Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SUMÁRIO
BATISMO É MISSÃO MAIO 2022/03
RUSLAN LYTVYN | SHUTTERSTOCK
Pentecostes marca o
início da Igreja Católica.
O
Foto: Jean II Restout
papa Francisco não para de nos surpreen-
der. Desta vez e como em outras vezes, faz
a pergunta: como podemos assegurar que o
fermento do Evangelho volte a levedar tanto
a massa das sociedades que outrora foram
cristãs como a das sociedades que ainda não conhe-
cem Jesus Cristo? PRÓ-VOCAÇÕES----------------------------------------03
Quebrar o espelho
Uma das respostas está na Constituição Apostólica Ambrose Omeyo Ekitoi
“Pregai o Evangelho” sobre a cúria romana publicada
MISSÃO EM CONTEXTO-------------------------------04
no último 19 de março e em vigor desde o último dia Raiz do Movimento Indígena
5 de junho, que sistematiza um caminho de reformas James Murimi Njimia
originadas no debate da evangelização do mundo JUVENTUDE----------------------------------------------06
Consolação e Missão no Pós-pandemia
atual. Primeiro a cúria romana não é um organismo Adamo F. Valeque, Kemmedy Oduor e Luiza S. Borges
de direito próprio. Ou seja, um “poder” de governo INTENÇAO MISSIONÁRIA------------------------------09
sobre as igrejas locais, mas uma estrutura a serviço Maria Emerenciana Raia
do ministério do bispo de Roma. O segundo elemen- ESPIRITUALIDADE----------------------------------------10
to significativo é o desenvolvimento de um desejo Pwiyamwene: a Virgem Maria
Anair Voltolini
presente nos textos conciliares relativos ao papel dos
TESTEMUNHO-------------------------------------------12
leigos. A partir deste último aspecto, “o papa, os bis- Fazer parte da história do povo
pos e outros ministros ordenados não são os únicos Eudoxa Sicupira
evangelizadores na Igreja... Cada cristão, em virtude FORMAÇÃO MISSIONÁRIA----------------------------14
do Batismo, é um discípulo missionário na medida O nascimento da Igreja Católica
Fábio José Bortoni Dias
em que encontrou o amor de Deus em Cristo Jesus”.
FÉ EM AÇÃO---------------------------------------------16
Disto derivaria o envolvimento de leigos e leigas nos Não tem mais mundo pra todo mundo
papéis de governo e de responsabilidade. Isto suprime Marcus Eduardo de Oliveira
a especificação contida no número 7 da Constituição FAMÍLIA CONSOLATA-----------------------------------17
Allamano e o estudo (2a. parte)
Apostólica Pastor Bonus, a última reforma estrutural Redação
da cúria romana realizada durante o pontificado de MISSÕES RESPONDE-----------------------------------21
São João Paulo II, na qual se lia que “os assuntos que As principais causas de nulidade do casamento
exigem o exercício do poder de governo devem ser Edson Luiz Sampel
Quebrar o espelho realizar vem com o medo interior por causa das dores
A nossa sociedade necessita
que alguém pode experimentar. No entanto, a preo-
de caminhos concretos para cupação que devemos ter é de saber como enxergar o
realizar o encontro. chamado de cada um. Devemos nos humilhar e superar
os nossos egos para que possamos escutar as vozes de
de Ambrose Omeyo Ekitoi todos, especialmente os pequeninos que ainda estão
buscando o sentido de vida, aliás, a vocação.
Gostaria de destacar uma poesia de duas meninas,
A
vocação é um chamado de Deus à pessoa. Todo Julia e Lívia (6º ano) da Escola Santa Virgínia – Guaia-
ser humano tem como finalidade viver de um nases, São Paulo, que me deixou com os olhos abertos
modo especial e somente o Criador o conhece. quando estávamos fazendo as nossas partilhas dentro
Portanto, o chamado é que todos possam fazer da escola. Vejam a poesia:
uma experiência de ir ao encontro de Deus, de
si mesmo e do próximo. Com a presença do Espírito Que o perdão seja sagrado,
Santo, o ser humano procura um modo de concretizar Que a fé seja infinita,
o seu desejo do encontro. Que a justiça floresça.
Sabendo que tem o chamado para servir, ele vai Eduquem as crianças com fraternidade
pouco a pouco quebrando os seus espelhos individuais, E união, para que amanhã possam
procurando a possibilidade do encontro com o outro. Ser adultos sinceros e verdadeiros...
O processo de sair de si mesmo é fundamental quando
falamos sobre a questão vocacional. E tudo envolve o Ouvindo essa poesia, podemos nos perguntar, por
processo de aceitar a dor de quebrar para conseguir en- que quebrar os espelhos? A resposta não tenho, mas
xergar o que praticamente Jesus autorizou aos discípulos, temos o chamado para enxergar as coisas que a so-
“...Ide fazei discípulos...”. Aliás, quebrar o espelho é o ciedade necessita, e isso é o que é a vocação. Vamos
processo em que todos nós procuramos a harmonia da quebrar os nossos espelhos para podermos encontrar
partilha dos nossos dons. Com os outros assim também primeiramente a nós mesmos, depois Deus e no final,
é o processo do discernimento vocacional. o próximo.
A nossa sociedade necessita de caminhos concretos
para realizar o encontro. As quebradinhas que devem se Ambrose Omeyo Ekitoi é professo em São Paulo, SP
Raiz do Movimento
Indígena de James Murimi Njimia indígenas são peças fundamentais
Assembleia de
Catequistas na
Raposa Serra do
na construção e reconstrução da Sol ajuda o povo
história do estado de Roraima, indígena a refletir
O
s missionários da Consola- principalmente da Terra Indígena
ta realizaram a Assembleia Raposa Serra do Sol. Com atuação sobre sua raiz.
dos Catequistas da Terra corajosa e profética, os missioná-
Indígena Raposa Serra do rios que encontraram um povo frimentos nas mãos dos invasores.
