Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SUMÁRIO
PÁSCOA SEM FOME
JANEIRO/MARÇO 2023/01
N
esta edição de Missões, o tema que perpassa
a maioria dos artigos é a fome, refletindo a
Campanha da Fraternidade 2023 (CF), promo-
vida pela Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil – CNBB.
A fome é uma questão complexa que afeta a hu-
manidade de forma crônica, envolvendo não apenas
necessidades físicas, mas também emocionais. Embora
os números da fome possam flutuar, ela é uma realidade Cartaz da Campanha da
constante em muitas partes do mundo, incluindo o Bra- Fraternidade 2023.
sil, onde 61 milhões de pessoas sofrem de insegurança Foto: Divulgação / Arte: Cleber Pires
A justiça
e a reconciliação do Brasil
Epidemia de boatos e fake news
FREEPIK.COM
foi planejada para legitimar a
destruição do processo social que
nas últimas décadas a sociedade
tem conquistado e fortalecido.
de Marcelo Barros
N
o Brasil, mesmo se a maioria da população
se manifestou a favor da democracia, há uma
fratura da sanidade social que nenhuma lei
pode consertar. Ainda há pessoas que temem o
comunismo como fantasma que aparecesse à luz
do sol e como se houvesse risco de nevar na Amazônia. Deus Amor
Essa epidemia de boatos, mentiras e de fabricação A memória de profetas nos assegura que, mesmo
de medos e de antagonismos odiosos não é espontânea, com todos os ataques do império, ninguém conseguirá
nem será desmontada apenas com argumentos racionais. destruir os melhores sonhos dos nossos povos. Mesmo
Foi planejada e fabricada para legitimar a destruição do se, infelizmente, nem sempre as religiões têm colaborado
processo social que, nas últimas décadas, a sociedade para que a humanidade possa realizar o sonho divino
civil tem conquistado e fortalecido. Ela não será vencida de paz e de justiça social, precisamos reforçar os grupos
enquanto o Brasil continuar sendo o terceiro país do cristãos e de outras tradições espirituais que testemu-
mundo em desigualdade social. nhem Deus como Amor e não como legitimador do
No dia 15 de janeiro, o mundo inteiro celebra a me- ódio e das violências. Essa espiritualidade, religiosa ou
mória do nascimento de Martin-Luther King, o pastor não, consiste na opção de viver como se estivéssemos
negro que, nos anos 1960, nos Estados Unidos, coordenou ensaiando o futuro que desejamos e assim tornamos
a luta da população negra pela igualdade social e por realidade o Bem-viver com o qual sonhamos. A Bíblia,
seus direitos civis. Enquanto ele vivia, a grande mídia outros livros sagrados e as tradições orais das espiri-
norte-americana tentou destruí-lo de todos os modos tualidades negras e dos povos originários nos revelam
possíveis. Depois que foi assassinado, se tornou herói. um projeto divino de paz, justiça e comunhão entre
Mais de 50 anos depois dessa vitória legal do povo os seres humanos e com a natureza e nos chamam a
negro, tanto nos Estados Unidos, como na maioria dos viver isso. O pastor Martin-Luther King nos recordava:
países do mundo, a humanidade ainda não eliminou “Lembremo-nos de que existe no mundo um poder de
o apartheid social e econômico. Na América Latina, amor que é capaz de abrir caminho onde não há cami-
quase sempre, ser negro é sinônimo de ser pobre. A nho e de transformar o ontem escuro em um amanhã
África do Sul superou o apartheid político, mas mantém luminoso”.
uma imensa desigualdade racial, baseada na divisão
econômica. Marcelo Barros é monge beneditino, escritor e teólogo.
Celebrando
50 anos do CIR
Para comemorar
50 anos, o
CIR reuniu
diversos Povos
Indígenas para
discutir temas
como respeito e
comprometimento.
de Stephen Kawuki
originários e foi criado a partir da -se quais eram os motivos para
organização dos povos juntamente a luta e resistência. Na sua fala,
E
m meados da década de com as lideranças (tuxauas) das ficou claro que os objetivos do CIR
70 do século passado, os diversas comunidades. eram demar-
Povos Indígenas do Brasil Para celebrar os 50 anos de cação e deli-
sofreram muitas injustiças, união, lutas, resistências e conquis- mitação das
perseguições e mortes. De- tas, o CIR reuniu diversas etnias terras, fiscali-
vido ao ocorrido, as lideranças para discutir temas que tratam zação da terra
da época se organizaram para o respeito e relembrar às novas demarcada,
acabar com tais atos e reivindica- gerações sobre o que foi preciso educação do
vam principalmente a demarcação para conseguir o que eles têm povo sobre
das terras e a autonomia ante a até agora. Foram cinco dias de as questões
violência, exploração e produ- celebrações e educação com arte, indígenas es-
ção predatória em seu território, danças, palestras e produções pecialmente
que vinham prioritariamente da audiovisuais. com a natu-
ocupação ilegal de fazendeiros e A solenidade trouxe aos convi- reza e o papel de salvaguardar a
garimpeiros. Oficializando a luta dados o histórico da organização terra dos invasores da época, os
pelos direitos indígenas, formou-se e suas lideranças, apresentações garimpeiros e fazendeiros. Desde
o Conselho Indígena de Roraima culturais e feira de produção orgâ- sempre, os Povos Indígenas lutam
(CIR) que é uma organização sem nica das comunidades indígenas. para preservar e respeitar a terra,
fins lucrativos que tem por objetivo Tudo isso foi realizado entre os seus valores e cultura!
garantir os direitos assegurados na dias 15 a 20 de janeiro de 2023 no “Foi um tempo difícil e desa-
Constituição Federal e o fortale- Centro Regional Lago Caracaranã, fiante, fomos bombardeados pelos
cimento da autonomia dos Povos Terra Indígena Raposa Serra do Sol. policiais, presos, eu não tinha
Indígenas no estado de Roraima. Durante a fala do vice-coorde- carteira para ônibus nem caçamba
O CIR é um movimento que visa nador - Norberto Cruz - Wapichana - como era chamado o caminhão
a luta pelos direitos dos povos - região Serra da Lua, destacou- -, mas mesmo assim dirigia até
FREEPIK
e encarceradas
passam fome!
de Renato Bicudo
S
ábia e inspirada a Campanha da
Fraternidade de 2023, proposta
pela CNBB, com o tema: Frater-
nidade e Fome, e com o lema:
“Dai-lhes vós mesmos de comer”
(Mt 14,16). Como Agentes da Pastoral
Carcerária, nós, homens e mulheres a
mim irmanados, pretendemos ser a
presença efetiva e salutar de Cristo e da
Igreja nos cárceres. Essa, nossa missão!
