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HÁ 50 ANOS SUMÁRIO
SETEMBRO 2021/06
E
m geral, no Brasil, o mês de setembro é dedicado
à Bíblia. E neste ano, ainda em setembro, cele-
bramos 100 anos de nascimento de dom Paulo
Evaristo Arns. Setembro bíblico no Brasil teve
inspiração do Concílio Vaticano II. No entanto, a
iniciativa de dedicar o mês à Bíblia vem da experiência
bem-sucedida há 50 anos na arquidiocese de Belo Hori-
zonte (MG). Testemunhos indicam que a arquidiocese,
em 1971, durante a celebração do seu quinquagésimo
aniversário de criação decidiu fazer uma ação bíblica,
que foi adotada pela Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB). O mês da Bíblia também foi escolhido 100 anos do nascimento
de dom Paulo Evaristo Arns.
por conta da memória de São Jerônimo que fez a tra- Foto: Rovena Rosa (EFE)
dução da Bíblia dos textos originais para o latim. Neste
ano, a CNBB indicou para reflexão, a Carta aos Gálatas,
cujo tema é: “Todos vós sois um só em Cristo”. (Gl 3,28)
Dom Paulo Evaristo, cardeal Arns, esteve à frente
da arquidiocese de São Paulo por 28 anos. Foi ali que
testemunhou a fé por meio das obras de misericórdia. ATUALIDADE----------------------------------------------03
A audácia de falar de Deus
Assim, granjeou do povo o reconhecimento de “cardeal Nelson Javier Rivera Carvajal
da Esperança”. Foi assim que passou a ser conhecido, JUVENTUDE----------------------------------------------04
uma vez que dom Paulo se constituiu referência para a Amar o próximo como a si mesmo
Arlei Piveta
Igreja que exerce a profecia, que não fica calada, mesmo
quando em perigo é perseguida. MISSÃO EM CONTEXTO-------------------------------06
Missão é inserir-se no meio do povo
Dom Paulo impele todos nós a trabalharmos pelo Pasquita Jacob Kikula
Reino de Deus como missionários e missionárias. É PRÓ-VOCAÇÕES----------------------------------------08
o que a presente edição traz. Uma vez que trazemos Como será o futuro?
Josky Menga
vozes e testemunhos de perto e de longe sobre a rea-
INTENÇÃO MISSIONÁRIA-----------------------------09
lidade dos missionários e das missionárias. Assim, nos Fred Gori Ogega
depararemos com testemunhos eloquentes como o da ESPIRITUALIDADE----------------------------------------10
Irmã Noeli, que nos escreve desde a Guiné Bissau e diz Comunidade em crise
Paulo Mzé
que: “de fato, experimentamos como Deus nos protege
e guia as nossas escolhas de cada dia”. TESTEMUNHO-------------------------------------------12
Como um jardim
Por isso, como Paulo falava aos Gálatas e hoje con- Noeli Domingos Bueno
tinua falando para nós, como é próprio da Palavra de FORMAÇÃO MISSIONÁRIA----------------------------14
Deus, devemos nos lembrar que a Carta do Apóstolo Acompanhamento Vocacional
Paulo Mzé
tem como eixo central a defesa do Evangelho do amor
gratuito de Deus, manifestado em Jesus crucificado. FAMÍLIA CONSOLATA-----------------------------------17
Exaltação da Santa Cruz
Por fim, o importante é a fé que age pelo amor, e Redação
não o cumprimento de normas e ritos. A todos e todas, MISSÕES RESPONDE-----------------------------------21
boa leitura! Pingos nos is (e nos jotas também)
Edson Luiz Sampel
ESPECIAL--------------------------------------------------22
WESLEY ALMEIDA/CANCAONOVA.COM
Em favor do próximo
Redação / Ezael Juliatto
DESTAQUE------------------------------------------------24
Vida Consagrada
Maria de Lourdes Costa
ENTREVISTA-----------------------------------------------28
Entre os muçulmanos
Paulo Mzé
ÁFRICA----------------------------------------------------30
Na terra do céu azul
Dido Mukadi
JEON HAN
Como você diria que Deus está
em sua vida? Como você diria
que se sente diante Dele? Que
reação isso provoca? Se Deus
respondesse às suas dúvidas, o
que acha que lhe responderia?
Como seria esse diálogo?
É
possível dizer que somos especialistas em nos
relacionar, não apenas com aqueles que estão
ao nosso lado, mas também em discernir e
conversar com o transcendente. Tanto o ser
humano quanto Deus mantém um relaciona-
mento através da linguagem, constituindo o meio
pelo qual a ação e o efeito de falar se tornam uma
necessidade profunda. A comunicação são as mãos,
uma marca ou um estilo que o Criador usa com sua
maior obra chamada “humanidade”, no compromisso
de transmitir a arte de falar e a arte de ouvir. Isto é a rencialidade do ser humano na qual falar de Deus
capacidade de o ser humano se comunicar, compre- é falar de si mesmo, é a atitude da pessoa que se
ender a realidade, abordar os diferentes problemas confronta com a ignorância que a ultrapassa, diante
que o afligem e suas questões a partir do olhar de da qual só é possível uma atitude de silêncio, que
fé iluminado pela Palavra revelada. diz muito e que nos leva à pergunta: Quem é Deus?
Esta audácia de falar de Deus é certamente uma Talvez, intuímos quem é Deus, quem se apresenta
tarefa confiada não somente ao clero, mas também a a mim como totalmente Outro, o diferente.
todos os fiéis leigos que devem se sentir responsáveis Diante das várias exigências e mudanças atuais,
pela proclamação da fé. Ou seja, a encarnação da chega-se a repensar e reinterpretar o papel de cada
Palavra como evento implica a plena manifestação cristão dentro da comunidade crente, não como
de Deus aos homens e mulheres por meio daquilo mero ensinamento, mas como a substância viva da
que lhes é mais comum e que é a própria linguagem, prática social da fé vivida. Ou seja, não pode ser
e a expressão usada do Verbo tornou-se Palavra que desencarnado, deve ser inserido na realidade social
ganha ainda mais força. A própria vida de Deus se e dela deve sair a pessoa que se relaciona e faz viva
torna comunicável ao ser humano como uma insinu- a vontade de Deus no meio de seu povo.
ação que levanta a questão, a dúvida, o desejo e que Daí o convite para você, leitor, de entrar nessa
se mantém à margem da apreensão do mistério, o relação com o sagrado para logo levá-lo ao concreto de
que explica por que toda nossa experiência religiosa sua vida, com uma linguagem comum e uma atitude
é marcada por este matiz de ausência, porém, na desafiante na audácia de falar de Deus dentro do
ausência de Deus, a teologia e a liturgia tendem a contexto atual, sentindo o coração bater apressado
sublinhar sua presença. de euforia pelo poderoso gesto de se comunicar com
Ora, a impossibilidade da linguagem de se referir Ele. Você já parou para pensar nisso? Como seria o
a Deus como algo do qual nossa experiência não seu diálogo com Deus?
pode se dar conta, como aquilo que nos ultrapassa,
constitui o paradoxo de uma espécie de auto-refe- Nelson Javier Rivera Carvajal, imc, é professo em São Paulo, SP.
Amar o próximo
como a si mesmo
O mundo seria melhor se o amor vencesse o ódio, se a
verdade vencesse a mentira, e a coragem de ser e fazer
diferente vencesse o medo da mesmice.
de Arlei Piveta Primeiro criou o homem - Adão - e que é a separação da união com
da costela dele fez a mulher - Eva. Deus e Adão se vê nu, pequeno.
