos evoluir rapidamente e, se, há menos
exclusivamente de um ano, Revolut, N26, Monese e
TransferWise dominavam o mercado
digitais multiplicam- nacional, o surgimento de novos
-se. Os custos operadores tem acontecido a ritmo
acelerado. Recentemente, chegaram
reduzidos, aqui como três novos bancos mobile: Moey!, do
em qualquer parte Crédito Agrícola, Bunq, nascido em 2015
na Holanda, e Openbank, subsidiário
do mundo, são o seu do Santander. Estas soluções de
argumento de peso pagamento funcionam com uma conta

ESPELHO MEU, HÁ APP MAIS BARATA DO QUE EU?

Cartão Я42 Vantagem Viagem

por € 7,99 (com duração de Não tem, mas cobra € 5,99
Não tem Não tem
um mês). Gratuito, de forma pelo envio
CUSTO CARTÃO
vitalícia, se abrir conta até
31 de maio

5 gratuitos por mês na zona

5 gratuitos em qualquer país. euro. A partir daí, comissão Gratuitos, com limite mensal de
Taxa de 1,7% sobre o montante
Sempre gratuitos nos ATM de € 2 por levantamento. 200 euros. Taxa de 2% acima
fora da zona euro
Santander Fora da UE, cobra 1,7% sobre desse valor
LEVANTAMENTOS o montante

Gratuitos até 6 mil euros

Gratuitos até 2 mil euros Gratuitos
Gratuitos por mês. Acima, cobra 0,5%
por dia
sobre o valor da compra
PAGAMENTOS

Destino Brasil,
Levantamentos grátis Levantamentos € 6,80 Levantamentos € 6,80 Levantamentos € 4
EUA e Reino
Unido Pagamentos grátis Pagamentos grátis Pagamentos grátis Pagamentos grátis
Condições Comissões anuais grátis Comissões anuais grátis Comissões anuais grátis Comissões anuais € 5,99
2 levantamentos Total € 0 Total € 6,80 Total € 6,80 Total € 9,99
de 200 euros,
1000 euros em
pagamentos

4 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

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114 euros
É o que poupa por ano, se optar pela Escolha
15 de abril
Data-limite para marcação
Acertada nas contas-condomínio das férias de 2020
Página 19 Página 44

à ordem, criada na plataforma virtual, as sete aplicações, simulando uma

e permitem movimentar dinheiro de e viagem a três destinos muito populares COMISSÕES
para qualquer país. São úteis para quem entre os portugueses, fora da zona euro:
viaja para o estrangeiro e, assim, evita Reino Unido, Brasil e Estados Unidos. Banca
carrega na
comissões elevadas. Entre as aplicações Considerámos dois levantamentos de
que analisámos, o Bunq é o único que 200 euros e pagamentos no valor total
cobra (e muito) pela conta. Mas, se optar
apenas pelo cartão, paga só a emissão.
de 1000 euros. Na zona euro, os custos
das operações bancárias são exatamente concorrência
No Moey! e no N26, o cartão fica a custo os mesmos que os praticados em solo A reação da banca tradicional
zero. O mesmo se aplica ao Openbank, nacional. à investida das FinTech não
a menos que ative a opção Vantagem Abrir conta num banco mobile é fácil e, tardou. A Caixa Geral de
Viagem (7,99 euros, com a duração de na generalidade, não leva mais do que Depósitos passou a cobrar
um mês), ideal para quem viaja para fora 10 minutos. Veja o passo a passo na comissões pelo carregamento
da zona euro. Fazer levantamentos e página 38. Se o fizer no Bunq, Openbank com cartão de crédito das contas
pagamentos gratuitamente também é e N26, terá de declarar a conta no quadro de plataformas como o Revolut.
uma possibilidade, mas a maioria das 11 do anexo J, na declaração de IRS. Com um custo de 3,75 euros
apps impõe restrições, em montantes A declaração é meramente informativa, por operação, a que acrescem
ou número de operações. Comparámos sem impacto na liquidação do imposto. 4,5% sobre o montante (mais
o imposto do selo), fazer um
carregamento de 100 euros
nestas contas traduz-se num
encargo de 8,58 euros, ou seja,
quase 9 por cento. Mas a Caixa
não está sozinha nesta cruzada:
um carregamento de 100 euros
feito através do Millennium
bcp custa 4,68 euros. O banco
cobra 4 euros, mais 0,5%, pela
Não tem, mas é necessário operação. Será, certamente,
€ 9,99 pela emissão Não tem, mas cobra € 4,95
um depósito de 20 euros
do Travel Card pelo envio uma questão de tempo para
para a emissão do cartão
que outras instituições sigam
o exemplo. Mas há formas de
Levantamentos em euros contornar este custo: além de
ou libras com custo de 1 euro
€ 0,99 por levantamento
ou 1 libra. Noutras moedas, 2%
Gratuitos até 200 euros por usar o cartão de crédito para
mês. 2% acima desse valor
sobre a transação, com mínimo carregar as contas virtuais, pode
de 2 euros ou 2 libras
recorrer ao cartão de débito, o
que, por agora, não tem custos
Gratuitos para euros e libras. Gratuitos se tiver carteira
2% sobre a transação noutras virtual com a respetiva moeda. associados. Pode ainda fazer
Gratuitos moedas, com um mínimo Para câmbio, comissão entre uma transferência bancária, a
de 2 euros ou 2 libras 0,35% e 1%
que se aplica o preçário de cada
instituição, opção, ainda assim,
Levantamentos € 8
Levantamentos € 1,98 Levantamentos € 4 mais barata do que o cartão
Pagamentos grátis Pagamentos grátis (Reino Pagamentos € 10
Unido), € 20 (Brasil e EUA) de crédito, nos bancos que
Comissões anuais € 9,99 Comissões anuais grátis cobram. No caso do Revolut,
Comissões anuais € 4,95
Total € 11,97 Total € 14 a transferência tem o custo de
Total € 12,95 (Reino Unido),
€ 32,95 (Brasil e EUA) uma transferência nacional.

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GRANDE
PLANO
CUIDADORES INFORMAIS

Pedido do estatuto em teste

São 30 os municípios que têm a não-principal, que acompanha a
decorrer projetos-piloto para testar pessoa regularmente, mas não de
o pedido de reconhecimento do modo permanente, pode ter ou não
estatuto de cuidador informal. A rendimento profissional e conciliar o
partir de 1 de julho, o processo será apoio com a atividade profissional.
aberto a toda a população. Para Caso tenha deixado de trabalhar,
efetuarem o pedido, os candidatos o cuidador principal terá direito
ao estatuto devem apresentar um a manter uma carreira contributiva,
requerimento na Segurança Social, aderindo ao seguro social voluntário.
Nuno Rico
presencialmente ou através do portal Pode ainda beneficiar do estatuto de
O NOSSO ESPECIALISTA Segurança Social Direta. O cuidador trabalhador-estudante, se frequentar
pode vir a ter direito a um subsídio, um estabelecimento de ensino, e
RECOMENDA POUPE
mas as regras de atribuição e os receber apoio psicológico. Além
€ 351
ANO valores ainda não estão definidos. disso, pode solicitar apoio domiciliário
ESCOLHA
CRÉDITO Para ser elegível, o rendimento ou acesso a lares de idosos para a
ACERTADA À HABITAÇÃO do agregado familiar do cuidador pessoa cuidada, de modo a assegurar
informal principal não poderá ser períodos de descanso. A forma de
superior a uma percentagem do acesso a estes apoios está também
União de indexante dos apoios sociais (IAS). a aguardar regulamentação.
DECO PROTESTE/ Crédito Créditos
/Crédito Agrícola Enquanto o cuidador informal Estima-se que existam cerca de 800
Agrícola Imobiliários
principal, que vive e cuida da pessoa mil cuidadores informais em Portugal.
1,3% 1,5% 1,5% dependente de forma permanente, Segundo um inquérito que fizemos a
TAEG TAEG TAEG não pode ser remunerado por uma 1178 portugueses, entre abril e maio
€ 335,46 € 343,06 € 343,06 atividade profissional, o cuidador de 2018, são, sobretudo, mulheres.
por mês por mês por mês

Se precisar de um empréstimo de 100 mil

euros a pagar em 30 anos, o protocolo
que negociámos com o Crédito Agrícola
é a sua melhor opção. Com uma TAEG de
1,3% e uma prestação mensal de 335,46
euros, permite uma poupança anual de 351
euros, face à média do mercado. Quem não
pode beneficiar do protocolo é também
no Crédito Agrícola que vai encontrar a
melhor solução. A TAEG é ligeiramente
mais alta (1,5%) e a prestação mensal sobe
para 343,06 euros. A uma centésima de
distância está a oferta da União de Créditos
Imobiliários, que ocupa o terceiro lugar do
pódio. Estas condições não dependem
da contratação de outros produtos ou da
domiciliação do ordenado.
SIMULE O SEU CRÉDITO À HABITAÇÃO
Temos a resposta em www.deco.proteste.pt/
credito-habitacao

6 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

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A partir de abril, se quiser contratar
um crédito pessoal, o banco só deve
propor-lhe um prazo máximo de até
sete anos, ou seja, 84 meses. Perante
o aumento acelerado da concessão
de crédito ao consumo, o Banco de
Portugal reduziu os limites máximos
recomendados para estes empréstimos,
que eram de 10 anos. As regras não
se aplicam, no entanto, ao crédito
automóvel, nem ao crédito pessoal
com a finalidade de educação, saúde
e energias renováveis.
A contratação imediata e à distância,
bem como a maior oferta, têm
contribuído para o aumento exponencial
de novos contratos de crédito pessoal,
com montantes e prazos crescentes.
A subida tem sido de tal ordem que o
crédito ao consumo já atinge valores
semelhantes aos dos anos anteriores
à crise económica. Entre 2013,
altura em que a concessão diminuiu
drasticamente, e 2018, aumentou 43
por cento. E só em 2019 (até novembro)
www.deco.proteste.pt
1 de abril
Data de início da entrega
da declaração de IRS
PRAZO MÁXIMO
Travão
no crédito
pessoal
foram concedidos 6,9 mil milhões
de euros, quase mais 3% do que no
ano anterior. Sinais que nos levaram
a lançar vários alertas, lembrando as
dificuldades financeiras sentidas por
muitas famílias em resultado do sobre-
-endividamento (veja os dados relativos
a 2019 na página seguinte).
Em julho de 2018, o Banco de
Portugal já tinha estipulado limites
para a concessão de novos créditos à
habitação e ao consumo. Os últimos
passaram a ter prazos máximos de 10
anos. Mas estas recomendações não
têm caráter vinculativo, assumindo um
alcance limitado. De tal modo que é
possível encontrar ofertas de crédito
pessoal com prazo máximo de 13 anos,
desrespeitando os limites já definidos.
O aumento significativo do crédito ao
consumo concedido levou o regulador a
reforçar as restrições, o que vemos com
bons olhos. Mas, tal como aconteceu
há um ano e meio, os limites impostos
continuam sem ter força de lei.
EUROMILHÕES
Mais milhões,
menos
milionários
Sabia que a probabilidade de lhe sair o
Euromilhões é de 0,0000007 por cento?
E que demoraria 44 anos e quatro meses
a preencher todas as chaves possíveis, se
em cada uma demorasse 10 segundos?
A alteração mais recente entrou em
vigor em fevereiro e “presenteou” os
apostadores com uma subida do prémio
máximo: de 190 para 200 milhões de
euros, podendo crescer gradualmente
até aos 250 milhões. Porém, as restantes
categorias serão sacrificadas em benefício
do primeiro prémio.
No caso do sorteio de 14 de janeiro, com
26 milhões de euros em apostas,
o primeiro prémio e o fundo de reserva,
com as novas regras, receberiam mais
3 milhões de euros do que anteriormente.
PROTOCOLOS PROTESTE INVESTE
PPR com
novos prémios
As entregas para o Alves Ribeiro PPR
efetuadas pelos subscritores da PROTESTE
INVESTE a partir de março passam
a beneficiar de um prémio anual de
fidelização de 0,2%, no âmbito do nosso
protocolo. O prémio acresce à rentabilidade
do produto, que ganhou 15,2% no ano
passado e mantém o título de Escolha
Acertada para PPR sob a forma de fundo.
Por seu turno, o Lusitania Poupança
Reforma PPR, Escolha Acertada para PPR
sob a forma de seguro, passa a prever,
durante os primeiros cinco anos do
contrato, um prémio de fidelização anual
de 0,1% para os subscritores da PROTESTE
INVESTE e de 0,05% para os associados
da DECO PROTESTE.
março/abril 2020//D&D 7
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GRANDE
PLANO
PEDIDOS DE AJUDA

Sobre-endividamento: QUASE METADE

DOS PORTUGUESES

36% com prestações em atraso EXPOSTOS A BURLAS

Foram 29 154 as famílias que nos pediram
ajuda em 2019, devido à situação de
sobre-endividamento. O número de
pedidos manteve-se, assim, semelhante
ao do ano anterior (29 350 famílias).
Com um rendimento médio mensal
de 1200 euros (mais 50 euros que no
ano anterior) e com uma taxa de esforço
inflacionada nos 76%, apesar de ter
diminuído de há um ano para cá (quando
deveria ser de 35%), as prestações
mensais das famílias estabeleceram-se
nos 920 euros. O que levou os
endividados a ficarem com apenas 280
euros para as despesas do quotidiano.
Num inquérito à escala
europeia sobre burlas e fraudes,
A deterioração das condições laborais é
quase metade dos inquiridos
a principal causa do sobre-endividamento
portugueses afirmou ter
(21%), empurrando o desemprego para
estado exposta a, pelo menos,
segundo lugar (20%), após 20 anos a
uma tentativa de burla ou de
liderar as causas. As baixas médicas
fraude nos últimos dois anos.
sobem, assim, ao último lugar do pódio
A média europeia é ainda mais
(12%).
elevada: 56 por cento. Os falsos
Em 2019, cada família pediu, em média,
prémios e promoções são
5 unidades de crédito, valor igual ao dos
os esquemas mais comuns.
últimos cinco anos. Mais de metade das
famílias que contactaram a DECO tem o
A D&D ERROU: SEGURO
crédito regularizado. No entanto, 36% já
PARA BICICLETAS
tinham prestações em atraso aquando do
No artigo sobre seguros para
pedido de ajuda (menos 9% que em 2018).
bicicletas, publicado na edição
n.º 156, referimos, de forma
incorreta, que a plataforma Gira
não disponibiliza seguro de

3
responsabilidade civil para os
utilizadores das suas bicicletas.
Na realidade, além do seguro
de acidentes pessoais, a
DETERIORAÇÃO DAS DESEMPREGO BAIXAS
CONDIÇÕES LABORAIS MÉDICAS empresa dispõe de seguro de
responsabilidade civil com capital
PRINCIPAIS
CAUSAS 21% 20% 12% de 6 milhões de euros.

IVA DA ENERGIA NÃO DESCE

O Parlamento chumbou, na
RENDIMENTO NÚMERO TAXA votação final do Orçamento do
MÉDIO MENSAL DE CRÉDITOS DE ESFORÇO Estado para 2020, a descida do

€ 1150 80%
5
IVA da energia para 6 por cento.
2018 2018 Apesar de a maioria dos partidos
2019 € 1200 2019 76% ter apresentado propostas de
alteração ao documento para a
redução da carga fiscal sobre
PRESTAÇÕES CRÉDITO CRÉDITO
a energia doméstica, não foi
MENSAIS PESSOAL À HABITAÇÃO
encontrada uma solução conjunta.
2018 € 924 2018 € 16 111 2018 € 81 448 Este resultado não nos desanima.

2019 € 920 2019 € 22 000 2019 € 80 000

Vamos continuar a defender
a redução do imposto de 23%
para 6 por cento.

