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PE. MÁRIO CÉSAR DE SOUZA (ORG.

)
PE. MÁRCIO GONZAGA DE LIMA (ORG.)

MINHA MAIOR RIQUEZA

É MINHA POBREZA
autobiografia do
Mons. José Moreno de Sant’Ana
(1909 – 1989)
MINHA MAIOR RIQUEZA

É MINHA POBREZA
autobiografia do
Mons. José Moreno de Sant’Ana
(1909 – 1989)
PE. MÁRIO CÉSAR DE SOUZA (ORG.)
PE. MÁRCIO GONZAGA DE LIMA (ORG.)

MINHA MAIOR RIQUEZA

É MINHA POBREZA
autobiografia do
Mons. José Moreno de Sant’Ana
(1909 – 1989)

Santana do São Francisco – SE / 2020


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FICHA CATALOGRÁFICA

César de Souza, Mário, Pe. – Gonzaga de Lima, Márcio, Pe.


MINHA MAIOR RIQUEZA É MINA POBREZA –
autobiografia do Mons. José Moreno de Sant’Ana
(1909 – 1989) / Pe. Márcio Gonzaga de Lima, Pe.
Mário César de Souza – Santana do São
Francisco/SE., 2020.
56 p. il.

1. Autobiografia 2. Depoimentos 3. Leitura religiosa


SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
PREFÁCIO
APRESENTAÇÃO
SEM TÍTULO

Nasci no povoado Porteiras de Baixo, no sítio onde


residiam meus avós maternos, pertinho do riacho, que fica abaixo
do “BORGES”, às 06h da tarde - Hora do Angelus da quarta-feira,
dia 06 de outubro de 1909. Sou filho legítimo de Antônio Florêncio
Gomes e Claudemira Mercês de Sant’Ana, que passou a chamar-se,
depois, Maria das Mercês, por ter nascido no dia 24 de setembro,
em que se festeja Nossa Senhora das Mercês.
Recebi a graça do santo batismo, tornando-me filho de
Deus e da Igreja, no Convento de Santa Maria dos Anjos, de
Penedo-Alagoas, com 26 dias de nascido, no dia 1 de novembro —
Festa de todos os santos de 1909, das mãos do padre franciscano
Frei Miguel Petri, OFM, sendo meus padrinhos Tertuliano Mazzoni
e Maria Amélia Vinhais.
JOSÉ foi esse nome escolhido, muito antes do meu
nascimento. Minha mãe, fazendo orações, no mencionado
Convento, percebeu que era portadora de gente nova. Então, logo
aí, fez uns pedidos a Deus e formulou uma opção! “Se for homem é
José; se for mulher é Maria.” Eis porque me chamo JOSÉ, Ótimo!
“Fiquei assim confiado à proteção de poderosíssimo patrono SÃO
JOSÉ, pai adotivo de JESUS, nosso Divino Salvador, esposo
Virginal de Maria, mãe de JESUS, Mãe de Deus e nossa, “o Amor
de Deus feito Mãe” e Patrono da Igreja Universal”.

JOSÉ MORENO. De onde vem este MORENO? Vim


muito criança para a então Vilanova. Meu pai faleceu no dia 04 de
fevereiro de 1911. Moramos, primeiro na chamada “Rua da
Beirada”, hoje Getúlio Vargas. Meu avô - Manoel Emídio de
Sant’Ana - comprou duas casas, na então Rua das Flores,
atualmente, Rua Jackson de Figueiredo, a poucos passos da
chamada Rua da Avenida, hoje Barão do Rio Branco.
Ali morava um menino de nome José, cuja mãe também era
Mercês. Ele tipo garoto de rua que a muitos inquietava. Quando
fazia alguma de suas estripulias: “Foi José de Mercês!” É a frase,
que também podia ser aplicada mim. Como ele era muito alvo e eu,
Moreno, passou a ser critério de distinção a cor, valendo para mim
a alcunha de JOSÉ MORENO. Na escola passei a usar este
cognome, que, finalmente ficou figurando em todos os registros,
documentos e assinaturas, até hoje.
De SANT’ANA é nome de família, pelo lado materno, que
muito me honra, lembrando SENHORA SANT’ANA, nossa avó
celeste, MÃE DA MÃE DE JESUS NOSSO DEUS1.

1
MÃE CRISTÃ AUTÊNTICA

Minha saudosa mãe teve oito filhos - Jocelina, Nímia,


Maria das Dores, Manoel, Jonas, Maria, José e Francisco. Eu fui o
penúltimo. Os sete Deus levou, com a auréola da inocência. Gosto
de dirigir-me a eles, pedindo ajuda fraterna.
Ela participava assiduamente dos atos litúrgicos e prestava
valiosos serviços, sobretudo, como ativa zeladora do Apostolado da
Oração. Tinha grande amor ao Sagrado Coração de Jesus e todos os
vigários do seu tempo viam nela um forte Cirineu, nas lides
paroquiais. Até o fabrico de hóstias para o culto divino era mantido
por ela, gratuitamente. Só se fazia despesa com a compra de
farinha de trigo, que deveria ser de primeiríssima qualidade.
MARIA DAS MÊRCES
AMIGA DOS AGONIZANTES

As famílias que tinham doentes prestes a falecer,


costumava a procurá-la para piedosa exortação, no sentido de
ajudá-los a morrer na melhor ordem e união com Deus. Não raro,
era chamada, nas caladas da noite, por familiares de agonizantes,
que não podiam acompanhá-la, pelo ter que ir mais adiante.
Conhecendo o endereço do enfermo, ela ia mesmo sozinha ao
encontro dele.
Certa vez ela subia a chamada “Ladeira do Doutor”, hoje
Rua Prazildo Medeiros, passando, tudo ermo e escuro, por entre
fundos de casas e silencioso matagal, sem ver ninguém, recebeu
um forte murro na mão em que segurava o terço e o Adoremus.
Murro de quem? É fácil de adivinhar: de quem não queria que
aquele irmão moribundo penasse em Deus, pedindo-lhe perdão dos
pecados e morresse na amizade e graça do Senhor.
Esse caridoso trabalho lhe era penoso e requeria férrea
saúde. Às vezes encontrava doentes em situação que ninguém
queria deles se aproximar, ora temendo contágio, ora por ausência
de limpeza e higiene. Era-lhe bom companheiro, nessas ocasiões,
um amigo, que até se abraçava com recém-falecido, para lhe vestir
a mortalha, sem o menor constrangimento. Era Sr. Antônio Santos,
que tinha o apelido de “Bodega”.
MINHA INFÂNCIA
JUNTO DO ALTAR

Mamãe, como sempre a chamava, fazia-me acompanhá-la,


quando ia à missa. Eu tinha que ficar junto a ela, para não inquietar
o sacristão, que, ao mesmo tempo era conceituado tabelião – Sr.
Paulo Vieira do Carmo. Um dia, prometi-lhe comporta-me bem e
ela me deu permissão para ficar perto do altar. Ali, de tanto prestar
atenção a tudo, aprendi a ajudar Missa com cinco anos de idade,
tendo mesmo decorado as respostas em latim - “Intróito ad altare
Dei - Ad Deum, qui laetificat juventutem meam”, etc. Até o missal,
que o acólito portava sobre o peito, seguindo para o altar, era um
de menor tamanho, por ser mais leve.
Minha saudosa mãe se esmerou em doar-me formação
cristã, logo cedo me aproximando do altar. Muito fracionei como
coroinha e até, mais tarde, como sacristão2.

2
PRIMEIRA EUCARISTIA

Recebi, pela primeira vez, Jesus realmente presente no


Santíssimo Sacramento da Eucaristia, “PÃO VIVO QUE DESCEU
DO CÉU”, para assimilar-nos e comunicar-nos sua vida, no dia 11
de junho - Festa de Pentecostes de 1916, das mãos do pároco -
Padre José de Melo Bulhões3.

3
SANTA CRISMA

Quem me fez soldado de Cristo, pelo Sacramento da


Confirmação ou Crisma, foi o apostólico primeiro bispo de Aracaju
Dom José Thomaz Gomes da Silva 4, de santa memoria, tendo sido
meu padrinho o então vigário Padre Juvêncio de Brito 5, que mais
tarde, foi Bispo de Caetité, na Bahia.

5
RELACIONAMENTO COM MEUS VIGÁRIOS

Sempre frequentando os atos religiosos, sentia-me bastante


ligado a todos os vigários a quem acolitava. Várias vezes
acompanhei o Cônego José Bernardino Dias Nabuco6, inclusive de
visita a sua família no Engenho Bom Jardim, perto da hoje
Carmópolis. Tinha muito cuidado de mim sua irmã Mariana.
Cônego Nabuco era muito caridoso. Quando assolou em nossa
região a epidemia conhecida por “Influenza Espanhola 7” e ele
visitava a todos os doentes, na própria residência, e aos carentes
muito ajudava, inclusive autorizando a busca de alimentos, na casa
paroquial. Até, durante a noite, visitava doentes, de lanterna na
mão, pois ainda não tínhamos luz elétrica, e em certa ocasião, até
suportando o incômodo de um pé doente, calçando chinelo.
Padre Arthur Alfredo Passos8 foi outro vigário, de que
vivamente me recordo. Era surdo; mas muitas vezes entendia o que
se dizia, olhando o movimento dos lábios, gestos e escritos. Era
muito inteligente e operoso. Mesmo com voz sofrendo influência
da surdez, fazia gosto ouvir o excelente orador. Muitas vezes lhe
ajudei a santa missa. Certa feita passei vários dias com ele, no
“Papa Ovelha”, perto de Ilha das Flores - propriedade do seu velho
tio Sr. Manoel Leite. Também era cativantemente dedicada sua
irmã adotiva - Dona Estelita Vieira.

Permitam-me aqui a digressão de uma historiazinha

Certa vez a imagem de Santo Antônio, que temos no altar


trono da igreja matriz, amanheceu manchada de branca sujeira de
algum mau pintor corujão9. Urgia limpá-la. Padre Arthur chamou

9
minha mãe para ajudar na tarefa. Um rapaz subiu para descer a
imagem. Percebeu-se, então que, debaixo da peanha, havia presa
uma sobrecarta. Terminada a limpeza, Padre Arthur disse: “Agora
vamos ver aqui uma coisa... “Levantou-se a imagem e... nada mais
havia, debaixo da peanha10. Padre Arthur perguntou a minha mãe:
“Você viu Mercês? Ela respondeu: Vi! Então ele disse a Santo
Antônio; - “Esse era seu protegido, hein”! Esse era seu protegido!”.
Deveras, podia haver ali um pedido muito delicado de alguma
pessoa grandemente aflita, uma esposa, ou mãe aflita.
Padre Arthur foi excelente prefeito municipal de Vila
Nova11. Ocorreu, no tempo dele, celebrarem-se os 100 anos da
Independência do Brasil. Ele promoveu entusiásticas
comemorações, muito se utilizando da mocidade estudantil. Como
significativo marco do acontecimento, ela plantou a bela palmeira,
que tanto embelezava a Praça General Oliveira Valadão. Por sinal,
que ele concedeu à minha saudosa mãe a honra de colocar, na
abertura do solo adrede preparada, o espécimen, ou palmeirinha
embrionária, em meio à ruidosa salva de palmas e vibração de
cânticos. Era o dia sete de setembro de 1922. Pena é que esta
palmeira não existe mais. Gravemente danificada, por insetos, teve
que desocupar o lugar.

