Você está na página 1de 17

METODOLOGIA DO

ATLETISMO

Juliano Vieira da Silva


Provas de corrida de pista
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Discutir sobre as provas de velocidade.


„„ Descrever as provas de revezamento.
„„ Listar as provas de corrida com barreiras/obstáculos.

Introdução
Embora seja um esporte bastante versátil e com inúmeras possibilidades
de provas, o atletismo é marcado popularmente pelas corridas. Quando
se fala desse esporte, as primeiras lembranças que vêm à mente são
de corredores que buscam ser os mais rápidos e marcar seu nome na
história com títulos e recordes. No entanto, o que poucos admiradores
do atletismo sabem é que há inúmeros tipos de corridas e que elas
variam em relação à distância percorrida e ao local executado. Essas
provas também podem conter barreiras, desafiando o corredor a saltar
durante a competição, ou ainda ser em equipes, exigindo um alto grau
de treinamento e entrosamento.
Neste capítulo, você vai conhecer as provas de velocidade e vai apren-
der a identificar as provas de revezamento, além de estudar as corridas
com barreiras/obstáculos.
2 Provas de corrida de pista

Provas de velocidade
As provas de pista recebem esse nome por serem disputadas na pista oficial de
atletismo. A pista oficial de atletismo tem distância de 400 m, de 8 a 10 raias
de 1,22 m cada e linhas externas de 5 cm cada (ROJAS, 2017).

Como exemplos de prova de pista temos as corridas de velocidade, como os 100, os


200 m e os 400 m; as de meio-fundo, de 800 e 1.500 m; as de fundo, de 5.000 e 10.000
m; as de revezamento, 4 × 100 e 4 × 400 m; a corrida com barreiras, de 100, 110 e 400
m; e as corridas de obstáculos, de 3.000 m.

Neste primeiro tópico, vamos abordar, especificamente, as corridas de


velocidade, de meio-fundo e de fundo.

Provas de velocidade
As provas de velocidade são caracterizadas por serem de curta distância e de
breve duração, sendo provas que vão exigir da fonte de energia anaeróbica
do atleta (ROJAS, 2017). Nas provas de velocidade, o corpo assume uma
posição inclinada, o que diminui a superfície corporal para romper o ar à
frente. Os braços terão uma movimentação vigorosa para trás e para frente,
com os cotovelos flexionados em torno de 90º. Já o joelho que vai à frente
deve estar alto, para que o pé vá à frente sem a extensão do joelho. O apoio
do pé tende a ser frontal, sem contato do calcanhar. A amplitude da passada
deve ser a maior possível.
Quanto às regras, essas corridas começam ao som de um tiro, disparado
pelo árbitro de largada. Nas provas de velocidade é obrigatória a presença do
bloco de partida. Até 1937, os corredores “construíam” seus próprios blocos ao
realizarem buracos no chão para se apoiar. Para solucionar isso, surgiram os
primeiros blocos, que eram de madeira. Eles eram separados e em formato de T.
Provas de corrida de pista 3

Atualmente, os blocos são feitos de aço leve, sendo peças sólidas que
devem aderir à pista por meio de pregos e pinos. Eles são reguláveis a cada
atleta e têm sensores que identificam se o atleta queimou a largada. O atleta
deve começar a prova da posição agachada e, caso saia antes do disparo do
tiro, é automaticamente desclassificado. O atleta também não pode sair de
sua raia durante à prova.
Para ter uma boa largada, o atleta deve estar concentrado e reagir o mais
rapidamente possível ao estímulo da partida. Além de manter o tronco incli-
nado, na hora da saída do bloco, é importante que o atleta “empurre” o troco
com a perna, não esquecendo de realizar movimentos de braços. A elevação
da inclinação do tronco ocorre, geralmente, após os primeiros 20 m da prova.

Até recentemente, o atletismo considerava os Jogos Olímpicos como Campeonato


Mundial. Essa competição só passou a existir em 1983.

Vamos agora conhecer um pouco mais de cada prova de velocidade.

