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VOLUME 02
Vera Lúcia Macedo de Oliveira Teixeira
LÍNGUA PORTUGUESA
VOLUME 02
Barra do Garças - MT
Faculdade Cathedral
2020
Produzido por
Vera Lúcia Macedo de Oliveira Teixeira
Projeto Gráfico
Atila Cezar Rodrigues Lima e Coelho
Georgya Politowski Teixeira
Matheus Antônio dos Santos Abreu
BARRA DO GARÇAS - MT
JULHO 2020
Copyright © by UniCathedral, 2020
Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada,
armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada,
reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer
sem autorização prévia do(s) autor(es).
71 p. ; il. color.
ISBN:
CDU 81’36
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UNIDADE VI ........................................................................................................................................ 51
Parágrafo: definição e estrutura ............................................................................................................ 51
Estrutura do parágrafo: tópico frasal, desenvolvimento e conclusão ............................................... 51
O que é o parágrafo............................................................................................................................ 51
Qualidades do parágrafo .................................................................................................................... 51
Parágrafo-padrão ............................................................................................................................... 52
Estrutura do parágrafo-padrão .......................................................................................................... 52
Tópico frasal ....................................................................................................................................... 52
Desenvolvimento................................................................................................................................ 55
Conclusão ........................................................................................................................................... 55
A paráfrase como estratégia comunicativa ............................................................................................ 57
A paráfrase como estratégia de comunicação ................................................................................... 57
Composição estrutural dos trabalhos acadêmicos ................................................................................ 61
Formatação......................................................................................................................................... 62
Citações .............................................................................................................................................. 62
Referências ......................................................................................................................................... 64
Referências bibliográficas....................................................................................................................... 66
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INTRODUÇÃO
Bem-vindos ao Volume 02 da Disciplina Língua Portuguesa!
A capacidade do raciocínio, de observação, de interpretação, de análise de textos diversos são
conhecimentos essenciais para a identificação e resolução de problemas. Dessa forma, o desenvolvimento
de competências estará voltado à relação entre a teoria e a prática como elemento fundamental ao
enfrentamento de desafios de forma criativa, levando em conta as novas situações relacionadas às
transformações da sociedade e do mundo do trabalho.
Nas Unidades I, II e III vimos que o ato de se comunicar é inerente à sociedade moderna, principalmente,
em ambientes que dependem de uma boa comunicação para apresentar resultados positivos. Desse modo,
estimulado pelas inúmeras mudanças provocadas na sociedade, estudos sobre a Comunicação ganham cada
vez mais, relevância social. Comunicar-se bem devem ser uma preocupação de todas as pessoas,
indistintamente, em especial, com as informações que são transmitidas por elas mesmas.
Nessa perspectiva, as Unidades de Aprendizagem IV, V e VI, da Disciplina de Língua Portuguesa,
apresentam conteúdos pontuais que auxiliarão o acadêmico na compreensão da estrutura de um bom texto,
propiciando a aquisição de habilidades de produção de um texto coeso e coerente e, além disso,
apresentando maneiras de melhorar a linguagem oral, pela correção gramatical. Desse modo, as unidades
que seguem, propõem um desenvolvimento de competências nas quais o acadêmico será capaz de aprimorar
sua comunicação, tanto oral quanto escrita.
As Unidades de Aprendizagem IV, V e VI propõem os seguintes objetivos:
Unidade IV: Explicar sobre os tipos textuais, a importância da pontuação na construção de textos, sem
perder de vista as noções básicas de ortografia e sintaxe;
Unidade V: Propor o estudo sobre a coesão e coerência textuais, os tipos de gêneros textuais e a produção
textual;
Unidade VI: Orientar sobre parágrafo, paráfrase e composição estrutural de trabalhos acadêmicos.
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UNIDADE IV
Autor(a) da Unidade
Luiz Felipe Petusk Corona
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UNIDADEIV
A GRAMÁTICA
De acordo com a definição do Dicionário Aurélio, gramática é o estudo ou tratado dos fatos da linguagem,
falada e escrita, e das leis naturais que a regulam. A gramática exerce funções importantes, como por
exemplo, descrever o sistema de um determinado idioma, ou seja, ela apresenta as normas reguladoras do
idioma, determina as condições de uso da língua, especialmente, no que se refere ao uso na modalidade
escrita. Na Língua Portuguesa, a gramática tem a função de estabelecer regras para o uso da língua, que por
sua vez é uma ferramenta importante no contexto da comunicação.
