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10nov

Aula#1: Lixo / Descarte / Obsolescência


https://youtu.be/8MT02kRLrbc

17nov
Aula#2: Erro / Gambiarra

24nov
Aula#3: Ética / Apropriação
O erro, a sucata, a gambiarra e a ficção
"Mas que ninguém se confunda: não se escrevem ficções para eludir,
por imaturidade ou irresponsabilidade, os rigores que o tratamento da
“verdade” exige, mas sim para evidenciar o caráter complexo da
situação, complexidade esta em que o tratamento limitado ao
verificável implica uma redução abusiva e um empobrecimento. Ao ir
em direção ao não verificável, a ficção multiplica ao infinito as
possibilidades de tratamento. Não nega uma suposta realidade
objetiva, ao contrário, submerge-se em sua turbulência, desdenhando
a atitude ingênua que consiste em pretender saber de antemão como
essa realidade se conforma. Não é uma claudicação ante tal ou qual
ética da verdade, mas sim a busca de uma ética um pouco menos
rudimentar.” (SAER, Juan José. 1997:05)

https://www.pucsp.br/revistafronteiraz/download/pdf/TraducaoSaer-versaofinal.pdf
“O papel do erro na educação e no desenvolvimento
humano

“[…] É preciso confortar as crianças e os adultos de


que não vejam nessa ilusão de controle uma base
para se pensarem felizes. E a escola deve entregar
o gosto do saber, mas ao mesmo tempo ensinar a
conviver com o não saber. Tanto na escola quanto
na família, deveria se relativizar o que se entende
por derrota. O erro na escola deveria nos permitir
ensinar que somos o que somos, e somos feitos da
maneira que somos por um erro. Digo como biólogo,
toda a evolução foi feita em cima do erro, toda arte e
poesia foi feita, como diria Manoel de Barros, no ato
de ‘errar bonito’[…]”. (Mia Couto, 2020)

https://porvir.org/o-medo-de-errar-e-talvez-o-maior-dos-constrangimentos-que-nos-foram-impostos/
Uso a palavra para compor meus silêncios. O apanhador de desperdícios
Não gosto das palavras (Manoel de Barros)
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
O objeto da Poiética não se constitui pelo Poiética (de poietique), termo cunhado por Paul
conjunto de efeitos de uma obra percebida, não é Valéry em conferência do Collêge de France para
a obra acabada, nem a obra por fazer: é a obra estudar a gênese de um poema. René Passeron
se fazendo. A Poiética pressupõe três ampliou a significação para o conjunto de
parâmetros fundamentais: liberdade (expressão estudos que tratam da criação na instauração da
da singularidade), errabilidade (direito de se obra, notadamente da obra de arte. Ver
enganar) e eficácia (se errou, tem que reconhecer Passeron, Pour une philosophie de la création
que errou e corrigir o erro). Leva em conta a (1989) e La naissance d'lcare, Éléments de
constituição de significados a partir de como a poietique généra/e (1996).
obra é feita.

https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/206797/000322239.pdf?sequence=1
Que erro é esse?
Volto a Aleida Assmann para explorar o Conceito de
"Armazenadores", presente no livro "Espaços da Recordação", no
qual a autora explora os suportes de conservação da memória.
Assmann reforça que não há ingenuidade no rememorar. Há
sempre interesses políticos e sociais envolvidos na questão da
conservação. Para além das questões práticas e tecnológicas, o
tema ainda é assombrado por importantes questões teóricas,
como atestar a veracidade de um testemunho ou decidir o que
deve ser conservado ou não em meio a proliferação da produção.
https://docero.com.br/doc/15vev5
É no interior dos galpões de sucata que esses
armazenadores encontram seu destino final. Ali nossa
relação com o descarte tecnológico se torna ainda mais
intenso e expõe obsolescências, assim como as gambiarras,
as formas que encontramos de amontoar os descartes e
aparatos de vigilância que tomamos como cotidianos. Surge
então a “Gambiologia que pode ser definida como a ciência
do improviso aliada às técnicas eletrônico-digitais. É a
celebração da gambiarra por postura crítica, ou
simplesmente como opção estética. É a tecnologia, por vício
ou como combustível. E como aponta o pesquisador e
gambiólogo Fred Paulino, A gambiarra é uma forma de
hackeamento e também uma atitude política." (PAULINO,
2014 pg. 4)

http://www.gambiologia.net/blog/author/fred
http://www.desvirtual.com/incomunicabilidades-contemporaneas/

Gambiólogos atuam em meio ao lixo tecnológico e a obsolescência, que como


Claudia Kozac em seu texto Basura escreve, é “como uma sombra que espreita
todo dispositivo tecnológico” (KOZAC. 2012, p.20).
http://www.caoguimaraes.com/foto/gambiarras/
A gambiarra, mesmo que utilizada com diferentes nuances,
com mais ou menos alegoria dependendo da vocação do
artista para o símbolo, é a peça em torno da qual um tipo de
discurso está ganhando velocidade. O mecanismo da
gambiarra, cujas anterioridades antropológicas não cabem
aqui ser discriminadas, assim como um desvio pelos projetos
arquitetônicos de Lina Bo Bardi demandaria uma dedicação
integral, tem um acento político além do estético.

Há uma ressonância do Parangolé, pelo fato de abranger toda


uma rede de subsistência a partir de uma economia informal,
com soluções de baixo custo e de puro improviso. "Da
adversidade vivemos!", conclama Hélio Oiticica em "Esquema
Geral da Nova Objetividade" (1966-67). E "adversidade" não
significa apenas "pouquidão", mas também "oposição". Para
validar sua posição cultural crítica, Hélio não tergiversava:
"Tem-se que ser contra, visceralmente contra tudo que seria
em suma o conformismo cultural, político, ético, social".
(LAGNADO, Lisette)

http://www.caoguimaraes.com/wordpress/wp-content/uploads/2012/12/o-malabarista-e-a-gambiarra.pdf
REVFAIL é uma rede RISE (Research and
Innovation Staff Exchange) coordenada pelo
Instituto de Estudos Avançados de Madrid.
Reúne 11 universidades participantes de dez
países europeus e americanos, e é projetado
para oferecer uma visão inovadora do
fracasso com uma perspectiva interdisciplinar
e transnacional. REVFAIL tem como objetivo
oferecer ferramentas críticas para analisar e
reverter narrativas, tanto externas como
autoimpostas, sobre o fracasso. http://failure.es/
https://www.youtube.com/results?search_query=%23FigurasDelFracaso
https://plataformabogota.gov.co/convocatoria/plataforma-bogota-invita-a-participar-en-
el-laboratorio-virtual-anarchivo-y-medios
https://youtu.be/8qdCNE0dHGQ?t=968
10nov
Aula#1: Lixo / Descarte / Obsolescência

17nov
Aula#2: Erro / Gambiarra

24nov
Aula#3: Ética / Apropriação

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