EDITORIAL

SUMÁRIO
DO RACISMO
NOVEMBRO 2020/06

AO ANTIRRACISMO

O
assassinato de George Floyd por um policial
branco nos EUA, no dia 25 de maio deste ano,
e os assassinatos e protestos subsequentes
levantaram a discussão entre nós, sobre o 20
de novembro como Dia Nacional da Consciência
Negra. A discussão vem de longe, mas a realidade parece Vidas negras importam para
que é ou continua a mesma. No entanto, por conta do você? O que comemorar
assunto, a Igreja Católica fez uma revisão crítica do seu neste novembro de 2020?
papel conciliar na escravidão colonial e o então papa Foto: ©Vatican Media

João Paulo II pediu perdão pelo tratamento dado aos

negros e pela violência cometida contra os indígenas
da América.
A primeira missa dos quilombos no Brasil, aconteceu  PRÓ-VOCAÇÕES----------------------------------------03
Jovem, seja protagonista!
em 1981, em frente à Igreja do Carmo, no Recife, mesmo Josky Menga
local onde em 1695, a cabeça de Zumbi dos Palmares  JUVENTUDE MISSIONÁRIA----------------------------04
foi exposta pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. Em O que não morreu foi o sonho
Josky Menga e Arlei Pivetta
1988, ano do centenário da Abolição, a Igreja celebrou
nova missa dos quilombos, lembrando os valores da  ESPECIAL--------------------------------------------------05
A SInodlidade na vida da Igreja
cultura afro com os católicos afrodescendentes. A Pas- Carlo Mglietta
toral Afro se constituiu enquanto pastoral reconhecida  ATUALIDADE---------------------------------------------06
pela CNBB em 1988, pelos 100 anos da Abolição ainda Vida laical na Amazônia
Redação
em andamento.
 VOLTA AO MUNDO ------------------------------------08
Em São Paulo, o então governador Franco Montoro COL da JMJ / Vatican News
instituiu o Conselho Estadual de Participação e Desen-  ESPIRITUALIDADE----------------------------------------10
volvimento da Comunidade Negra (1984); em Brasília, Nosso Rei do Universo
Paulo Mzé
o então presidente José Sarney instituiu a Fundação
Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura  TESTEMUNHO-------------------------------------------12
Família missionária e a pandemia
(1988), e o presidente Lula criou a Secretária Especial Márcio e Janusa Moreira
de Política de Promoção da Igualdade Racial (2003),  FORMAÇÃO MISSIONÁRIA----------------------------14
vinculada à Presidência da República. Estava aberto o O que dizer neste Novembro Negro de 2020?
Vera Lúcia Lopes
caminho para as políticas publicas destinadas a promo-
 FAMÍLIA CONSOLATA-----------------------------------17
ver a igualdade racial. A virtude da obediência
Enfim, a 5ª Conferência Episcopal Latino-Americana Redação
e Caribenha, em Aparecida, em seu documento, lê-se  MISSÕES RESPONDE-----------------------------------21
no número 532 e seguinte: "O seguimento de Jesus O padre que achou que não era padre
Edson Luiz Sampel
no Continente passa também pelo reconhecimento
 ÁFRICA----------------------------------------------------22
dos afro-americanos como desafio que nos interpela Democracia africana
a viver o verdadeiro amor a Deus e ao próximo. Ser Paulo Mzé
discípulos e missionários significa assumir a atitude de  DESTAQUE------------------------------------------------24
Biênio Vocacional em tempos de pandemia
compaixão e cuidado do Pai, que se manifestam na Josky Menga
ação libertadora de Jesus. [...]Por isso, a Igreja denun-  ENTREVISTA-----------------------------------------------28
cia a prática da discriminação e do racismo em suas Prioridade negra
Paulo Mzé
diferentes expressões, pois ofende no mais profundo
a dignidade humana criada à imagem e semelhança  VOLTA AO BRASIL-----------------------------------------30
Folha de São Paulo
de Deus".
A causa afro é nossa. Boa leitura! 

2 NOVEMBRO 2020 MISSÕES

 Jovem,
BRUNO MARQUES/CANCAONOVA.COM
seja protagonista!Deus chama, mas precisamos
de Josky Menga
A
manheceu um dia e tudo estava tranquilo, o
vento ressoava e de repente surgiu uma voz
mais suave, tão diferente, cheia de vida e
esperança. Escutou dentro de si a pergunta:
o que será de mim se não realizar a minha
vocação e como faço para ser protagonista da minha
vida nos tempos atuais? Era a voz de um jovem de 19
anos que fazia tantas perguntas sobre a questão da
vida, mas logo surgiu uma resposta: a de que a vida só
terá sentido se nós dermos a ela um verdadeiro rumo.
Mas, tudo depende de nós.
Logo me veio um pensamento refletindo sobre o
questionamento do jovem, e lembrei-me dessa palavra:
“Antes que te formasses dentro do ventre de tua mãe,
antes que tu nascesses, te conhecia e te consagrei. Para
ser meu profeta dentre as nações, Eu te escolhi: irás
onde Eu te envio e o que Eu mando proclamarás” (Jr
1, 5). Essa frase dita pelo profeta Jeremias nos deixa
um questionamento até os dias de hoje, realmente
é uma frase atual, de saber realmente que o Senhor
nos conhece e nos consagra para uma missão e para
uma vocação especial. A grande pergunta que se faz,
qual é essa missão que Ele nos confia? O mundo faz
muitas propostas e oferece muitas oportunidades,
mas o jovem deve saber trilhar um caminho certo que
será a sua escolha para dar um sentido à vida e ao seu
PRÓ-VOCAÇÕES
estar atentos e responder a Ele.
futuro. O problema é que muitas vezes a proposta
que queremos fazer não chega até ele, ou seja, não
usamos a linguagem apropriada. O jovem tem essa
vontade e livre arbítrio de pensar primeiro e depois
decidir na sua vida e vocação, o que quer realizar
como pessoa dentro da sociedade. Deus chama, mas
a resposta é dele.
Resposta e consequências
Assim, precisa fazer um processo de conhecimento
de si próprio, e esse processo tem três etapas: na pri-
meira precisa conhecer-se e conhecer a sua identidade,
e no segundo passo precisa conhecer o seu sonho e
por fim, fazer seu planejamento. No primeiro passo
que é a identidade, deve se perguntar quem sou eu,
de onde venho e qual é a situação da minha família e
minha situação atual? É um conhecimento de quem o
jovem é como pessoa e sobre a sua origem. É preciso
se conhecer melhor. Isso tudo se percebe para o jo-
vem ser protagonista da sua vida. No segundo passo,
conhecendo a sua realidade, o jovem vai conhecer o
seu sonho, o que quer ser e realizar, lembrando que
esse sonho pode ser de curto, médio ou longo prazo,
e por fim precisa planejar o que realizar na vida e
para isso precisa saber dos seus limites em todas as
dimensões para poder trabalhá-los, assim vai poder
organizar-se e fazer um bom projeto de vida. Para rea-
lizar esse projeto de vida precisa de oração, momento
de intimidade com Deus e deixar que o Espírito Santo
possa guiar-lhe para poder realizar esse projeto.
"Queridos jovens, por favor, não fiqueis na varanda
olhando a vida, mergulhem nela" (papa Francisco, exor-
tação Christus Vivit 174). Ser jovem, hoje, é enfrentar
inquietações, escolher o caminho para trilhar, encarar os
desafios e amadurecer com eles. Ser jovem finalmente
é ser protagonista da própria vida, da própria história e
da sua vocação, como Jesus foi. 
Josky Menga, imc, é animador vocacional em Jaguarari, BA.
NOVEMBRO 2020 MISSÕES 3
 JUVENTUDE MISSIONÁRIA
O que não morreu
foi o sonho
Trabalho missionário com
a juventude continua em
Jaguarari, BA e Cascavel, PR,
mesmo em meio à pandemia.
Por Josky Menga e Arlei Pivetta
A
pandemia do novo Coronavírus mudou tudo,
parou o mundo, o rico e o pobre no mesmo
barco, ninguém podia sair de casa. Os hospitais
cheios, um caos na saúde. Mesmo nos países
com mais condições e possibilidades, o número
de mortos aumentava a cada dia. Nada será como antes
e o mundo nunca mais será o mesmo.
ARQUIVO PESSOAL
A relação com os jovens precisava ser mudada. A
crise faz necessário se reinventar, mudar “rotas”, inovar.
O contato com os jovens foi bastante prejudicado, prin-
cipalmente pela pandemia ter aparecido nos primeiros
dias do ano letivo, quando a relação com os jovens do
Ensino Médio e da universidade estava começando a
engatinhar. Com início do planejamento pastoral, havia
muitos projetos com os jovens e tudo tinha que mudar,
em Cascavel e Jaguarari onde atuamos, tudo tinha que
tomar outro rumo. Um grande momento de contato
com os jovens era a “Missa Jovem”, que ocorria em
Jaguarari uma vez por mês com os jovens da cidade
4 NOVEMBRO 2020 MISSÕES
em diferentes comunidades e núcleos da paróquia,
durante as festas dos padroeiros, e em Cascavel todas
as quintas-feiras de cada mês a Catedral Nossa Senhora
Aparecida reunia mais de 3000 jovens. Com a pandemia,
tudo foi cancelado.
Em Jaguarari já existiam outras atividades que foram
inventadas para continuar a evangelização e a animação
para os jovens através das redes sociais, onde iniciamos
o projeto das Lives da Juventude, Papo Jovem todos os
sábados na rádio comunitária da cidade Top Fm 104.9,
para poder discutir diferentes temáticas.
Insegurança
Este ano foi de olhar e avaliar o que se pode fazer
para o próximo. Todos sofreram com a pandemia, uns
mais, outros menos. Porém, para a juventude foi algo
bastante forte, pois trancou os jovens dentro de suas
casas, isolados do convívio social e ainda com a
insegurança sobre o futuro estudantil, econômico,
o medo da morte de pessoas próximas e a própria
morte. A internet deu e dá uma grande possibilidade
para os jovens de interagir, estudar, mas mesmo
assim limita o contato pessoa a pessoa, necessário
para o crescimento do ser humano em plenitude.
O isolamento social foi uma novidade para mui-
tos e ninguém estava preparado para isso. Muitos
perderam os empregos, a juventude não sabia e não
sabe como será o amanhã até achar uma solução,
mas também de outro lado, a pandemia abriu as
portas para sonhar melhor no futuro. Para muitos
jovens, porém, esse momento foi “um retiro”, momento
de parar e de pensar sobre o futuro, momento de se
retirar, de entrar dentro de si mesmo para pensar melhor
sobre o projeto de vida, o que não deu para realizar
esse ano esperamos que seja realizado nos próximos.
A juventude não pode parar de sonhar, sempre tem
que olhar para o alto e confiar em Deus que tudo isso
vai passar e um momento melhor chegará. O que não
morreu foi o sonho. 
Josky Menga, imc, é animador vocacional em Jaguarari, BA e Arlei Pivetta, imc, é anima-
dor vocacional em Cascavel, PR.

