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Conceitos Importantes:
Se houver uma maneira de girar novamente a polia, fazendo que a massa M volte à posição original,
o trabalho será produzido nas vizinhanças (a massa foi elevada!). Mas, nesse processo a água
também foi agitada, ou seja, mais calor foi introduzido no sistema.
Vamos relembrar: Em Físico-química I, você estudou que um estado é descrito pelas suas
propriedades. Essas propriedades são chamadas propriedades de estado. Por exemplo: na equação
de Clapeyron:
𝑚
𝑝𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 ou 𝑝𝑉 = 𝑅𝑇
𝑀
𝑝1 𝑉1 𝑝2 𝑉2
=
𝑇1 𝑇2
Calor e Trabalho não são propriedades de estado! Calor e Trabalho são propriedades de Caminho.
Imagine um sistema em que possamos alterar seu volume contra uma pressão que se opõe
(pressão oposta=Pop). Podemos observar, nas vizinhanças, um efeito de trabalho. Esse trabalho de
expansão é muito comum na maioria das situações práticas. Esse sistema pode ser uma quantidade
de gás contida num cilindro com um pistão como mostrado na Figura 2a. Sobre o pistão temos uma
massa M que pressiona o gás com uma pressão = Pop.
Figura 2. Expansão em um único estagio, (a) Estado inicial, (b) Estado final, (c) Trabalho produzido
numa expansão em um único estágio, W = Pop x (V2-V1).
No estado inicial (Figura 2a), o pistão está preso pelas presilhas S e a pressão do gás (p1) é maior
que Pop, p1>Pop. Quando a presilha S é solta o gás se expande até ser presa pelas presilhas S’
(Figura 2b) e é estabelecido um novo valor da pressão maior que a pressão oposta, p2>Pop.
Graficamente podemos ilustrar a transformação pelo gráfico na Figura 2c.
O trabalho de expansão pode ser calculado por: 𝑊 = 𝑀. 𝑔. ∆ℎ, onde M é a massa que está acima do
pistão, g é a constante gravitacional e h é a altura deslocada de S até S’. Se considerarmos A como
𝑝𝑒𝑠𝑜
a área do pistão e 𝑀. 𝑔 = 𝑝𝑒𝑠𝑜, podemos escrever: 𝐴 = 𝑃𝑜𝑝 ∴ 𝑀. 𝑔 = 𝑃𝑜𝑝 . 𝐴. Ou seja: 𝑊 = 𝑃𝑜𝑝 . 𝐴. ∆ℎ.
O trabalho de expansão, para o referido sistema é definido como: 𝑊𝑒𝑥𝑝 = 𝑃𝑜𝑝 . ∆𝑉 = 𝑃𝑜𝑝 . (𝑉2 − 𝑉1 )
Em outras palavras, o trabalho de expansão corresponde a área cinza na Figura 2c. A linha
tracejada é a isoterma do gás. Se a Pop for ligeiramente menor que p, o trabalho de expansão pode
ser considerado máximo para uma transformação em um único estágio.
𝑊𝑒𝑥𝑝 = 𝑊1 + 𝑊2 + ⋯ + 𝑊𝑛
1 2 𝑛
𝑊𝑒𝑥𝑝 = 𝑃𝑜𝑝 . ∆𝑉1 + 𝑃𝑜𝑝 , ∆𝑉2 + ⋯ 𝑃𝑜𝑝 . ∆𝑉𝑛
Ou na forma diferencial:
d𝑊 = 𝑃𝑜𝑝 . 𝑑𝑉 (1)
O trabalho destruído nas vizinhanças pode ser calculado utilizando a mesma equação (1).
Entretanto, em um processo de compressão a pressão oposta deverá ser maior que a pressão do
sistema, p<Pop.
Figura 4. Compressão em um único estágio (a) Estado inicial, (b) Estado final, (c) Trabalho
destruído numa compressão em um único estágio, W = Pop x (V1-V2).
No estado inicial (Figura 4a), o pistão está apoiado sobre as presilhas S e a pressão do gás (p1) é
menor que Pop, p1<Pop. Quando a presilha S é solta o gás é comprimido pela ação da massa M até
ser apoiada sobre as presilhas S’ (Figura 4b) e é estabelecido um novo valor da pressão menor que
a pressão oposta, p2<Pop. Graficamente podemos ilustrar a transformação pelo gráfico na Figura 4c.
Da mesma forma que o trabalho de expansão, o trabalho de compressão corresponde a área cinza
na Figura 4c. A linha tracejada é, igualmente, a isoterma do gás. Se a Pop for ligeiramente maior que
p, o trabalho de compressão pode ser considerado mínimo para uma transformação em um único
estágio.
𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 = 𝑊1 + 𝑊2 + ⋯ + 𝑊𝑛
1 2 𝑛
𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 = 𝑃𝑜𝑝 . ∆𝑉1 + 𝑃𝑜𝑝 , ∆𝑉2 + ⋯ 𝑃𝑜𝑝 . ∆𝑉𝑛
Ou na forma diferencial:
d𝑊 = 𝑃𝑜𝑝 . 𝑑𝑉 (1)
A partir de agora vamos trabalhar com nossas ferramentas matemáticas. A primeira consideração é
a integração da equação (1):
𝑉
𝑑𝑊 = 𝑃𝑜𝑝 . 𝑑𝑉 pode ser integrada: ∫ 𝑑𝑊 = 𝑊 ∴ 𝑊 = ∫𝑉 𝑓 𝑃𝑜𝑝 𝑑𝑉
𝑖
Para um processo de expansão, o trabalho será máximo se a pressão oposta for ligeiramente menor
que a pressão do sistema. Ou seja: Pop=p-dp. A equação poderá ser escrita como:
𝑉𝑓 𝑉𝑓
𝑊 = ∫ (𝑝 − 𝑑𝑝)𝑑𝑉 = ∫ (𝑝𝑑𝑉 − 𝑑𝑝𝑑𝑉)
𝑉𝑖 𝑉𝑖
O termo dpdV é numericamente muito pequeno e por razões práticas podemos excluí-lo da equação
de modo que:
𝑉𝑓
𝑊𝑚á𝑥 = ∫ 𝑝𝑑𝑉 (2)
𝑉𝑖
𝑉𝑓
𝑊𝑚í𝑛 = ∫ 𝑝𝑑𝑉 (2)
𝑉𝑖
Vamos considerar qual será o trabalho total produzido em uma situação em que há uma expansão
seguida de uma compressão, de modo que o sistema volte às mesmas condições originais. Esse é
um processo formado por uma expansão e uma compressão em um único estágio. É importante
dizer também, que vamos utilizar o sistema mostrado nos exemplos anteriores, o gás contido no
cilindro sofrerá expansão e compressão variando entre 𝑝1 𝑉1 ↔ 𝑝2 𝑉2 , sem variação de temperatura, de
acordo com a Figura 2c e a Figura 4c. Nesse caso, o trabalho total será a soma dos trabalhos de
expansão e compressão.
Sabendo que V2-V1 é positivo e p2-p1 é negativo o resultado final será negativo. O sistema foi
restaurado a sua situação anterior, mas as vizinhanças não!!! Trabalho foi destruído nas
vizinhanças, ou a vizinhança transferiu uma quantidade de trabalho (ou calor) para o sistema.
Dizemos que essa foi uma transformação irreversível.
𝑉2 𝑉1
𝑊𝑒𝑥𝑝 = ∫ 𝑝𝑑𝑉 𝑒 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 = ∫ 𝑝𝑑𝑉
𝑉1 𝑉2
Portanto, o trabalho cíclico será escrito como:
𝑉2 𝑉1 𝑉2 𝑉2
𝑊𝑐í𝑐𝑙𝑖𝑐𝑜 = ∫ 𝑝𝑑𝑉 + ∫ 𝑝𝑑𝑉 = ∫ 𝑝𝑑𝑉 − ∫ 𝑝𝑑𝑉 = 0
𝑉1 𝑉2 𝑉1 𝑉1
Se a transformação for conduzida dessa maneira, o sistema é restaurado à sua condição anterior e
as vizinhanças também. Não houve produção líquida de trabalho. Dizemos que essa é uma
transformação reversível.
Na prática, Wcíclico e Qcíclico não são iguais a zero! Esta é uma característica das propriedades (e das
funções) que dependem do caminho das transformações. Diferentemente das propriedades de
estado (pressão, volume, temperatura). Se y é uma propriedade de estado e z uma propriedade que
depende do caminho, podemos escrever:
∮ 𝑑𝑦 = 0, 𝑒 ∮ 𝑑𝑧 ≠ 0
∮ 𝑑𝑊 = ∮ 𝑑𝑄 (4)
Ou seja, apesar do fato de que o trabalho e o calor serem propriedades que dependem do caminho,
a integral cíclica da diferença algébrica entre as duas não é!!! Em outras palavras: a integral cíclica
da diferença algébrica entre calor e trabalho é uma propriedade de estado!
Essa propriedade de estado é definida como a Energia do sistema, U, então podemos escrever a
definição:
𝑑𝑈 ≡ 𝑑𝑄 − 𝑑𝑊 (6) 𝑒 ∮ 𝑑𝑈 = 0
Portanto, a partir dos efeitos nas vizinhanças, observados na forma de calor e/ou trabalho,
deduzimos a existência de uma propriedade de estado. A equação (6) é uma maneira de enunciar a
Primeira Lei da Termodinâmica.
𝑓 𝑓 𝑓
∫ 𝑑𝑈 = ∫ 𝑑𝑄 − ∫ 𝑑𝑊 𝑜𝑢 ∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊 (7)
𝑖 𝑖 𝑖
A energia do universo.
Isso significa que, em qualquer transformação, todo aumento de energia no sistema corresponde a
uma diminuição de energia nas vizinhanças e vice-versa. Ou seja:
Se imaginarmos o universo como um conjunto muito grande sistemas compostos, em que cada um
apresente ∆𝑈 = 0, então a soma das energias de todos os sistemas compostos será igual a zero.
Então temos o famoso enunciado de Clausius para a primeira lei da Termodinâmica:
Referências: