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SOBRE NÓS
APRESENTAÇÃO
QUESTÕES PESSOAIS
QUESTÕES ESTRUTURAIS
QUESTÕES ADMINISTRATIVAS
SOBRE NÓS
E não tivemos quem nos orientasse, sobre o que fazer, durante esse período
tão difícil da nossa vida acadêmica.
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Apresentação
A verdade é: não existe resposta certa para essa pergunta. Não existe um
plantão ideal universal. Existe o plantão que mais se encaixa com o seu
estilo.
2 - Eu sei intubar um
paciente sozinho?
A ideia é a mesma da parada. Mas, em alguns casos, é possível postergar
a intubação. É sempre melhor uma intubação eletiva, no paciente estável,
mas se você não domina o procedimento, melhor fazer uma ponte com
suporte ventilatório não invasivo, até que outro colega mais experiente
realize o procedimento. Contudo, nos casos que não for possível aguardar
o colega, você vai ter que manejar a via aérea do doente. Se você ainda se
sente completamente inseguro para realizar uma IOT, compre uma máscara
laríngea e/ou um bougie. Não são caros e podem salvar a vida de um paciente
no plantão (e o seu CRM), se você não souber, ou não conseguir intubar.
3 - Eu sei passar um
central sozinho?
A ideia é a mesma da IOT. Em alguns casos é possível manejar o paciente com
drogas vasoativas no acesso periférico e postergar a passagem do central, até
que o paciente seja encaminhado para a referência. Dificilmente um acesso
central será uma emergência médica, uma coisa para você realizar na correria.
Então se você não se sente seguro para passar um central sozinho, saiba que
isso não deve ser determinante na escolha de um local de plantão - Claro, se
você tem uma cidade de referência a 6 horas (ou mais) de onde você está
dando plantão, ou se você é o médico responsável pela sala vermelha, não
adianta manter o paciente com drogas no periférico - Aí o central passa a ser o
acesso de escolha. Além disso, dificilmente aceitam um paciente transportado
com drogas vasoativas no acesso periférico, principalmente com altas doses,
porque se perder o acesso, as chances de óbito são grandes.
4 - Se tiver um ventilador
mecânico, eu sei usar?
Repare que são duas perguntas combinadas em uma. Na inexistência de um
ventilador mecânico, nem se preocupe com isso. Vai ter que “ambuzar”, nem
ocupe a cabeça (naquele momento, para aquele plantão) com conhecimentos
sobre ventilação mecânica. Porém, se tiver disponibilidade na unidade, você
sabe ajustar os parâmetros? Sabe identificar e corrigir os problemas que
aparecem? Se não souber e tiver que pegar aquele plantão, se proteja de
algumas formas: Opte por lugares em que você não é o único médico de
plantão - e que seu colega saiba ligar, obviamente - ou estude antes parâmetros
de ventilação, procure o manual do ventilador na internet e saiba ao menos
quais são os botões e como ajustar. Se você for ainda mais detalhista, pode
acrescentar uma outra pergunta: “O ventilador mecânico está funcionando?”.
5 - Eu sei drenar um tórax?
Dificilmente uma unidade de pronto-socorro não terá materiais para drenagem
de tórax. Isso significa que você tem que saber? Olha, é muito bom que saiba!
Isso pode salvar vidas. Agora, pense: Drenagem de tórax em selo d’água é
um procedimento definitivo para pneumotórax hipertensivo ou aberto (nesse
caso, a gente ainda associa o curativo em 3 pontas).
O que um cirurgião ou um emergencista fazem enquanto não há
possibilidade de drenagem de tórax? Você faz uma punção de alívio.
Essa sim você deve dominar (e é bem mais fácil, diga-se de passagem).
Se você nunca viu um tórax sendo drenado, não dê uma de super-herói
quando medidas heróicas não são necessárias.
A explicação desta é bem elementar, mas muita gente não pensa nisso.