A Sinodalidade
na vida da Igreja
de Carlo Maglietta
O
papa Francisco convocou o próximo Sínodo
dos Bispos para 2022 com o tema “Por uma
Igreja Sinodal”. A palavra sinodalidade deriva
de sùn e odós (literalmente “estrada com”,
isto é “caminhar com”, “caminhar juntos”).
A primeira Igreja assim como nos é apresentada
dos Atos dos Apóstolos, é um modelo desta busca de
colegialidade e de comunhão, também se às vezes isso
é difícil. Como sabemos, houve um
forte desencontro entre os judeus-
-cristãos, hebreus convertidos e os
etno-cristãos, isto é aqueles provenien-
tes do paganismo, um problema que
nem mesmo o famoso compromisso
do Concílio de Jerusalém conseguiu
resolver (At 15, 5-35).
No entanto, os Atos dos Apóstolos
nos propõe um ideal que é muito mais
profundo e vai muito mais além de
tomar decisões unânimes. A primeira
Igreja é proposta antes de tudo como
exemplo de koinonia: “Eram assíduos
em escutar os ensinamentos dos após-
tolos e na koinonia, na fração do pão
e na oração” (At 2, 42). O termo koinonia nos remete
ao significado da raiz khabar, isto é, “unir”. Este termo
não aparece nos Evangelhos; em Paulo a koinonia se
fundamenta na unidade da fé em Deus da qual deriva
a comunhão recíproca.
Significado
O significado de koinonia tem sido muito discutido.
Segundo Bauer significa íntima relação interpessoal e
os gestos concretos que exprimem esta comunhão.
Para Menaud indica a comunhão espiritual, material,
eucarística e eclesial. Também o papa Bento XVI percebe
no seu significado um aspecto jurídico, a comunhão
apostólica, um aspecto sacramental, a comunhão
eucarística, e um aspecto prático, a comunhão social.
ESPECIAL
O papa Francisco convocou o
próximo Sínodo dos Bispos para
2022 com o tema: "Por uma Igreja
Sinodal". A partir desta edição,
Missões publica uma série de artigos
traduzidos da revista Andare Alle
Gente sobre o tema. O primeiro
da série faz uma reflexão sobre as
primeiras comunidades cristãs.
Mas, como afirma Dupont, koinonia
é um termo muito concreto, que não
exprime somente uma vaga comunhão
de sentimentos: nos Atos se fala de
koinonia como de uma perfeita comu-
nhão de coração e de bens. Exprime um
duplo movimento que envolve todos
para um objetivo comum: o por tudo
em comum e a participação de todos
dos bens de todos. Este alcance de
comunhão vem expresso seja em ter-
mos negativos: “Ninguém dizia ser sua
propriedade aquilo que lhe pertencia”,
como também de forma positiva: “Tudo
era comum entre eles”, “a multidão
daqueles que abraçavam a fé tinha um só coração e
uma só alma” (At 4, 32). “A atitude dos cristãos é o
oposto do individualismo egoísta que propõe “cada
um para sí”; é, ao invés, solicitude para com o outro...
A caridade cristã é, na sua mais verdadeira acepção,
união das almas e partilha com aqueles que estão
na indigência” (J. Dupont). Koinonia, portanto, não
é somente “união fraterna” ou “vida comum”, como
frequentemente vem traduzido em nossas Bíblias,
mas é uma verdadeira e real “lógica de comunhão”
que conduz a uma comunhão total. É obra do Espírito
Santo. 
Artigo publicado na revista Andare Alle Gente, edição jul/ago 2020. Tradução de
Benildes Clara Capellotto, MC.
NOVEMBRO 2020 MISSÕES 5
 ATUALIDADE
Vida laical
na Amazônia
Casal de leigos dá
testemunho de seu
trabalho pastoral na
diocese de Ji-Paraná,
em Rondônia.
de Redação
A
dalgizio Rodrigues Viana e
Ivany Ferreira do Amaral
Viana são leigos casados
há 20 anos, e vivem na
Amazônia Ocidental. São
educadores na rede pública de
ensino e na vida pastoral sempre
atuaram nas pastorais sociais e
nas CEBs da diocese de Ji-Paraná,
Rondônia. Em entrevista exclusiva
para a revista Missões, falam de seu
trabalho como leigos engajados.
6 NOVEMBRO 2020 MISSÕES
Como vocês vivem o chamado
à vocação laical para atuar em Ji
Paraná?
Comungamos com a igreja par-
ticular e com a Igreja no Brasil e
assim assumimos o compromisso
profissional e pastoral. Todo nosso
trabalho sempre teve como base a
missão evangelizadora, pois cremos
que podemos fazer a diferença
onde fomos plantados por Deus.
Acreditamos que não existe en-
cabeçamento do sujeito histórico
sem que haja antes a emergência
do sujeito humano. Cremos que
uma fé comprometida além de
atingir níveis mais altos, estimula
a cultura e a construção de novos
valores nas relações cotidianas.
O que vocês sentem como leigos
que atuam como professores en-
frentando uma realidade cultural
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
tão diversa e desafiante na sala
de aula?
Como educadores somos afortu-
nados por vivermos uma realidade
tão rica no âmbito multicultural (in-
dígenas, ribeirinhos, estrangeiros,
quilombolas, brancos, migrantes de
todas as regiões brasileiras, filhos de
pequenos, ricos, pobres, discentes
com necessidades especiais, com
déficit de aprendizagem, jovens em
liberdade assistida, entre outros),
presentes muitas vezes na mesma
sala de aula. Reconhecendo assim
essa autêntica e singular realidade
amazônica e acolhendo a necessi-
dade de um trabalho singularizado,
buscamos trabalhar a Pedagogia
do Afeto inspirados no educador
Paulo Freire, por acreditarmos e
defendermos a capacidade dos
excluídos da sociedade. Nutrimos o
sonho de mudar essa realidade para
melhor e para isso nos dedicamos
às EFAs (Escolas Famílias Agrícolas),
onde trabalhamos com filhos de
produtores rurais, contribuímos
também com o Projeto Padre Eze-
quiel Rami, onde trabalhamos com
grupos de Alfabetização de Jovens
Adultos. Atuamos com diversas
formas especiais de aprendizagem,
nas Escolas Públicas. Agora neste
período de pandemia tivemos que
nos reinventar, transformando um
cômodo de nossa casa em estúdio
para desenvolvermos um traba-
lho remoto. De maneira criativa
procuramos atrair a atenção de
nossos discentes para
que os mesmos não
percam o vínculo nem
a vontade de continuar
aprendendo.
Nesse aspecto, os
princípios éticos e sus-
tentáveis, são de suma
importância como res-
ponsabilidade de todos.
A base desse processo
são os exercícios de va-
lores morais, sociais, que
o ser humano deve ter
como essência a partir
de um comportamento
respeitoso a todos e à
mãe natureza. Compre-
ende-se também, que o
entendimento da vida
em seus diversos aspec-
tos são essenciais para a
necessidade de viver em
comunhão. Sendo assim
através do diálogo, é pos-
sível ter um ambiente
onde todos possam viver
em comum, pois sabe-
mos que é a natureza
que gera a vida.
Como vocês vivem no seu co-
tidiano de leigos uma realidade
amazônica (ecologia) tão agredida
e desrespeitada?
Por vivermos no "Pulmão do
Mundo", e vermos a atual realidade
da nossa Amazônia, expressamos
repúdio quando vemos nossa “mãe
terra” sofrer degradações diárias.
Sabemos que a vida é o mais signi-
ficante dos frutos que a natureza
conserva ao longo dos anos, porém
em nome da ganância travestida
de progresso, finge-se não saber
que o meio ambiente é a nossa
‘Casa Comum’ é o espaço de todos:
animais, vegetais e seres humanos
e que ninguém deve tirar proveito:
explorar, concentrar, destruir, quei-
mar e envenenar, comprometendo
o futuro. Na verdade só haverá
futuro se cuidarmos bem da vida
e do planeta, O que deixaremos
para as próximas gerações? Nes-
se aspecto, os princípios éticos e
sustentáveis, são de suma impor-
tância, como responsabilidade de
todos. A base desse processo são
os exercícios de valores morais e
sociais, que o ser humano deve
ter como essência a partir de um
comportamento reverencioso, com
a mãe natureza que merece cui-
dado e respeito. Respeitar a vida
de todos seres em seus diversos
aspectos torna-se essencial para
viver e conviver em comunhão.
Acreditamos que através do diálo-
go sensato e respeitoso é possível
termos um ambiente onde todos
possam viver em harmonia com a
natureza, que gera e perpetua a
vida de todas as espécies, inclusive
a humana.
O que vocês pensam da mi-
gração que acontece e dos direi-
tos humanos sendo violados por
grupos de poderosos?
Sabemos que os
estados amazônicos
têm sua população
formada na grande
maioria por migran-
tes, pessoas que nas
décadas de 70 e 80 vie-
ram para cá oriundas
de diversas partes do
nosso país, buscando
melhores condições
de vida. Hoje vivemos
a realidade de termos
irmãos estrangeiros,
(bolivianos, venezue-
lanos, paraguaios, co-
lombianos, haitianos,
equatorianos, ango-
lanos, entre outros)
que vivem a dolorosa
experiência de deixa-
rem seus países, e até
suas famílias para trás.
Aqueles que chegam
com toda família, ido-
sos, crianças de colo,
mulheres grávidas,
enfrentam muitas
dificuldades em um
país estranho, sem
conhecer o idioma, sem docu-
mentos e na ilegalidade acabam
como pedintes nos semáforos.
Alguns conseguem trabalho e ou-
tros são encaminhados para casa
de acolhimento como a Pastoral
do Migrante que desenvolve um
belíssimo trabalho. 
NOVEMBRO 2020 MISSÕES 7