8 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

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CAPA//EXCLUSÕES NOS SEGUROS

10 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

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“Ele só estava
a praticar
desporto...”
Jorge faleceu num acidente de bicicleta. Foi o suficiente para a família não receber
a indemnização do seguro, que exclui a prática de desporto amador. Exigimos que
esta cláusula seja eliminada de todos os seguros de vida e de acidentes pessoais
O
passeio de bicicleta estava
combinado para aquele
fim de semana de junho.
Pais e filhos mais crescidos,
habituados a praticar ciclismo no clube
da terra, iriam de bicicleta até à subida
da Fóia, no Algarve, e regressariam
ao Alentejo. Mulheres e crianças mais
pequenas seguiriam de carro até ao
restaurante em Vila Nova de Milfontes,
onde os aguardariam para almoçar.
Mas os ciclistas não chegaram. Uma
colisão com uma viatura que seguia em
sentido contrário, na estrada municipal
501, deixou um dos desportistas em
estado grave e ceifou a vida a Jorge, de 39
anos. Deixou três filhos menores.
Jorge era comerciante e estava
habituado a lidar com bancos e
seguradoras. Além do seguro de vida
associado ao crédito à habitação, teve o
cuidado de contratar uma apólice para
garantir a estabilidade financeira da
família, caso o infortúnio batesse à porta.
Como o ciclismo começara a tornar-se
um hobby, contratou também um seguro
de acidentes pessoais. “Às vezes dizia-me:
‘olha, se me acontecer alguma coisa,
ao menos, ficas com tudo pago’”, recorda
Nádia, a companheira. “São aquelas
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Texto Ana Santos Gomes
Ilustração André Carrilho
coisas parvas que se dizem da boca para
fora e que eu não gostava nada de ouvir.
Mas mal sabíamos nós o que estava
para acontecer”, lamenta.
A cláusula que muda tudo
Infelizmente para a família, as previsões
de Jorge não foram certeiras. Perdeu
a vida a praticar desporto, mas a família
não ficou com tudo pago. Até pode ser
que o venha a conseguir, mas, para já,
a situação financeira dos herdeiros vive
dias difíceis. Em causa está precisamente
o facto de Jorge ter falecido enquanto
andava de bicicleta. Há já algum tempo
que se juntara aos amigos na prática da
modalidade. Estava federado e chegara
a participar em competições com a
camisola de uma coletividade local.
Jorge nunca reparou que as apólices
dos seguros de vida e de acidentes
ÀS VEZES, O JORGE DIZIA-ME
QUE SE LHE ACONTECESSE
ALGUMA COISA, AO MENOS
FICÁVAMOS COM TUDO PAGO.
MAS NÃO FICÁMOS”
pessoais que contratou excluem a
participação em competições, ainda que
de desporto amador. Tal como excluem
os estágios e treinos para essas provas.
Ou seja, qualquer consumidor que,
tal como Jorge, tenha contratado uma
apólice com tal exclusão e pratique uma
modalidade desportiva, pode ver as
seguradoras negarem o pagamento da
indemnização por morte ou invalidez,
em caso de tragédia.
Foi o que aconteceu neste caso.
Depois de ter acionado o seguro de
acidentes pessoais que Jorge contratara
na CA Seguros para precaver o futuro
dos herdeiros, a família do ciclista nem
queria acreditar na resposta recebida.
O pagamento do capital subscrito foi
recusado pela seguradora do grupo
Crédito Agrícola, que alegou que “o
sinistro ocorre durante um treino
desportivo, ainda que pela prática
amadora de ciclismo”. A família de Jorge
repara, então, que as outras apólices
contratadas incluem cláusulas similares.
Se a consternação familiar já era difícil
de ultrapassar, o contexto financeiro
carregava ainda mais de negro o futuro
dos herdeiros. Sem hipóteses de manter
a vida no Alentejo, a companheira de
março/abril 2020//D&D 11
@JornaisPT
CAPA//EXCLUSÕES NOS SEGUROS
Jorge pediu à Caixa Geral de Depósitos
a suspensão do pagamento das prestações
do crédito à habitação e regressou à
casa dos pais, em Lisboa, com os dois
filhos. No Alentejo, permanece a filha
mais velha de Jorge, de um casamento
anterior. Os irmãos separaram-se e houve
mudanças de escola e de residência para
tratar. A vida mudou e muito em pouco
tempo.
O “perigo” de praticar desporto
De acordo com a família, Jorge não
estava a cumprir um treino oficial.
Não havia sequer segmentação por
SEGUROS DE VIDA QUAL EXCLUI DESPORTO AMADOR?
Seguradora e apólice
Allianz Crédito Vida
Allianz Vida Segura
APRIL Vida Crédito
APRIL Vida
ASISA Vida + Fácil
Fidelidade Crédito Habitação
Fidelidade Vida
Generali Vida Crédito Habitação
Generali Vida
GNB Crédito Habitação
GNB Vida Segura
Liberty Vida
Logo Vida Habitação
Logo Vida Proteção
Lusitania Proteção Vida
Mapfre Vida
Mapfre Vida Crédito Habitação
Metlife Crédito Seguro
Metlife Proteção Vida
Ocidental Crédito Imobiliário Vida Base
Ocidental Crédito Imobiliário Vida Risco
Prévoir Vie Vida Domus
Prévoir Vie Soluções Vida
Real Vida Habitação
Real Vida + Simples
Tranquilidade Crédito Casa
Victoria Crédito
Victoria Vida & Futuro
Zurich Proteção Crédito Habitação
Zurich Vida Total
12 D&D//março/abril 2020
escalões etários, como é obrigatório nos
treinos. Estava apenas a participar num
passeio de fim de semana, entre amigos EM VÁRIOS PAÍSES,
com a paixão do ciclismo em comum. O PRÉMIO DO SEGURO
O advogado que representa os herdeiros BAIXA QUANDO
tem agora de convencer a seguradora
desse facto. Contactada por nós,
HÁ HÁBITOS SAUDÁVEIS,
a CA Seguros já se mostrou disponível COMO O DESPORTO
para rever a sua posição, assim que fiquem
esclarecidas todas as dúvidas.
Mas… e se Jorge estivesse, de facto, do dia, após o trabalho, para melhorar
a treinar? E se, porventura, quisesse a resistência e fazer boa figura na
preparar-se para uma prova? Ou se, maratona seguinte? Ou, ainda, se
ao invés do ciclismo, Jorge praticasse estivesse a treinar afincadamente para
atletismo e estivesse a treinar ao fim uma estreia na competição de padel? É
justo que uma seguradora recuse pagar
indemnizações com base na prática de
desporto amador?
Exclusão nas coberturas de morte e invalidez
28 mil euros pela minha vida
Por desporto Afinal, de onde surgiu esta exclusão?
Por desportos amador/federado
perigosos Em que base se fundamenta? Na verdade,
e competições
não é muito difícil de descobrir. Em teoria,
SIM SIM a prática de desporto eleva o grau de risco
a que o segurado está exposto e justificaria
SIM NÃO o agravamento do prémio a pagar. Além
disso, há alguns anos, a prática reiterada
SIM SIM
de uma modalidade desportiva estava
SIM SIM mais associada à juventude, e escassas
vezes seria rotina de quem já tem créditos
à habitação para pagar ou famílias a cargo.
SIM SIM
Em regra, quem praticava desporto “a
SIM NÃO sério” já estava coberto por estruturas
desportivas profissionalizadas. E, sendo
SIM SIM esses seguros chamados a responder por
um eventual sinistro que envolvesse o
SIM SIM
atleta, não estava a cobertura incluída
SIM NÃO nas restantes apólices, que a maioria da
população contratava para os demais
SIM SIM
aspetos da vida quotidiana.
Na prática, não é bem assim. O capital
SIM NÃO dos seguros contratados por federações
para a prática de desportos amadores
SIM SIM fica, em regra, muito aquém daquele
que seria necessário para liquidar,
NÃO NÃO por exemplo, um crédito à habitação.
Sigamos, então, os mesmos exemplos:
SIM SIM o seguro da federação de ciclismo tem
um capital de 28 043 euros em caso
SIM SIM
de morte ou invalidez permanente por
acidente, apenas 3 euros abaixo do
SIM NÃO
oferecido pela federação de atletismo.
Já o seguro da federação de padel
NÃO NÃO
compromete-se a pagar 28 530 euros
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@JornaisPT
em caso de morte do praticante.
A pergunta mantém-se: é justo
que qualquer uma destas possíveis
indemnizações, em caso de falecimento
ou invalidez dos respetivos praticantes,
anule outros eventuais capitais a receber
por seguros que os desportistas tenham
contratado no âmbito da sua vida pessoal?
Penalizar ou beneficiar desporto
Não há, na verdade, uma única razão
para aceitarmos que uma seguradora
negue o pagamento da indemnização
por morte ou invalidez com base
na prática desportiva do segurado.
E por isso está a ler este artigo. Porque
fazemos questão de exigir, de forma
bem explícita, que todas as apólices de
seguros comercializadas em Portugal que
ainda incluem esta cláusula (ver quadro
para seguro de vida na página ao lado) a
removam, de forma definitiva.
Em regra, os seguros de vida e de
acidentes pessoais são cumulativos. Quer
isso dizer que qualquer consumidor pode
contratar mais do que uma apólice para
segurar a sua vida ou integridade física.
Desde que todos os prémios estejam
em dia, em caso de sinistro, os capitais
contratados são acumulados e revertem,
em conjunto, a favor do segurado (ou dos
herdeiros). Sim, leu bem: os capitais são
acumulados. Logo, quanto mais seguros
o consumidor subscreve, mais dinheiro
recebe em caso de sinistro. A menos que o
segurado estivesse a praticar desporto...
É certo que está habitualmente
excluída deste tipo de apólices a prática
de desportos radicais ou considerados,
de alguma forma, de alto risco, como o
paraquedismo ou o alpinismo. Mas essa é
uma exclusão que consideramos aceitável
e que, por isso, não contestamos. Se o
segurado pretender, de facto, incluir a
cobertura destas modalidades na sua
apólice, pode, porventura, sujeitar-se a um
agravamento do prémio. Sem objeção da
nossa parte.
O que não aceitamos é que quem
pratica desporto amador seja altamente
penalizado na sua capacidade de acautelar
o futuro, pondo em causa o sustento de
toda a família. “Fico muito apreensivo
com essa informação”, assume Vítor
www.deco.proteste.pt
“ATENÇÃO ÀS EXCLUSÕES
DOS CONTRATOS”
Mónica Dias
O conselho é, provavelmente, mais antigo
do que as preocupações com a defesa do
consumidor, mas, aplicado ao relato que
nos chegou, através da família de Jorge,
continua mais atual do que nunca.
As “letras pequeninas” dos contratos já não
são desculpa, pois, em regra, as apólices
destacam as situações não cobertas
pela apólice. Mas a exclusão da morte ou
invalidez decorrente da prática de desporto
amador não consta de todas as apólices
comercializadas em Portugal. Há, por isso,
a possibilidade de contratar um seguro
de vida ou de acidentes pessoais sem
a cláusula que repudiamos. Se pratica
desporto e está em vias de contratar um
seguro, adicione este requisito na escolha.
Nós também o passaremos a fazer nas
análises qualitativas das apólices. Aliás,
no último estudo de seguros de vida,
apontámos a ASISA como Escolha Acertada,
mas a apólice desta seguradora não cumpre
o novo requisito, pelo que recomendamos
agora a escolha da APRIL, que estava em
segundo lugar no estudo. Se há seguradoras
que conseguem assegurar a atividade
comercial sem recorrer a esta cláusula, não
há como não exigir o mesmo por parte de
todas as outras.
Pataco, presidente do Instituto Português
do Desporto, quando o confrontámos
com a existência de uma exclusão para
desporto amador nas apólices de seguros.
“É contraditório com as boas práticas
internacionais, em que os prémios
de seguros tendem a baixar quando
o segurado mantém hábitos de vida
saudáveis, nomeadamente através do
desporto”, salienta. “Esta exclusão não faz
sentido”, conclui.
Setor recetivo a mudanças
Confrontámos a Associação Portuguesa
de Seguradores com esta questão e
pedimos-lhe uma reflexão sobre a nossa
exigência. A associação que representa a
generalidade das companhias de seguros
que operam em Portugal reconhece a
existência desta exclusão em muitos
contratos, mas acredita que se trata de uma
herança do passado. “A justificação para
esta exclusão tem fundamentos históricos,
nomeadamente ao nível das condições do
resseguro impostas na altura de celebração
dos contratos que, como se sabe, são de
longo prazo e podem ter sido celebrados
há muitos anos”, comenta fonte oficial da
associação. “Atualmente, admitimos que
essa exclusão tenda a ficar ultrapassada e
que as seguradoras, pelo menos na nova
carteira, ou já não a incluam ou venham
a retirar a breve prazo essa exclusão”,
incentiva a associação. Terá, no entanto,
de se esforçar um pouco mais para passar
esta mensagem dentro do setor, já que os
novos contratos que analisámos continuam
a incluir a cláusula.
A associação de seguradores nega
também ter conhecimento de qualquer
caso em que o motivo da recusa de uma
indemnização tenha sido esta exclusão.
Não conhecerá, certamente, a história
de Jorge e da sua família. Infelizmente, para
estes, essa alegação é, de facto, feita.
Na sequência deste artigo, formalizámos
a nossa reivindicação junto da Associação
Portuguesa de Seguradores e ainda junto
da Autoridade de Supervisão de Seguros e
Fundos de Pensões.
Vai continuar a correr?
Nunca como agora se praticou tanto
desporto em Portugal. As escolas
diversificam as atividades que propõem
aos alunos, os ginásios proliferam por todo
o País, as bicicletas preenchem as bermas
das estradas aos fins de semana, os jardins
e calçadões são atravessados por corredores
a ritmo acelerado e a população mobiliza-se
para atravessar pontes ou quebrar recordes
em meias-maratonas. Se muitos destes
desportistas têm seguros de vida? É possível
que sim. Se sabem que o desporto lhes anula
algumas coberturas? É possível que não.
E se soubessem? Continuariam a praticar
desporto?
DOSSIÊ TÉCNICO Mónica Dias
março/abril 2020//D&D 13
@JornaisPT
A ilha sem
tesouro
U
O que muda com o Brexit?
Poucos sabem, a começar
pelos próprios britânicos.
Damos as respostas
possíveis a algumas
dúvidas sobre a nossa
relação futura com as ilhas
de Sua Majestade
Texto Ricardo Nabais & Filipa Rendo
UM TRAJETO
SINUOSO
14 D&D//março/abril 2020
m referendo, três
primeiros-ministros e quase
quatro anos depois, ainda
ninguém sabe ao certo o que
vai implicar o Brexit para o Reino Unido
e para a União Europeia. Haverá um hard
Brexit (saída “dura”, sem qualquer acordo),
ou um divórcio amigável, com tratados
comerciais, em que mantemos uma
relação cordial, e não há ressentimentos?
Seja qual for a data firmada para a saída,
haverá um período de transição até 31 de
dezembro de 2020. Até lá, mantêm-se
algumas das regras atualmente em vigor.
23 DE JUNHO DE 2016
Referendo para a permanência ou a
MARÇO DE 2018
As partes anunciaram avanços
saída do país da UE. 51,9% votaram nas negociações e definiram
“sair”. O primeiro-ministro, David o período de transição, entre 29
Cameron, demite-se a 24 de junho. de março de 2019 e 31 de
Sucede-lhe, em julho, Theresa May. dezembro de 2020.
Respondemos a algumas perguntas,
para português ver.
Vou viajar para o Reino Unido.
Preciso de visto?
Por enquanto, não é necessário qualquer
visto. Pelo menos, até ao final de 2020,
ou até à data que venha a ser estabelecida
para o fim da transição. Não se esqueça,
porém, de levar cartão do cidadão, bilhete
de identidade ou passaporte.
Mas como será a partir do dia 1 de
janeiro de 2021? Os cidadãos britânicos
não vão ser obrigados a obter um visto
se viajarem para qualquer país da União
Europeia em turismo ou negócios. Mas
este sinal de boa vontade também vai
depender da benevolência dos britânicos
no sentido inverso, ou seja, enquanto
houver uma política idêntica de isenção
de vistos para os cidadãos europeus
que queiram visitar o Reino Unido. Tem
de haver reciprocidade neste tipo de
assuntos. Ainda é um tema em discussão,
que vamos continuar a acompanhar.
Mas parece inevitável que venhamos a ter
um problema de vistos no futuro, se não
houver acordo a este nível...
Como serão tratados os direitos
dos passageiros aéreos?
Esta é uma das matérias menos
exploradas do acordo conseguido até
agora entre ilhéus e continentais. Vamos,
por isso, acompanhar as novidades que
forem surgindo. Note-se que a legislação
europeia em matéria de direitos dos
passageiros aéreos aplica-se também
a países extracomunitários, como a
Islândia, o Liechtenstein, a Noruega
e a Suíça. Por isso, é provável que também
continue a aplicar-se ao Reino Unido,
que ficará, de qualquer modo, sujeito à
regulamentação internacional há muito
definida pela Associação Internacional
15 DE JANEIRO DE 2019
O Parlamento britânico chumba o
JULHO DE 2019
Boris Johnson torna-
acordo de saída, com uma enorme primeiro-ministro. Em
diferença de votos. Em abril, fixa-se suspende o Parlame
nova data: 31 de outubro desse ano. obrigar à aprovação
Em maio, Theresa May demite-se. sem consulta parlam
www.deco.proteste.pt
 @JornaisPT
de Transportes Aéreos (IATA, em inglês).
O figurino atual mantém-se até 31
de dezembro: em caso de cancelamento
do voo ou overbooking, o passageiro
tem direito ao reembolso do bilhete (e a
regressar ao local de partida) ou a um voo
alternativo e a assistência (chamadas
telefónicas, refeições e bebidas e, se for
preciso, alojamento e deslocação de e
para o local de alojamento). E ainda a
indemnização, se tiver sido informado
do imprevisto menos de 14 dias antes
da data. Neste caso, desde que o
cancelamento não tenha sido causado por
circunstâncias extraordinárias (condições
meteorológicas adversas, por exemplo),
que não pudessem ser evitadas mesmo
se tivessem sido tomadas as medidas
necessárias.
Num cenário de atraso, o passageiro
tem direito a assistência, a reembolso ou
a um voo de regresso, conforme a duração
do atraso e a distância do voo. Se chegar
ao destino com um atraso superior a três
horas, tem direito a ser compensado, a não
ser, mais uma vez, que a companhia prove
que o contratempo resultou de motivos
de força maior.
Se a sua bagagem de porão se perdeu,
ficou danificada ou chegou com atraso,
a companhia é responsável e deve
indemnizá-lo, num valor até 1300 euros.
Posso ir ao médico ou ao hospital
no Reino Unido?
Durante a transição, ainda pode valer-se
do cartão europeu de seguro de doença
(veja em www.seg-social.pt/pedido-
cartao-europeu-seguro-doenca como
pode pedir). Nessa situação, um cidadão
português é atendido no serviço de saúde
público britânico, pagando o mesmo que
um local.
E aqui começa a incerteza: ninguém
pode afirmar com segurança que,
SETEMBRO DE 2019
-se Os deputados avançam com
m agosto, um projeto de lei para impedir
ento para o abandono da UE sem acordo
de um acordo a 31 de outubro, exceto por
mentar. decisão do próprio Parlamento.
www.deco.proteste.pt
OS DIREITOS MANTÊM-SE
DURANTE A FASE
DE TRANSIÇÃO, ATÉ 31
DE DEZEMBRO
após a saída do Reino Unido da União
Europeia, o cartão europeu de seguro
de doença deixe de poder ser utilizado
naquele país. Neste momento, pode ser
utilizado na União Europeia e nos países
extracomunitários com acordos firmados
com a UE que referimos.
Pode, em alternativa, usar a cobertura
de assistência em viagem do seguro
automóvel, mesmo que não vá de carro.
Estas apólices incluem assistência
médica no estrangeiro, prolongamento
da estadia, adiantamento de fundos e
transporte ou repatriamento de feridos,
entre outras despesas. Cobrem o titular,
mas também o cônjuge, ascendentes e
descendentes, desde que pertençam ao
agregado familiar. Verifique se a apólice
cobre as cirurgias de urgência e as diárias
no hospital.
Se já tem um seguro de saúde, em caso
de doença ou acidente ocorrido durante
a viagem, poderá utilizá-lo para receber
cuidados médicos no setor privado.
Nesse caso, terá de pagar integralmente
as despesas e, assim que regressar a
Portugal, apresentá-las à seguradora, que
o reembolsará da percentagem prevista
no contrato. Verifique ainda se o seu
cartão de crédito não tem estas coberturas
associadas.
As regras do roaming vão mudar?
Pois... Os prestadores de serviços de
comunicações móveis vão deixar de estar
sujeitos às regras comunitárias quando
operarem no Reino Unido. Por isso,
22 DE DEZEMBRO DE 2019 JANEIRO DE 2020
Boris Johnson vence as eleições A presidente da Comissão
antecipadas. Consegue que o Europeia, Ursula von der Leyen,
Parlamento aprove o projeto de preocupada com o escasso
saída do Reino Unido, com novo tempo até à saída, aconselha
prazo: 31 de janeiro de 2020. Johnson a reconsiderar a data.
D&D//BREXIT
podem aplicar sobretaxas aos visitantes
europeus. Se viajar após a saída, contacte
o seu operador para saber os preços de
roaming para as chamadas de voz, SMS,
MMS e acesso à internet.
O que mudará nas minhas
compras online em sites
britânicos?
Num cenário sem acordo, as regras
passam a ser iguais às dos países
extracomunitários. Continua a ter de
pagar IVA, de 6% ou de 23%, conforme o
bem em causa. Se comprar livros, pagará
a taxa mais reduzida, mas, se comprar
roupa, prepare-se para a taxa máxima. Se
a encomenda for de bebidas alcoólicas ou
de tabaco, some-lhe impostos especiais
sobre o consumo. O IVA é cobrado também
sobre as despesas de transporte, o seguro
e os direitos aduaneiros. E os prazos de
garantia dos produtos? São de seis anos em
Inglaterra, em Gales e na Irlanda do Norte,
e de cinco anos na Escócia.
Sou britânico e resido com
a minha família em Portugal.
Podemos continuar cá?
Sim. O acordo de saída prevê que,
no fim do período de transição, todos
os membros da família que estejam
registados como residentes num
Estado-membro podem continuar
a usufruir das mesmas condições de que
beneficiavam antes da saída do Reino
Unido. Devem cumprir a obrigação
de solicitar o estatuto de residência
permanente às autoridades portuguesas.
É necessário, contudo, tomar algumas
providências, como verificar a validade
dos passaportes. E, mesmo que tenham
seguro de saúde, devem inscrever-se no
centro de saúde da área de residência.
DOSSIÊ TÉCNICO Magda Canas
23 DE JANEIRO DE 2020
A rainha Isabel II assina a proposta
de saída acordada com os 27. O
Brexit passa a ser lei. Logo a seguir,
Comissão, Conselho e Parlamento
europeus firmam também o acordo.
março/abril 2020//D&D 15
@JornaisPT
D&D//POUPANÇA E INVESTIMENTO

Poupar
está-lhes
no sangue
As irmãs Pires levam a poupança a sério. Põem de
parte o que podem, preocupadas com o presente
(uma despesa extra, comprar casa), mas também com
o futuro: querem chegar à reforma mais amparadas.
Ajudámo-las a dar melhor destino às poupanças
Texto Maria João Amorim