100 m rasos

É considerada a prova nobre do atletismo. Ela é disputada na maior reta da pista


oval. Não existe registro de quando essa prova começou a ser disputada, no
entanto, sabe-se que os ingleses disputavam uma prova de 100 jardas (91,40 m)
por volta dos anos 1860, no naipe masculino. Outro fato importante é que
essa prova estava presente na estreia dos Jogos Olímpicos da Era Moderna,
em 1896, disputados em Atenas, na Grécia.
Em 1920, na categoria para mulheres, havia uma prova de 80 m com
barreiras de 84 cm, que foi substituída na década de 1960 pelos atuais 100 m,
entrando nos Jogos de Munique, em 1972. O primeiro recorde mundial mascu-
lino dessa prova é de 10,6 s, obtido por Donald Lippincot, em 1912. Atualmente,
o recordista é Usain Bolt, que registrou 9,58 s, realizado em 2009. No feminino,
o recorde é de Florence Griffith Joyner, que, no ano de 1988, registrou 10,49
s (CBAt, 2019; IAAF, 2019).
4 Provas de corrida de pista

Embora, muitas vezes, os termos prova de velocidade e prova rasa sejam usados
como sinônimos, isso é um equívoco. Provas rasas são todas as provas em que não
há obstáculos ou barreiras, ou seja, em que o atleta não precisa saltar. Já as provas
de velocidade são caracterizadas pela curta distância. Por exemplo, a prova de 110 m
com barreiras é uma prova de velocidade, mas não é uma prova rasa.

200 m rasos

Provavelmente, os 200 m rasos são a prova mais antiga da humanidade, con-


siderando que, na Antiguidade, os gregos disputavam o Drómos ou Stádion,
que consistia em uma disputa de 192,27 m. Sendo assim, os 200 m rasos são
a prova mais semelhante a essa competição antiga.
A largada dessa prova é realizada no início da segunda curva, e sua distância
total corresponde a metade da pista. A prova masculina de 200 m faz parte
dos Jogos Olímpicos da Era Moderna desde a primeira edição; já a feminina
foi inserida em 1948, embora fosse disputada em períodos anteriores.
Os recordistas mundiais atuais são os mesmos dos 100 m: Usain Bolt
(19,19 s) e Florence Griffith Joyner (21,34 s) (CBAt, 2019; IAAF, 2019). O
brasileiro Claudinei Quirino conquistou duas medalhas de prata nos mundiais
de atletismo (1997 e 1999).

400 m rasos

Esta prova consiste em dar uma volta completa na pista, e sua largada ocorre
no início da primeira curva. Os 400 m também são disputados desde a Anti-
guidade, pois, na Grécia, existia o Diáulos, que beirava essa metragem.
Na Era Moderna, a prova masculina tem seu primeiro recorde registrado
no ano de 1861 e ela faz parte dos Jogos desde a sua primeira edição. O atual
recordista mundial é o sul-africano Wayde van Niekerk (43,03 s). No feminino,
a prova só foi incluída no programa olímpico em 1964, em Tóquio, embora há
registros de recorde ainda nos anos 1910. A atual detentora do melhor tempo é
a alemã Marita Koch (47,6 s) (CBAt, 2019; IAAF, 2019). O Brasil já conquistou
medalha de prata no Mundial da IAAF, em 1999, com Sanderlei Perrela.
Provas de corrida de pista 5

Como as provas de 200 e 400 m saem em curva, os atletas não saem lado a lado,
como na prova de 100 m rasos. O atleta que sai na raia 8 sai mais à frente, por esta
raia apresentar uma curvatura maior na pista. Já o atleta da raia 1 larga mais atrás, por
sua raia ter uma menor curvatura.

Provas de meio-fundo e de fundo


Segundo a IAAF (2019), as provas de meio-fundo são as provas de 800 e 1.500 m.
Já as provas com distâncias superiores e sem obstáculos são consideradas de
fundo. Lembrando que estamos falando apenas das provas de pista.
Rojas (2017) aponta que, para essas provas, os atletas utilizam o sistema
aeróbico como fonte de energia e que, conforme a distância aumenta, aumenta
também a necessidade de poupar energia. Sendo assim, o tempo de contato
dos pés com o solo aumenta, o tamanho da passada é menor, porém, o número
de passos e a frequência das passadas são maiores, assim como o movimento
do braço, que fica mais leve.
A largada dessas provas é feita em pé e o atleta deve correr os 100 pri-
meiros metros dentro de sua raia até o fim da primeira curva. A partir desse
ponto, os atletas descem para a raia 1. Como todos os corredores estão muito
próximos, algumas situações podem ocorrer, como abalroamentos e tombos
por acidentes. Também pode ocorrer um “caixote”, quando vários atletas
rodeiam um adversário para que ele não consiga imprimir seu melhor ritmo.
Vamos conferir um pouco mais sobre cada uma dessas provas.