Quando refletimos em nossos mo-
mentos solitários de oração, bem como
quando rezamos e celebramos em nossas paróquias suas celas insalubres e superlotadas, aguardando a
e comunidades, nós, como missionários nas prisões, mesmice enlouquecedora de um outro dia...
não podemos deixar de pensar (e muito!), sobre a Ouso dizer que não se trata de um contorcionismo
fome difusa que perpassa todo o sistema prisional. A retórico de palavras ou conceitos, mas para mim,
realidade da alimentação dos milhares e milhares de depois de ver exaustivamente essa desumana e
homens e mulheres encarcerados não pode passar perversa rotina, trata-se, sim, de uma vergonhosa e
despercebida para nós. Não há coração evangélico criminosa situação, que, após muito discernimento,
que resista a esse escárnio e descaso para com essa resolvi chamar de: fome difusa e tortura famélica.
população. É sabido que em muitíssimos presídios, Sim, isso porque, nesses intervalos de tempo acima
o café da manhã se dá por volta das 6h-7h; invaria- descritos, entre o café da manhã, o almoço, o jantar
velmente é um pão murcho, pincelado com um arre- e o café da manhã do dia vindouro, esses encarce-
medo de margarina e um café preto, que nós caipiras rados e encarceradas, nada mais têm para comer,
paulistas, chamamos de “chafé”. Muitas vezes, entre permanecendo apenas acompanhados da rigorosa
9h e 10h, serve-se o que se convencionou chamar de e impiedosa fome que os dilacera e desfigura. Não
almoço, uma marmita de metal leve, conhecida como é à toa, que muitos presidiários e presidiárias são
quentinha, encharcada de água, pois se rompe no magérrimos! Isso sem se falar dos enfermos leves,
transporte; fica gélida, e se converte numa gororoba crônicos e moribundos. Essa a fome dos outros, a
insossa, algo como uma rala sopa hospitalar. Café da fome que o poder público tem o dever de sanar e
tarde, é um luxo que temos nós, que estamos fora nós, discípulos do Mestre, o dever de denunciar, pois
das grades. Antes do declinar do dia, entre 16h e 17h, como nos ensinou nosso Irmão Universal, Charles de
servem o jantar, uma macabra liturgia que repete Foucauld, não podemos ser cães mudos; sentinelas
o roteiro do almoço; sempre o mesmo cardápio e adormecidas.
a exígua quantidade de todas as refeições. Logo
depois vem a tranca, onde todo(a)s se recolhem em Renato Bicudo é membro da Coordenação da Pastoral Carcerária Nacional.
Em sintonia com
a Campanha da Fraternidade
Comunidade LMC em Jandira,
de Ana Maria Francisco e Denilza Mendes SP, participam de projeto social,
distribuindo marmitex aos
N
o auge da pandemia em 2021, a comunidade moradores em vulnerabilidade
dos Leigos Missionários da Consolata – LMC social na rua.
em Jandira, na região metropolitana de São
Paulo, se reunia semanalmente para rezar o lhando o Carisma que recebemos e isso nos faz refletir
terço virtual, devido ao afastamento social. que estamos no caminho certo, pois a Campanha da
Porém, sentíamos a necessidade de nos colocar a Fraternidade deste ano não nos deixa desanimar.
serviço do próximo de forma mais efetiva, levando “Dai-lhes vós mesmos de comer”.
o carisma do Bem-aventurado José Allamano que Hoje persiste um projeto que vai além de nossa
arde em nossos corações e também em sintonia comunidade LMC e da paróquia, agregando no caminho
com o pedido do papa Francisco, de ter um olhar pessoas de boa vontade que se dispõem a contribuir
aos invisíveis. para que alguns irmãos em situação de rua tenham
Mas o que fazer? Em oração pedíamos uma luz, o que comer, pois quando as doações chegam, o que
um caminho para seguir. Diante desta
inquietude, durante uma visita que a LMC
ARQUIVO PESSOAL
Lúcia fez a uma amiga muito querida,
eis que ela compartilhou a ação que um
grupo de pessoas de boa vontade vinha
realizando na confecção e entrega de
marmitex aos moradores de rua.
Foi a resposta às nossas orações. Leva-
mos a proposta aos LMC que a acolheram
muito bem e logo estávamos envolvidos
com o projeto.
Cada um se propôs doar algo de acordo
com sua possibilidade, Lúcia se dispôs
a cozinhar, Ana ficou responsável em
acompanhar as doações e compras e
logo todos estavam envolvidos, tam-
bém a comunidade paroquial, sendo
que dessa forma chegamos até pessoas
de diferentes denominações cristãs que
se dispuseram a colaborar. Leigas preparam refeição para os pobres.
Foi assim que um pequeno projeto com poucas não é utilizado no preparo das marmitas, é distribuído
pessoas cresceu em número e qualidade. para famílias necessitadas de nossa região.
Mais uma benção de José Allamano. Que ele con-
O Evangelho do amor aos irmãos tinue nos dando força para fazermos a diferença na
O que começou com dez marmitas hoje chega missão. À primeira vista, pode parecer pouco, mas
entre 50 a 60 distribuídas a cada domingo. Vivemos unindo forças o milagre acontece na fração do pão.
o espírito do Sínodo dos Bispos que é o caminhar
juntos, em unidade para o bem comum, comparti- Ana Maria Francisco e Denilza Mendes são leigas missionárias da Consolata em Jandira, SP.
Ascese
superar o imobilismo e a experimentação,
para procurar, analogamente ao caminho
quaresmal,
sinodal, estradas novas que levem a uma
transfiguração pessoal e eclesial.
VOLTA AO MUNDO
sinodal
E ele nos apresenta dois caminhos concre-
tos e exigentes, duas veredas que devemos
trilhar:
A primeira é o convite/ordem de Deus Pai:
Mensagem do papa “Escutai-O” (Mt 17, 5). Escutar Jesus é a
tarefa da Quaresma. Escuta que passa atra-
Francisco acerca da vés da Palavra de Deus, por meio da qual
Ele nos fala, e pelos irmãos, sobretudo nos
Quaresma. rostos e vicissitudes daqueles que precisam
de ajuda. E no processo sinodal, na escuta
de Gianfranco Graziola dos irmãos e irmãs na Igreja.
A segunda é o convite aos seus discípulos:
“Levantai-vos e não tenhais medo”. Fran-
F
rancisco elegeu o texto do segundo cisco nos convida a não nos refugiar numa
domingo da Quaresma, que narra religiosidade feita de acontecimentos ex-
a transfiguração, para nos dar uma traordinários, de sugestivas experiências,
clara mensagem acerca deste pe- levados pelo medo de encarar a realidade
ríodo. Ele nos convida, a partir do com as suas fadigas diárias, as suas durezas
contraste entre o Mestre e Pedro, a superar e contradições.
as nossas faltas de fé e as resistências em Quaresma é sinodalidade, é compromisso
seguir Jesus pelo caminho da cruz. E concluindo, Francisco que no começo tinha
Afirma o bispo de Roma, é preciso colocar- feito a proposta de viver com o Mestre,
-se a caminho, um caminho em subida que de nos retirar com Ele, nos lembra que: O
requer esforço, sacrifício e concentração; “retiro” não é um fim em si mesmo, mas
requisitos também do caminho sinodal prepara-nos para viver – com fé, esperança
que, nos comprometemos a realizar jun- e amor – a paixão e a cruz, a fim de che-
tos, como Igreja. Ao monte Tabor Jesus garmos à ressurreição.
leva três discípulos, para que vivam uma E por isso ele nos exorta: “Desçamos à planície
experiência única, de graça, que Ele dese- e que a graça experimentada nos sustente
ja não seja vivida solitariamente, mas de para sermos artesãos de sinodalidade na
forma compartilhada, como é, aliás, toda vida ordinária das nossas comunidades. For-
a nossa vida de fé. talecidos na fé, prossigamos o caminho com
Ele, glória do seu povo e luz das nações.