N
ão vivem para poupar, que
viver só se vive uma vez, mas
aproveitam todos os euros extra
que podem para pôr de parte.
Ana, de 38 anos, e Sofia, de 42, dividem
renda. Sara, de 32 anos, não tem carro,
e leva sempre almoço e lanche para o
trabalho. Ana passa algumas temporadas
fora de Portugal a trabalhar e amealha o
que consegue, até porque depois pode
seguir-se um período mais instável, sem
emprego. Moram as três no centro de
Lisboa. Sara e Ana deslocam-se sempre
de transportes públicos. Sofia é mais
castigada com as deslocações: trabalha
longe do centro e de uma rede eficaz
de transportes. Por isso, tem de usar o
carro todos os dias e pagar a respetiva
e respeitosa fatura de combustível.
Dos pais, professores na reforma,
e exímios escultores de poupanças,
herdaram o hábito de aplicar o que vão
acumulando em títulos de dívida pública,
que garantem o capital: Certificados
de Aforro ou do Tesouro. Nos dias
que correm, é nestes últimos que têm
investido, sobretudo Ana e Sofia, dado o
baixo retorno dos primeiros (a taxa-base
depende da evolução da Euribor, que
está, desde 2015, em terreno negativo)
e dos depósitos a prazo. Mas também os
Certificados do Tesouro estão a perder
charme, que é como quem diz: já viram
melhores rentabilidades. Assim, embora
esta seja uma aplicação pela qual ainda
devam optar, dado serem avessas ao risco,
as manas Pires procuram produtos cujo
retorno tenha menos zeros à esquerda.
Pediram o nosso conselho a pensar não só
no presente, mas também no futuro.
Mudar de estratégia
O nosso especialista António Ribeiro
passou as poupanças de Sara, Ana e
Sofia a pente fino e desenhou um plano
adaptado a cada uma (ver fichas nestas
páginas). As três têm quantias diferentes
amealhadas, mas partilham a estratégia

16 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

@JornaisPT

SITUAÇÃO ATUAL A NOSSA PROPOSTA

15%
56%
Fundo Optimize
Selecção Base
Dívida pública
(Certificados do Tesouro
56%
SARA
15%
Dívida pública
Poupança Mais)
(Certificados
32 ANOS Alves Ribeiro PPR de Aforro e do Tesouro)
(fundo PPR)
Tem 34 mil euros investidos em 44%
Depósito à ordem
produtos de capital garantido e quer 14%
rentabilizá-los. Sem grande risco Invest Choice Novos Montantes
(depósito a prazo, Banco Invest)

PROBLEMAS IDENTIFICADOS E ESTRATÉGIA A SEGUIR
Mais de metade das poupanças de Sara (19 mil euros) está aplicada
em Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM), que já não
podem ser subscritos. Não deverá resgatar este dinheiro, mas
não é aconselhável investir um bolo tão grande num só produto.
Sara tem também demasiado capital à ordem (15 mil euros),
parado, sem render nada. Resumindo: deve abandonar a postura
demasiado defensiva e diversificar os investimentos, aproveitando
o facto de ser jovem e poder usar o tempo como o poderoso
ingrediente que é da rentabilização das poupanças.
O QUE RECOMENDAMOS
O grosso do dinheiro deve ficar aplicado em produtos de capital
garantido, mas parte deve ser canalizado para opções de longo
prazo com algum risco e maior potencial de rendimento, incluindo
um plano de poupança-reforma (PPR) sob a forma de fundo.
€ 5 mil euros no Invest Choice Novos Montantes Depósito a prazo
a 12 meses, que rende 0,7% líquidos
€ 19 mil euros em títulos de dívida pública Mantém os Certificados
do Tesouro Poupança Mais, que garantem um rendimento médio
anual de 1,6% líquidos no prazo de cinco anos, até ao vencimento
(metade em julho e outra metade em 2021); depois opta por
Certificados de Aforro e Certificados do Tesouro Poupança
Crescimento – os primeiros têm uma taxa-base líquida de 0,4%,
dependem da Euribor e preveem um prémio de permanência
a partir do segundo ano, e os segundos rendem, em média, 1%
líquidos no prazo de sete anos
€ 5 mil euros no Alves Ribeiro PPR Rendeu 15,2% em 2019 e 7,9%
ao ano, nos últimos cinco anos
€ 5 mil euros na carteira de fundos Optimize Selecção Base
Replica as recomendações da PROTESTE INVESTE e rendeu 15,3%
em 2019 e 4% ao ano, nos últimos três anos

demasiado defensiva: praticamente
tudo está aplicado em dívida pública e
depósitos a prazo. Para António Ribeiro,
é preciso mudar de estratégia. Há quatro
mandamentos de ouro para fazer
crescer as poupanças sem grande risco:
1) constituir um fundo de emergência;
2) diversificar os investimentos; 3) aplicar
algum capital em produtos de longo prazo
e com maior potencial de rendimento; e
4) começar já a poupar para a reforma.
Um plano para cada irmã
Os conselhos de António Ribeiro variam,
sobretudo, em função do valor que cada
irmã tem de parte. Sofia foi quem mais
poupou, logo, tem mais folga para aplicar
em produtos com algum risco, a longo
prazo. Ainda assim, o nosso especialista
sugere-lhe uma repartição em que apenas
35% das poupanças sejam canalizadas
para produtos sem capital garantido:
Alves Ribeiro PPR, plano de poupança-
reforma (PPR) sob a forma de fundo
(nossa Escolha Acertada), e a carteira
de fundos Optimize Selecção Base, que
replica as recomendações da PROTESTE
INVESTE e rendeu 4% ao ano nos últimos
três anos. É uma forma de beneficiar das
bolsas de valores e permite diversificar os
investimentos sem estar sempre em cima
dos mercados, já que os fundos Optimize
ajustam automaticamente os conselhos
da PROTESTE INVESTE. Trata-se de um
investimento de longo prazo, mínimo
de cinco anos. Os nossos subscritores
beneficiam de condições especiais
(conferir em www.decomais.pt).
A parcela aplicada em produtos
que garantem o capital (65%) deve ser
repartida pelo depósito a prazo que
consideramos o melhor do mercado
(Invest Choice Novos Montantes, do
Banco Invest), por títulos de dívida pública
(Certificados de Aforro e Certificados do
Tesouro Poupança Crescimento) e pela
atual conta-poupança.
Sara e Ana devem seguir a mesma linha
de conselhos: o grosso das poupanças
deve ficar aplicado em produtos de capital
garantido, e uma parte investida em
produtos mais amigos da rentabilidade.
Quanto mais cedo aplicarem num
PPR – e esta é uma mensagem direta para
Sara, a mais nova das três irmãs –, mais
beneficiam do efeito de capitalização.
Começando cedo, ainda longe da reforma
(três ou mais décadas), podem optar por
produtos potencialmente mais rentáveis
a longo prazo, como os fundos PPR,
que aplicam uma parte em ações.
Em nome da diversificação, Ana deve,
definitivamente, repartir as poupanças
(neste momento, concentradas numa
conta de magra rentabilidade), por várias
aplicações. António Ribeiro recomenda
que apenas 22% das poupanças de
Ana estejam em produtos sem capital
garantido. O PPR é “obrigatório”. É que
o futuro está aí, já ao virar da esquina.
DOSSIÊ TÉCNICO António Ribeiro

www.deco.proteste.pt março/abril 2020//D&D 17

@JornaisPT
D&D//POUPANÇA E INVESTIMENTO

SITUAÇÃO ATUAL A NOSSA PROPOSTA

11%
Alves Ribeiro PPR 34%
100% (fundo PPR) Invest Choice Novos
Conta-poupança Montantes (depósito a
ANA (Banco CTT) prazo, Banco Invest)
38 ANOS 11%
Depósito à ordem

Poupou 9 mil euros, que estão

11%
numa conta-poupança, mas quer Fundo Optimize 33%
aplicá-los em algo mais rentável Selecção Base Dívida pública
(Certificados de Aforro e do Tesouro)

PROBLEMAS IDENTIFICADOS E ESTRATÉGIA A SEGUIR
Todo o dinheiro de Ana é um fundo de emergência. Está aplicado
numa conta-poupança, que rende 0,5% brutos, ou seja, meros 0,36%
líquidos (3,6 euros ao ano por cada mil euros investidos). Há que
diversificar e aplicar em produtos mais rentáveis. Deve ter um fundo
de reserva, sim, mas é crucial criar uma poupança de longo prazo,
como um plano de poupança-reforma (PPR). E, para tentar tirar partido
das bolsas, Ana deve aplicar algum capital numa carteira de fundos.
O QUE RECOMENDAMOS
Dos 9 mil euros, 7 mil devem ficar aplicados em produtos seguros,
mas diversificados e com alguma rentabilidade. Uma pequena, mas
importante, parte deve ser canalizada para opções de longo prazo
com algum risco e maior potencial de rendimento.
€ 3 mil euros no Invest Choice Novos Montantes Depósito a prazo
a 12 meses, que rende 0,7% líquidos
€ 3 mil euros em Certificados de Aforro ou Certificados do Tesouro
Poupança Crescimento Os primeiros têm uma taxa-base líquida de
0,4%, dependem da Euribor e preveem um prémio de permanência
a partir do segundo ano; os segundos rendem, em média, 1% líquidos
no prazo de sete anos
€ 1000 euros no Alves Ribeiro PPR (mínimo de subscrição para
subscritores DECO PROTESTE) Fundo PPR que rendeu 15,2% em
2019 e 7,9% ao ano, nos últimos cinco anos
€ 1000 euros na carteira de fundos Optimize Selecção Base Replica
as recomendações da PROTESTE INVESTE e rendeu 15,3% em 2019
e 4% ao ano, nos últimos três anos
€ 1000 euros numa conta à ordem para imprevistos

SITUAÇÃO ATUAL A NOSSA PROPOSTA

16% 32%
Dívida pública (Certificados Dívida pública (Certificados
do Tesouro Poupança Mais) de Aforro e do Tesouro)

SOFIA 16%
Alves Ribeiro PPR
42 ANOS (fundo PPR)

84% 29%
Dos 62 mil euros que amealhou, Conta à ordem
e conta-poupança
20% Invest Choice Novos Montantes
(depósito a prazo, Banco Invest)
47 mil estão a render zero. Como ter Fundo Optimize Selecção Base
mais rendimento sem muito risco?
(Banco CTT)
3%
Conta-poupança Banco CTT

PROBLEMAS IDENTIFICADOS E ESTRATÉGIA A SEGUIR
A grande fatia das poupanças de Sofia, títulos de dívida pública
que acabaram de vencer (47 mil euros), está parada numa conta à
ordem, a perder valor. Dez mil euros estão aplicados em Certificados
do Tesouro Poupança Mais (CTPM). E cinco mil euros estão numa
conta- poupança que rende 1% brutos, ou seja, 0,7% líquidos (sete
euros ao ano por cada mil euros investidos). Os CTPM vencem em
maio e já não podem ser subscritos. Nessa altura, Sofia deverá dividir
o montante por Certificados de Aforro e Certificados do Tesouro
Poupança Crescimento.
O QUE RECOMENDAMOS
Tendo mais capital, Sofia pode arriscar mais. No entanto, sugerimos
uma estratégia defensiva. A maior parte do dinheiro deve ser
aplicada em produtos de capital garantido. Mas deve diversificar os
investimentos, aplicar algo em produtos de longo prazo com algum
risco e maior potencial de rendimento, e pensar na reforma.
€ 18 mil euros no Invest Choice Novos Montantes Depósito a prazo
a 12 meses, que rende 0,7% líquidos
€ 20 mil euros em títulos de dívida pública Até maio, mantém
os Certificados do Tesouro Poupança Mais, que garantem um
rendimento médio anual de 1,6% líquidos no prazo de cinco
anos; depois, opta por Certificados de Aforro e Certificados do
Tesouro Poupança Crescimento — os primeiros têm uma taxa-base
líquida de 0,4%, dependem da Euribor e preveem um prémio de
permanência a partir do segundo ano, e os segundos rendem, em
média, 1% líquidos no prazo de sete anos
€ 10 mil euros no Alves Ribeiro PPR Rendeu 15,2% em 2019 e 7,9%
ao ano, nos últimos cinco anos
€ 12 mil euros na carteira de fundos Optimize Selecção Base
Replica as recomendações da PROTESTE INVESTE e rendeu 15,3%
em 2019 e 4% ao ano, nos últimos três anos
€ 2000 euros + salário Conta-poupança do Banco CTT, a 0,7%
líquidos

18 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

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D&D//CONTAS À ORDEM CONDOMÍNIO

A
vida em condomínio é um
desafio. Como se já não bastasse
a frágil convivência entre Poupança é
missão quase
vizinhos, há ainda a partilha
de espaços comuns do edifício, que
necessitam de ser geridos e mantidos.
Esta manutenção implica gastar dinheiro,
ter desavenças e lidar com opiniões

impossível
diversas.
Para facilitar esta gestão, é necessário
haver uma conta bancária à ordem, aberta
em nome do condomínio, passível de
ser movimentada pelo administrador. O
objetivo é a gestão corrente das quotas dos
condóminos, assim como o pagamento
de despesas mensais (eletricidade, água, Bem pode procurar, mas é cada vez mais difícil encontrar
manutenção dos elevadores, limpeza...).
Apesar da tentação, não é recomendável
contas à ordem para condomínio que não sejam um
utilizar uma conta pessoal para fazer a encargo extra. Ao optar pelas nossas Escolhas Acertadas,
gestão e, por isso, são várias as instituições
bancárias a oferecer contas à ordem para pode poupar até 114 euros por ano
condomínio. Contudo, escolher o banco
Texto Cláudia Sofia Santos
errado pode causar um encargo extra no
orçamento. Se abrir a conta mais cara do
mercado, na Caixa Geral de Depósitos
(ver quadro na página seguinte), gasta
mais de 180 euros anuais. O aumento
dos custos foi bastante significativo, nos
últimos anos. Comparado com o estudo
que efetuámos há cinco anos, foi de quase
89%, para um saldo médio de 2000 euros.

Poucos bancos e sempre a pagar

Para lhe dar a conhecer as melhores
opções em relação às contas à ordem
para o condomínio, analisámos a oferta
de 17 instituições bancárias. Destas,
apenas seis oferecem soluções específicas:
Abanca (apenas através do nosso
protocolo Condomínio DECO+), Atlântico
Europa, Millennium bcp, Banco Montepio,
Novo Banco e Santander. Pelos dados
recolhidos, ficámos ainda a saber
que mais cinco instituições bancárias
permitem utilizar as contas para empresas
no âmbito do condomínio: Banco BPI, Best
Bank, CGD, Crédito Agrícola e EuroBic.
Esta análise leva-nos a concluir que
a oferta é bastante limitada, apesar de
os principais bancos nacionais estarem
incluídos. Outra das conclusões a que
chegámos foi de que as vantagens
oferecidas são quase nulas.

www.deco.proteste.pt março/abril 2020//D&D 19

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D&D//CONTAS À ORDEM CONDOMÍNIO

A maioria dos bancos cobra comissões
de manutenção de conta, transferências
interbancárias e anuidade do cartão
de débito, o que, tendo em conta a
realidade de um pequeno ou até médio
condomínio, acarreta mais prejuízos
do que mais-valias.
A única oferta diferenciadora é a
do protocolo Condomínio DECO+,
comercializado pelo Abanca. Além
das transferências gratuitas realizadas
através da internet e da isenção de
anuidade do cartão de débito, esta conta
oferece dois módulos de 11 cheques
por ano, tendo apenas de suportar
o respetivo imposto de selo. Mesmo
sendo um meio de movimentação de
conta a cair em desuso, no caso dos
condomínios, devido às especificidades
da conta à ordem e à forma como são
autorizadas as operações, o custo ainda
pode pesar. Se no estudo de 2014 ainda
se conseguia obter um cheque por
OS CONDOMÍNIOS, TAL COMO
OS RESTANTES CLIENTES
BANCÁRIOS, SÃO ALVO DAS
COMISSÕES. OS VALORES
COBRADOS PODEM
ULTRAPASSAR OS 100 EUROS
23 cêntimos a unidade, hoje, há que
despender, no mínimo, 1 euro.
Para os não-subscritores do protocolo,
a Escolha Acertada recai sobre o Best
Bank (apenas online), com custos anuais
a rondar os 86 euros, distribuídos entre
comissões de manutenção (62,40 euros),
cheques (13,08 euros) e cartão de débito
(10,40 euros). No que diz respeito a um
banco tradicional (com agências físicas),
o eleito foi o Novo Banco, que cobra
89,16 euros, correspondendo 68,64 euros
a comissões e 20,52 euros a cheques.
Tirando o Abanca, todas as instituições
bancárias cobram pelo simples facto de
se ter uma conta à ordem aberta, valores
que variam entre os 62,40 euros do Best
Bank e os 124,80 euros da CGD.
No estudo realizado em 2014,
verificámos que ainda era possível
conseguir uma redução nas comissões
ou até mesmo isenção, se a conta tivesse
um saldo médio mais alto,(por exemplo,
a rondar os 2000 euros). Hoje em dia,
a subida destes limites conduziu a que
dificilmente um condomínio consiga
algum desconto, sendo que em alguns
bancos essa isenção desapareceu mesmo.
Por exemplo, se um condomínio tiver
um saldo médio até 3000 euros, as
diferenças de custos deixam de existir.

CONTAS À ORDEM PARA CONDOMÍNIO ESCOLHA

ACERTADA A nossa seleção
SALDO MÉDIO ATÉ 3000 EUROS,
12 CHEQUES E 24 TRANSFERÊNCIAS PELA NET Se optar pelas Escolhas Acertadas,
conseguirá poupar e reduzir os encargos
Comissões Transferências Cartão do condomínio. Se for subscritor do
Banco de manutenção interbancárias Cheques de débito Total
(€) (€) protocolo Condomínio DECO+, amealha
(€) (€) (€)
mais de uma centena de euros; se não
for, os valores são menores, mas ainda
Abanca
isento isento 0,60 isento 0,60 assim significativos.
Conta Condomínio DECO+

Best Bank Conta Empresa 62,40 isento 13,08 10,40 85,88

CONDOMÍNIO DECO+
Novo Banco Negócios
68,64 isento 20,52 não tem 89,16 POUPE
Condomínio
Abanca Conta Condomínio € 114
Banco BPI Conta ANO
Valor Commerce
93,60 isento 19,32 0,00 112,92 Deco
Custo anual € 0,60
Crédito Agrícola Conta Saiba mais em www.condominiodeco.pt
83,20 isento 16,80 17,68 117,68
à Ordem Empresas
Montepio RESTANTES CONDOMÍNIOS
62,40 24,96 21,84 10,40 119,60
Conta Condomínio
EuroBic Conta à Ordem
62,40 24,96 16,80 18,72 122,88 INTERNET POUPE
Empresas
€ 29
Millennium bcp Conta Best Bank Conta Empresa ANO
74,88 24,96 12,00 18,72 130,56
Condomínio Custo anual € 85,88
Atlântico Europa Conta
104 24,96 20,40 não tem 149,36
Condomínio BALCÃO
POUPE
Santander
81,12 31,20 20,52 17,68 150,52 Novo Banco Negócios € 25
Tarifa Condomínio Condomínio ANO

CGD Conta Extracto

124,80 19,92 17,64 18,72 181,08
Custo anual € 89,16
Empresas

20 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

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Se subirmos o saldo para os 3001 euros,

apenas o Millennium bcp apresenta uma
redução das comissões e, em apenas mais Custos disparam
três instituições, só com um património Percentagem
financeiro acima dos 5000 ou 7500 de aumento
200

(Euros)
euros é que se começam a ver algumas 181,08 Caixa Geral Depósitos +53%
diferenças. No entanto, estes saldos Santander +42%
médios são muito complicados de atingir 150 150,52
130,56 Millennium bcp +563%
para um condomínio comum, isto é, com 118,72
106,08 112,92 Banco BPI +873%
poucas frações e, por inerência, com 100
89,16 Novo Banco +28%
saldos mais baixos. 69,56
50
Custos subiram 89% 19,68
0 11,6
em cinco anos
Sempre teve a mesma conta e as
2014 2019
diversas administrações, ao longo dos
anos, nunca analisaram os custos que
anualmente pesam no orçamento?
Então, está na hora de fazer contas. A
inércia pode sair cara, especialmente,
para os condomínios que lutam para PASSO A PASSO
equilibrar as finanças.
Esta foi a principal conclusão do Como abrir uma conta
nosso estudo. Verificou-se, ao longo
destes cinco anos, um aumento Uma conta à ordem para o condomínio permite que a gestão das despesas e
muito significativo dos custos para a receitas seja feita de forma autónoma face às contas pessoais dos administradores,
manutenção de uma conta à ordem beneficiando todas as partes envolvidas.
para condomínio. Com os cenários
considerados, na altura, o aumento
foi de quase 57%, ou seja, 41,51 euros 1
OBTER A APROVAÇÃO
a mais para um saldo médio de 400
Para abrir conta é necessário, em primeiro lugar, obter a aprovação da decisão em
euros e de 89% para 2000 euros. Tal assembleia de condóminos, por maioria simples.
como tem vindo a acontecer com os
clientes particulares, os saldos médios
das contas já não beneficiam quem tem
contas abertas.
2
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
Resumindo, os custos de utilizar este Depois, com uma cópia da ata de onde consta esta decisão, junto com outra cópia
tipo de contas subiram a um ritmo de da ata com a nomeação do(s) administrador(es), basta dirigirem-se ao banco com
os documentos de identificação (bilhete de identidade e número de contribuinte ou
quase 18% ao ano, e com facilidade
cartão de cidadão) e do cartão de identificação de entidade equiparada a pessoa
ultrapassam a centena de euros anuais. coletiva do condomínio.
O que implica um peso significativo nos
encargos a suportar pelos proprietários.
Além de terem de suportar as despesas
com a manutenção do edifício, devem
3
MEIOS DE MOVIMENTAÇÃO
prestar atenção aos custos com o banco. Aberta a conta, devem ser igualmente definidos os meios de movimentação (cartão
O protocolo estabelecido com o Abanca de débito, cheques, transferências e/ou levantamentos), que deverão estar em nome
do condomínio. O mesmo procedimento se verifica para fins de abertura de uma
é a única solução a custo quase zero para
conta-poupança.
o nosso cenário, e parece ser a pedrada

no charco das comissões, que os
consumidores (condomínios incluídos)
têm de suportar, por utilizarem os
produtos e serviços bancários.
DOSSIÊ TÉCNICO Nuno Rico
4
MUDANÇA DE ADMINISTRAÇÃO
Quando ocorrerem alterações na administração, o procedimento deve ser repetido,
agora com os dados pessoais dos elementos da nova administração. Não é
necessário voltar a abrir conta, apenas mudar os nomes dos administradores.