800 m rasos

Embora não fizesse parte do programa olímpico da Antiguidade, esta prova


surgiu na Grécia a partir de outras organizações de jogos, como os Jogos Istmi-
cos, Nemeus e Panatenáicos, porém as corridas eram realizadas com cavalos.
No masculino, os 800 m rasos fazem parte do programa olímpico moderno
desde a primeira Olimpíada. Seu atual recordista mundial é o queniano David
Rudisha, com o tempo de 1 min 40 s 91. A prova feminina entrou para os
Jogos em 1928, porém, devido a inúmeros desmaios das atletas, foi retirada e
voltou apenas em 1960. A atual recordista mundial é Jarmila Kratochvílová,
da República Tcheca, com tempo de 1 min 53 s 28 (CBAt, 2019; IAAF, 2019).
6 Provas de corrida de pista

A única medalha de ouro do Brasil nessa prova em Jogos Olímpicos é


de Joaquim Cruz, conquistada em 1988. Cruz ainda foi prata no mundial da
IAAF de 1983. Outro destaque brasileiro nessa prova foi Zequinha Barbosa,
que conquistou bronze e prata nos Mundiais de 1987 e 1991, respectivamente.

1.500 m rasos

Esta prova começou a ser disputada na França, no final do século XIX, com
a distância correspondente a uma milha (1.609 m). Atualmente, consiste em
três voltas e mais ¾ da pista. A prova masculina faz parte desse a primeira
edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna e a feminina, desde os Jogos de
Munique, em 1972. Os atuais recordistas mundiais são o marroquino Hicham
El Guerrouj (3 min 26 s) e a etíope Genzebe Dibaba (3 min 50 s 07) (CBAt,
2019; IAAF, 2019).

5.000 m rasos

Esta prova de fundo também tem origem na Antiguidade, quando era conhe-
cida como Dolikhos. Ela era uma homenagem aos mensageiros militares, que
corriam longas distâncias para levar mensagens nos períodos de guerra. Na
Era Moderna, seu prestígio começou em meados do século XIX.
A prova de 5.000 m rasos consiste em doze voltas e meia na pista oficial.
A prova masculina entrou nos Jogos em 1912, em Estocolmo, e teve como
grande destaque na história o finlandês Paavo Nurmi. A prova feminina entrou
no programa olímpico em 1996. Seus recordistas mundiais são os etíopes
Kenenisa Bekele, com tempo de 12 min 37 s 35, no masculino, e Tirunesh
Dibaba, com tempo de 14 min 11 s 15, no feminino (CBAt, 2019; IAAF, 2019).

10 000 m rasos

Esta prova foi criada na Era Moderna, sendo popular na Inglaterra no fim do
século XIX. Consiste em 25 voltas completas na pista. Para os homens, foi
inserida nos Jogos de 1912 em Estocolmo; para as mulheres, em Seul, 1988.
No masculino, o recordista mundial é o mesmo dos 5.000 m, Kenenisa
Bekele, com o tempo de 26 min 17 s 53. Já no feminino, a recordista atual é
sua compatriota Ayana Almaz, com tempo de 29 min 17 s 45 (CBAt, 2019;
IAAF, 2019).
Provas de corrida de pista 7

Provas de revezamento
As provas de revezamento apresentam uma característica peculiar em relação
às demais provas do atletismo: é a única disputada por equipes. Para partici-
par desta modalidade, as equipes precisam ter quatro atletas, que realizam a
distância de 100 m ou 400 m cada um e em sequência (ROJAS, 2017).
As regras desta prova seguem as mesmas da corrida de velocidade, que já
foram explicitadas no tópico anterior. O que a difere é a presença do bastão
e da área de transição, onde o bastão deve ser passado para que o próximo
atleta siga a prova. A área de transição é demarcada na raia e tem 20 m de
comprimento. Ela se localiza no final de cada trecho de cada atleta, para que
ele possa passar o bastão ao seu companheiro de equipe.