Vamos lá, raciocine com a gente: Diante de um trauma de alta energia (carro,
moto, caminhão, atropelamento), quase sempre o serviço móvel de urgências
acaba levando o paciente não para o centro referência de trauma, e sim para
aquele que está mais perto. E, pelo mesmo raciocínio do tamanho da cidade,
concorda que em rodovias de alta velocidade o fluxo de carros é maior?! Logo,
as chances de acidentes aumentam. Você precisa estar seguro de como
realizar um atendimento à vítimas de trauma.
5 - Tem UTI à disposição?
Alguns pacientes precisam de internação em leito de UTI. Infelizmente, no
Brasil temos uma escassez de leitos intensivos. Geralmente o paciente com
clara indicação de cuidados em UTI acaba ficando na sala vermelha, ou pior,
na sala de observação. Saiba se, precisando desse leito, você terá para onde
enviar o paciente ou se terá que permanecer sob seus cuidados e transformar
a “sala vermelha” em uma UTI.
9 - Tenho exames
laboratoriais disponíveis?
Esse é um ponto crítico para muitos recém-formados. Com isso, a gente quer
te perguntar uma coisa: Você precisa dos exames para formular a sua hipótese
diagnóstica? Ou precisa deles para confirmar ou descartar hipóteses? Se você
respondeu que precisa deles para formular sua hipótese - Não é bem assim!
Sua hipótese diagnóstica deve ser feita com base na sua história clínica e no seu
exame físico - Pensa! Paciente etilista crônico, chega no pronto atendimento
com “náuseas e vômitos, dor intensa no epigástrio, hipocôndrio esquerdo e
parece que a dor vai pras costas”. Você tem alguma dúvida de que a principal
hipótese diagnóstica para esse quadro é de pancreatite? Tem dúvida de que a
conduta inicial é analgesia, hidratação e jejum? Não ouse dizer que antibiótico
também! Ela não está indicada! Você pode até dizer: “Mas eu aprendi que o
diagnóstico de pancreatite precisa de fator clínico, laboratórial e imagem” - E
você está certíssimo! - Entretanto, aqui estamos trabalhando com hipóteses.
Consegue levantar outras? Síndrome Coronariana Aguda? (pela história clínica
e pelo ECG você pode começar a descartar); Cetoacidose diabética? (Com
um dextro você já se resolve). Perceba que a hipótese norteia a conduta, não
a confirmação da patologia. Se você suspeita de um IAM sem supra de ST,
o melhor é transportar o paciente ou solicitar transporte até a cidade de
referência, aonde poderão ser seriados os marcadores de lesão miocárdica.
10 - Tenho exames de
imagem disponíveis?
A ideia é a mesma dos exames laboratoriais. Para qual patologia você
precisa de um exame de imagem para fazer sua hipótese diagnóstica? Exato,
nenhuma! Eles complementam a sua hipótese diagnóstica. Quantas foram as
patologias que, para a suspeita clínica, você precisa de um exame de imagem?
(dica: a suspeita é CLÍ-NI-CA). Suspeitar é pela clínica, mas algumas condutas
dependem, sim, de exames de imagem. Um AVC precisa de uma tomografia
para localizar a obstrução. Em muitos casos você vai precisar complementar a
investigação com um raio-x - na suspeita de um abdome agudo, por exemplo
- se for perfurativo você já deve ver evidências de pneumoperitônio. Pelo
menos com a suspeita clínica você já tem uma justificativa para solicitar o
exame e/ou justificar o encaminhamento à cidade de
referência.
13 - Se o paciente precisar
ser transportado, quem
faz o transporte?
Visualize! Você está em uma pequena cidade do interior, com cerca de 5.000
habitantes e precisa que um paciente seja internado na UTI, um choque séptico
de foco pulmonar, de uma cidade que fica há cerca de 90 minutos de onde
você está. Você sabe que a vaga foi cedida e ele “só precisa ser encaminhado
até lá.” Você não pode simplesmente deixar um paciente desse ir por meios
próprios. Ele precisa de ambulância. Só que, se você for o único médico, não
pode simplesmente transportar e deixar o PS sem médico. É necessário entrar
em contato com o responsável técnico pela unidade, e ele precisa garantir que
um médico assuma seu lugar, ou que outro faça o transporte. Pense que nem
sempre a cidade tem SAMU. Então é bem provável que, assim como alguns de
nossos professores, você fará transporte de pacientes graves em ambulâncias
que são praticamente caminhonetes com capota, um improviso total.
