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IRA PROGOF'F Outras obras de interesse:
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1/
SINCRONICIDADE O DESENVOLVIMENTO ADT'LTO DEC. G.
JTJNG
John-Roplael Stande
.A
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-
E A GNOSE DE JLjNC
Moíos
Stephon A.
-
Hoello
E os Sete Sermões aos
in AS IDÉIAS DE ruNG*
Anthony Sron
itl
.,n TNTRODUçÃO À PSTCOLOGIA JUNGUIANA
-l
'Z
&I"-in S. Hall & Vemon J. Nordby
c O ATO DA VONTADE
Roberto Assogioli
e
".1-,, CoMPLEXO, ARQUÉTIPO, SÚ{BOLO
Johrule Jacobi
P EGO E ARQUÉTIPO -
A Indiüduação e a
7. Função Religiosa da Bique
Ednurd F. Edinga
FRETJDEAALMÂHI,JMÂNA
Bruno Bettelheím
Cultrix
a
JUNG, STNCRONICIDADE E
DESTINO HUMANO
TÍtub do oriqina&
Jug, Syrchmnicity, and Hwwt Dcstiay
E tlc.lo ADo
t.r{.t-!.C.t.l.e.l0 t0.e0.el.e2.e3.er.e5
\r'/
x O fuociooarento da sincronbidade, 1l I
X Einsein e a visío mis ampla, l3l
)g Da simonicülade ao fabr transcausal, l4l
Bibliografa, 152
I
lnterpretaçãn do universo múltiplo:
Jung e Teilhard de Chardin
Neste çsPírito, oom base numa forte intui§ão dc que existe tmn
coaespondência, ou pelo menoo um paralelo, eotsrp a ativilade da ff-
sica teórica e suas prúprias pesquisas em psicologia Fofunda, Iutrg
coryu a formular, m final dos anos 20, o princ$io de "relaçáo
rcousal", a que deu o rcr-& sircroúcida&.
O conceito de sincronicilade lb foi originalreoE fltgcÍido
pelas obsewa@s grr ele fez ao estudar a§ camada§ prcfrudas do
.pff(Si-resm), em especial quando notou a couela$o €oüp a açúo
dos mntccirentos nos sonhos e o estilo dc interpreaçao $p €r
ooofuu eB c€rtas €stiuuas e com6rio§ clíssiços cbúis, sobrp
udanças por que pas§a o destino oo @werde uma vida hunana
Coúudo, o inpulso itrÊdiato para formular os dealhes de zua hipú
tcsp, veio do contrto com os ffsiços Nils Bohre Wolfgang Puli
lb
e de sra antigê amizáde çom Albert Ein§tein" No curso de seus de
baÍcs com elec, Jrrng peúse,beu a equivalêrcia do átm com auni-
dade básics do mundo ffsbo e a psique do ser humam. Essa coups
pondêrcia aÉnht&§e ainda Eais çaodo sc comPaÍa o ábm çom a
concc,pção da psique çre Jung dcsenvolveu cottx, sou método carac-
eútico de sondagem das profuodczas do ser humano.
t3
il
Sincronicidade, ciência
e o esotérico
Os cooExtos cm que Jung discuE o princÍpio de sinsúonbids-
de ofe.rocem uma inErpssane combinação dc opostos. De um lado,
ele coloca su"s discussóes deotro da estrutura da ffsica teóricq rcla-
cionando a sincronicidade oom o rtexamp, da paÍtc de muitos çien-
tistas, da validade da cursalidade como princípio inErprctrtivo thi-
co. De outro lado, ele se rpfecp a vírios preoeitos esoÉricos e ocrrl-
tistas de épocas pré+ienfficas c{rü, indícios do rcconhecirento in-
§ritivo, por paÍte do horem, da presença do prircípio de sinçronici-
dade no uoiverso. Estas duas fonEs de dados, os cieofficolacionais
e os esotéricos úorrcionais, @em parecGr conflitanEs, mas não
sáo contraditórias. Tracn-se das duas frces dc uma única rpalidade, e
l. O ÍDDgc üôniÍDo do sóorlo XIV que esc rcvert A \uean do desconhacdo @m'
ortcndar bcm cstiouBlío. Sccundo êlê. poachros cmotu DÊus olhrndo Pâr8 ciÍnô' rDâs
irlo nocceorirmú D Etrtiõ fBiolóBiô dê vtuão. A €str PÊÍt Pçto simbólicâ indiÍÊtâ,
clc chamou "conhccimênro csDiÍituâl'f v cÍ The Clot d ol U;*,rtorrir8, râôzido e coÍrcn-
rldo poÍ lÍâ PÍo8pff. Nova Yo;k, Julior Prcss, 1957; DÊlts P!Pêô8ck' 1973.