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PALAVRAS E EXPRESSÕES QUE PODEM OFERECER DIFICULDADES NA GRAFIA
Determinadas palavras e expressões podem oferecer dificuldades no momento de escrevê-las.
Vamos conhecer algumas?
Ao encontro / de encontro:
Cessão significa o ato de ceder, o ato de dar. Ex.: A menina realizou a cessão de livros à biblioteca.
Sessão é o intervalo de tempo que dura uma reunião, uma assembleia. Ex.: Vamos assistir a uma sessão
de cinema hoje?
Seção (secção) significa divisão de um todo; parcela, porção, segmento, subdivisão, corte. Ex.: A seção do
jornal que fala de esportes está um espetáculo essa semana.
Esta é a minha seção eleitoral. Ex.: A secção no braço do menino foi suturada pelo cirurgião plástico de
forma exemplar.
Há / a:
Mais / mas:
Mais é um advérbio de intensidade; também pode dar ideia de adição. Se invertermos o significado da
frase, podemos substituí-lo por menos:
Ex.: É a menina mais estudiosa do semestre! / Dois mais dois nem sempre dá quatro?
Mas é uma conjunção adversativa e indica oposição, contraste. Pode ser substituída por outra conjunção
adversativa, como: porém, contudo, todavia, entretanto etc.
Ex.: João estudou, mas não conseguiu passar.
Mau / mal:
Mau é sempre um adjetivo (seu antônimo é bom); refere-se, pois, a um substantivo ou pronome.
Ex.: João é um menino mau. / A menina está sempre de mau humor.
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Onde / aonde:
Emprega-se aonde com os verbos que dão ideia de movimento. Equivale a para onde.
Aonde vamos? / Aonde vai com tanta pressa?
Já com os verbos que não dão ideia de movimento, emprega-se onde.
Ex.: Onde está o dinheiro? / Onde vamos parar?
A palavra que quando utilizada no final da frase deve ser acentuada, pois é um monossílabo tônico
terminado em -e.
Você tem medo de quê? / Ela pensa em quê?
Escreve-se por que (sem acento e separado) por se tratar de duas palavras (a preposição por mais o
pronome que):
a) quando equivale a pelo qual e flexões.
Ex.: Este é o caminho por que passo todos os dias.
b) quando, depois dele, vier escrita ou subentendida a palavra razão. Caso seja utilizada no final da frase,
a palavra que deverá ser acentuada.
Ex.: Por que razão você não compareceu? / Ele não compareceu por quê?
Escreve-se porque (sem acento e junto) por se tratar de uma conjunção explicativa ou causal.
Ex.: Não viajarei porque estou doente. / Não compareci porque acordei muito atrasada.
Escreve-se porquê (com acento e junto) por estar substantivado, ou seja, precedido de artigo (o artigo é
utilizado antes da palavra).
Ex.: Não sei o porquê de sua indignação. / Estamos estudando o uso do porquê.
SINTAXE
Sintaxe é a parte da gramática que estuda as relações entre as palavras dentro de uma frase ou orações.
Vamos iniciar diferenciando frase, oração e período?
Frase é representada por uma construção comunicativa de sentido completo de uma ou mais palavras,
possuindo verbo ou não. As frases que não possuem verbos recebem o nome de frases nominais. Na fala, a
demarcação da frase se dá por meio da entonação da voz; já na escrita, é identificada pelo uso de letra
maiúscula no início e sinal de pontuação ao final. Exemplos: Atenção, menino! / Maria fez um belo trabalho!
Vale ficar atento aos diversos tipos de frases: frases interrogativas, frases imperativas, frases
exclamativas, frases declarativas, frases optativas.
Oração é o enunciado que se organiza em torno de um verbo ou locução verbal (verbo auxiliar flexionado + verbo
principal). O número de orações na frase é determinado pela quantidade de verbos presentes na frase.
Exemplo: Flávio brincou no parquinho.
Período é uma frase formada por uma ou mais orações. Ele é classificado em simples e composto. O
primeiro é quando a frase possui apenas uma oração e o segundo quando possui duas ou mais orações.
