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PE. MÁRCIO GONZAGA DE LIMA (ORG.)
É MINHA POBREZA
autobiografia do
Mons. José Moreno de Sant’Ana
(1909 – 1989)
MINHA MAIOR RIQUEZA
É MINHA POBREZA
autobiografia do
Mons. José Moreno de Sant’Ana
(1909 – 1989)
PE. MÁRIO CÉSAR DE SOUZA (ORG.)
PE. MÁRCIO GONZAGA DE LIMA (ORG.)
É MINHA POBREZA
autobiografia do
Mons. José Moreno de Sant’Ana
(1909 – 1989)
FICHA CATALOGRÁFICA
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MÃE CRISTÃ AUTÊNTICA
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PRIMEIRA EUCARISTIA
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SANTA CRISMA
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RELACIONAMENTO COM MEUS VIGÁRIOS
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minha mãe para ajudar na tarefa. Um rapaz subiu para descer a
imagem. Percebeu-se, então que, debaixo da peanha, havia presa
uma sobrecarta. Terminada a limpeza, Padre Arthur disse: “Agora
vamos ver aqui uma coisa... “Levantou-se a imagem e... nada mais
havia, debaixo da peanha10. Padre Arthur perguntou a minha mãe:
“Você viu Mercês? Ela respondeu: Vi! Então ele disse a Santo
Antônio; - “Esse era seu protegido, hein”! Esse era seu protegido!”.
Deveras, podia haver ali um pedido muito delicado de alguma
pessoa grandemente aflita, uma esposa, ou mãe aflita.
Padre Arthur foi excelente prefeito municipal de Vila
Nova11. Ocorreu, no tempo dele, celebrarem-se os 100 anos da
Independência do Brasil. Ele promoveu entusiásticas
comemorações, muito se utilizando da mocidade estudantil. Como
significativo marco do acontecimento, ela plantou a bela palmeira,
que tanto embelezava a Praça General Oliveira Valadão. Por sinal,
que ele concedeu à minha saudosa mãe a honra de colocar, na
abertura do solo adrede preparada, o espécimen, ou palmeirinha
embrionária, em meio à ruidosa salva de palmas e vibração de
cânticos. Era o dia sete de setembro de 1922. Pena é que esta
palmeira não existe mais. Gravemente danificada, por insetos, teve
que desocupar o lugar.
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JUVENTUDE
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PENDORES PARA A MÚSICA
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BANDA DE MÚSICA DE NEÓPOLIS
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DUAS TOCATAS PITORESCAS
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VOU MORRER DE FOME, NÃO LHE IMPEÇO DE IR PARA O
SEMINÁRIO.”
Comuniquei ao Cônego Miguel, que já se encontrava em
Aracaju, a heroica decisão e meu SIM.
Quando o Cônego Miguel falou a meu respeito com o
boníssimo Sr. Bispo Diocesano - Dom José Thomaz Gomes Da
Silva, assim ele respondeu, decididamente, “MANDE CHAMAR
LOGO O RAPAZ, PARA NÃO PERDER AS AULAS.” Fora de
série!
Cônego Miguel me escreveu, chamando e enviando em
anexo uma NOTA do necessário enxoval - duas batinas, sobrepeliz,
calças e camisas, roupa de cama, toalhas, etc. Dentro de 15 dias,
tudo me havia sido ofertado por numerosas pessoas da
comunidade. Até o saudoso amigo — Sr. Manoel Valadão Bastos,
na intimidade Nôzinho, que era proprietário do CINE local,
ofereceu uma sessão especial, em meu benefício.
CHEGANDO AO SEMINÁRIO
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VESTIÇÃO DE BATINA
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PRIMEIROS ESTUDOS
Dei começo aos estudos, no dia seguinte, cursando 1° ano
de Humanidades. A bagagem intelectual que levei foi a que colhi,
nos bancos de Escolas Primárias. Todavia, como gostasse de
estudar, mostrei-me capaz de subir um degrauzinho a mais. Os
próprios professores espontaneamente se interessaram pelo caso e
trataram do assunto, junto ao Cônego Reitor. Que bons amigos!