Um caminho sinodal e ascético
À semelhança da subida de Jesus e dos Gianfranco Graziola, imc. é Assessor Teológico
discípulos ao Monte Tabor, podemos dizer da Pastoral Carcerária Nacional.
O
papa Francisco tem dirigido muitas orações a todos aqueles que passam por suas dependências.
aos educadores, reconhecendo o trabalho Em resumo, a oração do papa Francisco pelos
duro realizado por eles e a importância que educadores, pelas paróquias e pelas vítimas de
seus serviços têm na formação de crianças abusos é uma invocação poderosa que reconhece
e jovens. Em sua oração, o papa Francisco a importância destes grupos na formação humana
pede que Deus abençoe os educadores que traba- e cristã das pessoas, sobretudo crianças e jovens.
lham com dedicação para o bem dos alunos. Ele Ele pede a proteção e a bênção de Deus para que os
pede que Deus lhes dê sabedoria, força, energia e membros desses grupos possam exercer este papel
esperança, para que eles possam continuar servin- de forma adequada, e que possam ser instrumentos
do às pessoas nas escolas, universidades e outros de amor e de formação para todos aqueles que
locais de ensino. passam por suas portas, evitando causar males e
Francisco pede também que Deus abençoe os sofrimento às pessoas.
alunos com sabedoria, humildade, perseverança,
bondade e generosidade. Que os alunos sejam Maria Emerenciana Raia é editora da revista Missões.
O lema da
Campanha da
Fraternidade
2023, transcrito
do Evangelho
de Mateus,
lembra a
responsabilidade
de todos pela
Dar de comer
erradicação da
fome.
O
escolhido de Deus e mostrar como de nascimento (cf. 21, 41.43).
Evangelho de Mateus de- esse mesmo Jesus quebrou os Os judeus que não aceitam essa
seja explicar com clareza laços dessas tradições e levou-as nova definição do Povo de Deus
e simplicidade o que o à concretização. Do começo ao são considerados pertencentes
evangelista estava ten- fim, há uma tensão entre tradição às “sinagogas deles” (cf. 4,23; 9,
tando dizer aos seus e novidade. No entanto, nenhum 35), também chamadas sinagogas
primeiros leitores. Da atenção pólo da tensão é rejeitado. A dos hipócritas (cf. 6,2;23,6.34)
especial às estruturas literárias inter-relação entre as duas gera
e às considerações teológicas a vida e novas percepções. Composição anônima
das passagens. Como os leito- Mateus esmera-se em mostrar O Evangelho de Mateus é
res deste trecho vivem em um como este ou aquele evento da fundamentalmente uma com-
mundo que difere daquele dos vida de Jesus realiza as profecias posição anônima. O evangelista
leitores originais do Evangelho, do Antigo Testamento. A identi- era um cristão bem versado nos
também são dadas informações e dade do Povo de Deus também métodos didáticos judaicos, que
explicações sobre pressuposições é formulada na tensão entre a morava na Síria ou em alguma
culturais. O propósito das eluci- tradição e a novidade. Mateus outra área onde a influência ju-
dações é permitir que os leitores não tem dúvidas de que Israel daica era forte, por volta de 85
do século XXI compartilhem mais seja o Povo de Deus, e assim, um d.C. Ele procurou mostrar que os
profundamente a emoção que o propósito importante de seu Evan- que reconhecerem Jesus como
Evangelho de Mateus deve ter gelho é mostrar a continuidade o Messias herdarão o Reino de
provocado em seus primeiros entre Israel de outrora e o ato Deus. Seu Evangelho recebeu a
leitores. novo que Deus realizou em Cristo. forma final por volta de 85 d.C.,
O evangelista transpira algo Mas, depois da vinda de Jesus, talvez em Antioquia da Síria. Isso
fortemente judaico em seu Evan- quem é o Povo de Deus? A ligação significa que a comunidade cristã
Vilson Jochem,
catarinense,
missionário da
Consolata, comemora
25 anos de sacerdócio
nesse ano e relata
seu trabalho na
Venezuela desde a
ordenação.
Não perder
a razão de ser
de Vilson Jochem e valorização da própria cultura, de manutenção nas empresas
S
por isso o que nós como equipe petrolíferas ou nas refinarias na
ou missionário da Con- missionária da Consolata sempre exploração do petróleo diminuiu
solata, Vilson Jochem, de temos insistido é que não se pode a produção e já não se alcançava
Atalanta, Santa Catarina, perder os valores da cultura, entre mais para alimentar e distribuir
do alto Vale do Itajaí. Minha eles a língua, as tradições, as his- para a população pobre, chegando
ordenação foi realizada tórias e, sobretudo, se reconhecer às circunstâncias atuais que esta-
dia 30 de outubro de 1999 e logo como tal, dada a importância que mos. Muitas vezes se pergunta por
depois, em janeiro de 2000, fui eles têm na história própria e que a Venezuela chegou nessa
destinado à Venezuela, onde tra- na caminhada como Igreja. Dar situação, respondo: porque os
balho desde então. Nos primeiros outro rosto para a Igreja desde a políticos não se interessaram -
anos, com a animação missionária sua própria cosmovisão se torna nem os ligados ao governo nem
juvenil e depois, na administra- sempre importante e enriquece os de oposição - em construir um
ção e, de 2005 até hoje, com as a todos. país, mas, só pensaram em estar
comunidades indígenas Warao. Não tem sido uma experiência no poder.
Desse trabalho, uma das coisas fácil porque os Povos Indígenas O que mais importa é ver como
importantes a ressaltar é que todo estão na periferia dos países, nas Igreja como continuamos acom-
encontro com outra cultura nos fronteiras. A Venezuela tem passa- panhando a nossa gente para ter
obriga a aprender a abrir a mente e do por situações complicadas, eu a esperança de viver um futuro.
o coração para poder entrar na nova digo a Venezuela destes 23 anos Esse é o desafio, mas, é por isso
realidade, deixar-se transformar em que lá me encontro. O país que a gente continua também
por ela e ajudar as comunidades passou por uma época de grande acompanhando as nossas comu-
para que então também possam abundância, especialmente dos nidades, no meu caso as comu-
ir fazendo a sua caminhada de fé, anos 2006 a 2010 quando o alto nidades indígenas, pois sabemos
nas exigências dos seus direitos, preço do petróleo fez com que os que é necessário para que tenham
caminhada no reconhecimento políticos enriquecessem. A falta vida e vida em abundância.