10

11
JUVENTUDE

Minha zelosa mãe sempre se preocupou com minha


educação. Mesmo viúva pobre, cedo eu já estava indo para a
escola. Lembro muito das esforçadas professoras Rosentina, Staér
Gois e Olga Bispo. Mais tarde grandemente me favoreceram as
aulas noturnas que frequentei, tendo tido a honra de ser aluno do
abalizado e inesquecível Amintas Diniz de Aguiar Dantas12.
Também minha mãe cuidou de que fosse melhormente
empregado o meu tempo, dificultando espaço para maus convívios.
Tomou providências para que eu aprendesse algum oficio. Então
passava as tardes, aprendendo a fazer calçados, na oficina do
competente mestre Sr. José Oliveira Paraíba, na intimidade - José
Sapateiro.
Fiz progresso na arte, a ponto de depois ter uma oficina
própria, na Rua das Flores. Trabalhei com formas e ferramentas,
até o dia que deixei Vilanova, para ingressar no seminário. Fazia
todo tipo de calçados e até os vaqueiros gostavam de procurar-me,
porque as botas que me encomendavam saiam muito reforçadas e
por isso duravam mais. Às vezes, colocava calços na forma, por
causa de defeitos e doenças nos pés dos clientes.

12
PENDORES PARA A MÚSICA

Outro inesquecível personagem firmou-se na história de


minha juventude. Foi o abnegado velhinho, que, com muita
dedicação me fez conhecer e utilizar as SETE NOTAS MUSICAIS
- o saudoso Manoel Funileiro. Dedicava-me grande estima. Quando
lhe apresentei minhas despedidas, ao sair para o seminário, ele me
abraçou, tendo a voz embargada pela emoção.
Manoel Funileiro adotava um método de ensino eficiente.
Cada dia escrevia de próprio punho, uma lição para o aluno
solfejar, de modo gradativo. Começava pelas mais breves e
semibreves, mínimas e semimínimas, depois colcheias e
semicolcheias. A estas alturas o aluno já era capaz de ler alguma
coisa de música, por si próprio. Estava na hora de arranjar um
instrumento para o novo músico. Às vezes isto era fácil, porque
havia disponível uns instrumentos que pertenciam a uma banda de
música da EMPRESA TÊXTIL DE FIOS E TECIDOS 13. Primeiro,
toquei em si bemol; depois, bombardino em dó.

13
BANDA DE MÚSICA DE NEÓPOLIS

Apraz-me dizer algo sobre a Filarmônica em Neópolis.


Havia uma boa banda de música, que, todavia, nunca se firmou,
permanentemente, não obstante ter tido épocas brilhantes. Foi ela
que alegrou a festa realizada, em Penedo-Al, quando da retumbante
vitória da Revolução de 1930. Penedo possuía duas bandas de
músicas muito boas - a do Professor Bem-Bem e a do maestro Júlio
Catarino. Mas nenhuma estava funcionando.
Nossa banda de música teve diversos regentes. Lembro-me,
aqui, do competente Mestre Abílio, que nos veio da terra da música
¬ Traipu (AL); do extraordinário José Prata, vindo do 28° Batalhão
de Caçadores, de Aracaju SE, que fazia seu clarinete imitar violino,
e do inconfundível Ozil, cujo pistom era delicioso de ouvir.

MÚSICOS DE NOSSA FILARMÔNICA, DE SAUDOSA


MEMÓRIA E DIGNOS DE ESPECIAL DESTAQUE:

Manoel Funileiro - já citado com seu interessante Oficleide


em dó e contrabaixo em si bemol.
João da Silva Pequeno - Saxofone alto.
Zacarias José dos Santos - Clarineta.
Manoel Amaral - Clarineta.
José “das Crôas” - Clarineta.
Olegário Souza – Clarineta e Saxofone.
Francisco Costa - Clarineta.
Antônio José dos Santos (Branco) - Clarineta, Requinta e
Tarol.
Antônio Lopeu - Contrabaixo, mesmo com a mãe esquerda,
depois que perdeu três dedos da mão direita, em oficina mecânica.
José Pissica - Trombone de primeiríssima
Ozil - Vibrante Pistom.
José Oliveira (Zezé) - Trompa e Violão, que imitava piano.
Chico Galo, ou da Trompa - Trompa.
Adventino Almeida (Tino) - Trompa.
Doga - Trompa.
Maximino da Silva - Trompa e Tuba.
Guilhermino Santos - Barítono.
Lourival Brandão - Trompa.
Maninho Carvalhal - Violão.
Emídio “Mouco” - Tambor e espetacular Pandeiro.
Manoel Pedro - excelente Clarinetista.
Manoel Vitorino - Bombo.
José dos Óculos - Bombardino.
João José de Oliveira - Contrabaixo.
José Moreno de Sant’Ana - Bombardino, fazendo seu
barulhozinho, à base de contracantos e piruetas

O saudoso Heliogábalo de Carvalho14 - por vezes tinha nas


mãos a batuta de regente e também acionava as teclas de afinado
Pistom. Mais uma figura inesquecível apraz-me focalizar. É tão
importante que emprestou o nome à praça onde morava - PRAÇA
MANOEL ADELINO DA CRUZ. De batuta na mão, fazia com
que um volumoso coral executasse com perfeição, missas a três e
quatro vozes, como as que havia, há meio século atrás. Marcava
ensaios, em sua própria residência. Não admira que seja musicista
que é sua neta Maria Cruz Mota.
Em nossa velha Schola Cantorum eram, entre outras, vozes
de escol minha madrinha Zafira do Sacramento e na gravidade de
autêntico baixo, Maria Isidoro Machado.

14
DUAS TOCATAS PITORESCAS

Certa vez tivemos que ir a Propriá, para uma recepção


alegre e festiva ao Sr. Vicente Ferreira, irmão do Sr. Antônio
Vicente Ferreira, na intimidade - Antônio Macaxeira - proprietário
do Aracaré. Organizara-se uma boa orquestra e subimos o Rio da
Unidade Nacional, a bordo da grande lancha ONDINA. Já nas
proximidades do Morro Vermelho e perto do Camurupim, lugar de
forte correnteza, percebemos que houve um violento choque, no
fundo da lancha, como se ela houvesse passado por cima de algum
enorme toco, ou galho de árvore. O fato é que a lancha começou a
encher-se d’água, dando sinais de que ia submergir-se. Todos
conseguiram saltar, até com bancos emendados, servindo de ponte,
e... ADEUS ONDINA! Desapareceu e nunca pôde ser retirada
daquele profundo perau. Muitas coisas saíram flutuando, à flor das
águas, tendo sido grande o prejuízo.
Que fazer agora, toda aquela gente, à margem tão erma do
rio? Graças a Deus, surgiu lá do outro lado, uma grande canoa de
tolda. Para ela o nosso SOS. Um dos nossos teve a boa ideia de
improvisar curiosa bandeira, amarrando o paletó a uma vara que
havia perto agitando-a ao vento. Fomos atendidos por aqueles
prestimosos cristãos e chegamos ao porto de Propriá.

Segunda tocata cheia de peripécias foi na cidade de


Pacatuba, tendo por objetivo solenizar uma posse de novo prefeito.
Seguimos para lá, em noite escura, cavalgando cavalos e burros. A
orquestra foi bem recebida e funcionou até a madrugada. Cedinho,
tratamos de retornar, agora, embarcados em canoas, pelo riacho do
Betume.

Quando íamos descendo a ladeira, rumo ao porto, ouvimos


tocar o sino da igreja-matriz. OUVIR MISSA INTEIRA, AOS
DOMINGOS E FESTAS DE GUARDA é o mandamento da igreja.
Falei sobre isto aos colegas. Mas eles, cansados e com muito sono,
não queriam voltar. Eu disse-lhes, então, que ia ficar e voltei. Que
belo! Todos eles voltaram também.
Tendo chegado à sacristia, me aproximei do Vigário, que
era Padre João Nabuco. Via- se uma senhora, arrumando o altar e
colocando os paramentos. Não havia acólito. Então eu peguei o
missal e Padre João me olhou de lado e perguntou - “Você sabe
ajudar a missa?” - Respondi-lhe que sim e tudo fiz direitinho, como
era de meu costume. Ele externou contentamento, oferecendo-me
ao fim, um presente, uma lata de goiabada e uma garrafa de vinho.
Foi uma festa, na canoa, todos servindo-se da inesperada
guloseima.
Logo, no início da viagem, surgiu uma brincadeira de mau
gosto. Atirar n’água o “cara”, com roupa e tudo. Só abriram
exceção para o velho Manoel Funileiro e para mim. Engraçado foi
o susto pregado pelo compadre Zacarias. Fingiu, com muita
perfeição, que estava morrendo, todo mole e espumando pela boca.
Médico no caso foi o compadre Zezé Oliveira, falando ao falso
moribundo sobre o assunto, que ele nunca ouvia, sem rir. Deu certo
o expediente e saiu mesmo uma boa gargalhada. Era nesse clima de
expansiva cordialidade que se mantinha o nosso relacionamento.
Diz-se que “Águas passadas não movem moinho.” Certo. É
igualmente certo que “o tempo passa e não volta mais.” Também é
certíssimo o que gostava de repetir a Fundadora do Carmelo -
Santa Tereza de Jesus - “TUDO PASSA E DEUS NÃO MUDA”.
“O QUE É QUE HÁ?”

Muita gente pergunta - PORQUE NEÓPOLIS NÃO


POSSUI UMA BOA BANDA DE MÚSICA? Há nela uma grande
mocidade, com excepcionais qualidades para isto. Haja vista suas
bandas marciais, que tanto animam brilhantes paradas. Como se
apresentam, no grande desfile do dia da pátria, as do Colégio
Caldas Júnior, da Escola de 1° Grau Marechal Pereira Lobo e a do
Centro Educacional Municipal Tiradentes fariam boa figura, em
qualquer capital do país,
Houve aqui um acontecimento, que pode ser lembrado,
com bastante oportunidade. Registrou-se, no mês de setembro de
1909, poucos dias antes do meu nascimento, na praça matriz.
Estava se realizando, em Vilanova, uma Santa Missão,
pregada pelo apostólico Missionário Pe. Rocha. Era em seu tempo,
uma espécie de Frei Damião. Na pregação da noite, em praça
pública repleta de fiéis, ele tinha que levantar muito a voz, para se
fazer ouvir, pois ainda se dispunha de serviço de som, como hoje.
Numa casa, que ficava ao lado esquerdo da Igreja de Nossa
Senhora do Rosário, se faziam ensaios da banda de música local.
Padre Rocha pediu que não tocassem instrumentos musicais,
naquela hora; mas não foi atendido.

