Você está na página 1de 57

Universidade Sul de Santa Catarina

Trabalho de
Conclusão
de Curso em
Economia

UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Créditos

Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul


Reitor
Sebastião Salésio Herdt
Vice-Reitor
Mauri Luiz Heerdt
Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão
Mauri Luiz Heerdt
Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional
Luciano Rodrigues Marcelino
Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos
Valter Alves Schmitz Neto

Diretor do Campus Universitário de Tubarão


Heitor Wensing Júnior
Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis
Hércules Nunes de Araújo
Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual
Fabiano Ceretta

Campus Universitário UnisulVirtual


Diretor
Fabiano Ceretta

Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços


Amanda Pizzolo (coordenadora)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Educação, Humanidades e Artes
Felipe Felisbino (coordenador)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e Agroindústria
Anelise Leal Vieira Cubas (coordenadora)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social
Aureo dos Santos (coordenador)

Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos


Moacir Heerdt
Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão
Roberto Iunskovski
Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos
Márcia Loch
Gerente de Prospecção Mercadológica
Eliza Bianchini Dallanhol
Eliete de Oliveira Costa

Trabalho de
Conclusão
de Curso em
Economia
Livro didático digital

2a Edição

Designer instrucional
Isabel Zoldan da Veiga Rambo
Eliete de Oliveira Costa

UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2016 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Livro Digital

Professora conteudista
Eliete de Oliveira Costa

Designer instrucional
Isabel Zoldan da Veiga Rambo
Eliete de Oliveira Costa

Projeto gráfico e capa


Equipe UnisulVirtual

Diagramador(a)
Caroline Casassola

Revisor
Contextuar

C87
Costa, Eliete de Oliveira
Trabalho de conclusão de curso em economia : livro didático / Eliete
de Oliveira Costa ; design instrucional Isabel Zoldan da Veiga Rambo,
Eliete de Oliveira Costa. – 2. ed. – Palhoça : UnisulVirtual, 2016.
55 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.

1. Pesquisa – Metodologia. 2. Pesquisa científica. 3. Redação técnica.


I. Rambo, Isabel Zoldan da Veiga. II. Título..

CDD (21. ed.) 001.42

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul


Sumário

Introdução  | 7

Capítulo 1
O Conhecimento Científico | 9

Capítulo 2
A Pesquisa | 23

Capítulo 3
Formatação de Trabalhos Acadêmicos | 39

Considerações Finais | 51

Referências | 53

Sobre a Professora Conteudista  | 55


Introdução

Nesta unidade de aprendizagem, você encontrará conteúdos que visam a auxiliá-


lo no processo de construção do conhecimento e elaboração do Trabalho de
Conclusão de Curso em Economia.

O TCC é uma atividade acadêmica que consiste em sistematização, registro e


apresentação de conhecimentos científicos e técnicos do curso, produzidos como
resultado do trabalho de pesquisa e investigação científica.

Você estudará, essencialmente, os processos que envolvem a pesquisa científica


e a produção acadêmica, os quais são fundamentais para o sucesso do seu
trabalho científico.

Assim, no capítulo 1, você conhecerá o conceito de conhecimento e, estará apto


a distinguir os quatro tipos de conhecimento: conhecimento popular ou senso
comum, o conhecimento religioso, o conhecimento filosófico e o conhecimento
científico.

No capítulo 2, estudará as principais técnicas de pesquisa, identificará a forma


de relacionar situações e variáveis e entenderá como classificar a pesquisa
quanto ao nível ou aos objetivos, quanto à abordagem e quanto ao procedimento
utilizado para coleta de dados.

Já, no capítulo 3, compreenderá as orientações relativas à formatação e estrutura


do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Para tal, destacaremos textos
e procedimentos baseados nas normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) e também no livro Trabalhos Acadêmicos da Unisul, entre outros.

A partir das orientações aqui apresentadas, você será capaz de refletir e


identificar seu tema de pesquisa e desenvolver seu TCC.

Bom Trabalho!

Profª Eliete Oliveira


Capítulo 1

O Conhecimento Científico

Neste capítulo, você conhecerá o conceito de conhecimento e será capaz de


distinguir os quatro tipos de conhecimento: o conhecimento popular ou senso
comum, o conhecimento religioso, o conhecimento filosófico e o conhecimento
científico. Observará que, não existe um conhecimento melhor que o outro,
pois, apesar de diferentes e com características próprias, possuem o mesmo
objetivo que é responder às dúvidas existentes e criar novos questionamentos.
Observe, atentamente, os conceitos abordados, pois, a partir deles, você
encontrará suporte para definir seu trabalho de conclusão de curso, proposto
na unidade de aprendizagem.

Vamos aos estudos?

Seção 1
O Conhecimento
A palavra conhecimento origina-se do latim cognitio e sugere a existência de uma
relação entre dois polos: de um lado o sujeito e de outro o objeto.

Nessa relação sujeito-objeto, o primeiro distingue-se pela sua capacidade


cognitiva, ou seja, de conhecer. Já o segundo, o objeto, é aquilo que se revela
à consciência do sujeito, estabelecendo uma ligação e transformando-se em
conceito (ARANHA; MARTINS, 1999, p. 48).

O conhecimento pode ocorrer de várias maneiras, nos permitindo, assim, afirmar


que um único objeto pode ser entendido à luz de diversos ângulos e aspectos.
Todas as formas de conhecimento coexistem, e partindo desta ótica podemos
pensar um fenômeno por meio de matrizes de compreensão, como o conhecimento
do senso comum, filosófico, religioso, artístico e científico. Com suas peculiaridades,
aproximações e diferenças, aparecem diferentes maneiras de o sujeito “conhecer”.

9
Capítulo 1

Para Costa (2001, p. 4, grifo do autor), conhecer “é mais do que ter na memória
um conjunto de informações: é conseguir fazer com que essas informações
transformem-se em prática e sejam úteis sob a perspectiva pessoal,
profissional, social ou política”.

De acordo com Barros e Lehfeld (1986, p. 46) o conhecimento é “a manifestação


da consciência-de-conhecer; é a consciência de conhecimento”. Afirmam ainda
que é por meio do conhecimento que se faz possível ao homem adaptar-se,
interpretar e assimilar o mundo exterior e o seu interior.

As autoras vinculam a existência do conhecimento à condição de explicação da


experiência vivida e à solução de problemas ao dizerem que “o conhecimento
existe quando a pessoa ultrapassa o ‘dado’ vivido, explicando-o” e “o
conhecimento e/ou o ato de conhecer existe como forma de solução de
problemas próprios e comuns à vida.” (BARROS E LEHFELD, 1986, p. 46).

Sob a ótica da filosofia contemporânea, o conhecimento é entendido como


crença verdadeira e justificada. Embora aceito pelos filósofos ocidentais,
este conceito foi introduzido por Platão, conforme afirmam Nonaka e Takeuchi
(1997). Os autores referem-se a esta definição como sendo a definição
tradicional de conhecimento.

Alguns autores mais recentes, estudiosos da metodologia científica, que tratam


dos problemas atuais da teoria do conhecimento, dividem o conhecimento em
quatro níveis distintos, a saber: conhecimento popular, conhecimento teológico,
conhecimento filosófico e científico.

Outras divisões, que não serão discutidas aqui, podem até certo ponto ser
consideradas como variações ou subdivisões destes quatro níveis.

Seção 2
Tipos de Conhecimento
Ao pesquisarmos o longo período da história da humanidade, nos deparamos
com quatro tipos de conhecimento: o conhecimento popular ou senso comum,
o conhecimento religioso, o conhecimento filosófico e o conhecimento
científico. Podemos afirmar que todos os tipos de conhecimento são
importantes, pois são diferentes, com características próprias e específicas.
Observamos que cada um, dentro do seu contexto, possui objetivo em comum:
responder aos questionamentos existentes e criar novos questionamentos. O
conhecimento científico, que enfatizaremos neste capítulo, embora seja o mais
sistematizado, pode-se afirmar que não é o único meio que nos leva à verdade.

10
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

A seguir, detalharemos cada tipo de conhecimento, acima citado, destacando seu


conceito e suas características.

O conhecimento popular ou senso comum


Podemos afirmar que o conhecimento popular ou senso comum é encontrado
desde a época dos homens das cavernas. É também um conhecimento passado
de geração em geração, dando assim origem a todos os outros tipos de
conhecimento. Se observarmos no nosso dia a dia atual, perceberemos que a
grande maioria dos fatos tem origem no senso comum.

Podemos destacar como exemplo a descoberta do fogo, como um dos maiores avanços
descoberto pelos homens da época. A descoberta do fogo aconteceu por acaso, mas a
partir daí foi evoluindo e percebendo a possibilidade de dominar a natureza.

De acordo com Chassot (2004), a descoberta do fogo possibilitou ao homem


a atividade de cozer os alimentos. Tal atividade exigiu a criação de utensílios
resistentes ao fogo, originando então as cerâmicas e, a partir dessa necessidade,
surgiram então outras utilizações, as quais levaram aos processos de
fermentação de sucos vegetais, curtição de peles, tingimento e vitrificação.

Por volta de 4000 a.C., o homem usava metais. Inicialmente usava o


ouro e o cobre apenas no fabrico de objetos de adorno, por serem
esses metais encontrados livres na natureza. A disponibilidade de
cobre aumentou muito quando foi descoberto que se podia obtê-lo,
sem muita dificuldade, a partir do aquecimento de pedras azuladas.
Foi talvez um acontecimento acidental que deu origem à metalurgia,
quando humanos surpreenderam-se ao ver bolas brilhantes de
cobre, quando faziam fogo em um terreno onde havia malaquita ou
azurita (minérios de cobre). (CHASSOT, 2004, p. 18).

Dentre outros exemplos, podemos também citar o período de plantação (semear


e colher) de determinados tipos de cereais. Um conhecimento antigo que foi
passado de geração após geração entre as famílias de agricultores da zona rural.
É interessante observar que, mesmo sendo iletrados e sem acesso a outros
conhecimentos, identificam o período correto para semear, colher, a necessidade
de adubagem e os tipos de solo mais adequados para diferentes plantações
(MARCONI E LAKATOS, 2008). Conforme apresentado, todos esses conhecimentos,
após comprovados, tornaram-se sistematizados e apropriados pela ciência.

No entanto, algumas praticadas advindas do conhecimento popular, transmitidas


entre gerações, não possuem a validação científica. Podemos citar como
exemplos as superstições: passar debaixo de escadas, ingerir manga com leite,

11
Capítulo 1

comer sopa de lentilha na passagem para o ano novo trará fartura e dinheiro,
quebrar espelho dará sete anos de azar etc.