IE
O que Jung qwria indicar era a importante contribúçío que
tais douüinas esotéricas podem otercoer à nossa compreeosio das
impalpáveis mas fundarcntais Íealidades da existência humna por
€s§e mtivo, ele aprresentou tantas delas ao prülirc ocidental e ao
faz&lo expôs-se ao ridÍculo. Haüa, entsptsnEo, mais do que um re
tiro genérico paÍa $E fnng ürtas§€ de matcriais e.sotéri;os €m suas
argumntagões sobÍe a sincronicidade. Ele percebera uma ügação
rccíproca enüp eles. De um lado, o I Ching um tipo de
experiência que prodrz valiosos dados de grande utilidade para a
explicação da hiú€se da sincroniçidade. De outro, a formulação do
princípio da sincronicidade foruece um instnrurento especÍfico com o
qual é possÍvel penetrar e comp,recnder mais profundareote a sabe-
doria inuitiva de mútos tpxtos esotéricc. A sinctonicidade pode,
Essrm, traosÍonnar-se n,rme chave-reSn que shÍp as poÍtas de dou-
trinas sobre a oahrr€za do destino hunrno, aÉ agora fecbadas pua
nós. Neste asp€cto, a sincronbidade tem o nÉrito especial de ser
não agenas nma charre para a dimens6o oculta da üda, mas princi-
palrcnte uma chave que tem a experiência da çiência moderna atrás
de si.
l9
lhor, Jung Procurou Proúeger-se guarnecendo §ua Posi§âo com aÍir'
mativas que Deutralizâvam o iryrcúo do que dissera Ao que Pú€oe,
qua§e semPÍe tiDha razão de sentir qrr nâo estava sendo compreelF
dido. Um exerplo desta esüatégia de defesa em ouEa área da ohra
de Jung ocorÍe em suas famsas Conferências de Terry sobrc Psaca
logia e religi,fu, realizadas em 1937.r Ali, ao mesmo temPo em que
demonstrava a importância e validade da experiência religiosa, Jnng
também se rmvia para o lado opocto, em respeito ao racionalisrm da
platéia, doclarando que [rdo o que estava fazendo era descrever al-
guns fenômerns da peiçe huoana. Neutralizava, assim, o imPacto
de sua obra curvandese na direção de atitudes mais convencionais.
Já é lugar+omum, na história da hurnanidade, o fato de gran'
des inovadores não conseguircm se isentar "do castigo de tomar a
diaileiÍa". A croragem de ir além dos limites estabelecidos torna-o§
vulneráveis, colocando-os em situaç6es onde os mal+ntendidos
ocoÍÍem com facilidade. Tem sido este o caso em várias áreas da
obra de Jung, em particular no tocante à sincronicidade, deüdo à
DâhrÍ€za do rnaterial que a constitui' Por isso, §eÍElnos obTigados a
dar o deúdo desconto para as ambigiüdades e desequillbrios resul-
tatrtes desta situaçáo. Mas @enros estar ceÍtos de que o esforço va-
lerá a pena, pelo nrnos no caso da sircronicidade, já que ele se
trDstÍrou elicaz en outras áÍEâs da obra de Jug.
Nessas circunstâncias, o presente manuscrito já tinha atrás de si
um longa história quado chegor a ser prblicado emlÍ13. A PaÍte
central da obra, seus argumilob e ioterpÍetaçôes básicas, foi redigi-
da a partir de um maouscrito datado de 1954 quando eu estava ocu'
pado com um estudo da obra mais rercpnte de Jung, sob o patnocínio
da Fundaçáo Boüingen.
Esse manuscrito era o resultado dos npus esnrdos com lun8,
realizados na residência dele na Súça drrante o§ aros 1952 e &
l- C. G. Junc. Psrúàaúofl and Rctebn. Yslê Univcrsity Prcúú' 1938, !Dl. XI' d&t
obas càútas e,õ. o. lung,TÍimn,N. J', Prioccron Uoivcú3ity PÍE!ú.
20
1953. Em 1954, depois de ter retomado aos Estados Unidos e escri-
úo rneu estudo sobre sincronicidade dentÍe ouüos manuscritos que
tratavam de sua obra posterior, continuamos nossas discussões por
. Jung ficara múto envolvido oa ediçáo do manus-
crito, já que ainda estava trabalhaodo assiduarente na questáo da
sincronicidade. Em várias ocasiões, escÍeveu seus cosrendÍios no
prúprio rnanuscrito. tnseriu-os a lápis, às vezes nas margens, às ve-
zes nas entrelinhas, e outras vezes aitrda, quando mais extensos, nos
rrcrsos das páginas. Sempre quado retevantes paà nossa discussão,
esses corentários escriüos de póprio puúo por Jung foram repro
duaidos neste volume. Mais taÍde, ern 1955, fa vna nova visita a
Jung como paÍte de meu projeto geral de estrrdos, o que deu ensejo a
que prosseguíssenps oom nossas discussões.