Sol para ajudar o povo a escravizado e sofrido nas mãos dos Esta foi a raiz da nova caminhada
refletir sobre a sua raiz. Realizada fazendeiros e garimpeiros, saíram no qual nasceu a Organização dos
entre os dias 25 a 29 de abril de em sua defesa na esperança de que Povos Indígenas de Roraima (CIR).
2022 em Maturuca, o encontro conseguissem alcançar a liberdade. Assim como consequência, nos
teve como tema “A Eucaristia, Raiz Assim eles organizaram o curso dias 4 a 8 de janeiro de 1971 foi
do Movimento Indígena” e contou de formação bíblica no Ginásio realizada a primeira Assembleia
com a participação de 191 catequis- Euclides da Cunha, em Boa Vista, Geral dos povos indígenas na Mis-
tas. Este tema foi escolhido para do dia 1 a 8 de julho de 1970. são Surumu.
conscientizar os indígenas sobre E durante o encontro, aconteceu
a necessidade de manter firme a a mudança no qual o que era orga- Eucaristia e a decisão de
sua identidade original. nizado como curso bíblico mudou “Ou Vai ou Racha”
para o encontro de escuta, quando No dia 26 de abril de 1977 os
Atuação profética os missionários ficaram escutando indígenas, após uma reflexão pro-
É notável que os missionários a partilha dos povos indígenas re- funda feita o dia inteiro em jejum,
da Consolata junto com os povos latando sobre os insuportáveis so- descobriram e concordaram que o
Consolação
e Missão no
Pós-pandemia
de Adamo Fernando Valeque e Kemmedy Oduor
C
om o tema “Consolação e Encontro promovido
Missão no Pós-pandemia”, pelos missionários
no dia 7 de maio (sábado),
jovens oriundos de diversas da Consolata reúne
paróquias da cidade de São jovens em São Paulo
Paulo se acotovelaram no Seminário para despertar a
Teológico da Consolata, zona sul O encontro terminou com a
da cidade de São Paulo, para um dimensão missionária celebração eucarística presidida
momento de reflexão e oração. e proporcionar pelo padre Stefano Camerlengo,
O encontro foi promovido pelos reflexao sobre superior-geral dos missionários da
missionários da Consolata, com a desafios da Igreja. Consolata, que por coincidência
finalidade de despertar a dimensão fazia Visita Canônica nesta casa
missionária, e de proporcionar de formação. O superior, na sua
um momento de reflexão sobre homilia sublinhou a importância
os desafios missionários da Igreja repercussão não apenas de ordem do encontro depois de um período
na atualidade. Foi um dia especial biomédica mas epidemiológica em de isolamento, e a necessidade de
para os jovens, que aproveitaram escala global. levar em frente a missão como um
para fazer uma reminiscência das A pandemia também teve maior compromisso cristão assumido no
mazelas da pandemia e juntos en- repercussão e impactos sociais, batismo, e que neste tempo pós-
contrar caminhos para levar avante econômicos, culturais e históri- -pandemia cada cristão é chamado
os seus compromissos missionários. cos, e de modo especial afetou a a levar a consolação para todos que
O dia foi marcado por vários camada juvenil, onde a metade precisam. Como forma de seu com-
momentos de oração e reflexão, dos jovens experimentou angústia, prometimento, os jovens fizeram
acompanhado de várias dinâmicas ansiedade, e até então sentiu suas gestos missionários, oferecendo
pedagógicas que pudessem ajudar consequências. É esta realidade que alguns objetos que o missionário
os jovens a fazer uma introspecção precisa da consolação e missão, e leva no caminho da missão, que
do tema. Houve momentos de que os jovens sejam protagonistas cada participante deve levar no
escuta dos grandes desafios dos e que ajudem os outros jovens seu dia adia, deixando sua zona
jovens na pandemia e pós-pande- que se ressentem dos efeitos da de conforto, para ir ao encontro
mia. A escolha do tema deveu-se pandemia, levando a consolação e dos homens e mulheres de hoje.
ao fato de serem dois elementos amor de Cristo, almejando assim,
de grande relevância no contexto a restauração do bem-estar social Adamo Fernando Valeque e Kemmedy Oduor são pro-
da pós-pandemia, pois teve uma de todos. fessos em São Paulo, SP.
O
tema do encontro foi sozinhos e sim com a ajuda do estar vendado nos mostra que nem
apresentado de maneira próximo, e nem precisamos atro- sempre veremos tudo, e é onde o
divertida, clara e descon- pelar os outros para alcançar os outro verá por nós. No final tiramos
traída, com dinâmicas e nossos objetivos. Fomos dividi- as vendas e uma pessoa se vestiu de
atividades em grupo que dos em quatro grupos de até seis Jesus, e o mesmo estava amarrado
enriqueceram e contribuíram para pessoas para fazer uma dinâmica, com uma corda e tínhamos que
o conteúdo abordado, pois todas que funcionava da seguinte forma: segurar na corda. "Segura firme e
tinham forma diferente e dinamiza- vendaram os olhos de cada inte- não solta", porque enquanto todos
da. Iniciamos de uma maneira bem grante do grupo, alguns grupos estavam seguros na corda quando
divertida, com a apresentação de apenas vendaram os olhos e outros um puxava, todos iam junto e quan-
cada jovem presente e qual a sua vendaram os olhos e amarraram do uma pessoa se soltava quando
paróquia de convívio. as mãos e os pés nos colegas, em Jesus andava não conseguia puxar
Em seguida, fomos separados seguida, todos tinham que ir em essa pessoa, então nós tivemos que
em dois grupos, e cada um deles todos os grupos onde estavam os trazer essa pessoa de volta à corda,
recebeu uma cartolina em branco. seminaristas. Cada seminarista de volta a segurar em Jesus e a ter fé
O grupo 1 tinha que desenhar um faria uma pergunta para o grupo Nele e isso mostra o quanto nossos
coração quebrado e escrever pa- que estava com ele naquele mo- jovens e a nossa sociedade, não só
lavras que deixariam um coração mento. As perguntas eram: O que na pandemia, mas, hoje em dia se
partido. O grupo 2 desenhou um você acha que a pandemia mais afastaram e estão longe Dele.