O bastão usado nas provas de revezamento é um tubo liso e oco, geralmente feito
de material rígido como madeira ou metal. Seu comprimento gira em torno de 28 cm
e 30 cm, com diâmetro de 4 cm e peso de 50 g. Ele deve ser um instrumento visível
para a equipe de arbitragem (ROJAS, 2017).

Nessas, provas o atleta que dá a largada é responsável por carregar o bastão


no primeiro momento e deve entregar ao segundo dentro da área de transição.
O bastão necessita ser, obrigatoriamente, carregado nas mãos. Se, por algum
motivo, o bastão cair, o atleta que o derrubou pode recolhê-lo (desde que não
atrapalhe outra equipe ou isso não diminua a distância que deve percorrer),
retornar ao seu lugar e continuar a prova normalmente. Caso atrapalhe algum
adversário com a queda do bastão, a equipe deve ser penalizada.
A penalização também pode ocorrer quando a equipe perder o bastão;
realizar a passagem em local impróprio, ou seja, fora da área de transição;
realizar uma falsa largada; impedir que outro competidor passe ou bloqueá-lo
propositadamente; cruzar o percurso inadequadamente; ou, de qualquer outra
maneira, interferir com o outro competidor.
Além da velocidade e do entrosamento da equipe, a passagem do bastão
de forma correta se faz necessária para o sucesso nas provas de revezamento.
Rojas (2017) aponta que essa passagem é praticamente livre, embora devem
ser observadas algumas regras. A mão que segura o bastão pode ser alternada
8 Provas de corrida de pista

e o corredor que recebe com uma mão pode entregá-lo ao colega com a outra,
podendo mudar a posição do bastão na mão na hora em que estiver correndo
— por exemplo, recebe o bastão com a mão direta e entrega com a esquerda.
Duas técnicas têm destaque para que os atletas consigam obter o melhor
desempenho na passagem do bastão. Conforme Rojas (2017), a primeira ocorre
de cima para baixo, também chamada de descendente. Um atleta entrega o
bastão com a mão esquerda de cima para baixo e o colega da frente recebe
o bastão com o braço direito para trás e a palma da mão voltada para cima,
com os dedos voltados para essa mesma posição.
Na passagem de baixo para cima, ou ascendente, o atleta que vai à frente
posiciona o braço direito para trás com a palma da mão voltada para trás e
os dedos apontando para o chão. O colega lhe entrega o bastão com a mão
esquerda encaixa-o de baixo para cima (ROJAS, 2017). Em ambas as técnicas,
essa passagem deve ser realizada na maior velocidade possível.
Acompanhe uma ilustração dessas técnicas na Figura 1.

(a) (b)

Figura 1. Passagem de cima para baixo (a) e de baixo para cima (b).
Fonte: Adaptada de Rojas (2017, p. 95).

Como vimos, as provas de revezamento são duas: 4 × 100 m e 4 × 400 m.


Além da distância, essas provas têm outra diferença entre si. A prova de 4 ×
100 m é totalmente balizada, ou seja, cada atleta deverá correr apenas na sua
raia. O atleta que recebe o bastão pode começar a correr 10 m antes da área
Provas de corrida de pista 9

de transição, para obter maior velocidade quando for receber o bastão dentro
da área. Mesmo que o atleta já tenha feito seu percurso na prova e já tenha
passado o bastão, deve permanecer em sua raia para evitar que atrapalhe a
equipe adversária. Já na prova de 4 × 400 m, o primeiro atleta deve cumprir
o percurso de 400 m dentro da sua raia, mas os demais podem passar para a
primeira raia após a linha que marca o fim do balizamento (ROJAS, 2017).
Vejamos agora um pouco da história dessas provas.