Mutirão
contra a fome A Campanha da
Fraternidade 2023 traz
como tema a Fome.
de Alfredo J. Gonçalves responsabilidade de saciar os que frutos do trabalho na economia
têm fome, o tema, por sua vez, globalizada. O resultado disso,
escancara essa realidade frágil, evidentemente, desemboca numa
T
odos os anos, por ocasião vulnerável e invisibilizada dos “sem crescente migração forçada, no
do tempo litúrgico da Qua- terra, sem trabalho e sem teto” desemprego e subemprego e na
resma, a CNBB (Conferên- (3 Ts), para usar a expressão do pobreza, miséria e fome. O escritor
cia Nacional dos Bispos do papa Francisco no encontro com norueguês Knut Hamsun, por seu
Brasil) nos convida a refletir os movimentos sociais. turno, num romance hoje clássico
sobre uma temática de caráter Tanto em termos nacionais – Fome (1977) – narra as agruras
coletivo. Trata-se de colocar em quanto internacionais, alguns au- de quem não sabe se e o que vai
prática a dupla via da conversão: tores têm posto a nu os milhões comer no dia de amanhã. A fome
pessoal e social. Ao mesmo tempo de rostos famintos que hoje erram como espectro diário é assustador.
que buscamos uma reconciliação por todo o planeta, numa mistura
única e individual, também nos de fuga e busca por alternativas Geografia da fome
empenhamos pela transformação que lhes concedam um lugar ao No interior de nossas fronteiras,
da sociedade, no compromisso sol. O economista francês Tho- o estudioso brasileiro Josué de
com a justiça, a paz e a solidarie- mas Piketty há vários anos vem Castro publicou, em 1946, o livro
dade. Para este ano de 2023, o trabalhando sobre a questão do Geografia da fome. Rapidamente
tema escolhido foi Fraternidade abismo entre o pico e a base da tornou-se um clássico que, além
e fome, acompanhado do lema pirâmide socioeconômica. Dois de chamar a atenção para esse
bíblico “Dai-lhes vós mesmos de livros se destacam em sua obra: A flagelo que atualmente atinge
comer” (Mt 14, 16). Enquanto economia da desigualdade (2014) mais de 30 milhões de cidadãos e
o lema nos remete ao episódio e Capital e ideologia (2019). Com cidadãs, fez questão de localizá-lo
evangélico em que os discípulos enfoques distintos, ambos ques- geograficamente por todo país. A
pretendem despedir a multidão tionam a distribuição extrema- obra mostra, histórica e estrutu-
faminta, e Jesus chama todos à mente desigual da renda e dos ralmente, que a fome no Brasil
D
esde dezembro de 2014, empreendemos um site
www.neipies.com Sabíamos, desde o princípio,
das dificuldades de manter e construir uma educadores e educadoras fazem o exercício de reflexão
ferramenta como esta, guardando sentido e de suas práticas cotidianas, através da sistematização.
valor à sua existência. Para além da vontade Sistematizar práticas docentes é uma forma eficiente
de comunicar, sempre tivemos clara intencionalidade: e prática de apropriar-se de novas posturas e compre-
publicar conhecimentos que humanizam, abordando ensões acerca do nosso fazer pedagógico.
as temáticas Educação, Cidadania e Espiritualidade. Acreditamos que um professor que nutre gosto pelo
Para além de elegermos clara intencionalidade, fo- seu trabalho, bem como o gosto pela leitura e escrita,
mos também fundindo a iniciativa do site com algumas alimenta em seus educandos o desejo de ler e escrever.
das nossas mais importantes convicções. Passamos a Fazemos isso demonstrando a estes as limitações e os
relacioná-las. desafios permanentes do ler e do escrever, pois nunca
Cremos que a escrita é uma prática social que deve- somos “escritores”; sempre estamos sendo.
ria ser exercida pela maioria das pessoas. Escrever não Destacamos a importância dos profissionais da
deveria ser uma tarefa restrita a alguns poucos que, educação encontrarem o seu lugar de fala, de terem
quando escrevem e registram, passam a ser considerados a possibilidade de escrever e refletir sobre os desafios
como importantes referências de novas descobertas e educacionais. Na medida em que estes escreverem sobre
novos conhecimentos. a realidade educacional, mais a educação será valorizada
Entendemos a necessidade urgente de professores e e aumentará o protagonismo por parte daqueles que
professoras escreverem sobre as suas práticas e registrar são imprescindíveis para a educação acontecer.
os seus conhecimentos e as suas concepções sobre o Qual é a finalidade da escrita? Assim profetizou
“fazer” da educação, sobre a sua práxis. Enquanto nos Eduardo Galeano: “Escrevemos, na realidade, para as
abstivermos de falar e registrar nossos conhecimentos, pessoas com cuja sorte, ou azar, nos sentimos identi-
nossas percepções e nossas práticas educativas, mais ficados. Os que comem mal, os que dormem mal, os
abriremos espaços para que quaisquer outros profis- rebeldes e humilhados desta terra, e a maioria deles
sionais digam o que deve ser feito na educação. não sabe ler”.
Cremos, ainda, que mudanças na educação, sobre-
tudo mudanças de práticas docentes, ocorrem quando Nei Alberto Pies é professor da rede pública do Rio Grande do Sul.
da Redação
IMAGE BY FREEPIK
N
osso Senhor dizia aos
apóstolos: “O mundo se
alegrará, vós, porém, es-
tareis tristes” (Jo 16,20). A
primeira parte da profecia
se averigua sobretudo nos dias de
carnaval. O mundo tripudia, diverte-
-se, dá rédeas às mais ignóbeis pai-
xões. Se as pessoas se limitassem à
alegria, às satisfações inocentes!...
Ao invés, quantas desordens no
comer e no beber! Quantos bebem
exageradamente até perder a razão!
Quantos lascivos, especialmente
nestas noites e em certos ambien-
tes! Quantas palavras obscenas e
quantas blasfêmias! Alguns afirmam
que o carnaval diminuiu. Sim, tal-
vez diminuíram as manifestações
exteriores, mas o volume do que
se faz às ocultas cresceu.
Nada de carnaval, portanto! Se procura consoladores, e imitaremos 4. Davi merece compaixão, visto
nos recordarmos de que o mundo os santos. que pelo pecado original, todos
se diverte, ou, talvez, recordar- somos fracos e propensos ao mal;
mos as nossas diversões passadas, Quaresma: O Miserere 5. As graças e benefícios es-
sacrifiquemos tudo isso a Nosso (Salmo 50) peciais recebidos de Deus antes
Senhor, em reparação das ofen- É um salmo penitencial que Davi de pecar.
sas que recebe. Recomendo-vos compôs depois do seu pecado. Pode Na segunda parte, depois de
particularmente isto: ser dividido em duas partes. Na receber a graça santificante, surgem
a) Rezai todas as orações vocais primeira, para obter misericórdia, os seus efeitos: a paz do coração,
da comunidade com atenção da Davi apresenta a Nosso Senhor o alívio do espírito. Desta maneira,
mente e afeto do coração cinco razões que repete insisten- com a alma em paz, restabnelecida
b) Multiplicai as pequenas mor- temente: nas suas virtudes, Davi se entregará
tificações, para compensar tantos 1. A grande misericórdia de a todas as obras de bem, de acor-
excessos e abusos que se cometem Deus, sua infinita comiseração pe- do com a vontade de Deus, que
no comer e no beber rante as nossas fraquezas; então aceitará também os demais
c) Estudai e trabalhai mais assi- 2. Davi reconhece a própria in- sacrifícios, precisamente porque
duamente do que nos outros dias. dignidade e detesta sinceramente sinal de um coração arrependido,
Penetraremos assim no espí- seu pecado; de um espírito humilde.
rito da Igreja, corresponderemos 3. Tendo ofendido a Deus, só
ao convite de Nosso Senhor, que dele pode receber o perdão; Extraído do livro A Vida Espiritual, páginas 441 a 444.