Exemplos: O almoço hoje será um assado. (período simples) / Quando a demitiram sua vida ficou sem
sentido. (período composto)
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CONCORDÂNCIA
A concordância é o processo sintático segundo o qual certas palavras se combinam ou flexionam. As
palavras podem flexionar em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural) – nos nomes
(substantivos, pronomes, numerais) e pessoa (1ª, 2ª e 3ª) e número (singular e plural) – nos verbos. Por isso,
temos a concordância nominal e verbal. (MARTINO, 2017).
Concordância Nominal
A concordância nominal é determinada pela flexão (de gênero e número) de adjetivos, pronomes,
artigos, numerais e particípios para se relacionar às características dos nomes (substantivos, pronomes,
numerais), aos quais eles se ligam, caracterizando-os.
Regra geral: o artigo, o numeral, o adjetivo e o pronome adjetivo concordam com o substantivo a que
se referem em gênero e número.
b) Um adjetivo posposto a dois (ou mais) substantivos com gêneros e números diferentes: concorda
com o substantivo mais próximo, ou vai para o plural, concordando com os dois substantivos.
Exemplos: Comprei sapato e camisas novas (ou novos). / Cão e raposas espertas (ou espertos) corriam
pela fazenda.
c) Um adjetivo posposto referindo-se a mais de um substantivo de mesmo número, mas com gêneros
diferentes: o adjetivo vai para o masculino plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
Exemplos: Cão e raposa espertos (ou esperta) corriam pela fazenda. / Raposa e cão espertos (ou esperto)
corriam pela fazenda.
d) Um adjetivo anteposto (antes) ao substantivo: sempre concorda com o substantivo mais próximo.
Exemplos: Esperto cão e raposa corriam pela fazenda. / Esperta raposa e cão corriam pela fazenda.
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Casos especiais
a) Obrigado, mesmo (adjetivo), próprio, incluso, anexo, leso e quite: concorda com o substantivo a que
se refere.
Exemplos: Muito obrigada, disse a coordenadora. / Encontrará inclusa a procuração. / Seguem anexas as
informações que me pediu.
Concordância verbal
Regra geral: o verbo concorda com o sujeito em número (singular/plural) e pessoa (1ª, 2ª e 3ª).
a) Verbo com sujeito simples: o verbo concorda em número e pessoa, não interessando a posição.
Exemplos: Chegaram, naquela noite, os amigos. (os amigos = sujeito). / Os amigos chegaram naquela noite.
b) Sujeito composto antes do verbo (anteposto): o verbo vai para o plural. Exemplo: Goiânia e Anápolis
são as principais cidades de Goiás.
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O verbo poderá ficar no singular nos seguintes casos:
• Se os núcleos do sujeito forem sinônimos. Exemplo: A angústia e ansiedade não o ajudava a se
concentrar.
• Quando os núcleos formam uma gradação, ou seja, núcleos que são causa de uma consequência.
Exemplo: A angústia, a solidão, a falta de companhia levou-o ao vício da bebida.
• Quando os núcleos aparecem resumidos por tudo, nada, ninguém. Exemplos: Diretores,
coordenadores, colaboradores, ninguém faltou. / As lágrimas, as súplicas, a irritação, nada o comoveu.
c) Sujeito composto depois do verbo (posposto): o verbo concorda com o mais próximo ou com todos os
elementos. Exemplos: Brinca tia e sobrinho. / Brincam tia e sobrinho.
g) Indicação de horas, datas e distância: o verbo concorda com o número. Exemplos: São cinco horas. /
É uma hora e dez. / São trinta de julho. (ou É dia trinta de julho) / São cinquenta metros.
i) O verbo “ser”: Este verbo concordará muitas vezes com o predicativo e não com o sujeito, a não ser se
o sujeito for nome próprio. Exemplos: Meu problema são três? / Joana é desejos.
• As expressões formadas pelo verbo “ser”: é muito, é pouco, é demais etc. são invariáveis e por isso
não concordam com o sujeito. Exemplos: Trinta quilos é muito. / Quinhentos metros é demais. /
Quarenta reais é pouco.
Dando prosseguimento aos nossos estudos, trataremos da estrutura do parágrafo, tópico essencial, para que
você escreva bem um texto. Fique atento!