coração inteiro e escreveu palavras afetou no mundo? Como nosso país Nós precisamos resgatar esses
"boas" que deixariam um coração reagiu a ela? Como nós reagimos? jovens, resgatar essa sociedade. O
feliz e inteiro. Quando cada grupo E assim vice-versa. Em cada grupo nosso papel como cristão é ter fé e
terminou, as cartolinas foram tro- foram feitas várias perguntas para mostrar o quanto Jesus nos ama,
cadas e cada grupo escreveu uma respondermos e refletirmos. o quanto Jesus é misericordioso
palavra contrária das palavras que Para caminharmos até os grupos conosco, pois ele sabe o quanto
o outro grupo colocou, e vice-versa. nós precisávamos de ajuda, porque somos fracos e pecadores, por isso
Fizemos uma brincadeira bem estávamos vendados. Essa dinâmica ele nunca desiste de nós.
enriquecedora do trem, na qual foi muito interessante porque isso O padre Patrick e o seminarista
deveríamos segurar no amigo da mostra o quanto nós precisamos Ambrosio conversaram um pouco
conosco sobre o convívio e ações
dentro da pandemia e na pós-
-pandemia, de como a sociedade
reagiu e está reagindo a essa volta
da vida um pouco “normal”. Nós
melhoramos ou pioramos no con-
vívio com as pessoas? Como está
o nosso comportamento diante do
ocorrido do mundo? Pensar nessas
perguntas foi e é difícil para todos
nós, porque todos fomos afetados,
seja de maneira direta ou indireta.
O
mês de maio, tradicionalmente é dedicado a rezar o terço todos os dias. Era um jovem forjado na
Nossa Senhora. O Santo Padre, inteligente- oração que não se perdia no “turbilhão” do mundo de
mente exorta a rezarmos para que os jovens hoje. Repetia constantemente: "A Eucaristia é minha
possam aprender a escutar, como Maria, que autoestrada para o céu”.
guardava as coisas no coração; possam abrir-se O jovem Carlo aprendeu com Maria a ser santo.
ao entendimento das mensagens de Deus enviadas a Se vivo fosse, entenderia perfeitamente a intenção
eles, num mundo tão materialista e cheio de opções missionária do papa para este mês de maio. Que ele
profanas, distraindo a atenção do mais importante, o possa inspirar muitos jovens a viver uma vida plena
sagrado; coragem de realizar um mergulho na fé e dedi- de significado. Com a intercessão de Nossa Senhora,
cação ao serviço dos irmãos e irmãs mais necessitados. rezemos pela juventude.
O Bem-aventurado Carlo Acutis, que faleceu aos
15 anos com leucemia, inspira os jovens com sua Maria Emerenciana Raia é editora da revista Missões.
“Pwiyamwene”
A Virgem Maria
Para o povo Macua, víncia de Niassa, os Missionários e solada, detentora da verdadeira
as Missionárias da Consolata foram, Consolação: Cristo Jesus, Redenção
em Moçambique, a justamente, a primeira presença da humanidade.
Rainha ou Matriarca, de Religiosos e Religiosas Missio-
como entendem Nossa nários a testemunhar e a partilhar Alma da família
Senhora, é uma figura o Evangelho de Jesus com o povo Hoje a gente pode perceber
Macua. Com eles chegou a devoção como as pessoas progressivamen-
presente, tradicional a Virgem Maria, Mãe de Jesus e te, enquanto foram aderindo aos
na cultura. Mãe da Igreja sob este maravilhoso valores cristãos e deixavam-se en-
e tão significativo título de Nossa volver pelo mistério da Redenção,
de Anair Voltolini Senhora Consolata – Maria con- a figura de Maria foi assumindo
C
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
omo é bom contemplar
a Mãe de Jesus, seu belo
rosto universal! Em cada
povo, em cada nação, em
cada cultura Maria encarna
aspectos e características diferentes,
revelando seu coração popular e sem
fronteiras, sua presença materna
abraçando indiscriminadamente
cada criatura humana como filho
e filha no seu amado Filho Jesus.
Há alguns anos vivo em missão
em Maúa, na Província de Niassa,
em Moçambique. Nesta província
existem alguns grupos étnicos, mas
o povo mais numeroso e presente
em quase todo o norte de Moçam-
bique é o povo Macua. Uma cultura
com algumas variantes na língua e
em algumas expressões culturais
tradicionais segundo a localização
no território. Em Maúa e em Niassa
em geral o grupo dominante é o
Macua/Xirima.