Certa vez, quando ele fez o sinal da cruz, para começar a


pregação, a banda de música também começou a tocar. Ele parou,
voltou-se para lá e, levantando a voz, traçou três vezes o sinal da
cruz, dizendo: Deus os abençoe! Deus os abençoe! Deus os
abençoe!
A seguir, registrou-se o inexplicável. Algo estrondava,
debaixo do solo, horrissonamente, e o povo, assustado dizia: Que é
isso? E corria para todos os lados, desabelhadamente, pisando uns
aos outros, virando cadeiras e tambores, na maior confusão Padre
Rocha gritava: Aquieta Povo! E, nada.
Eu, a quem faltava poucos dias para nascer, não morri
esmagado pela multidão, porque minha mãe correu ligeiro e foi se
abrigar, junto ao grande Cruzeiro, que os mesmos Missionários
haviam erigido, como lembrança das Santas Missões. Este Cruzeiro
foi retirado, deixando-me vivas recordações. Eu, rapazinho, era
encarregado de acender, à tardinha, os dois lampiões que
iluminavam, durante a noite. Circundava-o um bonito gradil de
ferro. Conserva-se algumas partes dele, no coro da igreja-matriz, na
janela esquerda da nave do altar-mor, na Capela de Nossa Senhora
das Dores e na entrada da Casa Paroquial.
Voltando ao mencionado fenômeno, que assombrou o povo
da Santa Missão: Um senhor, que estava deitado numa alta calçada,
que havia na Fábrica de Óleo, disse ter visto, rolando da ladeira,
hoje Rua Hildebrando Torres, qualquer coisa como se fosse um
grande barril, que entrou n’água, produzindo um marulhar tão forte
que ameaçou afundar uma canoa de tolda, que, no momento ia
passando.
Seja como for, nunca nos foi possível possuir uma banda de
música vitalícia, como noutros lugares, até cidades de menor porte.
Ainda não perdi a esperança de ver Neópolis dotada de uma boa
filarmônica. Podem aparecer autoridades interessadas, que
obtenham do Ministério da Educação uma oferta de instrumental,
arranjem uma sede e consigam, para rege-la, algum competente
maestro.
CÔNEGO MIGUEL MONTEIRO BARBOSA

Fui sacristão do Cônego Miguel Monteiro Barbosa 15, de


saudosa memória. Dele se utilizou Deus, encaminhando-me para o
Seminário. Era muito ativo e trabalhador. A ele deve a nossa
Igreja-Matriz a grande e preciosa bancada que possui imorredoura
lembrança do seu abençoado paroquiato. Também se voltou de
cheio, para solução de problemas vocacionais. Temos duas
virtuosas neopolitanas, cuja vocação para a vida a Deus consagrada
ele procurou aproveitar. Foram as duas irmãs Libânia e Maria José
Cardoso, hoje as duas religiosas — Irmã Dafrosa e Irmã Severina.
Também eu fui beneficiado por seu apostólico zelo.
Houve uma fase de minha infância e parte da juventude, em
que sentia um grande desejo de ser Padre. Até em tenra idade,
brincava de celebrar missa, em tosco altarzinho, até fazendo
pregações. Numa dessas vezes, prendi a atenção de um importante
senhor, que passava e parou para escutar o que eu estava dizendo.
Deveras eram pensamentos de valor, publicados no
MENSAGEIRO DE FÉ16, que eu havia decorado e estava
comunicando.
O sacristão do Cônego Miguel nunca lhe falou sobre o
desejo de ser Padre, mesmo porque ia esmaecendo a ideia, diante
da falta de meios e recursos. Um dia, foi ele quem me procurou,
dizendo: — José, eu ouvi dizer que você deseja ser Padre. Olhe Sr.
Bispo — Dom José Thomaz — me nomeou Reitor do Seminário
do Sagrado Coração de Jesus, de Aracaju. Se você quiser, eu falarei
com ele, para que o aceita, gratuitamente. “Respondi que ia
consultar minha mãe. Eu era responsável pelo sustento da casa.
Afastando-me, ela teria que ficar, juntamente com minha tia
Hermília das Virgens Sant’Ana, trabalhando para manter-se. Foi
maravilhosa a resposta: “MEU FILHO, AINDA QUE SAIBA QUE

15

16
VOU MORRER DE FOME, NÃO LHE IMPEÇO DE IR PARA O
SEMINÁRIO.”
Comuniquei ao Cônego Miguel, que já se encontrava em
Aracaju, a heroica decisão e meu SIM.
Quando o Cônego Miguel falou a meu respeito com o
boníssimo Sr. Bispo Diocesano - Dom José Thomaz Gomes Da
Silva, assim ele respondeu, decididamente, “MANDE CHAMAR
LOGO O RAPAZ, PARA NÃO PERDER AS AULAS.” Fora de
série!
Cônego Miguel me escreveu, chamando e enviando em
anexo uma NOTA do necessário enxoval - duas batinas, sobrepeliz,
calças e camisas, roupa de cama, toalhas, etc. Dentro de 15 dias,
tudo me havia sido ofertado por numerosas pessoas da
comunidade. Até o saudoso amigo — Sr. Manoel Valadão Bastos,
na intimidade Nôzinho, que era proprietário do CINE local,
ofereceu uma sessão especial, em meu benefício.
CHEGANDO AO SEMINÁRIO

Surgiu o dia da viagem - 31 de março de 1931. Fora a


primeira vez que me ausentei, definitivamente, do lar materno.
Pode-se imaginar o que se passou no coração de minha mãe, com
tal separação. Ela encontrou consolo, ajoelhada diante de um
grande e belo quadro do SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, que
havia ganho num sorteio, quadro que ainda conservo, com muito
carinho. A viagem não se fez num ônibus confortável da São
Geraldo, ou da Bonfim, como se faria hoje. Ia-se a Aracaju,
tomando-se o trem, na cidade de Propriá. Viajei na canoa que
pertencia ao meu saudoso compadre José Cardoso, conhecido por
“José Gringo”, tendo ao leme meu prezado parente e amigo
Messias, a quem muitos chamam - Messias do SESP. Chegando a
Propriá, fui hospede da família do com colega, mas tarde sacerdote
extraordinário valor - Pedro Silva. De manhã, viajei de trem para
Aracaju, onde cheguei, à tardinha.
Que impressão me causou o primeiro contato com aquela
piedosa comunidade! Os seminaristas estavam, na linda Capela
rezando o terço de Nossa Senhora, tirado pelo teólogo João
Moreira Lima, que hoje faz maravilhas na Paróquia de Nossa
Senhora De Lourdes, de Aracaju, onde não faz muito, celebrou
entusiasticamente a suas BODAS DE OURO SACERDOTAIS. Na
belíssima homilia da missa solene de ação de graças, foi um primor
o que disse dele o saudoso Eminentíssimo Cardeal Arcebispo
Primaz do Brasil - Dom Avelar Brandão Vilela17.

17
VESTIÇÃO DE BATINA

Era objeto de especial cerimônia. No meu exemplar da


IMITAÇÂO DE CRISTO, escrevi a respeito: Entrei no Seminário
do Sagrado Coração de Jesus. No dia 31 me março de 1931.
Recebi, à noite, a primeira batina - traje que só de usar ufana e
glorio. Realmente nunca a deixei de usar. Mais tarde, iria ouvir o
meu apostólico Bispo - Dom Adalberto Accioly Sobral 18 dizer: “A
BATINA É UMA VESTE, QUE LEMBRA A TÚNICA DE
JESUS E A BANDEIRA DO BRASIL.” Às Vezes até me serve de
documento, transitando de carro, pelas rodoviárias.

18
PRIMEIROS ESTUDOS
Dei começo aos estudos, no dia seguinte, cursando 1° ano
de Humanidades. A bagagem intelectual que levei foi a que colhi,
nos bancos de Escolas Primárias. Todavia, como gostasse de
estudar, mostrei-me capaz de subir um degrauzinho a mais. Os
próprios professores espontaneamente se interessaram pelo caso e
trataram do assunto, junto ao Cônego Reitor. Que bons amigos!
Eram eles - Teólogo Olívio Teixeira 19 (Latim), Professor Tênisson
Ribeiro (Matemática e Francês), Teólogo João Moreira Lima 20
(História da Igreja), Cônego João Serapião Machado 21 (História da
Civilização e História do Brasil), Teólogo José Araújo Machado
(Português), Teólogo Avelar Brandão (Religião). Passei para o 2°
ano em todas as matérias, com exceção do Latim. Também tive a
honra de uma colocaçãozinha, no Corpo Docente do Seminário,
ministrando aulas de Música.
Após os exames, no fim de 1931, passei para o 3° ano em
Português, Francês, Matemática e História e para o 2° ano de
Latim. Da mesma forma foi a subida de degraus, nos anos 1932 e
1933. Em 1934, deveria passar para o Seminário Maior, cursando
Filosofia e, ao mesmo tempo, o 4° ano de Latim, que ficaria em
atraso.
Aconteceu a aqui o inesperado. Esteve em Aracaju o
visitador dos Seminários do Brasil - Mons. Alberto Pequeno,
acertando o que não mais haveria Seminário Maior, nas Dioceses e
consequentemente, em Aracaju. Agora só nos Seminários centrais,
nas Arquidioceses, é que se poderiam cursar filosofia e teologia. E
agora José? Vi pela frente dois graves problemas. Como ir para o
outro seminário eu que, ali era um aluno gratuito? Como começar o
curso de filosofia noutro seminário, eu que deveria cursar ainda o
4° ano de latim? Aproveitando excelente oportunidade, aproximei-
19

20

21
me do Sr. Bispo Dom José Thomaz, que estava a tomar uma
fresquinha, no janelão, que ficava perto do seu gabinete, e lhe falei
sobre a minha situação. Não posso me esquecer da resposta que ele
me deu - “MEU FILHO QUEM TEM VOCAÇÃO SE
ORDENA!”.
SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS

1. Para completar o Curso de Latim, estudei, por alguns


dias, o programa para o exame do 4° ano, inclusive com tradução
das Eneida de Virgílio, tendo como lente o abalizado Professor
Manoel Cândido. Graças a Deus, fui feliz tirei nota 5 e passei.
Estava completo o Curso.
2. Como cursar filosofia e teologia, noutro seminário?
Confiando na providência de Deus - diz o Salmista – “NINGUÉM
SERÁ ENVERGONHADO”.
Cônego Mário De Miranda Villa Boas 22, exímio intelectual
e orador, que tinha até a alcunha de “ROUXINOL DE SERGIPE”,
era afilhado muito querido do Sr. Dom Adalberto Accioly Sobral,
então Bispo da Barra do Rio Grande, no interior da Bahia, e fora
transferido para a Diocese De Pesqueira, no estado de Pernambuco.
Tive a ideia de ir à casa do Cônego Mário, na Praça
Camerino, de Aracaju, para pedir sua interferência, junto a Dom
Adalberto, no sentido de que ele me desse acolhida e proteção.
Cônego Mário disse-me “Fique tranquilo José, eu vou me
interessar por você.” Quando o Cônego Mário Vilas Boas tratou do
assunto com Dom Alberto, este respondeu, logo agindo. Chamou
sua admirável irmã - Sra. Alzira Accioly Sobral - e disse-lhe:
ZIZINHA, TOME CONTA DO RAPAZ!” Palavras de encantadora
eficiência!

O que fez D. Zizinha? Arranjou quatro pessoas de sua


amizade, que se prontificaram a custear todas as minhas despesas
de Seminário, até a Ordenação Sacerdotal, durante o espaço de seis
anos. Constituíram a preciosa inesquecível quádrupla amiga o Sr.
Aurélio Prado e as Srs. Joaninha Prado, Maria Rollemberg da
Cruz) e Clarice Rollemberg da Fonseca, pessoas que estão sempre
vivas e presentes em minhas orações diárias.
22
SEMINÁRIO DE OLINDA

Resolvido o problema de ordem financeira, foi decidido


que eu deveria continuar os estudos, no Seminário de Olinda 23. Ele
tinha um bonito hino - letra e música, respectivamente dos teólogos
Avelar Brandão Vilela e Hermínio Queiroz. Dê-nos uma ideia o
marcial refrão:
O Seminário de Olinda é glória da Vocação Sacerdotal. O
seu passado é bela história, é vibrante, é imortal não desmintamos,
caros companheiros, tão famosas tradições deste Berço de
Guerreiros – denodados Campeões!
Dito e feito. Eis-me, agora, no célebre casarão, entre as
palmeiras de esbelta colina e os coqueiros de imensa praia,
contemplando o lindo panorama do Recife - “Veneza Brasileira” -
e a imensidão do mar. Ao subir centenas de degraus de pedra,
quando se fazia uma pausa de descanso, descortinava-se a beleza
da capital de Pernambuco e se dizia: - OH! LINDA!
Ali cursei dois anos de filosofia, contando com o valor de
vários professores laureados em Roma, como o Padre João Costa,
extraordinário Diretor Espiritual e lente de Psicologia, Pe. José
Carvalho lente de Filosofia, Cônego José Guedes, lente de
Teologia, Cônego Sidrônio, lente de História da Civilização e
vários outros.
A direção do Seminário fora confiada pelo Sr. Arcebispo
Metropolitano Dom Miguel de Lima Valverde 24 - a verdadeiros
homens de Deus, sendo Reitor o Cônego José Marinho e vice reitor
o Pe. João Rodrigues. Mordomo era o Pe. Alberico Fragoso,
sempre ativo e bem disposto. Certa vez, ele atendeu a um
engraçadinho do Recife, que telefonou, dando trote. Perguntou - “A
que horas vai começar o baile aí no Seminário? - Pe. Fragoso

