Você está na página 1de 8

VACINAS E SISTEMA IMUNOLÓGICO

Imunidade

Naturalmente adquirida:

Passiva - transferência de IgG da mãe para o feto através da placenta, ou de IgA através do
leite

Ativa - antigénios introduzidos por infeção levam à produção de céls. de memória

Artificialmente adquirida :

Passiva - injeção intravenosa de anticorpos

Ativa - antigénios introduzidos por vacinação levam à produção de céls. de memória

As ativas de ambos os casos são de mais longa duração/memória

Vacinação é o método mais eficaz para a prevenção de doenças infeciosas:

Erradicação da varíola do nosso planeta.


Eliminação quase completa da poliomielite.
Diminuição mais de 95% de doenças como diGeria, tétano, tosse convulsa, sarampo e rubéola.
Diminuição da mortalidade das doenças causadas pelos vírus da hepa=te A e B, e pelas
bactérias Haemophilus influenzae =po b e pneumococcus.

Cerca de 15 milhões de pessoas morrem anualmente devido a doenças infeciosas


(principalmente respiratórias)
Estima-se que a vacinação salve 2-3 milhões de vida por ano

1 em cada 20 crianças com sarampo desenvolve pneumonia, 1 em cada 1000 crianças com
sarampo desenvolve encefalite, 1 ou 2 em cada 1000 crianças com sarampo, morrem da
doença

COMO FUNCIONAM AS VACINAS?

Vacina

Vacina - Estimulação da resposta humoral ou celular, induzindo a formação de células de


memória sem causar doença.

Substância capaz de imunizar o organismo contra 1 doença infeciosa. Pode ser preparada a
partir de microrganismos mortos ou inativos - vacina inativada - ou a partir de microrganismos
vivos mas atenuados (pelo formol, outra substância ou calor) - vacina atenuada – entre outros.

Imunização

Ação pela qual se confere imunidade, quer por administração de anCgénios (aCva) quer por
anCcorpos (passiva).
Imunogénio

Substância com capacidade de provocar reação imunitária. Os haptenos, só se tornam


imunogénicos em combinação com outros antigénios. Os antigénios polissacarídicos exigem
um sistema imunitário maturo para desencadear uma resposta imunitária duradoura
(memória imunológica)

Ex: Ag capsulares de S. penumoniae e Neisseria meningitidis C não são eficazes em crianças <2
anos -> conjugação do Ag com uma proteína – vacinas conjugadas

Memória imunológica – produzida durante a resposta primária e permite o desenvolvimento


de uma resposta imunológica mais rápida e eficaz numa posterior exposição ao mesmo
agente. Consiste em células B e T.

Consequências da vacinação

Neutralização do agente infecioso antes da sua entrada nas células do hospedeiro.

Destruição das células infetadas antes da mul9plicação do agente infecioso.

Prevenção da disseminação do agente infecioso a outras células.

Imunização ativa (natural ou artificial- vacina)

Imunização passiva

Necessária:

Indivíduos que não produzam an6corpos (ex: indivíduos com uma imunodeficiência primária a
nível da produção de células B).

Exposição certa ou provável a um microrganismo que causará doença e onde não há tempo
para uma proteção através de imunização ac6va.
Infeção por agentes patogénicos em que os efeitos de imunização podem ser melhorados pela
adição de an6corpos.

Indivíduos com tétano, diGeria, hepa6te, sarampo, raiva.


Indivíduos que foram mordidos por cobras ou aranhas (viúva negra).

Mas,
A imunização passiva, por não estimular o sistema imunológico, não gera células de memória
e, por isso, a proteção concedida é temporária.

Imunização passiva artificial*

Imunidade de grupo

Proteção adicional de indivíduos não vacinados que ocorre quando uma proporção suficiente
de indivíduos está imunizada contra determinada doença. -> ausência de doença em
determinadas áreas geográficas sem 100% de cobertura vacinal. Só é possível com a
contribuição de todos.

Vacinação da fonte

Se um subgrupo par@cular for considerado como reservatório de uma infeção que se pode

prevenir por vacinação, a sua vacinação diminuirá a probabilidade de doença na população.