D
Deus havia preparado tudo, Enfim volta ao seu lugar que é
eus, desde os primórdios, tudo estava em harmonia, mas terra, da terra saiu, para a terra
criou e formou a terra, co- pelo orgulho humano, pela ganân- voltou, é Humus.
locou os animais e as plan- cia humana, o ser humano quis Contudo, Deus não abandona
tas, por fim criou também igualar-se a Ele perdendo o que a sua criação, mesmo com as suas
o ser humano. O último, tinha de melhor, o Paraíso. Com limitações a ama sem limites e a
mas não o menos importante. a perda do Paraíso entra a morte, acompanha, vai fazendo alianças
Missão é inserir-se
no meio do povo
Missionária da jovens são usados pelos grandes
de Pasquita Jacob Kikula traficantes para vender drogas. O
Consolata relata lugar mais seguro é nas escolas
que frequentam e nos bairros onde
O
povo amazonense é um trabalho realizado moram. Até que conseguem ven-
povo muito acolhedor, ge- na periferia de der e prestam contas aos grandes,
neroso, aberto ao novo. É suas vidas e famílias estão seguras,
simples e respeita as cul- Manaus, AM. porém, quando não conseguem,
turas e tradições. Com- correm o risco de morrer, pois os
prometido com a missão apesar mil habitantes. É um bairro desa- traficantes não recebem a droga
de ter muitas ocupações, ainda fiador em todos os sentidos, pois de volta, aceitam só o dinheiro, e
encontra tempo para as coisas de nas beiradas do Igarapé (esgoto como consequência, por medo e se
Deus. Convivendo com as famílias a céu aberto), corre muitas dro- ameaçados, alguns jovens deixam
me sinto em casa, partilhando a gas, bebidas alcoólicas, prostitui- de frequentar a escola para não
fé, as alegrias, sonhos e desafios ção, e muito “acerto de contas”, ser cobrados e até roubam para
da vida. A nossa casa cujo nome os jovens nas ruas na sua maio- poder pagar a droga não vendida.
é Consolação e Esperança fica si- ria, são as vítimas dessas chagas Os que desejam sair dessa vida
tuada na zona norte de Manaus abertas e mortos pelos próprios são ameaçados, juntamente com
faz parte do bairro Amazonino colegas. Alguns estão no mundo suas famílias.
Mendes, popularmente conhecido das drogas por escolha, por ser
como Mutirão. um trabalho fácil e dar dinheiro, Presença consoladora
É uma das maiores localidades outros por necessidade devido à Com freqüência há tiroteios
da cidade e possui cerca de 60 pobreza dentro das famílias. Esses atrás e ao lado de nossa casa onde
N
o dia a dia, a vida nos ensina que é cheia de durante a pandemia dizendo: ”como será a minha vida
alegria, mas também tem suas surpresas. Tem sem meu irmão, está sendo difícil imaginar, foi tudo
suas tristezas e incertezas. Porém, a maior tão rápido”. Esse choro não só de tristeza, mas de
alegria neste tempo é de ouvir os outros. desespero de ter uma vida sem futuro melhor. Bem
Gosto de conversar com pessoas diferentes que a Bíblia nos ensina a não confiar em ninguém,
justamente para ver o mundo de vários pontos de só em Deus, mas a nossa vida é assim, dependemos
vista. Dialogando com jovens com idade entre 19 também de algumas pessoas que nos ajudam para
e 25 anos, cada um com seu perfil pessoal distinto, poder seguir em frente. Triste de ver e ouvir.
preferências, medos e planos, percebo uma coisa que Podemos ganhar sim, mas perder ninguém quer
preocupa a todos: como será o futuro? Neste tempo perder, como entender essa situação, ou seja, mistério
da pandemia, o que dizer? da morte quando tudo pode ser fácil, mas é difícil para
entender que a morte é o caminho para todos nós?
Jovem e o futuro Porque realmente a morte é um mistério, ninguém
Alguns jovens hoje pensam em terminar a facul- está preparado para receber essa notícia. Como se
dade para criar seu próprio negócio. Outros, ainda separar de alguém que a gente tanto ama para nunca
na graduação já estão trabalhando em algum proje- mais poder se encontrar? Triste de ver e ouvir.
to próprio. Alguns pensam em trabalhar para fazer Quando a gente pensa em consolação realmente é
dinheiro logo, para quando chegar aos 40 anos abrir uma palavra muito importante, que precisa ser bem
um negócio. Mas outros também pensam já em casar compreendida. Como serei consolador do outro se eu
e outros, se entregar a serviço de Deus. nunca fui consolado? No meio de tantas dificuldades
Outros planejam uma carreira segura em uma mul- que o mundo está passando hoje, como consolar um
tinacional. Alguns estão trabalhando, outros apenas jovem que é inconsolável que quase não vê nenhuma
estudando, outros, nem uma coisa, nem outra. Alguns expectativa para frente, sem emprego, sem família
têm bem definido o que querem, outros estão cheios sem fim, sem futuro. Triste de ver e ouvir.
de incertezas. No fundo, todos querem alguma coisa, Hoje o mundo precisa da consolação e muito mais
mas nem todos sabem exatamente o quê. a juventude que tem todo o futuro pela frente, mas, a
verdadeira consolação vem de Deus e de Jesus. Porque
Tristeza pelo futuro quem tem Deus no coração tem tudo, estamos no mun-
O tempo está passando, os dias estão correndo, do, mas não somos do mundo. Hoje é uma alegria de
a pandemia está levando cada vez mais as pessoas ouvir e saber que nós somos de Deus e pertencemos
que a gente tanto ama, difícil ver e escutar de longe a Ele, tudo isso vai passar, e dias melhores virão.
ou de perto: “tal pessoa morreu”, “o meu irmão, pai,
mãe ou amigo, familiar, partiu”. A dor é maior às vezes Josky Menga, imc, é animador missionário vocacional na Bahia.
A
Igreja é sacramento da Salvação do mundo; essa chama o nosso mundo de Casa Comum, com certeza
é afirmação da Lumen Gentium, Constituição dentro de uma casa, o princípio é que a vida está em
Dogmática do Vaticano II. Essa verdade sobre primeiro plano, neste sentido, o mundo como casa
a Igreja pressupõe que ela é encarregada por pressupõe que todos trabalhem para o bem de todos.
Jesus da missão de continuar a construção Os responsáveis pelas políticas públicas devem ser
do Reino, que parte do grito dos pequenos, conscientes de que todo planejamento deve visar o
os mais vulneráveis. Como sacramento da Salvação, estabelecimento de condições melhores para todos e
a Igreja tem como missão o cuidado do ser humano devem planejar sistemas econômicos humanizantes.
como um todo, a sua parte espiritual e corporal, por No nosso país, o Brasil, tem-se observado um espírito
esta razão, ela nunca deixou de se preocupar com a desumano entre os governantes que só se preocu-
parte social de todos os povos do mundo, sem exceção. pam com o crescimento econômico sem nenhuma
É fato inegável que o progresso econômico é a parte preocupação com a vida. Rezemos para que todos os
que traz mais preocupação para a Igreja. Por isso, na governantes sejam zeladores de vida, que o mundo
encíclica Rerum Novarum de 1891, o papa Leão XIII diante não seja dominado pela ganância e egoísmo, mas sim
das mudanças que aconteceram depois da Revolução pelo desejo de fazer com que todos tenham vida, esse
Industrial sentiu a necessidade de levantar a voz e falar é o desejo de Deus.
pelos operários que se encontravam em situação de
miséria por causa da alteração das relações entre eles e Fred Gori Ogega, imc, é professo em São Paulo, SP.