Outro exemplo que podemos citar são as pessoas que não saem de casa sem antes
verificar a previsão astrológica diária. Essas pessoas acreditam que os conselhos,
previsões destacadas numa revista, jornal ou site possuem poder para conduzir
seu futuro. Percebe-se que acreditam em um tipo de conhecimento sem validação
científica, configurando-se apenas como conhecimento popular ou senso comum.

Conforme afirmam Laville e Dionne (apud RAUEN, 2002, p. 23), as raízes do


conhecimento popular ou do senso comum são a intuição e a tradição. A intuição
é a percepção imediata que dispensa o uso da razão, já a tradição ocorre quando,
uma vez reconhecida a pertinência de um saber, organizam-se meios sociais de
manutenção e de difusão desse conhecimento, tornando-se uma marca visível na
formação da identidade cultural de uma comunidade.

No entanto, não se deve considerar o conhecimento do senso comum como de


qualidade inferior aos demais conhecimentos, pois em muitas ocasiões de nossas
vidas ele funciona socialmente, conforme podemos citar o caso do manuseio do
chá caseiro ou das ervas medicinais, a partir do conhecimento adquirido pelos
antepassados que se torna uma sabedoria proveniente da cultura popular.

A seguir, analisaremos o conhecimento religioso, que, de acordo com estudos,


pode ser tão antigo quanto o conhecimento popular.

Conhecimento Religioso
Conforme afirma Santos (2010), o objetivo do conhecimento religioso é, assim
como nos demais tipos de conhecimento, oferecer respostas para nossos
questionamentos. Sob a visão do sobrenatural, não se trata de perguntas
científicas, mas indagações referentes às dúvidas existenciais, nossos anseios
que nos direcionam a uma entidade superior.

Segundo Netto (2005), o conhecimento religioso fundamenta-se na fé das


pessoas, partindo do “[...] princípio de que as verdades nas quais [se] acredita
são infalíveis ou indiscutíveis, pois se tratam de revelações da divindade.”
(OLIVEIRA NETTO, 2005, p. 5).

Para o mesmo autor, essas verdades são definitivas, não permitindo


questionamentos, pois se tratam de revelações divinas que não devem ser
revistas à luz da reflexão ou experiência.

Para Chaui (2005, p. 138), “a percepção da realidade exterior como algo independente
da ação humana nos conduz à crença em poderes superiores ao humano e à busca de
meios para nos comunicar com eles. Tendo origem então à crença na(s) divindade(s)”.

12
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

O conhecimento religioso tem apoio em doutrinas de proposições sagradas e


direcionado à compreensão do mundo em sua totalidade. Sua fonte são os livros
sagrados, não somente os cristãos, aceitos racionalmente pelo homem, após
apreciação crítica pela história.

Conhecimento Filosófico
A palavra filosofia tem origem no grego e é composta pelas palavras philo que significa
amigo e sophia, sabedoria. Assim, a palavra filosofia, etimologicamente, significa
amigo da sabedoria. Segundo Appolinário (2004, p. 52), “[...] forma de conhecimento
caracterizada pela reflexão racional [...] e pelo foco na lógica interna, ou seja, pela
coerência dos conceitos articulados em sua formulação, todavia prescindindo de
verificação empírica (o que a diferencia do conhecimento científico, por exemplo).”

De acordo com Matallo Júnior (1989), os gregos foram os precursores na criação


de parâmetros para uma sistematização do conhecimento. Essa sistematização
só foi possível devido à separação de classes:

Homens livres → cabeça → trabalho intelectual;


Escravos → mãos → trabalho braçal.

Conforme afirma Santos (2010):

Filosofia e Ciência são irmãs: nasceram no mesmo local (Grécia),


mesma época (aproximadamente seis séculos antes de Cristo)
e com o mesmo objetivo: a busca da verdade. Ambas buscam
uma sistematização do conhecimento. As duas caminharam
praticamente juntas desde o nascimento até o final do século XIX,
quando houve uma cisão mais definitiva entre as duas devido ao
Positivismo. As perguntas que a Filosofia tenta responder são
diferentes daquelas que a Ciência consegue responder. Enquanto
a Ciência é fortemente baseada em fatos, tentando estabelecer
leis e padrões, a Filosofia é especulativa, baseada principalmente
na argumentação. (SANTOS, 2010, p. 8).

A origem da Filosofia, na história do pensamento humano, foi marcada por uma


grande ruptura histórica: a passagem do mito para a razão. Nesse período ocorreu
uma grande mudança na forma de expressar a linguagem escrita, passando do
verso para a prosa. O verso representava o período anterior ao século VI a.C. e
era a forma de transmitir o conhecimento mítico, produzido, principalmente, pelas
experiências narrativas e pelos relatos de Homero e Hesíodo.

13
Capítulo 1

Conforme explicam Barros e Lehfeld (1996), a filosofia tem como suporte


a reflexão, pois suas hipóteses têm origem na experiência e não da
experimentação. A reflexão possibilita um vasto campo de interpretações
permitindo assim impressões, opiniões e conclusões variadas.

De acordo com as autoras, é possível afirmar que “não há uma unanimidade de


pensamento e de forma de reflexão nem mesmo entre os grandes expoentes da
Filosofia.” (BARROS; LEHFELD, 1986, p. 51).

Dessa forma, podemos afirmar que o maior objetivo do conhecimento filosófico


é o de desestabilizar o que está posto, demonstrando assim que tudo está em
constante mudança, tornando o pensamento falível e superável à medida que
deslumbramos novos horizontes.

A seguir abordaremos o conhecimento científico, que lida com a ocorrência ou


fatos; sendo que suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade
conhecida através da experiência.

Conhecimento Científico
O conhecimento científico configura-se num conhecimento questionável, pois suas
premissas ou hipóteses são passíveis de contestação. Sua veracidade ou falsidade
são constatadas por meio da experimentação e não somente pela razão.

Segue uma lógica ordenada, pois se trata de um conhecimento sistematizado,


forma um sistema de ideias e não de conhecimentos desconexos.

Outra característica marcante do conhecimento científico é a verificabilidade,


pois as hipóteses que não podem ser comprovadas, não são aceitas no
contexto da ciência.

Podemos afirmar também que trata de um conhecimento falível, dado não ser
definitivo e, devido a essa característica, se apresenta de maneira aproximadamente
exata, em que novas teorias seguidas do desenvolvimento de novas técnicas podem
estabelecer novas bases para a teoria existente. Observe o quadro 1.1 a seguir:

Quadro 1.1 - Características do conhecimento científico

CARACTERÍSTICAS

Real Refere-se a ocorrências ou fatos

Contingente Trabalha com ensaios e experiência

Sistemático Conhecimento logicamente ordenado

14
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

Verificável Pode ser testado

Falível Está em permanente evolução

Aproximadamente exato Provisoriamente aceito

Fonte: Elaboração da autora, 2016.

Sob esta ótica, dar início a uma investigação científica é identificar a deficiência
de um conhecimento já existente e empenhar-se em modificá-lo, ampliá-lo
ou até mesmo substituí-lo, apresentando um novo conhecimento capaz de
responder a pergunta existente.

A investigação científica se inicia quando se descobre que os


conhecimentos existentes, originários quer das crenças do senso
comum, das religiões ou da mitologia, quer das teorias filosóficas
ou científicas, são insuficientes e imponentes para explicar os
problemas e as dúvidas que surgem. (LAKATOS, 1991, p. 10).

A distinção entre o conhecimento científico dos demais tipos de conhecimento, não é o


tema ou o problema investigado, mas os critérios e sequência de procedimentos para a
investigação dos problemas.

Vale destacar que ambos têm o mesmo objeto de conhecimento, no entanto


diferenciam-se pela postura científica, pois este não trata os resultados da
pesquisa como dogmas, mas como hipóteses questionáveis e que estão em
constante investigação e revisão crítica.

O conhecimento científico é construído através de procedimentos


que denotem atitude científica, por proporcionar condições de
experimentação de suas hipóteses de forma sistemática, controlada
e objetiva e ser exposto à crítica intersubjetiva, oferecendo maior
segurança e confiabilidade nos seus resultados e maior consciência
dos limites de validade de suas teorias. (LAKATOS, 1991, p. 12).

Conforme podemos observar nas afirmações acima, o conhecimento científico


exige do pesquisador que tenha constantemente uma visão crítica seguida de
criatividade, buscando propor novas ideias, levantando hipóteses e teorias que
deverão estar sujeitas à crítica intersubjetiva.

Dessa forma, tendo como premissa as afirmações apresentadas até aqui,


podemos afirmar que existem várias explicações para um mesmo fato,
considerando os vários tipos de conhecimentos. Observe a figura 1.1 a seguir:

15
Capítulo 1

Figura 1.1 – Os conhecimentos e as explicações para um mesmo fato

Vontade de
Deus
Religião
Oposição à
vida - cessar da
Filosofia consciência
Explicação sobre
a morte
Conhecimento É velho, caiu,
popular sofreu acidente,
bebia, fumava
Ciência Morte clínica,
morta cerebral
ou paragem
cardíaca
irreversível

Fonte: Ruiz (2002, p. 5).

Para melhor compreensão sobre o trabalho científico, a seguir, na seção


3, abordaremos o tema metodologia científica, destacando o processo de
investigação a partir de um tema específico. Observaremos que a “postura”
científica tem como objetivo alcançar a verdade dos fatos por intermédio dos
meios de observação e experimentação.

Seção 3
A Metodologia do trabalho científico
A palavra metodologia vem do grego methodos (meta+hodós) significando
caminho para se chegar a um fim (GIL, 2006, p. 26).

O método científico trata de um estudo e uma investigação elaborada a


partir de um tema específico, seguindo uma rigorosa metodologia que pode
ser considerada a estratégia que organiza e orienta a atividade científica,
direcionando ao alcance de um novo conhecimento científico que interfere e
transforma a realidade existente (SALOMON, 1999).

16
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

Considera-se, também, o método científico como sendo um conjunto de


critérios que define os procedimentos adequados com intuito de produzir
novo conhecimento a partir de conhecimentos preexistentes. De acordo com
Lakatos (1991, p. 15), “os conhecimentos de hoje se sustentam, em grande
parte, no aperfeiçoamento, na correção, expansão ou substituição dos
conhecimentos do passado”.