Vaticano
"Economia de Francisco"
A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou,
em 27 de outubro, detalhes sobre a apresen-
VOLTA AO MUNDO
tação do The Economy of Francesco, evento
internacional que tem como protagonistas
jovens e empresários de todo o mundo e
que se realizou de 19 a 21 de novembro,
através de uma live streaming no portal
francescoeconomy.org. A iniciativa desse
evento ganhou corpo a partir do convite do
Santo Padre dirigido em 11 de maio de 2019
a economistas, estudantes, empresários
com menos de 35 anos. Com esse evento, o
papa Francisco pretendeu iniciar, com jovens
e um grupo de especialistas qualificados,
um processo de mudança global para que
a economia de hoje e de amanhã seja mais
justa, fraterna inclusiva e sustentável sem
deixar ninguém para trás. A organização
do evento The Economy of Francesco, em
versão on-line, permitiu que todos os jovens
inscritos (2.000 de 120 países) participassem
do encontro em condições similares, a fim
de compartilhar experiências, trabalhos,
propostas e as reflexões amadurecidas nos
últimos meses. O local foi a Basílica de São
Francisco de Assis conectada com cinco
outros lugares significativos para a vida do
Santo: Santuário Rivotorto, Igreja de São
Damião, Basílica de Santa Clara, Santuário do
Despojamento e Palazzo Monte Frumentário.
Jornada Mundial da Juventude
As atuais circunstâncias de saúde pública,
as consequências econômicas que daí advêm
e, sobretudo, a necessidade de concentrar
esforços e recursos no apoio aos mais fragi-
lizados levaram o papa Francisco a anunciar
que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ)
terá lugar em 2023, em Lisboa.
Uma decisão que o Comitê Organiza-
8 NOVEMBRO 2020 MISSÕES
dor Local (COL) da JMJ de Lisboa acolhe
com naturalidade e confiança, partilhando
com o Santo Padre o apelo a que, no atual
contexto e nos próximos tempos, o foco
da atenção de todos esteja no cuidado dos
mais vulneráveis, das famílias e de todos os
que, pelos mais diversos motivos, sofrem
com os efeitos da pandemia causada pela
Covid-19.
O COL da Jornada Mundial da Juventude
e as equipes de trabalho já constituídas
estão entusiasmados com a perspectiva
de preparar da melhor forma a JMJ em
Portugal, na certeza de que o evento trará
à capital portuguesa a esperança e a alegria
dos jovens de todo o mundo.
As Jornadas pelo Mundo
Foi aos 27 de janeiro de 2019, na Jornada
Mundial da Juventude, que se realizou no
Panamá, que o Cardeal Kevin Farrell, pre-
feito do Dicastério para os Leigos, a Família
e a Vida, da Santa Sé, anunciou que Lisboa
seria a próxima cidade a receber o evento.
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ),
um encontro dos jovens de todo o mundo
com o papa, foi instituída por João Paulo II,
em 1985, e desde então tem-se evidenciado
como um momento de encontro e partilha
para milhões de pessoas por todo o mundo.
A primeira edição aconteceu em 1986, em
Roma, e desde então a JMJ já passou pelas
seguintes cidades: Buenos Aires (1987), San-
tiago de Compostela (1989), Czestochowa
(1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris
(1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colô-
nia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011),
Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e
Panamá (2019). Lisboa, 20 de abril de 2020
(cancelada devido à pandemia).
Encontro Mundial das Famílias
Junto ao Dicastério para os Leigos, a
Família e a Vida, além da Jornada Mundial
da Juventude decidiu-se por adiar por um
ano também o próximo Encontro Mundial
das Famílias, previsto para se realizar em
Roma, em junho de 2021. Portanto, o En-
contro Mundial das Famílias em Roma irá
se realizar em junho de 2022, e a Jornada
Mundial da Juventude em Lisboa, em agosto
de 2023. 
Fontes: Comitê Organizador Local (COL) da Jornada Mundial da Juventude
Lisboa – Layla Kamila, redação Jovens Conectados, Vatican News.
 Intenção Missionária
A inteligência artificial
(Universal). Rezemos para que
o progresso da robótica e da
inteligência artificial esteja
sempre a serviço do ser humano.
de Paulo Monteiro dos Santos
N
o dia 29 de setembro foi divulgado o tema
da Mensagem do Papa Francisco para o 55º
Dia Mundial das Comunicações, que será
celebrado em maio de 2021: “Vinde ver (Jo
1, 46): Comunicar encontrando as pessoas
como e onde estão.” Este assunto nos ajuda no mês
de novembro, pois a comunicação é de suma impor-
tância para a vida missionária, aliás, Jesus nos ensina
a comunicar o Reino de Deus às nações.
É importante dizer que todos nós somos chamados
a sermos missionários, e todos fazemos uma missão.
Esta missão foi nos encomendada por Deus por meio
de seu Espírito Santo, comunicada pelo seu Verbo,
Jesus, e manifestada por línguas de fogo no grande
dia do Pentecostes. O Espírito Santo é a Sabedoria
de Deus, mas não qualquer sabedoria, ela é a sabe-
doria dita com fogo; verdadeira, ou, iluminada. Foi
a Sabedoria de Deus que criou as bases da Terra, o
ISTOCKPHOTO
ser humano e os animais. “Deus disse” (Gn, 1, 3), ou
seja, nosso Deus se comunica, fala conosco. E no livro
de Jó diz: “conte-me, se sabes tudo isso. De que lado
mora a luz, e onde residem as trevas.” (Jo, 38, 18-19).
A palavra de Deus revela nossa pequenez diante da
sua Sabedoria divina.
É fato que Deus nos regalou essa sabedoria do
“dizer”, mas nem sempre usamos com responsabilida-
de. Dizer implica escutar, por isso a primeira frase do
primeiro mandamento é: “Escuta Israel.” Mas escutar
encalha em grandes problemas, principalmente com
nosso Ego que apenas tem a dizer e nunca a escutar.
A sociedade em que chegamos confunde comunica-
ção com dizer.
Assim todos nós temos nossas “verdades”, e até
com maior autoridade do que a de especialistas.
Nossa sociedade é mais inteligente que os juízes, que
os médicos, que os psicólogos etc. É a sociedade de
formadores de opiniões da internet que não escutam
e se entendem como autoridade, mas que no fundo
é o Ego inflado querendo ser escutado, mas nunca
escutando.
Rezemos para que o progresso da inteligência ar-
tificial e da robótica possa ajudar a Igreja a ser mais
missionária, e que o ser humano possa se servir desses
instrumentos para o bem dos outros seres humanos. 
Paulo Monteiro dos Santos, imc, é professo em São Paulo, SP.
NOVEMBRO 2020 MISSÕES 9
 ESPIRITUALIDADE

Nosso Rei
do Universo
A solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, marca
o fim do ano litúrgico. A celebração deste dia enfatiza a dimensão do
serviço, na figura do pastor que cuida das suas ovelhas e dá atenção
especial àqueles que mais necessitam.

de Paulo Mzé O mesmo conceito encontramos não é deste mundo”. Os reinos

no Antigo Testamento. Mas Jesus deste mundo são de poderes,
vem nos mostrar um conceito de riquezas, visibilidade. O Reino que

A
figura proposta para enten-
dermos a dimensão servi-
çal da fé é o conceito de rei.
A imagem de rei é própria
de sistemas monárquicos.
rei diferente, invertendo a ordem
tradicional. Não é um rei que se
serve dos seus súditos, mas um
rei que serve os seus súditos. Por
essa razão, Ele diz: “meu Reino
Jesus veio inaugurar é o reino do
serviço na humildade, colocando-
-se como servo de todos. É desse
reinado que assumimos participar
pelo Batismo. Foi isso que ele nos

10 NOVEMBRO 2020 MISSÕES

ensinou durante sua vida públi-
ca, que tivemos oportunidade de
conhecer durante o ano litúrgico
que chega ao fim.
A Palavra (Mt 25,31-46)
A palavra Evangelho é tradução
livre do grego que vem a significar
Boa Nova. De início, a palavra sig-
nificava a gorjeta dada ao carteiro
portador de uma notícia. E em
função da qualidade da notícia, a
gorjeta era maior ou menor. Mais
tarde, passou a significar a notícia
boa trazida pelo portador. Portanto,
em sua origem, a palavra Evangelho
não se referia aos quatro escritos,
mas sim aos anúncios oralmente
proclamados, cuja composição
passou por várias etapas. Os quatro
evangelhos canônicos são compo-
sições anônimas escritas entre os
anos 65-90 d.C., reunidas numa
coleção, aproximadamente pelo
ano 125 d.C.
O Evangelho de Mateus é um tra-
balho de resistência escrito desde e
para uma comunidade minoritária
de discípulos fiéis a Jesus, o agente
de presença salvífica e império de
Deus. O Evangelho configura a sua
identidade e estilo de vida como
uma comunidade alternativa. Ele
fortalece esta comunidade para
resistir ao controle sinagogal e do
Império Romano dominante. Ele
antecipa a volta de Jesus, quan-
do Jesus completará os objetivos
salvíficos de Deus, estabelecendo
o reinado ou império de Deus so-
bretudo, incluindo Roma.
O autor acredita que seu en-
sinamento da história de Jesus
pudesse esclarecer as questões e
os problemas que caracterizam a
vida de muitos membros de seu
grupo.
O escrito de Mateus visto e es-
tudado em seu contexto histórico
e social surgiu claramente como
documento judaico, endereçado
a judeus que julgavam praticar
o judaísmo em seu sentido mais
verdadeiro. Este livro, mais tarde
foi reivindicado pelo cristianismo
e pela Igreja. Existe, porém, uma
falsa imagem do cristianismo como
movimento único, com uma es-
trutura institucional e corpo dou-
trinal, onde a diversidade teria
vindo depois. Desde seus inícios,
o cristianismo apresenta as mais
variadas tendências e surgem os
mais diversos modelos de Igreja.
É, principalmente, um docu-
mento que se originou no Mundo
Romano. Para Mateus e sua co-
munidade isso significa, de modo
mais imediato, que não tinham
controle de certos aspectos de sua
vida. Muito embora para alguns o
Império significava oportunidade,
para outros era terror e morte.
Porém, para todos os que viviam
na Palestina romana, significava
perda de controle. O Evangelho
de Mateus trata dessa realidade
de maneira um tanto direta e o
autor dá à comunidade alguns
conselhos lúcidos sobre como viver
no Mundo Romano.
Mateus reflete a fé de uma
comunidade cristã do século I de
que Jesus era Messias prometido
no Antigo Testamento. Seu Evan-
gelho foi escrito no século I. Vários
escritos apontam para uma data
provável nos anos 80 ou 90 d.C.
Encaixa-se na evolução do
pensamento teológico cristão e
no debate judaico pós 70 d.C. O
Evangelho de Mateus pode ter
sido escrito em algum momento
depois do ano 70, mas antes de
100 d. C., talvez na década de 80
d.C. Um autor agora desconhecido
para nós, provavelmente, vivendo
na cidade de Antioquia na Síria,
escreveu um Evangelho que em
algum momento do segundo século
veio a levar o nome de Mateus. O
texto foi escrito durante ou entre
os reinados de Domiciano (81-96
d.C.), último governante flaviano, e
do imperador Trajano (98-117 d. C.)
Juízo final
O trecho de Mt 25,31-46 faz
parte de um grande conjunto que
compõe o discurso sobre o juízo
final. O trecho compõe o que é
chamado julgamento das nações.
Quem são "todas as nações" (v. 32)
e os "mais pequenos" (vv. 40.45)?
A interpretação usual entende
que "todas as nações" inclui toda
a humanidade e os "mais peque-
nos" inclui as pessoas em alguma
situação de angústia. Portanto,
no juízo final, toda a humanidade
será julgada conforme os atos de
bondade praticados em benefício
dos pobres e dos sofredores. Mas,
é assim que Mateus e sua comu-
nidade entendem a história? No
Evangelho de Mateus, “nações”
e “todas as nações” em geral
referem-se a outros povos que
não são Israel (cf. 6,32; 10,5.18).
Em diversas passagens (cf. 10,40-
42), os “pequenos” parecem ser
cristãos. Se, em 25,31-46, esses
termos assumem o mesmo sig-
nificado que assumem alhures
no Evangelho, “todas as nações”
são os pagãos que não aceitaram
explicitamente nem o judaísmo
nem o cristianismo, e “os mais pe-
quenos” são cristãos com os quais
os pagãos tiveram algum contato.
Segundo essa interpretação, os
pagãos serão julgados segundo
atos de bondade praticados para
os cristãos (cf. 10,40-42).
Que o Cristo, rei do Universo,
nos ajude a participar da sua missão
profética, do seu sacerdócio e do
seu reinado, que é o serviço. As-
sim, a solenidade de Cristo rei nos
mostra o caminho de seu Reinado:
o serviço. Um rei que serve na
humildade, que se fez um de nós
para que pudéssemos ter acesso a
Ele. Que tenhamos aprendido essa
sublime lição e estejamos sempre
prontos a servir. Dessa maneira,
seremos conduzidos pelo pastor
e ele não nos deixará faltar coisa
alguma, como diz o salmo. Que
também não permitamos que falte
coisa alguma aos nossos irmãos,
para que todos tenham uma vida
digna. 
Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.
NOVEMBRO 2020 MISSÕES 11
 TESTEMUNHO
Família missionária
e a pandemia
Testemunho de casal
Leigo Missionário da
Consolata (LMC), em
tempos de combate ao
vírus do indiferentismo
religioso. (2Cor 9, 7)
12 NOVEMBRO 2020 MISSÕES
de Márcio e Janusa Moreira
S
omos uma família compos-
ta por quatro membros: eu,
Janusa, Márcio, meu espo-
so e nossos filhos Murilo
(16) e Felipe (13). Partici-
pamos da Paróquia Santo Antônio
dos Bancários, região episcopal
Santana, zona norte de São Paulo,
como Ministros Extraordinários
da Sagrada Comunhão. Moramos
bem próximo à Casa Regional das
Irmãs Missionárias da Consolata,
lugar que sempre nos despertou
curiosidade desde que nos mu-
damos para cá, em 2001, por sua
referência de “casa de retiros”.
A oportunidade de conhecer o