Comunidade em crise
“É para a liberdade somadas as duas divisões, em 40 mais os outros clubes, também.
clubes, somente Marcão e Felipe Não é pela cor da minha pele que
que Cristo nos Surian, do Sampaio Corrêa, figuram devo ser excluído ou colocado.
libertou” (Gl 5,1) como exceções. O atual técnico do Olharam para mim e me viram
Fluminense disse que: “há algo capaz”, explica.
que sempre falo: se capacite. Não Como o país do futebol continua
de Paulo Mzé
adianta dizer que alguém precisa sendo racista? A discriminação, a
de espaço e não se capacita, não desigualdade e a marginalização
busca. Não vejo vários treinado- das pessoas são intoleráveis para
E
m meio a uma sociedade res que são negros, altamente a “verdade do Evangelho”.
cada vez mais polarizada, capacitados sem oportunidade
não faz muito tempo que ou que são negros, altamente Carta aos Gálatas
li no jornal uma matéria capacitados, sem oportunidade Então, a quem o Apóstolo Paulo
que falava de racismo. Aliás, ou que não recebem a chance escreve? Muitos creem que aos
não sei se o Brasil pode ser consi- que muitos têm. Por isso, digo que habitantes do sul, em lugares como
derado um país desigual ou se é meu clube é maravilhoso. O Roger Listra e Derbe, mencionados nos
um país racista. Seja como for, a esteve aqui, mas isso precisa tocar Atos dos Apóstolos, mas outros in-
matéria fazia referência a Marco
Aurélio de Oliveira, o Marcão,
49, do Fluminense, como o único
técnico negro em toda a elite do
futebol brasileiro. Confesso que
esta história me chamou a atenção.
Informações dão conta de que
Como um
Missionária da
Consolata brasileira
jardim
relata trabalho na
Guiné Bissau, com
os muçulmanos,
etnia biafada.
C
heguei na Guiné Bissau em tras sobre o caminho histórico da frente ao Oceano Atlântico, um
2017, para mim uma data diocese, da política, da religião e lugar de difícil acesso. O bispo
inesquecível, pois há muito da cultura do país que me acolhia. italiano monsenhor Settimio Ar-
tempo sonhava deixar a Logo chegou também a notícia de turo Ferrazzetta convidou, àquela
minha pátria para levar que ia trabalhar na Missão de Em- época, muitas congregações reli-
o anúncio do Evangelho além- pada, onde me encontro até hoje. giosas para que se estabelecessem
-fronteiras. Este sonho se realizou! no local para prestar um serviço
Sou Missionária da Consola- Início apostólico, mas infelizmente ne-
ta brasileira; passei 17 anos na Esta Missão começou a se nhuma delas aceitou. Monsenhor
Amazônia, em Manaus, AM, no formar em 1992, sendo que o Ferrazzetta interpelou também
Catrimani (aldeia Yanomami), RR primeiro grupo de Irmãs que a a nós, Missionárias da Consola-
e Ananindeua, PA, permanecen- fundaram foi: Emma Piera Casali, ta: as nossas Superioras, depois
do sempre dentro dos limites de Ana Paula Foletto, Adriana Medina de uma visita in loco, aceitaram
minha própria pátria. e Hortência Antunes. Estas irmãs a proposta e assim chegamos à
Assim que cheguei na Guiné, enfrentaram com muita coragem Empada, entusiasmadas por nos
encontrarmos em meio aos mu-
çulmanos, numa vila habitada pela
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
Acompanhamento
Vocacional de Paulo Mzé padroeira das Missões e que, no
caso, encontravam-se paralisadas.
Conscientes que a
messe do Senhor é
grande e com poucos
Na Itália, o cardeal Granito Pig- trabalhadores, vamos
O
Instituto Missões Consola- natelli di Belmonte encaminhou o
ta (IMC) foi fundado pelo bispo brasileiro ao IMC, em Turim. nos unir em oração
Bem-aventurado José Alla- Na Casa Mãe dos Missionários da para que haja mais
mano, em 1901, em Turim, Consolata, dom Carlos encontrou-se vocações religiosas.
na Itália. Como chegou e falou com o então superior geral,
ao Brasil? o padre Gaudêncio Barlassina a
As crônicas atestam que em maio quem expressou o pedido de que depois, na tarde de 19 de fevereiro,
de 1936, o então bispo da Arqui- enviasse algum sacerdote para a ar- chegava à São Manuel. Tomou posse
diocese de Sant’Ana de Botucatu quidiocese de Botucatu. Ao pedido, como pároco da Paróquia de São
(SP), dom Carlos Duarte Costa foi à a direção geral, na reunião de 15 Manuel no dia 5 de setembro de
Itália à procura de sacerdotes para de junho de 1936, tomou a decisão 1937. Padre Bísio pela sua trajetória
a sua diocese. Dom Carlos estava à de enviar missionários ao Brasil. O foi um missionário de destaque, e
procura de um padre que pudesse missionário escolhido para iniciar hoje é importante referência para
encorajar a população de São Ma- as atividades do IMC no Brasil, foi os membros do IMC que trabalham
nuel (SP) e desse continuidade à o padre João Batista Bísio. no Brasil.
construção do Santuário dedicado Padre Bísio chegou ao país no dia Uma das principais preocupa-
à Santa Terezinha do Menino Jesus, 17 de fevereiro de 1937. Dois dias ções de Bísio desde os primeiros
FOTOS: AMV
ajudar a aprofundar o
discernimento vocacio-
nal e conhecimento do
IMC.
Concluindo, o Manual
não tem a pretensão de
oferecer receitas mági-
cas para atrair vocações
e muito menos retê-las,
mas, se apresenta como
um instrumento que se
pretende seja eficaz e
valioso quando usado
por missionários que tes-
temunham a alegria de
sentirem-se chamados
por Deus.
A equipe de AMJV
acredita no espírito da
continentalidade que
da resposta ao chamado; a tercei- em equipes, qualificados para a desafia a caminhar juntos, unindo
ra parte trata das atividades para animação e promoção vocacional, esforços e critérios comuns, no tra-
ajudar a identificar o chamado; e, seja em nível de circunscrição seja balho que realizamos como Instituto
finalmente, a quarta parte trata dos em nível continental. no mundo da juventude.
meios para confirmar o chamado. Seguindo as linhas programáticas
A metodologia utilizada na cons- Missão do Animador da Missão no Continente América
trução do Manual de Acompanha- Vocacional promulgadas na Assembleia pós ca-
mento Vocacional pretende ajudar Este terá a missão de organizar pitular em março de 2018, a Equipe
qualquer missionário diante de um e coordenar em equipe o trabalho Continental da Animação Missioná-
jovem que se aproxima com inspira- da animação vocacional. Deve ter ria Juvenil e Vocacional cumpriu o
ções vocacionais. Este documento entusiasmo pela sua vocação; amor pedido de elaborar um itinerário
deseja envolver na Animação Mis- ao Instituto; dons espirituais; estar para um melhor acompanhamento
sionária Juvenil e Vocacional (AMJV) atualizado sobre os problemas do vocacional.
a todos e a cada um dos membros mundo missionário; capacidade
do Instituto, porque todos somos para orientar vocacionalmente os Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missóes.