Compreende o agrupamento de evidências empíricas verificáveis, que tem


como base a observação sistemática e controlada, em sua maioria, resultantes
de experiências ou pesquisa de campo, seguida de análise, embasadas de
conhecimentos preexistentes.

Considerando que a metodologia científica tem como objetivo delinear os


caminhos necessários para o autoaprendizado, levando o pesquisador a
posicionar-se como sujeito no processo, desenvolvendo a capacidade de
pesquisar e sistematizar o conhecimento apreendido, vale analisarmos a
seguinte pergunta:

Quais os passos para realizar uma leitura analítica de um texto científico?

Leitura analítica de texto científico


Inicialmente, devemos considerar que Ler, compreende conhecer, interpretar,
decifrar (LAKATOS; MARCONI, 1992, p. 15). É por meio da leitura que adquirimos
grande parte dos conhecimentos, pois possibilita além da expansão também o
aprofundamento do saber em determinado tema e ou área de pesquisa.

De acordo com Salvador (1980, p. 100), o ato de ler significa “distinguir os elementos
mais importantes daqueles que não o são e, depois, optar pelos mais representativos
e mais sugestivos.” Dessa forma, ler significa também eleger, escolher.

Para Medeiros (1997, p. 53), “a leitura é produzida, uma vez que o leitor interage
com o autor do texto”, ou seja, autor e leitor devem estabelecer um acordo
mútuo, para que ocorra a boa leitura.

Considerando nossa análise nesta unidade de aprendizagem em que a leitura


está direcionada à finalidade específica de redigir um trabalho científico, faz-se
necessário identificar as informações e os detalhes relevantes indicados no material
pesquisado, relacionando-os com o problema a ser resolvido. É imprescindível
analisar a consistência das informações e dados coletados dos diversos autores.

17
Capítulo 1

Para tal, sugere-se os seguintes passos:

1. Análise Textual:
•• iniciar a leitura de unidades delimitadas (um capítulo, uma seção);
•• realizar uma leitura rápida da unidade para obter uma visão de
conjunto da mesma;
•• identificar características relativas ao autor, ao vocabulário
específico, às variáveis, aos fatos, linhas dos autores citados, que
sejam importantes para a compreensão da mensagem.

2. Análise Temática
A partir da leitura inicial, buscar compreender a mensagem do autor, e a partir
da linha de raciocínio do autor, reconstruir um processo lógico, ordenando a
sequência das ideias no texto (tema, problema, tese, raciocínio, ideias secundárias).

3. Análise Interpretativa
Interpretar a mensagem do autor estudado (situação e influências, pressupostos,
associação de ideias e críticas).

4. Problematização
Identificar e discutir problemas relacionados às conclusões do autor.

5. Reelaboração da mensagem com base na reflexão pessoal


A partir de conhecimentos existentes, elaborar uma análise crítica sobre as
ideias do autor.

Resumo de Textos Científicos


Ao concluir a leitura de um texto científico, você deve elaborar um resumo,
visando a organizar as informações contidas na leitura.

No resumo, deverão ser destacados os elementos de maior interesse e importância,


ou seja, as principais ideias do autor. O objetivo do resumo compreende a difusão
das informações contidas na leitura (livros, artigos, teses etc.).

Vale salientar que um bom resumo motiva o leitor à leitura completa da obra apresentada.

Como fazer o resumo de um texto científico?

Primeira leitura: fazer um esboço do texto, tentando captar o plano geral da obra
e seu desenvolvimento.

18
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

Segunda leitura: voltar a ler o trabalho para responder as duas questões


principais: de que se trata o texto? O que pretende demonstrar? Com isso
identificam-se as ideias centrais e o propósito do autor.

Terceira leitura: deve ser feita com a finalidade de:

•• compreensão do sentido de cada parte importante;


•• anotação das palavras-chave;
•• verificação do tipo de relação entre as partes.

Tipos de resumo
Após a leitura e compreensão do texto, deverá identificar as palavras-chaves e
compreender relação entre as partes essenciais, para em seguida desenvolver
a elaboração do resumo. De acordo com o trabalho que se pretende realizar, o
resumo pode ser:

•• Indicativo ou descritivo – este tipo de resumo identifica as


partes mais importantes do texto. Destaca frases curtas, as
quais correspondem a uma informação importante da obra. É
indispensável a leitura do texto completo, para que se identifique e
descreva sua natureza, forma e propósito.
•• Informativo ou analítico – este tipo de resumo é mais amplo do que
indicativo com a intenção de informar o conteúdo e as principais
ideias do autor, destacando os objetivos e o assunto, os métodos
e as técnicas; os resultados e as conclusões. Considerando que
se trata da apresentação do texto, não deve conter comentários
pessoais ou do autor do resumo; no caso de citação do autor, elas
deverão aparecer entre aspas.
•• Crítico – trata-se de um resumo em que é apresentado um
julgamento sobre o trabalho. Destaca-se, aqui, a crítica em relação
aos aspectos metodológicos; do conteúdo; do desenvolvimento; da
técnica de apresentação das ideias principais. Neste caso, não se
deve apresentar citações.

A resenha crítica
A resenha crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra. A partir da leitura, deve-
se ter a habilidade de desenvolver um resumo crítico, formulando um conceito do
valor da obra com a finalidade de apresentar uma síntese das ideias fundamentais.

19
Capítulo 1

Para se formular uma resenha, é indispensável que se tenha:

a. conhecimento completo da obra;


b. capacidade de formular juízo de valor e fidelidade ao pensamento
do autor, destacando apenas as principais ideias;
c. descrever sinteticamente o conteúdo e as conclusões do autor.

Alguns autores não fazem distinção entre resumo crítico e resenha crítica,
entretanto, de acordo com Andrade (2006, p. 30), considera-se resenha como:

Um tipo de resumo crítico; contudo, mais abrangente.


Além de reduzir o texto, permitir opiniões e comentários, inclui
julgamentos de valor, tais como comparações com outras obras
da mesma área de conhecimento, a relevância da obra em
relação às outras do mesmo gênero. (grifo nosso)

De acordo com Parra Filho e Santos (1999, p. 156), as resenhas geralmente “são
publicadas em periódicos, cujo objetivo é difundir as ideias básicas contidas na
obra [...]. Pressupõe-se que o resenhista tenha um profundo conhecimento a
respeito do assunto, objeto do trabalho.”

Marconi e Lakatos (2007 apud DINIZ, 2008), apresentam um roteiro para


elaboração de uma resenha crítica:

1. Referência completa do documento objeto da resenha

• Autor(es)

• Título (subtítulo)

• Imprensa: local da edição, editor e data

• Número de páginas

• Ilustrações: tabelas, gráficos, fotos etc.

• Credenciais do autor

20
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

2. Credenciais do autor

• Informações gerais sobre o autor

• Autoridade no campo científico

• Quem fez o estudo?

• Quando?

• Por quê?

• Em que local?

3. Conhecimento

• Resumo das ideias principais

• Do que se trata a obra?

• O que diz?

• Tem alguma característica especial?

• Como foi abordado o tema?

• Exige conhecimentos prévios para entendê-lo?

4. Conclusões do autor

• O autor faz conclusões?

• Onde foram colocadas?

• Quais foram?

5. Quadro de referência do autor

• Modelo teórico

• Que teorias que serviram de embasamento?

• Quais os métodos utilizados?

6. Apreciação

• Julgamento, mérito, estilo, forma e indicação da obra.

21
Capítulo 1

Mas de que forma organizar o resumo de um texto científico?

Observe, a seguir, algumas regras necessárias para elaboração de resumos.

•• Identificar o plano geral do documento: de que se trata o texto?


Quais os objetivos?
•• Assinalar as palavras-chave.
•• Realizar supressão de palavras supérfluas.
•• Construir o resumo respeitando o texto original e a comparação
do resumo com o texto original para verificar a existência de
incongruências na sua elaboração.

Assim, ao concluirmos este primeiro capítulo, destacamos que, conforme


estudado, o conhecimento pode ocorrer de várias maneiras, nos permitindo,
assim, afirmar que um único objeto pode ser entendido à luz de diversos ângulos
e aspectos. Identificamos também os tipos de conhecimento mais analisados
pela teoria do conhecimento que são: senso comum, filosófico, religioso, artístico
e científico. Por fim, conhecemos alguns métodos de estudos que auxiliarão na
compreensão geral do significado do texto; desenvolvimento da habilidade de
Interpretação crítica do texto; desenvolvimento do raciocínio lógico, bem como
instrumentos para o trabalho intelectual desenvolvido.

22
Capítulo 2

A Pesquisa

Conforme estudamos no capítulo anterior, o conhecimento científico apresenta


várias características e dentre as quais se destacam, principalmente, a presença
do método científico e da pesquisa científica. Podemos afirmar que é impossível
haver ciência sem método e sem pesquisa científica.

A seguir estudaremos o conceito de pesquisa e sua classificação quanto ao


nível ou aos objetivos, quanto à abordagem e quanto ao procedimento utilizado
para coleta de dados. Analisaremos as principais técnicas de pesquisa e
identificaremos a forma de relacionar situações e variáveis

Seção 1
A pesquisa
Pesquisa é um processo de investigação que se interessa em descobrir as
relações existentes entre os aspectos que envolvem fatos, fenômenos, situações
ou coisas (LEONEL, 2012).

Para Rudio (1999, p. 9), “é um conjunto de atividades orientadas para a busca de


um determinado conhecimento.”

Para que a pesquisa seja considerada científica, é necessário que seja


estruturada de maneira organizada e sistemática, seguindo um planejamento
previamente estabelecido pelo pesquisador. É no planejamento da pesquisa que
se determina o caminho a ser percorrido na investigação do objeto de estudo.

Rudio (1999, p. 9) afirma que “a pesquisa científica se distingue de qualquer outra


modalidade de pesquisa pelo método, pelas técnicas, por estar voltada para a
realidade empírica, e pela forma de comunicar o conhecimento obtido.”

23
Capítulo 2

Quanto à classificação dos tipos de pesquisa, podemos afirmar que, se a


pesquisa for classificada de acordo com o nível de profundidade do estudo
ou objetivos, teremos três grandes grupos: pesquisa exploratória, pesquisa
descritiva e pesquisa explicativa.

Já, se classificarmos as pesquisas levando em conta a abordagem, teremos dois


grupos: quantitativa e qualitativa.