local surgiu em decorrência da
Jornada Mundial da Juventude de
2013, por conta dos eventos que lá
aconteceram, uma vez que nossa
paróquia foi uma das escolhidas
para receber os jovens peregri-
nos e nosso lar foi um dos que os
acolheram. Consequentemente,
o despertar missionário passou
a fazer parte de nossa paróquia
e da nossa vida, principalmente
através das ricas formações com
Irmã Melania Lessa, da Consolata.
Nesse movimento, chegamos a
assumir a Pastoral Missionária por
aproximadamente dois anos, até
que em virtude do término do meu
doutorado o tempo ficou escasso
para continuar com as atividades.
Outra situação marcante acon-
teceu em decorrência do fale-
cimento da mãe de um amigo,
também Leigo Missionário da Con-
solata. Durante o velório, fomos
apresentados a umas freiras muito
ativas, que cantavam efusivamen-
te, causando-nos grande admira-
ção. Uma delas foi irmã Angelina,
que ao final do sepultamento,
convidou-nos para fazer parte do
grupo dos LMC. Assim, efetivamen-
te em outubro de 2018, iniciamos
nossa participação, quando o gru-
po dava andamento nos estudos
dos subsídios de Allamano, com
muita seriedade e discurso cor-
respondente à prática cristã.
Missão em casa
A chegada da pandemia trouxe
suas vicissitudes no convívio e na
rotina familiar. Na vida em comu-
nidade, muitas vezes fazemos o
caminho para fora, mas em grande
parte, necessita ser o contrário, fato
que ocorreu com a missão vindo
parar dentro de casa. Pudemos
experimentar a possibilidade de re-
finar nosso matrimônio e ficar mais
juntos em família. Nosso olhar de
pais ficou mais dirigido e focado, algo
que acabava sendo prejudicado pela
rotina. Com a incerteza de futuro
diante de um vírus desconhecido,
conversamos com os nossos filhos
sobre a possibilidade de ficarem
órfãos, aconselhando-os no que
deveriam fazer para atingirem um
futuro digno. Passamos a viver com
mais profundidade Jesus Palavra
Viva frente à impossibilidade de par-
ticipar presencialmente das missas.
As reuniões do nosso grupo de
LMC, até então suspensas, retor-
naram pela plataforma Meet, no
mês de julho. Ficou estabelecido
o estudo do livro Fragmentos de
um retrato, de José Allamano, ini-
ciado pelo primeiro capítulo Rosto
Sorridente. Fizemos a leitura do
texto, mas ignorávamos que tal
ensinamento seria um preparo para
nossa próxima missão em família.
Aconteceu que uma parente nos-
sa de 80 anos, a qual já dávamos
suporte, nos ligou pedindo para
levá-la ao pronto socorro, pois não
passava bem. Ela é solteira, não teve
filhos, mora sozinha, encontra-se
acometida por um câncer em fase
estável e é pastora evangélica. Ao
final do atendimento, recebeu o
diagnóstico de trombose. Por cor-
rer risco de vida, eu a trouxe para
nossa casa, a fim de que ficasse sob
nosso acompanhamento e cuidados
naquela fase mais aguda. Eis que a
missão veio para dentro de nossa
casa, mesmo que o contato conosco
nunca tivesse sido tão próximo. A
possibilidade que tivemos de até
então manter distanciamento social
foi literalmente quebrada, com a
entrada de uma nova pessoa em
nosso meio, com idas e vindas em
prontos-socorros, laboratórios e
consultas médicas. Nossa única
opção foi colocar nossas vidas nas
mãos de Deus. Nosso rosto nem
sempre foi sorridente como do
pai fundador, mas sua postura de
respeito à cultura do outro foi a
base para nossas ações. A convi-
vência não foi tranquila, acabando
por revelar quem somos de fato.
E o que importa é o cumprimento
da vontade de Deus, não a nossa.
Nessa vida de LMC estamos di-
gerindo os seguintes ensinamentos:
a vida é missão e ela vem ao nosso
encontro; como Irmã Maria Costa
definiu em uma conversa comigo,
a missão acontece quando você sai
de si para fazer a vontade de Deus
e a missão está mais perto de nós
do que imaginamos. 
Márcio e Janusa Moreira são Leigos Missionários da
Consolada na Comunidade São Paulo e Ministros Extra-
ordinários da Comunhão na Paróquia Santo Antônio dos
Bancários, arquidiocese de São Paulo.
NOVEMBRO 2020 MISSÕES 13
 FORMAÇÃO MISSIONÁRIA

O que dizer
neste Novembro
Negro de 2020? de Vera Lúcia Lopes Na Pastoral Afro-brasileira com
A pandemia
enegreceu a
realidade do país
com o cotidiano
da população
a pandemia ficamos muito assus-
tados nos dois primeiros meses, negra que mostrou

O
grito da População Negra
neste novembro precisa
ecoar de tal forma que
reafirme que Vidas Negras
importam na sociedade.
O Coronavírus não “escolhe” as
suas vítimas, mas, ficou registrado
em números uma porcentagem
altíssima de negros e negras con-
taminados e condenados a morrer,
demonstrando que “Vidas Negras
para poucos importam”.
porém, diante dos dados alarman-
tes começamos a conversa sobre
racismo com ousadia. Avançamos,
na participação enquanto Coorde-
nação Estadual de Pastoral, tendo
um presbítero muito sensível, não
negro, coordenador estadual das
Pastorais Sociais. Rapidamente ele
entendeu que precisávamos ser
reconhecidos como uma pastoral
integrante das Pastorais Sociais com
espaços de fala no Regional Sul 1
todas as suas
vulnerabilidades.
da CNBB. Esta nossa luta vem de
longe, lembrando das nossas an-
cestralidades que nos precederam
por lugares de fala. Para acolher
os rostos sofridos e preferidos de
Deus hoje é preciso ter também o
recorte racial.

14 NOVEMBRO 2020 MISSÕES


Moradora recebe uma cesta de alimentos
e produtos de higiene doados na favela do
Vale das Virtudes, São Paulo, 12 de junho
de 2020. (Victor Moriyama/Bloomberg)
Acredito que um dia possamos
ver uma igreja antirracista e assim
nos meses que antecederam a no-
vembro discutimos as questões que
impediram tantas crianças pobres,
pretas e periféricas de acessar as
tais aulas de Ensino à Distância
(EAD). Discutimos porque a “mãe
do Miguel de apenas 5 anos” não
estava em isolamento social, se
era isso que a OMS recomendava,
estando a maioria das pessoas em
trabalho remoto. Primeiro foram
os ricos viajantes a se contaminar,
mas, aos montes, foram os pobres
a morrer a princípio sendo enter-
rados em covas rasas todos juntos
e misturados.
Será que a nova normalidade um
dia vai dar conta desta defasagem
escolar que vai incidir no futuro
das crianças e pré-adolescentes
pretas e pobres sem recursos de
internet e aparelhos tecnológicos?
Não sei, mas quero achar parcerias
para amenizar estes estragos. Vem
você também comigo.
O que tratar neste novembro
negro? A Pastoral Carcerária traz
que 80% dos privados de liberda-
de são afrodescendentes, e dai?
Será que realmente Vidas Negras
Importam? Importam para a Pasto-
ral Afro, sim, e por isto insistimos,
resistimos e não renunciamos ao
nosso sonho de ser feliz e por isso
continuamos. E como escreve Con-
ceição Evaristo “eles combinaram
de nos matar, mas, nós combinamos
de não morrer” (Ed. Pallas - Olhos
d’água, 2014).
Racismo estrutural
Essas conversas precisam
acontecer nas reuniões de todas
as pastorais, de toda a Igreja e
principalmente na formação dos
futuros presbíteros nos seminá-
rios. Nos Conselhos de Escolas,
nos Conselhos de Direitos, nos
Conselhos Tutelares, nos sindi-
catos e outros espaços como nos
legislativos das três esferas de
governo, com destaque para o
município, pois é na cidade que
vivemos. O racismo estrutural
pode ser tratado todos os meses,
mas neste novembro, penso que
vamos tentar respirar em espaços
diferentes, já que a cor da pobreza
ficou escancarada e a Igreja não
pode negar em falar, lembrando
que Deus ama realmente a todos,
mas a política vigente no país, os
homens de Deus não. E esta falta
de amor nos mata.
A Pastoral Afro-brasileira se
constitui enquanto Pastoral re-
conhecida pela CNBB em 1988,
pelos 100 anos da abolição ainda
em andamento. A Campanha da
Fraternidade naquele ano tratava
da Fraternidade e o Negro, Deus
ouviu o clamor de seu povo Ex. 3,7.
Eu creio firmemente que Deus nos
ouve, caso contrário eu não estaria
aqui escrevendo sobre mais um mês
da Consciência Negra. Nós, negras
e negros (afrodescendentes) não
podemos mais nos sentir culpados
por ser inocentes.
Vamos descolonizar os olhares,
as ações, e fazer diferente. Que-
remos o nosso lugar de fala para
tratar da Boa Nova do Evangelho
em uma Missão Afro Evangeliza-
dora que descontrói os muros e
constrói pontes, na certeza que
a fé do Cristo ressuscitado nos
ilumina para seguirmos em frente,
queremos aquilombar e esperançar
nas cidades e nos campos, dentro
e fora da Igreja.
Consciência Negra
Antigamente as histórias, as
leituras sempre nos chamavam
para possíveis reflexões nos pro-
porcionando momentos de mu-
danças de como ser, mudanças
no fazer, hoje podemos retomar
esta prática, ler para resgatar o
sonho de Deus, ser a sua imagem
e semelhança, amar como ele ama,
e sonhar o sonho de Deus de ver
o ser humano mais humano, ou
seja, buscando a conversão integral
pessoal e comunitária.
Vamos sim neste mês de novem-
bro lembrar de Zumbi dos Palmares
com celebrações, com músicas e
danças, tudo colorido para mostrar
que na diversidade esta é a nossa
riqueza, sem esquecer o tema e
lema da Campanha da Fraternidade
2020 “Fraternidade e Vida: Dom
e Compromisso” e o lema bíblico
extraído de Lucas 10, 33-34: "Viu,
sentiu compaixão e cuidou dele".
Vamos também cuidar.
Pense agora, em novembro e
nos outros meses do ano, como
ser feliz se a maioria da população
brasileira “sofre em dores de parto”,
e esta população tem a cor do rei
mago da Etiópia que visitou Jesus
em seu presépio? Vidas Negras
Importam para você? 
Vera Lúcia Lopes é coordenadora estadual da Pastoral
Afro-brasileira no Regional Sul 1, articuladora em nível
nacional. Membro do COMPIR Conselho Municipal de
Promoção da Igualdade Racial da cidade de Osasco, São
Paulo. E-mail lopesveralucia2016@gmail.com
NOVEMBRO 2020 MISSÕES 15
 FÉ EM AÇÃO
Professores,
todos os dias
ISTOCK/ARTE LUNETAS
As verdadeiras questões da
educação resultam de que nas
escolas há pessoas jovens, que
devem ser ajudadas, tanto quanto
possível, a serem felizes. E em que
a felicidade dessas pessoas, como
a de todas as outras, consiste
em satisfazerem a ânsia profunda
que têm de verdade, de bem e
de beleza. Não em terem coisas e
conforto. (Paulo Geraldo)
de Nei Alberto Pies
N
ós, professores e professoras de todos dias,
mergulhamos no complexo desafio de humanizar
crianças, adolescentes, jovens e adultos a partir
da construção do conhecimento. Os tempos
mudam, mas não o papel da escola. A escola
é o grande laboratório onde se geram a socialização e
convivência interpessoal, bem como a construção do
conhecimento, a partir das ideias e iniciativas inerentes
à criatividade humana.
Abençoada seja a nossa missão de educar. Abençoados
sejam nossos propósitos, mesmo nem sempre compre-
endidos pelos alunos, pais e comunidade. Abençoadas
16 NOVEMBRO 2020 MISSÕES
sejam nossas famílias que se geram neste contexto que
exige ousadia, paciência, preparo e persistência, em
resumo, em doação à vida dos outros. Abençoada seja a
nossa saúde física e mental, pois não podemos adoecer e
nem desistir. Abençoados sejam todos aqueles e aquelas
que, por nossas mãos, mentes e coração aceitaram e
aceitam o desafio de fazer-se gente, a partir dos seus
potenciais e da superação de seus limites. Abençoados
todos aqueles que acreditam no trabalho do professor.
Reconhecimento
O que entristece a nossa vida é que tanto cuidamos
da vida, dos sonhos e dos problemas dos outros, mas
nem sempre somos bem cuidados. Queríamos, sim,
reconhecimento por nosso maior feito: preservar a
importância da educação e da escola para o nosso país,
para o mundo.
Muitos falam de educação, mas não são professores.
Arriscam palpites sobre melhorias na educação, mas
não perguntam sobre o que a gente tem a dizer. Não
se importam com nossos baixos salários, muito menos
com nossas dificuldades de lidar com as múltiplas di-
mensões e necessidades presentes nos nossos alunos.
Nestes últimos quesitos, lutamos solitários. Embora
não tenha mudado o papel da escola e da educação,
mudaram as exigências para que possamos construir
uma boa aprendizagem. Temos observado que nem
todo aluno e nem todos os pais veem a escola como
uma forma de inserção na vida social e científica. Que
as necessidades dos nossos alunos estão muito além
para aquilo que a escola consegue oferecer. Que escolas
e professores nem sempre estão em condições de dar
conta de tudo o que está “depositado” neles.
O professor, neste contexto, está fragilizado, exposto
e pressionado por resultados e expectativas que não
dependem somente de sua atuação. Mas professores e
professoras resistem bravamente. Sabem que a dureza
dos desafios cotidianos supera-se na disposição de lutar
por melhores dias na educação, mas também na sua
disposição de amar e sentir compaixão.
Nossos dias se chamam “muito trabalho”. Nosso
alento, “esperança de dias melhores”. 
Nei Alberto Pies é professor e escritor.
 A virtude
da obediência
da Redação
A
obediência nos defende do
pecado. Nela não há ne-
nhum perigo de pecar. Não
só nos defende do pecado,
mas torna-se fonte de bem e de
merecimentos. Os santos afirmam
que a obediência é o caminho
seguro do céu; uma pessoa obe-
diente jamais se condenou. Por
esta razão, São João Crisóstomo
a denomina: "Nau segura, porta
do céu". A obediência é a tutela
de todas as virtudes, acrescenta
Santo Agostinho.
Santo Tomás expõe os motivos
de superioridade da obediência
sobre as outras virtudes morais
que professamos porque oferece
o melhor dom – a nossa vontade
e porque inclui todas as outras
virtudes.
A obediência destrói a nossa
soberba, o nosso orgulho. Quantos
PONYWANG / BY GETTY IMAGES
É preciso que todos
adquiram o hábito
da obediência. A
excelência dessa
virtude é evidente.
prejuízos nos acarretou a deso-
bediência de Adão! Temos todos
a tendência a desobedecer; por
isso, obedeçamos, para espezinhar
a soberba.
A obediência gera a paz do
coração. Nem sempre sabemos
se fazemos ou não a vontade
de Deus; na vida religiosa, ao
invés, mediante a obediência
temos sempre certeza. Assim
vós, sob a orientação dos vos-
sos superiores, tendes certeza
de cumprir a vontade de Deus,
ao passo que eu, ainda que me
esforce para alcançar tal certeza
com os meios à disposição, não
posso tê-la. Quem me garante
Família
consolata
que nas minhas ações prevalece
a vontade de Deus e não o meu
amor próprio?
Obedecendo, já não temos que
prestar contas a Deus. Obedece e
fica tranquilo. E se eu morrer? - Di-
rás que obedeceste. - E o juízo de
Deus? - Não te preocupes, alguém
pensará.
A obediência nos conduz sempre
à vitória. Com ela a vitória é certís-
sima. Quem obedece, nunca erra;
quem desobedece, erra sempre.
São João Crisóstomo chama a obe-
diência de "refúgio inexpugnável".
Entrincheirados nela, o demônio
não nos pode vencer. Às vezes,
para que a tentação desapareça,
basta aproximar-se do superior e
pedir-lhe alguma licença. A obe-
diência faz milagres e se fordes
obedientes vós os fareis também,
especialmente quando se trata da
conversão, das almas. O importante
não é realizar muito ou pouco, mas
obedecer.
A comunidade é um corpo mo-
ral. No corpo humano, para que
se mantenha sadio, cada mem-
bro deve conservar o seu lugar
e desempenhar a sua função. Da
mesma forma numa comunidade,
cada membro deve cumprir a tarefa
que o responsável lhe designou. O
sistema solar – afirma Santo Inácio
- resultaria em caos tremendo, se
não houvesse mútua dependência
entre os planetas. Uma comunidade
sem obediência é um calabouço. 
Extraído do livro A Vida Espiritual, páginas 269-271.
NOVEMBRO 2020 MISSÕES 17
 Rumo ao Noviciado
“Eu vos escolhi...”
Sete jovens iniciam
nova etapa na vida
religiosa, na Itália.