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A IMPORTÂNCIA DA PONTUAÇÃO NA CONSTRUÇÃO
DE TEXTOS
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Podemos perceber nestes exemplos que o simples, e não menos importante, fato de adicionar uma vírgula
possibilitou mudanças significativas nos sentidos pretendidos pelo seu autor, os quais, ficaram obscuros e
inapreensíveis justamente pela falta da pontuação. “Mandei um telegrama para meu irmão que mora em
Roma.” “Mandei um telegrama para meu irmão, que mora em Roma. ”A primeira oração indica que a pessoa
tem pelo menos dois irmãos, e que um desses irmãos mora em Roma; já a segunda indica que a pessoa tem
apenas um irmão e que este mora em Roma.
OS SINAIS DE PONTUAÇÃO
Além de pausa na fala e entonação da voz, os sinais de pontuação reproduzem, na escrita, nossas
emoções, intenções e anseios. Os sinais de pontuação formam um pequeno conjunto composto por:
1. Vírgula (,)
Exerce funções básicas como, por exemplo, enumerações, intercalações, supressões, limites de algumas
unidades da sentença, limites entre as sentenças no período. É usada para:
a) separar termos que possuem mesma função sintática na oração: O menino berrou, chorou, esperneou
e, enfim, dormiu. Nessa oração, a vírgula separa os verbos.
e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos: isto é, ou seja, por exemplo, além disso, pois,
porém, mas, no entanto, assim, etc.
g) isolar orações adjetivas explicativas: O filme, que você indicou para mim, é muito mais do que esperava.
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2. Pontos
2.1 - Ponto-final (.)
É usado ao final de frases para indicar uma pausa total:
a) Não quero dizer nada.
b) Eu amo minha família.
E em abreviaturas: Sr., a. C., Ltda., vv., num., adj., obs.
b) Para indicar surpresa, expressar indignação ou atitude de expectativa diante de uma determinada
situação:
O quê? Não acredito que você tenha feito isso! (Atitude de indignação)
Não esperava que fosse receber tantos elogios! Será que mereço tudo isso? (Surpresa)
Qual será a minha colocação no resultado do concurso? Será a mesma que imagino? (Expectativa)
a) Depois de frases que expressem sentimentos distintos, tais como: entusiasmo, surpresa, súplica,
ordem, horror, espanto:
Iremos viajar! (Entusiasmo)
Foi ele o vencedor! (Surpresa)
Por favor, não me deixe aqui! (Súplica)
Que horror! Não esperava tal atitude. (Espanto)
Seja rápido! (Ordem)
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É possível utilizá-lo para separar longas sentenças que constituem o mesmo pensamento, separar
sentenças com significados em oposição ou contrastes ou no fim de cada item (exceto no último) em uma
lista de pedidos, conclusões etc.
b) separar um período que já se encontra dividido por vírgulas: Ele não disse nada, apenas olhou ao longe,
sentou por cima da grama; queria ficar sozinho com seu cão.
A pontuação constitui parte integrante da fonologia, que é um ramo específico da Linguística e estuda a
categorização de sons em línguas específicas e os aspectos relacionados à percepção. Assim, os sinais de
pontuação têm a função de dar o aspecto sonoro, no sentido de assinalar pautas e a inflexão da voz do leitor
às frases.
3. Aspas (“ ”)
Servem para sinalizar a reprodução de partes de algum texto ou para citar palavras ditas por outra pessoa,
indicar gírias ou palavras estrangeiras, utilizar palavras de forma irônica, dar ênfase ao título de um livro,
filme, disco etc. São usadas para indicar:
a) citação de alguém: “A ordem para fechar a prisão de Guantánamo mostra um início firme. Ainda na
edição, os 25 anos do MST e o bloqueio de 2 bilhões de dólares do Oportunity no exterior” (Carta Capital on-
line, 30/01/09);
4. Reticências (...)
Podem ser usadas para indicar uma suspensão do pensamento, uma hesitação ou, até mesmo, uma
dúvida ou para indicar a omissão de parte de uma citação.
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a) (...) Onde está ela, Amor, a nossa casa, O bem que neste mundo mais invejo? O brando ninho aonde o
nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa? (...)
b) E então, veio um sentimento de alegria, paz, felicidade...c) Eu gostei da nova casa, mas do quintal...
5. Parênteses ( )
Podem ser utilizados para indicar uma unidade intercalada, porém são mais usados para acrescentar um
comentário do autor ou, até mesmo, uma informação na unidade, quando se quer explicar melhor algo que
foi dito ou para fazer simples indicações. Ele comeu, e almoçou, e dormiu, e depois saiu. (O “e” aparece
repetido e, por isso, há o predomínio de vírgulas).