Classificação das Pesquisas quanto ao nível de profundidade


ou objetivos do Estudo
Considerando a classificação dos tipos de pesquisa quanto ao nível de
profundidade ou de acordo com os objetos do estudo, as pesquisas podem ser:

•• exploratória;
•• descritiva;
•• explicativa.

Acompanhe, a seguir, o detalhamento de cada um desses tipos de pesquisa, seus


objetivos e características principais.

Pesquisa exploratória
O principal objetivo deste tipo de pesquisa é permitir o acesso a maiores
informações sobre o objeto de estudo. É comum o pesquisador não dispor de
conhecimento suficiente para formular adequadamente um problema ou elaborar de
forma mais precisa uma hipótese. Assim, é necessário “desencadear um processo
de investigação que identifique a natureza do fenômeno e aponte as características
essenciais das variáveis que se quer estudar.” (KÖCHE, 1997, p. 126).

Os problemas de pesquisa exploratória geralmente não apresentam relações entre


variáveis. O pesquisador apenas constata e estuda a frequência de uma variável.
No exemplo, “qual o nível de aproveitamento dos alunos aprovados no vestibular?”,
identifica- se apenas uma variável, no caso, “o nível de aproveitamento”. No campo da
Pedagogia, por exemplo, poderíamos fazer um levantamento do perfil etário de uma
determinada série escolar. Nesse caso, “idade” seria a variável em estudo.

O planejamento da pesquisa exploratória é bastante flexível e pode assumir caráter


de pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, estudos de caso, levantamentos etc.

24
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

As técnicas de pesquisa que podem ser utilizadas na pesquisa exploratória são:


formulários, questionários, entrevistas, fichas para registro de avaliações clínicas,
leitura e documentação quando se tratar de pesquisa bibliográfica.

Pesquisa descritiva
Neste caso, a pesquisa analisa, observa, registra e correlaciona os aspectos que
envolvem fatos ou fenômenos, sem manipulá-los.

Os fenômenos humanos ou naturais são investigados sem a interferência do


pesquisador que apenas “procura descobrir, com precisão, a frequência com
que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e
características.” (CERVO; BERVIAN, 1983, p. 55).

A pesquisa descritiva pode aparecer sob diversos tipos: documental, estudos


de campo, levantamentos etc. desde que se estude a correlação de, no mínimo,
duas variáveis.

Conheça algumas das características da pesquisa descritiva:

•• espontaneidade: o pesquisador não interfere na realidade, apenas


observa as variáveis que, espontaneamente, estão vinculadas ao
fenômeno;
•• naturalidade: os fatos são estudados no seu habitat natural;
•• amplo grau de generalização: as conclusões levam em conta
o conjunto de variáveis que podem estar correlacionadas com o
objeto da investigação.

As principais técnicas de coleta de dados geralmente utilizadas na pesquisa


descritiva são: formulários, entrevistas, questionários, fichas de registro para
observação e coleta de dados em documentos.

Pesquisa explicativa
A pesquisa explicativa tem como preocupação fundamental identificar fatores que
contribuem ou agem como causa para a ocorrência de determinados fenômenos.
É o tipo de pesquisa que explica as razões ou os porquês das coisas.

A pesquisa explicativa pode aparecer sob a forma de pesquisa experimental e


estudo de caso controle (GIL, 2002).

25
Capítulo 2

Os estudos de caso controle são exemplos de pesquisas explicativas, pois


procuram investigar fatores causais ou fatores contribuintes para a ocorrência de
certos fenômenos, estabelecendo um controle rigoroso das variáveis, assim como
ocorre nas pesquisas experimentais.

Classificação das pesquisas quanto à abordagem


As pesquisas também podem ser classificadas quanto à abordagem. Sob esse
aspecto, elas podem ser quantitativas ou qualitativas.

Abordagem quantitativa
A abordagem quantitativa define-se pela ideia de rigor, precisão e objetividade
(BICUDO, 2004, p. 104).

Sendo assim, podemos afirmar que neste tipo de abordagem, é indispensável


fazer uso das representações gráficas, principalmente, na forma de tabelas,
quadros e gráficos, a partir da aplicação de instrumentos como questionários,
por exemplo, que contenham questões fechadas, a fim de facilitar a análise e
interpretação dos dados (LEONEL, 2012).

As variáveis na pesquisa quantitativa são analisadas com base nos recursos


da Estatística. Percentagem, moda, média, mediana, desvio-padrão, regressão
logística, análise univariada, bivariada, multivariada, teste t de student, teste
z, teste quiquadrado, são algumas das linguagens adotadas pelo pesquisador
quantitativista (LEONEL, 2012).

E a pesquisa qualitativa, quais são as suas características? Estude a seguir.

Abordagem qualitativa
A pesquisa qualitativa, conforme Minayo (1996, p. 21), “[...] tem por base de estudo
o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o
que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos
fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”.

O principal objetivo da pesquisa qualitativa é o de conhecer as percepções dos


sujeitos pesquisados acerca da situação-problema, objeto da investigação.

A pesquisa qualitativa exige do pesquisador uma atenção muito maior às pessoas


e às suas ideias, tendo como foco entender e interpretar dados e discursos.
Destaca-se ainda que a pesquisa qualitativa depende da relação entre o
observador e o observado (D’AMBROSIO, 2004, p. 11).

26
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

Observe o quadro a seguir, que mostra um comparativo entre as principais


características da pesquisa quantitativa e qualitativa.

Quadro 2.1 – Características das pesquisas quantitativa e qualitativa

Abordagem Quantitativa Abordagem Qualitativa

Analisa números Analisa palavras


Análise dedutiva Análise indutiva
Análise objetiva Análise subjetiva
O pesquisador distancia-se do processo. O pesquisador envolve-se com o processo.
Testa hipótese e mensura variáveis. Gera ideias e categorias para a pesquisa.
Gera ideias e categorias para a pesquisa

Fonte: Leonel (2011).

No quadro acima, você pode identificar as principais características de uma e de


outra pesquisa. Observe que enquanto a pesquisa quantitativa analisa números
(moda, média, mediana, desvio padrão etc.), a pesquisa qualitativa analisa
palavras (narrativas, discursos, percepções).

Conforme destacado anteriormente, para a pesquisa quantitativa, a análise é dedutiva,


pois considera um universo populacional ou com um subconjunto representativo
da população (amostra). Já a pesquisa qualitativa analisa as percepções de poucos
sujeitos envolvidos no processo sem a preocupação com a totalidade dos sujeitos
envolvidos naquela situação ou realidade pesquisada (LEONEL, 2012, p. 15).

As pesquisas quantitativas e qualitativas podem ser aplicadas mutuamente,


sem que uma exclua a outra. Muitos trabalhos podem ter as duas abordagens
simultâneas, configurando uma pesquisa qualiquantitativa ou quantiqualitativa.

Uma abordagem qualitativa ou quantitativa será necessária de acordo com a


exigência do problema proposto na pesquisa, pois “quando se determina um
problema, é em função dele que o pesquisador escolhe o procedimento mais
adequado, seja quantitativo, qualitativo ou misto. Em suma, o problema dita o
método e não o inverso.” (RAUEN, 2002, p. 191).

Classificação das Pesquisas quanto ao procedimento utilizado


na coleta de dados
Considerando o tipo de procedimento utilizado para a coleta de dados, a
pesquisa pode ser classificada em:

27
Capítulo 2

•• bibliográfica;
•• documental;
•• experimental;
•• estudo de caso controle;
•• levantamento;
•• estudo de caso;
•• estudo de campo; e
•• pesquisa-ação e pesquisa participante.

Veremos a seguir de que forma cada uma dessas pesquisas se configuram e


quais suas principais características.

Pesquisa bibliográfica
Este tipo de pesquisa se desenvolve tentando explicar um problema a partir
das teorias publicadas em diversos tipos de fontes: livros, artigos, manuais,
enciclopédias, anais, meios eletrônicos etc.

A realização da pesquisa bibliográfica é fundamental para conhecer e analisar


as principais contribuições teóricas sobre um determinado tema ou assunto.
Ela pode ser desenvolvida em diferentes etapas. Observe a seguir um roteiro de
pesquisa bibliográfica.

Vale ressaltar que o roteiro não deve ser entendido como um modelo rigoroso e
inflexível, pois ele tem apenas o intuito de auxiliar na fase de planejamento de sua
pesquisa. Conheça, então, as etapas da pesquisa bibliográfica:

a. escolha do tema;
b. delimitação do tema e formulação do problema;
c. elaboração do plano de desenvolvimento da pesquisa;
d. identificação, localização das fontes e obtenção do material;
e. leitura do material;
f. tomada de apontamentos;
g. redação do trabalho.

Veja mais detalhes sobre os elementos que compõem cada uma dessas etapas:

28
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

a. Escolha do tema – a escolha do tema, na realização de uma


pesquisa bibliográfica deve, entre outros, considerar os seguintes
fatores: interesse pelo assunto, existência de bibliografia
especializada e familiaridade com o assunto.
b. Delimitação do tema e formulação do problema – após
a identificação do tema, a próxima fase é a delimitação e
problematização. Delimitar compreende indicar a abrangência do
estudo, consiste em estabelecer a extensão e compreensão do
assunto. O tema problematizado indica a especificidade do objeto e
marca, propriamente, o início da investigação.

A tarefa de formular um problema de pesquisa exige certa atenção. Gil (2002, p.