de Giovana Armida Cavallo

O
dia 25 de março de 2020
marcou a data de ingresso
de sete jovens postulantes
no Noviciado Internacional
das Missionárias da Conso-
lata em Capri, Itália. Acolhendo o
chamado para se tornarem Missio- este evento no Noviciado de modo Comunidade, ajudada pela Forma-
nárias da Consolata elas vieram da solene, com a presença de madre dora, irmã Jane Muguku que foi dada
África para a Itália, em janeiro deste Simona, de irmã Cecilia Pedrosa e a tarefa de substituir Madre Simona
ano e passaram os primeiros três das outras irmãs das Comunidades e receber o “Eis-me aqui” que cada
meses num período de orientação e de Turim que sempre, em grande uma das candidatas pronunciou
estudos internos da língua italiana. número nos anos passados partici- em resposta à chamada por nome.
Neste ano a pandemia do Co- pavam desta festa e se regozijavam. E também foi ela a entregar-
ronavírus, que colocou de joelhos Foi para irmã Giovana Armida -lhes a medalha com a imagem da
tantas nações, impediu de celebrar que é a missionária mais velha da Consolata e do Fundador que as
qualificam como Noviças, e também
o livro das Constituições do Instituto
ARQUIVO MC

das Missionárias da Consolata.

A celebração foi iniciada e se
desenvolveu na parte da manhã na
Capela grande do Noviciado com
cantos e orações guiados por irmã
Arelis Rocha Garcia e executados
pelas Noviças que já estão no se-
gundo ano.
A Festa estendeu-se depois por
todo o dia, com o almoço festivo e
com a alegre recreação preparada
pelas noviças do segundo ano. 

Giovana Armida Cavallo, MC, é missionária da Consolata

na Itália. Tradução – Ir. Benildes Clara Capellotto, MC.

QUER
QUERSER MISSIONÁRIO?
SER MISSIONÁRIO? QUER
QUERSER MISSIONÁRIA?
SER MISSIONÁRIA?
TEL.: (11) 2232.2383 TEL.: (11) 2231.0500
E-mail: amv@consolata.org.br E-mail: mc@consolata.org.br

18 NOVEMBRO 2020 MISSÕES

 Cura Brochero de Paulo Mzé
N
o dia 31de outubro, na
festa litúrgica dedicada à
missionária da Consolata
e Bem-aventurada Irene
Stefani, o padre geral dos
Missionários da Consolata, por um
lado e a madre geral das Missio-
nárias da Consolata, por outro,
anunciaram por carta o nome do
Protetor Anual dos missionários
e das missionárias da Consolata
para o ano de 2021.
O padre Stefano Camerlengo e a
madre Simona Brambila, em Roma
e Nepi, respectivamente, deram a
conhecer que o ano de 2021 será
dedicado a São José Gabriel del
Rosario Brochero, sacerdote da
arquidiocese de Córdoba, Argen-
tina, como protetor anual.
O protetor anual
dos missionários e
das missionárias da
Consolata em 2021
será São José Gabriel
del Rosario Brochero,
sacerdote argentino.
O Cura Brochedo, tal como ficou
conhecido, nos faz lembrar o que
o pai fundador, Bem-aventurado
José Allamano dizia aos missio-
nários e missionárias: “primeiro
santos, depois missionários”. O
Cura Brochero, pela prática dos
Exercícios Espirituais herdou a
espiritualidade de Santo Inácio de
Loyola. Os superiores observam
que a grandeza do Cura Brochero
está em ter sabido unir o espiritu-
al ao social, fazendo-se valer de
uma linguagem simples e aces-
sível a todos para compreender
a mensagem cristã. Foi sempre
solícito nas visitas aos doentes,
porque estava convicto de que a
enfermidade põe em risco a fé.
Três frentes
Enfim, o ministério sacerdotal
do Cura Brochero se distingue em
três frentes: como colaborador
pastoral na catedral de Córdoba,
como prefeito de estudos no se-
minário maior e como incansável
servidor durante a epidemia de
cólera na cidade de Córdoba, no
ano de 1867.
Em 14 de setembro de 2013,
por ocasião da beatificação do
Cura Brochero, o papa Francisco
escreveu: “O Cura Brochero tem
a relevância do Evangelho e é o
pioneiro em ir para as periferias ge-
ográficas e existenciais, para levar
NOVEMBRO 2020 MISSÕES 19
 a todos o amor e a misericórdia de piritual e socialmente. Foi lá que
Deus. Ele não ficou no escritório teve como nome “el cura gaúcho”
da paróquia e à força de sair em (o padre gaúcho) por ter viajado
busca das pessoas cavalgando a bastante no dorso de uma mula
sua mula, ficou doente..." para se aproximar de todos.
Como a Bem-aventurada Ire- Tendo sido reclamado pela gen-
ne Stefani, o Cura Brochero em te da sua paróquia, regressou à sua
meio ao Coronavírus nos instiga a cidade natal, morrendo aos 26 de
sermos missionários da caridade janeiro de 1914, na cidade de Villa
com os refugiados, imigrantes ou del Trânsito, que dois anos mais
com os flagelados por conflitos, tarde viria a se chamar Villa Cura
guerras e fome. Brochero, em sua homenagem.
José Gabriel nasceu em Santa São João Paulo II o proclamou
Rosa de Rio Primero (Córdoba, Venerável. Foi declarado Bem-
Argentina) a 16 de março de 1840, -aventurado pelo papa Francisco.
filho de Inácio e Petrona Davila. E a sua canonização foi aos 16 de
Aos 16 anos decidiu entrar para o outubro de 2016. Os restos mortais
seminário de “Nuetra Señora de de São José Gabriel são venerados
Loreto”. Foi ordenado presbítero no Santuário de Nossa Senhora do
pelo bispo Joseph Vincent Ramirez Trânsito, em Villa Cura Brochero.
de Arellano, no dia 4 de novembro A sua memória litúrgica é 16 de
de 1866. Em 1869 foi feito pároco março. 
de San Alberto, onde melhorou
a vida dos seus paroquianos es- Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.

