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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) DESEMBARGADOR (A) RELATOR (A) DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE XXX/XX.

PROCESSO NA ORIGEM N.º XXXX

Rafaela, menor impúbere, representada por sua genitora Melina, ambas


já qualificadas nos autos da Ação em epígrafe que move em face
de Emerson, também já qualificado, vem respeitosamente perante Vossa
Excelência, por sua procuradora signatária, interpor o presente AGRAVO
DE INSTRUMENTO com fundamento no Artigo 1.015, I do Código de
Processo Civil, conforme razões anexas:

Requer ainda, a juntada da cópia integral do processo para o cumprimento do


disposto no Artigo 1.017 do Código de Processo Civil, bem como a juntada da guia de
preparo, devidamente recolhida conforme o Artigo 1.016 do Código de Processo Civil,
informando-se assim o nome e endereço do advogado da Agravante, ora Recorrente:
Nome e endereço do patrono do Agravante: Advogado; OAB; endereço XXXX,
Cidade/UF e;

1 - DA SÍNTESE

1º) Trata-se de Ação de Alimentos interposto por Rafaela, ora Recorrente, em face
de Emerson, ora Recorrido e, apesar do nome não constar na Certidão de Nascimento da
Recorrente, seu pai Emerson realizou o exame de DNA em 2019, voluntariamente e
extrajudicialmente a pedido de sua ex-esposa, na qual foi apontada a existência de
paternidade em relação a Rafaela.

2º) Segundo consta na Petição Inicial, a Recorrente informou ao Juízo que sua
genitora encontrava-se desempregada e que seu pai Emerson não exercia emprego formal
com carteira assinada, porém, vivia de “bicos” e serviços prestados de forma autônoma,
razão pela qual pediu a fixação de pensão alimentícia no valor de 30% (trinta por cento) sob
o salário mínimo.

3º) Por fim, o juiz de primeiro grau da 1ª Vara de Família da Comarca da Capital do
Estado Y INDEFERIU o pedido de tutela antecipada inaudita altera parte, rejeitando o
pedido de fixação dos alimentos provisórios com base nos seguintes fundamentos:

a) Inexistência de verossimilhança da paternidade, uma vez que o nome de Emerson


não constava na Certidão de Nascimento e que o exame de DNA juntado era uma prova
extrajudicial, colhida sem o devido processo legal, sendo, portanto, inservível; e

b) Inexistência de possibilidade por parte do réu, que não tinha como pagar pensão
alimentícia pelo fato de não exercer emprego formal, como confessado pela própria autora.
2 - DAS RAZÕES

1º) Apesar do pedido indeferido na ação em epígrafe, na qual foi explanado a


inexistência de verossimilhança da paternidade e de que o nome do Recorrido não constava
na Certidão de Nascimento da Recorrente, em 2019 foi realizado o exame de DNA, ainda
que feito extrajudicialmente, foi possível comprovar através do mesmo, a paternidade do
Recorrido em relação à sua filha Rafaela:

2º) E, no que diz respeito à pensão alimentícia também indeferida pelo juízo de
primeiro grau, tendo em vista a falta de emprego formal e a forma de sobreviver através de
“bicos” por parte do Recorrido, cabe ressaltar que o Recorrido presta serviços de forma
autônoma possibilitando-o em adquirir através dos diversos trabalhos, quaisquer tipo de
renda, inclusive os de valores altos podendo ultrapassar um salário mínino por mês,
portanto, conforme o § 1º do Artigo 1.694 do Código Civil em relação do binômio
necessidade do alimentado, diz que:

§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante


e dos recursos da pessoa obrigada.

E, em relação a possibilidade do alimentante, vale ressaltar o Artigo 1.695 do Código


Civil que diz:
Art. 1695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, a própria mantença, e aquele, de quem se
reclamam, podem fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Sendo assim, conforme afirma o doutrinador Washington de Barros Monteiro, “se o
alimentando se acha em situação de penúria, tem certamente direito de impetrar alimentos,
ainda que possa ser responsabilizado pela própria situação de miséria”. (MONTEIRO, 2001,
p. 304).

O alimentante, por sua vez, tem o dever de cumprir com a pensão alimentícia, desde
que o montante a se pagar não prejudique seu próprio sustento.
Portanto, é necessário que haja uma proporcionalidade entre a necessidade de quem
tem o direito de receber os alimentos, com a possibilidade de quem tem o dever de pagá-
los.
Conforme cita Maria Helena Diniz:

“Imprescindível será que haja proporcionalidade na fixação dos alimentos


entre as necessidades do alimentando e os recursos econômicos financeiros
do alimentante, sendo que a equação desses dois fatores deverá ser feita, em
cada caso concreto, levando-se em conta que a pensão alimentícia será
concedida sempre ad necessitatem.” (DINIZ, 1997, p. 358).

3º) Ainda se tratando dos deveres do alimentante e de direitos do alimentado, já se


decidiu que:
CIVIL E PROCESSO. REVISÃO DE ALIMENTOS. DESEMPREGO. BINÔMIO
NECESSIDADE E POSSIBILIDADE. ART. 1694, § 1º, DO CÓDIGO CIVIL. VALOR.
ADEQUAÇÃO.
1. A fixação dos alimentos civis deve ser orientada pelo § 1º do
artigo 1.694 do Código Civil, que preconiza a comprovação da necessidade de
quem a recebe e a situação financeira de quem paga, a fim de que seja
garantida a sua compatibilidade com a condição social das partes.
2. O valor da pensão alimentícia não pode ser consideravelmente reduzido
em função do desemprego de um dos genitores, pois, além de ser temporário,
as necessidades do alimentado continuam iguais e a percepção de seguro
desemprego não modifica drasticamente a situação financeira do
alimentante.
3. Constatado que o valor arbitrado a título de alimentos civis pelo juiz
sentenciante não se mostra razoável e proporcional em relação às
necessidades do alimentando e à capacidade do alimentante, deve ser dado
parcial provimento ao recurso do menor e modificado o quantum fixado na r.
sentença.
4. Recurso parcialmente provido.

3 – DO EFEITO SUSPENSIVO ATIVO

Considerando o pedido de tutela antecipada para a fixação de alimentos provisórios


em que foi negado, a não concessão do efeito pretendido por temor do Artigo 1.019, I
do Código de Processo Civil, acarretará prejuízos à alimentada, ora Recorrente, sem contar
em longa batalha judicial sendo que, o feito pode ser devidamente de pronto julgado, com
resolução de mérito.

4 – DO PEDIDO

Diante do exposto, requer seja recebido e processado o presente Recurso de Agravo


de Instrumento para que, no mérito, lhe seja dado provimento, oficiando-se à instância
originária, tal qual, reformando-se a decisão de primeira instância proferida pelo juízo “a
quo”.
Outrossim, requer seja o presente recurso recebido e processado em seu regular efeito
devolutivo e com o efeito suspensivo conforme o artigo 1.019, I do Código de Processo Civil,
intimando-se a parte contrária para querendo apresentar contraminuta no prazo legal.
Por fim, as despesas processuais e demais encargos podem ser evitados no caso,
respeitando-se, pois, o princípio da celeridade.

Nestes Termos, Pede Deferimento.


Local, data.

Advogado/OAB

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