N
os dias de 10 a 20 de março
estiveram reunidas na Casa
Regional das Missionárias
da Consolata em São Paulo,
as irmãs responsáveis de a “construir” a casa para a Região missionárias e dos missionários
Comunidade dos países do Conti- América, que foi chamada de “Casa da Consolata junto a esse povo
nente Americano onde estamos da Consolação”. Dentro desta casa e a situação delicada em que se
presentes – da Colômbia: Puerto estamos todas nós Irmãs com a encontram atualmente, até com
Leguizamo, San Vicente Del Caguan, companhia maravilhosa de nosso algum risco devido à crescente
El Vergel em Bogotá; da Venezuela: Pai Fundador, de nossa Mãe Con- invasão de garimpeiros nas áreas
Caracas e Puerto Ayacucho; do solata, Jesus Eucaristia, no amor indígenas e a recente intervenção
Brasil: Manaus, AM, Boa Vista, fraterno e caridade sempre viva. do governo. Seu relato impressio-
Normandia e Missão Catrimani, A partir do dia 15 de março nou a todas e ao mesmo tempo
RR; São Paulo: cinco Comunida- iniciou-se uma nova etapa deste nos encantou pelo testemunho
des, Brasília, DF e Dourados, MS; Encontro, um momento de grande de vivência corajosa e autênti-
da Argentina: Mendonza e Isla de riqueza na condivisão dos cami- ca do Carisma de nossa Família
Cañas; da Bolívia: Vilacaya. nhos de cada Comunidade. Cada Missionária.
A Direção Regional organizou a Irmã pode apresentar, através de O Encontro encerrou-se dia
Agenda deste Encontro que con- recursos telecomunicativos, toda 20 de março e entre os dias 21 e
tou também com a Assessoria a realidade destas nossas presen- 22 nos despedimos de cada Irmã
de irmã Silvia Cristina Maia da ças com espaços para partilhas que retornou para o seu campo
Congregação Copiosa Redenção comuns. de Missão certamente levando
que esteve presente de 10 a 14 Irmã Mary Agnes Njeri Mwan- consigo a experiência da presença
de março e desenvolveu um pro- gi, que há 20 anos vive com o de Jesus nestes dias de intenso
grama de formação que, através povo Yanomami às margens do convívio fraterno.
de conferências, dinâmicas de Rio Catrimani, em Roraima, apre-
grupo e momentos pessoais de sentou seu trabalho, fazendo um Benildes Clara Capellotto é Missionária da Consolata
oração conduziu o grupo de irmãs breve histórico da presença das em São Paulo.
QUER
QUERSER MISSIONÁRIO?
SER MISSIONÁRIO? QUER
QUERSER MISSIONÁRIA?
SER MISSIONÁRIA?
TEL.: (11) 2238.4599 TEL.: (11) 2233.9330
E-mail: amv@consolata.org.br E-mail: mc@consolata.org.br
da Redação
N
ós, missionários da Conso-
lata reunidos on-line para
a Assembleia Continental,
entre 14 e 16 de fevereiro
de 2023, em preparação ao
XIV Capítulo General, manifestamos
solidariedade e renovamos nosso
compromisso com a vida dos povos
indígenas na Amazônia, em especial destruição do meio ambiente, con- saúde dentro do território conforme
os Yanomami que enfrentam graves taminação dos rios, aumento da reza a Constituição.
ameaças à sua sobrevivência. (...) malária, desnutrição, verminoses Em espírito de comunhão, ma-
O que veio à tona na mídia e doenças respiratórias. nifestamos também nosso apoio e
não é de hoje. Durante os últimos Irmanados aos Yanomami, vie- solidariedade à Diocese de Roraima
cinco anos, organizações indígenas mos reforçar os apelos da Igreja na e aos Missionários e Missionárias da
e aliados têm feito inúmeras de- Amazônia, do Conselho Indigenista Consolata que, há 75 anos, acom-
núncias, desde a invasão da Terra Missionário (Cimi), das organizações panham os povos indígenas em
Indígena Yanomami ao descaso indígenas e aliados, para que as au- Roraima. A missão cumprida com
com sua assistência sanitária, com toridades competentes do governo respeito, diálogo e testemunho pro-
apontamentos sobre a omissão combatam a raiz do problema com fético contribui para a defesa das
do poder público e respectivas medidas que visem o desmonte da comunidades, dos seus territórios
cobranças de providências. Sem cadeia do garimpo, a desintrusão e culturas, e no cuidado integral da
obtenção de resposta adequada, imediata dos garimpeiros de dentro Casa Comum.
o que poderia ter evitado essa da Terra Indígena, a permanente Que a histórica opção pelos
situação de extermínio. proteção do território, bem como povos Indígenas e pela Amazônia
Evidências apontam, como cau- a investigação e rigorosa punição ajude-nos a sermos mais fiéis à
sas, a combinação entre o aumento dos responsáveis pelos crimes co- missão Ad Gentes e ao carisma
sistemático e incentivos ao garimpo metidos contra o povo Yanomami. herdado do Fundador.
com a intencional desassistência Apoiamos todas as medidas
na saúde nos últimos anos, ame- emergenciais do governo federal 16 de fevereiro de 2023.
açando a vida física e cultural do para salvar vidas, mas ao mesmo Festa do Bem-aventurado José Allamano
povo Yanomami. Esses fatores gera- tempo, exigimos a retomada do
ram, entre outros males, crescente atendimento sanitário visando a Os participantes da Assembleia Pré-capi-
violência contra as comunidades, prevenção e o acompanhamento da tular IMC, Continente América.
A
s estatísticas apontam rama da fome no Brasil apontam sobre a insegurança alimentar
como preocupante a es- como causa, o desmonte das po- revelou que o Brasil apresenta
calada da fome no Brasil, líticas públicas, as desigualdades uma população de 33 milhões
com números surpreenden- sociais, a degradação do cená- de brasileiros que passam fome.
tes e em rápida ascensão. rio econômico e a pandemia. Os Vivemos tempos de reconstruir
Num país que tem uma agricultura números mostram que mais da a prática de uma nova justiça, de
bem desenvolvida e que em 2020 metade da população convive uma nova sociedade. Somos cris-
atingiu a marca recorde de expor- com a insegurança alimentar em tãos que buscam no horizonte sinais
tação de grãos, como milho, soja, algum grau, de leve a moderado de liberdade, de justiça, respeito ao
arroz e feijão, a fome é impensável. ou grave. A pandemia veio agravar próximo e promoção social. Temos
Mas junto a esse cenário de farta esse cenário, juntamente com em nossas mãos o compromisso
produção vem o agronegócio que uma política de negacionismo e de lutar para que todos tenham
considera o alimento, apenas como exclusão. De acordo com a Fun- direito à vida em todas as suas
mercadoria, e que não tem por dação Getúlio Vargas (FGV), esse dimensões.
objetivo senão o lucro, deixando de lastimável quadro revelou que
lado a importância de alimentar a dentre os atingidos pela fome, as Fátima Bazeggio é Leiga Missionária da Consolata,
empobrecida população brasileira. mais afetadas foram as mulheres Comunidade São Paulo.
Ajude-nos e venha
fazer parte desta obra
Missões é o veículo de comunicação do Instituto Missões Consolata e retrata o trabalho missionário
de levar a consolação aos que sofrem, aos que andam tristes, aos que estão sem esperança.
Torne-se um missionário membro da família Consolata, mantendo o nosso trabalho,
contribuindo financeiramente.