Ajude-nos e venha
fazer parte desta obra
Missões é o veículo de comunicação do Instituto Missões Consolata e retrata o
trabalho missionário de levar a consolação aos que sofrem, aos que andam tristes,
aos que estão sem esperança.
Torne-se um missionário membro da família Consolata, mantendo o
nosso trabalho, contribuindo financeiramente. Mediante a sua
contribuição, enviaremos Missões para você como forma de gratidão!
Veja como é fácil:
R$ 15,00 R$ 20,00 R$ 35,00 R$ 40,00 R$ 75,00 ou mais
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da última edição da última edição últimas edições últimas edições últimas edições
Obs.: (Incluso o envio pelo correio. Para quem retira em mãos, a contribuição mínima permanece a de capa)

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20 NOVEMBRO 2020 MISSÕES


O padre que achou
que não era padre
de Edson Luiz Sampel
C
irculou na internet o caso interessante de
um padre dos Estados Unidos. Padre Mateus
Hood, da arquidiocese de Detroit, descobriu
que, quando criança, havia sido batizado
invalidamente. O diácono que o batizou
não fez uso da fórmula trinitária. Conclusão: invá-
lidas a primeira comunhão, a crisma e a ordenação
presbiteral! O indigitado presbítero estadunidense
correu a avisar todo o mundo que as missas por ele
celebradas eram írritas, bem como as confissões
e as confirmações. Pôs em dúvida até mesmo os
casamentos aos quais assistiu como testemunha
qualificada.
Tipos de batismo
Há três tipos de batismo, a saber: o batismo de
água (geralmente infusão), o batismo de sangue e o
batismo de desejo. De fato, se uma criança, na tenra
idade, morre sem o sacramento do batismo, não se
sabe qual é o destino da alma do bebê. O batismo
é absolutamente necessário para a Salvação (Jo 3,
5). No último documento da Comissão Teológica
Internacional sobre o assunto, transmite-se apenas
a ideia de que é preciso confiar na misericórdia
divina, pensamento já exposto no Catecismo da
Igreja Católica (n. 1261). Por isso, o código canônico
determina que os pais ou responsáveis providenciem
o batizado das criancinhas nas primeiras semanas
após o nascimento (cânon 867, §1º).
Relativamente ao batismo de desejo, explana o
Catecismo da Igreja Católica que o desejo do batismo
acarreta os frutos do batismo, sem ser sacramento
(n. 1258). É através desta espécie de batismo que
milhões de homens obtêm a salvação, sem aderir
oficialmente à Igreja fundada por Nosso Senhor. Trata-
-se da vida que se leva à luz dos ditames insculpidos
por Deus em todos os seres humanos. Somente os
que têm uso da razão podem ser beneficiados pelo
batismo de desejo.
O batismo de desejo não é sacramento, contudo,
o supramencionado catecismo ensina que tal jaez de
MISSÕES RESPONDE
A solução encontrada, qual seja,
administrar os sacramentos ao
clérigo, ordenando-o "de novo",
não foi formalista e legalista?
batismo importa a obtenção dos "frutos do batismo"
(n. 1258). Desta feita, padre Mateus, que sempre
quis ser presbítero, diuturnamente envolvido no
grêmio da Igreja, possui muito mais que o desejo
implícito do batismo, condição para o batismo de
desejo. Os pressupostos mínimos para a salvação,
ao menos ele possui! Nada obstante, o problema
não é somente este.
ARQUIVO CN/CANCAONOVA.COM
Surgem as seguintes perguntas canônico-teoló-
gicas: os frutos do sacramento do batismo, oriun-
dos do batismo de desejo (espécie de batismo),
validariam a recepção dos outros sacramentos,
incluindo a ordem? Para a validade da ordenação,
o código canônico exige que o varão seja batizado
(cânon 1024). O batismo de desejo não contaria,
principalmente numa situação tão inusitada como a
desse eclesiástico? A solução encontrada, qual seja,
administrar os sacramentos ao clérigo, ordenando-o
"de novo", não foi formalista e legalista? 
Professor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo (da Arquidiocese
de São Paulo). Autor, entre outros livros, de Elementos de Direito Eclesiástico
Brasileiro (LTR). O articulista acaba de lançar novo livro: Noções de Direito Cons-
titucional Canônico. A obra pode ser adquirida no site da editora Santuário: www.
editorasantuario.com.br
NOVEMBRO 2020 MISSÕES 21
 ÁFRICA
Democracia
africana
Por Paulo Mzé
O
presidente da Tanzânia,
John Magufuli (foto), CCM
(Chama Cha Mapenduzi),
foi reeleito para um segun-
do mandato de cinco anos
com 84,39% dos votos no dia 28 de
outubro. O candidato Tundu Lissu
(Chedema), o principal opositor de
Magufuli nas eleições presidenciais
obteve apenas 13,03% dos votos. Os
restantes 2,58% foram divididos en-
tre os outros 13 candidatos. Foram
registrados os votos de 50,72% dos
mais de 29 milhões de tanzanianos
hábeis a votar. Magufuli recebeu
12,5 milhões de votos e Lissu cerca
de 1,9 milhões.
Com relação à composição do
Parlamento tanzaniano, o CCM,
partido da revolução, em Suaíli,
no poder desde a independência,
conquistou quase a totalidade dos
264 lugares em disputa nas elei-
ções legislativas, ultrapassando
largamente os mais de dois terços
necessários para aprovar alterações
à Constituição do país, incluindo
o alargamento do limite de dois
mandatos presidenciais.
No dia seguinte à votação, e
ainda antes do anúncio dos resul-
tados pela comissão de eleições,
Lissu disse que não aceitaria, con-
siderando que tinha sido levada
a cabo “uma fraude numa escala
sem precedentes na história” da
Tanzânia. A lei daquele país não
permite a contestação de resulta-
22 NOVEMBRO 2020 MISSÕES
Eleições
presidenciais na
Tanzânia reelegem
presidente
Magufuli.
humanos. Lissu retornou a Tanzâ-
DANIEL HAYDUK / AFP VIA GETTY IMAGES
nia após três anos de tratamento
e convalescença no exterior na
sequência de uma tentativa de
assassinato que, em sua opinião,
teve motivações políticas, em 2017.
Tundu Lissu foi detido, assim
como outros sete líderes do seu
partido, Chedema, informou a
polícia. “O prendemos em Dar es
Salam, quando deixava os escritó-
rios da União Europeia”, anunciou
o chefe da polícia de Dar es Salam,
Lazaro Mambosasa em declarações
à agência France Press (AFP) na
capital econômica da Tanzânia.
A justificativa para a detenção foi
a mesma que esteve detrás dos
John Pombe Joseph Magufuli, presidente da Tanzânia.
restantes altos responsáveis do
dos de eleições presidenciais em Chedema, maior partido da opo-
tribunal, o mesmo não acontecendo sição tanzaniana: “ligação com as
com eleições legislativas ou outras. manifestações proibidas”, segundo
“A porta para protestar os resulta- o mesmo responsável.
dos das eleições presidenciais em Freeman Mbowe, líder do Che-
tribunal está fechada para nós, e é dema, também detido, apelou aos
por isso que decidimos dirigir-nos seus apoiadores para saírem à rua
ao povo”, explicou Lissu, no dia 31 como forma de pressão para que
de outubro, durante um apelo aos sejam remarcadas novas eleições,
protestos lançado pelo Chedema, perante o fato de, segundo a opo-
com o ACT-Wazelendo, este últi- sição, as eleições presidenciais e
mo, o segundo maior partido da parlamentares de 2 de outubro
oposição. terem sido marcadas por fraudes
generalizadas. “Prendemos Mbo-
Detenção do opositor we, ele está nas nossas mãos”
O primeiro mandato de Ma- informou Lazaro Mambosasa à
gufuli, eleito com 58% dos votos estação de televisão estatal TBC1,
em 2015, caracterizou-se por um acrescentando que seis altos funcio-
declínio acentuado das liberdades nários do Chedema se encontram
fundamentais e pela multiplicação também detidos. 
dos ataques à oposição, de acordo
com várias organizações de direitos Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.

A Ásia é um
continente de
Missão? (2ª Parte)
de Geoffrey Boriga
N
a área de desenvolvimento, as situações
no continente asiático são tão diversas que
desafiam a classificação em uma única ca-
tegoria. Alguns países são altamente desen-
volvidos, enquanto outros ainda se utilizam
de políticas econômicas práticas. Em alguns casos,
o custo de tal desenvolvimento tem sido feito à
custa dos valores sociais e religiosos tradicionais.
No entanto, alguns países asiáticos foram capazes
de adaptar esses princípios à economia moderna e
à vida política sem efeitos adversos. Outros, ainda,
tiveram menos sorte na área de desenvolvimento
e permanecem entre alguns dos mais pobres do
mundo. O materialismo e o secularismo também
vão ganhando espaço, principalmente nas áreas
urbanas. Essas ideologias que solapam os valores
sociais e religiosos tradicionais ameaçam as grandes
culturas da Ásia com danos incalculáveis.
Situção política
A situação política no continente é tão variada
quanto suas dimensões sociais e econômicas. Muitos
matizes ideológicos compõem o espectro político.
Existem formas teocráticas de governo com uma
religião oficial do estado e sistemas legais que dei-
xam pouco espaço para a liberdade religiosa. Alguns
países, embora não sejam abertamente declarados
teocráticos, reduzem as minorias na vida cotidiana
ao nível de cidadãos de segunda classe, com pouca
proteção para seus direitos humanos fundamentais.
Em outros países, a liberdade religiosa é negada. Às
vezes, os crentes nessa situação são vistos como
traidores; eles sofrem perseguição e são levados à
clandestinidade.
Com essa breve descrição da realidade asiática,
percebemos que há necessidade de uma experiência
ÁSIA
Cada realidade é
um desafio e uma
oportunidade a ser
transformada pela
missão de amor e
serviço da Igreja à
vida em toda a sua
plenitude.
ARQUIVO
Padre Gilberto da Silva, imc (esquerda), outros missionários e comunidade em cele­
bração em Hsinchu, Taiwan.
missionária mais profunda. Portanto, a Ásia é um
continente de missão por excelência. É necessária
a evangelização primária, a atenção à formação dos
leigos, a conscientização da vocação e da respon-
sabilidade missionária cristã, o diálogo cultural e
inter-religioso, a questão da inculturação e também
a partilha de experiências espirituais.
Igreja
Por outro lado, atenção especial deve ser dada
ao trabalho de promoção e libertação humana. Isso
inclui: apoio a refugiados, migrantes, classes opri-
midas e sem-terra. Portanto, é necessário defender
os direitos legais das minorias e dos marginalizados
como parte da missão da Igreja. No final, a Igreja
asiática deve trabalhar para se tornar fermento entre
as pessoas de outras tradições religiosas e seculares.
Os missionários da Consolata não ficaram para
trás na missão da Igreja no que diz respeito ao con-
tinente. Os capítulos gerais realizados em 1999 em
Sagana (Quênia), em 2005 em São Paulo (Brasil) e
2011 em Roma (Itália) enfatizaram que deveriam
dar maior prioridade à entrada no continente asiá-
tico. Até agora, “nossa Ásia” como missionários da
Consolata é composta por três países: Coreia do
Sul, Mongólia e Taiwan. 
Geoffrey Boriga, imc, é missionário na Ásia.
NOVEMBRO 2020 MISSÕES 23
 DESTAQUE

Biênio Vocacional
em tempos de Pandemia
Colocar em estado de reflexão e oração a vocação missionária que cada
um de nós recebeu de Deus, foi o objetivo dos missionários da Consolata
ao promover o Biênio Vocacional 2019-2020.

de Josky Menga

O
Instituto Missões Conso-
lata (IMC) teve sua origem
na Itália e logo no início,
muitos jovens aceitaram
fazer parte dele. A partir
das décadas de 30 e 40 do século
passado, com a vinda dos primei-
ros missionários para o Brasil que
se instalaram na Região Sul junto
com os imigrantes, rapidamente
vários seminários foram abertos
e surgiu um grande número de
vocações, consequentemente,
muitos padres.
Com o passar dos anos, as fa-
mílias muito religiosas, com uma
vida totalmente agrícola e grande
número de filhos, foram sendo mo-
dificadas por famílias com menos
filhos e com características urbanas.
O número de vocações foi caindo
drasticamente. Dos grandes semi-
nários para seminários menores e
agora, praticamente vazios. Não só
no Brasil, mas em vários países da
América Latina surgiram muitas
vocações e muitos padres, agora
o número caiu bastante.