23
ilI
Jung e a utilizaçáo do I Ching
uma experiência pessoal
25
tnduido poÍ Wilhelm, é também fiuto desE ÍÊlacioDaDoúo. A ela-
boragfo dêsse texto por Jung con*itui nme fstr1ç valiosa para o de.
senvolvirento de alguns dos principais coooeitos psicológico de
sua tase pcterior. É sipiticativo o fato de que a primira vez em
que Jung eryrcgou pubücamnte o teÍmo "shcronicidade" teúa
ocurido duÍante o elogio que proÍeriu no ircral de Richrd Wi-
lhelm em 1930.t
Em 1949, qundo omeçou a seÍprepaÍada a versão inglesa da
Eaduçáo iêita poÍ Wilhelm bI Chhg, Juog escreveu um prefácio
visatrdo a uansmitir o espírito de seu dtodo paÍa uma geÍação
alemâ pouco recepüva. Nesse p,refácio, lêz uma afirmaçâo geral so-
brc a sincronicidade çe pode sÊÍlrir de defini@ preliminar pora
nossa rgurentaçáo posterior. Ali, ele falou do método básico do 1
Ching, qrrc coosiste em seis langrentos de medas, formando as-
sim r,'rta seqiliência de par ou íryar, cara ou @rroa, linh$ ç!pi6s su
interrompidas. §stâs linhas comfloem o bexagrama que Í€flete a qua-
lidade daquele. rmtrEnto de tempo particular em que as moedas são
lan@as, No I Ching,6 texto§ correspondem a cada um de§tês he-
xagÍarrns, sessentâ e quaEo ao todo, a partir dos quais o indivíduo
faz a leitra do oráculo rclaiva aos elementos de sel destioo conti-
dos naquele dado instante. O méodo baseia-se Da cÍÊÍrgâ de que o
hexagrama é "um indício da situaÉo essercial predominaoe no
mreoto de sua origem".
26
sid€ra a coincidêrcia dc ewnüos oo tempo e no espoço com sipifi-
ca[do algo Eais do qrr rrrc acaso, ou seja uma pcculiar int€rd€-
pendência dc errçntoe objetivos eotp si e ttmbé{n com 6 estado§
urbjetivos (poÍquicos) do obceryador ou doo obeervadorps".l
l. I Clúrg, op.<it,
n
de pocrcrior. Esse período Gra um mDDúo dc aberara 66 minha
üda. A oportmidade de passar um Eryo consideráwl m oompo-
nhia dele m fora dada inelpcradareDte, e após um aro na Europa o
âmbito de minhas lrcsquisas, sob a iollÉncia de Jmg, ia se tqoando
ç4[ yç2 mais pr,ofundo e
arylo.
Un drq em juúo de 1953, es6vams scntados oo jadim de
sua casa, às mrgens do lago de Zuriqrr, qrundo de súbito ele re
peÍguntou:
29
Ixr r'Ílâ lioha cÀeia Meu prireim lançamnto PÍoduziu duas ooroo§
e uÍn cü4, num total de oito P@to§. Poltanlo, a prirrira linhâ, olt
linha da base, no reu hÊra8Íanâ era rrmi liúa intcnompida Jmg a
dmeohou numa folha de papel e fez siDal Púa que eu lao§ás§e as
redas de novo.
30
-
-
Depois, converuarms sohre os pas.sos seguinEs a serem dados
ry d"r*h.ir o significâdo,
- ou impoffrcia, pora a minha vida, da-
simples qrr ubáram de execuE De grrc mneir:a po,
ry-I"
deria o"b
fato de langár tr€s moedas seis vezçs ooscçutiras conniuuir
paÍa um oomp,rcensão significúiva de mhha üda? Uma vez fcma-
do o bcxagama, o púxim posso idido por JtrnS coosistia
eE
grc eu localizasse, rp texto b I Ching, a possagpm oorrespodente
àqwle hexagrama particular. ef oregava o p,.;** de
ónehçao
qw o / Chhg es6 apúo a exgimir. por reío dastas passagens
no
texlo, a disposição das linhas formadas pelo lançarento
das Eo€das
se rplaçiona com a perguaa formulaaa nó corcçô do exerçÍcio.