Ex: controlo da tosse convulsa em bebés com idade < 2 meses por vacinação dos adultos que
com eles contactam
Alvo da vacinação :

Pré-exposição - Antes do contacto com o agente infecioso em causa. Os programas de


vacinação infantil têm por objetivo a administração precoce de antigénios para proteção de
doenças maioritariamente adquiridas na infância

Pós-exposição - Algumas vacinas podem conferir proteção mesmo administradas em situações


de pós-exposição. Ex: hepaDtes A e B, sarampo, varicela

Eliminação

Supressão da doença numa determinada área geográfica sem erradicação, à escala global, do
microrganismo causador. Ex: sarampo em Portugal.
Para doenças com reservatório ambiental, como o tétano, a erradicação não é possível, mas a
eliminação sim, se todos os indivíduos forem vacinados.

Erradicação

Supressão total de uma doença endémica ou do microrganismo que a provoca. Só possível se
contágio exclusivamente inter-humano. A única considerada erradicada é a varíola.

Controlo

Contenção ou prevenção da transmissão de uma doença infecios

CARACTERÍSTICAS DAS VACINAS

Seguras - Não pode, per se, causar doença ou morte.

Proteção - Devem proteger da doença resultante da exposição ao organismo patogénico vivo.

Proteção prolongada - A proteção contra a doença deve durar anos.

Induzir AC neutralizantes - Alguns microrganismos patogénicos (como poliovírus) infetam


células que não subsCtuídas (ex: neurónios); é importante a existência de Ac neutralizantes
para prevenir a infeção dessas células.

Induzir células T protectoras - Alguns microrganismos patogénicos , parCcularmente os


intracelulares, são mais facilmente atacados por respostas celulares.

Considerações práticas - Baixo custo; estabilidade biológica; facilidade de administração; sem


efeitos secundários.
Tipos de vacinas

Atualmente, existem 3 tipos principais de antigénios usados como vacinas: microrganismos


atenuados (ou não virulentos), microrganismos inativados (mortos) ou macromoléculas
purificadas. Os componentes proteicos de agentes patogénicos expressos em culturas
celulares podem ser vacinas eficazes.

Vacinas com micróbio total

Vivo atenuado ou morto.

Vacinas de macromoléculas purificadas

Toxóides – Tétano, difteria


Vacinas proteicas – Tosse convulsa, influenza (hemaglutinina e neuraminidase) Proteínas
recombinantes – Hepatite B
Proteínas do tipo viral – proteínas virais sem genoma viral (ex: vacina hepatite B) Vacinas
conjugadas (Ex: Vacinas de polissacarídeos – têm como desvantagens: resposta deficiente ou
ausente em crianças < 18 meses ou idosos; resposta imune não ocorre nos locais de formação
de linf T de memória - uso conjugado e toxóide* e polissacarídeo)

*Toxóide (ou anatoxina) - Preparação a partir de 1 toxina bacteriana pela ação simultânea de
formol e do calor, o que condiciona a perda o seu poder tóxico, conservando as propriedades
imunizantes

Vacinas vivas atenuadas - Microrganismos vivos mas com poder patogénico diminuído. Ex:
BCG (bacilo Calmette-Guérin), VASPR (vacina tríplice contra sarampo parotidite epidémica e
rubéola, vacina contra varicela e alguns tipos de rotavírus).

Vacinas inativadas - Microrganismos inativados/mortos. A maioria das vacinas do PNV.

Vacinas combinadas - Contêm diversos antigénios, diminuindo o no de administrações. Ex:


DTP (diPeria, tétano e tosse convulsa), VASPR. Outras do PNV (tetra, penta, hexavalentes).

Vacinas conjugadas - Associam os polissacarídeos da cápsula bacteriana com uma proteína,


permitindo uma resposta de linfócitos T em crianças com <2 anos. Ex: Haemophilus influenzae
b e Neisseria meningitidis C.
DESENVOLVIMENTO DE VACINAS

Cultura de células - Permitiu o desenvolvimento de vacinas vivas antivíricas (ex: sarampo,


parotidite, varicela, rubéola).

Técnicas de estimulação da imunidade celular - Atualmente, a investigação está a desviar-se da


imunidade humoral para a imunidade celular, para prevenção de infeções por microrganismos
intracelulares. As vacinas vivas induzem respostas de imunidade celular.

Técnicas de administração - SubsGtuição de seringa e agulha por outras vias: intranasal,


aerossóis, transcutânea e retal.

Adjuvantes - Para além do clássico (Al), MPL (lípido A monofosforil), outros. Devem permiGr
uma maior resposta imunológica com menor dose de Ag, o que implica maior capacidade de
produção de vacinas.

Engenharia genética

Produção de proteínas imunogénicas em organismos como leveduras, E. coli, báculo-vírus. (ex:


vacinas contra hepatite B, alguns genótipos do HPV e do rotavírus)
Vetores recombinantes, incluindo vírus e bactérias, modificados geneticamente para
transportarem genes de microrganismos infeciosos maximizam a imunidade mediada por
células aos antigénios que codificam.