23

24
respondeu: VOCÊ NÃO SABE QUE O BAILE NÃO COMEÇA,
ENQUANTO SUA MÃE NÃO CHEGAR! E desligou.
Não havia bailes, no Seminário; mas haviam festas de
palco, feitas em clima de contagiante animação, até mesmo sem
mundanismo, nos dias do Carnaval. Certa vez, usaram no Carnaval
do Recife uma composição minha. Foi feita para uso interno, mas
teve repercussão fora. Certamente, porque a letra continha
brincadeira e a música era semelhante à das marchas carnavalescas.
Uma excelente colega de nome Moacir Costa Pinto foi
nomeado enfermeiro da semana. Grassou, dentro do Seminário
uma forte gripe. Todas as noites Costa Pinto ia ao dormitório, de
bule na mão, levar chá de alho aos que estavam gripados. O cheiro
da medicina liliácea enchia o vasto recinto, fartamente ventilando,
com numerosas janelas, no alto, expostas ao vento.
Costa Pinto me havia emprestado um Compêndio de
Ontologia, protegido pela sobrecapa de um bom alvinho papel.
Quando eu entreguei de volta, escrevi bem no centro da capa, estes
versos:

“Ó Dor enorme eu sinto, só de um recurso me valho: é


saber, é saber de Costa Pinto, se hoje temos, se hoje temos chá de
alho.”
Isto provocou risadas e suscitou os colegas o desejo de que
eu fizesse mais outras estrofes e as dotasse de música especial, para
serem cantadas, no próximo passeio de praia. Saiu tudo, como
queriam, e, como disse, e até no Recife divulgaram. Creio que
serviram de veículos famílias de lá, que visitavam seminaristas.
Que bons colegas! Tenho perto de mim um deles - Pe. José
Mousinho, zeloso para Pároco de Cana-Brava, Alagoas. Como me
lembro do José Augusto, de um Calábria, respeitável baixo do
coral; do alinhado Teatino, de Itamaracá, no inteligente José
Brasileiro e de tantos outros.
SEMINÁRIO CENTRAL DE SÃO LEOPOLDO - RS

São imperscrutáveis os desígnios de Deus. Meu apostólico


bispo Dom Adalberto Sobral - quis que eu acompanhasse o
prezadíssimo colega de saudosa memória - JOÃO DE SOUSA
LIMA25, para fazermos juntos o Curso de teologia, no Seminário
Central de São Leopoldo26, no Rio Grande do Sul (RS).
SOUSA, como intimamente chamávamos, era natural de
Tacaratú (PE). Foi meu excelente colega no Seminário de Olinda
também. Depois veremos como igualmente foi meu colega de
Ordenação Sacerdotal. Tinha espírito eminentemente missionário e
se interessava, ao máximo, pela PROPAGAÇÃO DA FÉ e pela
OBRA DAS MISSÕES.
Teve um curriculum vitae brilhante. Foi Bispo Auxiliar de
Diamantina (MG) - 1949- 1955; Bispo Diocesano de Nazaré da
Mata (PE) - 1955 a 1958; Arcebispo Metropolitano de Manaus
(AM) (1958-1980). Renunciou e passou a residir, em Salvador,
como Arcebispo Coadjutor do Eminentíssimo Senhor, também de
saudosa memória Dom Avelar Brandão Vilela — Cardeal
Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil. Finalmente, resolveu
consagrar se a Deus, na vida religiosa e tornou-se monge
Cisterciense, no Mosteiro de Jequitibá, na Bahia. E, como tal o
chamou Deus para o eterno descanso, quando se encontrava, no
Palácio Cardinalício de Salvador, ao meio-dia, sol zênite do dia 01
DE OUTUBRO - MÊS DAS MISSÕES DE 1984, também dia da
Festa litúrgica de SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS -
Padroeira das Missões.
Que Deus o tenha bem perto de Si, colocando também
muito perto de nós.
Apraz-me perceber que ele se lembra de mim, porque, aqui
me deu um sinalzinho do acontecimento. Ao receber o boletim da

25

26
CNBB, vi logo a notícia: “FALECEU DOM JOÃO DE SOUZA
LIMA”.
NOSSA VIAGEM PARA O SUL

Souza Lima e eu viajamos juntos, rumo aos pampas


gaúchos, a bordo do Transatlântico alemão - MONTE
SARMIENTO, que zarpou, do porto do Recife, no dia 29 de
fevereiro de 1936. Deslocava 14.000 toneladas, tinha 2 boieiros, 3
refeitórios, piscina, salão de festas e capela, onde o Pe. Humller
celebrava a missa pela manhã e uma excelente orquestra do próprio
navio, à noite oferecia aos passageiros magníficas retratas.
A viagem levou 14 dias, do Recife (PE) ao Rio Grande
(RS) tendo dado porto somente em Salvador (BA), Rio de Janeiro
(RJ) e Santos (SP). Saltamos no Porto de Rio Grande, numa boa
lancha que ia buscar os passageiros, à distância, visto que o navio
não ancorava.
CHEGADA AO SEMINÁRIO

Do Rio Grande (RS), navegamos, toda noite, na imensa


Lagoa dos Patos, rumo a Porto Alegre (RS), de onde seguimos, de
ônibus para São Leopoldo (RS). Quando entramos, pela portaria do
Seminário, percebemos que se realizava ali uma extraordinária
festa. Tratava-se de uma carinhosa homenagem ao Sr. Dom Jaime
de Barros Câmara27 - ex-aluno daquele Seminário, que acabava de
ser eleito Bispo de Mossoró.
Fiquei aperuando por ali, saboreando a beleza dos dobrados
que estavam sendo executados entre os plátanos de espaçoso pátio.
Aquilo teve para mim foros de tentação. Músico e acostumando a
tocar em bandas e orquestras, levava o propósito de não me dar a
conhecer quanto a isto. Pensava era em consagrar mais tempo ao
estudo, certo de que os Padres Jesuítas são exímios professores,
profundamente conhecedores da matéria que ensinam e muito
exigem de seus alunos.
Não foi assim, porém. Quando Sousa e eu nos
apresentamos ao Reverendíssimo Reitor - Pe. Antônio Loebmann
S.J., este perguntou: “Qual dos dois é músico?” Sousa me apontou
dizendo: “é este aqui.” Certamente o Reitor do Seminário de
Olinda, na Carta de apresentação que fez, disse qualquer coisa a
respeito.
Pe. Loebmann perguntou-me: “Que instrumento toca?”
Bombardino - respondi. Então conseguiram um bombardino para
mim e me fizeram integrar “Aurora” - como se chamava aquela
Banda de Música de Seminaristas. Era muito boa e tinha ensaios
todas as quartas-feiras e sábados, sob a regência do Teólogo
Francisco Tolla. Executava mesmo muitas peças clássicas de
célebres compositores, como Verdi e o nosso imortal Carlos
Gomes, com a sua célebre Ópera “O GUARANI.” Até gostava

27
muito de ouvi-nos o Tenente Barônio - regente da Banda de música
do 8° Batalhão de Caçadores.
PRECIOSA CORRESPONDÊNCIA

A propósito do citado bombardino, fui honrado com uma


preciosa correspondência datada de 13 de abril próximo passado,
procedente de Itaici, Indaiatuba (SP), onde se realizou a XXVII
Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Apraz-me publicá-la, na íntegra. Ei-la:

Itaici, 13 de abril de1989.


Meu prezado Mons. José Moreno de Sant’Ana
DD. Pároco de Santo Antônio — Neópolis, SE

Um grande abraço
Em conversa com Dom Gregório Warmeling, Bispo de
Joinville-SC — recordamos os tempos já distantes de nossos
estudos, em São Leopoldo. Entre os colegas recordado emerge a
pessoa simpática de nosso sempre lembrado José Moreno de
Sant’Ana. Recordamos o entusiasmo com que o sr. tocava o
bombardino em nossa banda.
Aquele bombardino era um instrumento de
estimação de falecido meu pai. Como nossa banda não tinha
bombardino e o senhor sabia tocar (e muito bem), fui à casa de
minha mãe e trouxe o bombardino. Ainda hoje tenho em minha
casa um retrato da banda musical de minha terra natal e nele meu
falecido pai aparece empunhando galhardamente o bombardino,
que foi parar tão bem em suas mãos!
Como os tempos passa! Eu já completei 51 anos de
padre e estou por completar 52. Desde 1949, primeiro bispo
nomeado e sagrado no dia 29/11/1950. Desde 1981, estou em Porto
Alegre. Foi nomeado agora um Arcebispo Coadjutor C.D.S.
A velhice se faz sentir. Não foi aceita a minha renúncia e
assim devo continuar ainda por algum tempo. Completei 75, no dia
24/06/1988. E o sr.? Quantos sei, vai completar 50 anos de
sacerdócio. Meus parabéns antecipados. Que lindo se o senhor
viesse em passeio ao Sul. O receberia de braços abertos. Recordar
o passado é revivê-lo.

Carinhosamente
+ Cláudio Colling28
Arcebispo de Porto Alegre

No verso da confortadora carta, temos o acréscimo de


cativantes dizeres de outro Príncipe da Igreja, também inesquecível
colega e amigo; ei-los:

Sant’Ana,
O meu abraço mais que cordial. Parabéns pelos seus 80
anos de vida e 50 de sacerdócio. Valeu a pena termos vividos
juntos em São Leopoldo.
Só aqui, na 26ª Assembleia soube que o bombardino era do
falecido pai de Dom Cláudio. Foi também ele que me disse que
aquele canto: “Ser Sacerdote29” foi trazido ao Sul pelo Sant’Ana.
Que bonito!
Sant’Ana, fui ordenado no dia 5 de setembro de1943. Fui
sagrada no dia 26 de junho de 1957, para Joinville. E ainda estou
aqui. Como me alegra escrever-lhe estas linhas!
Aceite um grande abraço de quem realmente lembra e
estima.

28

29
+ Gregório Warmeling30

30
BOM RELACIONAMENTO

Aquela vida musical me proporcionou ótimo


relacionamento. Quando chegou a hora do meu retorno ao
NORDESTE, prestaram-me carinhosa homenagem, no grande
refeitório, fazendo-se ouvir a “AURORA” e também o colega
DELLA MEA, em comovente discurso. Ele começou exclamando:
“Nunca mais! Nunca mais!” - Deveras nunca mais me foi dado
pisar na terra dos pampas gaúchos, da qual ainda hoje, tenho
saudade.
CORPOS DOCENTES DO SEMINÁRIO

Brilhava no magistério do Seminário de São Leopoldo, uma


plêiade de geniais professores. Citamos entre outros o Pe. Joseph
Mors. S.J. - lente de Teologia Dogmática, notabilíssimo, capaz de
fazer importante figura em qualquer Cátedra do mundo. Suas aulas
eram ministradas, em latim. Até se pedisse o favor de fechar uma
janela, por causa do cortante vento frio minuano, era em latim:
“Domine Francisce, obsequio claudere fenestram”. Também era
em latim as aulas do fora-de-série Pe. Cândido Santini, S.J. - lente
de Teologia Moral, Direito Canônico e Medicina Pastoral. Que
sumidade em Escritura Sagrada era o Pe. Lise e o Pe. Kessler, S.J.,
em História da Igreja!
Deixo por último, propositadamente, citar aquele que me
ensinou a celebrar o Santo Sacrifício da Missa e administrar os
Sacramentos e que está a caminho da honra dos altares - Pe. João
Batista Reus S.J31. Em meu livro liturgia das horas, guarda o
santinho com esta prece.
” Dai-me honra a Jesus em Maria, como quem me ensinou
liturgia.”
Uma vez por semana, tínhamos um excelente passeio, à
tarde, passando-se as horas, na chamada Chácara do Jesuíta 32. Lá,
encontrávamos montículos de bergamotas, uma espécie de laranja
cravo, bem geladinhas pelo clima.