O processo de foruagão de herogramas b I Ching,combina&
{lo linhas cheias e linhas inErrorrpidas, pçÍmi6 um
bAl dc sessetrüa
e qustno conbinaçõeÁ diferpntes dc linhas, em gnrpos
de çis. No li_
rrro do / Crring, cúa hexagrama pocsú um
teú àpecffLo, consic-
tfurdo de una imagem básic+ a par de vários
coÉntários, desdo
braftrtos e jnlgnnçn8os peÍtinpotês a ela. A aigem dcstes textos
é
múto antiga, sendo difícil explicá-la Todas as cit tirru dc
raciona_
lizar o dtodo e isolar urm tcoria ou princípio intel€çüral qne
sirva
de base para explicar o seu Ârucionarento paecem
fracassar. De um
ponSo de vista racioul, esüuürrado oa
aei, de causa e efeito, não
há yúnma razão plausÍvel gue e:plique poÍ qrrc
o I Chhg &va
produzir rEspostas significatiras. No entanó,
eÉ as prodrz de mr
aeira coosisteote, EEstDo rn caso de pessoas que não ..cr€em,,
que
isúo seja possÍvel.
3t
i
Arer q,.r o fão esU' em essência, além do que quer qrrc exista m
p*r.oL Írx)rÉn!o, pois sempre lrclui algo nuis.' Podems' poÍtanto'
*, vez mai§ para ele, mas jamais conseguiremos al-
-ner cada de Juog eÍa mostru que esta é a prÚpria nahr'
ÀÉro. A intençâo
reza do I Chin7, que seu princí1io iotemo sempre
o faz mver'se
alân dc qrratqrre, ioU*ao causat qre se estabelega em algum dâdo
rmtrDnto. Ele é sempre zuls (W o presnu'
32
8o paÍa a Europs, prrde consultá-lo e trabalharcom ele imcdiatrrcn-
E eoquüúo ainda era intensa a sensação causada pelo lançameoto
dss Eoodas. AssiÍq toda a seqÍiência dos aconbcinrntos, desde a
prirer1 peÍgunta de Jung aé o desdobrareo3o do texto e a poÍDÊ
norizada aúlise do EareÍial que fizeoos em coojunto, aUrangendo
um período de vários dias, foi por mim experienciada como um
úni-
@ sx,ornto, cqtx, l'ma integral r!úfade de tetqo.
Dispersão. Suoesso.
O rpi se aproxima do bmplo.
E tavoúvel aEayessara gnnde água
A persercrança é farorável.
I
@ 06 espagos que haviam fi""d, -õ. t
Quando o deixei naquele dia, suprs, qrrc eu usaria seu método gsral
& adiÍurcb Sh e
" F:"rc O" lrng prn mmnar"or rmUo
:9§._ggIg!g§, de tal modo que o símbolo pos§a ser expandido aÉ,
rcvar a uIta oova percepção. Toda sorte de exercÍcios
@em ser uti-
üzados qara atiagir esE ójetivo, de@ a pesquisa conscbnE soore
teuus mitológbos, associagões e desdobrarenüos, até o exarc sub
ptivo do sÍmbolo, deixado qrr ele se expanda a partir do interior.
Esta última Écnica toi chanada por Jung de baginação uiva.
Agorq vine anos mais hrde, enquanto rpleio os Ípgisúros da
qperiêDcia b I Clúrrg qrrc tiz oom
lung, peÍü que não foi a téc-
nica de desenvolvimento a que empregrrci oÍiginalrco@; em vqz
disso, adotci um focedinpnto que mais se coaduaava oom
a atitúe
aprerntada plo I Ching. Aparcotrente, intuÍ que o processo de
I
ottplificaçtu nb era apücável rxl caso b I Ct in;. Visto que o sin, I
boli§m não era de fato reu, mar s|m do texto fu I Ching,senti qge
não seria conveniente eu expadi-lo.
O método de amplifrcação prcposto por Jnng possui dois
princípios fundamentais nele cmbúdos. Um resid€ na força da
essêocia rpveladora que se €Dcontm em sÍmbolos pÍofrrndo§, Eaos-
pe.ssoais, os arqútipos. Esta essência se desenvolve
assim com
uoa smeob germina, e é este crqscirento que a técnica de arpliÍi-
cago se destina a ap[qssar.