Entre este povo, em muitas co-
munidades cristãs, Maria é conhe-
cida e invocada sobretudo como
“Nossa Senhora Consolata”. Na Pro-
Fazer parte da
história do povo
de Eudoxa Sicupira Missionária da na ‘cacimba’ (na fonte) lavando
Consolata viveu 30 roupa sozinha. Guardei aquela ex-
periência por três meses e quando
N
asci no norte do estado de
anos na Etiópia e chegou Frei Simão na minha casa,
Minas Gerais e cresci no atualmente trabalha eu contei a ele como tinha sido o
extremo sul do estado da na Libéria. chamado e pedi que transmitisse
Bahia. Desde a minha ten- a meus pais o meu desejo de con-
ra infância tive a graça da para a celebração da Eucaristia e sagrar a minha vida a Deus, pois eu
convivência numa família de fé e dos Sacramentos. Eu tinha 7 anos não tinha coragem.
comprometida com a causa do Reino quando recebi a Primeira Comunhão.
de Deus. A casa de meus pais era Para mim, aquele era o meu mundo Primeiro amor
como uma Igreja (doméstica), aonde e nada mais existia fora dali. Na década de 70 do século pas-
os Frades Franciscanos (Holandeses) Quando eu fui chamada a consa- sado, entre os anos 1972 e 1973,
vinham a cada três meses ao ano grar a vida a Deus, eu me encontrava vim para a Comunidade das Irmãs
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
O nascimento
da Igreja
de Jesus Cristo
Pentecostes marca
o início da Igreja
Católica.
de Fábio José Bortoni Dias te, pois é a festa da renovação das e tudo que é doce é agradável ao
C
três alianças: Noética, Abraâmica corpo e ao espírito, a Torá é doce. E
inquenta dias após a Pás- e Mosaica. Na celebração dessa essa é a primícia da Aliança, entre
coa, os cristãos comemo- festa, o povo celebra todos os anos Deus e seu povo,”vou lhe dar uma
ram a festa de Pentecostes, a Aliança com Deus. Assumindo-a, terra onde emana leite e mel, uma
exatamente sete semanas celebra o dia do seu nascimento, terra onde o meu povo vai prospe-
mais um dia, para os judeus ou seja, o nascimento do povo rar e tornar-se uma nação grande,
a festa de Shavout, shavua significa de Israel, que nasce com um en- forte e numerosa”. (Dt 26,9)
semana, shavout, semanas. gajamento, e isto só foi possível Assim como a nação de Israel
Como todas as festas judaicas, a em Pentecostes ao Pé do Monte nasceu em Shavout, aos pés do
festa de Shavout tem sua origem na Sinai após Moisés receber a Torá Sinai, a Igreja Católica Apostóli-
Torá, e na cultura agrícola do Antigo e o povo prometer fazer tudo o ca Romana, nasce numa festa de
Israel. Shavout é a festa da colheita que o Senhor falou (cf. Ex 24,7-8). Pentecostes. O evento é dom do
e também a festa que comemora Na festa de Shavout é tradição Espírito e ocorre no quinquagésimo
a aliança entre Deus e seu povo. do povo judaico se alimentar de de- dia terminado o período de sete
Pentecostes é, pois, a come- rivados de leite e mel, assim como semanas contadas após a festa da
moração da Aliança e, enquanto o leite é o alimento essencial para Páscoa, no Pentecostes judaico,
tal ela assegura sua permanência. o crescimento da pessoa humana, dia em que os judeus celebravam
Ela não é apenas uma lembrança a Torá é o alimento essencial para a teofania do Sinai. At 2,15 fixa
do passado, antes exige, pois, de o crescimento espiritual do povo como hora a terceira hora, portanto
todos um engajamento no presen- de Israel, o mel é o alimento doce, na parte da manhã o que coinci-
E
m nome da industrialização sem controle que intensificação de tempestades, furacões) extensos
segue estimulada pela atual lógica produtiva e e duradouros, assustam-nos com certa frequência
de consumo, diante de uma economia global uma vez que deixam o sistema vida no limiar do
que valoriza a quantidade e que ainda não perigo. Territórios são destruídos constantemente
aprendeu a respeitar o ciclo da natureza, há um e paisagens naturais são modificadas para dar lugar
ponto crítico que já não é segredo algum: faz muito a empreendimentos comerciais. Cada vez mais des-
tempo que estamos abusando demais da exploração pejamos toneladas de produtos químicos em mar
desenfreada da natureza, a matriz da vida. aberto. Fato comprovado, o planeta que nos acolhe
Sendo ainda mais objetivo, já entramos numa rota nunca esteve tão poluído como agora.
de colisão. Nosso planeta está chegando ao limite e Diante de todo esse desconforto, é a vida social
vem perdendo a estabilidade ambiental. Com poucas que se fragmenta. Povos originários e populações
palavras, não é difícil verificar que os recursos naturais ribeirinhas lutam para sobreviverem. Na América
e energéticos estão se esgotando e, nessa mesma Latina, a região mais biodiversa do planeta, as desi-
toada, os ecossistemas globais se degradam à vista gualdades sociais, que em tese deveriam ter caído
de todos. A vida selvagem entrou numa espiral de frente ao boom das commodities entre 2002 e 2015,
aniquilação. À medida que seguimos alterando boa aumentaram – e muito. Admitidamente está suge-
parte da biodiversidade conhecida, o planeta pode rido aí que os super-ricos ficaram ainda mais ricos,
tornar-se inabitável. enquanto os vulneráveis, pelo lado mais fraco da
O detalhe ainda mais perturbador, todavia, é que história, ficaram muito mais vulneráveis.
não se trata de um problema recente ou mesmo Balanço feito, como diz Deborah Danowski, e é
passageiro. Numa definição direta, faz mais de cin- difícil não concordar, parece mesmo que “não tem
quenta anos que a comunidade científica vem nos mais mundo pra todo mundo”.