26) aponta cinco regras para a sua adequada formulação. O problema deve ser:

•• formulado como pergunta;


•• claro e preciso;
•• empírico;
•• suscetível de solução;
•• delimitado a uma dimensão viável.

c. Elaboração do plano de desenvolvimento da pesquisa – elaborar o


plano significa apresentar a estrutura lógica das partes que compõem
o assunto. São apresentados os desdobramentos temáticos
vinculados entre si e naturalmente integrados ao tema central. O plano
de desenvolvimento é apresentado na forma de divisões e subdivisões
formando aquilo que se considera um sumário provisório da pesquisa.
O exemplo a seguir foi adaptado de um trabalho elaborado por uma aluna do
mestrado na UFSC (COSTA, 2009) que tem como título “Modelo de Relação
Universidade x Empresa Baseada em Comunidades de Prática: Projeto Espaço
Interativo”. Observe como as partes estão distribuídas e vinculadas ao tema central:

2.1 Gestão do conhecimento


2.1.1 Evolução, definições e características
2.1.2 Dados, Informação e conhecimento
2.1.3 Características do conhecimento
2.1.4 Classificação – tipos de conhecimento (tácito e explícito)
2.1.4.1 Conhecimento tácito
2.1.4.2 Conhecimento explícito
2.1.5 A sociedade do conhecimento

29
Capítulo 2

2.2 Conhecimento nas organizações


2.2.1 Gestão do conhecimento: um conceito em evolução
2.2.2 O processo de conversão e transferência do conhecimento – os 04 modos
2.2.3 Do conhecimento à inovação no cenário organizacional
2.2.4 Gestão da Inovação no âmbito da relação Universidade – Empresa
2.2.4.1 Princípios e conceitos
2.2.4.2 O processo de inovação nas organizações
2.3 Relação Universidade – Empresa
2.3.1 Transferência de tecnologia
2.3.2 Conceitos
2.3.3 A transferência de tecnologia no contexto da relação Universidade – Empresa
2.3.4 A Inovação e a relação Universidade – Empresa (UE)
2.3.5 Benefícios da relação Universidade – Empresa para a inovação
2.3.6 Tendências da relação Universidade – Empresa
2.3.7 Modelos de Interação Universidade – Empresa
2.3.7.1 Triângulo de Sábato
2.3.7.2 Tríplice Hélice
2.4 Sistema Nacional de inovação
2.5 Comunidade de prática
2.5.1 Princípios e conceitos selecionados
2.5.1.1 Comunidade
2.5.1.2 Comunidade de prática
2.5.1.3 Comunidade virtual
2.5.2 A colaboração nas comunidades de prática
2.5.3 Modelos existentes
2.4.5 Considerações Gerais

Observe que no decorrer da pesquisa vários outros itens considerados


importantes foram acrescentados. Tal característica tem origem no
amadurecimento intelectual que se tem sobre o tema. Vale ressaltar que assim
como alguns itens são acrescentados, outros poderão ser excluídos.

d. Identificação, localização das fontes e obtenção do material


– a partir da elaboração do planejamento da pesquisa, você
deverá localizar as fontes que poderão fornecer respostas
adequadas ao que se propõe pesquisar. Nesta etapa, você
deverá consultar seu professor orientador e também outras
pessoas que pesquisam na mesma área e que poderão sugerir
referências que possam ser pesquisadas.

30
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

As fontes de pesquisa podem ser localizadas em bibliotecas e em base de dados.


Como fonte de pesquisa, você pode considerar:

•• livros;
•• obras de referência: dicionários da língua portuguesa ou
especializados, enciclopédias gerais ou especializadas;
•• manuais;
•• periódicos científicos:
•• sites especializados;
•• teses e dissertações;
•• anais;
•• periódicos de indexação e resumos.

Pesquisa documental
A pesquisa documental possui características muito próximas da pesquisa
bibliográfica. Ambas adotam o mesmo procedimento na coleta de dados. No
entanto, elas se distinguem pelo tipo de fonte que cada uma utiliza. Enquanto
a pesquisa documental utiliza fontes primárias, a bibliográfica utiliza fontes
secundárias. As etapas utilizadas para a realização de uma pesquisa documental
seguem as mesmas da bibliográfica:

•• escolha do tema;
•• formulação do problema;
•• identificação, localização das fontes e obtenção do material;
•• tratamento dos dados coletados;
•• tomada de apontamentos;
•• redação do trabalho.

A pesquisa documental pode apresentar algumas vantagens e limitações. Gil


(2002, p. 46) aponta as seguintes vantagens:

a. os documentos consistem em fonte rica e estável de dados;


b. baixo custo; e
c. não exige contato com os sujeitos da pesquisa.

As críticas mais frequentes referem-se à subjetividade no conteúdo registrado e


ao fato de sua não representatividade.

31
Capítulo 2

Pesquisa experimental
A pesquisa experimental, segundo Rudio (1999, p. 72), “[...] está interessada em
verificar a relação de causalidade que se estabelece entre as variáveis, isto é, em
saber se a variável X (independente) determina a variável Y (dependente)”.

Para isso, cria-se uma situação de controle rigoroso neutralizando todas as


influências alheias que Y pode sofrer.

Para que a pesquisa experimental possa ser desenvolvida, é necessário que se


tenha, no mínimo, três elementos:

•• manipulação de uma ou mais variáveis;


•• controle de variáveis estranhas ao fenômeno observado;
•• composição aleatória dos grupos experimental e controle.

Estudo de caso controle


Nos estudos de caso controle, investigam-se os fatos após a sua ocorrência,
sem manipulação da variável independente. O investigador não pode, conforme o
seu desejo, manipular a variável independente, mas sim localizar grupos em que
os indivíduos sejam bastante semelhantes entre si e verificar as consequências
naturais que o acréscimo de uma variável poderia produzir em um grupo e
comparar com o outro que se manteve em condições normais (LEONEL, 2012).

Levantamento
As pesquisas do tipo levantamento procuram analisar, quantitativamente,
características de determinada população. Os levantamentos podem abranger
o universo dos indivíduos que compõem a população, no caso, um censo, ou
apenas uma amostra, um subconjunto da população.

Antes de obter a amostra, é necessário definir exatamente a população de


onde essa amostra será retirada. Para a determinação do tamanho da amostra,
devem-se indicar critérios rigorosos que permitam que os resultados obtidos
possam ser generalizados para o conjunto dos indivíduos que compõem a
população (LEONEL, 2012).

As pesquisas por amostragem apresentam vantagens e limitações. Entre as


vantagens estão o conhecimento direto da realidade, economia, rapidez e
quantificação dos dados. Entre as limitações estão a possibilidade de não
fidedignidade nas respostas, a de pouca profundidade no estudo da estrutura e a
dos processos sociais e de limitada apreensão do processo de mudança (GIL,2002).

As principais técnicas de coleta de dados utilizadas nos estudos de


levantamentos são o questionário, a entrevista e o formulário.

32
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

Estudo de caso
O Estudo de caso compreende um estudo exaustivo, de uma ou mais
unidades, empiricamente verificáveis, de maneira que permita seu
conhecimento amplo e detalhado. Deve-se ter o cuidado de selecionar um
número reduzido de unidades a ser pesquisada.

“Por unidade-caso, podemos entender uma pessoa, uma família,


uma comunidade, uma empresa, um regime político, uma doença etc.
contemporâneos dentro de seu contexto real, onde os limites entre o fenômeno e
o contexto não são claramente percebidos.” (YIN, 2001 apud GIL, 2002, p. 54).

Para a coleta de dados no estudo de caso, geralmente, utilizam-se as técnicas da


pesquisa qualitativa, sendo a entrevista a principal delas.

O estudo de caso pode ser classificado, conforme Bogdan e Biklen (apud


RAUEN, 2002, p. 212), nos seguintes tipos:

a. estudos de casos histórico-organizacionais – o investigador


determina como foco de sua pesquisa a vida de uma instituição,
investigando seu processo histórico e também sua estrutura;
b. estudos de casos observacionais – neste caso, o objeto de
análise são os componentes organizacionais, e compreende a
observação participante;
c. história de vida – consiste na aplicação de entrevistas
semiestruturadas com pessoa de relevo social;
d. estudo de caso comunitário – é desenvolvido por equipe de
investigadores, de diferentes áreas de estudos, que setorizam a
unidade em exame, ressaltando os pontos de culminância, sem
perder a visão integral do foco de análise;
e. estudos de casos situacionais – relaciona-se a fenômenos
específicos que podem ocorrer numa situação social;
f. estudos de casos microetnográficos – focalizam os aspectos
muito específicos de uma realidade maior;
g. estudo comparativo de casos – são comparações entre dois ou
mais enfoques específicos na tentativa de descrever, explicar e
comparar os fenômenos;
h. multicasos – estudo de dois ou mais sujeitos, organizações, entre outros.

Estudo de Campo
O estudo de campo é um tipo de pesquisa no qual o pesquisador “acampa”
no local da pesquisa, envolvendo-se diretamente com a realidade por meio

33
Capítulo 2

da observação direta. É muito importante não confundir o estudo de campo


com pesquisas de levantamento de dados realizadas em locais abertos ou
públicos (LEONEL, 2012).

O estudo de campo exige, necessariamente, o envolvimento qualitativo do


pesquisador no contexto da realidade pesquisada. Para Heerdt e Leonel (2006, p. 82):

é um tipo de pesquisa que procura o aprofundamento de


uma realidade específica. É basicamente realizada por meio
da observação direta das atividades do grupo estudado e
de entrevistas com informantes para captar as explicações e
interpretações do que ocorre naquela realidade.

Esta pesquisa parte sempre da construção de um modelo de realidade, por meio


da qual se determina a forma de observação, ou melhor, nela se define o campo
da pesquisa, as formas de acesso a esse campo e os participantes (ou sujeitos),
para então ser possível determinar os meios de recolha e análise dos dados
(MÁTTAR NETO, 2002, p. 149, apud LEONEL, 2012, p. 18).

Segundo Gil (2002, p. 53), “no estudo de campo, o pesquisador realiza a maior
parte do trabalho pessoalmente, pois é enfatizada a importância de o pesquisador
ter tido ele mesmo uma experiência direta com a situação de estudo.”

Pesquisa-ação e Pesquisa participante


De acordo com Leonel (2006), a pesquisa-ação e a pesquisa participante são
caracterizadas pela condição de horizontalidade no processo de conhecimento e
ação e participação entre o pesquisador e os sujeitos pesquisados.

Segundo Thiollent (2003), a pesquisa-ação é concebida e realizada em estreita


associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual
os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema
estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

Já, a pesquisa participante é uma modalidade de pesquisa qualitativa voltada para


a ação político-social de emancipação das comunidades carentes ou de parcos
recursos, tendo como base o empenho de uma instituição governamental ou privada
interessada nos resultados da investigação e, como tal, disposta a financiá-la (GIL,
2002, p. 149). Sob esta ótica, o pesquisador deve indispensavelmente propor meios
para a alteração da realidade observada, e não apenas constatar o problema.

O planejamento da pesquisa-ação e da pesquisa participante difere,


significativamente, de outros tipos de pesquisa, não sendo possível estabelecer
uma rigidez nas etapas que constituem seu desenvolvimento.

34
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

Na modalidade de pesquisa-ação ou da pesquisa participante, torna-se essencial


a interação constante entre o pesquisador e os sujeitos que estão envolvidos na
realidade na qual a pesquisa se desenvolve. Além disso, todos se envolvem na
proposição de estratégias para solucionar os problemas presentes na comunidade.