Eram eles - Teólogo Olívio Teixeira 19 (Latim), Professor Tênisson
Ribeiro (Matemática e Francês), Teólogo João Moreira Lima 20
(História da Igreja), Cônego João Serapião Machado 21 (História da
Civilização e História do Brasil), Teólogo José Araújo Machado
(Português), Teólogo Avelar Brandão (Religião). Passei para o 2°
ano em todas as matérias, com exceção do Latim. Também tive a
honra de uma colocaçãozinha, no Corpo Docente do Seminário,
ministrando aulas de Música.
Após os exames, no fim de 1931, passei para o 3° ano em
Português, Francês, Matemática e História e para o 2° ano de
Latim. Da mesma forma foi a subida de degraus, nos anos 1932 e
1933. Em 1934, deveria passar para o Seminário Maior, cursando
Filosofia e, ao mesmo tempo, o 4° ano de Latim, que ficaria em
atraso.
Aconteceu a aqui o inesperado. Esteve em Aracaju o
visitador dos Seminários do Brasil - Mons. Alberto Pequeno,
acertando o que não mais haveria Seminário Maior, nas Dioceses e
consequentemente, em Aracaju. Agora só nos Seminários centrais,
nas Arquidioceses, é que se poderiam cursar filosofia e teologia. E
agora José? Vi pela frente dois graves problemas. Como ir para o
outro seminário eu que, ali era um aluno gratuito? Como começar o
curso de filosofia noutro seminário, eu que deveria cursar ainda o
4° ano de latim? Aproveitando excelente oportunidade, aproximei-
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me do Sr. Bispo Dom José Thomaz, que estava a tomar uma
fresquinha, no janelão, que ficava perto do seu gabinete, e lhe falei
sobre a minha situação. Não posso me esquecer da resposta que ele
me deu - “MEU FILHO QUEM TEM VOCAÇÃO SE
ORDENA!”.
SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS
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respondeu: VOCÊ NÃO SABE QUE O BAILE NÃO COMEÇA,
ENQUANTO SUA MÃE NÃO CHEGAR! E desligou.
Não havia bailes, no Seminário; mas haviam festas de
palco, feitas em clima de contagiante animação, até mesmo sem
mundanismo, nos dias do Carnaval. Certa vez, usaram no Carnaval
do Recife uma composição minha. Foi feita para uso interno, mas
teve repercussão fora. Certamente, porque a letra continha
brincadeira e a música era semelhante à das marchas carnavalescas.
Uma excelente colega de nome Moacir Costa Pinto foi
nomeado enfermeiro da semana. Grassou, dentro do Seminário
uma forte gripe. Todas as noites Costa Pinto ia ao dormitório, de
bule na mão, levar chá de alho aos que estavam gripados. O cheiro
da medicina liliácea enchia o vasto recinto, fartamente ventilando,
com numerosas janelas, no alto, expostas ao vento.
Costa Pinto me havia emprestado um Compêndio de
Ontologia, protegido pela sobrecapa de um bom alvinho papel.
Quando eu entreguei de volta, escrevi bem no centro da capa, estes
versos:
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CNBB, vi logo a notícia: “FALECEU DOM JOÃO DE SOUZA
LIMA”.
NOSSA VIAGEM PARA O SUL
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muito de ouvi-nos o Tenente Barônio - regente da Banda de música
do 8° Batalhão de Caçadores.
PRECIOSA CORRESPONDÊNCIA
Um grande abraço
Em conversa com Dom Gregório Warmeling, Bispo de
Joinville-SC — recordamos os tempos já distantes de nossos
estudos, em São Leopoldo. Entre os colegas recordado emerge a
pessoa simpática de nosso sempre lembrado José Moreno de
Sant’Ana. Recordamos o entusiasmo com que o sr. tocava o
bombardino em nossa banda.
Aquele bombardino era um instrumento de
estimação de falecido meu pai. Como nossa banda não tinha
bombardino e o senhor sabia tocar (e muito bem), fui à casa de
minha mãe e trouxe o bombardino. Ainda hoje tenho em minha
casa um retrato da banda musical de minha terra natal e nele meu
falecido pai aparece empunhando galhardamente o bombardino,
que foi parar tão bem em suas mãos!