31

32
GOZO DE FÉRIAS
Devo agradecer muito a Deus o presente de Boas Férias e,
que me deu, na agradável companhia dos APOSTÓLICOS
PADRES PALOTINOS33, durante os anos de 1936, 1937 e 1938.
Em VALE VÊNETO34, me demorei por mais tempo, sendo
hóspede do saudoso Pe. Jorge Zanchi, sacerdote erudito, piedoso e
bom músico brincava com as teclas do hormônio e chegava a
mandar composições para a Itália. Quando, pela primeira vez fui a
VALE VENETO, fiquei admirado de ver como um lugar de tão
poucas residências tinha uma igreja tão grande e bonita. No
domingo, se me desvendou o mistério: Igreja cheia, com muitos
homens a orar e cantar os louvores a Deus. É que o povo morava
espalhado em numerosos sítios, no domingo todos iam participar
da Santa Missa. Casa fechada, pai, mãe e 16 filhos, todos na igreja.
Também fazia gosto ver a reunião que existia entre eles; pareciam
integrar uma só família. E não é isto mesmo? TODOS OS
IRMÃOS E FILHOS DO MESMO PAI CELESTE - “PAI NOSSO
QUE ESTAIS NO CÉU.”
Passei férias ainda com os mesmos bons amigos Palotinos,
no PATRONATO AGRÍCOLA MARCELINO RAMOS, em
SANTA MARIA DA BOCA DO NORTE, junto aos apostólicos
filhos de SÃO VICENTE PALOTTI. Muito me lembro do
venerando superior - Pe. Rafael Jop, bem como dos fervorosos
missionários padres Benjamin Ragaghim, Celestino, Bolzan Piveta
e outros. Prestei ajuda na grande tipografia que eles possuíam
fazendo revisão de impressos, notadamente da conceituada
REVISTA RAINHA DOS APÓSTOLOS35.
Um dia Pe. Rafael me confiou uma tarefa bastante
trabalhosa, mas igualmente honrosa. Viveu em Spoleto, na Itália,
mas uma jovenzinha de nome MARIA FILIPETO, cuja vida cheia
33

34

35
de grande amor a Deus devia ser bem divulgada. Era esboço de um
2° Tomo de SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS. Até
amor ao sofrimento demonstrava. Merece relevo nesta afirmação
da Santinha de Lisieux: “UM DIA SEM SOFRIMENTO É UM
DIA PERDIDO.”
Pe. Rafael possuía a biografia de Maria Filippetto, mas em
italiano. Tentando fazer uma versão dela para o português,
escreveu para a Itália, pedindo a necessária licença. Esta não lhe
pôde ser concedida, porque já havia sido dada para Portugal. Que
faz o Pe. Rafael? Disse-me - Sant’Ana, seu trabalho aqui nas férias
vai ser o seguinte. “Você leia bem a vida desta menina e a escreva
a seu modo.” Boa maneira de evitar plágio. Meti mãos à obra, e da
diuturna trabalheira surgiu um livrinho que recebeu o nome de
LÍRIO ENTRE ESPINHOS36. Na capa, ele colocou um artístico
lírio, cada pétala apresentando a Mariazinha em diferentes idades -
3, 6, 9, 12 e 15 anos.
Que esta nossa Irmãzinha muito interceda por nós junto ao
LÍRIO DOS VALES e a CHEIA DE GRAÇA E BENDITA
ENTRE TODAS AS MULHERES, MÃE DE JESUS nossa.

36
ORDENS SACRAS RECEBIDAS

Chegou o tempo de receber as ORDENS SACRAS.


Recebia-se, inicialmente, a PRIMEIRA TONSURA. Seguiram-se
as ORDENS MENORES de OSTIÁRIO, LEITOR, EXORCISTA e
ACÓLITO. O clérigo e minorista, recebia depois as ORDENS
MAIORES do SUBDIACONATO, DIACONATO e
PRESBITERATO. Com exceção do PRESBITERATO, ou
ORDENAÇÃO SACERDOTAL, todas as outras recebi, no Rio
Grande do Sul.
Sempre me lembro, em minhas orações dos meus
PONTÍFICES ORDENANTES — Dom João Becker37, Dom
Antônio Reis38 e Dom Adalberto Sobral, de quem os dois primeiros
receberam para isto as devidas CARTAS COMENDATÍCIAS.
Na espaçosa Cripta da Catedral de Porto Alegre - “Cidade
de Formosa,” S. Excia. Revma. o Sr. Dom João Becker - Arcebispo
Metropolitano - me conferiu a PRIMEIRA TONSURA, no dia 31
de outubro de 1936; as Ordens Menores de OSTIÁRIO e LEITOR,
no dia 30 de março de 1937; as Ordens Menores de EXORCISTA e
ACÓLITO, no dia 27 de outubro 1937 e a ORDEM MAIOR DO
SAGRADO SUBDIACONATO, no dia 30 de novembro — Festa
do Apóstolo Santo André — de 1938.
Alguns detalhes. Ao voltar para o Seminário, fui ajoelha-
me diante do altar da IMACULADA CONCEIÇÃO, confiando-lhe
o meu voto de castidade e pedindo a sua maternal proteção, para,
em toda a vida, guardá-lo, com fidelidade e firmeza, no que fui
ouvido, graça a Deus. Falei sobre essas coisas a minha saudosa
mãe, antes de entregar sua alma a Deus, na manhã de 30 de
novembro de 1962. Ao dizer-lhe que o dia do meu Subdiaconato
foi o dia do meu casamento com a igreja, ela respondeu: - “DIA
ABENÇOADO!”

37

38
SAGRADO DIACONATO

A respeito, no Livro de Tomo da Cúria diocesana de


Pesqueira foi exarada esta Nota: “Certifico que, no dia quinze de
janeiro de mil novecentos e trinta e nove, S. Excia. Revma. o Dom
Antônio Reis, Bispo de Santa Maria, nas Ordenações que celebrou,
na Capela do Ginásio SANT’ANA, de Santa Maria a Sede
Episcopal, conferiu ao Subdiácono José Moreno de Sant’Ana,
devidamente preparado, obtida dispensa de interstícios “et exibitis
sui Ordinarii Litteris dimissorialibus”, a SAGRADA ORDEM DO
DIACANATO. Gostei imenso de ter recebido o meu
DIACONATO, no Colégio de Sant’Ana. Tenho SANT’ANA em
meu nome e no coração. É nossa querida AVÓ CELESTE. Um
hino que fiz em sua honra diz no refrão:
“NÓS AMAMOS SENHORA SANT’ANA — MÃE DA
MÃE DE JESUS NOSSO DEUS!”
Foi, com emoção, que pude, naquele dia, tocar na HÓSTIA
CONSAGRADA, o que aos diáconos era dado. No mesmo dia usei
o privilégio, ao expor o SANTÍSSIMO SACRAMENTO para a
Bênção Solene, usando estola a tiracolo.
RETORNO AO NORDESTE

Voltamos para o Nordeste, meu saudoso colega João de


Sousa Lima e eu, a bordo do navio ITAPAGÉ. Quando chegamos a
“TERRA DO DOCE” e também do nosso Sacerdócio - Pesqueira -
Pernambuco, o “BISPO DE NOSSA SENHORA” já havia tomado
providências para muito solenizar a ORDENAÇÃO
SACERDOTAL dos três Diáconos — JOÃO DE SOUSA LIMA,
LUIZ MUNIZ AMARAL39 e JOSÉ MORENO DE SANT’ANA.

39
SAGRADA ORDEM PRESBITERAL

12 DE NOVEMBRO DE 1939 - Há 50 ÁUREOS ANOS...


Às 09 horas de ensolarada manhã no Soleníssimo Pontifical do
Encerramento de extraordinário CONGRESSO EUCARÍSTICO
SACERDOTAL, em artístico Altar-Monumento, armado em frente
da majestosa Catedral da Virgem e Mártir SANTA ÁGUEDA 40 -
PADROEIRA DA DIOCESE, o Exmo. Sr. DOM ALBERTO
ACCIOLY SOBRAL apostólico Bispo Diocesano, idealizador e
alma do magnífico CERTAME, conferiu a SAGRADA ORDEM
DO PRESBITERATO aos três DIÁCONOS — JOÃO DE SOUSA
LIMA, LUIZ MUNIZ AMARAL e JOSÉ MORENO DE
SANT’ANA.
A grande praça Dom José Lopes se achava repleta de fiéis,
que representavam todas as cidades e povoados da Diocese. A
numerosa caravana de TACARATU, terra natal do Diácono João
de Sousa Lima, conduziu, alegre e festivamente, a imagem de sua
gloriosa padroeira -NOSSA SENHORA DA SAÚDE.
Estiveram presentes e nos impuseram as mãos o Exmo. E
Revmo. Sr. Dom Ricardo Vilela 41 - Bispo de Nazaré da Mata e 28
sacerdotes do clero Diocesano, do Convento de São Francisco e
das circunscrições eclesiásticas vizinhas, do Recife, inclusive as
religiosas DOROTÉAS, grande número de associações religiosas e
de alunos dos diversos educandários.
Um grande coral executou, com maestria, bela Missa
Pontificalis Prima, do imortal Perosi. Foi mestre de cerimônias,
com admirável competência, o Pe. José Keller. Rendemos às estas
alturas, carinhosas homenagens póstumas, ao inteligente e super
dinâmico Monsenhor Luís Madureira de saudosa memória, que foi
polia mestra de tamanha realização. Celebrei a primeira Missa

40

41
rezada, na mesma Catedral, e outras duas, na Capela de São
Sebastião e no Colégio de Santa Dorotéia.
EM MINHA PARÓQUIA DE ORIGEM

A Missa festiva solene na minha paróquia de origem, foi no


dia 8 de dezembro - FESTA DA IMACULADA CONCEIÇÃO de
1939, tendo pronunciado eloquente sermão, a Estação do
Evangelho, o pároco de então - Pe. Gervásio Feitosa.
Foi excepcional a recepção que me fizeram, à noite da
véspera, tendo uma ilustre caravana ido buscar-me, de lancha, em
Penedo. Ocupou a tribuna, à porta da Igreja-Matriz, em primorosa
saudação, o Dr. Luiz Pereira de Melo, digníssimo Promotor
Público da Comarca. A ele, bem como às autoridades presentes e a
tão expressiva multidão, externei meu profundo agradecimento.
Em prosseguimento, fui acompanhado de muita gente para
nossa humilde residência, na Rua da Flores, hoje Jackson de
Figueiredo, onde esperava ansiosa a minha querida mãe. Com que
emoção ela fitava o filho que, há seis anos, não via! Houve, no dia
seguinte, um lauto almoço, preparado pela festejada mestra de arte
culinária — Dona Aidê. Na ocasião se fez ouvir, em bonito
discurso, o inesquecível Padre Artur Alfredo Passos.
ATIVIDADES EM PESQUEIRA

Retornei a Pesqueira, onde ocupei vários cargos, que o Sr.


Bispo me confiou. Fui seu secretário particular, diretor espiritual
do Seminário Menor SÃO JOSÉ42, capelão do Colégio SANTA
DOROTÉIA43, e do bairro de SÃO SEBASTIÃO, tendo sido, por
algum tempo, pároco da Sé, na Catedral de SANTA ÁGUEDA -
padroeira da diocese. Era responsável por uma página da diocese
no JORNAL A VOZ DE PESQUEIRA44 e também integrei om
corpo redator do JORNAL O CENTRO45, de Belo Jardim.