Seção 2
Técnicas de pesquisa
Para definir os caminhos da investigação, faz-se necessário que o pesquisador
determine as técnicas de pesquisa.

E o que são técnicas? Qual a sua relação com o método?

Conforme Galliano (1986, p. 6), “método é um conjunto de etapas,


ordenadamente dispostas, a ser vencidas na investigação da verdade, no estudo
de uma ciência ou para alcançar determinado fim.”

A técnica, diferente do método, tem uma preocupação instrumental, pois está


diretamente relacionada à fase da recolha de dados e informações no processo de
pesquisa. Galliano (1986, p. 6) afirma que a “técnica é o modo de fazer de forma
mais hábil, mais segura, mais perfeita algum tipo de atividade, arte ou ofício.”

Podemos afirmar, então, que a técnica é parte do método. O método diz respeito
ao conjunto das etapas, dos procedimentos, das regras e das técnicas que se
adotam na pesquisa. A técnica, especificamente, diz respeito ao modo de fazer
de cada etapa ou procedimento.

As técnicas de pesquisa existentes


Entre as mais variadas técnicas de pesquisa existentes, destacaremos apenas as
técnicas da entrevista, do questionário e do formulário, por serem consideradas
as mais frequentemente utilizadas nas pesquisas que envolvem pessoas.

Entrevista
Compreende uma forma de interação verbal não convencional, pois se trata de
um diálogo estruturado em que o entrevistador deve registrar as informações
para posterior análise.

35
Capítulo 2

Para se estruturar uma entrevista, deveremos seguir os seguintes passos:

•• organizar previamente as perguntas de acordo com os objetivos


específicos traçados no projeto de pesquisa;
•• fazer contato prévio com o entrevistado;
•• desenvolver o planejamento operacional (agenda, local, ambiente
adequado);
•• definir o número de entrevistados (representatividade).

Vale a pena ressaltar que, durante a entrevista, o pesquisador deve ouvir mais
do que falar, não correndo assim o risco de interromper continuamente o
entrevistado em seu raciocínio, mas incentivá-lo a falar livremente, de modo que
as informações sejam as mais completas possíveis.

Para que se alcance o resultado esperado na entrevista, é fundamental que


as perguntas estejam estruturadas de forma eficaz, devendo assim ter alguns
cuidados com elas, como:

•• serem claras, diretas e concisas;


•• estarem situadas contextualmente;
•• referirem-se a apenas um único objeto ou fato;
•• serem elaboradas de acordo com os objetivos específicos do projeto.

Conforme Silva e Menezes (2001), em relação aos tipos de entrevistas, podemos


destacar:

a. entrevista padronizada ou estruturada – tem como suporte um


roteiro previamente estabelecido, e deve ser aplicado da mesma
forma a todos os informantes;
b. entrevista despadronizada ou não estruturada – trata de uma
conversa informal, não exigindo assim um roteiro prévio, permitindo
destacar alguns aspectos relevantes das informações por meio da
interação entre pesquisador e entrevistado.

Podemos afirmar que a entrevista é uma das técnicas de pesquisa mais utilizadas para
coleta de dados.

36
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

Questionário
Compreende uma lista ordenada de perguntas que devem ser respondidas por
escrito pelo informante. Deve ser objetivo reduzido em extensão e acompanhado
de instruções, as quais deverão esclarecer o objetivo de sua aplicação, ressaltar a
importância da colaboração do informante e facilitar o preenchimento.

De acordo com Rauen (2002, p. 127-128), um questionário é estruturado por três partes:

•• cabeçalho: é a parte inicial do questionário, e deve indicar o que se


espera do informante;
•• questões de caracterização: são os dados do(s) informante(s) tais
como identificação, sexo, idade, estado civil, entre outros;
•• corpo das questões: destaca-se aqui as perguntas principais e
devem estar diretamente relacionadas ao objeto da pesquisa.

Para Silva e Menezes (2001), as perguntas do questionário podem ser de três tipos:

•• abertas (qual é a sua opinião?);


•• fechadas (escolhas predefinidas);
•• múltiplas escolhas (fechadas com uma série de respostas possíveis,
em que o respondente pode assinalar mais de uma resposta).

Conforme afirma Rauen (2002), deve-se ter atenção na estruturação das


perguntas, pois não devem sugerir ou induzir as respostas nem ser redigidas
nas formas afirmativas ou negativas, que levem à concordância. Destaca-
se ainda que a linguagem empregada deve ser clara, observando o nível da
escolaridade dos informantes, e enfocar apenas uma questão de cada vez,
para ser analisada pelo informante.

Quanto ao conteúdo de uma pergunta, pode-se questionar se os aspectos a que


se referem às perguntas são realmente importantes e pertinentes aos objetivos
traçados na pesquisa. Assim, ao elaborar um questionário, devem ser observados
os objetivos específicos que se pretende alcançar com a pesquisa.

Durante a elaboração das perguntas de um questionário, deve-se considerar que


o informante não terá acesso às explicações adicionais do pesquisador. Dessa
forma, as perguntas devem ser claras e objetivas.

37
Capítulo 2

O formulário pode ser definido como uma técnica de pesquisa em que o


pesquisador formula as questões e ele mesmo faz o registro das respostas. É
uma das técnicas mais utilizadas nas pesquisas de opinião pública e de mercado.

Conforme observamos, as principais diferenças entre questionário, entrevista e formulário


estão no papel do sujeito pesquisado. No questionário, as respostas são apresentadas
por escrito pelo pesquisado. Na entrevista, as respostas são apresentadas verbalmente
pelo pesquisado. E no formulário, o sujeito pesquisado fala e o pesquisador escreve.

Assim, neste capítulo, conhecemos os principais tipos de pesquisa, destacando-


se principalmente as pesquisas quando ao nível ou aos objetivos, quanto
à abordagem e quanto ao procedimento utilizado na coletas de dados e
compreendemos de que forma se dá a constituição de cada tipo de pesquisa. Por
fim, estudamos as principais técnicas de pesquisa utilizadas pelos pesquisadores.

38
Capítulo 3

Formatação de Trabalhos Acadêmicos

Neste capítulo, trataremos das orientações relativas à formatação e estrutura


do seu Trabalho de Conclusão de Curso. Para tal, destacaremos textos e
procedimentos baseados nas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) e também o livro Trabalhos Acadêmicos da Unisul.

Seção 1
Formatação de trabalhos acadêmicos
O Trabalho de Conclusão de Curso deve ser planejado desde a escolha do tema,
da definição dos objetivos, da determinação da metodologia, da coleta dos dados
e da análise e interpretação para a elaboração da conclusão.

Para tal, algumas regras de formatação definidas pelas normas da ABNT


(Associação Brasileira de Normas Técnicas) devem ser aplicadas.

Inicialmente, deve-se atentar para as seguintes configurações do texto:

•• a ABNT não especifica o tipo de fonte, no entanto é comum usar a


Times New Roman ou Arial;
•• recomenda-se o tamanho 12 para a fonte. A exceção se restringe
às citações de mais de três linhas, notas de rodapé, paginação e
legendas de ilustrações e tabelas, quando o tamanho indicado é 10;
•• orienta-se também que o alinhamento do texto seja Justificado;
•• a ABNT determina que todo trabalho acadêmico seja escrito em
papel A4;
•• deve-se, também, adotar as seguintes margens: superior de 3 cm,
inferior de 2 cm, esquerda de 3 cm, direita de 2 cm;

39
Capítulo 3

•• digitar o texto na cor preta, sendo que somente as ilustrações


poderão ser coloridas;
•• a primeira linha do parágrafo deve ter recuo de 2 cm, a partir da
margem esquerda.

Conforme já destacamos acima, a citação longa, com mais de três linhas, deve ser
apresentada com recuo de 4 cm, a partir da margem esquerda.

Quanto ao espacejamento, deve-se seguir:

a. espaço 1,5 no texto básico;


b. espaço simples, para: citações longas, notas de rodapé,
referências, legenda e fonte das ilustrações e tabelas;
c. dois espaços de 1 para separar cada título das seções e subseções
do texto que os precede e os que sucedem;
d. dois espaços simples entre uma referência e outra, na lista de
referências ao final do trabalho.

Deve-se iniciar a numeração das páginas a partir da folha de rosto, entretanto,


o número deve aparecer somente a partir da primeira folha textual (introdução),
seguindo consecutivo até o final do trabalho.

O número da página deve aparecer no canto superior direito da folha.

Seção 2
Estrutura do trabalho
A estrutura do seu Trabalho de Conclusão de Curso, a partir das prescrições do seu
orientador, poderá ser adaptada em função de especificidade do tema abordado.
No entanto, estrutura básica adotada deverá apresentar os seguintes itens:

Capa
A capa deve apresentar a logomarca da instituição, o nome da instituição, nome do
autor, título, subtítulo (se houver), local do campus ou unidade e ano de entrega.

40
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

Folha de rosto
Nesta etapa, você deverá apresentar os elementos necessários para identificação
do documento, ou seja:

•• nome completo do autor;


•• título do trabalho e subtítulo (quando houver), separado-o do título
por dois pontos (quando for explicativo) ou ponto e vírgula (quando
se tratar de subtítulo complementar);
•• nota explicativa, a qual se refere à natureza do trabalho, seu objetivo
acadêmico e os respectivos dados de orientação;
•• local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;
•• ano de entrega.

A folha de rosto é semelhante à capa, porém, deve apresentar a natureza do


trabalho. Observe que, para o nosso curso, devemos usar o seguinte texto:

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Ciências


Econômicas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, o qual é requisito parcial
para obtenção da aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso em
Ciências Econômicas.

Folha de aprovação
O texto a ser apresentado nesta página deve ser:

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção da


aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências
Econômicas da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Consulte no livro Trabalhos Acadêmicos da Unisul, disponível na midiateca, a


formatação para estes três itens opcionais:

•• dedicatória (opcional);
•• agradecimento (opcional);
•• epígrafe (opcional).

41
Capítulo 3

Dedicatória
A dedicatória deverá ser apresentada na entrega do trabalho final.

Agradecimentos
O agradecimento é opcional. Deverá ser feito apenas na entrega do trabalho final.

Listas de sigla, ilustrações, tabelas, símbolos e abreviaturas


Quando aparece pela primeira vez no texto, a sigla deve ser apresentada entre
parênteses e após a escrita completa do nome. E, caso ela apareça novamente
no texto, poderá ser apresentada apenas a sigla.