alertando que nossa civilização moderna, desde há
muito em profunda desarmonia com a natureza, se Marcus Eduardo de Oliveira é economista e ativista ambiental. Autor de “Civilização em Desa-
encontra em apuros. juste com os Limites Planetários” (CRV, 2018), entre outros. prof.marcuseduardo@bol.com.br
A
llamano ensina que deve- ainda: não perder um minuto de
mos estudar com humilda- tempo, não estudar com enfado,
estudos.
de, energia, moderação e só para ocupar o tempo. Nosso
piedade. Com humilda- Senhor nos pedirá contas do tempo, uma missão e deveis cumpri-la
de – significa não querer porque não é nosso, mas dele. Mui- escrupulosamente, fazendo com
aprofundar-se demais, ou seja, tos, infelizmente, perdem tempo. que o ensino seja proveitoso e
mais que o necessário. Esforçar-se Dizem: “são dez minutos apenas, educativo. Há sempre possibilida-
para entender, sim; estudar bem, não compensa aproveitá-los”. Ao de de dizer uma boa palavra e de
sem dúvida; mas depois não é ne- invés, é preciso fazer bom proveito encaixar um pensamento de Deus.
cessário mergulhar até ao fundo, de todos os minutos. Estudar com piedade significa
especialmente em certas matérias. Com moderação significa estu- ainda: recorrer a Nosso Senhor
Com energia – isto é, não estudar dar na justa proporção, nem mais, para obter as luzes necessárias. Eis
apenas superficialmente, só para nem menos. Não se deixar dominar a finalidade dos nossos estudos:
dizer a lição ou ser promovido no pela mania do estudo, isto é, querer santificar-nos; tornar-nos úteis ao
exame, mas estudar para aprender. estudar sempre, mesmo quando Instituto e às missões. Não se es-
Há quem diga, depois de dar uma e onde não se deve. tuda, portanto, para fins humanos,
lidinha na lição: pronto, já sei! Com piedade – para um bom e sim para alcançar uma grande
Talvez a decoraste, mas não em missionário, tudo converge à pie- recompensa no céu. Se alguém
profundidade; não compreendeste dade, inclusive a ciência. Vós, dedi- estudasse apenas para se avantajar
o que estudaste. Às vezes não se cados ao magistério, procurai que aos colegas, ou por motivo dos exa-
sabe a lição como se deveria: fica- as vossas aulas sejam ministradas mes, não estudaria com fim reto.
-se balbuciando, espera-se que o da melhor maneira possível. Certos Estudemos com bom espírito, que
colega sopre... não se deve soprar se afadigam muito quando lecio- visa somente Deus, sua vontade,
a lição, esta não é caridade. Cada nam, enquanto que outros obtém e não lisonjeia a nossa soberba.
qual diga o que sabe e pronto! É o mesmo resultado sem fadiga. Soberba é invejar quem sabe mais
um pouco duro estudar como é Parece-me que, na sala de aula, não do que nós.
preciso, estudar para entender seja necessário gritar para se fazer
e conhecer adequadamente as entender. De resto, vos foi confiada Extraído do livro A Vida Espiritual, páginas 160 a 163.
A
Região IMC do Brasil ini- ros, padres Julio Caldeira, James Bahia
ciou, no dia 7 de maio, a Mwaura (reeleito) e Oscar Liofo. No dia 17 de maio, um encon-
Visita Canônica do Padre tro concluiu a Visita Canônica aos
Stefano Camerlengo, Su- São Paulo e Paraná missionários na Bahia. Foi mais um
perior Geral, acompanhado A Visita Canônica começou em momento de graça, de partilha e
do Conselheiro Geral para o Con- São Paulo no Seminário Teológico, compromisso com a missão neste
tinente América, Padre Jaime C. “Padre Bísio” com 18 estudan- chão nordestino onde se destacam
Patias. A programação se estendeu tes professos e na Casa Regional. a Pastoral Afro, a assistência reli-
até o dia 4 de junho quando, em Os padres Stefano e Jaime foram giosa às comunidades, a promoção
São Paulo, foi realizada a Assem- acompanhados do então Supe- humana, a pastoral da juventude
bleia Regional, que elegeu a nova rior Regional, Padre Luiz Emer, e e a animação vocacional.
Nova Direção: Padres Júlio Caldeira, James Mwaura, Paulo Mzé (Superior), Moisés Facchini e Oscar Liofo.
QUER
QUERSER MISSIONÁRIO?
SER MISSIONÁRIO? QUER
QUERSER MISSIONÁRIA?
SER MISSIONÁRIA?
TEL.: (11) 2238.4599 TEL.: (11) 2233.9330
E-mail: amv@consolata.org.br E-mail: mc@consolata.org.br
Rio de Janeiro
A Visita Canônica foi encerrada
no Rio de Janeiro, onde os missioná-
rios encontram-se em Engenheiro
Pedreira, Nova Iguaçu, com forte
trabalho junto à Pastoral Afro.
SHUTTERSTOCK
intercessora no céu. Nós, como Leigos
O
mês de maio é o mês das MissionáriosdaConsolatarecorremos
mães, uma época em que a ela, para todos os momentos de
paramos para relembrar das aflições e necessidades. Uma mãe
nossas mães e também de nunca abandona seu filho, conosco
nossos filhos. Um momento não é diferente. A mãe Consolata é
de reflexão e agradecimento a Deus proteção, acolhimento, escuta e, de
por nos dar o dom da maternidade. nos ensina que o verdadeiro amor é fato, consolo.
Sinto-me lisonjeada por ter a oportu- aquele que se dá sem esperar nada Como filha, também digo que
nidade de criar duas filhas. Ser mãe é em troca, a verdadeira doação de devemos orar e cuidar de nossas
viver com responsabilidade e amor os si. Precisamos sempre nos espelhar mães, como retribuição pelo seu
desígnios de Deus, dizendo sim para na mãe de Deus, o maior modelo sim. Quem ainda a tem, não espere
a missão que nos é dada. de maternidade que podemos ter. perdê-la para dizer o quanto a ama.