Ensino Religioso
também no Ensino Médio
O Ensino Religioso é parte
da formação integral do
ser humano e integra os
saberes necessários para a
compreensão do mundo e das
vivências humanas.
N
ão há como desconsiderar a influência e im-
portância dos saberes religiosos na concepção
de ser humano, mundo e sociedade. A busca
de sentido para a existência, sejamos religiosos
ou não, perpassa a vida de todo ser humano.
Conhecer as manifestações do sagrado e do trans-
cendente (Ser superior) nas diferentes religiões ou
tradições religiosas tem o propósito de “conhecer
para respeitá-las”. O conhecimento religioso aumenta Os diferentes conhecimentos religiosos constroem
as possibilidades de respeitar as crenças e os valores bases para a vivência da espiritualidade humana, que
religiosos alheios, superando preconceitos descabidos pressupõe a ideia do Cuidado: consigo mesmo, com
e discriminações injustificadas. os outros, com a natureza e com o transcendente
A escola não discute e nem questiona fé e religião. (para quem tem fé).
Fé e religião são prerrogativas de ordem íntima, O Rio Grande do Sul é um dos poucos estados
pessoal, individual e de livre decisão de cada um. A brasileiros que estendeu a obrigatoriedade da oferta
escola oportuniza conhecimentos e entendimentos do ensino religioso também ao Ensino Médio, atra-
das diferentes práticas religiosas, que podem desen- vés de legislação própria (Constituição Estadual),
volver práticas de espiritualidade, tão necessárias no facultativo aos alunos participarem ou não das aulas.
nosso momento histórico. A sua inclusão e permanência na grade curricular
permite que professores e professoras, junto com os
Escola laica estudantes, consolidem e afirmem conhecimentos
Defendemos a escola laica, não a escola ateia já trabalhados durante o Ensino Fundamental, com
que desconsidera a riqueza e a diversidade dos vistas a uma convivência respeitosa entre pessoas de
conhecimentos historicamente acumulados pelas diferentes religiões e a vivência de espiritualidades.
grandes tradições religiosas. A laicidade se dá pela Defendemos a diversidade! A diversidade das
possibilidade de trabalhar os conhecimentos religio- culturas, das crenças e das diferentes maneiras de
sos de maneira “desapegada” da fé e das religiões. ser e de viver pode e deve ter espaço nas escolas
Na escola, podemos estudar de forma científica a públicas de nosso estado e nosso país. O Brasil será
relação entre cultura e religiosidades e, como estas verdadeiramente plural e democrático quando a
influenciaram e constituíram diferentes culturas e diversidade religiosa e a diversidade cultural forem
sociedades. Podemos também estudar, observar aceitas, estudadas e reconhecidas.
e considerar os fundamentos dos que não tem fé
(ateus e agnósticos). Nei Alberto Pies é professor da rede estadual do RS e ativista ambiental.
D
ia 14 de setembro é a festa amamos o Crucifixo, mas quando
da Exaltação da Santa Cruz. se trata de carregar um pouco a
A Igreja celebra duas festas cruz, de suportar alguma coisinha,
da Santa Cruz: uma – na sex- recuamos. Nosso Senhor, entre-
ta-feira santa, descobrindo tanto, falou com muita clareza:
solenemente a Cruz e tributando- Quem quiser vir após mim, tome
-lhe especial adoração. Outra – em sua cruz (Mt 16,24). A Imitação
lembrança do retorno a Jerusalém de Cristo afirma que toda a vida
da relíquia da verdadeira Cruz que de Nosso Senhor foi cruz e martí-
o imperador Heráclio recuperou de rio contínuo. São Paulo exclama:
Chosroes, rei dos persas. “Estou crucificado com Cristo” (Gl
Que lições nos ensinam estas 2,19). Eis o que significa amar a
festividades? Duas: a primeira, sobre cruz de verdade! Não se contentar
o culto que devemos prestar à Cruz; de trazer o símbolo, mas praticar
a segunda, como devemos carregar o que ele ensina. Queiramos ou
a cruz por amor de Nosso Senhor. não, toda a nossa vida é semeada
A verdadeira Cruz, como relíquia de sofrimentos, sofrimentos que
de Nosso Senhor, merece o obséquio não poupam ninguém. Devemos
de conjunção, ou seja, o mesmo suportá-los com paciência, antes,
obséquio que se deve a Nosso Se- amá-los e até desejá-los.
nhor, porque forma uma só coisa Nós, ao invés, quando acometi-
com ele. Jesus uniu-se àquela Cruz, dos por pequeno mal-estar, quere-
banhando-a com o seu sangue. À mos que todos nos compadeçam e
verdadeira Cruz, quando exposta, tornamo-nos insuportáveis. Dizia-se
faz-se genuflexão e é incensada que Dom Gastaldi nunca era tão bom
como o Santíssimo Sacramento, como quando ficava doente. É fácil
mas permanecendo de pé. dizer: Senhor, enviai-me tudo o que
O Crucifixo, ao invés, representa quiserdes! Sim, sim, mas depois?
somente a imagem de Nosso Senhor, É através da cruz que nós nos
não é uma relíquia, por isso tributa- santificamos, não por meio de pa-
-se-lhe o obséquio de semelhança lavras, ou simples orações: estas
e se lhe faz reverência. A Cruz foi ajudam, não cabe dúvida, porém, o
exposta à veneração pública por mais importante é carregar a cruz.
Constantino e, portanto, deve ser O caminho real que conduz ao
exaltada em toda a parte: não so- céu é e sempre será o da cruz; para
mente sobre todos os altares da chegar à glória não há outro cami-
igreja, mas também nas escolas nho que este: imitar a paciência de
e nos tribunais; o Crucifixo deve Jesus. Jesus, porém, não se deixa
ocupar o primeiro lugar nas nossas vencer em generosidade e concede
casas. Respeitemos as imagens do à alma grande paz e alegria. Sofrer
Crucifixo e conservemos com cari- pacientemente é um dom de Deus;
nho aquele que trazemos. feliz de quem o alcança!
Imitação - Não basta, todavia,
venerar Jesus Crucificado; devemos Extraído do livro A Vida Espiritual páginas 468-470.
A
Universidade Católica de do ser humano com o próximo. O competências relacionadas à ad-
Brasília atua no pólo de En- curso de Teologia é aberto a qual- ministração geral, à administração
sino à Distância do Colégio quer pessoa que tenha interesse do terceiro setor e às práticas
Consolata, SP, pertencente em ampliar seus conhecimentos na religiosas da comunidade.
ao Instituto Missionárias área. Além dos eixos curriculares Os cursos são abertos a qual-
da Consolata. Vários cursos uni- definidos pelas Diretrizes Curricu- quer pessoa que tenha interesse
versitários já estão sendo ofere- lares Nacionais, os componentes em ampliar seus conhecimentos
cidos mas, recentemente, foram curriculares estão organizados em nessas áreas, inclusive para pes-
criados outros dois: Bachalerado eixos teológicos compostos por soas dos mais variados credos e
em Teologia, com a duração de disciplinas correspondentes, tais confissões de fé, sendo garantido
três anos e meio e Superior Tec- como: de Formação Geral e Huma- o respeito à diversidade religiosa
nológico em Gestão Paroquial e nística, de Teologia Sistemática; da dos alunos. Os valores são signi-
de Projetos Sociais, com a duração Bíblia; de História e Eixo de Teologia ficativamente baixos e bastante
de dois anos. Prática. O Projeto Pedagógico do acessíveis. Para mais informações,
Os estudos teológicos buscam curso de Teologia prevê a realiza- acesse o site da Universidade Ca-
compreender a relação entre o ser ção de Estágio Supervisionado em tólica de Brasília.
humano e o Sagrado, que possui duas etapas: Prática de Promoção
implicações imediatas na relação Humana e Prática Pastoral. Ao final Site da UCB - ucb.catolica.edu.br
Saiba mais:
QUER
QUERSER MISSIONÁRIO?