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D&D//MEGAPROCESSOS

Julgam qu
S
erá por “ganância infecciosa” que
o fenómeno acontece? Ou será
algo inerente à natureza humana
Os casos de
e de que devemos manter os arrastam-se n
pela enorme q
valores nos mínimos, como sustenta Alan
Greenspan, antigo presidente da Reserva
Federal dos EUA? Nenhum país escapa à
corrupção, e é possível ir tão longe quanto
documentos, t
a Antiguidade Clássica para ver exemplos: peritos envolvid
o romano Juvenal já se queixava de que,
“em Roma, tudo se compra”.
megaprocessos
A corrupção está na base de muitos quanto co
megaprocessos judiciais e é difícil de
descobrir – pelas somas subtraídas ao Texto Ricardo Nab
Estado ou a empresas, pelos métodos
empregues para esconder o produto do
extravio. E, mesmo descoberto o esquema
– uma fraude fiscal, o pagamento de
“luvas” a ministros ou funcionários
públicos, um investimento irregular
de um banco –, é difícil de investigar. O
principal problema reside nas provas:
se o corruptor e o corrompido chegam
a acordo sobre um pagamento, este
não será feito, obviamente, com uma
transferência bancária convencional,
com fatura e números de contribuinte
respetivos. Os prevaricadores vão fazer
de tudo para não deixar rasto, por
exemplo, seja pagando em dinheiro
“vivo”, seja através de circuitos
complexos com depósitos em contas de
empresas registadas em diferentes países.
Desvendada a artimanha, a
investigação tem de se guiar pelos
fortes indícios de crime e reunir provas
palpáveis. E, mesmo depois de obtidas e o número de testemunhos, arguidos, das autoridades estrangeiras às quais se
as provas, o volume dos documentos, mandatários é mais um conjunto solicitaram documentos também terá
de barreiras no tempo. Some-se a falta contribuído para agravar a delonga.
de magistrados do Ministério Público, A demora dos megaprocessos tem,
de inspetores da Polícia Judiciária, ou a por isso, afetado a imagem da justiça
falta de apoio técnico aos juízes na fase portuguesa. E, acrescentam os críticos, a
O GOVERNO TROUXE A DEBATE de julgamento e aumente-se a espera. corrupção é adversa à estabilidade social
A DELAÇÃO PREMIADA PARA A famosa Operação Marquês, por
exemplo, que ditou até a detenção de
e contrária aos mais elementares valores
em democracia. Apontam-se novas
ACELERAR OS PROCESSOS. um ex-primeiro-ministro, tem milhares medidas para acelerar os processos.
MAS O MÉTODO É POLÉMICO de páginas. Mas, neste caso, a demora

22 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

 @JornaisPT
que é fácil?
e corrupção
nos tribunais,
quantidade de
testemunhos e
dos. Conheça os
s, tão mediáticos
omplexos
bais & Filipa Rendo
Se cair, leva os outros consigo
O debate está aceso, motivado pela
impaciência da opinião pública e o
sentimento de impunidade de quem
prevarica. No último Dia Internacional
contra a Corrupção (9 de dezembro), a
ministra da Justiça revelou a pretensão
do Governo em criar um grupo de
trabalho para instituir uma estratégia
nacional de combate ao problema. Várias
medidas estão na calha para discussão.
www.deco.proteste.pt
Mas a que entrou no foco dos holofotes
mediáticos foi a colaboração (ou delação)
premiada: o meio através do qual alguém
recebe uma vantagem pelo facto de ter
cooperado na investigação de um crime.
Isto é, um acusado que facilite o acesso
a provas de outro incriminado de um
mal maior pode ver a sua pena reduzida,
por exemplo. Mas ainda não sabemos se
será adotada na lei portuguesa, e em que
moldes.
CORRUPÇÃO
Uma mão suja
a outra
É o tipo de crime que está no top dos
megaprocessos, como um núcleo no
seu átomo. Mas o que é exatamente? A
Procuradoria-Geral da República refere
que a corrupção é o desvio de um poder
para fins diferentes daqueles para
que foi concedido. Ou seja, o (ab)uso
desse poder para fins particulares,
normalmente a partir de um acordo
secreto entre as partes, e que pode
refletir-se em diversas práticas. Eis
alguns exemplos.
DESVIO DE FUNDOS
Somas extorquidas por funcionários
públicos abusando do seu poder.
SUBORNO
Autoridades públicas aliciadas por
pessoas ou empresas para fechar
os olhos ao incumprimento de certa
regulamentação ou para tomar
uma decisão parcial. Ou ainda ofertas
de uma empresa dirigidas ao responsável
pelas compras de outra empresa.
PARAÍSOS FISCAIS
Muitas vezes utilizados para efetuar os
pagamentos, fugindo ao fisco nacional,
ou, em casos de corrupção internacional,
de vários países em simultâneo.
As transferências de dinheiro ocorrem,
muitas vezes, através de diversas
empresas offshore registadas em
diferentes países.
março/abril 2020//D&D 23
@JornaisPT
D&D//MEGAPROCESSOS
O método é utilizado em países
como os EUA ou o Brasil, embora de
forma diferente. Os norte-americanos
fazem uma espécie de negócio, o plea
bargain, em que os arguidos negoceiam
uma pena para que o processo não
prossiga. Já no Brasil, de acordo com
alguns autores, o investigado confessa
os crimes e indica a atuação de terceiros
envolvidos, em troca de um benefício.
A redução da pena pode ser um deles.
Denunciar: sim ou não?
Em Portugal, o sistema jurídico não
admite negociação de penas. Só
considera, e valoriza, a confissão.
A delação premiada, sustenta quem a
apoia, pode acelerar estes processos,
atacando o centro do problema: a
obtenção das provas torna-se mais fácil.
Quem apoia este método pressupõe
que quem contribui para a descoberta
da verdade deve ser premiado. Por
outro lado, as garantias de defesa
não ficam comprometidas, porque
se admite o contraditório, e cabe à
investigação conferir se o que se disse
na delação corresponde mesmo à
verdade. Caso contrário, não são válidas
as provas que resultem da denúncia.
E não só. Se nada disso corresponder
à verdade, o delator pode ainda
ser acusado do crime de denúncia
caluniosa.
Mas é exatamente do Brasil que
surgem as provas maiores de que este
método é muito falível. Alguns autores
referem que se construíram, em casos
mais mediáticos, verdadeiros “pactos
de mentira para incriminar terceiros”.
Mesmo que as provas não sejam
consideradas válidas para investigação,
o julgamento popular já terá sido
feito nos meios de comunicação
social. Por outras palavras, o arguido
é culpado, mesmo que não o seja...
E mais, sustentam os críticos: a delação
premiada compromete o Estado de
Direito e as garantias de defesa de
presunção de inocência do arguido.
Não é fácil, como já se viu, tentar
simplificar demais estes processos.
DOSSIÊ TÉCNICO Sofia Lima
24 D&D//março/abril 2020
APITO DOURADO
A Justiça vai à bola
RESULTADO FINAL DO JOGO: 13 DOS 24 ARGUIDOS CONDENADOS
O caso remonta a 2004, depois de a Polícia Judiciária ter intercetado, em janeiro,
um telefonema entre um dirigente desportivo (Pinto da Costa, presidente do FC Porto) e um
empresário, António Araújo, em que interpretou um suposto aliciamento da arbitragem para
condicionar o resultado de um jogo. O processo cresceu ao ponto de envolver 27 arguidos,
entre os quais o presidente portista e o então presidente da Liga Portuguesa de Futebol,
Valentim Loureiro.
Os dois dirigentes acabariam por ser ilibados do caso. Em causa estavam, entre outros,
os crimes de prevaricação ou de corrupção desportiva. Desse grupo inicial de arguidos,
24 foram submetidos a julgamento. Em 2008, o Tribunal de Gondomar condenou 13 deles.
Em março de 2010, após recurso, o Tribunal da Relação do Porto acabaria por confirmar
“genericamente” as condenações, embora tenha reduzido a pena de prisão de um
dos principais arguidos do processo. Foram ainda interpostos recursos para o Tribunal
Constitucional e para o Tribunal da Relação.
OPERAÇÃO MARQUÊS
No tribunal dos me
MINISTÉRIO PÚBLICO ACUSA 19 PESSOAS
E NOVE EMPRESAS
Um ex-primeiro-ministro preso por “perigo
de fuga” à chegada ao aeroporto de Lisboa,
um juiz que comenta o caso com ditados
ao gosto popular e um país de queixo
caído. Parecem três pontos de partida
interessantes para uma série em streaming,
mas conjugaram-se e ultrapassaram a ficção.
A 21 de novembro de 2014, o antigo chefe
do Governo, José Sócrates, foi mesmo
detido à chegada ao aeroporto, mal saído
do avião, com duas televisões a segui-lo em
direto. O caso remontava a uma investigação
relativa a outro processo, iniciada em 2011.
O Ministério Público ordenou a detenção,
reiterando o risco de fuga e acrescentando-
-lhe o da destruição de provas e continuação
da atividade criminosa. Sócrates esteve
10 meses detido, a maior parte do tempo
no estabelecimento prisional de Évora, e
mais 42 em prisão domiciliária, em Lisboa.
E, só três anos depois dessa detenção,
dada a complexidade do processo, é que
chegou uma acusação contra o antigo
primeiro-ministro.
Mas façamos algum exercício de cronologia:
em setembro de 2016, a Procuradoria-Geral
da República determinou a aceleração
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 @JornaisPT
VISTOS GOLD
dia
processual e concedeu o prazo de seis
meses para a conclusão do inquérito.
Em março do ano seguinte, os magistrados
titulares do processo solicitaram a
prorrogação de prazo, que foi concedido.
No final de novembro de 2018, 19 pessoas
singulares e nove empresas foram acusadas
FACE OCULTA
pela prática de diversos crimes pelo
Ministério Público. A corrupção, o tráfico
de influências e a fuga aos impostos são
alguns deles.
Enfim, quase seis anos e outro juiz
depois – a Carlos Alexandre sucedeu a Ivo
Rosa na tentativa de desenovelar o intrincado
caso –, o que está, afinal, em causa? Sócrates
é acusado de 31 crimes, entre os quais
corrupção passiva e branqueamento de
capitais. Entretanto, toda esta epopeia judicial
e mediática parece mais perto de conhecer
uma conclusão. O antigo governante ainda
está a ser ouvido pelo juiz e, mais uma
vez, devido à complexidade do processo,
só este ano se deverá saber se irá ou não
a julgamento, uma vez que ainda estamos
na fase de instrução.
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Visto e revisto
CORRUPÇÃO E TRÁFICO
DE INFLUÊNCIA
Mais um caso muito mediático, com
figuras públicas, uma lei – que regula
a entrada, permanência, saída e
afastamento de estrangeiros do território
nacional – desde sempre controversa
e supostas trocas de favores como
ingredientes. E é preciso não esquecer,
sequer, as contas dos tratamentos a
feridos de guerra líbios para completar
a trama. O principal arguido do caso,
António Figueiredo, na altura presidente
do Instituto dos Registos e Notariado,
era acusado, ainda, de viciar concursos
para altos dirigentes da função pública
e de atribuir vistos de residência a A acusação deu-se em 2016, navegando
cidadãos estrangeiros de forma irregular. à bolina de diversos crimes, como a
A investigação incluiu Miguel Macedo, corrupção e o tráfico de influência.
então ministro da Administração Interna, Ao todo, 17 pessoas e quatro empresas
como arguido. Mas este último seria
foram acusadas. O julgamento teve inicio
absolvido de todas as acusações, em fevereiro de 2017 e terminou no final
tal como Paulo Lalanda de Castro, de 2018. O tribunal absolveu a maioria
empresário da indústria farmacêutica, dos arguidos, mas o principal, António
que também integrava o grupo Figueiredo, foi condenado a pena
incriminado. suspensa de quatro anos e seis meses.
O rei da sucata
FAVORECIMENTO E CORRUPÇÃO ATIVA
O sucateiro Manuel Godinho está no centro
deste processo. As suas empresas terão sido
beneficiadas em negócios com empresas
públicas e privadas, e um dos envolvidos
tinha um nome mais mediático, Armando
Vara, ex-ministro e secretário de Estado.
Os crimes em causa emolduravam um
conjunto habitual neste tipo de processos:
corrupção ativa e passiva ou participação
económica em negócio. A Policia Judiciária
iniciou a investigação em 2009, foram acusadas 34 pessoas e duas empresas por
alegada rede de corrupção. O processo foi julgado pelo Tribunal de Aveiro, começou
em novembro de 2011 e só terminou passados mais de dois anos. Dos 36 arguidos,
11 foram condenados a pena de prisão efetiva. Depois de um recurso, o Tribunal de
Relação do Porto confirmou, por exemplo, a pena aplicável a 10 deles e absolveu
outros quatro. Manuel Godinho já teve, entretanto, duas reduções de pena, enquanto
Vara começou a cumpri-la em janeiro do ano passado, quando foi detido.
março/abril 2020//D&D 25
@JornaisPT
D&D//IRS
Pensionistas
enrolados na lei
A solução prometida aos contribuintes penalizados no IRS, por terem recebido
pensões em atraso, foi travada pelo Fisco. Exigimos uma alteração urgente da lei
A
situação é quase kafkiana. Em
julho do ano passado, o Governo
anunciou que os pensionistas
penalizados no IRS por terem
recebido de uma só vez pensões em atraso
poderiam ver, finalmente, a sua situação
resolvida. A aprovação de nova legislação
permitiria fazer a devolução do imposto
cobrado em excesso. Problema: o Fisco
entende que a lei, em vigor desde outubro
e criada precisamente para solucionar esta
questão, não é retroativa e, por isso, apenas
26 D&D//março/abril 2020
Texto Sílvia Nogal Dias & Filipa Rendo
se aplica a casos de futuros atrasos. E o que
diz o Governo? Que concorda.
O impasse tem mantido numa espécie
de limbo os contribuintes afetados, que
continuam sem perspetivas de reaverem
o dinheiro que pagaram a mais em IRS.
Alguns deles viram mesmo metade dos
montantes recebidos irem diretamente
para os cofres do Estado, seja em forma de
retenção na fonte ou por altura da entrega
da declaração anual dos rendimentos.
E tudo por causa de uma lei, que, por ter
sido mal redigida, não se aplica
às situações que pretendia corrigir.
Penalizações a dobrar
Mas comecemos a história pelo princípio.
O problema dos atrasos no processamento
de pensões não é novo. Arrasta-se há
anos e já afetou milhares de reformados,
que esperam e desesperam, por tempo
indeterminado (nalguns casos, por mais
de um ano), pelas suas pensões.
Como se isso não bastasse, nalguns
www.deco.proteste.pt
@JornaisPT

casos, quando, finalmente, os valores das na pele o problema dos atrasos no

pensões em falta são pagos, somam-se
às que respeitam a esse mesmo ano,
fazendo subir a taxa de imposto que
lhes é aplicada. Ou seja, como o IRS
é progressivo, os contribuintes nesta
situação são enquadrados em escalões
superiores, acabando por pagar mais.
Esta dupla penalização, que, ao longo
dos últimos anos, afetou centenas de
contribuintes, parecia estar próxima
de ser resolvida, quando, no final do ano
passado, entrou em vigor uma alteração
ao código do IRS que permitiria entregar
uma declaração de substituição para
imputar esses rendimentos aos anos a que
respeitavam, até um limite de cinco anos.
O anexo A da declaração de IRS (referente
ao trabalho dependente e pensões) foi,
inclusive, atualizado para acomodar
essa possibilidade (veja abaixo a imagem
do anexo aprovado para as entregas
de IRS em 2020).
Mas quem tentou, entretanto, retificar
a declaração deparou com uma resposta
inesperada da Autoridade Tributária: só
é possível alterar as declarações relativas
a pagamentos de pensões feitos após
1 de outubro de 2019, altura em que
QUEM TENTOU SUBSTITUIR A
DECLARAÇÃO DE IRS DEPAROU
COM UMA RESPOSTA
INESPERADA: SÓ É POSSÍVEL
INDICAR RENDIMENTOS
POSTERIORES A OUTUBRO
DE 2019
a lei entrou em vigor, uma vez que as
normas tributárias não são retroativas.
Contactámos o Ministério das Finanças,
que corrobora a versão do Fisco: esta lei
não tem “qualquer norma especial em
matéria de aplicação no tempo”, logo,
não se aplica a situações passadas.
Pagar mais IRS e não só
Enquanto dura o imbróglio jurídico,
os pensionistas afetados vão sentindo
os seus efeitos práticos. Consideremos
o exemplo fictício dos Pereira, em que
cada um dos membros do casal recebe
uma pensão mensal de 800 euros.
Reformados desde 2017, sofreram
processamento das suas pensões. Mas,
em 2019, os montantes em falta foram,
finalmente, pagos. Chegados a 2020,
quando entregarem o IRS, terão de
juntar aos rendimentos de 2019 os dois
anos de retroativos, o que aumentará
consideravelmente o seu rendimento
coletável, de 7096 euros para 21 288
euros. E isso vai catapultá-los do segundo
para o terceiro escalão de rendimentos,
ou seja, em vez de 23%, às suas pensões
será aplicada uma taxa de 28,5 por cento.
Assim, em 2020, o casal terá de pagar 1219
euros de IRS, que se somarão aos 3987
euros que já tinham retido na fonte.
Com o pagamento atempado das
Antes de preencher
a declaração de IRS,
esclareça todas as
dúvidas no Guia
Fiscal 2020, que
acompanha esta
edição

O AGORA...
Os rendimentos de trabalho dependente e de pensões
relativos a anos anteriores são identificados no quadro
5A, do anexo A, que apenas permite indicar o valor total
e o número de anos a que reporta.