- p serynOo
púpria
princÍpio é que a psique de cada pessoa tem sua
indiüdualidade, qlE, portanto, pode desenvólver-se apeoas
em termos de su prúpria hregrilade. A oonseqiiência aisso 3 que
guando oolocarnos em prática o método de ampúcaçao pum expan-
dir nossas experiências simOólicas subjetivas, só c""§"grir* ,.r-
tcr a integridade do processo se trabalharrros com irnagens
e sínrbo
los rpalmente nossos, no seotido de que ocorrpm no timsgo
de nossa
prúpria experiência subjetirra. po contntio, é una
técnica supérflua
35
e frauduleou que üola a aurcnticidade do processo de individuaçãb'
É com se uma roseira Éota§§e crescer das raízes de um bordo' Ne-
nnum dos dois procisa clÊscer doc Íaírcs do outro, iá $e cada qual
tcm sua prOgtia t"ra" de exisir. Isto é especialmtrE YerdadeiÍo
quaodo compreeodemos a qualitade org&rica dos arquétipos, a
mior contribui@ de Jung pora o esürdo do simbolisoto'
Nesta linhr de raciocínio, PeÍccài qrr náo seria conveniente
exercitar a of,ificqtu com as imagens fqrecidas plo I Ching'
Ao resm EmPo, eu não ficaÍia §ati§feito em dar uma interpretação
iDtelectual do tcxto b I Ching à luz da psicologia aoalítica' Nâo te-
ria sido um prcce§so suficientemente dinâmico para expessar a in'
ensidâde da §itua§áo. Ern vez disso, utilizei esPotrtatreaDnte utrÉ
jÍtecnica que espelha a atinrde interior do I CIrhS,atfrtircada cone-
ll Wa.Esta Écrrica tern sido muito aperfeiçoada ft)§
aÍro§ ÍÊoentc§'
denr,o do prognm de diário inEn§ivo da Dialogrc Housc.
, A corclação élqCeléc-nicâ de @n§
lque osã!õã,6--equilbÍio, em relaçâo ao movirenlo da úda indi-
lúãã1;66_-do assi- rmra unidade enúe interior e exterior no
Jfluxo da experiência de vida É uma correlação da vidâ da pessoa
oom o movimnto de seus símbolos e imagens' Na prática, ela impli'
ca a justapoei@ dos aspecos ob.;etivos e orblfvos de oossas ú-
das, permitindo que se comuniqrrcm entne si visto que um refleÚe o
outso. Por um lado, é uma oorrelagáo dos símbolos que aPorocem em
soúos e no simbolism creprsculr;t Por ouho' é a situaçáo rcal de
üda, tal qual occrc no noltrento PÍesetrt€' ou então, o padúo de
mvirento que exPÍe§§a o fluxo subjetivo da vida coÍtro um todo'
que a conelagão
Quando colocams os dois lado a lado, permitimos
entÍe eles se rDo§üe e se nos revele.
O princípio de conela@ é particularrrnte apropriado no que
se refere à uriliza@ do I Ciárlg. Quado o estava aplicaodo, reparei
l, Ver lra Pmsgfr, Th. Syrtlrric and râa ial, Nova YoÍk, Juliân PÍÊss' 1963'
Opítrlc 3c 4, MrcGÍrw-Hill, I 973.
t6
nas polavra§ "dispers6o" e '.srrcesso". Surgindo num rrcreoto €m
$rc eu acabaÍa de púücar oeu prireiÍo livro, cujo irynlso Msio
consistia em difundir as idéias de Jrmg, par€oerarre çlaras suas re
la@s oom minha vida- Favqecer a dispenão de idéias era, paÍat
mim, uma ftlngão fudarental naquela época.
euanÍo à outra pah-l
vra oracular, "sucesso", acrescentana,m estímulo a mais aos senti_
Entos bastan@ otimistas que de fato se acharram prcsent€s naguele
perÍodo de minha vida.
Já o verso "É favortírel atsavess:u a grande água" dava.re a
impÍessão de oonesponder exaa e üteralrente ao conterido de mi_
úa úda. Eu havia acabado tazaÍ a travessia do Atlântico para
&
chcgar aÉ Jung. Todavia, experienciei esse verso de um mdo mais
simbólico. As grandes águas contâm a pnofundidade e a sabedoria da
vida, e a taÍEfs $re aida tinha diante de mim envolvia a Earassia
daquetas águas. Da*a ÍIlanellia, o I Chinc eslsya rcalreote se rpfe-
Íindo à mfuha vida em dois nÍveis simultâneos. No sentido lato, refo,
'..:-_=---
nndG§e ao aO geogúfico (ue fazia paÍte do reu passado e do urcu
pÍesenE; em terms sinüólicos, apotrtando para alguma coisa que
seria parrc integranE da minha vida no fuoro se minha experiêacia
no p̀seote fosse completada
37
iÍEpütaote imÊdiatalrente a seguir, nas decis6es que totrEi a ÍesPeito
dos rum reu trabalho.