Ser mãe é uma benção de Deus, é Isso inclui seguir a serenidade de Vamos aproveitar os bons momentos
se doar, sofrer, chorar, amar, defender Maria, o silêncio, a obediência, a que temos nesta vida com nossa mãe.
e educar seus filhos no caminho do compaixão, a sabedoria, o temor a Nossa Senhora Consolata, rogai
Senhor. É também chamar atenção Deus, dizer “sim” verdadeiramente por nós!
quando necessário. à maternidade, como ela o fez sem
EubuscoforçasemNossaSenhora, nem esperar por aquilo em sua vida. Valéria Nunes Rodrigues, LMC, é Leiga Missionária da Consolata
que Jesus nos deu como mãe. Ela Omêsdemaioétambémdedicado da Comunidade São Paulo.
Ajude-nos e venha
fazer parte desta obra
Missões é o veículo de comunicação do Instituto Missões Consolata e retrata o trabalho missionário
de levar a consolação aos que sofrem, aos que andam tristes, aos que estão sem esperança.
Torne-se um missionário membro da família Consolata, mantendo o nosso trabalho,
contribuindo financeiramente.
CHAVE: redacao@revistamissoes.org.br
Envie o Comprovante, junto com seu Nome,
Data de Nascimento, CPF, Endereço, Telefone e E-mail para:
Rua Dom Domingos de Silos, 110 - 02526-030 - São Paulo - SP - Telefax: (11) 2238.4595 - E-mail: redacao@revistamissoes.org.br
As principais causas de
nulidade do casamento
Todo católico tem o direito de recorrer ao tribunal eclesiástico,
mesmo que seja para esclarecer dúvidas.
de Edson Luiz Sampel
S
abemos que, por princípio, o casamento é
indissolúvel. Com efeito, trata-se de injunção
expressa de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Mc
10, 1-12). Sendo assim, nenhum poder humano,
nem a Igreja, nem o papa podem anular um
matrimônio válido e consumado. Friso o adjetivo válido!
De fato, se o casamento for inválido ou inexistente,
a autoridade eclesiástica, isto é, a justiça canônica
declarará a nulidade do conúbio, a pedido de um dos
cônjuges ou de ambos os cônjuges.
Feliz aniversário,
comunidade Warao Janoko
Equipe itinerante no município Cantá, em Roraima. resistência dos indígenas contra
É uma comunidade rica e diversa, o modelo de abrigamento, contra
dos missionários da formada por 13 famílias do Povo ordenar as fronteiras, despoja-
Consolata participa da Indígena Warao e dois núcleos mento nas ocupações e remoção
festa de um ano da familiares do Povo Kariña, todos forçada em abrigos é uma marca
comunidade. indígenas venezuelanos. Ao todo, histórica e em estado permanente
quase 97 pessoas dividem um pe- em Roraima. Diferentemente dos
queno território adquirido com abrigos institucionais tais como o
de Isaack Mdindile
apoio de instituições como a funda- Rondon 3 que é ‘superlotado’ e
ção Fé e Alegria, Instituto Missões ‘militarizado’, segundo os depoi-
A
o amanhecer no dia 14 de Consolata, Conselho Indigenista mentos frequentes dos próprios
maio, num santo sábado, Missionário, Serviço Pastoral dos indígenas-migrantes. Ao invés,
a Equipe Itinerante dos Migrantes, Cáritas, dentre outras a comunidade Warao Janoko do
Missionários da Consolata, instituições que atuam junto aos Cantá é simbólica, pois represen-
juntamente com Clemen- migrantes e refugiados. ta a conquista e a capacidade de
tine, freira franciscana das missio- Era um dia especial, dia de festa, autodeterminação dos indígenas
nárias da Mãe do Divino Pastor e já que a comunidade comemorava que querem soluções duradou-
outras organizações convidadas, um ano de existência e de muita ras/sustentáveis, ou seja, políticas
fomos recebidos calorosamente resistência cultural, que vem se públicas permanentes que sejam
na comunidade Warao Janoko, fortalecendo desde o início da sensíveis à sua cultura original e a
localizada a 34 km de Boa Vista, crise migratória em 2015. Aliás, a sua mãe terra.
ARQUIVO PESSOAL
A África
FOTO: LUIS TATO GETTY IMAGES
e o coronavírus
Apesar de previsões africano (com seus 54 países) lidou de lidar com essa pandemia”...
catastróficas, o com a mesma. Já no seu início em Mas, será que tudo isso era uma
2020 na querida China, todos os verdadeira preocupação para o
coronavírus não foi olhares se voltavam para a África. bem do continente “berço da hu-
tão avassalador no Toda a grande e potente impren- manidade” e de seus povos? Ou
continente africano. sa dos países considerados (ou uma postura que esconde muitas
que se consideram) “ricos” e/ou ambiguidades linguísticas e muita
de Jean Tuluba “desenvolvidos” falava da África. hipocrisia? Quem tem um olhar
Ouviu-se muito dizer: “Será uma bem “avisado” sobre a geopolítica
N
catástrofe humanitária na África”. mundial será capaz de dar respostas
inguém ignora o estrago “Muitos vão morrer porque a África certas a estes questionamentos.
causado pela pandemia do [continente considerado ou fei-
coronavírus a nível mun- to ‘pobre’], não tendo tecnologia Sim e não
dial. E vale se perguntar avançada e infraestruturas sani- Como filho da África e conhe-
hoje como o continente tárias adequadas, não será capaz cendo um pouco a imagem externa
A Profecia é coletiva
Leigos Missionários da foram perseguidos, agredidos, ameaçados: Fausto
Mandulão, pioneiro na luta pelo acesso à educação
Consolata (LMC) publicam série indígena; Dionito José de Souza, que lutou por saúde
de três artigos sobre o tema indígena digna e eficiente; Jacir de Souza Macuxi, que
Profecia. Na revista de março/ destaca-se na luta pela garantia das terras indígena;
abril, publicamos o primeiro. Ivone Salucci, LMC RR, no exercício do seu ministério
profético, efetuou denúncias que culminaram com
Nessa edição, o segundo e na uma operação da Polícia Federal e desarticulou uma
próxima, finalizaremos a série, rede de exploração sexual de crianças e adolescentes.
com o terceiro artigo.