... E O DEPOIS
O quadro 5B, do anexo A, foi criado depois de aprovada a lei que
permite fazer a correspondência dos rendimentos aos anos a que
respeitam, até um máximo de cinco. Para já, só pode ser usado por
quem tenha recebido pensões em atraso após outubro de 2019.

www.deco.proteste.pt março/abril 2020//D&D 27

@JornaisPT
D&D//IRS

pensões, o cenário seria bem diferente: confrontados com a perda de benefícios

os Pereira nada pagariam, para além do
que foi retido na fonte.
As implicações do agravamento fiscal
que recai sobre os contribuintes afetados
pelos atrasos das pensões não se limitam,
no entanto, aos valores inscritos na
declaração de IRS. Muitos viram-se
CONSUMIDORES EXIGEM
Devolução do IRS
aos pensionistas
● Milhares de contribuintes
têm sido afetados, nos
últimos anos, por atrasos
no pagamento de pensões,
vendo-se privados de
quaisquer rendimentos
durante meses a fio.
A situação é ainda mais
dramática para os que acabam
empurrados para escalões de
IRS mais elevados, quando
os valores em falta são pagos
de uma só vez.
sociais, como a isenção do pagamento
de taxas moderadoras.
Isso mesmo atesta a Provedoria da
Justiça, que, nos últimos 15 anos, recebeu
mais de uma centena e meia de queixas
– 49 delas, em 2019 – e, por isso, tem
vindo a fazer recomendações a sucessivos
governos para que ponham fim àquilo
que considera “uma enorme injustiça”.
A juntar a este rol de penalizações, o
golpe de misericórdia é uma lei feita a
pensar na correção de situações passadas,
que só se aplica ao futuro.
Um futuro em que, expectavelmente,
os atrasos terão menor probabilidade de
ocorrer, depois do anúncio do Governo
de que está a trabalhar num “plano
especial” para recuperar os atrasos.
MUITAS PESSOAS PERDERAM
BENEFÍCIOS SOCIAIS, COMO A
ISENÇÃO DE TAXAS
MODERADORAS

● Em outubro de 2019,
a situação parecia estar
próxima de ser resolvida,
quando entrou em vigor uma
lei que permite discriminar,
na declaração de IRS, os
rendimentos referentes a anos
anteriores, até um máximo
de cinco anos. Mas a lei não
refere expressamente que é
retroativa e, por isso, o Fisco
só pode considerar os casos
posteriores à sua aprovação.
Os contribuintes afetados nos
últimos anos mantêm-se sem
perspetivas de verem o seu
problema solucionado.
● A situação é inaceitável e de
uma enorme injustiça. Por isso,
vamos reunir com os grupos
parlamentares e exigir uma
revisão urgente da lei, que
permita a estes pensionistas
reaverem
o imposto que pagaram
em excesso.
Alteração à lei é urgente
As razões são mais do que muitas, pelo
que reivindicamos, com a maior urgência,
uma alteração da lei. Uma lei que, desta
vez, não deixe margem para dúvidas:
que permita aos pensionistas alterarem
as declarações de rendimentos referentes
a anos anteriores, de forma retroativa,
até um limite de cinco anos, e, assim,
reaverem o imposto pago em excesso.
Enquanto isso não acontece, e na
falta de um teste à nova funcionalidade
(que só estará disponível a partir de 1 de
abril, quando começar a entrega do IRS),
aconselhamos quem esteja nesta situação
a preencher a declaração, conforme
as indicações da Autoridade Tributária
(veja a imagem da página 27).
Faremos de tudo para que, em breve,
consiga fazer as emendas que só pecam
por tardias, e não lhe seja cobrado mais
imposto do que o devido.
DOSSIÊ TÉCNICO Ernesto Pinto
S
e é senhorio e está prestes a
entregar a declaração de IRS,
poupamos-lhe o trabalho de
ler as 10 páginas de instruções
que a Autoridade Tributária reservou
para quem tem de preencher o anexo
relativo aos rendimentos prediais. É certo
que o último ano foi fértil em iniciativas
destinadas ao mercado do arrendamento
e, por isso, as novidades são muitas.
Mesmo assim, é possível simplificar
(leia as indicações ao lado).
Para declarar as rendas que recebeu ao
longo do ano, tem de juntar ao modelo 3
(a folha de rosto) o anexo F. As alterações
que vai encontrar este ano dizem respeito,
sobretudo, à identificação dos contratos.
Consoante a sua natureza, os campos
a preencher diferem.
É o caso dos contratos com duração
superior a dois anos, celebrados a partir
de 1 de janeiro de 2019, e que passaram
a beneficiar de uma redução no IRS.
Em vez dos 28% aplicados à generalidade
dos contratos de arrendamento, estes

28 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

@JornaisPT
O anexo para declaração de rendas tem nova cara. Os senhorios
elegíveis para benefícios fiscais devem ter atenção redobrada
são taxados a 26%, e as renovações (por
períodos iguais) beneficiam de reduções
sucessivas de 2%, até ao máximo de 14
por cento. Quem faça contratos superiores
a 20 anos obterá, de imediato, uma
bonificação de 18%, pagando uma taxa de
imposto de 10 por cento. Para beneficiar
destes incentivos, não basta declarar as
rendas no IRS. Antes disso, os senhorios
têm de comunicar as renovações do ano
anterior, até 15 de fevereiro daquele em
que declaram os rendimentos.
Já para identificar contratos celebrados
no âmbito do programa de arrendamento
acessível, em vigor desde 1 de julho do
ano passado, o caminho a seguir no
anexo F é outro (ver caixa ao lado). Nesta
modalidade, os senhorios estão isentos de
IRS e de IRC, se a renda cobrada for inferior
a 20% do valor de mercado e a taxa de
esforço dos arrendatários não ultrapassar
os 35% do rendimento médio mensal.
Independentemente do tipo de contrato,
todos os proprietários devem indicar se
pretendem ou não englobar
www.deco.proteste.pt
IRS para
senhorios
Texto Sílvia Nogal Dias & Filipa Rendo
os rendimentos ou se optam pela
tributação autónoma (quadro 6F).
Por norma, a segunda opção é mais
vantajosa, sobretudo agora, devido
aos novos incentivos fiscais.
PASSO A PASSO
Cada contrato no seu quadro
Os rendimentos relativos a rendas devem
ser declarados no anexo F. Neste, além
de inserir dados genéricos, como o ano a
que respeitam os rendimentos, e eventuais
informações complementares, é necessário
identificar os contratos celebrados.
Consoante o tipo de arrendamento,
os quadros a preencher variam.
ARRENDAMENTO TRADICIONAL
Quadro 4.1 Tal como até aqui, indique
neste quadro os rendimentos obtidos
com as rendas e os gastos suportados
com o imóvel (ou imóveis): por exemplo,
o condomínio, o IMI e eventuais obras
de conservação.
D&D//IRS
Para verificar a sua situação, consulte
o Guia Fiscal 2020, que acompanha
esta edição.
DOSSIÊ TÉCNICO Ernesto Pinto
ARRENDAMENTO DE LONGA DURAÇÃO
Quadro 4.2 Para beneficiar da redução
da taxa de IRS, deve identificar os contratos
de arrendamento (ou renovações) com
duração superior a dois anos, celebrados
depois de 1 de janeiro de 2019, neste
quadro (e não no 4.1).
ARRENDAMENTO ACESSÍVEL
Quadro 4.1 Os contratos posteriores a 1 de
julho de 2019, enquadrados no programa
de arrendamento acessível, devem ser aqui
identificados. Quadro 6D Indique em que
campo do quadro 4.1 identificou o imóvel e
introduza o número do contrato. Só assim
pode beneficiar da isenção total de IRS.
março/abril 2020//D&D 29
@JornaisPT
D&D//DIREITO REAL DE HABITAÇÃO DURADOURA

Novo regime serve a

Já está em vigor a lei que
permite viver numa casa
ITAÇÃ
durante toda a vida sem ser RE A L DE H A B
DIREITO
necessário comprá-la. Quais os
prós e contras do novo regime
de habitação duradoura? O contrato é celebrado por escritura pública
CONTRATO
ou documento particular com reconhecimento
Texto Maria João Amorim presencial das assinaturas, e tem de ser registado
na Conservatória do Registo Predial 30 dias após
a sua celebração. No arrendamento, por exemplo,

C
basta um contrato por escrito. As assinaturas não

hama-se Direito Real de

Habitação Duradoura (DHD)
têm de ser reconhecidas presencialmente (essa
é uma opção das partes), e só os contratos de CONTRAPAR
arrendamento superiores a seis anos estão sujeitos
e permite habitar uma casa, a registo na Conservatória do Registo Predial.
como residência permanente
e de forma vitalícia, mediante uma
caução e uma prestação mensal acordada

CAUÇÃO
entre proprietário e morador. O contrato
só termina por renúncia ou com a
morte deste último. Na celebração do contrato, o morador entrega ao
Apesar de reunir alguns traços proprietário o valor da caução, de 10% a 20% do valor do
dos regimes da propriedade e do imóvel, apurado pelo valor mediano “das vendas por m2
arrendamento, o DHD é uma figura de alojamentos familiares, por freguesia, aplicável em
função da localização da habitação e da área constante
legal autónoma. Ou seja, tem regras
da respetiva caderneta predial”. A percentagem concreta
próprias. O diploma que cria esta nova
IMI
é acordada entre as partes. A caução é prestada pelo
figura jurídica classifica-a de “solução prazo de 30 anos.
alternativa” à compra de habitação
própria e ao “consequente endividamento
das famílias”, garantindo segurança
habitacional. Mas será mesmo assim?

Caução, a quanto obrigas

Se o valor do imóvel corresponder, por
exemplo, a 250 mil euros, o morador que
celebre um contrato de DHD deve entregar
ao proprietário um montante entre 25
mil e 50 mil euros a título de caução (veja
em cima o que diz a lei). Caso o morador
queira entregar o imóvel ao proprietário,
estando o contrato ainda a decorrer,
recebe de volta a caução. No entanto, só
a receberá na totalidade, se renunciar ao
DHD nos primeiros 10 anos do contrato.
A partir do 11.º ano (e até ao 30.º), o valor
é reduzido anualmente em 5 por cento.
Poderá ser uma opção para quem não tem
acesso ao crédito à habitação (por motivos
de idade, por exemplo) e pretende viver
na mesma casa o resto da vida. Mas isso já
não será aplicável a quem pode recorrer ao
crédito. Imagine-se um jovem casal com
capacidade de endividamento e capital
próprio para dar de entrada na compra
de uma casa: por que motivo optaria pelo
DHD? O valor da caução e o da entrada
serão equivalentes, provavelmente,
e a casa nunca será propriedade sua.
E porque correria o risco de perder 5%
da caução que lhe seria devolvida, se,
fruto da vontade ou da necessidade
de mudança, desistisse da casa entre
o 11.º ano e o 30.º ano do contrato?
Proprietário deve ponderar
Por um lado, ao receber a caução, o
proprietário, que está obrigado à sua
devolução em caso de desistência do
morador, fica condicionado quanto ao
tipo de investimento que poderá fazer.
A possibilidade iminente de ter de
devolver 100% do valor nos primeiros 10
anos limita a realização de investimentos
diversificados e bem planeados. Ainda
que tenha a vantagem de só ser tributado

30 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

 @JornaisPT
a alguém?
A DOU R A
ÃO DUR
Além da caução, o morador tem de pagar
uma prestação mensal ao proprietário, a
acordar entre ambos, e ainda um valor anual
correspondente a 5% da caução, entre o
11.º e o 30.º ano de vigência do contrato,
descontado da caução que já foi entregue.
No arrendamento, o inquilino paga apenas
uma caução no início do contrato (que pode
corresponder a um mês de renda) e uma
renda mensal. Pondo lado a lado ambos os
regimes, a habitação duradoura pode ser mais
RTIDAS
onerosa para o morador, apesar de lhe conferir
segurança habitacional para o resto da vida.
O morador paga as taxas municipais
e tem a obrigação de entregar ao
proprietário os montantes relativos ao
imposto municipal sobre imóveis (IMI).
Mas que vantagem há em suportar este
imposto, não sendo dono da casa e
não a podendo deixar aos herdeiros?
O direito real de habitação duradoura
não se transmite por herança: termina
por morte ou desistência do morador.
em 10% sobre os rendimentos gerados.
Por outro lado, durante pelo menos 10
SE O anos, as principais despesas com o imóvel,
MORADOR imposto municipal sobre imóveis (IMI)
RENUNCIAR incluído, ficam a cargo do morador.
Anualmente, além dos 10% sobre as
À CASA NOS prestações acordadas, a partir do 11.º ano
PRIMEIROS e até ao 30.º ano, 5% da caução inicial
10 ANOS, passam a ser considerados rendimento do
RECEBE A proprietário. A taxa de IRS que vai incidir
sobre a caução sobe para os 28 por cento.
CAUÇÃO DE É fazer as contas para decidir.
VOLTA POR
INTEIRO DOSSIÊ TÉCNICO Ernesto Pinto e Sofia Lima
www.deco.proteste.pt
Como funciona?
Entrega da casa ao morador
O proprietário tem de disponibilizar a habitação com um nível
de conservação, no mínimo, médio, livre de pessoas, ónus
e encargos (hipoteca ou usufruto, por exemplo).
Valor da prestação mensal
A prestação mensal a pagar ao proprietário só pode ser
alterada por acordo entre as partes.
Quantias em dívida
Se houver dívidas decorrentes do não cumprimento
das obrigações por parte do morador, em caso de extinção
do contrato, o proprietário pode subtraí-las à caução.
Transmissão da habitação com contrato de DHD
O proprietário pode vender ou ceder o imóvel. No entanto, o
morador continua a ter o direito de o habitar de forma vitalícia.
A transmissão pode ser feita também ao próprio morador.
Neste caso, é possível utilizar o valor da caução para pagar
(total ou parcialmente) a casa.
Pedir um crédito para pagar a caução
O DHD pode ser hipotecado como garantia de um
empréstimo que seja atribuído para pagamento da caução.
Obras e seguros
Compete ao proprietário pagar as obras ou outros encargos
relativos às partes comuns do prédio e a quotas do
condomínio. Deve garantir ainda os seguros obrigatórios
relativos ao prédio e à habitação (seguro de incêndio).
As obras de conservação extraordinária da casa ficam
também a cargo do proprietário. O morador fica responsável
pelas obras de conservação ordinária (resultantes
do desgaste pelo uso normal).
Quem pode pôr fim ao contrato
Só o morador pode terminar o contrato, a não ser que entre
em incumprimento. Pode fazê-lo em qualquer altura.
Desistir da casa
O morador pode renunciar livremente ao DHD. Para tal,
deverá enviar ao proprietário uma carta registada com aviso
de receção e assinatura reconhecida presencialmente, no
prazo de, pelo menos, 90 dias de antecedência.
Devolução da caução
Em caso de renúncia por parte do morador, o proprietário
tem até três meses para devolver o remanescente da caução
quando esse valor seja igual ou inferior a 30% do montante.
O prazo passa para seis meses se o valor for superior a 30% a
inferior a 60% da caução. Por fim, o limite sobe para os nove
meses quando a quantia a restituir for igual ou superior a 60%
do que o morador já pagou a título de caução.
Entrega da casa ao proprietário
Extinto o DHD, o morador tem três meses para devolver
a casa ao proprietário, exceto em caso de renúncia.
março/abril 2020//D&D 31
@JornaisPT
VALE A PENA? SEGUROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO

Seguro,
mas pouco
(ou nada)
Os seguros de proteção ao crédito e no desemprego parecem apelativos
à primeira vista, mas basta ler as apólices com atenção para esbarrar
numa longa lista de exclusões e exigências
Texto Maria João Amorim

32 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

@JornaisPT

EXCLUSÕES E EXIGÊNCIAS

A quem servem estes seguros afinal?

JOSÉ, 45 ANOS, SOFIA, 27 ANOS, MANUEL, 39 ANOS, MARIA, 54 ANOS,

TRABALHADOR POR TRABALHADORA POR TRABALHADOR POR TRABALHADORA POR
CONTA DE OUTREM CONTA PRÓPRIA CONTA DE OUTREM CONTA DE OUTREM
Despedido unilateralmente Atropelada ao atravessar a Empresa muda-se de Lisboa Vencimento em atraso
pela entidade empregadora estrada e levada para o hospital para o Porto há dois meses

Sem conhecimento prévio
de que tal iria acontecer, José
viu-se despedido. Três meses
antes, contratara um seguro de
proteção ao crédito automóvel.
Decidiu acioná-lo, via cobertura
de desemprego involuntário,
dado que o período de carência
(60 dias) já havia passado.
E entretanto inscreveu-se no
centro de emprego. Só se ficar
desempregado durante 30 dias
consecutivos (franquia relativa
do seguro) é que tem direito a
receber as prestações mensais
que lhe permitem pagar o crédito
durante seis meses, no máximo.
Não há nenhum fator
de exclusão (ter sido
O
despedido com justa SEGURO
causa, por exemplo). PAGA
Por isso...
Sofia esteve internada durante
sete dias. Tivesse tido alta um dia
depois e o seguro de proteção
ao crédito que subscreveu há um
ano pagar-lhe-ia uma prestação
do empréstimo pessoal.
A cobertura de hospitalização
destina-se a trabalhadores por
conta própria, mas só pode ser
acionada se o internamento for
superior a sete dias consecutivos.
Assim, Sofia não recebe nada.
Mas, como vai ter de ficar em
casa, a recuperar, durante três
meses, pode acionar a cobertura
de incapacidade temporária
absoluta para o trabalho
por doença e/ou
acidente. Vai ter de O trabalho, exclusão
esperar 30 dias para SEGURO
PAGA,
receber o primeiro
MAS...
reembolso. Por isso...
A empresa onde Manuel trabalha
vai fechar portas em Lisboa e
mudar-se para o Porto. Propõe-
-lhe desempenhar as mesmas
funções na nova cidade, mas,
por razões familiares, não aceita.
Negoceia a saída com a entidade
patronal e fica desempregado.
Decide então acionar o seguro
de proteção no desemprego
(cobertura de desemprego
involuntário), que contratou
há cinco anos e garante o
pagamento de um valor mensal
predefinido durante seis meses.
A seguradora recusa pagar,
invocando acordo na cessação
do contrato de
O consegue cumprir o
prevista na apólice. SEGURO
NÃO
Manuel reclama,
PAGA
mas...
Sem receber ordenado pelo
segundo mês seguido, Maria
tenta acionar a cobertura de
salários em atraso do seguro
de proteção no desemprego
subscrito há vários anos. Mas
vai ter de esperar mais um mês,
pois só o poderá fazer depois
de 90 dias consecutivos com
o salário em falta. Ao terceiro
mês após falhar os ordenados, a
empresa paga aos trabalhadores.
Mas no mês seguinte volta a
incumprir. Maria tem agora dois
meses pela frente até poder
acionar o seguro. Se a empresa
pagar entretanto e voltar a falhar
a seguir, Maria não
O
requisito necessário SEGURO
NÃO
para beneficiar do
PAGA
seguro. Assim...