14 - Quantos médicos
atendem na unidade?
Talvez esta seja uma das perguntas que as pessoas mais fazem, justamente
com “qual o volume” e “quanto paga”. Saber quantos médicos atendem é uma
ótima informação. Questione quantos ficam durante o dia e quantos ficam
durante à noite. Pergunte se durante à noite os médicos costumam dividir
horário. Cuidado! Dividir horário não significa que você pode se ausentar da
unidade naquele período, e nem que, “não importa o que chegar, não é meu
horário”. Não tenha esse tipo de conduta!
15 - Qual o volume de
atendimentos?
Faz sentido para você que isso seja importante saber? Concorda que, se em
12 horas cada médico atende cerca de 80 pacientes… São quase 7 pacientes
por hora, contando que você atendeu as 12 horas sem almoçar, sem ir ao
banheiro, sem tomar aquele cafezinho gostoso no meio da tarde. 7 pacientes
em 1 hora, significa que você vai ter mais ou menos 8 minutos por paciente; 8
minutos para anamnese, exame físico, conduta e anotar tudo no prontuário.
Para as queixas mais tranquilas, uma conjuntivite viral, 8 minutos são mais
do que suficientes. Mas, se chega aquele vôzinho com tosse; Te garanto que,
para uma consulta bem feita, para um prontuário bem feito - Claro! Você vai
demorar (por baixo) uns 15 minutos. Saiba que você não é obrigado a respeitar
o tempo de consulta que o local determina. Você tem autonomia para
definir o tempo da sua consulta, a partir do momento em que o paciente
entrar no consultório. Mas também não fique “galinhando”, enrolando no
atendimento, porque um paciente com IAM, com supra, que abriu ficha
com queixa de náuseas e vômitos pode ficar 2 horas esperando, evoluir
com PCR porque você vacilou nos casos simples.
Seja sempre proporcional no atendimento! Todos os pacientes que estão
no PS, os atendidos e os não atendidos são de sua responsabilidade!
21 - A equipe de enfermagem
é treinada?
Esse é um ponto crítico no cenário de emergência, e temos que admitir uma
triste verdade: Em muitos locais há uma cisão entre médicos e equipe de
enfermagem. Quando a enfermagem questiona a conduta do médico, o
médico acaba por responder de forma ríspida, e lá se vão 11 horas de plantão
com a cara fechada. O fato de existir uma equipe de enfermagem treinada
te ajuda demais no plantão. Muitas vezes ela já sabe todas as drogas de uma
parada, por exemplo. Já sabe o esquema de insulinoterapia para hiperglicemia
isolada ou cetoacidose diabética, hipercalemia… Aprenda com ela sempre
que possível. Contudo, mostre liderança e, diante de uma equipe não tão
bem treinada, oriente e ajude com todas as dúvidas.
Preze sempre por um bom relacionamento no PS!
22 - Tem Programa de Saúde
da Família na cidade?
Esse é extremamente importante. Se há PSF, diminuem as chances de
queixas simples chegarem ao PS (queixas como unha encravada há 1 mês,
lesões cutâneas há 3 semanas, dor no joelho há 4 meses…). Por outro lado,
se o PSF for de baixa qualidade ou inexistente, há uma chance maior de
você atender queixas que não são emergência ou urgência, e que podem
tumultuar bastante seu plantão.
26 - Se eu der plantão em um
hospital, eu assumo os
pacientes da enfermaria
durante à noite (ou até
durante o dia) ?
Essa é uma das piores situações que você pode enfrentar. Isso pode
acontecer principalmente em cidades de pequeno porte, nas quais o pronto
atendimento vinculado ao hospital da cidade. Acontece que dificilmente o
médico que cuida da enfermaria durante o dia vai permanecer na unidade
durante as 12 horas. Muitas vezes ele passa pela manhã, passa visita, prescreve
os pacientes e vai embora. Sejam 3, 5 ou 10 leitos de enfermaria, o ponto é que
são pacientes que você não conhece, não acompanhou a história e, diante de
uma intercorrência, você vai ter que correr, checar o prontuário e “se virar nos
30” para resolver o problema. Informe-se disso com antecedência!