Vozes que não se calam
Tentam calar as vozes que desafiam, que denunciam
de Ana Margarete Silva as mentiras, os crimes ambientais, os assassinatos, a
corrupção, que se posicionam em favor dos povos indí-
genas e defendem o direito à terra. Porém, a profecia
N
o Bíblia identificamos profetas que lutaram resistirá e renascerá, “Se calarem a voz dos profetas, as
pelo direito e pela justiça social, à luz do pedras falarão” (Lc 19, 40), Deus é com seus profetas
projeto libertador do Deus da Aliança. O de todos os tempos (Jr 1, 17ss). Dizia Moisés, “Quem
espírito da profecia é uma vida testemunhal dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e que
de discípulos e missionários que nasce do o Senhor lhe concedesse o seu espírito” (Nm 11, 29).
encontro transformador com Jesus, profeta do Reino Ora, o povo, pelo batismo, é profeta! Jesus soprou
de Deus, que dá um novo sentido à vida e propõe sobre nós seu Espírito, profecias suscitam e são cum-
novas relações com as pessoas, a realidade e o mundo. pridas no meio do povo. Eis que a profecia é coletiva.
Jesus aproximou-se do povo, teve compaixão, solida- Agora, não só grito de solidão e desamparo ecoam,
riedade e foi defensor dos pobres, dos oprimidos e mas vozes de comunidades, pastorais, grupos, mo-
humilhados, denunciando os sistema de morte, por vimentos se unem em defesa da vida integral, digna
isso foi rejeitado (Lc 4, 21-30) e seu fim foi a morte. e sustentável para todos, semeiam o esperançar. E
Em tantos movimentos proféticos percebe-se um nós, LMC, enquanto profetas da consolação, estamos
aspecto solitário, pois nem todos querem se compro- no meio do povo, apontando para a sinodalidade e
meter com o profeta e nem assumir os desdobramen- para, nos passos do Bem-aventurado José Allamano,
tos da profecia. Muitos que se comprometeram com “fazer todo o bem possível, o melhor que for possível
a causa do Evangelho tiveram o mesmo destino de e sem barulho”.
Jesus, foram perseguidos e executados, a exemplo de
Irmã Dorothy Stang, que lutou pelo direito dos campo- Ana Margarete Silva é Leiga Missionária da Consolata (LMC), em Boa Vista, Co-
neses e defendeu a Floresta Amazônica. Em Roraima, munidade Bem-aventurado José Allamano, RR.
N
o mês de maio, a Igreja Católica valoriza, na Reação instintiva
devoção e na pastoral, a pessoa e a missão O medo é uma reação instintiva do ser humano.
de Maria, esposa e mãe. Em outras nações São muitos os motivos para sua existência, sendo um
esta prática acontece em meses diferentes. deles o desconhecimento ou falta de controle do que
importante é destacar o Mistério de Deus está por acontecer. Ter medo é expressar humani-
em Maria. Ela é o auge da Revelação de Deus antes dade, e isso é significativo, pois Deus age na história
da palavra dita por Jesus. Ela está inserida na história humana. Sendo parte da natureza humana, o medo
humana, como José, seu esposo, como os demais afirma a humanidade que todos partilhamos. Quem
personagens que aceitam a ação de Deus em si e que tem medo deve adquirir, de algum modo, condições
agem a partir disto e de sua realidade. e meios que levam à superação deste limite. Aqui
entra a ação de Deus, que
eleva a natureza humana.
Mas tem um outro sig-
nificado para o medo: o re-
conhecimento de que está
acontecendo algo que é de
Deus. Ao receber o anúncio
do anjo, Maria não conhece
como as coisas acontecerão,
por isso, tem medo. Mas é
mais importante compreen-
der que ela sabe que está
acontecendo uma ação de
Deus nela mesma. E por isso,
por ser a parte de Deus a sua
vida, ela tem medo. Ela tem
a reverência profunda que os
servos de Deus expressam
perante a ação do sagrado
em sua vida.
O temor de Maria, o te-
Em todos outros personagens do Antigo e do Novo mor de José, o medo de outros tantos personagens,
Testamento e no caso de Maria, um fato chama a não expressam rejeição suspeitosa do desconhecido
atenção. Parece que ela está com medo! Na revelação e perigoso, mas a certeza de que Deus está agindo.
do anjo, como lemos em Lucas 2, 30, há uma exorta- E quem crê aceita esta ação e reconhece o Mistério
ção rápida: “Não temas, Maria!” É comum entender que se dá a conhecer.
medo como situações de reação negativa de cautela,
de afastamento nervoso, de quase abominação de um Mauro Negro, OSJ Biblista, PUC São Paulo mauronegro@uol.com.br
Eternamente
professora!