A
o primeiro olhar, respondem
com aparente eficácia à pergunta
“e se?”. E se ficar desempregado?
E se tiver um acidente? E se não
me pagam o salário? Os seguros de proteção
ao crédito e no desemprego prometem
uma almofada financeira em caso de
desemprego involuntário, hospitalização ou
salários em atraso, mas o rol de restrições e
exigências para ativar as coberturas é de tal
modo extenso, que, no fim, poucos poderão
beneficiar da segurança apregoada.
Trabalhadores por conta própria, com
contratos há menos de 12 meses ou com
vínculo laboral precário estão excluídos
da maior parte das coberturas. Doenças
preexistentes e gravidez também estão
PARA DESEMPREGO de fora. Os períodos de carência (prazo
INVOLUNTÁRIO, pós-contratação em que o seguro não pode
AMBOS OS PRODUTOS ser ativado) são, por norma, de 60 dias (e até
de 90). E, na maior parte dos casos, só se a
ASSEGURAM situação se prolongar para além de 30 dias
AS RESPETIVAS é que há lugar ao pagamento previsto. Ou
PROTEÇÕES, EM seja, só a partir do 31.º dia é que o segurado
REGRA, DURANTE adquire o direito à prestação, contada
a partir do dia do sinistro. É a chamada
SEIS MESES, franquia relativa (o beneficiário espera
NO MÁXIMO 30 dias, mas o seguro paga o que ficou para
trás). No caso da cobertura de salários em
atraso, presente em algumas apólices, este
prazo alarga-se a 90 dias consecutivos.

www.deco.proteste.pt março/abril 2020//D&D 33

@JornaisPT
VALE A PENA? SEGUROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO
O que prometem
O seguro de proteção ao crédito é,
habitualmente, comercializado quando
se contrata um empréstimo pessoal ou um
financiamento automóvel. Já para contratar
um seguro de proteção no desemprego, não
é necessário haver um crédito associado.
Em caso de desemprego involuntário ou
incapacidade temporária absoluta para o
trabalho por acidente ou doença, o primeiro
tipo de apólice garante o pagamento da
prestação mensal do crédito associado, e
o seguro de proteção no desemprego paga
uma indemnização mensal predefinida.
Para a cobertura de desemprego
involuntário, ambos os produtos asseguram
as respetivas proteções, em regra, durante
seis meses, no máximo. Em caso de doença
ou acidente, a indemnização será paga até
que o segurado volte ao trabalho ou seja
atingido o limite de 12 meses por sinistro.
60 dias
Período de carência
previsto na maior parte
das apólices
30 dias
Prazo pós-sinistro até
ao primeiro reembolso
O que cumprem na prática
A cobertura de desemprego involuntário
é exclusiva para trabalhadores por
conta de outrem e inclui despedimento
coletivo, extinção do posto de trabalho e
despedimento promovido unilateralmente
pela entidade empregadora. Mas deixa
de fora a cessação do contrato de trabalho
por acordo entre o trabalhador e a empresa,
desemprego resultante de atividade sazonal
ou caducidade de contratos a termo.
Para acionar o seguro, o beneficiário
tem de estar inscrito no centro de
34 D&D//março/abril 2020
emprego. O documento a comprová-lo é
apenas um dos vários que terá de enviar à
seguradora. Também lhe será exigida cópia
da declaração de situação de desemprego
preenchida pela entidade patronal, cópia
da carta de despedimento e cópia do
contrato de trabalho.
Em geral, depois de ativada, a cobertura
de desemprego involuntário só pode ser
acionada de novo pelo segurado após seis
meses de trabalho ativo.
Em caso de incapacidade temporária
absoluta para o trabalho por acidente ou
doença, tanto o seguro de proteção ao
crédito, como o de desemprego, só pagam
se o beneficiário não puder trabalhar por
um período superior a 30 dias consecutivos.
Trabalhadores por conta própria
pagam por pouca proteção
A cobertura de hospitalização é das poucas
destinadas a trabalhadores por conta
própria. Assegura o pagamento de uma
prestação do crédito ou do capital mensal
estipulado em caso de internamento
hospitalar superior a sete dias consecutivos.
Se o período de hospitalização ultrapassar
os 30 dias, o seguro paga até ao limite de
12 meses por sinistro. Mas o internamento
não se pode dever, entre muitas exclusões,
a doença preexistente ou gravidez, por
exemplo. Algumas apólices deixam de
fora também as lombalgias e as patologias
psiquiátricas, como a depressão nervosa.
Preços variam
Os preços praticados variam muito.
Um seguro de proteção ao crédito que cubra
desemprego involuntário, incapacidade
temporária absoluta para o trabalho por
doença e/ou acidente e hospitalização para
garantir um crédito pessoal de 10 mil euros,
a pagar em cinco anos, tanto pode custar
pouco mais de 500 euros, como ultrapassar
os mil (valor total do seguro). É frequente
as apólices fixarem a prestação máxima
mensal a proteger. Por norma, esse valor
é de 1700 euros. A grande maioria dos
prémios destes seguros acresce aos valores
do empréstimo. Assim, o cliente também
paga juros sobre o prémio de seguro.
Para garantir um montante de
200 euros por mês, um seguro de proteção
no desemprego pode custar, por exemplo,
entre 80 e 130 euros por ano. Há seguros
que pagam apenas uma percentagem
do vencimento líquido do beneficiário
(30%, por exemplo), com um teto
associado. E outros estipulam valores
fixos mensais a indemnizar. Ao contrário
do seguro de proteção ao crédito, que dura
apenas enquanto durar o empréstimo,
o seguro de proteção no desemprego pode
ser mantido pelo período que o segurado
queira. Custos que se somam à prestação
do crédito a pagar e às despesas do dia-a-
-dia, mas que, no final de todas as contas,
compensam poucochinho. Ou nada.
DOSSIÊ TÉCNICO Sandra Justino
NÃO
ACONSELHAMOS
Sandra Justino
Os seguros de proteção ao crédito
e no desemprego poderiam ser
produtos interessantes por darem
uma segurança adicional aos
consumidores. Mas a proteção
apregoada não se verifica na
prática. A lista de restrições e
exigências da maior parte das
apólices limita a sua abrangência.
Olhando às exclusões, aos limites
de indemnização, aos períodos de
carência e às franquias que estes
seguros preveem, concluímos que
muitos dos consumidores que os
contratam estão a pagar por algo
de que nunca poderão beneficiar.
Na prática, os seguros de proteção
ao crédito e no desemprego não
estão adequados às necessidades
concretas dos consumidores e,
por isso, não aconselhamos a sua
subscrição.
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@JornaisPT
E tudo o vento e a
chuva levaram
Em caso de fúria da natureza, como proteger a sua casa? Saiba que coberturas
específicas deve contratar (e o que fica excluído) num seguro multirriscos-habitação
L
á fora sopram rajadas de vento
de 100 quilómetros por hora,
mas nada que os habitantes dos
distritos de Vila Real, Bragança
ou Guarda, habituados que estão à fúria
dos elementos, nunca tenham visto
e sentido. “Aviso amarelo”, ouvem na
rádio. O alerta emitido pelo Instituto
Português do Mar e da Atmosfera (IPMA)
para rajadas máximas de vento nas
terras altas levá-los-á a tomar algumas
www.deco.proteste.pt
Texto Maria João Amorim
medidas de precaução, aconselhados
pela Proteção Civil, como proteger portas
e janelas. Já um habitante dos distritos
de Leiria ou Coimbra, perante a mesma
vertigem de ventos a 100 quilómetros
por hora, será alertado pelo IPMA
para um perigo catalogado com um
bem mais preocupante aviso laranja.
Se, no primeiro caso, podem ocorrer
danos em automóveis e habitações,
apesar das medidas preventivas que
D&D//PROTEGER OS BENS
se possam tomar, imagine-se no
segundo. O seu carro estará certamente
protegido pelo respetivo seguro auto,
e é provável que tenha subscrito um
multirriscos-habitação para a casa.
A questão é saber se contratou as
coberturas adequadas em caso de
fenómenos da natureza. Não, os seguros
auto e multirriscos-habitação não
preveem todos os riscos por defeito.
As apólices têm coberturas de base
março/abril 2020//D&D 35
@JornaisPT
D&D//PROTEGER OS BENS
e complementares. Para acautelar
danos no automóvel (queda de árvores,
por exemplo), é necessário contratar
a cobertura de fenómenos naturais.
No multirriscos-habitação, a cobertura
de incêndio, queda de raio ou explosão,
que cobre os danos causados por estes
fenómenos, está na base de todas
as apólices. Para se resguardar das
consequências de desastres naturais, há
que contratar um seguro que inclua as
coberturas de tempestades, inundações,
aluimento de terras e demolição e
remoção de escombros. Fundamental
também é a cobertura de fenómenos
sísmicos (facultativa em todas as
apólices), que garante o pagamento de
danos na sequência de tremores de terra,
erupções vulcânicas ou maremotos.
Em caso de imóveis antigos ou situados
em zonas de risco elevado, como o
Algarve ou os Açores, poderá, contudo,
ser difícil contratar esta cobertura.
A COBERTURA DE
TEMPESTADES PAGA OS
DANOS PROVOCADOS POR
VENTOS FORTES, DESDE QUE
A VELOCIDADE SEJA SUPERIOR
A 90 OU 100 QUILÓMETROS
POR HORA
Não é suposto ir ler a sua apólice a cada
alerta do IPMA: por isso, previna-se. Cai
uma valente bátega, provocando estragos
avultados na sua casa, e a apólice
não inclui a cobertura de danos por
inundações? Duplo azar: o soalho da sala
foi à vida e o seguro não paga.
Um dia o céu cai em cima
da cabeça
O aviso é do Painel Intergovernamental
para as Alterações Climáticas (IPCC),
organismo das Nações Unidas que alerta
para a maior frequência no futuro de
fenómenos meteorológicos extremos, na
sequência das alterações climáticas. É só
sensato tentar proteger os seus bens em
36 D&D//março/abril 2020
caso da fúria mais do que anunciada da
natureza. Para evitar um segundo banho CASA INUN
de água fria depois da enxurrada que lhe
pode inundar a casa, e porque as cláusulas
das apólices de multirriscos-habitação Deve contactar de im
contêm exclusões que só são notadas na contactos de testem
de reparações urg
hora em que o seguro é acionado, saiba o
que contratar.
E tudo o tufão levou
A cobertura de tempestades paga os
danos provocados por ventos fortes, O perito apur
desde que a velocidade seja superior a 90 quantifica os da
de reparação
ou 100 quilómetros por hora (consoante pelo menos t
a apólice) e provoquem estragos em os
edifícios sólidos num raio de cinco
quilómetros. De fora ficam os danos em
dispositivos de proteção, como persianas,
marquises, vedações ou portões, exceto se
o edifício ficar destruído. Estão também
excluídos estragos causados pelo mar e
SEGURADORA PAGA DANOS
pela entrada das chuvas nos telhados, NA TOTALIDADE
portas, janelas e terraços, salvo se estas
estruturas ficarem danificadas pela
tempestade. Ou seja, se deixar uma janela
aberta e a chuva entrar e provocar danos,
o seguro pode não pagar.
Para ativar a cobertura de inundações,
que cobre os danos resultantes de
inundações provocadas por chuvas
torrenciais, rebentamento de diques
e barragens e pelo transbordamento
do leito de cursos de água, a chuva deve
atingir, no mínimo, 10 milímetros em
SEGURADORA
10 minutos. Estragos em dispositivos
de proteção e causados pela ação do mar
PAGA DANOS
NA TOTALIDADE
estão excluídos. Os estragos são pagos,
mas o prémio do seguro pode
Seguradora quer provas aumentar na anuidade seguinte.
Pode ser necessário provar junto da
seguradora, através de um documento
emitido pelo IPMA, que a força do vento
e da chuva atingiu os mínimos exigidos.
O segurado deve enviar um e-mail à
Divisão de Gestão Comercial do IPMA
(comercial@ipma.com), especificando
os dados de que necessita, indicando a
razão do pedido e a data da ocorrência.
Ser-lhe-á depois enviado um orçamento.
Aceitando-o, recebe a informação
pretendida. O custo é variável, mas
poderá rondar os 85 euros. Nos casos
mais violentos e mediáticos, não é usual
a seguradora pedir esta confirmação.
www.deco.proteste.pt
 @JornaisPT

DADA: COMO ACIONAR O SEGURO? De fora da apólice

Quase tão importante como saber o
que o seguro cobre é o que não cobre.
TOMADOR DO SEGURO Contratando as coberturas de aluimento
m ediato a seguradora e reunir provas do sinistro (fotos, vídeos, nomes e de terras e demolição e remoção de
unhas). Deve também conservar objetos e bens danificados. As faturas escombros, é crucial ter noção de que,
entes pós-sinistro devem ser guardadas, para serem, posteriormente,
remetidas à seguradora.
no primeiro caso, estão excluídos estragos
em edifícios com defeitos de construção
ou problemas prévios em paredes,
telhados ou fundações. A seguradora só
SEGURADORA paga os danos provocados por fenómenos
a a causa do sinistro, confirma se está abrangido pela apólice e atípicos e repentinos. No segundo caso, a
nos, de forma a propor um valor de indemnização. Os orçamentos apólice não paga as despesas de demolição
são, por norma, pedidos pelos segurados. Devem ser solicitados
rês. Se ficarem todos acima do valor proposto pela seguradora,
de qualquer parte do edifício que não
egurado deve pedir para a companhia rever a oferta. esteja danificada, ainda que o segurado
esteja legalmente obrigado a fazê-lo.

E se a terra tremer?
O preço da cobertura de fenómenos
SEGURADORA COBRE APENAS sísmicos depende do risco sísmico
SEGURADORA NÃO ASSUME
PARTE DOS DANOS
RESPONSABILIDADE associado à cidade onde se situa o imóvel
Orçamentos e avaliação do perito
Sinistro não se enquadra nas e ao ano de construção. Quanto maior
divergem ou bens estão seguros
coberturas da apólice.
por um valor inferior ao real. for a probabilidade de ocorrer um sismo,
mais cara se torna, mas, também, mais
necessária. As seguradoras usam uma
tabela que classifica cada concelho
SEGURADO NÃO ACEITA DECISÃO. COMO RECLAMAR? do País em função de cinco categorias
de risco. Os Açores e o Algarve são as
SEGURADORA E AUTORIDADE DE SEGUROS E FUNDOS DE PENSÕES
Reclame por carta registada e informe a entidade reguladora do setor.
regiões a que corresponde o risco mais
www.asf.com.pt elevado e, por isso, muitas seguradoras
não aceitam subscrever esta cobertura
DECO PROTESTE no multirriscos-habitação. Aceitando,
A nossa equipa de juristas assegura a mediação com as empresas, garantem uma indemnização até ao limite
assumindo a defesa dos consumidores.
do capital seguro, impondo, regra geral,
www.deco.proteste.pt/reclamar
uma franquia mínima de 5% desse valor.
PROVEDOR DO CLIENTE
A função é assumida por uma personalidade independente Que capital segurar?
e de reconhecido prestígio. Há um provedor para cada seguradora. Ao contratar o multirriscos-habitação,
www.asf.com.pt/isp/provedorcliente o segurado deve avaliar corretamente
os bens e indicar o capital seguro, que,
CIMPAS
no caso do imóvel, corresponde ao custo
Conta com a adesão das seguradoras que cobrem grande
parte do mercado e presta informação, mediação e arbitragem.
de reconstrução e, no caso do recheio,
A decisão equivale a uma sentença de um tribunal judicial. ao valor de substituição em novo.
www.cimpas.pt Se o capital seguro for inferior ao
valor dos bens, em caso de sinistro, a
JULGADOS DE PAZ seguradora pode aplicar a chamada regra
Para casos até 15 mil euros, este meio de resolução de litígios extrajudicial proporcional e só pagar uma parte dos
não requer a contratação de advogado.
prejuízos. Se, pelo contrário, o valor for
www.conselhodosjulgadosdepaz.com.pt
superior, estará a pagar um prémio mais
TRIBUNAIS caro sem necessidade. A seguradora só
A morosidade e os custos elevados de um processo em tribunal levam-nos paga até ao valor real dos bens. Acautele-
a recomendar o recurso aos tribunais como última alternativa. -se e evite um vendaval de preocupações.
www.justica.gov.pt/tribunais
DOSSIÊ TÉCNICO Sandra Justino

www.deco.proteste.pt março/abril 2020//D&D 37

@JornaisPT
D&D//BANCA

Quer abrir conta? Tir

Para ter conta bancária,
já não precisa de ir ao
balcão de um banco. Basta
BANCO TRADICIONAL ONLINE
um computador, tablet ou
smartphone. Pode optar
também por uma FinTech. 1.
Entre no site do banco através de um computador
É seguro com acesso à internet, ou descarregue a app da
instituição no smartphone ou tablet. Clique em “Abrir
Texto Myriam Gaspar & Filipa Rendo
conta”.

2.

A
Preencha os dados pessoais (nome completo, data
na (nome fictício) tinha de nascimento, e-mail, contacto telefónico, etc.).
algumas reservas em abrir
uma conta digital. “No mundo
da internet, tudo é possível. 3.
Nunca se sabe quando podem copiar os Leia a ficha de informação normalizada da conta (FIN),
nossos dados pessoais e bancários!” Ainda as condições gerais e, se concordar, confirme que as
assim, aventurou-se a mudar de banco. aceita. Clique na opção “Continuar a operação”.
Não queria continuar a pagar comissões
monstruosas. Entrou no site da instituição 4.
e iniciou o processo de abertura de conta, Poderá receber, ou não, um código por e-mail
preenchendo os dados (veja ao lado um ou SMS para prosseguir a abertura de conta.
exemplo). Algo não correu bem. Quando
chegou ao momento de mostrar, através 5.
de videoconferência, os documentos Será agendada uma videoconferência com um
de identificação, o sistema foi abaixo. assistente do banco, para comprovar os documentos
“O processo pareceu-me muito fácil, de identificação, de profissão e de morada. Se
mas, por qualquer razão, não funcionou. oferecerem dúvidas, ou a videoconferência for
Quando mostrava o cartão de cidadão, interrompida (por exemplo, por más condições
bloqueava.” Ana acabou por desistir. de som), será considerada sem efeito.
Longe vão os tempos em que abrir conta
à ordem só era possível ao balcão de um 6.
banco, mediante a entrega e a assinatura Receberá o código de acesso para aceder à conta
de uma panóplia de documentos. No final online através do site ou da app, e começar
de 2018, um quarto das instituições já a movimentá-la.
o permitia exclusivamente online.
Segundo o último inquérito do Banco de
Portugal, de 2018, os consumidores estão
a aderir cada vez mais a canais online,
mas continuam a olhar com desconfiança
para as aplicações nos smartphones.
A sensação de insegurança, a par da falta de
literacia financeira e de à-vontade com

38 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

@JornaisPT
re uma selfie!
FINTECH
1.
Descarregue a aplicação (Revolut,
Monese, TransferWise, N26, etc.)
no smartphone.
2.
Introduza o número de telemóvel.
Receberá uma SMS com um código
de seis dígitos, que terá de inserir
para poder prosseguir.
3.
Preencha os dados pessoais (nome
completo, data de nascimento, morada
e e-mail).
4.
Valide a identidade, selecionando
a nacionalidade e o tipo de documento
de identificação, que comprove que
mora em Portugal.
www.deco.proteste.pt
5.
Permita o acesso à câmara para tirar
fotos com o telemóvel.
6.
Fotografe a frente e o verso
do documento de identificação.
7.
Tire uma selfie, com semblante sério,
para confirmar que é a mesma pessoa
do documento de identificação.
8.
Aguarde a validação da identidade para
começar a utilizar a aplicação. Em regra,
demora poucos minutos. Pode fazer
carregamentos através de qualquer
cartão Visa, Mastercard, Maestro,
transferência bancária, etc.
março/abril 2020//D&D 39
@JornaisPT
D&D//BANCA

iPad ou smartwatch da Apple, uma conta

bancária exclusivamente online, com acesso
REGRAS DE SEGURANÇA a cartão de débito. É possível transferir
10 recomendações dinheiro gratuitamente para contas
bancárias sediadas noutros países e com
Se pretende abrir e usar contas digitais, convém ter alguns cuidados outras moedas, utilizar o cartão de débito
para não ser alvo de burla. no estrangeiro sem os elevados custos de
comissionamento, e comprar e vender
● Compare ofertas entre ● Descarregue apenas software ações e até criptomoedas. A Revolut é uma
instituições. O processo de oficial e leia as críticas de outros das mais conhecidas, mas há outras, como
abertura de conta digital nem utilizadores. a N26 e a Monese. O processo de abertura
sempre é igual e as comissões
de conta é ainda mais fácil, sem necessidade
podem diferir. ● Evite aceder à internet através
de redes wi-fi públicas.
de videoconferência. Basta a fotografia
● Não abra links, pop ups ou
do documento de identificação e tirar uma
ficheiros de e-mails desconhecidos. ● Prefira pagamentos com selfie com o telemóvel ou enviar uma foto.
segurança acrescida (código A acessibilidade, porém, está reduzida a
● Escolha criteriosamente antivírus, através de SMS, por exemplo). quem dispõe de um dispositivo com ligação
tanto para os dispositivos online, à internet, e sabe inglês.
como para os móveis. ● Desconfie de mensagens Também a gigante Google se está a
intimidatórias, que indiquem preparar para lançar uma plataforma
● Evite compras em sites duvidosos penalidades se não der dados
bancária em parceria com o Citigroup.
(o endereço deve começar por pessoais.
https://). A digitalização da banca é um caminho
● Faça um backup regular dos seus sem retorno. O fecho de balcões nos últimos
● Atualize as aplicações. dispositivos. anos comprovam-no. A visita regular às
agências e o contacto pessoal estão a ser
substituídos por máquinas que demoram
apenas segundos a processar operações
complexas.
a tecnologia, são os maiores obstáculos Atualmente, a videoconferência é A banca tradicional está a tentar
apontados. Contudo, cerca de dois terços legítima para atestar a validade dos acompanhar estes saltos tecnológicos e a
das instituições garantiram, no inquérito, documentos pessoais. Obedece, porém, travar a concorrência com a introdução de
que usam cinco ou mais mecanismos de a alguns requisitos. Durante a chamada, comissões nas operações em plataformas
segurança em simultâneo. A palavra-chave cujo dia e hora são agendados pelo banco, operadas por terceiros, como é o caso
definida pelo cliente, o código de acesso não pode haver pausas, para que a pessoa do MB Way e dos carregamentos no
atribuído pela instituição, bem como para possa mostrar o documento de identificação Revolut através do cartão de crédito. Neste
cada operação, são os meios de autenticação válido, frente e verso, sem subterfúgios. momento, a oferta de serviços online não
mais convencionais, mas o uso de dados A captação deve ter a qualidade suficiente se resume à abertura e à movimentação
biométricos do cliente, como a impressão para que os elementos sejam percetíveis. da conta de depósitos à ordem. A maioria
digital ou o reconhecimento facial, são Ainda durante a conferência, é pedido das instituições permite, entre outras
também frequentes. um contacto de telemóvel ou e-mail, para operações, contratar crédito pessoal.
Apesar das vantagens em poder executar onde é enviado um código único de duração Se receber uma mensagem do seu banco
operações bancárias em qualquer lugar, limitada. Só depois de o inserir o processo a convidá-lo a tornar-se um cliente digital,
a qualquer hora, com toda a comodidade, fica completo. Isso não impede o banco não é por acaso. Provavelmente, já não
através de computador, smartphone ou de recorrer a outros meios, como a chave visita um balcão há muito tempo e, de
tablet, há consumidores, tal como Ana, móvel digital (ver artigo da página 41). acordo com o seu perfil, está familiarizado
com dúvidas sobre a abertura de contas à com operações através do computador.
distância, nomeadamente sobre a legalidade Balcões em vias de extinção Em princípio, as comissões são mais
da videoconferência. Até há pouco tempo, A banca tradicional deixou, nos últimos baixas (consulte o artigo da página 5). Se se
o processo esbarrava na necessidade de anos, de ter o monopólio dos serviços sente mais confortável em ir à agência,
comprovar a identidade do titular, mediante financeiros. Há novos prestadores, não tem de aceitar. Os benefícios para
a apresentação dos documentos originais conhecidos como FinTech – termo que os consumidores são inegáveis, mas a
ou de cópias certificadas. Mas a rápida ainda não entrou no léxico da maioria dos necessidade de os proteger deve imperar.
digitalização dos serviços bancários obrigou consumidores –, que permitem ter, através
a mudar as regras. de uma app instalada no smartphone, DOSSIÊ TÉCNICO Magda Canas

40 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

@JornaisPT
ESCOLHA DO LEITOR//ASSINATURA DIGITAL

Assine pela net

Deixe a caneta de lado, agora pode assinar documentos online
sem gastar um pingo de tinta... e de tempo na deslocação.
Saiba como formalizar um documento sem estar presente
Texto Rita Santos Ferreira & Filipa Rendo

Q
uantas vezes teve de mudar
os planos do seu dia para ir
assinar um papel importante
na outra ponta do País?
E quando tem um imprevisto exatamente
no dia em que iria assinar o contrato-
-promessa de compra e venda de um
imóvel? Pois bem, agora pode facilitar
o processo com uma simples assinatura
digital.
Para pedir a ativação desta assinatura,
é necessário entrar no site oficial
das autenticações (www. autenticacao.
gov.pt) e cumprir determinados
requisitos. E é um processo totalmente
gratuito. Desta forma, poderá assinar
documentos à distância, com o mesmo
reconhecimento que teria uma assinatura
presencial, e com um elevado grau
de segurança e fiabilidade.
Mas calma, o que preciso de fazer?
Eis a pergunta que quer ver respondida,
neste momento. Não se preocupe,
explicamos-lhe tudo. A maneira mais
fácil de fazer uma assinatura eletrónica
qualificada implica ter uma chave
móvel digital (CMD) que permite ao
cidadão, português ou estrangeiro,
assinar qualquer tipo de documento,
exclusivamente, no formato pdf. Além
da CMD, deve ter, pelo menos, 16 anos e
estar em plena posse das suas faculdades
mentais.
Recordamos que pedir uma CMD é
requerer ao Estado que lhe atribua o
primeiro de dois códigos necessários para
se identificar à distância. O processo é
também feito através do site oficial das
autenticações. Neste, tem duas opções:
recorrer ao cartão de cidadão ou ao Portal
das Finanças (www.portaldasfinancas.
gov.pt). Da primeira forma, é obrigatório
dispor de um leitor de cartões que
se conecte ao computador através de

www.deco.proteste.pt março/abril 2020//D&D 41

@JornaisPT
ESCOLHA DO LEITOR//ASSINATURA DIGITAL

um cabo USB (é necessário instalar um
software para o efeito). Obriga também a
que tenha o PIN de autenticação que lhe
foi atribuído quando recebeu o cartão de
cidadão (convém ter guardado a carta com
os códigos). Já na segunda opção, precisa
apenas de ter o número de contribuinte
e a senha do Portal das Finanças.
Também pode pedir a chave móvel digital
presencialmente, num Espaço Cidadão.
INTERNET
Todas as formas são de registo gratuito.
O método mais acessível é através
do Portal das Finanças, visto que não
tem de comprar um leitor de cartões,
nem de instalar qualquer programa
informático. Se escolher esta opção, digite
o número de contribuinte e a senha de
acesso. Autorize que a chave móvel digital
tenha acesso aos seus dados e depois
insira o número de telemóvel que deseja
associar ao registo. De seguida, vai receber
uma mensagem com um código de
segurança para validar o pedido: insira-o
e clique em “Seguinte” para finalizar
a operação. Após o pedido, o código
chega pelo correio dentro de alguns dias
úteis. E, desta forma, já tem metade da
sua identificação que será sempre igual
enquanto a chave for válida.
Ao utilizar um site com essa função
(por exemplo, EDP ou Serviço Nacional
de Saúde), clique no ícone da chave
móvel digital para receber no telemóvel
(que registou aquando do pedido)
um outro número (descartável), que

Ative a função de assinatura será a segunda metade da identificação.

Deve digitá-lo no espaço indicado,
de forma a completar o processo. Se tiver

1 PÁGINA INICIAL DO alguma duvida, consulte a edição

WWW.AUTENTICACAO.GOV.PT de novembro da DINHEIRO & DIREITOS.
Clique em “Autentique-se”, no lado direito do
ecrã. Escolha a forma de autenticação: ou pelo
leitor do cartão do cidadão, ou pela Chave Móvel
Digital (aconselhamos esta última, por ser mais
fácil e prático). E autorize.
A ASSINATURA DIGITAL
PODE SER ATIVADA
2 OS SEUS DADOS PESSOAIS
Insira o seu número de telemóvel e o PIN da
PRESENCIALMENTE OU NO SITE
chave móvel digital, que recebeu pelo correio.
Pressione “Autenticar” e vai receber, por WWW.AUTENTICACAO.GOV.PT
mensagem telefónica, um outro código de seis
dígitos. Insira-o e confirme.

3 A “SUBSCRIÇÃO DA ASSINATURA DIGITAL”

Clique no separador da esquerda que diz “Chave
E onde posso ativar a minha
assinatura digital?
Móvel Digital”. De seguida, procure a frase
O certificado de assinatura pode ser
“Subscrição da Assinatura Digital” e clique em
“Ativar”. Certifique-se também de que tem ativado ativado presencialmente, nos Espaços
o campo “Telemóvel” para ter a certeza de que Cidadão ou nos Espaços Empresa, nos
recebe os códigos por mensagem. balcões de atendimento do Instituto dos
Registos e Notariado (IRN) e da Rede
4 A CARTA QUE DEVE GUARDAR
Os campos que se seguem têm de ser
Integrada de Apoio ao Cidadão (RIAC)
dos Açores. Pode também fazê-lo através
preenchidos com os dados que vêm na carta que do site oficial das autenticações (ver
recebeu para levantar o cartão de cidadão.
instruções no esquema ao lado).
Utilize o PIN da “Ativação da Assinatura Digital”,
que está no verso da carta. Preencha ambos os
Agora pode assinar documentos
espaços com esse número. Não se esqueça de à distância sem ter de se deslocar.
confirmar. Terá uma assinatura validada pelo Estado
e com o mesmo reconhecimento que teria
5 JÁ TEM A SUA ASSINATURA ATIVADA!
Mais uma vez receberá um código de seis dígitos,
se estivesse presente. Consulte o passo a
passo na página seguinte e complete as
através do telemóvel. Insira-o no espaço do etapas para assinar documentos online.
“código de segurança” e, de seguida, confirme.
Nunca um contrato ou uma escritura
E está tudo, já tem a sua assinatura digital ativada.
estiveram tão perto de si.

DOSSIÊ TÉCNICO Magda Canas

42 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

@JornaisPT
PASSO A PASSO
E agora, em que canto
da folha assino?
Siga as instruções e poupe tempo a assinar documentos importantes.
Até pode escolher a localização do seu nome na folha
1 WWW.AUTENTICACAO.GOV.PT
Na barra azul da esquerda, na página
inicial do site das autenticações, clique
em “chave móvel digital” e terá seis
opções: carregue em “Assinatura digital”.
Procure a palavra “Website” (segunda
aplicação credenciada sugerida na
página) e clique no link que lhe sucede.
“Dispense um pouco do seu
tempo a ativar a assinatura
digital. Facilita muito nas
burocracias do dia-a-dia”
A nossa especialista
Magda Canas
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2 BEM-VINDO
DIGITAL
À ASSINATURA
Quando lhe derem as boas vindas à
“Assinatura digital”, clique em avançar.
Escolha o documento em pdf que
quer ver assinado, através da opção
“Pesquisar”. Clique em “carregar
documento”. Confirme que é esse
documento que quer e responda “Sim” à
pergunta que lhe for apresentada.
5 JÁ ESTÁ ASSINADO
Receberá outra mensagem de
telemóvel com um PIN. Digite-o no
campo “Código de segurança”, confirme
e, de imediato, o documento começa
a ser descarregado para o computador.
Entrou no mundo da assinatura digital e,
de lá, não vai querer sair.
3 DETALHES DA ASSINATURA
Pode escolher se quer o nome
visível no documento ou não. Selecione
também o formato do documento e
preencha todos os dados que quer que
constem da assinatura (o motivo e o local
são opcionais). Através da grelha de
posições, pode escolher o local da folha
onde assinar. Por último, submeta.
4 AUTENTIQUE OS DADOS
Insira os dados da assinatura
digital que ativou anteriormente
(número de telemóvel e quatro dígitos
da “Ativação da assinatura digital”,
presentes no verso da tal carta que
recebeu com o cartão de cidadão)
e autentique.
março/abril 2020//D&D 43
@JornaisPT
D&D//FÉRIAS
A arte da fuga
É talvez a época mais
esperada do ano: depois
de suar as estopinhas a
trabalhar, chega a altura
de aproveitar os dias de
férias. Tem de marcá-las
até 15 de abril. Vejamos
a lei de perto
Texto Ricardo Nabais & Filipa Rendo
44 D&D//março/abril 2020
O
jovem Antunes chegou
ao mercado de trabalho,
com mestrado e formação
profissional acabadinhos
de fazer, ainda fresquinhos na memória.
Isso significa que acabou de ser lançado
no mundo real. As dúvidas são mais do
que as certezas. Teve a sorte, com a sua
idade, de conseguir um contrato sem
termo com a sua empresa. Mas tem muitas
dúvidas. Uma delas, talvez a principal ao
fim de um ano de labuta, tem que ver com
as férias.
Tiremos então as dúvidas ao imaginário
Antunes, ou a qualquer outro trabalhador,
menos jovem, mas nas mesmas
condições. Antes de tudo, convém ao
estreante no mercado de trabalho saber
que pode ir buscar as alpergatas e o
guarda-sol só seis meses depois de ter
iniciado funções na empresa. Ou seja, se
o nosso Antunes entrou em janeiro, pode
ter férias em julho, e a conta é fácil de
fazer: tem direito a dois dias úteis de férias
por cada mês de trabalho efetivo. Pode
descansar, por isso, 12 dias nessa altura.
Mas este é o regime de quem começa
a trabalhar numa empresa. A partir
do segundo ano, a lei concede ao
trabalhador um período mínimo de 22
dias úteis de férias. Na verdade, a entidade
patronal pode conceder um período
superior, tendo em conta, por exemplo,
a antiguidade dos trabalhadores ou
www.deco.proteste.pt
@JornaisPT

outro aspeto que entenda relevante,

como a assiduidade. Mas isso é algo
Manual do descanso
que é concedido pelo empregador. O período de descanso dos trabalhadores deve ficar materializado num mapa de férias
O trabalhador não o pode exigir. elaborado pela entidade patronal até 15 de abril e afixado nos locais de trabalho entre esta
data e 31 de outubro. Mas há algumas situações que podem gerar dúvidas. Confira.
O aumento nos dias de férias pode constar
do próprio contrato.
Aqui entrámos no campo das exceções.
Voltemos às regras: este direito diz
respeito ao trabalho prestado no ano
anterior. O trabalhador mantém a A empresa pode obrigar-me
a gozar férias em junho?
remuneração, e tem direito a subsídio,
que deve ser pago antes do início
das férias.
Pode não estar nos seus planos, mas sim, é possível. As férias devem ser marcadas por
Assim, os dias de descanso que um
acordo entre empregador e trabalhador. Se não houver acordo, é o empregador que as
trabalhador marca e goza em 2020 foram marca, no período entre 1 de maio e 31 de outubro. Por isso, é possível marcá-las para
adquiridos graças ao trabalho realizado junho. Em microempresas (com menos de 10 trabalhadores), não só é possível marcar as
em 2019. Porém, é também bom que saiba férias naquele período, mas em qualquer outro. Em empresas de maior dimensão, também,
que um motivo excecional pode impedi-lo mas isso dependerá do acordo entre a empresa e os representantes dos trabalhadores.
de as gozar no período em que as marcou.
Poderá compensá-las mais tarde, se for O ideal é que as férias sejam marcadas para períodos que agradem ao trabalhador e não
assim. prejudiquem o funcionamento da empresa. Certamente já teve a experiência, no entanto,
de haver vários colegas no seu local de trabalho que desempenham funções iguais e
E se o empregador impedir o
escolhem o mesmo momento para gozar as férias. Se for assim, esse período deve ser
trabalhador de gozar férias, sem
repartido: os trabalhadores em questão devem ter em conta as férias gozadas nos dois
justificação para isso? O funcionário anos anteriores. O trabalhador não tem de aproveitar todos os dias de seguida, mas um
tem direito a uma compensação dos períodos de férias não pode durar menos de 10 dias úteis.
correspondente ao triplo da retribuição
referente ao período em falta. Se o Se o cônjuge ou a pessoa que viva em união de facto ou em economia comum trabalhar na
trabalhador receber 900 euros por mês, mesma empresa, têm direito a gozar férias simultaneamente. Um pedido destes só pode ser
por exemplo, e for impedido de usufruir recusado se o empregador conseguir provar que implicaria prejuízo grave para a empresa.
das férias por imposição do empregador, Não pode, também, haver qualquer tipo de discriminação. Se um trabalhador (ou um grupo
restrito de funcionários) for impedido, ao contrário dos colegas, de gozar férias no mês que
vai ser compensado com 2700 euros. Além
escolheu, deve apresentar queixa na Autoridade para as Condições do Trabalho.
disso, os dias de férias que não aproveitou
deverão ser gozados até 30 de abril do ano
seguinte.
A lei é clara, mas há há várias
particularidades a ter em conta. Certo
é que precisamos das férias para descanso,
A empresa quer fechar em
convívio familiar, e que elas são um agosto. E se eu não quiser
direito, consagrado até na Constituição.
ter férias nessa altura?
DOSSIÊ TÉCNICO Nuno Carvalho
Nesse caso, terá de se adaptar. É possível que, pelo menos, uma parte das férias tenha,
realmente, de ser gozada em agosto, mesmo contra a vontade do trabalhador.

Em certos casos, a marcação das férias fica condicionada pelo encerramento da empresa
ou do estabelecimento. Isso pode acontecer desde que seja compatível com a natureza
da atividade que exerce. E esse encerramento pode ser total ou parcial, com limites
determinados pela lei: até 15 dias seguidos entre 1 de maio e 31 de outubro, ou por um
É UM NÚMERO MÁGICO: período superior se as características da atividade o exigirem (é analisado caso a caso);
22 DIAS POR ANO, QUE PODEM por mais de 15 dias ou fora daquele período, se estiver determinado num instrumento
coletivo de trabalho ou existir um parecer favorável da comissão de trabalhadores.
SER MAIS POR OUTROS
CRITÉRIOS, COMO Encerramentos mais curtos podem ocorrer por ocasião das festas de Natal e Ano Novo,
durante cinco dias úteis consecutivos, ou em segundas e sextas-feiras que fiquem entre o fim
A ANTIGUIDADE de semana e um feriado. Para determinar férias nestas “pontes”, o empregador tem de avisar
OU A ASSIDUIDADE os trabalhadores afetados pelo encerramento até dia 15 de dezembro do ano anterior.

www.deco.proteste.pt março/abril 2020//D&D 45

@JornaisPT
D&D//FÉRIAS

Posso guardar alguns

dias de férias deste ano
para 2021?
Em princípio, não. As férias devem ser gozadas no ano a que respeitam. Por isso, aquelas O meu contrato
começou em
a que ganhou direito no dia 1 de janeiro devem ser aproveitadas até final do ano. Não pode
exigir gozá-las no ano seguinte, a não ser que planeie passá-las com um familiar que resida
no estrangeiro. Nesse caso, pode gozá-las (ou parte delas) até 30 de abril de 2021 e, se
quiser, juntá-las às férias do ano seguinte. 2019, mas vou
É possível ainda fazer o mesmo se chegar a acordo com o empregador: pode aproveitar sair em março de
as férias até final de abril ou juntar metade dos dias às que gozará no ano seguinte.
2020. A quantos
dias de férias
tenho direito?
Faltei alguns dias que não Quando o contrato termina logo no ano
consegui justificar. Posso seguinte àquele em que o trabalhador
foi admitido, ou não dura mais de 12
prescindir de dias de férias? meses, as férias não podem exceder
dois dias por mês de trabalho, num
Em princípio, não. O trabalhador não pode prescindir do direito a férias. Porém, a lei abre máximo de 20.
um pouco a porta a essa possibilidade, permitindo que renuncie a parte delas, desde
que fique preservado o gozo de, pelo menos, 20 dias úteis. Receberá o mesmo salário No ano em que o contrato termina,
e também não poderá haver redução no valor do subsídio de férias. E, se prescindir a que quantias tem o trabalhador direito
de alguns dias sem ser para compensar faltas que deu, nesse período receberá a dobrar. relativamente às férias? Depende de
já as ter gozado ou não. Se ainda não
Existe, ainda, a possibilidade de o trabalhador perder dias de férias como sanção disciplinar. teve férias, recebe o correspondente ao
Mas também desde que fique preservado o gozo de um mínimo de 20 dias úteis. período não gozado, ou seja, aquelas
a que tem direito desde 1 de janeiro, e
o respetivo subsídio de férias. Recebe,
ainda, os proporcionais de férias e
subsídio relativos ao tempo de serviço

Entrei para a empresa em

nesse ano. Esta parte será a única a que
tem direito se já tiver gozado as férias

fevereiro de 2020. Quando

vencidas no começo do ano e recebido
o subsídio a elas respeitante.

terei direito a férias? Nos casos em que o contrato vá

terminar sem que tenham sido gozadas
Quando se estreia numa empresa, o período de férias é menor. Tem direito a dois dias úteis as férias desse ano, o empregador
por cada mês de trabalho efetivo até um máximo de 20 dias úteis (um eventual período pode decidir que o faça imediatamente
de baixa por doença não conta), mas apenas ao fim de seis meses completos de trabalho. antes da cessação do vínculo, sem que
Portanto, tendo começado a trabalhar no início de fevereiro, sem interrupções, pode ter o trabalhador possa opor-se. Nessa
férias a partir do começo de agosto. situação, o trabalhador já não terá direito
ao montante correspondente a férias,
Se o contrato começasse a partir de julho (já no segundo semestre), só aproveitaria os porque acaba por gozá-las.
dias de férias em 2021, até final do mês de junho, na mesma proporção de dois dias por
cada mês de trabalho, mas sem poder, em 2021, gozar mais de 30 dias úteis. Estas regras
também se aplicam aos contratos a termo com duração mínima de seis meses, que, em
princípio, gozam as férias imediatamente antes de terminar o contrato.