QUESTÕES ADMINISTRATIVAS
1 - Quanto paga?
Se você nos permite dar uma sugestão, não faça a seguinte conta: “Quanto eu
ganho por paciente?”. Tendemos a fazer essa conta para ver se compensa ir a
um local com menos fluxo e menor pagamento, ou num local com mais fluxo
e maior valor. A medicina do PS não pode ser pautada por uma equação tão
simples assim. Espero que, se você leu tudo até aqui e não pulou direto pra
essa questão, você nem esteja se preocupando tanto com a parte financeira.
2 - Paga em dia?
Por “em dia”, queremos dizer “dentro do combinado”. Alguns locais pagam
regularmente 2 meses após o plantão, e isso é combinado de antemão.
Cuidado com locais em que há uma irregularidade do pagamento (Cada mês
cai um dia, às vezes atrasa…), isso pode prejudicar sua organização financeira
no próximo mês. Ao entrar nos grupos de WhatsApp ou Facebook de plantões,
converse com plantonistas regulares lá ou que já deram plantão naquele local.
Não se exponha a um risco sem se informar!
No estado de São Paulo temos visto locais que só aceitam Pessoa Jurídica.
Médico pode ter pessoa jurídica? Eu sou uma empresa? É isso mesmo. Você
pode abrir uma empresa de serviços médicos. Mas, como tudo na vida, isso
tem um custo. Você pagará taxas para abrir a conta, precisará de um contador
(se você tiver um na sua família, aproveite!) e, para o conselho de medicina do
seu estado, você vai ter que pagar duas anuidades: De pessoa física e de pessoa
jurídica. A vantagem é que os impostos na pessoa jurídica são inferiores em
relação à pessoa física. Porém, antes de sair todo empolgado
fazendo “a PJ” (sozinho ou com colegas), faça contas na ponta do lápis pra
ver se compensa. Muitas vezes os gastos com contador e anuidade não
compensam os descontos da PJ.
4 - Fica um segurança na
unidade à noite?
“Nossa, não é possível que até isso conte na hora de pegar um plantão.”
Acredite, conta muito. Infelizmente, os relatos de agressão a médicos têm
aumentado. Você dificilmente roda a timeline do Facebook ou do site de
notícias sem ver um relato de agressão a médico ou a profissional da saúde.
Segurança no ambiente de trabalho é essencial. Risco de agressão por
pacientes sob efeitos de álcool ou substâncias ilícitas são maiores durante à
noite.
Preze por locais com seguranças em tempo integral na unidade.
5 - O prontuário é
eletrônico ou manual?
Antes que você vá pensando besteira, nada de exame físico copiado e colado
do bloco de notas. Não faça nada disso. Não faça esse tipo de medicina. Cada
exame merece sua própria anamnese e seu próprio exame físico. Além do
que, é ridículo você escrever como hipótese diagnóstica “GECA” e escrever
no prontuário que as membranas timpânicas estão íntegras e translúcidas;
Ou que diante de uma queixa de IVAS, com congestão nasal, escrever que as
panturrilhas estão livres e sem edema. O fato de o prontuário ser eletrônico
ou manual deve te mover a escrever com mais agilidade (lembrando que
a letra precisa ser legível, sempre!). Naturalmente, prontuários eletrônicos te
permitem um atendimento mais rápido, desde a consulta propriamente dita,
até a prescrição, receitas para casa ou atestados.
Se você estiver em uma unidade com prontuário manual e quiser mais
agilidade, converse com o paciente sobre isso no início do atendimento. Fale
que você vai anotar no prontuário enquanto ele fala, veja se ele se incomoda,
garanta que ele entende que você está prestando atenção enquanto escreve.
Acredite; os pacientes são super compreensivos quando você conversa e
explica tudo para eles!
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