Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ectoparasitoses
1. Pediculose (piolho)
Termo reservado à infestação humana causada por espécies de piolho pertencentes a dois gêneros: Pediculus e
Phtirus. É a infestação por piolhos que se alimentam de sangue e depositam os ovos nas hastes dos pelos ou nas
costuras das roupas, sendo a fêmea responsável por esse processo.
• Pediculus humanus:
o P. humanus capitis (cabeça) → frequente em escolares de hábitos higiênicos precários, transmite-se
com relativa facilidade pelo contato cabeça-cabeça. Prurido é o principal sintoma da pediculose,
observando-se ainda, com frequência, a presença de escoriações, crostas e, eventualmente, infecção
bacteriana secundária ao ato de coçar
o P. humanus humanus (corpo) → ocorre, em geral, quando as roupas não são lavadas ou trocadas
regularmente; afetando usualmente mendigos, andarilhos ou presidiários que vivem em precárias
condições de higiene. Pode comprometer qualquer área da pele – principalmente regiões peludas –
sendo os ombros, as axilas e os glúteos setores preferenciais. O prurido constitui a manifestação
clínica típica, além de lesões urticariformes, rash cutâneo e áreas de hiperpigmentação.
• Pthirius púbis → conhecida por ftiríase, acomete os pelos pubianos, sendo o piolho (Phthirus pubis)
popularmente conhecido como “chato”. Trata-se de dermatose intimamente relacionada com a atividade
sexual. Outros locais atingidos são as sobrancelhas e os cílios. Mais uma vez, o prurido representa o sinal
característico no diagnóstico clínico dessa enfermidade.
o IST
o Locais acometidos: regiões pubianas, genital axilar, pelos das coxas, tronco, barba e bigode. Em
crianças, encontra-se em cílios e sobrancelhas
o Tratamento: lindano a 1% (xampu ou loção). Em crianças, usa-se óxido de mercúrio 1% + óleo de
amêndoas doces.
EPIDEMIOLOGIA
Maior prevalência em meninas, de 3-11 anos. Fatores predisponentes: meses mais quentes
TRANSMISSÃO
Contato de cabeça com cabeça, uso comum de chapéu, boné, touca, escova de cabelo, poltronas, travesseiros.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
TRATAMENTO
EPIDEMIOLOGIA
TRANSMISSÃO
Contato pele a pele, direto e prolongado, contato sexual, materiais de uso comum.
PATOGENIA
O hospedeiro é infestado pelas fêmeas recém-fecundadas que penetram na epiderme, onde cavam galerias. Após
completarem a maturidade sexual, iniciam a postura de modo intermitente, eliminando dois ou mais ovos por dia,
durante 1 a 2 meses, à medida que escavam.
O prurido, principal sintoma da doença, não decorre apenas do efeito mecânico do parasita, mas depende também
da resposta imune do hospedeiro aos produtos metabólicos do ácaro. As lesões, na forma clássica, mostram intenso
infiltrado de eosinófilos e linfócitos, embora a reação deva ser predominantemente celular (tipo IV). A IgE só é positiva
no início da infestação, mas o período de positividade pode se prolongar nas formas em que ocorre imunossupressão
MANIFESTAÇÕES
O período de incubação varia de 5-15 dias, sendo o principal sintoma o prurido intenso, com recrudescência noturna
ou vespertina. As lesões são constituídas por escoriações mais ou menos generalizadas com pequenas vesículas
pruriginosas, pústulas e “túneis” ou “galerias”.
• Cutâneas:
o Nos locais da infecção: túneis intraepidérmicos, nódulos
o Por reação de hipersensibilidade: prurido, urticária, eczema
• Infecção secundária
• Linfadenopatia: em alguns casos
Acometimento de dobras (axila, cotovelo, joelho, abdominal), região genital e anal, dedos, embaixo da mama.
O diagnóstico diferencial deve ser feito com todas as dermatoses que cursam com prurido, incluindo dermatite
atópica, dermatite de contato, prurigo, urticária papular, pioderma e outras afecções crônicas
DIAGNÓSTICO
O encontro do parasita dá o diagnóstico de certeza, entretanto, essa descoberta não é fácil, já que o número de ácaros
na pele é pequeno.
O diagnóstico pode ser feito pela raspagem da pele, encontrando o ácaro ou partes dele, pela dermatoscopia
Beatriz Chaveiro e Gustavo Assunção Turma XVIII
TRATAMENTO
Em decorrência da sua elevada contagiosidade, a família inteira pode ser acometida. Portanto, o tratamento deve se
estender a todos os seus membros, inclusive os assintomáticos.