SER MISSIONÁRIO? QUER
QUERSER MISSIONÁRIA?
SER MISSIONÁRIA?
TEL.: (11) 2232.2383 TEL.: (11) 2233.9330
E-mail: amv@consolata.org.br E-mail: mc@consolata.org.br
O
Instituto Missões Consolata E mais, se muitas coisas mudaram, Missionários, prestação de contas
entre os dias 23 e 27 de quer dizer que nossa vida deve por parte dos missionários e CDI
agosto de 2021, realizou As- mudar também. É o momento (Centro de Documentação Indí-
sembleia de modo remoto de procurar encontrar-se mais e gena).
pela plataforma Zoom com de edificar novas relações com as Durante a Assembleia, os missio-
os missionários de todo o Brasil. pessoas. Na mensagem, o padre nários trataram do tema da Reestru-
O superior regional dos mis- geral sublinhou a importância de turação. Discutiu-se a possibilidade
sionários da Consolata no Brasil, caminharmos juntos, apesar das de reforçar a presença na Paróquia
padre Luiz Carlos Emer, disse aos dificuldades. “Não podemos deixar Santíssima Trindade de Feira de
participantes que a reunião tinha de lado a tarefa de levar ao mundo Santana com a possibilidade de
dupla finalidade: avaliar as ativida- o nosso carisma de consolação que naquela paróquia se inicie um
des e escolher o caminho que se que é fundamental como estilo trabalho da Pastoral Afro Brasileira
pretende seguir em todo o Brasil. de vida de missionários da Con- e se intensifique o trabalho de
O tema da Assembleia foi Viver solata”, disse. Daí a importância AMV. Na mesma oportunidade foi
e agir como um missionário neste de três atitudes missionárias que discutida a possibilidade de entrega
tempo! e o superior geral, padre devem acompanhar e caracterizar da Paróquia São João Batista de
Stefano Camerlengo, se dirigiu aos este momento especial: resiliência, Jaguarari à diocese do Senhor do
missionários a partir da Colômbia, intercessão e consolação. Bonfim em vista de uma nova aber-
onde se encontrava em visita canô- Durante a Assembleia foram tura em meio aos povos indígenas,
nica aos missionários daquele país. apresentados os relatórios da Causa ou afro.
Padre Stefano disse que, desta vez, Indígena, REPAM (Rede Eclesial Pa-
a Assembleia aconteceu em um namazônica), Pastoral Afro Brasilei- Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.
H
á pouco tempo fomos con- no Lar Betânia que abrigava pesso- sionária na família Consolata sempre
vidados a participar como as com HIV positivo, no bairro do esteve latente durante todos esses
Leigos Missionários da Con- Imirim, São Paulo. Esse tempo foi anos e agora o convite para sermos
solata (LMC) da Comuni- de fraterno convívio com diversos discípulos missionários de Jesus, des-
dade São Paulo e isso nos padres e irmãs da Consolata que ta vez com maior aprofundamento
faz refletir nas experiências com foram muito importantes desde o do carisma do Bem-aventurado José
os Institutos da Consolata desde a início nas nossas vidas e com cer- Allamano, e com amor filial a Nossa
nossa infância e adolescência. Meu teza não serão esquecidos. Já mais Senhora Consolata, deixa claro que
nome é Cristina, sou casada com o maduros, deixamos os movimentos estamos em casa e em família para
Elídio há 31 anos e temos três filhas. jovens e começamos a participar da estudar, partilhar, rezar e agora como
Estudei no Externato São José, em Pastoral Familiar. missionários do jeitinho do fundador.
São Paulo, entre 1973 a 1976, ano em Em 2016 foi a vez de nossas filhas Sabemos que somos chamados
que fiz minha primeira comunhão. participarem do grupo de Jovens a ser santos vivendo nossa missão
Depois fui para a Paróquia Nossa Missionários da Consolata e a moti- como sal e luz no mundo para que
Senhora das Graças para me preparar vação e alegria das missões voltaram possamos deixar um sinal de amor e
para o sacramento da Confirmação e a fazer parte da vida de nossa família. fraternidadeparaasfuturasgerações.
lá conheci meu futuro marido. Quan- Ir para Mato Grosso conhecer o tra-
do ainda namorávamos, a convite balho das irmãs da Consolata com Cristina e Elídio são Leigos Missionários da Consolata,
da Irmã Loredana, participamos por os indígenas, a convivência com o São Paulo.
Ajude-nos e venha
fazer parte desta obra
Missões é o veículo de comunicação do Instituto Missões Consolata e retrata o trabalho missionário
de levar a consolação aos que sofrem, aos que andam tristes, aos que estão sem esperança.
Torne-se um missionário membro da família Consolata, mantendo o nosso trabalho,
contribuindo financeiramente.
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Pingos nos is
(e nos jotas também)
Nova carta apostólica do papa
Francisco extingue rito tridentino
de celebrações.
de Edson Luiz Sampel
A
carta apostólica Traditiones Custodes, que veio
a lume em 16/7/2021, praticamente extingue o
chamado "rito tridentino". De fato, o sucessor
de São Pedro proíbe a realização do referido
rito nas igrejas paroquiais (artigo 3.º, § 2.º) e
ordena que os bispos não autorizem a criação de novos
grupos afeitos à aludida tradição (artigo 3.º, § 6.º).
Quem lê a carta apostólica, bem como a missiva suma, não suportam a essência da religião católica.
anexa dirigida aos bispos, percebe com clareza a mo- Por acaso, alguém já viu algum grupo tradicionalista
tivação da nova lei, que revoga a norma Summorum propugnando a doutrina social da Igreja? Não, muito
Pontificum: por trás da "pomposa" celebração da pelo contrário, encontramo-los na Internet a discorrer
forma extraordinária da missa, homizia-se o cabal acerca de questões doutrinais. E só! No fundo, agri-
desprezo pelo caráter vinculante do Concílio Vatica- lhoados na gnose celebrativa, os desditosos irmãos
no II; mais: dissimula-se o descontentamento com a enclausuraram-se no subjetivismo, "onde apenas
atual sé petrina! Com efeito, desabafa o santo padre: interessa determinada experiência ou uma série de
"Uma oportunidade oferecida por São João Paulo II e raciocínios ou conhecimentos que supostamente con-
com maior magnanimidade ainda por Bento XVI, para fortam e iluminam, mas, em última instância, prende-os
restaurar a unidade do corpo eclesial, respeitando na imanência da própria razão ou dos sentimentos"
as diversas sensibilidades litúrgicas, foi aproveitada (Gaudete et Exsultate, n. 36).
para aumentar as distâncias, endurecer as diferenças O papa Francisco pôs os pingos nos is: "Os livros
e construir oposições que ferem a Igreja e dificultam litúrgicos promulgados pelos santos pontífices Paulo
seu progresso, expondo-a ao risco da divisão" (epístola VI e João Paulo II, em conformidade com os decretos
aos bispos). do Concílio Vaticano II, são a única expressão da lex
Realmente lamentável! Parece que não estamos orandide rito romano" (artigo 1º da carta apostólica
lidando com católicos, mas com criptorrevolucioná- Traditiones Custodes).
rios, tamanha a arrogância de quem ousa contestar o Por fim, é preciso enaltecer, entre tantos outros,
próprio Espírito Santo. "Duvidar do Concílio [Vaticano os Arautos do Evangelho, porquanto esses diletos
II] é duvidar das próprias intenções dos padres, que sacerdotes atendem aos rogos do bispo de Roma e
exerceram solenemente sua potestade colegial (...) celebram a missa com o máximo "decoro e fidelidade
no concílio ecumênico e, em última análise, duvidar aos livros litúrgicos" do missal de São Paulo VI, conforme
do próprio Espírito Santo, que guia a Igreja" (papa solicita Francisco na epístola ora remetida aos bispos.