Para a elaboração das listas de ilustrações, tabelas, abreviaturas, siglas e


símbolos devem-se utilizar páginas distintas. As listas de ilustrações e as listas
de tabelas são organizadas de forma similar, ou seja, contendo título designativo
(tabela, desenhos, esquemas, fotografias etc.), seguidas do seu número de ordem
que aparece no texto, do respectivo título e da página correspondente.

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sempre que houver


um número significativo de siglas, tabelas, símbolos e ilustrações no trabalho, deverá
ser elaborada uma lista e apresentada, depois do sumário e em ordem alfabética.

Resumo
Conforme especificado no dicionário Aurélio, é a “apresentação concisa, do conteúdo
de um artigo, livro etc.”. O resumo deve conter de 150 a 500 palavras. Deve ser
estruturado em um único parágrafo, justificado, com espaçamento entrelinhas de 1,5.

Sumário
O sumário é um elemento indispensável e deve conter a enumeração das
principais divisões, seções e outras partes do trabalho, na ordem em que eles se
apresentam. E deve apresentar a seguinte estrutura:

•• centralizado na parte superior da folha;


•• apresentar a numeração dos capítulos do trabalho, na ordem em
que aparecem no texto, com a página inicial de cada capítulo;
•• ser elaborado de acordo com a Norma ABNT/ NBR-6027;
•• os capítulos devem ser numerados em algarismos arábicos (1, 2, 3, ...).

42
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

As divisões dos textos podem ser subdivididas em várias seções e subseções,


porém, no sumário, a apresentação deve limitar-se até a seção quinária.

Observe a seguir a forma de apresentação das seções:

a. seção primária: todas as letras maiúsculas e em negrito;


b. seção secundária: todas as letras maiúsculas (sem negrito);
c. seção terciária: apenas a primeira letra maiúscula (salvo nomes
próprios), em negrito;
d. seção quaternária: apenas a primeira letra maiúscula (salvo nomes
próprios) e sem negrito;
e. seção quinária: apenas a primeira letra maiúscula (salvo nomes
próprios), em itálico.

Introdução
Na fase introdutória, deve-se apresentar uma visão geral daquilo que será desenvolvido
no trabalho. Deverá descrever, de forma clara e sucinta, o tema abordado.

A introdução vai situar o tema escolhido, e deve promover um nivelamento


dos conhecimentos apresentados, possibilitando a compreensão do que será
discutido ao longo do trabalho. Pode, ainda, conter um breve histórico sobre o
tema a ser abordado.

Martins (2000) afirma que a introdução apresenta ideias básicas que respondem
às indagações sobre a temática, sobre o porquê da escolha do tema, qual
a contribuição esperada e a trajetória desenvolvida para a construção e
desenvolvimento do trabalho empreendido.

É comum o autor redigir uma introdução inicial, que será continuamente reescrita
à medida que o trabalho progride.

A introdução geralmente será a primeira parte a ser lida pelo leitor e daí a decisão
em continuar ou não lendo o texto. Nesta leitura inicial, o leitor conhecerá
algumas características do trabalho, como a linguagem utilizada (conceitos,
definições) e a estratégia aplicada (metodologia e sua estruturação).

Objetivos
Nesta etapa, você deverá apresentar os objetivos geral e específicos.

Observe que o objetivo geral explicita de forma sucinta a finalidade do seu


Trabalho e deve ser escrito em um parágrafo único.

43
Capítulo 3

Não esqueça! Para a formulação dos objetivos deve-se sempre utilizar verbos no infinitivo.

Definido o objetivo geral, você deverá definir os objetivos específicos para seu trabalho.

Objetivos específicos
Os objetivos específicos compreendem as etapas do trabalho, ou seja, trata do
detalhamento do objetivo geral. Nesta fase, deverá ser desenvolvido no mínimo
dois objetivos, os quais deverão estar alinhados ao objetivo geral.

Da mesma forma que o anterior, os objetivos específicos devem iniciar com


verbos no infinitivo, como forma de caracterizar diretamente as ações que são
propostas pelo projeto.

Dentre os verbos mais aplicados para compor os objetivos, temos: definir,


identificar, selecionar, indicar, explicar, classificar, aplicar, avaliar, demonstrar,
analisar, comparar, diferenciar, criticar, combinar, repetir, sumarizar, sintetizar,
discutir, organizar, relacionar, julgar, determinar, reconhecer, dentre outros.

Definição do problema
Nesta etapa, o pesquisador deverá apresentar de forma clara, compreensível e
operacional, qual o problema identificado e de que forma pretende solucionar.
O objetivo da formulação do problema da pesquisa é torná-lo individualizado,
específico e deve focalizar o trabalho em uma área específica, possibilitando
que o aluno analise aquele aspecto com profundidade suficiente que lhe permita
encontrar a melhor solução com segurança.

Aconselha-se que o pesquisador identifique um tema que goste e se sinta


estimulado, pois o trabalho exigirá muita leitura e pesquisa.

Justificativa
Nesta etapa, deverão ser apresentadas as razões que justifiquem a execução
ou realização do trabalho. Busque apresentar argumentos, dados e informações
que justifiquem a importância da pesquisa. A relevância é definida pelos valores
e prioridades dos envolvidos, isto é, das partes interessadas. Deve-se mostrar
que os benefícios proporcionados pelo trabalho compensam os esforços e custos
necessários a sua execução.

44
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

Revisão bibliográfica
A revisão bibliográfica, ou de literatura, ou também chamada de Referencial
Teórico, é parte obrigatória em um trabalho acadêmico. Nesta etapa, serão
apresentados os textos e autores pesquisados e que darão sustentação à sua
pesquisa. Tratará da fundamentação teórica para o trabalho.

Nesta fase, o aluno poderá descrever, comparar e analisar a literatura de


diferentes autores sobre o tema.

É responsabilidade do aluno pesquisar a bibliografia publicada sobre o tema do


trabalho e encontrar referências adequadas para embasar seu trabalho, contudo
o orientador (a) poderá dar sugestões de leituras que conduzirão à pesquisa e
contribuirão com a avaliação dos resultados obtidos.

Vale salientar que ao utilizar informações, conceitos e ou ideias de outros autores,


a respectiva fonte deverá ser citada conforme normas da ABNT. Sendo que as
referências deverão também constar no item Referências Bibliográficas, ao final
do trabalho.

Observe a seguir algumas orientações em relação a como fazer citações


“As citações são elementos retirados de fontes bibliográficas e documentos, úteis
e necessárias para o desenvolvimento do raciocínio do leitor e corroboração das
ideias do autor” (LAKATOS; MARCONI apud COSTA, 2005, p. 67).

De acordo com a ABNT, as formas de citações mais utilizadas são: direta,


indireta e citação de citação.

Citação direta
Ocorre quando são transcritos, literalmente, trechos de obras. É obrigatória,
além do nome do autor e ano de publicação, a indicação da página da qual foi
retirada a citação.

Citação com até 3 (três) linhas são destacadas, no texto, por aspas duplas (“ ”).

Observe o exemplos que segue:

a. autoria indicada no texto:

45
Capítulo 3

Assim, a noção de ciência na Grécia voltava-se para a especulação racional e se


desligava da técnica e das preocupações práticas, pois “numa sociedade escravista,
que deixava tarefas, trabalhos e serviços aos escravos, a técnica era vista como
uma forma menor de conhecimento”. (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 255).

Exemplos de verbos utilizados para fazer citações a autores

Afirma que (afirmar), Argumenta que (argumentar), Aponta que (apontar), Comenta
que (comentar), Enumera que (enumerar), Identifica que (identificar), Sustenta que
(sustentar), Nota que (notar), Cita que (citar), Considera que (considerar), Relata
que (relatar), Menciona que (mencionar) etc.

b. autoria entre parênteses:


Citação com mais de 3 (três) linhas são destacadas com recuo de 4 cm da
margem esquerda, em fonte 10, espaço entre linhas simples e sem aspas.
Observe:

Segundo essa concepção, era preciso buscar a ciência (episteme) que consistia:

no conhecimento racional das essências, das ideias imutáveis, objetivas


e universais. As ciências como a matemática, a geometria e a astronomia
são passos necessários a serem percorridos pelo pensamento, até atingir
as culminâncias da reflexão filosófica. (ARANHA, MARTINS, 1999, p. 94).

Citação indireta:
É a citação que sofre uma interpretação por parte do autor do trabalho em
elaboração. Neste caso, a indicação de página é opcional, sendo necessária
apenas a data da fonte consultada.

Nesse tipo de citação, não é obrigatório colocar o número de páginas, mas se o


fizer deve repetir em todas as outras citações.

46
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

Ainda segundo Ghedin e Franco (2008), os princípios do modelo objetivista, na


busca da objetividade científica, separaram, como se possível fosse, o sujeito do
conhecimento de seu objeto.

Citação de Citação
Quando um documento é citado e não se tem acesso ao original. Utilizamos,
após a autoria, a expressão “apud”, que significa: citado por, conforme, segundo.

Deve ser evitado esse tipo de citação, procurando-se sempre consultar o


documento original.

“[...] o viés organicista da burocracia estatal e o antiliberalismo da cultura política


de 1937, preservando de modo encapuçado na Carta de 1946” (VIANNA, 1986, p.
172 apud SEGATTO, 1995, p. 214-215).

Metodologia
Nesta etapa do trabalho, o pesquisador deverá explicitar a metodologia a ser
utilizada para levantamento de dados e análise da situação problema que
constitui o objeto de pesquisa. A descrição da metodologia deve abranger a
realização de todos os objetivos (geral e específico) previstos.

De acordo com Rodrigues (2007, p.5), a metodologia “É um conjunto de


abordagens, técnicas e processos utilizados pela ciência para formular e resolver
problemas de aquisição objetiva do conhecimento, de uma maneira sistemática.”

Uma vez que a metodologia foi estabelecida, ela deverá ser bem documentada e
analisada, pois o entendimento minucioso dos componentes e a aplicabilidade da
mesma é requisito fundamental para o sucesso do projeto.

Desenvolvimento
Nesta etapa, são apresentados, de forma detalhada, os capítulos do trabalho, na
qual é indispensável o raciocínio lógico e clareza.

O desenvolvimento deverá ser dividido em capítulos, de acordo com o assunto a


ser abordado, conforme orientação a seguir:

47
Capítulo 3

Capitulo 1 – Revisão bibliográfica

Capitulo 2 – Caracterizações do objeto pesquisado

Capítulo 3 – Análise do objeto pesquisado

Capítulo 4 – Descrição das atividades desenvolvidas

Conclusão
A conclusão descreve a síntese de todo o conteúdo pesquisado, as informações
relevantes, os apontamentos essenciais e as diretrizes para futuras pesquisas
sobre o mesmo tema.