Biênio
O IMC promoveu um Biênio
Vocacional entre os anos 2019-

24 NOVEMBRO 2020 MISSÕES

2020, para dar ânimo e uma nova
esperança aos missionários e aos
jovens, com o tema: “Reaviva o
dom que há em ti”, seguindo os
passos do grande apóstolo Paulo.
O lema motivacional que acompa-
nhou esses dois anos foi: "Reavive
o dom de Deus que está em você"
(2Tim 1, 6). Com esse espírito
de animar os jovens e os missio-
nários, o papa Francisco pensa
que “se partimos da convicção de
que o Espírito continua a suscitar
vocações ao sacerdócio, à vida
religiosa, podemos 'voltar a lançar
as redes' em nome do Senhor, com
toda confiança. Podemos ousar,
e devemos fazê-lo, ter coragem
de dizer a cada jovem que se in-
terrogue sobre a possibilidade de
seguir este caminho”. (Exortação
Apostólica pós-sinodal Cristus vivit
nº 274).
Porém, para viver este momen-
to de graça e aprofundar mais
sobre o Biênio Vocacional que
teve como principal objetivo o de
"colocar em estado de reflexão
e oração a vocação missionária
que cada um de nós recebeu de
Deus", muitas iniciativas foram
programadas para serem reali-
zadas em nível continental e em
cada país onde os missionários
da Consolata estão atuando no
continente americano, entre eles
Argentina, Brasil, Colômbia, Peru,
Equador, Venezuela, Canadá, Es-
tados Unidos e México, com o
intuito de animar os missionários
e também os jovens a adentrarem
nesta família missionária.
Na Região Brasil, pensamos
realizar alguns eventos regio-
nais, mas, também em cada
lugar onde os missionários da
Consolata trabalham juntos com
os animadores vocacionais, se
pensou de realizar os seguintes:
Simpósio Vocacional, Despertar
Vocacional, Consolar, visitas dos
jovens nas famílias, encontros
vocacionais, retiros espirituais
etc. Enfim, reanimar os jovens
vocacionalmente.
Lives
Mas, o mundo foi surpreendido
com a pandemia e tudo parou,
nada mais foi do jeito que foi
planejado para todos, as viagens
e encontros foram cancelados,
as visitas e todos os eventos, isso
com certeza influenciou na vida
das pessoas, nós tínhamos que nos
adaptar ao novo. Com a pandemia,
tínhamos que inventar e reinven-
tar tudo para não pararmos, por
isso no mês de junho na cidade
de Jaguarari, Paróquia São João
Batista foi realizada a I Live da
Juventude com o tema “Missão
em Canção” celebrando a festa de
Nossa Senhora Consolata e a festa
do padroeiro da paróquia e cidade
de Jaguarari. Contamos com mo-
mento de pregação e de animação
dos jovens da Banda Apocalipse,
Valtemar Melo e Liliane Martins.
As três atrações brilharam nesta
noite mostrando os seus dons e
no mês de agosto foi realizada a
II Live da Juventude, dessa vez
com o tema: "Vocação e Canção"
com o tema vocacional deste ano
“amados e chamados por Deus”
com animação da Banda Toque de
Cristo, Camila Rodrigues e Marcos
Neto. O testemunho vocacional
do padre Josky, animador voca-
cional e a benção do Santíssimo
encerrou esse momento de graça
abençoando a cidade de Jaguarari
e toda a juventude.
Estamos realizando um progra-
ma “Papo Jovem” na rádio Top FM
104.9 aos sábados, interagindo
com a juventude da cidade de
Jaguarari, mas também das ci-
dades vizinhas e outros estados,
com temas diferentes, segundo
as necessidades e demandas rea-
lizamos o retiro vocacional on-line
pelo aplicativo e acompanhamento
espiritual e vocacional com os
jovens, tudo isso com intuito de
reavivar esse dom que há na ju-
ventude, mesmo assim os desafios
são maiores, a missão sempre foi
desafiadora, mas agora com as
facilidades da vida moderna, de
respostas rápidas e de resultados
imediatos é difícil um jovem querer
largar sua vida “certa” e ir atrás
de um “sonho”, de um projeto
maior. Entretanto, não dá para
desanimar, pois a Missão é de
Deus e Ele sabe tirar filhos seus
e tocar o coração de pessoas na
hora certa. A crise vocacional faz
cada missionário sair de sua zona
de conforto, colocar os joelhos
no chão e rezar, e ver se sua pró-
pria vida está sendo um exemplo
de vida missionária, na vivência
assídua dos três votos, pobreza,
castidade e obediência.
Exemplos arrastam
Tem aquela máxima: as pala-
vras comovem, mas os exemplos
arrastam. Disse o papa Francisco
"o Senhor não pode falhar em sua
promessa de não deixar sua missão.
E se alguns sacerdotes não dão
um testemunho, não é por isso
que o Senhor deixará de chamar,
ao contrário, Ele redobra a aposta
porque não cessa de cuidar da
sua Igreja". (Exortação Apostólica
pós-sinodal: Cristus vivit Nº 275).
Portanto, o ano está acabando,
mas, ainda precisamos continuar o
nosso trabalho e intensificar mais a
animação vocacional e no próximo
ano realizaremos mais atividades
com a graça de Deus rezando e
pedindo que o Senhor mande tra-
balhadores para sua messe, pois a
messe é grande, mas, poucos são
os operários.
Que os jovens possam abrir
mais o coração para ouvir a voz do
Senhor que chama e bate à porta
cada dia que passa, como disse o
nosso Fundador, o Bem-aventurado
José Allamano o Senhor me chama
hoje, não sei se me chamará daqui
a um ano ou dois anos. Jovem, a
decisão é sua! O Biênio Vocacional
está para terminar, mas o dom que
há em cada um deve ser reavivado
todo dia e todo momento. 
Josky Menga, imc, é animador vocacional
em Jaguarari, BA.
NOVEMBRO 2020 MISSÕES 25
 LEIGOS EM AÇÃO
Encontro
Leigos Missionários da Consolata
Reuniões on-line consolidam
unificação das Regiões Brasil
e Amazônia do Instituto
Missões Consolata (IMC)
e definem coordenador e
secretário para a área.
de Janusa de Oliveira Costa Moreira
N
o dia 17 de outubro de 2020, os Leigos Mis-
sionários da Consolata reuniram-se através
da plataforma Meet com a participação de
representantes das Comunidades de São
Miguel Paulista, Roraima, Jandira, Rio de
Janeiro e São Paulo, acompanhados dos assessores,
padre Paulo (IMC) e irmã Maria Costa (MC). Ainda
antes do início dos trabalhos, acompanhando irmã
Maria Costa, houve a participação das irmãs Joselice
(missão na Tanzânia) e Domênica (Casa Allamano -
São Miguel Paulista). Irmã Joselice partilhou sobre
sua missão, dando incentivo à continuidade da mis-
são dos LMC. Na sequência, houve apresentação de
todos os participantes. Considerando sua primeira
participação, Ana Margareth partilhou sua experiência
na Comunidade Roraima. Relatou que cada membro
atua numa pastoral. Também colaboram com um
abrigo, com a Comunidade José Allamano - que está
situada na periferia de Boa Vista, onde era um local
de invasão, sem asfalto e energia elétrica, e passou
a ser um loteamento particular, onde há um espaço
celebrativo. Contou que mesmo com as dificuldades
encontradas no início, conseguiram realizar o Tríduo
Missionário do Allamano, cujo tema abordado foi
“Nunca diga que não é comigo”. O grupo auxilia nos
trabalhos junto à Cáritas Brasileira, com fornecimento
de enxovais e cestas básicas para gestantes. Trabalha
na Comunidade Consolata, que fornece alimentação,
distribui brinquedos às crianças carentes e atua na
acolhida aos venezuelanos.
Ana do Feijão, da Comunidade Jandira, relatou
que, mesmo com as dificuldades de distanciamento
26 NOVEMBRO 2020 MISSÕES
social e novas tecnologias, conseguiram estabelecer
a reflexão do livro “Fragmentos de um retrato”, cujos
encontros foram realizados quinzenalmente e assim
mantiveram-se unidos em tempos de pandemia, com
o surgimento de duas novas participantes. Relatou
também sobre a existência de um grupo de leitura, no
qual foi introduzido o livro. Terminou sua participação
comunicando que as irmãs da Consolata gravarão um
vídeo em comemoração aos 50 anos da Paróquia Nossa
Senhora Aparecida daquela localidade. Na sequência,
Rosa e Carlos partilharam que as pessoas ainda encon-
tram dificuldades para acessar as atuais tecnologias,
de maneira que a conversa entre os participantes vem
sendo efetuada via WhatsApp, onde são compartilha-
dos trechos do livro, cujo retorno acontece através de
mensagens sobre o que foi compreendido.
A Comunidade Rio de Janeiro conseguiu conectar-se
à plataforma, com a participação pela primeira vez das
representantes Jeanette e Ramira. Jeanette partilhou
sobre as dificuldades vividas por seus participantes dian-
te da pandemia. Pela Comunidade São Paulo, Orestes
partilhou que, iniciando-se no mês de agosto, foram
realizados três encontros para estudo do livro, a partir
da ótica dos leigos buscando identificar o conteúdo
missionário de cada depoimento – fato que resultou
em admiração por parte de uma das participantes,
ao relatar que não sabia que um ato solidário feito
por ela tinha sido uma missão. Conforme Orestes, o
que importa ao LMC é identificar em suas atitudes,
o conteúdo missionário e estudar os “Fragmentos” a
partir dos momentos vividos no dia a dia na família,
na profissão, no convívio social. 
Janusa de Oliveira Costa Moreira é Leiga Missionária da Consolata
Comunidade São Paulo.