Francisco, epístola endereçada aos bispos). Eu acrescentaria outro ponto relevante, já enfocado
Acredito, contudo, que o verdadeiro motivo do ex- alhures pelo papa: a necessidade de os presbíteros
cessivo apreço pela "missa tridentina" não se encontra prepararem as homilias e não falarem de improviso
nem no menoscabo pelo vigésimo primeiro concílio (Evangelii Gaudium, 135 e ss.).
ecumênico, nem tampouco no desamor pelo papa
reinante. Ocorre que determinados irmãos não toleram Edson Luiz Sampel é professor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo,
uma Igreja "em saída", uma Igreja que, a exemplo de da Arquidiocese de São Paulo. Autor de "Resumo de Direito Canônico". Acesse: https://
seu divino fundador, opta pelos pobres (Lc 4, 18), em www.editorasantuario.com.br/resumo-de-direito-canonico
100 anos do
nascimento de
dom Paulo Evaristo
Arns, arcebispo de
São Paulo por 28
anos (1970-1998)
são celebrados pela
Arquidiocese.
Em favor
recorrentes os relatos de violência
policial, especialmente contra a
população mais pobre. Uma des-
sas ações resultou na morte do
operário Santo Dias, em 1979, e
do próximo
foi o estopim para que se organi-
zasse por parte da Igreja uma ação
mais coordenada para a defesa
dos direitos humanos. Assim, no
segundo semestre de 1980, dom
Paulo inaugurou o Centro de Defesa
dos Direitos Humanos, que depois
de Redação, com informações do jornal O São Paulo receberia o nome de Santo Dias,
tendo como primeiro coordenador
o jurista Hélio Bicudo.
S
e vivo fosse, dom Paulo Eva- refeições e roupas aos “irmãos da Estimulou a formação da Pas-
risto Arns completaria 100 rua” e, em situações emergenciais, toral dos Enfermos (atual Pastoral
anos no dia 14 de setembro também é aberta às pessoas que da Saúde) em 1975; em meio à
de 2021. Ao longo dos quase não têm onde pernoitar. expansão de casos do HIV no País.
28 anos em que esteve à Diante dos crescentes registros Criou a Casa Vida, em 1991, para
frente da maior Arquidiocese do de violações aos direitos que mui- amparo às crianças soropositivas;
Brasil, testemunhou a fé por meio tas pessoas sofreram ao longo do e, em 1994, motivou que se for-
das obras de misericórdia. A seguir, regime ditatorial no Brasil, criou, masse a capelania do Instituto de
estão algumas das iniciativas condu- em 1972, a Comissão Justiça e Paz Infectologia Emílio Ribas. Deu todo
zidas pelo “Cardeal da Esperança”, de São Paulo (CJPSP). O organis- o suporte para que se iniciasse,
como ficou conhecido: mo teve entre seus fundadores o em 1977, a Pastoral do Menor
Durante a homilia numa cele- jurista Dalmo Dallari – que foi o e foi o grande articulador para a
bração de Natal, criou o Vicariato primeiro a presidi-lo, Fábio Konder formação da Pastoral da Criança,
do Povo da Rua, com o padre Júlio Comparato, José Carlos Dias, Marco após um encontro que teve, em
Lancellotti, que concelebrava com Antonio Barbosa, Antonio Funari 1982, com o diretor executivo do
ele. O Vicariato iniciou suas ativi- Filho e Margarida Genevois. Fundo das Nações Unidas para a
dades em 1993. No ano seguinte, Estruturou os trabalhos de evan- Infância (Unicef). Essa pastoral seria
decidiu construir a Casa de Oração gelização da Igreja nas prisões, algo iniciada no ano seguinte, liderada
do Povo da Rua, no bairro da Luz, que ocorria desde os anos 1960, por sua irmã, a médica pediatra
que foi inaugurada em 28 de junho mas que foi sistematizado como Zilda Arns Neumann.
de 1997 e ainda hoje realiza ativi- Pastoral Carcerária a partir de 1985.
dades de evangelização, distribui Desde quando era Bispo Auxiliar Fonte: Daniel Gomes, jornal O São Paulo
Viva o Cardeal
E
m 14 de setembro de 2021,
da Esperança!
dia da Exaltação da Santa
Cruz, se estivesse aqui co-
nosco, dom Paulo Evaristo
Arns faria 100 anos. Está
com certeza junto dos eleitos na
Casa do Pai. Assumiu a Cruz, com
entusiasmo, alegria e esperança...
Esperança era seu lema: De Espe- Comunicação onde era um perito,
rança em Esperança... Esperança nas Pastorais dentro e fora da Igreja...
Sempre... durante um ano vamos e junto aos excluídos tinha especial
fazer memória da Vida do Cardeal atenção quando criou o Vicariato
da Esperança com painéis, docu- do Povo da Rua onde atua até hoje
mentários, estudos etc. com maestria, profecia e coragem
Tive a alegria de conhecê-lo padre Júlio Lancelotti.
quando me acolheu de imediato Como estudantes, tínhamos
vindo de dois seminários anteriores. sua presença em vários momen-
A Congregação das Irmãs Francis- tos como os encontros que fazia
canas da Ação Pastoral tinha uma com os demais bispos auxiliares, o
atuação missionária na minha cidade colégio Episcopal, nas dependên-
de Tijucas do Sul, no Paraná. e as cias do seminário. Dom Angélico
irmãs fizeram o contato. Depois Sândalo Bernardino era o nosso
de um cafezinho e uma agradável bispo e vizinho do seminário. Hoje
conversa na Mitra Arquidiocesana, dom Angélico, como bispo emérito,
me encaminhou para o seminário mora na nossa região e continua
da Freguesia do Ó, aos cuidados do testemunhando o Evangelho com
reitor, o saudoso padre Macedo. Era sua sabedoria e alegria. sua vibração, coragem. Que junto
janeiro de 1989. Iniciamos com os Na Faculdade e mesmo depois de Deus olhe por nós nesses tem-
demais companheiros da Teologia como padres novos dom Paulo era pos sombrios e de obscurantismo
os Estudos na Faculdade Nossa um companheiro a nos animar na que assolam nosso país, quando
Senhora da Assunção no bairro do Missão. vemos ameaçadas a liberdade e os
Ipiranga. Tive a alegria de ter sido or- Direitos Democráticos e Humanos
Dom Paulo é uma referência para denado padre por dom Paulo em pelos quais ele tanto lutou. Com
a Igreja que exerce a Profecia, que 31 de outubro de 1993 no bairro certeza sua luta não foi em vão. Seu
não fica calada, mesmo quando de Perus, onde estou trabalhando testemunho e exemplo nos animam
corre perigo e é perseguida. Os Anos como vigário. Quando seminaris- enquanto membros da Igreja, Igreja
de Chumbo das cruéis e opressoras ta, recebemos sua visita algumas que jamais deve perder a Profecia e
ditaduras faziam a América Latina vezes na minha família. Nas férias a Ousadia na defesa intransigente
sangrar. Enfrentou com ousadia e visitava seus familiares na região dos pequenos e excluídos.