42

43

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45
MATERNO CONVÍVIO

Desejando dar a minha querida mãe a alegria de estar ao


lado do filho sacerdote e único também, vim buscá-la, para isto, em
Vila Nova. Eu morava no Palácio Episcopal, mas agora urgia
conseguir uma casa para a nova residência. Na rua 15 de
novembro, defronte ao convento de São Francisco, havia uma
casinha disponível, pertencente a Fábrica Peixe, de Carlos de Brito
& Cia. Estando bastante deteriorada, alguns amigos pensaram em
aplicar-lhe um bom concerto e limpeza. Mas a generosidade foi
mais longe. Demoliram a casinha e construíram em seu lugar uma
outra novinha em folha, com as necessárias dependências e
oferecendo um bom conforto. O quintal, espaçoso e murado, tinha
um portão, que dava saída para a rua e, no outro lado, se achava
outro portão, dando acesso ao Colégio de Santa Dorotéia. Por ali,
eu podia chegar à capela do colégio, mais facilmente e evitando
arrodeio.
Permitam-me aqui uma digressão. Antes de mim, foi o
capelão do COLÉGIO SANTA DOROTÉIA, o saudoso
Monsenhor João Pires. Toda manhã, ele tinha que fazer para lá
uma caminhada, visto que morava no palácio episcopal. Quase
sempre ele se encontrava com uma velhinha, cruzando direção, ele
indo para o colégio e ela, para o centro da cidade. Um dia ela disse
ao Monsenhor Pires: - “Todos os dias eu me encontro com o
senhor, aqui; bem assim há de ser, no caminho do céu.”
Prontamente ele respondeu, sorrindo: “é, eu indo e a senhora
voltando!”.
TRANSFERÊNCIA PARA O MARANHÃO

Sua Santidade o Papa Pio XII, gloriosamente reinante,


pelas bulas de 18 de janeiro de 1947, transferia o Sr. Dom
Adalberto Accioly Sobral, da Sede Episcopal de Pesqueira, para a
Sede Arquiepiscopal de São Luís do Maranhão.
O PÁLIO ARQUIEPISCOPAL S. Excia recebeu, na
Basílica de Nossa Senhora Aparecida, das mãos do Em°. Sr.
Cardeal Dom Carlos de Vasconcelos Mota 46, representando a
Diocese de Pesqueira o grande amigo do Antístite – Industrial
Manuel Brito, além deste secretário. Arquidiocese de São Luís do
Maranhão se fez representar pelo Cônego Carlos Bacelar e as
professoras Amância Mattos e Maria Rosa Rodrigues. Era o dia 16
de julho – Festa de NOSSA SENHORA DO CARMO.

46
VIAGEM E RECEPÇÃO

A viagem se fez em possante avião da FAB, gentilmente


cedido. Decolou de Pesqueira na manhã de 11 de agosto de 1947,
conduzindo o novo Arcebispo, seus três auxiliares Monsenhor Luís
Madureira, Cônego Antônio Duarte Cavalcante e Cônego José
Moreno de Sant’Ana, seu irmão Dr. Francisco Sobral e sua
dedicadíssima irmã Alzira Accioly (Zizinha). Imaginem o volume
da bagagem.
O brilhante Dom Felipe Benito Condurú Pacheco47, em sua
HISTÓRIA ECLESIÁSTICA DO MARANHÃO, depois de
apresentar DADOS BIOGRAFICOS do Prelado e
CIRCUNSTÂNCIAS ANTERIORES À SUA CHEGADA,
inclusive a carta pastoral que ele dirigiu aos diocesanos de
Pesqueira e aos arquidiocesanos de São Luís, averba o seguinte:
“Às 17 horas do dia 11 de agosto de 1947, descia, no aeroporto do
TIRIRICAL, o avião especial da FAB, no qual viajava o Sr. Dom
Adalberto Sobral, com seus três sacerdotes auxiliares. Recebido
por todas as autoridades Eclesiásticas, Civis e Militares, inclusive
os Sr. Governador e Prefeito da cidade, rumou o cortejo
automobilístico para a Vila do Anil, entre alas de colégios, de
associações e do povo, que ocorrera aquele local”.

47
SOLENÍSSIMA POSSE

“A 12 de agosto, pela manhã – continua Dom Felipe


Condurú – o Sr. Dom Adalberto, paramentado pontificalmente,
seguiu da Igreja do Carmo para a Catedral, sob o pálio, após filas
de colégios e associações, acompanhado das Exmas. Autoridades e
do povo. Na Catedral, o Revmo. Secretário do Cabido fez a leitura
das Bulas Pontificais, foi lavrado a ata de posse de S. Excia.
Revma. e cantando solene TE DEUM, após o qual o Revmo.
Cônego Arias Cruz, em quarenta primorosos minutos, pronunciou a
eloquente oração gratulatória – Por fim, falou o Sr. Dom Alberto
Sobral, agradecendo ao clero e os fiéis, na ternura de paternal
alocução que a todos comoveu.”
Presentes à solenidade, cumprimentaram o Exmo.
Metropolita, além do Governador do Estado – Cel. Sebastião
Archer da Silva, os Srs. Bispos Sufragâneos: Dom Severino Vieira
de Mello, de Teresina; Dom Felipe Condurú Pacheco, de Parnaíba;
Dom Luiz Gonzaga Marelim, de Caxias e Monsenhor Afonso
Ungarelli, Administrador Apostólico de Pinheiro. No interior,
compareceram à posse do novo Arcebispo os Revmos. Mons.
Dourado, Cônegos Bacelar e Palhano, bem como os padres
Benedito Estrela, Alteredo Soeiro, Francisco Dourado, José de
Freitas Costa, Raimundo Carvalho, Pedro Santos e Ladislau Papp.
O ancião Monsenhor José Bráulio Nunes se fez representar pelo
Cônego Frederico Chaves a quem confiou o seguinte recado: “Diga
a Dom Alberto que eu não compareço às cerimônias de sua posse,
porque, quando ele nasceu eu já era vigário de São Vicente Ferrer.”
Nos dias que se seguiram, S. Excia. foi alvo de importantes
visitas a começar pelo Governador Sebastião Archer da Silva do
Prefeito Municipal Dr. Antônio Pires Ferreira, da Assembleia do
Estado da Imprensa, de representações da indústria e comércio, dos
estivadores, marítimos e trabalhadores em geral.
EXPRESSIVAS HOMENAGENS

No dia 14, excepcional homenagem se prestou ao grande


Arcebispo, no Teatro Arthur Azevedo, com magnífica hora de arte
do Ginásio Maranhense, dirigido pelos Irmãos Maristas.
Apresentaram uma excelente peça teatral em três atos, terminando
com canto por todos do Hino Nacional. Nesta ocasião, uma criança
de 4 anos de idade causou admiração à imensa plateia, declamando,
com voz alta e perfeita articulação, um grande poema. Entende-se
porque Dilú Melo focalizou ATENAS DO BRASIL, cantando:
MARANHÃO, QUE TERRA BOA, ONDE O POETA
NASCEU!
COLÉGIO SANTA TERESA

Outra gigantesca homenagem foi prestada ao novo pastor,


também com artísticos números de palco no COLÉGIO SANTA
TERESA, onde Irmãs Dorotéia, Filhas de Santa Paula Frassinetti,
educam para a vida a Juventude feminina da terra gonçalvina. Até
fizeram oportuna alusão a um fato ocorrido, em Pesqueira, dentro
dos atos da Semana Santa daquele ano. Ei-lo:
Notável Missionário Redentorista estava pregando um
sermão de Encontro, na Praça Dom José Lopes. Tão lindos se
apresentaram os céus de Pesqueira, naquele momento, que todo o
povo ficou de rosto voltado para o alto, admirando o espetáculo.
Viu-se, feitas de nuvens, duas estradas azuis, cumpridas, paralelas
e perfeitas, como se estivessem sido caprichosamente desenhadas,
deslumbrando-se, ao término, uma linda coroa. Isto foi tão
empolgante que levou o pregador a mudar de tema. Substituiu o
assunto do ENCONTRO DA MATER DOLOROSA COM SEU
DIVINO FILHO SOFREDOR POR ESTE: A FITA AZUL
SALVAR O BRASIL!
Naquela homenagem do colégio Santa Teresa uma
inteligente aluna reproduziu interessantemente o episódio. Entrou
no palco em silêncio olhando para cima. Depois, fingindo
contemplar aquela beleza dos céus de Pesqueira, assim explicou,
com muita graça e perfeição: - “Aquelas duas estradas arrematadas
por uma coroa, dourada pela luz do sol, foram caminho aberto na
estrada do homenageado para a Arquidiocese do Maranhão,
ostentando a COROA DE SÃO LUÍS - REI DE FRANÇA.”
Ruidosa salva de palmas.
ACÚMULO DE CARGOS

Não tardei em assumir responsabilidades, qual músico de


sete instrumentos. Residia no palácio arquiepiscopal e diariamente
tinha uma hora de trabalhos, no gabinete do Sr. Arcebispo, como
secretário particular. Houve um tempo em que fui à
cumulativamente secretário geral, tesoureiro da Cúria
Metropolitana e Capelão do colégio Santa Teresa, dirigido pelas
Irmãs Dorotéia. Havia ali uma comunidade de 37 religiosas e mais
de mil alunas, desde do jardim da infância até os cursos científicos
e de comércio. Era grande o trabalho, com exercícios espirituais,
confissões e reuniões com Apostolado da Oração, Pia União das
Filhas de Maria, Ação Católica, Assistência às domésticas da
Capital e Catequese. Equivalia a uma paróquia.
MARIA
MÃE DEFENSORA

No dia de grande tempestade, trovões, relâmpagos e


coriscos, as Irmãs estavam reunidas na Capela, fazendo visita ao
SANTÍSSIMO SACRAMENTO, depois de almoço. Ouve se,
então, um forte estrondo de um corisco. Prodígio – Nenhuma foi
atingida. A faísca foi atraída por uma IMAGEM DE NOSSA
SENHORA que estava no coro do templo, deixando-a totalmente
denegrida. Todas viram nisto uma graça especial do céu. Era 27 de
abril. Por isso, lá, no dia 27 de abril de todos os anos, celebrava se
Missa de ação de graças comemorado o acontecimento.
Caso semelhante se deu também, no consultório
odontológico da Dra. Maria Amélia Bastos, piedosa filha de Maria,
que conservava em sua residência um bonito altar da virgem
Imaculada. Dra. Maria Amélia era profissional de tal maneira que
os outros dentistas para ela encaminhavam certos clientes
portadores de casos dificílimos. Ela rezava a jaculatória – Ó
MARIA CONCEBIDA SEM PECADO e... Mãos à obra, tudo
correndo maravilhosamente bem a contento. De tão caridosa, não
se contentava com trabalhar gratuitamente para quem não podia
efetuar o pagamento; mas ainda, consagrava seu trabalho gratuito
todos os sábados, até deslocando-se para o bairro pobre do Anil48.
No dia de pesado temporal em São Luís, ela atendia em seu
consultório, estando repleta de pessoas a sala de espera. Ouviu-se
um forte estrondo e uma faísca elétrica atravessou a casa da Dra.
Maria Amélia, entrando pela porta da frente e saindo pela do
quintal, passando por toda aquela gente, sem a ninguém ofender e
sem nadar danificar. Como se arranjar diante de um fato desse
quem não tem fé? Coincidência?... “Qui!...”