3. Miíase
Zoodermatose caracterizada pela lesão da pele, mucosa ou orifícios e cavidades naturais do organismo, causada pela
invasão por larvas de várias espécies de moscas.
CLASSIFICAÇÃO
• Primária:
Miíase furunculose (berne) → é causada pela larva da mosca Dermatobia hominis ou, raramente, pela Calitroga
americana, parasitas obrigatórias (específicas) que invadem o tecido vivo.
Na miíase primária, a mosca deposita os ovos na pele normal junto a lesões tegumentares, como arranhões. O ovo
adere à superfície da pele e, com a eclosão, a larva penetra ativamente pela lesão, e se entoca na derme ou no tecido
subcutâneo, aí permanecendo para desenvolver-se. Forma-se, então, a lesão furunculoide: um nódulo de discreto
aspecto inflamatório, com um orifício central – por onde a larva penetrou e por onde respira – através do qual a larva
se expõe.
Manifestações → lesão nodular, hiperemiada, medindo 1 a 3 cm, em média, apresentando um orifício central de onde
flui secreção serosa. A lesão é dolorosa, uma sensação de ferroada, devido aos movimentos da larva em seu interior.
• Secundária cutânea
É causada pela larva da mosca Calitroga macelaria (mosca varejeira) e pelo gênero Lucilia, parasitas facultativos, que
invadem tecidos necrosados de ulcerações da pele e da mucosa, destes alimentando-se para o seu desenvolvimento.
Na miíase secundária, os ovos são depositados em ulcerações expostas de pele e orifícios ou cavidades naturais,
previamente infectados. Nelas, as larvas desenvolvem-se alimentando- -se de tecido morto. A mosca é atraída pelo
odor que exala da lesão e deposita seus ovos, que eclodem dentro de três semanas, liberando as larvas que passam a
digerir o tecido necrosado
Manifestações → presença de pequenas larvas, incontáveis, que se movem ativamente, sobre úlceras pré-existentes,
com má higiene local.
DIAGNÓSTICO
Visualização das larvas, através do orifício (primária) ou na superfície das lesões ulceradas (secundárias). O diagnóstico
diferencial deve ser feito com furúnculos, abscessos de glândulas sudoríparas, otites, rinites, impetigo, corpo estranho.
TRATAMENTO
• Primária: sufocar as larvas cobrindo os orifícios com vaselina, remover no dia seguinte.
• Secundária cutânea: pulverizar a lesão ulcerada com solução anestésica (éter) e retirar as larvas manualmente
Beatriz Chaveiro e Gustavo Assunção Turma XVIII
4. Tunguíase
Infestação da pele pela fêmea fecundada da Tunga penetrans, popularmente conhecida no Brasil como “bicho de pé”.
A tunga é um inseto hematófago com predileção por solos arenosos e secos; abundante em currais.
CICLO
Tanto as larvas, como os adultos, têm vida livre no solo. Após a cópula, as fêmeas fertilizadas buscam um hospedeiro
suscetível e penetram através de rachaduras nas plantas dos pés, dedos ou em torno das unhas. Raras vezes acometem
o dorso do pé. Uma vez no hospedeiro, permanece por até cinco semanas. Ela penetra usando a boca e desenvolve-
se até atingir o tamanho de uma ervilha pequena. Algumas vezes, a pele recobre a pulga e ela fica localizada abaixo
do estrato córneo, mas acima do estrato granuloso da pele. Somente a porção posterior fica em contato com o ar.
Após a postura, a pulga é eliminada, deixando em seu lugar uma ulceração que poderá levar a uma úlcera séptica ou
até ao desenvolvimento do tétano. Este fato é explicado pela penetração de bactérias para o interior da pele,
canalizadas pela presença do parasita. Portanto, embora a infestação seja autolimitada, as complicações não são.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
O quadro clínico caracteriza-se, inicialmente, por prurido local, sendo na maioria das vezes moderado e até agradável
a alguns. O prurido se explica pela penetração da pulga na pele e posteriormente pela distensão dos tecidos que
circundam o abdome da parasita. Esta distensão poderá também levar a uma sensação de dor local. A visualização
detalhada dessa lesão revela uma pápula amarelada com um ponto enegrecido central.
Tratamento
• Remover a pula com uma agulha estéril, bisturi ou cureta, procurando retirar o inseto por inteiro;
• Infestações maciças: tiabendazol ou albendazol, VO;
• A prevenção do tétano, com a aplicação de soroterapia e toxoide tetânico, está indicada em casos especiais.