6. Travessão (–)
É usado para sinalizar em um diálogo a fala de cada interlocutor, para esclarecer, sintetizar o que foi dito
e o travessão duplo é para indicar unidades intercalas.
O travessão é indicado para:
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QUESTÃO DE PONTUAÇÃO
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TIPOS TEXTUAIS
Para início de conversa, faz-se necessário distinguir tipos textuais e gêneros textuais (ou discursivos).
Tipo textual é uma sequência, previamente, definida com relação a forma, estrutura e conteúdo de um
texto, ou seja, características que sempre tem em vista o objetivo da comunicação. São chamados, também
de modos de organização de um texto, sendo limitados.
Esses diferentes tipos de texto se materializam em inúmeros gêneros textuais ou discursivos, que
Nesse sentido, os gêneros textuais são os textos que podem ser encontrados no dia a dia. Eles são
inúmeros e apresentam características sócio comunicativas que são definidas por seu estilo, função,
composição, conteúdo e canal de transmissão.
Na composição dos gêneros textuais podemos encontrar a presença dos tipos textuais. Por
exemplo: o gênero novela apresenta a tipologia narrativa em sua composição, já o gênero receita
apresenta o tipo injuntivo.
Marcuschi (2002, p. 22), corrobora com pensamento de Abaurre e Abaurre (2007), com relação à
definição de tipo e gênero textuais, observe:
[...] tipo textual designa uma espécie de sequência teoricamente definida pela
natureza linguística de sua composição {aspectos lexicais, sintáticos, tempos
verbais, relações lógicas}. [...] são: narração, argumentação, exposição, descrição,
injunção.
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[...] gênero textual refere-se a textos materializados que encontramos na nossa
vida diária e que apresentam características sócio comunicativas definidas por
conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica, os gêneros
são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão,
carta comercial, romance, bilhete, reportagem jornalística, horóscopo, receita
culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de
uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversa
espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas
virtuais e assim por diante.
1-Narração: A narração é o relato de fatos ocorridos, em um certo espaço (ou lugar) e tempo, com
determinados personagens, cuja ação é contada por um narrador. Esse tipo de texto, geralmente, se
desenvolve em torno de um conflito (oposição ou tensão entre forças ou personagens). Pode ser objetiva ou
subjetiva.
Enredo: é o conjunto de fatos ligados entre si que fundamentam a ação de um texto narrativo.
Personagem: é um ser criado para um texto narrativo. Pode ser uma pessoa, um animal, sentimento ou
objeto personificado.
Ação é tudo aquilo que os personagens fazem na narrativa, incluindo suas falas ou pensamentos.
Os gêneros que se utilizam da narração são: lendas, contos de fada, novela, crônicas, notícias, fábulas etc.
Rubião tinha vexame, por causa de Sofia; não sabia haver-se com senhoras.
Felizmente, lembrou-se da promessa que a si mesmo fizera de ser forte e
implacável. Foi jantar. Abençoada resolução! Onde acharia iguais horas? Sofia era,
em casa, muito melhor que no trem de ferro. Lá vestia a capa, embora tivesse os
olhos descobertos; cá trazia à vista os olhos e o corpo, elegantemente apertado em
um vestido de cambraia, mostrando as mãos, que eram bonitas, e um princípio de
braço. Demais, aqui era a dona da casa, falava mais, desfazia-se em obséquios;
Rubião desceu meio tonto.
ASSIS, Machado de. Quincas Borba. Rio de Janeiro: Ediouro, 1994. ([fragmento)
O desaparecido
Tarde fria, e então eu me sinto um daqueles velhos poetas de antigamente que
sentiam frio na alma quando a tarde estava fria, e então eu sinto uma saudade
muito grande, uma saudade de noivo, e penso em ti devagar, bem devagar, com
um bem-querer tão certo e limpo, tão fundo e bom que parece que estou te
embalando dentro de mim. (Rubem Braga. Narração subjetiva).
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2-Descrição: A descrição é a apresentação das características de um ser vivo, objeto ou ambiente. Por
destacar as características dos objetos ou seres, devem ser empregados muitos adjetivos e comparações. A
intenção da descrição é criar um retrato escrito, por isso são importantes os detalhamentos e a seleção das
características mais significativas. A descrição pode ser objetiva e subjetiva. Os gêneros que se se utilizam da
descrição são: laudo, relatório, ata, guia de viagem etc.