48
VÁRIAS HABITAÇÕES

De início, o novo Arcebispo se instalou, com seus


acompanhantes, no prédio, à rua Oswaldo Cruz, de propriedade dos
irmãos Marista. Este ainda ocupava o Palácio Arquiepiscopal com
o “Ginásio Maranhense” que estavam construindo um novo
edifício, na supramencionada artéria.
PRESTIMOSA FORMIGA. Morando assim distante do
colégio Santa Teresa, onde devia celebrar Missa, às 6:00 da manhã,
tomava um bonde elétrico, na esquina que ficava perto. Um dia,
quando acordei, o bonde já havia passado. Ia haver transtorno, na
capela do colégio pela ausência do capelão, no rigoroso horário.
Tive a ideia de pedir carona ao primeiro carro que aparecesse na
esquina próxima, onde fiquei postado. Dado momento surgiu, na
longa rua, um carro em alta velocidade. Ao aproximar-se, levantei
os braços, pedindo atendimento. O veículo parou, uns 30 metros
adiante. Acerquei-me dele e perguntei ao motorista: - “O senhor
parou foi para me atender? Ele respondeu: - “Não, foi para tirar
uma formiga, que me mordeu na barriga. Para onde o senhor vai?”
– Para o colégio Santa Teresa – respondi. Ele disse: “Eu vou leva-
lo, entre.” E assim, eu não cheguei atrasado ao colégio, graças a
Deus e à prestimosa formiga.
As irmãs Dorotéia, notando como estava mal acomodado o
seu Arcebispo, morando assim uma casinha, onde os Irmãos
Maristas até armazenavam material de construção, colocaram-lhe à
disposição a casa da Boa Chácara que possuíam perto. Ali passou a
residir o Metropolita e foi logo procurando a solução do seu
residencial problema. Havia, na linda praça Gonçalves Dias, um
grande prédio da Arquidiocese que, para ser habitado, necessitava
de uma grande reforma. Dom Adalberto se esforçou pela
recuperação dele, com a ajuda de amigos e de muitos pontos do
país, nele residiu durante alguns meses. Local ameno e até poético.
No centro da praça, domina o Monumento do vate Gonçalves Dias,
em forma de palmeira, com 48 esbeltas palmeiras, em derredor.
Alusão ao que o imortal poeta cantou, de Paris:
“Minha Terra tem Palmeiras, onde canta o sabiá. As aves,
que aqui gorjeiam. Não gorjeiam como lá.”
Cada ano, a mocidade estudantil de São Luís ali se reúne,
prestando lhe carinhosa homenagem.
IGREJA MATRIZ DOS RÉMEDIOS

Na mesma praça Gonçalves Dias, temos a MATRIZ DE


NOSSA SENHORA DOS RÉMEDIOS49, confiada, com toda a
paróquia, ao zelo dos apostólicos Padres Jesuítas. Como me lembro
do Pe. José Foulquier S.J e Pe. Alfredo Oliveira S.J.! Existia ali um
CONVENTO DAS IRMÃS DE JESUS CRUCIFICADO50. No
supramencionado prédio, o Sr. Arcebispo Dom José de Medeiros
Delgado fundou mais tarde uma FACULDADE DE FILOSOFIA,
que abriu caminho para a criação de uma UNIVERSIDADE
CATÓLICA.

49

50
PAÇO ARQUIEPISCOPAL DEFINITIVO

O Sr. Dom Adalberto Sobral não descansou. Voltou-se


agora para a restauração do outro grande prédio da praça Benedito
Leite, já desocupado pelos educadores Irmãos Maristas. Pô-lo em
perfeita ordem, coletando recursos, junto aos numerosos amigos
que possuía, espalhados por este imenso Brasil. Operada a grande
metamorfose, eis a Arquidiocese de São Luís do Maranhão dotada
de um condigno Paço Arquiepiscopal, contíguo à Catedral
Metropolitana de NOSSA SENHORA DA VITÓRIA51 e perto do
Palácio dos Leões. Trata-se de um prédio que foi residência de
inúmeros prelados de inconfundível valor, figurando entre os
últimos, os Exmos. Srs. Dom Francisco de Paula e Silva, Dom
Helvécio Gomes de Oliveira, como 1° Arcebispo Dom Otaviano
Pereira de Albuquerque, sucedido por Dom Carlos Carmelo de
Vasconcelos Mota, que foi o antecessor de Dom Adalberto Accioly
Sobral.

51
MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Sempre vi na imprensa falada e na radiofonia poderosos


meios de comunicação, para trabalhos de catequese evangelização.
Em Pesqueira, fui responsável por uma página da Diocese, no
JORNAL A VOZ DE PESQUEIRA, de propriedade dos Irmãos
Chacon. Em Belo Jardim, dei sinal de vida nas colunas do
JORNAL O CENTRO, publicado pelo bom amigo Pe. Saturnino
Cunha.
Em São Luís, redigia artigos para o JORNAL DO
MARANHÃO52, O DIÁRIO DE SÃO LUÍS53, JORNAL DO
GOVERNO, o JORNAL DO POVO54, que era da oposição, isto
nada importando, porque devo interessar pelo bem de todos o, e O
JORNAL PEQUENO55. Citando o JORNAL DO MARANHÃO,
apraz-me prestar especial homenagem ao então seu diretor, alto
funcionário do Banco do Brasil - LUÍS FILIPE VIEIRA DA
SILVA. Homem de fé e vida cristã modelar, cheio de amor a Deus
e à igreja. Constantemente preocupado com atrair corações para
Deus, levava um exemplar do jornal para o Banco e o colocava na
carteira de um colega, que era infenso à religião. Este rasgava o
jornal e os jogava na sexta. Certo dia, o Luís Felipe usou de um
curioso expediente. Procurou saber a data em que a genitora do
colega aniversariava, conseguiu uma foto dela para efeito de um
clichê, que estampou na primeira página do jornal, ilustrando
especial mensagem.
Mantinha PROGRAMAS RADIOFÔNICOS, nas três
Emissoras da capital maranhense, todos os dias. Na RÁDIO
RIBAMAR56, de propriedade do bom amigo Sr. Gerson Tavares, o
programa JARDIM DAS OLIVEIRAS. Aos sábados, na RÁDIO
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TIMBIRA57, o programa IN VERBO TUO. A escolha do nome
constitui a homenagem ao meu Arcebispo Dom Adalberto Sobral,
cujo brasão de armas ostentava uma rede com dois peixes e essas
palavras de São Pedro, quando Jesus o mandou lançar a rede para a
pesca, em lugar e hora, que, humanamente falando, não ofereciam
esperança de êxito. Simão Pedro disse a Jesus: “Mestre, nós
trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos. Mas, já que o
Senhor manda jogar as redes, vou obedecer – in verbo tuo laxabo
rete.” E daí resultou uma pesca miraculosa, com peixes, que
ameaçavam arrebentar as redes. Até coloquei no santinho de
lembrança de minha ordenação sacerdotal:
“Ungiste-me, Jesus, com terno amor, De corações quero
extinguir-te a sede; Tu me fizeste de homem pescador, A TEU
MANDADO LANÇAREI A REDE.”
Na DIFUSORA DO MARANHÃO58, apresentava o
programa POR UM MUNDO MELHOR, aos domingos. Quando
me surgia algum impedimento, era substitui substituído por irmãos
da Congregação Mariana da Ação Católica. Todos os dias, minha
saudosa mãe, morando em Penedo, tinha um prazer de ouvir a voz
do filho. Certa vez, um pastor evangélico, que era diretor da Rádio
Timbira e também deputado estadual, assistindo ao meu programa,
perguntou, em linguagem cariosa: - “Sua mãezinha está ouvindo
isto?” – Era um DIA DAS MÃES e eu lhe diria filial saudação.
Respondi-lhe que sim. O parlamentar ficou admirado e até deu para
citar meu nome, em discurso que fez, na Câmara dos Deputados.

57

58
DOM JOSÉ DE MEDEIROS DELGADO

Foi o sucessor de Sr. Dom Adalberto Sobral, no Sólio


arquiepiscopal do Maranhão, tendo tomado posse, no dia 03 de
fevereiro de 1952. Era super dinâmico. Logo ao chegar, afirmou
que ia abusar do teco-teco. De fato, usou e abusou deste transporte
aéreo e de muitos outros, por terra e por água, palmilhando os 105
quilômetros de sua querida grei. Pregou muito o Evangelho ao
povoe em retiros espirituais, inclusive ao clero.
Preocupado com o bem-estar do seu povo, criou vários
meios de eficaz atendimento. No dia 5 de setembro 1957,
inaugurou a COOPERATIVA BANCO RURAL DO
MARANHÃO, para ajudar aos irmãos de baixa renda, colocando à
frente da mesma o competente economista Cláudio Brandt. Eis
umas siglas, que proclamam exuberante atividade.
ASA – AÇÃO SOCIAL ARQUIEPISCOPAL. Está ele
encontrou incrementou, com a eficiente colaboração do incansável
Monsenhor Frederico Pires Chaves.
COPEA – CONSELHO DE OBRAS PAROQUIAIS DE
EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA. Combateu três chagas, quem
perturbavam as festas religiosas – jogos, bebedeiras e bailes.
MIRA – MISSÃO INTERMUNICIPAL RURAL
ARQUIDIOCESANA. Reforma Agrária genuína. Também se
cognominava ASSOCIAÇÃO DE SÃO JOSÉ, visto que
igualmente se dedicava ao fomento e cultivo das Vocações
Sacerdotais e Religiosas, voltando-se para o SEMINÁRIO DE
SANTO ANTÔNIO, confiado ao zelo dos Padres Lazaristas. Foi-
lhe grande batalhador o amigo o sacerdote húngaro Pe. Ladislau
Papp.
DAER – DEPARTAMENTO ARQUIDIOCESANO DE
ENSINO RELIGIOSO, com organização da DOUTRINA
CRISTÃ, em cada paróquia, com o orientador catequético, com
tempo integral.
DURIL – DEPARTAMENTO UNIVERSITÁRIO DE
RÁDIO, IMPRENSA E LIVRO.
SOMACS – SOCIEDADE MARANHENSE DE
CULTURA SUPERIOR. Caminho aberto para a fundação da
importante UNIVERSIDADE CATÓLICA DO MARANHÃO,
congregando as FACULDADES DE FILOSOFIA e de CIÊNCIAS
MÉDICAS, ESCOLA DE ENFERMAGEM, de SERVIÇO
SOCIAL e de MUSEOLOGIA. Já contava também com o MEB –
MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE.
REMAR – RÁDIO EDUCADORA DO MARANHÃO
LTDA.
A AÇÃO CATÓLICA funcionou fortemente, na
arquidiocese, tendo sido confiada a presidência geral ao abalizador
Pe. João Mohana. Seus variados quadros compreendiam: - JAC –
Juventude Agrária Católica; JUC – Juventude Universitária
Católica e ACO – Ação Católica Operária.

Mostrou-se mesmo exímio Pastor Dom José de Medeiros


Delgado. A Santa Sé o transferiu para a Arquidiocese de Fortaleza,
no Ceará, da qual se tornou resignatário. Deus o chamou para a
melhor vida, junto a seus familiares, no Recife, no dia 9 de março
1988. Que tenha logo recebido o prêmio de tantas lutas e canseiras,
de tantos trabalhos e sofrimentos, em prol do Reino de Deus.
DOM ANTÔNIO BATISTA FRAGOSO

Após a retirada do Sr. Dom José de Medeiros Delgado59, foi


eleito Vigário Capitular pelo Cabido Metropolitano, o Sr. Bispo
Auxiliar DOM ANTÔNIO BATISTA FRAGOSO60. Inteligente,
piedoso, simples e humilde, era dedicadíssimo aos pobres e
humildes. Visitava-os, constantemente. Todas as noites, após o
jantar dava uma caminhada pelo cais do porto, pondo- se em
contato com seus amigos estivadores, para lhes proporcionar
conforto e ajuda. Dom Fragoso assumiu então o GOVERNO
ARQUIDIOCESANO, até o dia 19 de julho de 1964, quando o
transferiu solenemente ao Exmo. E. Revmo. Sr. DOM JOÃO JOSÉ
DA MOTA ALBUQUERQUE, passou a ser o 29° Bispo e 5°
Arcebispo da grande metrópole gonçalvina.

59

60
DOM OTÁVIO BARBOSA AGUIAR

O atual Bispo Emérito de Palmeira dos Índios Dom Otávio


Barbosa Aguiar61 também muito edificou, prestando valiosos
serviços à Igreja Maranhense, como Bispo Auxiliar do Sr. Dom
José de Medeiros Delgado.