de
Corinuei, entáo, a conelacionr a §iüra§áo dô Diúa üda cm
a segmda quadra, a imagan Os versos:
-r-
- -
-
O rcsltadoé o zurgirenúo @ um -hexagrama oompletarcoE
-
diferpnte. A conelação -
desE oom a vida de ,ú p"r*
Íeüata uma
39
sinraçúo inteiratrpntê novÀ A linha rnóvel serve, pois, de aÍticula§áo
hexagramas De maneira nnálsg, seÍve também de reio de
"ou"-ot
ügaçáo entre ãuas unidadcs de têrpo, na úda de uma Pes§oÔ'
NesE
comp,rpenai Por que Jung fizera um ar de quem sabe das coi'
õú,
;"t qrrrdo no teÍeeiÍo laoçarento todas as rês moedas derarn
"caÍa-,
Continuaodo a tabalhar qom o texto bI Chittg, o Pa§§o se-
guinte consistiu em localizar, no quadro dos hexagramas, o ntfoieto
áo ,oro hexagrama qrr se formra pela mudaop m teͧêiÍa linha
Este novo texagrama- ti[ha o nrÍoem 57 e eta denominado
§na Á
O verxo perctoúc. Os dois tigranas neste hexagrama
stúvidade,
úo idênticos. Existe um mesmo uigrama'
Wilhelm
tânto em cima çomo embaixo. Fm seu correntário, Richard
assinala que dos sessenta e quaüo hexagramas, existem
oito forma-
dos pela repetiçâo do rresno rigrama
No texto que acomPanha e§te hexagramâ, há três Pa§sageDs
impoÍtaile§: o Jtrlgorutxo, a lnugem e a Seqíiàtia'
O Julgonento
A Suavidade. Sucesso através do çe é pequeno'
É favorárael EÍ Para onde ir.
É fanorável ver o grande horPm'
Alnagem
Os ventos se suoedem:
A irnagom da suavidade Penctane.
essim, o honrcm superior tÍammite a todos suas ordens
E executa seus emP'reendirrentos'
4
ASeqü,rtio
O adcilho úo Em nada gue o acolha;
por isso, a seguir vem o hexagrarua da Suavidade,
o Peoetrante. A Suavidade significa inooduzir_se.
4t
ú. A irrúgan que \rcm logPSO irtlg@rÉrrb tro texto de§cÍeve o
púoce.sso pelo çal o grande horem realiza sua úda e executa sua
obra.
Achave está na "imagem danavidade perctrane". A Pene-
traçáo ocorre suawretrÉ e sm p'ressão. Ela rcontece Pouoo -a pou
*. e Uo naünal como o Prooesso de crescirento na üda. É como
as raízps !9 'rrm árvue que v'ao silenciosamnb PeneEatrdo a tefia;
ou como o ven0o, qne sgue sua própia tratureza e, assim, cinge te
das as coisas. É isso que estr exP[Esso na imagem de "ventos que se
suoedem". A taÍcfa náo Podê ser apr€ssada' Ínas os vento§ vireo tan-
tas vezÊs quaDtas foem reesúrias'
Nesta alola, coryreendi qrr a mudangDa terceira linha do
hexagrama náo re foroecera aPenâs um novo hexagrama, conduzira
também o nível da discussáo a um Ponto rnais avançado, eE tenDos
lógicos. Dada a pergunta genérica sobrc minhs siuts§áo de üda en-
quailo êu esava ali e§urdaDdo com Juog, PêÍgunta e§sa qrrc eu Íize'
ra no início do exercício com o f Ching, o primim hexagranâ PeÍ-
mitiu colocar-me em relaçáo com as circtmstâncias irediatas de mi-
úa úda, com minhas publicaçôes, reus estudos e, puticulurnte,
com miúa atitude diante do trabalho que eu estava realizando. A Ii-
úa móvel, cotno a articulaçâo enft os dois bexagrams, levava a
siüasáo de minhâ úda un passo adiante. Ela a projerava no frr
turo quando nms ouüa decisão teria de ser tomada e onde as quali'
dades decisivas de úiorde ssiam formadas. Originado pelas linhas
móveis, o seguodo hexagrama antecipava, assim, o movirpnto it'
teÍoo de Eiúâ vidÀ Criava condiçôes PaÍô $re eu tivesse uma
perspectiva pÉvia das prioridades em miúa úda e Do IEU üabalho,
além de re oferecer um base para a elaboragáo (h r'rrrâ estratégia
frrtra, qrc se aplicasse à miúa siEação iDdiúduâI.
Tendo apreenddo a iryortância de seu uso e tirado claramnte
p,roveiO da eraeriência com o I Ching, ÍestÀva-|me ainda a questão
de mber poÍ que deveria ser assim. Por çe o siryles ato dc la4âr
algumas mcda§, nas aürais circuostâncias da úda modema, zuscita
4
va leiürras de um texúo aotigo que tinham um significado específico
para cada pessoa? Essa era a pergunta que Jung também fizera, e pa-
ra a qual tcntara formular uma r€§posta em seu conceito de sircÍoni-
cidade.