A
Sempre sonhei em ser professo- vel por facilitar essa compreensão
professora Ildamar Ren- ra. Com 9 anos brincava de escolinha a eles. Não me via fazendo outra
nó Villela tem 80 anos, e alfabetizei minhas irmãs. Estudar coisa, a não ser lecionar. Até hoje,
30 de magistério, 20 de e me formar para ser professora foi continuo desenvolvendo meu lado
aposentada e 54 de casa- muito fácil, porque era tudo o que eu “professora”...
da. É mineira de Itajubá e queria. Realizei meu sonho! Sentia o
continua ativa, procurando levar maior prazer de ver os alunos lendo Pelo noticiário percebemos que
conhecimento às outras pessoas, na e perguntava a eles: quem ensinou ser professor não é fácil no Brasil.
forma da relação professor-aluno. vocês a lerem? A maioria respondia: E neste ano a CNBB escolheu, pela
Concedeu entrevista exclusiva à eu mesmo. Achava interessante e terceira vez, a educação como as-
Missões, onde mostra um pouco compreendia que, de um momento sunto de Campanha da Fraternida-
do que pensa a respeito do tema para o outro, a leitura deslanchava de. O que acha desta escolha por
que fez e faz parte de sua vida: a por conta própria e tudo se tornava parte da CNBB, na vida de todos
educação. claro. É um esforço pessoal de cada os brasileiros?
29 do mês passado. O valor, mais um recorde Dom Leonardo Ulrich Steiner, O.F.M., Arcebispo
de destruição da floresta sob o governo Jair de Manaus (Brasil)
Bolsonaro (PL), representa um salto expressivo Dom Filipe Neri António Sebastião de Rosário
de 74% em relação aos alertas de desmate Ferrão, Arcebispo de Goa e Damão (Índia)
registrados em abril do ano passado, cerca Dom Robert Walter McElroy, Bispo de San
de 580,5 km², um número que também era Diego (EUA)
o recorde para o mês. Os mais de 1.000 km² Dom Virgílio Do Carmo Da Silva, S.D.B., Arce-
destruídos chamam a atenção pelo momento bispo de Dili (Timor Leste)
em que ocorrem. Abril ainda está dentro do Dom Oscar Cantoni, Bispo Como (Itália)
período de chuvas da Amazônia, no qual, Dom Anthony Poola, Arcebispo de Hyderabad
normalmente, as derrubadas são menores, (Índia)
exatamente pelas dificuldades impostas pelo Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo de Brasília
tempo para a prática de desmate – que, no (Brasil)
bioma, em sua maioria são ilegais. Tamanha Dom Richard Kuuia Baawobr M. Afr, Bispo de
área derrubada não é costumeira em qualquer Wa (Gana)
mês do ano, mas, historicamente, quando Dom William Goh Seng Chye, Arcebispo de
ocorre, é a partir de junho, período em que já Singapura
teve início a estação seca. Até o momento, três Dom Adalberto Martínez Flores, Arcebispo de
dos quatro meses de 2022 tiveram recordes Asunción (Paraguai)
de alertas de desmatamento. Dom Giorgio Marengo, imc, Prefeito Apostólico
de Ulaanbaatar (Mongólia)
Novos Cardeais
No dia 29 de maio, festa da Ascensão do Foram também admitidos no Colégio
Senhor, o papa Francisco anunciou a criação dos Cardeais:
de 21 novos cardeais no próximo Consistório Dom Jorge Enrique Jiménez Carvajal, Arcebispo
de 27 de agosto. Entre eles está dom Giorgio Emérito de Cartagena (Colômbia)
Marengo, missionário da Consolata e Prefeito Dom Lucas Van Looy, S.D.B., Arcebispo Emérito
Apostólico de Ulaanbaatar, Mongólia. É o mais de Gent (Bélgica)
novo dos cardeais, com 48 anos, e vem de uma Dom Arrigo Miglio, Arcebispo Emérito de
missão onde “há menos de 1.500 católicos em Cagliari (Itália)
todo o país”, mas com uma grande e inspiradora Pe. Gianfranco Ghirlanda, S.J., Professor de
missão de diálogo inter-religioso. No anúncio, Teologia
o papa pediu: “Rezemos pelos novos cardeais, Mons. Fortunato Frezza, Cônego da Basílica
para que, confirmando a sua adesão a Cristo, de São Pedro
me ajudem no meu ministério como bispo de
Roma para o bem de todo o fiel povo. Fonte: Folha de S. Paulo e Júlio Caldeira, imc.
Saiba mais
www.revistamissoes.org.br
colabore
Expediente
Diretor: Paulo Mzé Editora: Maria Emerenciana Raia Equipe de Redação: Benildes C. Capellotto, Fátima Bazeggio, José Brás
Colaboradores: Mauro Negro, Marcus E. de Oliveira, Nei A. Pies, Edson L. Sampel e Jaime C. Patias
Agências: Adital, Asia News, CIMI, CNBB, Ecclesia, Fides, POM, Misna e Vaticano
Diagramação e Arte: Cleber P. Pires Jornalista responsável: Maria Emerenciana Raia (MTB 17532)
Edição Digital - Administração: Sandro Dalanora Sociedade responsável: Instituto Missões Consolata
(CNPJ 60.915.477/0001-29) - Colaboração anual: R$ 75,00 BRADESCO - AG: 545-2 CC: 38163-2 Instituto Missões Consolata (a publicação anual de Missões
é de 10 números) MISSÕES é produzida pelos Missionários e Missionárias da Consolata - Fone: (11) 2238.4599 - São Paulo/SP / (11) 2233.9330
- São Paulo/SP / (95) 3224.4109 - Boa Vista/RR
Endereço: Rua Dom Domingos de Silos, 110 - 02526-030 - São Paulo - Fone/Fax: (11) 2238.4595
Site: www.revistamissoes.org.br - E-mail: redacao@revistamissoes.org.br