diplomacia os ditadores em defesa de Curitiba, sua irmã Zilda Arns Nos dizia nas nossas conversas,
dos presos políticos. Com Espírito que frente à Pastoral da Criança que num clima tenso e pesado olhan-
Ecumênico agregou lideranças re- ganhou destaque mundial e faleceu do nos olhos das autoridades, exigia
ligiosas, civis e organizações repre- no terremoto no Haiti em 2010. As deles a liberdade e os direitos dos
sentativas da sociedade para juntos irmãs Franciscanas que atuavam perseguidos e presos injustamente.
atuarem na defesa da Democracia, na minha cidade e em trabalhos Essa fé madura e corajosa no segui-
dos Direitos Humanos e da Liber- na Arquidiocese e na residência de mento do Mestre, só se consegue
dade. Produziram o livro: Brasil, dom Paulo... Chegava com aquela com muita oração e total entrega
Nunca Mais. simpatia e a todos envolvia numa pela causa do Reino de Deus...
Precisamos de vários livros para conversa agradável e familiar... e me Dom Paulo Cardeal da Coragem
escrever os feitos de dom Paulo perguntava quando nos encontrá- e da Esperança... olhai por nós!
frente a Arquidiocese de São Paulo. vamos: “Como está o pai e a mãe?”
Atuava em todas as dimensões: na Que saudade de dom Paulo, da Ezael Juliatto é sacerdote diocesano de São Paulo, SP.
V
ocação é um termo deriva- é chamada a prolongar a presença porém, é preciso ter
do do verbo no latim “vo- de Cristo, porém é necessário ter
care” que significa chamar. ouvidos de discípulos e ser sensível
ouvidos e ser sensível
O Senhor nos chama para às suas manifestações. Muitas vezes às suas manifestações.
os diversos ministérios e silenciosas como foi para Pedro e
serviços. Segundo o Catecismo André ao ver que Jesus passava” (Jo espiritual” que preocupa e cansa
da Igreja Católica: “a vocação da 1,45), “ouviram-no e o seguiram” muitos religiosos, pelo fascínio das
humanidade é manifestar a imagem (Jo 1,45). Seguir exige uma atitude propostas de consumo.
de Deus e ser transformada à ima- radical de deixar o que se está fa-
gem do Filho único do Pai”, assim zendo, o caminho já traçado, para Primeiro encontro
cada um ouvindo atentamente seguir o Mestre. Depois de colocar- O processo da Vida Religiosa
o convite do Senhor coloca-se a -se no seu caminho é necessário ir parte da experiência fundante, do
serviço do Reino. e permanecer com Ele. O grande primeiro encontro com o Senhor,
Hoje Jesus continua chamando, segredo da alegria, do retornar ao que faz arder o coração como os
há diversos dons e carismas na Igre- primeiro amor, foi o apelo do papa Discípulos de Emaús (Lc 24), a ex-
ja. O documento Vita Consecrata, nº Francisco aos religiosos por ocasião periência solidificante é o processo
3 assim afirma: “a Vida Consagrada da visita ao país em 2019, para dizer de assemelhar-se com Jesus e o em-
está colocada no coração da Igreja, sim e cansar-se com aquilo que é penho para tornar-se semelhante a
como elemento decisivo para a sua fecundo aos olhos de Deus. Com Ele que exige uma atitude perene de
missão, visto que exprime a íntima isto, venceremos o “mundanismo esvaziamento em direção ao outro.
Caminho
Deus é o autor da Sagrada
Escritura, ao inspirar os
seus autores humanos: age
neles e por eles. Fornece
O
livro da Bíblia é de inspiração divina e escrita a morte cruel e desumana. Mas, Ele não parou por
por homens que a partir de seus conheci- aí, mostrou que ser Deus e Homem é muito mais,
mentos e vivência ajudam, ainda hoje, a ele ressuscitou para continuar a nos ensinar qual o
humanidade a entender como a história do caminho a seguir.
povo de Deus foi conduzida e como ela está Nas missas somos convidados a rezar e escutar a voz
presente em nossa própria história, por isso, não se de Deus por meio de Sua Palavra presente na Bíblia.
trata de um livro velho ou ultrapassado, trata-se de Depois de ter mostrado como os Salmos são o
nossa salvação. alimento principal da oração cristã e convergem para
Os ensinamentos bíblicos do Antigo Testamento as petições do Pai Nosso, Santo Agostinho conclui:
revelam um Deus forte, divino que não abandona seu Percorrei todas as orações que existem na Sagrada
povo, mesmo quando esse é traidor ou ingrato. Nas Escritura; não creio que possais encontrar uma só
PAROQUIADESAOJUDASTADEU.ORG.BR
diferentes histórias presentes na Sagrada Escritura, que não esteja incluída e compendiada nesta oração
pode-se ver um povo que implora por ajuda, mise- dominical (Catecismo da Igreja Católica, 2762):
ricórdia, mas nem sempre se lembra de agradecer Setembro é o mês dedicado à Bíblia e essa data
ou continuar no caminho proposto por Deus. Assim foi instituída, pois, em 1971, a arquidiocese de Belo
também somos nós hoje. Horizonte (MG) resolveu fazer uma ação bíblica
No Novo Testamento, é apresentado Jesus, o com a intenção de comemorar seu quinquagésimo
filho de Maria, Deus e Homem que se doa para a aniversário. O mês foi escolhido pois é celebrada a
nossa salvação. Quem somos nós para merecermos memória de São Jerônimo, tradutor dos originais
tamanho amor? Essa pergunta não foi feita por Ele, bíblicos.
simplesmente, como sua mãe, disse Sim à missão Essa data se perpetuou e temos alguns países lati-
dada pelo Pai. nos e africanos que resolveram adotá-la também para
E passou Sua vida a ensinar e mostrar ao homem renovar o ardor a esse livro da Palavra de Deus.
o que agrada a Deus e como pode ganhar a vida
eterna. Sua recompensa por tanto ensinamento foi Maria Cristina Máximo Almeida é LMC, São Paulo, SP.
“Ninguém pode servir a dois senhor nosso, é trágica. Nós não o levamos quando
senhores. Com efeito, ou odiará morremos. É isso que o Evangelho acusa: o dinheiro
ou a riqueza nos controlando, ditando as normas de
um e amará o outro, ou se nossa conduta, de nossos afetos e de nossa inteli-
apegará ao primeiro e desprezará o gência e até nossa salvação.
segundo. Não podeis servir a Deus A Sagrada Escritura judaica e cristã usou a riqueza
e ao Dinheiro” (Mt 6, 24). e suas imagens de modo livre. Aparecem o ouro, as
pedras preciosas, a segurança e o conforto como sinais
de Mauro Negro
de bem-estar. São também sinais do próprio Deus e
da sua presença. Ter o necessário para viver e para
T
er um “senhor” e servi-lo é algo normal para o futuro é justo e um sinal de benção pessoal. Mas
todos. Pode ser o patrão, o coordenador, o pai a riqueza acumulada, especialmente sem a justiça
ou a mãe… Não se trata aqui de “senhor” no e a retidão, é um perigo enorme para a salvação. E
sentido de um deus. Mas pode acontecer que quando os lugares são trocados, torna-se pior. Quando
algumas pessoas nos envolvam tanto que se o dinheiro passa a ser o senhor da pessoa, e ela, a
tornam nossos “senhores”, controladores de nosso pessoa, passa a servir o dinheiro. É o caso de quando
modo de sentir, olhar, entender e agir. Uma espécie ele controla o pensamento, o afeto, a intenção e a
de “deus”. No Evangelho Jesus indica que isso pode vida de alguém. Não se trata de ter dinheiro para
acontecer com o dinheiro. viver, mas de viver apenas para o dinheiro, o que faz
O dinheiro, em si, é o poder de compra, de pos- dele um “senhor”, um deus.