Dois elerrentos distintos es6o p,resentes na experiência do 1
Ching. Um é a sihração, num dado mrento de Empo, d8 vida de
uma determinada pessoa. O outno é o aúo de lançar as moedas e rpta-
cioná,Io, atraÉs de nma fónmula deÍinida, a rm têxto antigo. As re
qry_99_ciuscld!0e eq anba§-ss s§9§sÉq-ra@L_mplre !ty9lG. É
óbvio que eles nâo estão ligados entre si por um àto caus"tlma",1
ainda assirn mantêm uma relação significativa. Dasa forma, * *i
Eento em que se ercontram, algo de extraordinário, procioso, mo_
tffâ.
Superticielmente, parece hatar-se de acaso. Mas, para Jrrng,
era evidentemente algo mais do que mero acaso, s bem que não se
traÍasse também de causalidade. As razóes específicas continuom
obscura§, porém, na visão de Jnng, parece óvio que rmr princÍpio
que conseguiu maoter-§e durant€ tantos séculos, numa civilizaçáo
tão sofisticada qrrrnto a chinesa, deve oonter um segredo que vale a
peoa descobrir. Ele esüava convencido de que havia urna profunda e
sutil sabedoria na raiz do I Ching, e gue, poíanto, as experiências
do I Ching constiirem uru importante árca a ser pesquisada pela
reote moderna.
45
N
Os fundamentos da
sincronicidade
47
Há dois séculos, Daüd Hure abalou o muodo filosófico ao
demonscrar pela lógica qrr a causalidade não é alguma coisa çe
vemo realmnte, mas aPenas um reflexo que aüibufoioo ao§ even-
tos. De rcordo com o exerylo tradicional çe os professores de fi-
losofia nâo se cansarn ê iryingir aos aluoos de colégio' geÍaçáo
após geraçáo, tudo o que de fato percebemos é qw urra bola de bi-
lhaÍ toca outÍa com uDa oeÍta força e, em seguidq verrxl§ a segunda
bola afastar-se. Na rcalidade, nâo "wms" a causalidade; aPe[âs a
deduzirms"
Ao enfatizar este ponto, Hunp levantou algumas questôes mú-
úo impoÍtantes, poÉm nâo foi múto frrndo na Erestão; em úItima
análise, nb fez mais do qtrc uDa PoqueDa cocessâo, prepar;ando
uma retirada diplomática do problema intelectual. Disse que odo o
que prcbndia mostÍar eÍa que, do ponto de visa epistemológico' não
s podia demonstsar a causalidade conlo um dado facual. Certamn'
E, acrcscÊntava ele, na prátics cotidiana é necessário âcreditar na
causalidade cotm se, para nós, se tÍatâsse realspnte de um fato; is-
o, poÉm, oâo lhe confere mais do çe um valor experirental'
pragnático.
Cm base nisso, Hure deseovolveu a idéia de çe é por causa
das ressidades útais qrr a causalidade tran$oÍmu'se trurna oorF
vençâo unanimrente aceita com o flrndamento prático das uiú-
dades sociais" EIe ainda estava pensando no horrem em têr )s Íir-
cionalistas, mas já que, além de filósofo, era também historiador'
veio-lbe a i&ia & que a causalidade poderia ser relhor oomPrÊen-
dida cmo rm fcnôreoo cultural no contexto da história.
' Foi, pois, na esteiÍa diÍ€ta de suas idéias que o sociólogo are-
ricano Thoneio Veblen, çe havia estudado Hrw minucio§âÍEtrte,
rpalizou uma profrrnda análise para dermnstrar que as disorç:es da
causalidade suÍgem oolm "hôios de pensamnto", cujas raízes
históricas se prolongam em específicos desdobrarcntos do passado
na cultura ocidental' Assim' veblen coryletou a p'roposi@ Msica
de Hum de que a causalidade não é rrÍrâ veÍdade inerente às prú
48
prias coisas, ttlas uÍru distoÍsão que erprge na práti«n
aEavés do
uso social.