CHAVE: redacao@revistamissoes.org.br
Envie o Comprovante, junto com seu Nome,
Data de Nascimento, CPF, Endereço, Telefone e E-mail para:
Rua Dom Domingos de Silos, 110 - 02526-030 - São Paulo - SP - Telefax: (11) 2238.4595 - E-mail: redacao@revistamissoes.org.br
40 anos do código
canônico! de Edson Luiz Sampel
Q
uando Nosso Senhor fundou a Igreja Cató-
lica, dois mil anos atrás, delineou o básico
do suporte jurídico dela. Assim, instituiu os
sacramentos do batismo e do matrimônio,
a fim de estabelecer a ligadura dos cristãos
(membros da Igreja), cimentada pela hierar-
quia servidora, corolário do sacramento da ordem.
Esse amálgama sacrossanto é o fundamento de direito
divino positivo do código que chega ao quadragésimo
ano de vigência.
Promulgado por São João Paulo II em 1983, o atual
código canônico (Codex Iuris Canonici) completa 40
anos. Mas, não é bem assim... Se, na essência, não
houve mudança brusca da identidade codicial, ocor- Promulgado por São João Paulo II
reram, no entanto, inúmeras modificações. em 1983, o papa Francisco está
O grande reformador do código está sendo o papa reformando o código canônico.
Francisco. A principal lei da Igreja se transmudou
paulatinamente ao largo desses quatro decênios, O código canônico atua precipuamente para imple-
sobretudo no último. Isto significa vida; significa que mentar o Concílio Vaticano II. E há muito trabalho
o ordenamento jurídico eclesial não está necrosado. pela frente. A recentemente exarada constituição
Com efeito, qualquer direito, estatal ou canônico, apostólica Pregai o Evangelho, que veio à luz no ano
cumpre, basicamente, dois papéis; em primeiro lugar, passado, a fim de reorganizar a cúria romana, decerto
a função conservadora, preservando, destarte, os suscitará outras adaptações no código canônico.
bens mais caros ao povo; em segundo lugar, a função Findemos nossa reflexão com o magistério de
transformadora, propiciando que as normas jurídicas São João Paulo II, expresso há quarenta anos, na
solidem as sempre novas demandas sociais. constituição apostólica Sacrae Disciplinae Leges, a
Se pensarmos, por exemplo, no direito penal ca- qual introduziu o código ao orbe católico: “(...) a fi-
nônico, sua santidade, o papa Francisco reformulou-o nalidade do código não é de modo algum substituir
cabalmente em 2021, elaborando novo livro sexto para na vida da Igreja e dos fiéis a fé, a graça e os carismas
o código. Aliás, o supremo legislador quis endurecer e, sobretudo, a caridade. Pelo contrário, o código
algumas penalidades, principalmente as que coíbem visa a criar na sociedade eclesial uma ordem tal que,
a pedofilia perpetrada por clérigos. Vergonha para a assinalando a parte mais importante ao amor, à graça
Igreja de Cristo! e aos carismas, torne mais fácil o crescimento orde-
Em 2015, logo no início de seu pontificado, o nado dos mesmos na vida tanto da sociedade eclesial
papa Francisco procedeu a ingentes mudanças no como também na vida de cada uma das pessoas que
processo de nulidade de casamento. Extinguiu o pertencem a ela” (n. 17).
recurso obrigatório contra a sentença que declara a
nulidade e simplificou o trâmite, convocando o bispo Edson Luiz Sampel é advogado. Presidente da Comissão Especial de Direito Canônico
a atuar mais de perto nessas causas. da 116ª Subseção da OAB-SP. Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade
As emendas ao código continuarão com certeza. Lateranense, do Vaticano. Professor do Instituto Superior de Direito Canônico de Londrina.
O Evangelho da fome
A
fome tem nome. Por detrás Pastoral da Terra de Juazeiro, BA.
das estatísticas estão as
pessoas, com seus cor-
pos, suas necessidades, cional em reportagem de Carlos estar nas ruas, mas tem aquela
seu estado emocional. Por Madeiro publicada pela UOL, o praça como referência, aquela
detrás das estatísticas têm mães, Mapa da Fome. (MADEIRO, 2022) ponte, aquele exaustor do metrô,
pais, avós, irmãos, preocupados, A fome envolve uma dimensão aquele “mocó” debaixo de uma
tantas vezes desesperados, por também psicológica, emocional e ponte. Ou então, estão isoladas
não conseguirem suprir as neces- de autoestima. Ninguém gosta de no campo, longe de qualquer tipo
sidades básicas de suas famílias dizer que está passando fome, as de acompanhamento do Estado
no seu dia a dia. Por isso, “quem pessoas se sentem envergonhadas. Brasileiro.
tem fome, tem pressa” (Betinho). Também é uma vergonha para os Essa é a segunda questão.
Por isso a fome é absoluta, não que comem, ao ver um semelhan- Quem passa fome é pessoa hu-
relativa. Os métodos estatísticos, te em tal estado de necessidade, mana, ou outro animal, que tem
que dizem que no Brasil há rela- uma necessidade primária que carne, osso e sentimentos. Não há
tivamente mais fome no campo não deveria acontecer. A existên- como esconder a fome atrás de
que nas cidades, ou por região, cia de pessoas com fome é um números impessoais que tantas
precisam ser vistos de modo crí- questionamento a todo um tipo de vezes servem para neutralizar a
tico e se há algum interesse por sociedade, como ela se organiza, gravidade da questão.
detrás desse tipo de raciocínio. como ela se estrutura, e que lugar
Se há 11,74 milhões de famintos social nós ocupamos nela. Números da fome no
na rica região Sudeste e 12,12 no E essas pessoas têm endereço. Brasil e no mundo
Nordeste (MADEIRO, 2022), é aí Elas estão mais concentradas nas Os números da fome são flu-
que está a maioria dos famintos, periferias das grandes cidades, tuantes, tanto podem aumentar,
porque a relativização percentual uma periferia geográfica, que como diminuir, a depender das
não relativiza a fome real. Esses também é social, que também políticas de combate e superação
dados são de uma pesquisa na- é existencial. Mas elas podem da fome. Apresentamos agora os
Sociedade Campanha da
Fraternidade 2023
sem fome
propõe que se façam
gestos concretos em
favor das pessoas
que passam fome.
A
Campanha da Fraternidade FRATERNIDADE 2023 reflexão sobre o tema da fome,
é uma proposta evangeli- proposta aos católicos brasileiros
zadora da Igreja Católica Pai de bondade, ao ver a multi- durante o tempo quaresmal, leve
dão faminta, vosso Filho encheu-se
no Brasil, em preparação de compaixão, abençoou, repartiu não somente a ações concretas
para a Páscoa, voltada à os cinco pães e dois peixes e nos - sem dúvida, necessárias - que
conversão pessoal e comunitária. ensinou: “dai-lhes vós mesmos venham de modo emergencial em
Desde o ano de 1964, contribui de comer”. Confiantes na ação auxílio dos irmãos mais necessita-
do Espírito Santo, vos pedimos:
para a renovação da vida da Igreja dos, mas também gere em todos
inspirai-nos o sonho de um mundo
e a transformação da sociedade, novo, de diálogo, justiça, igualdade a consciência de que a partilha
a partir de problemas específicos, e paz; ajudai-nos a promover uma dos dons que o Senhor nos con-
tratados à luz do projeto de Deus. sociedade mais solidária, sem cede em sua bondade não pode
Além de um chamado à conversão, fome, pobreza, violência e guerra; restringir-se a um momento, a
livrai-nos do pecado da indiferença
incentiva a prática de gestos con- uma campanha, a algumas ações
com a vida. Que Maria, nossa mãe,
cretos de fraternidade em prol da interceda por nós para acolhermos pontuais, mas deve ser uma atitude
transformação de situações injustas Jesus Cristo em cada pessoa, constante de todos nós, que nos
e não-cristãs. sobretudo nos abandonados, es- compromete com Cristo presente
De acordo com a mensagem quecidos e famintos. Amém. em todo aquele que passa fome",
deixada pelo papa Francisco aos disse o papa Francisco.