Deus age
na história
“Muitas vezes e de modos diversos
falou Deus…” (Hebreus 1,1)
de Mauro Negro
É
normal que se entenda “história” como o que
aconteceu e ficou registrado. Mas história pode
ser também o que está acontecendo e o que
se faz, no cotidiano. É também normal que as
pessoas creiam que Deus está nos sentimentos,
como a pena, o desejo, o amor. E isso é real! Mas tem
muito de subjetivo, de visão pessoal e afetiva. A Bíblia
insiste que o lugar onde Deus age é na história.
Quando se lê a Bíblia o que se vê é a Revelação na
história de pessoas, do Povo da Aliança, no grupo ao
redor de Jesus e na Igreja das origens. E tudo o que
envolve pessoas é complexo. E é apresentado de modo
a ser contado como uma sucessão de fatos, quando na
realidade é a proposta da Verdade de Deus. Significa
que mais importante que os fatos isolados é o sentido
que eles têm no seu conjunto. Exemplo: mais impor-
tante que a passagem pelo mar, em Êxodo 12, é todo
o processo, longo e difícil, de deixar o Egito e iniciar um
jeito de viver diferente ligado a um Único Deus, não a
muitos deuses ou ídolos.
Deus falou por meio do Filho. No início da Carta aos
Hebreus encontra-se: “Muitas vezes e de modos diver-
sos falou Deus, outrora, aos pais pelos profetas; agora,
nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do
Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e
pelo qual fez os séculos” (1,1-2). Aparecem elementos
importantes: a “fala” de Deus, que é palavra; os “pais”,
BÍBLIA
que são os que vieram antes; “profetas”, que são pessoas
de Deus; “os dias”, que é o tempo, “últimos”, que são
os decisivos etc.
A afirmação de Hebreus sugere tempo e história. Ela
é como um palco, onde as coisas acontecem, o tempo
vai passando, a compreensão vai se estabelecendo, aos
poucos ou rápido, de modo claro ou complexo.
Aqui está uma grande diferença entre a fé que a
Bíblia propõe e outros modos de crer mais modernos.
Neles, tudo tem sentido meio que automático, depen-
dendo das pessoas. E são elas que definem tudo. Na
Revelação bíblica, que é uma história teológica, Deus
vai agindo, no tempo e no espaço, com a liberdade e
vontade humanas. Ele ensina conforme a capacidade
de compreensão, e intervém de modo a criar processos.
Na Bíblia a história está sendo construída, encon-
trando um sentido e uma direção que é Deus e sua
presença. Isso é um desafio constante, pois não é um
produto pronto, mas uma descoberta que acontece a
todo tempo, em cada geração. 
Mauro Negro, OSJ. Biblista PUC São Paulo SP mauronegro@uol.com.br
NOVEMBRO 2020 MISSÕES 27
 ENTREVISTA
de Paulo Mzé
P
adre Jacques Kwangala
Mboma, missionário da
Consolata, trabalha com a
Pastoral Afro em Engenheiro
Pedreira, Japeri, estado do
Rio de Janeiro. A Pastoral é uma
das prioridades escolhidas pelo
IMC para desenvolver sua missão
evangelizadora. Em entrevista, padre
Jacques fala de seu trabalho.
Poderia indicar alguns fatos
históricos da caminhada da Pastoral
Afro na Região Brasil?
A prioridade da Pastoral Afro
-brasileira foi escolhida em 1997
pelos missionários da Consolata,
com ajuda das Irmãs Vitalina e Artu-
rina Menezes na Paróquia São Brás,
localizada no bairro de Plataforma,
no Subúrbio Ferroviário de Salvador,
Bahia. Essa Pastoral desenvolveu ao
longo dos últimos anos ações sociais
28 NOVEMBRO 2020 MISSÕES
Prioridade
Negra
que tinham como objetivo principal
promover o bem-estar social e a
cultura afro-baiana, priorizando
sempre as situações, pessoas e/
ou grupos mais desfavorecidos ou
excluídos. Foi a Pastoral que per-
mitiu a criação da Ação Social da
Paróquia São Brás de Plataforma
(ASPASB), uma organização civil,
não governamental, de princípios
cristãos (católicos), reconhecida
de Utilidade Pública pelo Governo
Municipal e Estadual da Bahia. Em
1998, a Pastoral Afro-brasileira da
Paróquia São Brás de Plataforma
juntamente com os estudantes que
já haviam conseguido ingressar nas
universidades públicas e particulares
do Estado, começaram a discutir e
pensar na possibilidade de trazer
essa experiência para o bairro de
Plataforma para poder atender mais
pessoas, economizando tempo e
recursos financeiros para os candi-
datos. Depois de longas reuniões,
mobilização da comunidade local
em relação à importância de um
curso pré-vestibular alternativo no
próprio bairro e respondendo aos
desafios lançados pela Campanha da
Fraternidade de 1998 com o tema:
A Fraternidade e o Negro, a paró-
quia fundou o Curso Pré-vestibular
Alternativo do COEQUILOMBO e
Quilombinho para os adolescentes,
como uma resposta concreta aos
desafios mencionados.
Quais são as principais ações
que a Pastoral tem desenvolvido,
não obstante a pandemia?
O encontro de formação que
acontece todas as terceiras terças-
-feiras do mês. Porém, recomeça-
mos esses encontros somente em
outubro por conta da Covid-19. Os
pontos mais fortes são: a formação
humana, a espiritualidade afro e
a história do negro brasileiro. Os
demais temas são o favorecimento
e o despertar da consciência negra,
a autoestima e a valorização da
negritude, a arte negra e catequese
infantil, com historinhas para as
crianças. Realizamos as oficinas na
quadra da Igreja com a participação
de pouca gente, devido à Covid-19.
Visitamos os lugares históricos do
Rio (Pedra do Sal, Jardim do Valongo,
os terreiros de candomblé). Esse
espaço de formação afro nos serve
para fortalecer a nossa identidade
negra pela luta contra o racismo.
No mês de novembro celebramos
a Semana da Consciência Negra
nas comunidades São Francisco e
São Benedito. Celebramos também
continuamente a missa afro no
quinto domingo, quando houver.
Está acontecendo a Capoeira nas
quintas-feiras. Este ano acompa-
nhamos on-line a missa e eventos
como peregrinação nacional das
pastorais afros no Santuário de
Nossa Senhora Aparecida. Traba-
lhamos em parceria com o Fórum
Grita Baixada e Centro de Direitos
Humanos, ambos de Nova Iguaçu.
Temos atendimento jurídico, uma
vez por mês. Por enquanto, o ad-
vogado está atendendo com muita
restrição devido à pandemia.
Uma das consequências da Co-
vid-19, com as quais o Coronavírus
será lembrado na história, é o fato
de ter revelado as desigualdades
em quase todos os aspectos da
vida humana. O que a pastoral
afro faz em termos de propostas de
trabalho, de luta além dos efeitos
da pandemia entre as populações
afro-brasileiras?
Em termos de propostas de tra-
balho diante as consequências que
têm influenciado os afro-brasileiros,
é nada mais que sermos solidários.
A maioria das pessoas vítimas da
pandemia é da população negra.
Trazemos o nosso apoio solidário
através das celebrações de exé-
quias e o consolo das famílias que
perderam seus entes queridos ví-
timas da Covid-19. Essas famílias
encontraram a consolação de Deus
a partir do encontro que fizeram
com os missionários da Consolata
nos momentos mais difíceis. A pa- Para os missionários
róquia Senhor do Bonfim promove e as missionárias da
a ação social, isso se faz por meio Consolata, celebrar o
da iniciativa dos vicentinos para
ajudar as famílias carentes do bairro Dia da Consciência
Engenheiro Pedreira. Essas famílias Negra (20 de
recebem as cestas básicas, mais ou novembro) é viver o
menos são 70 famílias cadastradas
que recebem essa ajuda. A paró- dia a dia respeitando
quia tem uma farmácia comunitária o povo afro-brasileiro.
onde as pessoas sem condições
financeiras para comprar remédios dos mais carentes nas periferias estes princípios: aprofundar a his-
vêm solicitar a ajuda. Confirmo da grande cidade do Rio de Janei- tória do povo negro, favorecer o
que esse trabalho social faz parte ro. A maioria dos habitantes tem despertar da consciência negra e
diretamente da Pastoral Afro que é rendimento de até ¼ do salário a autoestima do povo, valorizar as
também uma pastoral social. mínimo. Aproximadamente 30.132 raízes e valores da cultura africana
não têm instrução, outros têm en- e de seus descendentes, combater
Insistindo sobre a precarização sino fundamental incompleto (Cf. toda espécie de discriminação racial
da vida dos povos negros. Se há http://www.ibge.gov.br). A maio- na família e, em todas as esferas,
gente que têm sofrido em nosso ria da população não tem acesso trabalhar por uma integração pací-
continente, não obstante a pan- ao Ensino Superior. Trabalha na fica e igualitária das raças e etnias
demia são os afro-brasileiros e os cidade do Rio. Sai de manhã às 4h que compõem o povo brasileiro,
Povos Indígenas. No Brasil, no dia e volta no fim da tarde. Trabalha promover oficinas sobre a história
20 de novembro celebramos o Dia como gari, arrumadeira, vende- e cultura africana e dos afrodes-
da Consciência Negra. O que você dor ambulante, motorista, entre cendentes, organizar encontros
tem a dizer a respeito? outros. O que posso acrescentar de formação através de palestras,
Apesar de que o nosso município mais é que os Agentes de Pasto- seminários e debates e promover
não teve um número significativo ral Negros – APNs conseguiram as vocações sacerdotais e religiosas.
de vítimas da Covid-19, a pandemia após muita luta e perseverança, Acredito que com participação de
causou muito impacto na econo- que a Conferência Nacional dos todos negros e brancos, podemos
mia da população. O município Bispos do Brasil – CNBB, aprovas- construir um mundo melhor. 
tem 104.768 habitantes segundo se o texto-base da Campanha da
os dados de IBGE de 2019. É um Fraternidade de 1988, objetivando Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.

NOVEMBRO 2020 MISSÕES 29

 Pobres perdem 32% de renda
A desigualdade de renda aumentou nas
metrópoles brasileiras durante a pandemia.
Todos os segmentos, dos mais pobres aos mais
ricos, viram o rendimento cair. Os pobres,
porém, sentiram mais a queda nos ganhos.
Os dados integram o primeiro boletim “De-
sigualdade nas Metrópoles”, que compara
dados do segundo trimestre de 2020 com
o mesmo período do ano passado, antes
da pandemia. O fechamento das ativida-
des para evitar a proliferação da Covid-19
cedeu especialmente no período estudado.
O boletim considera a renda individual por
média domiciliar e não inclui no cálculo
as rendas do auxílio emergencial e outras
fontes, como o Bolsa Família. Por isso, dá a
dimensão do impacto da pandemia na ren-
da cuja fonte é exclusivamente o trabalho.
VOLTA AO BRASIL
O estudo é de pesquisadores da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUC-RS), do Observatório das Metrópoles e
do Observatório da Dívida Social na América
Latina (RedODSAL).
Obesidade brasileira
O Brasil encerrou o ano de 2019 com mais
de um quarto de sua população adulta na
obesidade, segundo estudo publicado em
outubro pelo IBGE. No total, 41,2 milhões
de brasileiros, ou 25,9% das pessoas acima
de 18 anos, eram consideradas obesas. A
condição atingia 29,5% das mulheres (25
milhões) e 21,8% dos homens (16,2 milhões)
adultos do país. Os números apontam um
crescimento desde o último levantamento,
feito em 2013, quando a pesquisa apontava
obesidade em 25,7% das mulheres e em
17,9% dos homens acima de 20 anos. Na
mesma base de comparação, a edição 2019
do estudo mostrou 30,2% de obesos e 22,8%
de obesas. Segundo o IBGE, o grupo etário
dessa série histórica é esse para possibilitar
a comparação com as edições anteriores da
pesquisa. Entre 2003 e 2019, a proporção de
obesos na população com 20 anos ou mais
dobrou, indo de 12,2% a 26,8%. A pesquisa
ainda indicou que a prevalência de obesos
está na população dos 40 anos, chegando a
34,4%. Os acima do peso representam 70,3%
do país nessa faixa etária. Enquanto isso, o
excesso de peso afetou 60,3% da população
maior de idade em 2019. Isso representa
96 milhões de brasileiros, sendo 62,6% das
mulheres e 57,5% dos homens.
30 NOVEMBRO 2020 MISSÕES
Desemprego bate recorde
A flexibilização do distanciamento social
e a proximidade do fim do pagamento do
auxílio emergencial pressionaram a taxa
de desemprego no Brasil, que alcançou o
patamar recorde de 14,4% no trimestre
encerrado em agosto. É a maior marca da
série histórica da Pnad (Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios) Contínua, que
calcula a desocupação oficial do país e teve
início em 2012. Isso representa 13,8 milhões
de pessoas na fila do emprego, de acordo
com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) divulgados no final
de outubro. No trimestre móvel anterior,
terminado em maio, o desemprego havia
fechado em 12,9%. No trimestre encerrado
em fevereiro, a taxa estava em 11,6%. No
mesmo trimestre de 2019, o desemprego
era de 11,8%. A alta do desemprego no Brasil
se dá em meio à crescente flexibilização do
isolamento social imposto no país como
forma de tentar conter o avanço da Covid-19.
Pandemia e trabalho doméstico
Números do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística) mostram que
os trabalhadores domésticos e ligados à
prestação se serviços ainda são os que mais
sofrem com a pandemia da Covid-19. Mesmo
com a ligeira recuperação em outras áreas,
principalmente, aquelas com trabalhos que
exigem maior qualificação, que se adaptam
ao home office, esses segmentos seguem sem
conseguir criar novas vagas. Segundo dados da
Pnad Covid, (pesquisa criada pelo IBGE para
mensurar os efeitos da pandemia no país,
desde maio foram cerca de 500 mil postos
de trabalho perdidos. Os serviços domésticos
perderam 1,7 milhão de postos, de acordo
com a pesquisa Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio) Continua referente a
julho. Por utilizarem metodologias distantes,
as duas pesquisas, não são comparáveis, mas
apontam o cenário dramático do trabalho
doméstico. Além das demissões, contratos
estão sendo suspensos. Rodolpho Tobler,
da Fundação Getúlio Vargas, aponta que
dois fatores estão prejudicando os serviços
domésticos a voltar a criar vagas. O primeiro
é a cautela em relação à renda, o segundo
o medo de contágio da Covid-19. 
Fonte: Folha de São Paulo.
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