Em todos estes casos, existe a possibilidade de gozar as férias num momento diferente
(por exemplo, antes de se completarem seis meses de contrato), mas apenas se houver
acordo com o empregador.

46 D&D//março/abril 2020 www.deco.proteste.pt

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Adoeci dois dias
depois de ir de férias.
Posso usufruir delas
depois?
No decorrer das férias, podem ocorrer imprevistos, tanto
relacionados com o funcionamento da empresa, como
com o trabalhador. Se adoecer ou sofrer um acidente,
pode interromper as férias, e deve comunicá-lo assim que
possível. Entrará, provavelmente, numa situação de baixa,
e deve entregar ao empregador toda a documentação
que o ateste. A prova da situação de doença é feita por
declaração do estabelecimento hospitalar ou centro de
saúde, ou por atestado médico. Estando a falta justificada,
o trabalhador poderá gozar as férias noutro momento, por
acordo com o empregador. Se as partes não se entenderem,
a empresa marca-as para quando lhe for mais conveniente e
o trabalhador não pode reclamar. A menos que seja possível
comprovar que houve intenção de o prejudicar. Nesse caso,
deve relatar a situação à Autoridade para as Condições do
Trabalho. Se o impedimento for prolongado ou não permitir
que goze férias até terminar o ano, pode aproveitá-las até final
de abril do ano seguinte.
Pedi para me
pagarem 50%
do subsídio
antecipadamente,
porque vou de
férias também
na Páscoa.
Mas recusaram...
Eis uma boa pergunta: quando deve ser pago o subsídio de férias?
A não ser que haja um acordo diferente, antes do início do período
de descanso. Compreende-se que, se a maioria dos trabalhadores
goza as férias nos meses de verão, o subsídio seja pago em junho.
Mas a lei também acrescenta que, nos casos em que o trabalhador
tenha férias repartidas, o subsídio deve ser pago proporcionalmente.
Portanto, o pedido do trabalhador faz todo o sentido. A recusa do
empregador não tem base legal e só seria de admitir se houvesse
acordo escrito com o trabalhador. Caso contrário, o trabalhador pode
fazer queixa à Autoridade para as Condições do Trabalho.
www.deco.proteste.pt
Estive de baixa
quase dois anos.
A que férias tenho
direito em 2020?
Conte com um regime semelhante ao do ano de admissão na
empresa: dois dias de férias por cada mês de trabalho em 2020,
até ao máximo de 20 dias úteis. E porquê? Quando o trabalhador
está de baixa durante mais de 30 dias, o contrato de trabalho
fica suspenso. Neste caso, o funcionário esteve sem trabalhar
todo o ano de 2019 e parte de 2018. Acabou por não gozar férias
nesses anos, mas isso não invalida que o empregador tenha de
lhe pagar a retribuição e o subsídio correspondente ao descanso
relativo ao trabalho prestado em 2017. Quanto a 2018, a entidade
patronal está obrigada a pagar-lhe o proporcional da retribuição
e do subsídio de férias relativos aos meses em que trabalhou
nesse ano. Nos meses de 2018 (e de 2019 e 2020) em que
esteve ausente, essa obrigação não existe. O trabalhador deve
solicitar à Segurança Social o pagamento de uma prestação
compensatória do subsídio de férias (e também de Natal, se for o
caso). Tem de os pedir até final de junho do ano seguinte àquele
a que o subsídio respeita (2021, para o que ficou por pagar em
2020) e tem direito a 60% do valor bruto do subsídio que ficou
por pagar.
O meu chefe está
sempre a telefonar
e a enviar e-mails
durante as férias...
Isso é possível?
Nada o obriga a estar disponível durante as férias, e algum
contacto só deve ser feito excecionalmente, em casos de força
maior e se não houver alternativa.
O empregador não deve, ainda, impedir o gozo de férias
conforme combinado entre as partes, nem o interromper. A lei só
permite que o faça por “exigências imperiosas do funcionamento
da empresa”. Terá de provar que existia essa situação de
urgência e, se o trabalhador for prejudicado por não aproveitar
as férias nas datas marcadas, terá de indemnizá-lo. Esta
compensação pode abranger quaisquer prejuízos, desde o valor
da viagem de avião e alojamento até aos danos morais sofridos
pela frustração decorrente da situação. Mas o trabalhador terá
de provar todas essas perdas. No caso dos danos morais, será
difícil, no entanto, prová-los ou quantificar uma compensação.
Não basta alegar que ficou “triste”.
março/abril 2020//D&D 47
@JornaisPT
SEM
RECURSO
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Agressões constantes levam marido à prisão
Camila e Paulo casaram em 1994. A relação
foi sempre conflituosa, com Camila a ser
frequentemente insultada pelo marido devido
a ciúmes, sobretudo quando este estava sob o
efeito de álcool ou estupefacientes, chegando
a ameaçá-la de morte. O comportamento
violento começara ainda no namoro. Depois
de casados, Paulo agrediu Camila de tal forma
que ela teve de refugiar-se por dois meses
em casa dos pais, que viviam noutra região
do País. Já em março de 2018, durante uma
ANIMAIS DOMÉSTICOS
Cão morde criança,
dono paga
Em maio de 2012, João estava sentado no
porta-bagagens do carro com o seu cão,
um bull terrier, na ocasião sem trela nem
açaime. Entretanto, Luís passou de carro com
a mulher e a filha, e parou para cumprimentá-
lo. Carolina, de quatro anos, pediu para fazer
48 D&D//março/abril 2020
veja como os tribunais decidiram num caso como o seu
viagem de automóvel, Paulo parou num local
isolado e confrontou Camila com o facto de
ter trocado mensagens no Facebook com um
indivíduo com quem suspeitava que a mulher
o traía. Puxou-a pelos cabelos e arrastou-a
para fora do carro, ao mesmo tempo que a
pontapeava. Mais: retirou da viatura uma mala
de ferramentas com a qual lhe desferiu um
golpe na cabeça. Camila desequilibrou-se e
caiu, fazendo um corte na perna. Os atos de
violência continuaram nos meses seguintes.
uma festa ao cão e o pai deixou. Só que o
animal reagiu mal e mordeu-a. A criança
foi transportada para o hospital, com uma
ferida no lábio superior e uma laceração num
músculo do rosto. Foi operada e, nos 15 dias
seguintes, não pôde ir ao infantário.
Representada pelos pais, intentou uma
ação contra João, exigindo 31 mil euros
devido ao sofrimento. João alegou que
o cão estava habituado a crianças e que
os pais de Carolina nunca impediram
o contacto com o animal. Aliás, o cão
A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
JAMAIS PODERÁ SER
JUSTIFICADA COM CIÚMES,
NEM MESMO COM
INFIDELIDADE CONJUGAL
Numa dessas alturas, o casal viajava de carro,
quando Paulo ameaçou a mulher de que ia
atirar o automóvel para um lago e matá-la.
Durante outra viagem, agrediu-a várias vezes
na cabeça com uma estaca de madeira com
pregos espetados. Depois, empunhou uma
navalha e desferiu-lhe golpes nos pulsos, nas
mãos e nas pernas. Camila conseguiu tirar-lhe
a arma, mas teve de ser assistida no hospital,
com ferimentos graves, hematomas
e escoriações.
Paulo, que tinha antecedentes criminais,
entre outros por roubo, furto qualificado
e condução de veículo em estado de
embriaguez, foi condenado por violência
doméstica a três anos e nove meses de
prisão. Recorreu da sentença, mas o Tribunal
da Relação de Évora, apesar de admitir que
a toxicodependência e o alcoolismo são
patologias graves, entendeu que a conduta
frequentara uma escola, tinha consultas
regulares no veterinário, estava vacinado
e tinha licença da junta de freguesia.
Contudo, o tribunal não aceitou os
argumentos e condenou João a pagar 22 mil
euros, mais juros de mora. Este recorreu,
defendendo que a indemnização não deveria
ir além de 7500 euros. Mas, face à idade da
criança, à gravidade dos ferimentos e à cicatriz
no seu rosto, a sentença foi mantida.
● Tribunal da Relação de Lisboa,
24 de outubro de 2019
www.deco.proteste.pt
@JornaisPT
JOGO DE PAINTBALL
de Paulo não tinha desculpa, e manteve a
condenação. Reforçou até a ideia de que
Paulo era vítima de si próprio, porque não
procurava tratamento e continuava a infligir
maus-tratos à pessoa que deveria proteger.
Além do mais, a eventual infidelidade
da mulher nunca poderia ser aceite,
numa comunidade ocidental, civilizada
e do século xxi, como justificação ou
atenuante para o seu comportamento.
● Tribunal da Relação de Évora,
18 de junho de 2019
A NOSSA ESPECIALISTA
COMENTA
Sofia Lima
A prática de um crime de violência doméstica,
seja contra homem ou mulher, jamais poderá
ser justificada por ciúmes, e ninguém pode
ser alvo de violência, física ou psicológica,
por ter sido infiel. O Código Penal pune este
crime público, e o procedimento não está
dependente de queixa da vítima, bastando
uma denúncia de terceiros (familiares,
amigos, vizinhos, etc.) numa esquadra da PSP
ou num posto da GNR ou o conhecimento
do crime para que o Ministério Público
avance. A denúncia também pode ser feita
diretamente a esta entidade.
A NOSSA ESPECIALISTA COMENTA
Sofia Lima
Os detentores de animais devem tomar
precauções para que estes não ataquem
quem os rodeia. Mesmo que sejam dóceis
e tenham bom temperamento, há que
ter em conta a imprevisibilidade das suas
reações. Por isso, o detentor do animal é
responsável por qualquer lesão provocada,
até porque, quando circulam na rua, os cães
são obrigados a usar trela e açaime.
www.deco.proteste.pt
Jogador não cumpre e acusa empresa
Rafael e os amigos decidiram participar
num jogo de paintball organizado por
uma empresa de animação turística.
O local e o equipamento (máscara, luvas,
pistola de ar comprimido e bolas de tinta)
foram disponibilizados pela empresa,
e o grupo foi informado das regras,
concretamente do uso obrigatório
de máscara e da existência de áreas
de jogo e de segurança. Logo no início,
todos receberam a indicação de que a
máscara não poderia ser retirada na área
de jogo, mesmo que ficasse suja de tinta
ou embaciada.
Apesar das recomendações, Rafael
tirou a máscara na zona de jogo e foi
atingido por uma bola de tinta num olho,
o que lhe provocou o descolamento da
retina e uma catarata traumática. Teve
de ser submetido a várias consultas e
a duas cirurgias. A situação afetou os
seus estudos, impedindo-o de realizar os
exames do 12.º ano na primeira fase.
Rafael processou a empresa e a
respetiva seguradora. Pretendia mais
de 93 mil euros e uma indemnização
em função da incapacidade definitiva
que lhe viesse a ser atribuída.
A empresa, por sua vez, argumentou
que as regras tinham sido explicadas e
que o acidente aconteceu porque Rafael
não as cumpriu. A seguradora também
atribuiu a culpa a Rafael. E o tribunal
Textos Natividade Simões & Inês Lourinho
deu-lhes razão, o que levou Rafael a
recorrer. Alegou que o paintball era um
jogo perigoso e que a empresa não tinha
provado que havia tomado todas as
providências para prevenir o acidente.
Mas a Relação entendeu que o paintball
não é uma atividade perigosa, se forem
seguidas as regras,
e que o acidente se devera a Rafael.
● Tribunal da Relação do Porto,
3 de junho 2019
SE OS PARTICIPANTES NÃO
CUMPRIREM AS REGRAS,
A EMPRESA NÃO PODE SER
RESPONSABILIZADA
A NOSSA ESPECIALISTA COMENTA
Sofia Lima
A lei define como atividade perigosa
aquela que, com frequência, pode
provocar lesões graves. Se forem
seguidas as regras de segurança,
o paintball não implica perigo, pelo
que não se insere neste conceito.
Assim, se um praticante não cumprir
as normas, a empresa que organiza
a atividade, ou a sua seguradora, não
podem ser responsabilizadas.
março/abril 2020//D&D 49
@JornaisPT
LIVRO DE
RECLAMAÇÕES
RESGATE DE PLANO DE POUPANÇA-REFORMA
Tranquilidade resiste a pagar
PPR em mensalidades
Depois de ter investido num plano
de poupança-reforma da Tranquilidade
durante 18 anos, a nossa associada Maria
Alice, de Chaves, solicitou o resgate
um mês antes da data de vencimento,
prevista para setembro de 2017. Escolheu
a modalidade de reembolso sob a forma
de rendas mensais vitalícias, em vez
da opção de resgate imediato do total
acumulado. Aguardou a informação sobre
o valor que iria receber mensalmente, mas,
ao invés, apenas recebeu um formulário
para reembolso integral do capital.
Reclamou junto da seguradora e recebeu
a informação de que não era possível o
reembolso mensal sob a forma de rendas.
50 D&D//março/abril 2020
histórias, dúvidas e testemunhos dos nossos le
Maria Alice protestou, já que o contrato que
assinara em 1999 previa, de forma bem
clara, as duas opções.
Por não conseguir chegar a acordo com
a seguradora, pediu a nossa intervenção.
A NOSSA ESPECIALISTA
COMENTA
Sandra Silva
As duas opções de resgate previstas
no contrato da nossa associada têm de
ser válidas, e não pode a seguradora
tomar a decisão em nome da cliente.
Maria Alice preferia receber rendas
O RESGATE DE PPR PODE
SER INTEGRAL OU DIVIDIDO
EM RENDAS VITALÍCIAS
mensais vitalícias, mas a Tranquilidade
tudo fez para condicionar a sua escolha.
Não responder às interpelações da cliente
também não abona a favor da seguradora,
que, de resto, manteve a postura silenciosa
quando a questionámos sobre este
processo. Foram precisos meses até que
a Tranquilidade reconhecesse o erro
e se disponibilizasse a revelar à nossa
associada o valor das futuras rendas
mensais.
Nessa altura, e apercebendo-se do
montante demasiado baixo que iria
receber em cada mensalidade, Maria
Alice mudou de opinião e preferiu o
resgate integral. Trata-se, aliás, da
opção que recomendamos a todos os
subscritores de PPR, até porque é também
a mais vantajosa do ponto de vista fiscal.
Ao resgatar o capital de uma só vez, 40%
do montante recebido paga imposto, à
taxa de 20% (na prática, faz uma retenção
de 8% do total). A partir daí, o subscritor
pode gerir o valor líquido como bem
entender e, se não o gastar até à data
da sua morte, transmite-o aos herdeiros.
Já as rendas mensais são vitalícias,
logo, extinguem-se à data da morte do
subscritor. Fiscalmente, estas rendas
pagam imposto todos os meses, como se
de uma pensão normal se tratasse.
www.deco.proteste.pt
 @JornaisPT
eitores
Textos Ana Santos Gomes & Ricardo Nabais
SEGUROS
Enquanto almoçar, não se magoe
O nosso leitor Paulo Portela trabalhou
em seguros mais de duas décadas.
Segue com atenção temas desta área, e
notou, no nosso artigo sobre acidentes de
trabalho (“Pare, escute, olhe e trabalhe”,
D&D 157), que faltava um comentário
sobre uma questão nas Condições Gerais
dos Seguros de Acidentes de Trabalho
relativamente ao período da hora de
almoço, que não está coberto por seguro.
Ou seja, a deslocação para almoço e
regresso ao local de trabalho estão
garantidos. Mas, durante o período da
refeição, se ocorrer um acidente (por
exemplo, se a pessoa cair da cadeira,
ou cortar um dedo com a faca), não
MAILBOX
Para resolver um problema
de infiltrações de água
noutro andar, pode assinar
a declaração amigável
de danos por água
MAIS INFORMAÇÕES sobre questões de
condomínio em www.condominiodeco.pt
INFILTRAÇÕES
“O meu vizinho de baixo queixa-se
de que lhe cai água em casa, e que
a origem da infiltração é na minha casa.
Não é ele que tem de acionar o seguro
para os peritos verem de onde vem
o problema?”
Helena Martins, via Facebook
O NOSSO ESPECIALISTA
COMENTA
Sandra Justino
Sim, o vizinho pode acionar a sua apólice
de seguro para se determinar a origem
www.deco.proteste.pt
Envie-nos os seus comentários para
correioleitores@deco.proteste.pt
está coberto pelo seguro de acidentes
de trabalho.
O NOSSO ESPECIALISTA
COMENTA
Nuno Carvalho
O que o nosso leitor diz é verdade.
A lei apenas considera como acidente
de trabalho o ocorrido entre o local de
trabalho e o de refeição. Enquanto durar
a refeição, não está protegido, a menos
que permaneça nas instalações do
empregador (se a empresa tiver cantina
ou espaço destinado a refeições).
da água. É possível que um perito
da seguradora se desloque ao imóvel
para fazer essa análise. Se concluir que
o problema está na fração de cima,
cabe à leitora indemnizar o vizinho
pelos danos, através da cobertura
de responsabilidade civil do seguro.
Se não tiver seguro, tem de pagar
o valor do próprio bolso.
Outra hipótese, mais célere, é chegar
a acordo e assinar a declaração
amigável de danos por água (DADA,
disponível nos sites das seguradoras).
Será necessário que as seguradoras
(da leitora e do lesado) sejam diferentes
e tenham aderido ao protocolo.
Além disso, a apólice do causador
do sinistro tem de contemplar
a responsabilidade civil por danos
produzidos por água e a apólice
do lesado tem de os cobrir.
Como acontece num acidente de
automóvel, a seguradora do lesado
regulariza o sinistro (ou paga os danos
do seu cliente) e depois acerta contas
com a seguradora do responsável
(neste caso, a nossa leitora).
DINHEIRO & DIREITOS
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março/abril 2020//D&D 51
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