4 × 100 m rasos
O revezamento tem origem na Grécia Antiga. Os gregos realizam uma prova
chamada Lampadodromia ou “Corrida das Tochas”, que consistia em cinco
equipes compostas por 40 atletas cada. A tocha tinha que passar pelos membros
da equipe e não podia se apagar. O prêmio era concedido à equipe cuja tocha
acendesse a fogueira colocada no Altar de Prometeu, localizado no marco
da chegada.
Na Era Moderna, o primeiro registro da prova masculina de revezamento
ocorreu nos Estados Unidos, em 1883. Nas Olimpíadas, o revezamento entrou
para o programa em 1908, a partir da prova de 1.600 m, dividida em 800, 200,
200, 400 m. Quatro anos, depois entrou no programa a prova de 4 × 100 m. Já
no feminino, o primeiro registo dessa prova é de 1910, na Finlândia. A prova
entrou na programação olímpica em 1928.
Nesta prova é necessário que o primeiro corredor seja exímio na saída de
bloco e também um bom corredor de curvas, já que sairá a partir dessa posição.
O segundo e terceiro corredores precisa ser bons na passagem de bloco (visto
que irão passar e receber o bastão). O segundo corredor irá correr em reta,
enquanto o terceiro irá fazer seu percurso em curva. Por último, geralmente,
deixa-se o mais veloz, que deve ser um exímio corredor de retas.
O atual recorde mundial masculino é da seleção jamaicana, que, em 2012,
marcou o tempo de 36,84 s. No feminino, o recorde é da equipe americana,
que, também em 2012, marcou 40,82 s (CBAt, 2019; IAAF, 2019).
O Brasil foi um país destaque nessa prova no final dos anos 1990 e início
dos anos 2000. Em 1996, levou bronze nos Jogos de Atlanta, com Robson
Caetano, André Domingos, Arnaldo Oliveira e Edson Luciano. No Mundial
de 1999, faturou o bronze com Raphael Oliveira, Claudinei Quirino, Edson
Luciano e André Domingos. Um ano depois, foi prata nos Jogos de Sidney,
com praticamente o mesmo time, mas com Vicente Lenílson de Lima na vaga
de Raphael Oliveira. Em 2003, nova prata no Mundial com André Domingos,
Edson Luciano, Vicente de Lima e Claudio Souza.
10 Provas de corrida de pista

No Mundial de 2013, as mulheres brasileiras faziam ótima prova, dispu-


tando a prata, porém, na última passagem, a queda do bastão tirou qualquer
possibilidade de medalha. O time brasileiro era formado por Ana Claudia
Lemos, Evelyn dos Santos, Franciela Krasucki e Vanda Gomes.

4 × 400 m rasos
Assim como os 4 × 100 m, a origem do revezamento 4 × 400 m está na prova
grega de revezamento das tochas olímpicas. Também vem dos Estados Unidos
os primeiros registros desta prova na Era Moderna. Sua inserção nos Jogos
Olímpicos se deu em 1912 para os homens. Já para as mulheres esta prova é
um pouco mais recente, tendo sido criada em 1954, na Inglaterra, e entrado
no quadro esportivo das Olimpíadas na edição de 1972, em Munique.
A escalação dos atletas segue a mesma linha dos 4 × 100 m, porém, cada
atleta faz uma volta completa na pista. O atual recorde mundial masculino
perdura desde 1998 e foi realizado pelos americanos, com tempo de 2 min 54
s 20. No feminino, o recorde mundial é anterior ao dos homens: em 1988, a
equipe da União Soviética registrou o tempo de 3 min 15 s 17 (CBAt, 2019;
IAAF, 2019).

Corridas com barreiras e com obstáculos


As corridas com barreiras e as corridas com obstáculos não são consideradas
rasas, pois têm algum elemento na pista sobre o qual o atleta deve saltar
durante o percurso.