se. É um valor que indica uma riqueza. O dinheiro No Evangelho, Jesus alerta para que o dinheiro,
é o que dá segurança psicológica, social e, é claro, necessidade e realidade humana, seja nosso servo. E
econômica. O dinheiro é importante e necessário e que o Senhorio seja de Deus, nunca do que usamos.
determina muito do que somos e fazemos. Ele nos A liberdade perante o dinheiro e a sua administra-
ajuda aqui, mas não nos acompanha além. Ele é para ção serão sempre um desafio para a Fé cristã e a
aqui e agora. Ele é para o futuro de nossa vida e da convivência humana. Servir somente a Deus, e usar
vida de quem amamos. Mas não pode ser nosso o dinheiro com sabedoria e liberdade.
“senhor” e sim um recurso. Não nosso “senhor”, mas
sim nosso “servo”. A troca de posição, de servo para Mauro Negro, OSJ. Biblista PUC São Paulo SP mauronegro@uol.com.br
Entre os
muçulmanos Missionária da Consolata dá testemunho de
trabalho entre os muçulmanos, na Somália.
de março de 1944, em uma família outra irmã, disse assim, “deixe,
muito simples, mas muito unida e deixe que ela venha, coitadinha.
alegre. Éramos cinco irmãos, eu, Lu- Ela vai ser irmã”, e bateu palmas
cila, Carlos, Arlindo e Neusa. Carlos para mim, fez uma festa. Me deu
já é falecido. E nossa comunidade um punhado de balas. Saí feliz da
era a Capela Coração Imaculado de vida de lá. Depois pensei em ser
Maria. Eu fui catequista e gostava irmã, porque escutei daquela irmã
muito. Também gostava muito das que eu seria freira. Mas nunca tive
irmãs do Sagrado Coração de Jesus. outro convite. O tempo passou.
Até então, era a única congregação Eu tinha dois irmãos que en-
que tinha na nossa cidade. As Fi- traram para o seminário de Nossa
lhas do Sagrado Coração de Jesus. Senhora Consolata, em Três de
Mas, elas nunca me convidaram Maio. E um dia veio a irmã Stevina
para dar catequese. Eu gostava e perguntou a eles se tinham irmã e
delas, até me davam algum pre- se eu não queria ser freira. Um dos
sentinho, umas balinhas. Um dia meus irmãos disse. “Eu pergunto
eu estava na catequese e invadi para ela”. Daí a irmã Stevina man-
a clausura por curiosidade. E aí, dou dizer para eu ir no seminário
uma freira viu, não gostou muito para falar com as irmãs. A irmã
e queria ne expulsar dali. “O que perguntou se eu não queria ser
é que você veio fazer aqui? Está irmã missionária da Consolata.
curiosando a clausura?” O que é E aí eu fiquei pensando se Deus
que uma criança de 7 a 8 anos iria me queria. Se ela me convidou.
saber de uma clausura? Mas, daí A irmã Stevina e a irmã Pier Luiza
de Paulo Mzé
I
rmã Delma Maria Marques dos
Santos, missionária da Conso-
lata jubilar neste ano de 2021,
fala de seus trabalhos e missão
na Somália.
Na terra
Padre Dido, da República
Democrática do Congo relata
experiência missionária na
do céu azul
Mongólia.
ARQUIVO PESSOAL
de Dieudonné Mukadi (Dido)
O
s missionários da Consolata e as missioná-
rias da Consolata vieram para a Mongólia
em 2003. Atualmente, temos duas comu-
nidades: em Ulaanbaatar que é a capital do
país e na província central de Uvurkhangai Padre Dido (esquerda) e Diácono Saniaa (direita), oferecendo um quadro ao Monge
Budista Gan Zayaa no dia do aniversário de Buda.
em Arvaikheer.
Eu sou padre Dieudonné Mukadi (Dido), da Re- atitude de disponibilidade também pode ser vista em
pública Democrática do Congo. Minha experiência outros aspectos da vida.
missionária na Mongólia começou em agosto de
2016. Tinha grandes expectativas, pois este era meu Missão
primeiro destino como sacerdote recém-ordenado. É Em Arvaikheer temos uma paróquia chamada Nossa
bom deixar claro que uma coisa é escutar sobre um Senhora Mãe da Misericórdia e algumas atividades
lugar e outra coisa é viver no lugar. de ajuda social. Desde então estou nessa missão e
Não demorou muito para que eu começasse minha experiência é bem tocante. Viver com esse
a aprender o mongol, e demorei dois anos para lindo e social povo faz com que eu me sinta em casa
aprender, por causa das particularidades linguísticas. e como padre, me faz entender e viver como foi a
Além da língua, esse tempo também foi para que eu vida das primeiras comunidades cristãs. Embora
pudesse me inserir, e conhecer a vida do povo, sua nossa comunidade tenha poucos membros, nós nos
cultura, e a Igreja na Mongólia. Eu aprendi que o encontramos e compartilhamos nossa vida de fé com
povo mongol se torna amigo com facilidade, basta o povo e isso atrai outras pessoas.
estar aberto e pedir, eles estão prontos para ajudar. Nossa Paróquia é uma das menores comunidades
Essa foi uma das marcas que o socialismo deixou na cristãs. Contamos com cerca de 24 famílias das quais
sociedade na Mongólia, as pessoas sempre estão para 55 pessoas são batizadas. Quase todos têm formação
os outros. Lembro-me de ter sido convidado várias budista. Aqui na Mongólia, Budismo e Xamanismo
vezes por famílias que estavam construindo suas ger têm raízes profundas e fortes na cultura do povo.
(tradicional casa dos mongois). Familiares e amigos É importante dizer que a experiência missionária
são convidados para ajudar, todos estão dispostos, aqui é de primeira evangelização. Nós encontramos
homens e mulheres têm uma função a cumprir. Essa os que nunca ouviram falar sobre Cristo.
Sem dúvidas, a jovem Igreja na Mongólia mostra
sinais de um futuro brilhante, apesar de seu lento
processo. Entre os poucos que já são batizados,
nota-se claramente a vontade e o empenho de se
aprofundar no que eles acreditam, no que eles creêm.
Na Paróquia organizamos seminários sobre temas
eclesiais para garantir uma formação continuada ao
povo. Os temas são escolhidos a partir das questões
que eles trazem durante nossos encontros. Esses são
momentos em que percebemos que os corações
das pessoas estão sedentos em aprofundar a fé que
livremente abraçaram.
Paróquia Nossa Senhora Mãe da Misericórdia. Dido Mukadi, imc, é missionário na Mongólia.
Saiba mais
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Diretor: Paulo Mzé Editora: Maria Emerenciana Raia Equipe de Redação: Benildes C. Capellotto, Fátima Bazeggio, José Brás
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SÃO JOSÉ GABRIEL
DO ROSÁRIO BROCHERO
Protetor do ano 2021
Missionários e Missionárias da Consolata