BEDNEYIMAGES NO FREEPIK
passo. Precisamos pensar na falta sume o compromisso social, como comunitário, econômico e social,
de caridade e insensibilidade diante importante instrumento para apoio sobretudo das regiões mais neces-
da dor. A solidariedade começa a iniciativas de enfrentamento das sitadas, mediante o fortalecimento
com posturas muito simples", diz condições de pobreza e miséria. O das organizações comunitárias, de
o secretário-geral da CNBB. Dom Fundo Diocesano de Solidariedade processos de formação cidadã e
Joel incentiva ainda que os fiéis (FDS) (60% da coleta) permanece geradores de renda.
evitem o desperdício e reforça na diocese de origem, os recursos
que a alimentação saudável é um são destinados ao apoio a projetos Com informações da CNBB.
espaço de
só pode ser sustentado
pelos valores do Evangelho.
morte
de Fátima Bazeggio
"A
s desigualdades continuarão a crescer em
todo o mundo. Mas, longe de alimentar um
ciclo renovado de lutas de classe, os conflitos
sociais, estarão cada vez mais presentes
na forma de racismo, ultranacionalismo,
sexismo, rivalidades étnicas e religiosas, xenofobia,
homofobia e outras paixões mortais”.
A citação é de Achilles Mbembe, pensador, filósofo, ganhar espaço na vida pública, ignorando, muitas vezes,
cientista político e intelectual, que tem um interesse por completo a inteligência, o raciocínio e a lógica de
especial e fundamentado nas ciências sociais, na história que é portador e se tornar tirano, implantando a política
e na política africana. Nascido nos Camarões Franceses da morte, morte da verdade, da ética, da dignidade
em 1957 é autor de vasta obra publicada, entre as quais: humana e da liberdade.
“Crítica da razão negra” e "Necropolítica". Esta última
teve seu termo cunhado como expressão da ideia de Tarefa para os cristãos
políticas de morte, que permitem que populações in- Essa reflexão chega com uma pergunta que não
desejadas morram sem que nada seja feito para evitar quer calar: Qual a tarefa dos cristãos nesse momento
sua morte, por meio de ações diretas ou indiretas e até histórico que vivemos? O grande risco que incorremos
mesmo por omissões, seja do Estado ou da sociedade. no presente é esvaziar a mensagem do Evangelho e
negar a sua força transformadora. Somos capazes de
Política a serviço da vida? manter consciência e lucidez de discípulos missionários,
Em vista da breve apresentação desse conceito de para nos posicionar no processo político atual e de tudo
necropolítica, hoje pode ser válido nos referir a um as- o que possa prejudicar a liberdade, a justiça e a paz?
sunto tão atual quanto preocupante, do panorama que Não podemos deixar de lado a coragem dos profetas
se apresenta diante de nós, no Brasil e que pode nos e manter os princípios que fundamentaram a missão
levar a uma reflexão. O sentido do poder e da justiça. do Mestre Jesus, quando ensinava sobre autoridade
A política voltada para a vida (Michel Foucault) se (Mt 28, 18), sobre poder (Lc 9, 1) e serviço (Mc 10, 45).
destina a aproximar, agregar, dar espaço para cresci- Vivemos em vista da implantação do reino de Deus
mento e desenvolvimento pessoal e social, através de e o nosso testemunho só pode ser sustentado pelos
relacionamentos com a sociedade, desenvolvendo a valores do evangelho e se o ser humano é um ser em
economia, a ciência e a tecnologia como ferramentas construção, chegou a hora de encarar o processo político
no caminho da emancipação do cidadão e da sociedade. que se apresenta, no Brasil, com a bandeira da justiça
Porém, sabemos que a realidade pode estar bem e do serviço para o bem comum.
longe desta proposição. O ser humano traz dentro de
si uma necessidade desenfreada de exercer o poder e Fátima Bazeggio é Leiga Missionária da Consolata, Comunidade São Paulo.
Jesus, o Messias
“Onde está o rei dos judeus compreendem. Curiosamente acontecerá o mesmo
recém-nascido? quando Jesus entrar em Jerusalém, no início da sua
Com efeito, vimos a sua última semana: “E, entrando em Jerusalém, a cidade
inteira agitou-se e dizia: ‘Quem é este?’” (21, 10). Je-
estrela no seu surgir e viemos rusalém, que pode significar também a sociedade de
homenageá-lo” (Mt 2, 2). Israel organizada, estabelecida. Eles não compreendem
o que está acontecendo, e é preciso que a multidão
de Mauro Negro que acompanha Jesus afirme: “Este é o profeta Jesus,
o de Nazaré da Galileia” (versículo 12).
Jesus é o Messias, que nós traduzimos por Cristo.
A
frase é dos magos, que vieram do oriente até Ele veio para estabelecer algo novo, fazer novas to-
Jerusalém, buscando o “rei dos judeus”. Aqui das as coisas, como diz o Apocalipse. Mas é preciso
temos alguns elementos curiosos. Os magos cumprir sua missão. Ele a cumprirá como o Messias,
falam de “rei dos judeus”. Eles são estrangei- o rei que conduz Israel e a humanidade. Isso será na
ros, não nasceram na Judeia. Então tratam cruz. Uma história complexa, dolorosa, mas decisiva
os que lá vivem como “judeus”. Se fossem nascidos para a Salvação da humanidade.
por lá diriam, provavelmente, “o rei de Israel”. Israel Aquilo que começou com os magos irá ter sentido
é Povo da Promessa, e é assim que este povo se com a cruz. O Natal, celebrado em dezembro, tem
reconhece: como Israel. seu complemento na Páscoa, sinal da renovação
Depois, os magos chamam a Jesus de “rei”. Nova- da natureza e da história. E isso tudo pela ação do
mente é interessante notar que eles não são daquela Messias, o rei.
terra, e esperam o “rei”. Mas Israel tinha um título O que é difícil de entender nisto tudo é que,
especial para o rei que esperava: o “Messias”. É este enquanto todos esperam um rei de resultados, um
o papel que Jesus veio cumprir, e que ainda eles não Messias de vitória e de glória, Jesus assume o papel
conseguem entender. O Messias vem e não é com- de rei de misericórdia, de perdão e salvação. Ele chega
preendido pelo seu próprio povo. Se continuarmos a a morrer na cruz, na total disposição ao Pai, que Ele
leitura de Mateus, encontramos: “Ouvindo isso, o rei ama e propõe.
Herodes ficou alarmado e com ele toda Jerusalém” Olhar Jesus recém-nascido no presépio é enxergar
(versículo 3). já o Messias Salvador.