Como os tempos passa! Eu já completei 51 anos de
padre e estou por completar 52. Desde 1949, primeiro bispo
nomeado e sagrado no dia 29/11/1950. Desde 1981, estou em Porto
Alegre. Foi nomeado agora um Arcebispo Coadjutor C.D.S.
A velhice se faz sentir. Não foi aceita a minha renúncia e
assim devo continuar ainda por algum tempo. Completei 75, no dia
24/06/1988. E o sr.? Quantos sei, vai completar 50 anos de
sacerdócio. Meus parabéns antecipados. Que lindo se o senhor
viesse em passeio ao Sul. O receberia de braços abertos. Recordar
o passado é revivê-lo.
Carinhosamente
+ Cláudio Colling28
Arcebispo de Porto Alegre
Sant’Ana,
O meu abraço mais que cordial. Parabéns pelos seus 80
anos de vida e 50 de sacerdócio. Valeu a pena termos vividos
juntos em São Leopoldo.
Só aqui, na 26ª Assembleia soube que o bombardino era do
falecido pai de Dom Cláudio. Foi também ele que me disse que
aquele canto: “Ser Sacerdote29” foi trazido ao Sul pelo Sant’Ana.
Que bonito!
Sant’Ana, fui ordenado no dia 5 de setembro de1943. Fui
sagrada no dia 26 de junho de 1957, para Joinville. E ainda estou
aqui. Como me alegra escrever-lhe estas linhas!
Aceite um grande abraço de quem realmente lembra e
estima.
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+ Gregório Warmeling30
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BOM RELACIONAMENTO
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GOZO DE FÉRIAS
Devo agradecer muito a Deus o presente de Boas Férias e,
que me deu, na agradável companhia dos APOSTÓLICOS
PADRES PALOTINOS33, durante os anos de 1936, 1937 e 1938.
Em VALE VÊNETO34, me demorei por mais tempo, sendo
hóspede do saudoso Pe. Jorge Zanchi, sacerdote erudito, piedoso e
bom músico brincava com as teclas do hormônio e chegava a
mandar composições para a Itália. Quando, pela primeira vez fui a
VALE VENETO, fiquei admirado de ver como um lugar de tão
poucas residências tinha uma igreja tão grande e bonita. No
domingo, se me desvendou o mistério: Igreja cheia, com muitos
homens a orar e cantar os louvores a Deus. É que o povo morava
espalhado em numerosos sítios, no domingo todos iam participar
da Santa Missa. Casa fechada, pai, mãe e 16 filhos, todos na igreja.
Também fazia gosto ver a reunião que existia entre eles; pareciam
integrar uma só família. E não é isto mesmo? TODOS OS
IRMÃOS E FILHOS DO MESMO PAI CELESTE - “PAI NOSSO
QUE ESTAIS NO CÉU.”
Passei férias ainda com os mesmos bons amigos Palotinos,
no PATRONATO AGRÍCOLA MARCELINO RAMOS, em
SANTA MARIA DA BOCA DO NORTE, junto aos apostólicos
filhos de SÃO VICENTE PALOTTI. Muito me lembro do
venerando superior - Pe. Rafael Jop, bem como dos fervorosos
missionários padres Benjamin Ragaghim, Celestino, Bolzan Piveta
e outros. Prestei ajuda na grande tipografia que eles possuíam
fazendo revisão de impressos, notadamente da conceituada
REVISTA RAINHA DOS APÓSTOLOS35.
Um dia Pe. Rafael me confiou uma tarefa bastante
trabalhosa, mas igualmente honrosa. Viveu em Spoleto, na Itália,
mas uma jovenzinha de nome MARIA FILIPETO, cuja vida cheia
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de grande amor a Deus devia ser bem divulgada. Era esboço de um
2° Tomo de SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS. Até
amor ao sofrimento demonstrava. Merece relevo nesta afirmação
da Santinha de Lisieux: “UM DIA SEM SOFRIMENTO É UM
DIA PERDIDO.”