61
TERÇO EM FAMÍLIA

Centenas de vezes rezei o Terço em Família, dentro da


comunidade ludovicense. Muitas vezes era numerosa participação,
da escolha de data interessante para a família, quem tão atraía a
presença de parentes, vizinhos, colegas e amigos. Numa dessas
ocasiões, via-me em apertada “sinuca”, da qual me livrei, apelando
para o prestígio da IMACULADA CONCEIÇÃO, tendo o demônio
manifestado a raiva com quem ficou.
Vinha de rezar um terço, numa residência que ficava fora
do centro da cidade, devendo- se andar por uma estrada estreita é
cumprida, entre árvores e com poucas habitações, uma aqui outra
acolá. Ao voltar, ouvi uma estranha algazarra. Algumas senhoras
me avisaram e foram aflitas ao meu encontro dizendo: “Padre! Ali
estão dois pais de família, que querem se acabar!” Que podia eu
fazer? Pedir ajuda então AQUELA, que acabara de homenagear,
com a recitação do terço. Aproximei-me do primeiro que estava,
sem camisa, com uma faça na mão e pulando para vários lados,
ameaçando atirar-se sobre o desafeto. Bati com as mãos nas costas
dele, dizendo: - Meu irmão, o que é isto? Deus não quer isto não!
Olhe: Se NOSSA SENHORA, nossa Mãe do Céu, lhe fizesse um
pedido, você não atenderia, não? – “Atenderia” – ele respondeu.
Então o pedido é este – Guarde essa faca e vá para a casa. Ele
obedeceu. Mas, quando eu dei as costas para ir falar com o outro,
ele pulou fora novamente. Voltei e perguntei-lhe – o sr. não disse
que atendia ao pedido de NOSSA SENHORA? Desta vez ele
entrou em casa e ficou. Aproximei-me do outro armado de revólver
cercado de uma turma do “deixa disso”. Usei do mesmo expediente
– Meu irmão se NOSSA SENHORA, nossa Mãe do Céu, lhe
fizesse um pedido, você não atenderia, não? – “Atenderia” –
respondeu. Então ela pede que você guarda esse revólver e vá para
a casa. Ele cumpriu as palavras e retirou-se.
Tudo serenado, segui meu caminho de volta, com o coração
batendo acelerado. Saí do arvoredo e galguei a rua Oswaldo Cruz.
Ali havia um galpão, onde durante o dia, alguns vendedores faziam
negócios. Tudo ermo e já fechado às portas das residências, que
ficavam do lado oposto. Parei, à espera de um bonde elétrico, que
viria do Anil para o centro da cidade. Coisa estranha: - Sacudiram-
me uma pedra lá no meio de montões de coisas. Felizmente atingiu
somente a batina e não me maltratou.
Nenhum sinal de gente por ali havia. Pensei logo - Deve ter
sido aquele, que queria se apoderar daqueles dois em conflitos, pois
poderiam morrer transgredindo gravemente o 5° Preceito do
Senhor - NÃO MATARÁS - e ficou com muita raiva, porque eu
impedi. Mas o mérito não foi meu; foi da MÃE DE DEUS E
NOSSA. MÃE DO BELO AMOR, O AMOR DE DEUS FEITO
MÃE.
VINDA PARA PENEDO (AL)

Em fim de outubro de 1958, quando planejava uma viagem


a Penedo, a fim de levar minha mãe para o Maranhão, recebi um
telegrama, comunicando que ela se encontrava gravemente
enferma. Obtive licença do Sr. Arcebispo Dom José de Medeiros
Delgado para vi a Penedo, dar-lhe a devida assistência, na
qualidade de filho único. Preparei a mala e viajei de avião a
Maceió, onde tomei ônibus para Penedo. Temia não mais encontra-
la viva. Graças a Deus, não foi assim. Ela experimentou grande
alegria, ao ver-me e obteve acentuada melhora. Deus lhe conservou
a vida, quatro anos mais. Ela tinha em sua companhia a sua irmã –
minha tia Hermília de Sant’Ana, e as boas amigas Rita e Ana
Gama. Está em sua vez atraiu sua mana Elvira Gama, o que nos foi
providencial. Celebrava Missa, no convento de Santa Maria, de
Penedo e em Neópolis. Naquele tempo, Neópolis não tinha vigário
residencial. O saudoso colega e amigo Pe. Evêncio Guimarães62 era
encarregado da paróquia, além de pároco de Japoatã. Atendendo ao
pedido dele, celebrava, aos domingos, em Neópolis, atravessando o
Rio São Francisco, cedinho, fosse até mesmo em canoas de
pescaria. Até, para facilitar o trabalho, o Sr. Bispo atual – Dom
José Vicente Távora63 me deu provisão canônica de vigário
cooperador.

FALECIMENTO

Na manhã do dia 30 de novembro de 1962 - Festa litúrgica


do Apóstolo Santo André – manteve com minha mãe uma
conversa, quem não sabia ser a última. Lembrei que, naquela data,
devia comemorar os 24 anos do meu Subdiaconato, acrescentando -
Foi o dia do meu casamento com a igreja. Ela exclamou: “Dia

62

63
abençoado!”. Levantei-me, às 05 horas, para tomar banho. Quando
estava no banheiro, fui chamado aflitamente, por Ana, que disse
“Mercê está morrendo!” Apressei-me em vê-la e realmente estava
em seus últimos momentos. Entregara a alma Deus, munida dos
Santos Sacramentos e assistida por seu filho sacerdote a rezar.
O sepultamento se fez, no Cemitério Paroquial de Neópolis,
transladado o féretro, em lancha especial, vendo-se no
acompanhamento grande número de amigos, de Penedo e de
Neópolis. Cativante gentileza demonstrou o então Prefeito
Municipal de Penedo, o saudoso Dr. Raimundo Marinho,
responsabilizando-se por todas as despesas funerárias. Que se
encontrem juntos, no céu, tendo conhecimento desta recordação.
Tenho – na como uma intercessora a mais no céu, ao lado de meus
setes irmãozinhos.
NÃO VOLTEI PARA O MARANHÃO

Após o falecimento de minha extremosa mãe, o Sr.


Arcebispo de São Luís do Maranhão – Dom José de Medeiros
Delgado - que, bondosamente, me deu licença para permanecer
junta ela enquanto vivesse, logo telegrafou, chamando e fazendo
ver que precisava de mim. Pedi-lhe mais tempo, pelo fato de ter
assumido o grave compromisso com o povo de Neópolis, com a
construção da torre direita, ou dos Sinos, de sua Igreja-Matriz. Ele
não se conformou com isso e continuou insistindo em chamar.
Aconteceu que a Santa Sé, naquela ocasião, transferiu o Sr. Dom
José de Medeiros Delgado, da Arquidiocese de São Luís do
Maranhão para arquidiocese de Fortaleza.
O sucessor dele o Sr. Dom João José da Mota Albuquerque
- a pedido do Sr. Dom José Brandão de Castro64, 1° Bispo de
Propriá, tendo que enfrentar uma premente escassez de clero
liberou-me, dando a necessária Carta de Excardinação, datada de 9
de abril de 1965. E assim, aqui fiquei provisionado pároco de
Neópolis e não mais voltei para o Maranhão. Até deixei, no Paço
Arquiepiscopal, nunca me tendo sido possível reaver, muitos
objetos de meu uso, sobretudo roupas e importantíssimos livros,
hoje raros e caríssimos, como o Dicionário Latino Saraiva e uma
História da Filosofia de Breyer, de sete volumes e em francês.

CONSTRUÇÃO DE TORRES

A Igreja-Matriz de Neópolis tem sido grandemente


beneficiada. Antes não tinha torres e agora têm duas, ambas
encimadas de coruchéus, cobertos de azulejo cor de goiaba. A torre
dos sinos, à direita, foi construída com recursos tirados do povo,
tendo-se feito para isto duas grandes caeiras de 60 mil tijolos cada,
64
em terrenos de propriedade do saudoso Sr. Solon Guedes Barreto.
Uma foi oferecida por ele e a outra teve despesas por conta da obra.
Mestre de obras foi o conceituado pedreiro José Paulino dos
Santos.
A segunda torre, com armação e várias lajes de concreto,
foi construída pela grande Firma PEIXOTO GONÇALVES &
IND. COM. LTDA., no breve espaço de um mês, graças aos
entusiasmos e força de vontade do saudoso industrial, Sr. José da
Silva Peixoto, que afirmou: “Tendo material e dinheiro constrói-se,
em pouco tempo.” Mestre de obras foi o excelente construtor José
Torres Santos, que deu início aos trabalhos, no dia 05 de outubro
de 1964.
CORO LIGANDO AS TORRES

Ligando as duas torres, internamente, fez-se uma espaçosa


laje de cimento armando, ostentando uma cumprida grade de ferro.
FESTA DOS SINOS

No dia 07 de junho de 1964, tivemos, em Neópolis, uma


festa interessante, que foi cognominada FESTA DOS SINOS. Às
05 horas da tarde, fora recebido, alegremente, dando entrada
solene, de mitra e báculo, precedido de crianças da Cruzada
Eucarística, o Exmo. Sr. Bispo Diocesano Dom José Brandão de
Castro, C.Ss.R., a frente da Igreja-Matriz, onde numerosos fieis o
aguardavam. Objetivo da solenidade era colocar, no alto da torre
direita do templo, DOIS SINOS de bronze, que foram fundidos na
Metalúrgica Freire, de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, o
maior, pesando 157 quilos e o menor, 50.
Dom José ministrou a benção litúrgica dos sinos, com a
recitação de salmos e fazendo brilhante alocução a respeito. A
Schola Cantorum entoou em canto gregoriano, o “Dirigator,
Domine.” Nomearam-se os santos aos quais foram dedicados os
sinos, de acordo com as efigies que apresentam em alto relevo: o
maior ao SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS e a NOSSA
SENHORA ASSUNTA AO CÉU e o menor a SANTO ANTÔNIO.
GUINDAGEM

Verdadeiro espetáculo. Responsável – o próprio construtor


da torre – José Torres dos Santos. Trabalho feito com muita
perfeição, arrancando ruidosos aplausos da grande assistência.
Magnifico detalhe: a primeira função do sino grande foi ainda
pendente do cabo de aço e correndo em possante roldana, uma vez
que o relógio marcava as seis horas da tarde, badalar o toque do
ANGELUS, que foi recitado pela multidão.
A subida vagarosa dos sinos soltou-se fogos, do alto da
torre e ouviram-se bonitos dobrados. Os paraninfos, que
sustentaram longas fitas, na hora da benção litúrgica, ofertaram
envelopes contendo a importância de Cr$ 92 925,00 – noventa e
dois mil e duzentos e noventa e cinco cruzeiros.
AGRADECIMENTOS DO PÁROCO

Após o jantar gentilmente oferecido pelo excelente amigo -


Sr. Solon Guedes Barreto ao Sr. Bispo e seus companheiros de
visita a Neópolis: Vereador Hélio Gomes e Srtas. Maria Lúcia
Sales e Gildete Sales seguiram-se os Exercícios Espirituais da 7°
Noite da Trezena de preparação para a Festa de Santo Antônio,
patrocinada, com brilhantismo, pelos funcionários públicos –
federais, estaduais e municipais. Mais uma vez, que, que foi a
Quinta, se nos fez ouvir, com eloquência e Apostolicidade, o
Exmo. Sr. Bispo Diocesano, proclamando de início: “DIA
NOTÁVEL, EM NEÓPOLIS!” Com ponto final, o pároco
formulou seu enternecido agradecimento: Ao Sr. Bispo, em nome
próprio e a todos os paroquianos, pela encantadora presença de sua
pessoa, de sua palavra e sua benção.
A grande FIRMA PEIXOTO GONÇALVES & CIA, em
cujas oficinas foram feitas as artísticas peças de madeiras dos
sinos, em forma de Cruz de Malta. Plena gratidão.
TRICENTENÁRIO DA PARÓQUIA DE NEÓPOLIS

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