Corridas com barreiras


As corridas com barreiras são mais velozes do que as corridas de obstáculos,
por dois motivos: a barreira é mais fácil de transpor e as provas têm distâncias
menores. A distância oficial da prova com barreiras são: 400 m para ambos
os sexos, 100 m para o feminino e 110 m para o masculino. Nas corridas com
obstáculos, as provas são de 3.000 m.
Provas de corrida de pista 11

As provas com barreiras seguem as regras gerais das provas de velocidade:


cada atleta tem como limite sua raia e a saída é feita a partir dos blocos. Com
a presença da barreira o que muda é a postura que o atleta deve ter durante a
prova, já que seus passos devem ter a maior amplitude possível. Após a pas-
sagem da barreira, o atleta precisa assumir rapidamente a posição da corrida,
pois a próxima barreira está próxima (ROJAS, 2017).
A principal dificuldade desta prova é o “[...] controle dos braços, especial-
mente em oposição às pernas, a inabilidade de realizar um impulso com uma
perna e a aterrisagem com a outra, a mobilidade restrita do quadril, o pouso
com o pé inteiro (chapado) e o excesso de elemento vertical na impulsão”
(ROJAS, 2017, p. 99).
Além da velocidade, a técnica de passagem de barreira é fundamental para
o sucesso nesta prova. A perna que vai à frente é chamada de perna de ataque,
pois é ele que inicia a abordagem na barreira e a que vai aterrissar primeiro.
A outra perna, que realiza a impulsão e passa com o joelho flexionado, é
chamada de perna de arrasto. Rojas (2017) divide a passagem de barreiras
em três partes: corrida e impulsão, transposição ou voo e aterrisagem.
Segundo a Confederação Brasileira de Atletismo, a passagem pela barreira
deve ser técnica, para que o atleta não toque na mesma nem a derrube. A queda
da barreira não elimina o atleta, porém, faz com que perca segundos valiosos.
No entanto, se o atleta atrapalhar algum concorrente ele é desclassificado, o
mesmo ocorrendo se derrubar a barreira de propósito, passar pelo lado ou por
baixo. A barreira é formada por uma base metálica com a trave superior de
madeira e deve preencher por completo a largura da raia. A altura da barreira
é ajustável, pois é diferente conforme a prova e o gênero, porém o número de
barreiras é igual em todas, totalizando 10. Vamos conferir agora como são
essas provas.

110 m com barreiras masculino

A origem desta prova é inglesa. Ela é, provavelmente, uma imitação das


competições hípicas. As primeiras competições datam do século XIX e ela
faz parte do quadro olímpico desde a primeira edição dos Jogos, em 1896.
Esta prova tem 13,72 m de distância da largada até a primeira barreira, com
distância de 9,14 m entre cada uma delas (o que, geralmente, dá três passos
entre elas). A altura da barreira deve ser 1,067 m. O atual recorde mundial é
do americano Aries Merritt, com 12 s 80 (CBAt, 2019; IAAF, 2019).
12 Provas de corrida de pista

100 m com barreiras feminino

Esta prova tem origem na Inglaterra, ainda no século XIX. Começou a ganhar
maior repercussão nos Jogos Femininos de 1922, quando fez parte do quadro.
Como modalidade olímpica, estreou em 1968, na Cidade do México. Esta
prova tem 13 m de distância da largada até a primeira barreira, com distância
de 8,5 entre cada uma delas (o que, geralmente, dá três passos entre elas).
A altura da barreira deve ser 0,838 m. O atual recorde mundial é da americana
Kendra Harrison, com 12 s 20 (CBAt, 2019; IAAF, 2019).

400 m com barreiras masculino e feminino

A prova masculina dos 400 m com barreiras teve origem na Universidade de


Oxford, em 1866, e foi inserida nos Jogos de Paris, em 1900. Para as mulheres,
a prova é bem mais recente, do século XX, entrando como modalidade olímpica
em 1984, em Los Angeles. A distância da largada para a primeira barreira
é de 45 m, com distância de 35 m para cada uma delas, tanto no masculino
como no feminino (o que dá em torno de 13 a 15 passos entre elas). Para os
homens, a barreira tem altura de 0,914 m e, para as mulheres, de 0,762 m.
O atual recorde mundial masculino pertence ao americano Kevin Young, com
46,78 s e, no feminino, é da russa Yuliya Pechonkina, com 52,34 s (CBAt,
2019; IAAF, 2019).