A casa rouca
Ficara o galo, sobrevivência da ruína.
Rouco o seu canto. Canto que não parecia mais de galo, senão a própria voz da casa
abandonada. Casa rachada ao sol, aluindo-se ao vento de chuva.
Não mais agora figuras humanas entrando; apenas lagartixas e morcegos para
recepção às sombras.
Casa rouca submersa no matagal, teu galo ficou. E seu canto perdeu o timbre de
sol, já não inaugura os dias. E se fez adequado aos estragos do reboco, à podridão
das esquadrias – última secreção de pareces gemidas.
Galo rouco. Casa rouca. [...]
MACHADO, Anibal. Cadernos de João. São Paulo: Nova Fronteira, 2001.
(Fragmento)
3-Dissertação: O texto dissertativo-argumentativo é aquele que expõe ideias e, ao mesmo tempo, tenta
convencer o interlocutor da validade delas. Apresenta uma tese (opinião central) sustentada por
argumentos. É encontrado em inúmeros gêneros, como editoriais de jornais ou revistas, artigos de opinião,
cartas argumentativas, dissertação-argumentativa, editorial etc.
O código da burrice
Entre as besteiras que circulam por aí sobre "O Código Da Vinci", a mais arrepiante
é que a história do casamento de Jesus com Maria Madalena derruba um "dogma"
da Igreja Católica. [...]
Jesus casou, e daí? Sugerir que, ao longo dos séculos, a Igreja Católica boicotou esse
casamento é uma besteira que nem merece o nome de folclore religioso. E procurar
descendentes do casal ao longo da história equivale à procura da mula-sem-cabeça
e do saci-pererê.
Umberto Eco, que além de romancista é um ensaísta de peso, disse tudo quando
foi questionado sobre "O Código da Vinci": uma burrice. Casado ou solteiro, Jesus,
para seus crentes, será sempre a alegria dos homens. [...]
CONY, Carlos Heitor. Folha de S. Paulo, 25 maio 2006. (Fragmento)
Para produzir um bom texto dissertativo-argumentativo, é necessário estar atento para as exigências que
cada parte do texto - introdução, desenvolvimento e conclusão - possui, conforme explicado acima. Além
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disso, é importante lembrar: do uso da norma-padrão da língua portuguesa; de fundamentar os argumentos
a partir de conhecimentos de diversas áreas; apresentar domínio dos elementos de coesão e coerência da
língua.
4-Exposição: Os textos expositivos apresentam os pontos de vista acerca de um assunto, sem defender
qualquer posição. O objetivo é informar e expor determinada ideia, por meio de recursos como: definição,
conceituação, informação, descrição e comparação. Os gêneros que se utilizam da estrutura expositiva são:
seminários, palestras, trabalhos acadêmicos, resumo, fichamento, texto de divulgação científica etc.
5-Injunção: Os textos injuntivos, também chamados de texto instrucional, têm por objetivo expressar
uma ordem, orientando e persuadindo o interlocutor. Logo, apresentam, na maioria dos casos, verbos no
imperativo. Alguns exemplos de gêneros textuais injuntivos: receita culinária, tutorial, bula de remédio,
manual de instruções, regulamento etc.
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Chegamos ao fim desta Unidade de aprendizagem. Espero que você tenha aproveitado todas as dicas
mencionadas. Vamos para a próxima!
Leia o Artigo:
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M. Produção de texto: interlocução e gêneros. São
Paulo: Moderna, 2007.
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2008.
CATACH, Nina (org.). Para uma teoria da língua escrita. São Paulo: Ática, 1996.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.;
BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais & ensino. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
__________. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001.
MARTINO, Agnaldo. Português Esquematizado: gramática, interpretação de texto, redação oficial, redação
discursiva. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
SGARBI, Luciana. O vírus de ouro. Revista Isto É. n. 1896. 22 jun de 2006. Disponível em:
<https://istoe.com.br/17745_O+VIRUS+DE+OURO+/#>. Acesso em 10 jun. 2018.
TERCIOTTI, Sandra Helena, RICINO, Leo. Redação na prática: Um guia que faz a diferença na hora de
escrever bem: para cursos de graduação e concursos públicos. São Paulo: Saraiva, 2012.
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