Deve-se iniciar este item retomando o tema do trabalho apresentado e, em


seguida, expondo de forma concisa as conclusões mais importantes que foram
obtidas ao longo do trabalho.

Neste capítulo, o pesquisador deverá apresentar um sumário do que foi discutido


no referencial teórico e nas análises e conclusões escritas.

Procure focar exatamente na proposta de seu trabalho, de forma a apontar sua


situação e os caminhos de resolução da problemática levantada.

É o momento de sintetizar os resultados obtidos, mas não se trata, apenas,


de um resumo do resultado do que foi pesquisado. É preciso explicitar se o
problema foi resolvido, se o objetivo foi atingido ou não, se as questões de
estudo foram respondidas etc.

Na conclusão, conforme Cervo e Bervian (2002), o pesquisador fecha todas


as questões, lembrando-se de que escolheu um tema, formulou um problema,
marcou alcances e limites para a pesquisa, estabeleceu o objetivo a ser atingido,
elegeu uma metodologia e escolheu técnicas para trabalhar, selecionou uma
bibliografia julgada adequada e suficiente para responder às questões de estudo.

Referências
A referência bibliográfica é um conjunto de elementos que possibilita a
identificação, no todo ou em partes, de documentos impressos ou registrados
em diversos tipos de material. Trata-se de um item obrigatório, o qual consiste
numa lista de publicações bibliográficas consultadas e citadas durante a
elaboração de um trabalho.

As referências têm como finalidade indicar ao leitor quais as obras consultadas pelo
autor, em suas pesquisas, para possíveis verificações e aprofundamento do tema.

48
Trabalho de Conclusão de Curso em Economia

As fontes de pesquisas utilizadas (livros, artigos, revistas, sites etc.) devem ser
relacionadas, numa ordem alfabética de sobrenomes dos autores e de títulos.
O recurso tipográfico (negrito, itálico ou sublinhado) é utilizado para destacar o
título da publicação, e deve ser uniforme em todas as referências de um mesmo
documento, sendo o negrito o recomendado pela ABNT.

As letras devem ser fonte tamanho 12, espaço simples, separando uma referência
da outra por dois espaços simples e alinhadas à esquerda. Farão parte da lista de
referências todos os documentos utilizados no trabalho representado por meio de
citações diretas e/ou indiretas.

Apêndice
É opcional e se refere a textos ou informações complementares elaboradas pelo autor.

Cada apêndice é formado por um texto com formatação específica. Por exemplo:
um questionário de pesquisa. Deve-se escrever, para cada apêndice, no alto da
folha, sob a forma de cabeçalho, em letras maiúsculas, centralizada em negrito, a
palavra APÊNDICE, seguida de um algarismo em arábico e do título do apêndice.
Observe o exemplo:

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos colaboradores da Empresa X.

Anexo
É opcional e é utilizado para provar, ilustrar ou fundamentar um texto. São
incluídos neste elemento todos os documentos complementares ao trabalho,
que esclareçam ou comprovem o conteúdo, como: cópias de documentos, leis,
decretos, pareceres, recortes de publicações.

Para cada anexo, deve-se escrever no alto da folha, sob a forma de cabeçalho,
em letras maiúsculas, centralizado em negrito, a palavra ANEXO, seguida de um
algarismo em arábico e do título do anexo.

Por fim, neste capítulo, analisamos a formatação e a estrutura para a construção


de seu Trabalho de Conclusão de Curso. Observamos que um trabalho
científico, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
compreende “um documento que representa o resultado de estudo, devendo
expressar conhecimento do assunto escolhido”. Foram apresentados textos e
procedimentos baseados nas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) e também o livro Trabalhos Acadêmicos da Unisul.

49
Considerações Finais

O estudo da unidade de aprendizagem Trabalho de Conclusão de Curso em


Economia teve como principal objetivo proporcionar ao aluno conhecimentos e
técnicas de pesquisa visando a auxiliá-lo na elaboração e no desenvolvimento de
seu trabalho acadêmico.

Os temas e conteúdos trabalhados foram selecionados e ordenados de modo a


permitir a compreensão das normas reguladoras da produção acadêmica científica.

Para melhor compreensão, destacou-se o conceito de conhecimento, e, em


seguida, foram identificados os quatro tipos de conhecimento: conhecimento
popular ou senso comum, o conhecimento religioso, o conhecimento filosófico
e o conhecimento científico. No decorrer do estudo, observou-se que não
existe um conhecimento melhor que o outro, pois, apesar de diferentes e com
características próprias, eles possuem o mesmo objetivo que é responder às
dúvidas existentes e criar novos questionamentos.

Foram apresentadas também as principais técnicas de pesquisa, que permitiram


entender a classificação da pesquisa quanto ao nível ou aos objetivos, quanto à
abordagem e quanto ao procedimento utilizado para coleta de dados.

Por fim, destacaram-se orientações relativas à formatação e estrutura do seu


trabalho de Conclusão de Curso. Foram apresentados textos e procedimentos
baseados nas normas da ABNT e também no livro Trabalhos Acadêmicos da Unisul.

Vale ressaltar que a formatação e a estrutura do seu trabalho acadêmico


deve seguir, também, as normas e as orientações contidas no livro Trabalhos
Acadêmicos da Unisul, que se encontra disponível na midiateca no EVA.

Com toda a certeza, seja qual for a área de sua atuação profissional atual ou futura,
ela não poderá ser exercida fora da sociedade organizada. Logo, as normas que
regulam a nossa vida coletiva só têm sentido se entendidas nos contextos em que
foram produzidas, aprovadas e postas em prática, em algum contexto social.

Acreditamos que os conteúdos aqui apresentados tenham modificado algo em


você e, se isso aconteceu, houve a aprendizagem, logo, a sua vida será um pouco
diferente por causa da experiência vivida no contato com estes conteúdos.

Um grande abraço!

51
Referências

APPOLINÁRIO, Fabio. Dicionário de metodologia científica: um guia para a


produção do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2004.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de


filosofia. 2. ed. rev. São Paulo: Moderna, 1999.

BARROS, A. J. P., LEHFELD, N. A. de S. Fundamentos de metodologia: um guia


para a iniciação científica. São Paulo: Paz e Terra, 1986.

BICUDO, Maria Aparecida V. Pesquisa qualitativa e Pesquisa quantitativa segundo


a abordagem fenomenológica. In: BORBA, Marcelo de C.; ARAUJO, Jussara
de L. (Orgs.). Pesquisa qualitativa em Educação Matemática. Belo Horizonte:
Autêntica, 2004. Cap. 4, p. 99-112.

CHAUÍ, Marilena de Sousa. Filosofia. São Paulo: Ática, 2005.

COSTA, Eliete O. Modelo de relação universidade-empresa baseada em


comunidades de prática: espaço interativo (EI). 2009. 116f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia e Gestão do Conhecimento) – Centro Tecnológico,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.

D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Prefacio. In: BORBA, Marcelo de C.; ARAUJO, Jussara


de L. (Org.). Pesquisa qualitativa em Educação Matemática. Belo Horizonte:
Autêntica, 2004. p. 11-23.

GALLIANO, A. Guilherme. O método científico: teoria e prática. São Paulo:


Harbra, 1986.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

HEERDT, Mauri Luiz; LEONEL, Vilson. Metodologia científica: disciplina na


modalidade a distância. 2. ed. rev. Palhoça: UnisulVirtual, 2006.

KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência


e prática da pesquisa. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de A. Metodologia do Trabalho científico.


4. ed. São Paulo: Atlas, 1991.  p. 214.

53
LEONEL, Vilson; SOUZA, Angelita Brüning de; GONÇALVES Ronan Oliveira.
Atividades de esporte e lazer, no tempo livre, dos estudantes do ensino médio
das escolas públicas do Município de Tubarão, SC. In: ENCONTRO NACIONAL de
RECREAÇÃO e LAZER, 2006, Curitiba. Anais... Curitiba: Pontifícia Universidade
Católica – PUC/PR, 2006. CD-ROM.

MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica.


5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MÁTTAR NETO, João Augusto. Metodologia científica na era da informática.


São Paulo: Saraiva, 2002.

MINAYO, Maria Cecília de S. (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade.


5. ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

NONAKA, Ikujiro; TAKEUCHI, Hirotaka. Criação de conhecimento na empresa.


Rio de Janeiro: Campus, 1997.

OLIVEIRA NETTO, Alvim A. de. Metodologia da pesquisa científica: guia prático


para a apresentação de trabalhos acadêmicos. Colaboradora: Carina de Melo.
Florianópolis: VisualBooks, 2005.

RAUEN, Fábio José. Roteiros de investigação científica. Tubarão: Editora da


Unisul, 2002.

RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 26. ed.


Petrópolis: Vozes, 1999.

SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer monografia. 3. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1994.

SILVA, Edna L. de; MENEZES, Ester M. Metodologia da pesquisa e elaboração


de dissertação. 3. ed. Florianópolis: UFSC, 2001.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

54
Sobre a Professora Conteudista

Eliete de Oliveira Costa possui graduação em Pedagogia/Orientação Escolar


pelas Faculdades Associadas de Ariquemes (1996), graduação em Letras
pela Universidade Federal de Rondônia (1999), Especialização em Supervisão
Escolar pela Universidade Federal de Rondônia, Especialização em Língua
Portuguesa – Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestrado
em Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina, onde
foi pesquisadora do Núcleo de Estudos em Inovação, Gestão e Tecnologia da
Informação (IGTI). Durante sua atuação profissional, ministrou aulas de Língua
Portuguesa nos cursos de Administração de Empresas e Sistemas de Informação
no Instituto de Ensino Superior de Rondônia, onde também exerceu os cargos
de Coordenadora Pedagógica e Vice-Diretora; exerceu o cargo de Coordenadora
do Núcleo de Apoio Pedagógico e Núcleo de Apoio Docente no Complexo de
Ensino Superior de Santa Catarina; e, atualmente, exerce o cargo de Designer
Instrucional na Universidade do Sul de Santa Catarina (UnisulVirtual) e ministra
aulas no CEAD/UDESC. Também possui experiência na área de Educação, com
ênfase em Ensino-Aprendizagem, Língua Portuguesa e Ensino a Distância.

55
w w w. u n i s u l . b r

Você também pode gostar