Herodes e toda Jerusalém não entendem o que
está acontecendo. O rei, o Messias, chegou, e eles não Mauro Negro, OSJ Biblista, PUC São Paulo - mauronegro@uol.com.br
Francisco e a África
de Javier Farinãs Martín Papa Francisco não estava muito clara naquela
época, mas o missionário tem que
dá entrevista estar lá para respeitar a cultura do
para os padres povo, conviver com essa cultura
D
ia 15 de dezembro, a dois e realizar seu trabalho.
dias do seu 86º aniver- combonianos,
sário, o papa Francisco falando sobre o O Concílio Vaticano II, que
recebeu o jornalista Javier celebrou o 60º aniversário, foi
Fariñas Martín, da revista continente africano. um extraordinário impulso mis-
Mundo Negro, dos missionários sionário. A missão mudou muito
combonianos, na biblioteca pri- desde então? A Igreja e os povos
PIXABAY
vada do Palácio Apostólico, em precisam de outra missão?
Roma, para uma entrevista, na Graças a Deus, sim. Os historia-
qual discorreu sobre a África. dores dizem que para um concílio
ter um resultado total, leva 100
Em 2015, depois de ter passado anos. Então temos meio caminho
pelo Quênia, Uganda e República andado. Tantas coisas mudaram na
Centro-Africana, o senhor dis- Igreja, tantas coisas para melhor...
se que “a África nunca deixa de Há dois sinais interessantes: as
surpreender”. Que parte dessa primeiras efervescências temerá-
surpresa pode ser atribuída aos rias do Concílio já desapareceram.
missionários com quem o senhor Penso nas efervescências litúr-
se encontrou lá? gicas, que quase não existem. E
O que mais me surpreende surge uma resistência anticonciliar
nos missionários é a capacidade que antes não se via, algo típico
que eles têm de entrar na terra, de qualquer processo de ama-
respeitar as culturas e ajudá-las durecimento. Mas tantas coisas
a se desenvolver. Eles não desen- mudaram... Na parte missionária,
raizam as pessoas. Pelo contrário, o respeito pelas culturas, o fato
quando vejo os missionários, e da inculturação do Evangelho, é
sempre há alguém que pode falhar, um dos valores que vem como
vejo que a missão católica não consequência indireta do Concílio.
faz proselitismo, mas anuncia o A fé é inculta e o Evangelho leva a
Evangelho de acordo com a cul- cultura do seu povo. Há uma evan-
tura de cada lugar. O catolicismo gelização da cultura. Inculturação
é isso, respeitar as culturas. Não da fé e evangelização da cultura
existe uma cultura católica como são esses dois movimentos, e
tal; sim, um pensamento católico, quando falo da evangelização da
mas cada uma das culturas está encontra em cada lugar e ajuda cultura não falo do reducionismo
enraizada no católico, e isso já na a criar harmonia, mas não faz da cultura ou da ideologização das
mesma ação do Espírito Santo na proselitismo ideológico ou reli- culturas ou de tudo o que hoje
manhã de Pentecostes. Isso está gioso, muito menos colonialismo. é uma tentação séria. Falo de
muito claro. Alguns desvios que aconteceram evangelizar, de anunciar, e nada
O católico não tem uniformi- em algum outro continente, por mais, com muito respeito. Por
dade, tem harmonia, a harmonia exemplo, o grave problema das isso, o pecado mais grave que
das diferenças. E essa harmonia escolas no Canadá, onde estive um missionário pode cometer é
é feita pelo Espírito Santo. Um e lá falei sobre isso, se deveram o proselitismo. O católico não faz
missionário vai, respeita o que se ao fato de que a independência proselitismo.
poético,
do sol e da lua, sou filha de macunaíma,
sou filha da terra, sou pesca lindíssima de
a mulher
omama, sou filha de Roraima! Sou mulher
da floresta, desejada qual chuva caindo na
que sou,
terra sedenta! Sou graça e leveza, de sor-
riso maroto e beleza ancestral. Não passo
indígena!
despercebida, meu cheiro de flor exótica e
suave que exala ao sabor do vento, a todos
encanta. Se nova ou se anciã, estampados
na cara, meus traços não mudam, não ne-
gam meu povo. Sou mãe fecunda, ventre
Uma homenagem sagrado, representação viva da força e
da resistência de meus antepassados. Eu
a todas as guardo o segredo da vida dentro de mim,
mulheres! dentro de mim guardo o segredo da vida
até chegar o momento certo em que decido
comunicar a novidade da vida que há em
de Ana Margarete Silva mim. Não estive apartada da história, esta
me identificou com “maba”, em wapixana,
abelha, que lida com as flores, delas tira o
amargo e produz o doce, revela o potencial
N
ão quero chorar os lamentos, da mulher indígena: forte, determinada,
enquanto mulher indígena, das guerreira, destemida, protagonista da sua
violências sofridas, dos direitos própria história de luta, e me impulsiona
violados, das famílias dizimadas, ser o que eu quiser, porque como mulher
das tragédias, das mortes e dos indígena não tenho papel limitante. Sus-
contatos forçados entre culturas. Não quero surro a melodia do feminino que impregna
gritar o lamento da mulher indígena vítima meu saber, minha arte, minha vaidade,
da discriminação e exclusão étnica e racial, com os traços pintados e a graça com que
da imagem romantizada e do sexismo, enfeito meu corpo, para o encanto, a luta,
dos tantos rótulos errôneos atribuídos; os a liberdade, para ser: cacica, pajé, médica,
acessos e direitos políticos, econômicos e professora, advogada, senadora... Canto
socialmente negados ou limitados. Quero docemente o que sou: mulher indígena!
cantar o canto poético que é ser mulher,
a mulher que sou, indígena! Meu Deus Ana Margarete Silva é Leiga Missionária da Consolata - LMC, Comunidade
é diferenciado, não menos sagrado que Bem-aventurado José Allamano, Boa Vista, RR.
Saiba mais
www.revistamissoes.org.br
colabore
Expediente
Diretor: Paulo Mzé Editora: Maria Emerenciana Raia Equipe de Redação: Benildes C. Capellotto, Fátima Bazeggio, José Brás
Colaboradores: Mauro Negro, Marcus E. de Oliveira, Nei A. Pies, Edson L. Sampel e Jaime C. Patias
Agências: Adital, Asia News, CIMI, CNBB, Ecclesia, Fides, POM, Misna e Vaticano
Diagramação e Arte: Cleber P. Pires Jornalista responsável: Maria Emerenciana Raia (MTB 17532)
Edição Digital - Administração: Sandro Dalanora Sociedade responsável: Instituto Missões Consolata
(CNPJ 60.915.477/0001-29) - Colaboração anual: R$ 75,00 BRADESCO - AG: 545-2 CC: 38163-2 Instituto Missões Consolata (a publicação anual de Missões
é de 10 números) MISSÕES é produzida pelos Missionários e Missionárias da Consolata - Fone: (11) 2238.4599 - São Paulo/SP / (11) 2233.9330
- São Paulo/SP / (95) 3224.4109 - Boa Vista/RR
Endereço: Rua Dom Domingos de Silos, 110 - 02526-030 - São Paulo - Fone/Fax: (11) 2238.4595
Site: www.revistamissoes.org.br - E-mail: redacao@revistamissoes.org.br