Corridas com obstáculos


As corridas com obstáculos são provas de duração maior e, como algumas
provas de fundo, exigem mais da capacidade cardiorrespiratória e muscular
para transpor os obstáculos e vencer a distância estabelecida.
Assim como a prova com barreiras, ela também foi inspirada no hipismo.
Suas primeiras atividades ocorreram em Edimburgo, em 1828. A única prova
olímpica desta modalidade é a prova de 3.000 m, que entrou no rol de esportes
olímpicos em Paris, em 1900; até os Jogos de Atenas, em 2004, ela seguiu
sendo exclusivamente masculina.
A largada da prova ocorre com os atletas lado a lado ou em bloco, ocu-
pando toda a largura da pista, porém, sem marcação de raias. Esta corrida
é disputada na mesma pista de atletismo; quando vão contornar a segunda
curva, os atletas devem passar pela parte interna da pista, ao lado da raia 1,
onde fica o obstáculo fixo e o fosso com água.
Provas de corrida de pista 13

Os obstáculos precisam ser resistentes para suportar que os atletas pisem


neles para ultrapassá-los. Ao contrário das barreiras, em que há uma por raia,
os obstáculos são únicos para todos os atletas. A largura dos obstáculos deve
ser de 3,94 m no mínimo para ambos os gêneros, mas a altura muda: 0,914 m
nas provas para homens e 0,762 m nas provas para mulheres (IAAF, 2019).
Cada prova tem cinco obstáculos, quatro móveis e um fixo — este deve ter
3,66 m de largura. O obstáculo fixo deve preceder um fosso, que deve ter as
mesmas medidas e profundidade inicial de 0,70 m, continuando a inclinação
até se igualar à pista no fim da área de fosso (ROJAS, 2017). Ao todo, o atleta
passa por 28 obstáculos na prova e sete vezes pelo fosso com água.
Assim como nas barreiras, o atleta não pode passar pelo obstáculo por baixo
ou pelo lado. Entretanto, como os obstáculos são mais resistentes, o atleta pode
se apoiar sobre eles e, no fosso, pode passar sobre a água ou submerso nela, não
podendo pisar em suas laterais. A técnica mais utilizada para a ultrapassagem
é a mesma utilizada na corrida com barreiras. Caso cometa algumas dessas
infrações está desclassificado.
O atual recordista mundial masculino é Saif Saaeed Shaheen, do Catar, que
realizou a prova em 7 min 53 s 63. Já no feminino, a recordista é a russa Gulnara
Samitova-Galkina, com o tempo de 8 min 58 s 81 (CBAt, 2019; IAAF, 2019).

Confira um pouco mais sobre a corrida de obstáculos em matéria realizada pelo Jornal
Hoje, acessando o link a seguir.

https://qrgo.page.link/wyZ9

A corrida é um elemento importante e imprescindível não só no atletismo,


mas para as demais práticas esportivas. Conhecer suas regras, história e
funcionamento trará benefícios ao profissional de educação física que deseje
seguir em qualquer área do curso.
14 Provas de corrida de pista

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO. Brasil, 2019. Disponível em: http://www.


cbat.org.br/novo/. Acesso em: 5 abr. 2019.
INTERNATIONAL ASSOCIATION OF ATHLETICS FEDERATIONS. Monaco, 2019. Disponível
em: https://www.iaaf.org/home. Acesso em: 5 abr. 2019.
ROJAS, P. Aspectos pedagógicos do atletismo. Curitiba: InterSaberes, 2017.

Leituras recomendadas
ALMEIDA, B.; MARCHI JUNIOR, W. Das “origens” do esporte na Inglaterra aos jogos
olímpicos idealizados por Coubertin: um olhar da produção acadêmica em língua
inglesa. Revista da Educação Física/UEM, v. 26, nº. 3, p. 495–504, 3. trim. 2015. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/refuem/v26n3/1983-3083-refuem-26-03-00495.pdf.
Acesso em: 5 abr. 2019.
MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2017.
SILVA, A. (org.). Atletismo. Brasil, [S. l.], [2016]. Disponível em: http://md.intaead.com.br/
geral/atletismo/pdf/Atletismo.pdf. Acesso em: 5 abr. 2019.
SILVA, J. F.; CAMARGO, R. J. Atletismo: corridas. Rio de Janeiro: Tecnoprint Ltda.,1978.

Você também pode gostar