DNA plasmídico codificante de um antigénio proteico pode também servir como uma vacina
eficaz, induzindo respostas quer humoral quer celular

Genoma microbiano

Utilização do genoma microbiano para a codificação de proteínas protetoras, o que poderá


permitir a utilização de vacinas para além das doenças infeciosas

Conceitos:

Conservantes, estabilizadores, antibióticos

Substâncias que se usam nas vacinas, anatoxinas, globulinas, culturas virais para evitar o
crescimento de bactérias ou para estabilizar os antigénios ou anticorpos.
Podem surgir, embora raramente, reações alérgicas, se o recetor for sensível – ao mercúrio,
fenol, albumina, glicina.

Suspensão

Água ou soro fisiológico ou líquidos complexos com pequenas quantidades de proteínas ou


outras substâncias derivadas dos meios de cultura (ex: proteínas séricas, derivados de ovo ou
cultura de células).
Adjuvantes

Substâncias que aumentam o poder antigénico das vacinas (ex: fosfato ou hidróxido de
alumínio); são usados na formulação de vacinas para melhorar, prolongar ou promover a
resposta imunitária aos antigénios da vacina.
Ativam a imunidade inata, por ex. através: da estimulação via PRR, da ativação de células
dendríticas.

POSSÍVEIS EFEITOS ADVERSOS DAS VACINAS

Inflamação e reações anafilá9cas (na maioria das vezes devido a adi-vos que são adicionados à
vacina, como é o caso do -merosal usado como conservante em algumas vacinas).

Infeção (preparação de vacinas inadequadamente ina-vadas ou pela u-lização em indivíduos


imunodeficientes de vacinas com vírus ina-vado).

Reações autoimunes e neurológicas (an-génios usados nas vacinas que têm reação cruzada
com auto-an-génios).

Recentemente tem sido referido o Síndrome autoimune induzido por adjuvante (do inglês
Autoimmune syndrome induced by adjuvants –ASIA)

EFEITOS ADVERSOS DOS ADJUVANTES

Alguns estudos demonstram que vacinas que utilizam sais de alumínio como adjuvantes
podem induzir, nalguns indivíduos, Síndrome Autoimune Induzido por Adjuvante
(Autoimmune Syndromes Induced by Adjuvants – ASIA).
Estão descritos efeitos como síndrome de fadiga crónica e fibromialgia após o uso de algumas
destas vacinas, como a da hepatite B.

OUTROS BENEFÍCIOS DAS VACINAS

Proteção adicional contra doenças associadas à doença alvo


Ex: vacina sazonal da gripe resulta também na proteção contra complicações bacterianas da
doença, como a pneumonia
Proteção contra o cancro

Ex: vacina hepaNte B para prevenir carcinoma hepatocelular; vacina HPV para prevenir cancro
colo útero

Prevenção resistência a antibióticos


CONTRAINDICAÇÕES DAS VACINAS

Reação anafilática a uma dose anterior

Reação anafilática a um cons6tuinte da vacina

Gravidez (vacinas vivas)

Estados de imunodepressão grave (vacinas vivas)

PRECAUÇÕES

Doença aguda grave, com ou sem febre (vacinas logo que haja melhoria exceto para BCG-
contraindicação absoluta
Hipersensibilidade não grave a uma dose anterior da mesma vacina

FALSAS CONTRAINDICAÇÕES

Reações locais, ligeiras a moderadas, a uma dose anterior . Doença ligeira aguda, com ou sem
febre
Terapêutica antibiótica concomitante (exceto para BCG)
Imunoterapia concomitante com extratos de alergénios

História familiar ou pessoal de alergias (ex: ovos, penicilina, asma....) . Dermatoses, eczemas ou
infeções cutâneas localizadas
Doença crónica cardíaca, pulmonar, renal ou hepática
Doenças neurológicas não evolutivas (como paralisia cerebral)

Síndrome de Down ou outras patologias cromossómicas . Prematuridade


Baixo peso à nascença (< 2kg; exceto para HBV e BCG)
Aleitamento materno

Icterícia neonatal
Malnutrição
História anterior de parotidite epidémica, sarampo, rubéola ou outra doença alvo de vacina.
Exposição recente a doença infeciosa
Convalescença de doença aguda
História familiar de convulsões, síndrome de morte súbita, reações adversas a vacinas

Você também pode gostar