Pe. Rafael possuía a biografia de Maria Filippetto, mas em
italiano. Tentando fazer uma versão dela para o português,
escreveu para a Itália, pedindo a necessária licença. Esta não lhe
pôde ser concedida, porque já havia sido dada para Portugal. Que
faz o Pe. Rafael? Disse-me - Sant’Ana, seu trabalho aqui nas férias
vai ser o seguinte. “Você leia bem a vida desta menina e a escreva
a seu modo.” Boa maneira de evitar plágio. Meti mãos à obra, e da
diuturna trabalheira surgiu um livrinho que recebeu o nome de
LÍRIO ENTRE ESPINHOS36. Na capa, ele colocou um artístico
lírio, cada pétala apresentando a Mariazinha em diferentes idades -
3, 6, 9, 12 e 15 anos.
Que esta nossa Irmãzinha muito interceda por nós junto ao
LÍRIO DOS VALES e a CHEIA DE GRAÇA E BENDITA
ENTRE TODAS AS MULHERES, MÃE DE JESUS nossa.
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ORDENS SACRAS RECEBIDAS
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SAGRADO DIACONATO
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SAGRADA ORDEM PRESBITERAL
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rezada, na mesma Catedral, e outras duas, na Capela de São
Sebastião e no Colégio de Santa Dorotéia.
EM MINHA PARÓQUIA DE ORIGEM
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MATERNO CONVÍVIO
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VIAGEM E RECEPÇÃO
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SOLENÍSSIMA POSSE
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VÁRIAS HABITAÇÕES
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PAÇO ARQUIEPISCOPAL DEFINITIVO
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MEIOS DE COMUNICAÇÃO
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TIMBIRA57, o programa IN VERBO TUO. A escolha do nome
constitui a homenagem ao meu Arcebispo Dom Adalberto Sobral,
cujo brasão de armas ostentava uma rede com dois peixes e essas
palavras de São Pedro, quando Jesus o mandou lançar a rede para a
pesca, em lugar e hora, que, humanamente falando, não ofereciam
esperança de êxito. Simão Pedro disse a Jesus: “Mestre, nós
trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos. Mas, já que o
Senhor manda jogar as redes, vou obedecer – in verbo tuo laxabo
rete.” E daí resultou uma pesca miraculosa, com peixes, que
ameaçavam arrebentar as redes. Até coloquei no santinho de
lembrança de minha ordenação sacerdotal:
“Ungiste-me, Jesus, com terno amor, De corações quero
extinguir-te a sede; Tu me fizeste de homem pescador, A TEU
MANDADO LANÇAREI A REDE.”
Na DIFUSORA DO MARANHÃO58, apresentava o
programa POR UM MUNDO MELHOR, aos domingos. Quando
me surgia algum impedimento, era substitui substituído por irmãos
da Congregação Mariana da Ação Católica. Todos os dias, minha
saudosa mãe, morando em Penedo, tinha um prazer de ouvir a voz
do filho. Certa vez, um pastor evangélico, que era diretor da Rádio
Timbira e também deputado estadual, assistindo ao meu programa,
perguntou, em linguagem cariosa: - “Sua mãezinha está ouvindo
isto?” – Era um DIA DAS MÃES e eu lhe diria filial saudação.
Respondi-lhe que sim. O parlamentar ficou admirado e até deu para
citar meu nome, em discurso que fez, na Câmara dos Deputados.
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DOM JOSÉ DE MEDEIROS DELGADO
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DOM OTÁVIO BARBOSA AGUIAR
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TERÇO EM FAMÍLIA
FALECIMENTO
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abençoado!”. Levantei-me, às 05 horas, para tomar banho. Quando
estava no banheiro, fui chamado aflitamente, por Ana, que disse
“Mercê está morrendo!” Apressei-me em vê-la e realmente estava
em seus últimos momentos. Entregara a alma Deus, munida dos
Santos Sacramentos e assistida por seu filho sacerdote a rezar.
O sepultamento se fez, no Cemitério Paroquial de Neópolis,
transladado o féretro, em lancha especial, vendo-se no
acompanhamento grande número de amigos, de Penedo e de
Neópolis. Cativante gentileza demonstrou o então Prefeito
Municipal de Penedo, o saudoso Dr. Raimundo Marinho,
responsabilizando-se por todas as despesas funerárias. Que se
encontrem juntos, no céu, tendo conhecimento desta recordação.
Tenho – na como uma intercessora a mais no céu, ao lado de meus
setes irmãozinhos.
NÃO VOLTEI PARA O MARANHÃO
CONSTRUÇÃO DE TORRES