49
pttblicou §ua
do pore de Nils Bohr e lVolfgoog Patúi, mas C111!
ll nitrEira versâo sisEEáticâ *
ete,a'na 1952,1 w
C dd'dez do
'' pensameno ra"ronAisa cursat ainOa preOomina'a Desde essa épo
do Pensareno oriental
têm ampliado ba§tant€ sua inÍluência sobre a Énte
ocidental' e os
50
cePçe Íadical, distarciada da tcndênciE do pensarento eidentrl.
ao (? )
Ma§, na realidade, éum d8 históÍia desse
Iongo da qual tanto o conhecimenúo de rcligiões antigas, quatrb
o
conhecircnto da ciência mderns, vêm sendo incorporados. por
conseguinE, a chamem ainda de sincronicidade não, seu
conEttro e velrcnE parte dos novos rutIxE
tl
firi décad&
Na prireira erapa de seu desenrolvimpnto ioElecâral, Juog
experÍerrciou o oeticismo de Hure e sua crítica racionalista
da cau_
§alidade atnavés do esfudo dâs obras de Inrmenuel KanL podcm-se
encontrar os traços filoúfioos d€ste útiEo em todas
as eorias psi_
ológbas elaboradas por Juqg. É interessana Eotar quc, apesar de
suas formrções múto difereates, Jrrng € Veblen foramarrashdos
na
conseCÍiêocia do eshdo qrr ambos fizeram
de Küt. Tanb um @nx» o olÍlo rpconhoqam que a§ catecorias do
ounca eão embffa o "scnso de ca'
llt
da período histórico cony€nsa as pessoas a virrcr de acordo i) \
e§quema Ix, a8 cÍpoça§
xa§ e unt versais e eEmas. As caEgorias do onhocircn-
to, todavia, por maís convúcentemenE dcfinitivas que possam parp-
c€r truna determinada época, devem *r rpconhecidas como
histori-
cameote variáveis de acordo com as circunstâncias sociais.
Aooncepção de sciedade de Vebten baseava_se numa
apli-
caçáo do evolucionisrno darn iniano ao esfudo da culhra;
Juog, por
sua vez, derivava sua pe.rspectiva histórica da obra de
história clás-
§ica de Jacob Burpkhardl O resulhdo líqúdo dos dois foi
aproxi-
nqdrrnente iguat. O aÉtodo de Veblen disseçou
a causalidade @oo
um "hábito de e Juog Eve a E]'i-'Il intuiçao
com a
comple'
mentar da pofundidade píquica que úo era, claÍo,
acessÍvel a
Veblen.
Esta foi, em essência, a foruação do pensamento de Jung
quando pele prireira vez se pôs I exaÍnitrar as possibitidades da sin_
5t
cÍonicidade m fiml dos ams Z). Convencido de que a causalidade
Dáo Eâis @ ser accita como uma realidade ab§oluta em si rpsrm'
devendo ser entendida coÍp um Pooto de vi§ta Psicológica e
histori-
caÍÉtrte condicionado, Jung voltou sua atençáo para métodos culu-
que
rais qrrc encaram a úda em rcrm nâo causais' Queria saber de
entender o mundo, unâ vez a cau§a-
maneira é
lidadê nâo consüNi
Buscaodo contrabala4aÍ o Pgnto de vi§ta causal, Jung delibe-
mdatrrnre lidou com toda a espécie de interpretaçôes não causais'
furcluittdo o da
o Tarô e outos pÍocessos rnodievais Para adivinhaçáo do
futuÍo. O cauPo aqui tdna-sê exüemarDente amPlo e de diffcil
abordagem ústo que o material é tâo estranho as modernas
que os seus verdadeiros signiÍicados são, na
maioria das vezes, irdefiníveis. O fato de este§ método§ nao
ió
# cau§ars se considerados respeitá veis de acordo com as
Àh tendências do pensamnto deste sécüo só faz aunpntar a dificulda-
de, Até rpsrm o esurdo deles po razões válidas do Ponto de
üsta
cientÍfico é considerado susPeito, e en tazfu disso, duante a Pn'
mira retade do século, Jung foi alvo de múta zombaria'
A Ívúgem das irPlicaçôe s gerais e filosóficas da causalidade'
s-i no entatrto, J tinha a convicçáo de que era necessário
não-cienÚfic a§ §e
r.t'! um coúecinrcnto P,ro fundo dessâs
\ E cúÍro
ciente em seus Portanto, foi para atender às necessidades
de sua prática tal conro ele as entendia, que enfrentou
com bravura o desPrezo dos reios acadêmicos aos - quais, com
na sua fase inicial
efeito, mostrava-se bastatrte susoedvel, sobretudo
da ciêrcia.
- interessandose PoÍ a§sutrtos que tinham o descrédito
num
Antes de tcntar forurular sua concepçáo de sincronicidade
esteve trabalhando ex com a
estrdo especíÍrco, J
observandea na sua prática p,rofrssio'
ll idéia mais de vinte
nal e abordando-a de diferentes ângúos em §ua§ conferências'
52
Quando finalmente coItpçou a escÍev€r seu ensaio ..A sincronicida-
de como um de rclação acousal", já bein;;G§*"--Dh e
cinco atro§. Ainda não estav a satisfeito com o desenvotvirento que
l
conseguira alcançar em suas formulaç6es, mas innría gue lhe era es- lt
sencial organizar o mabrial e pôlo no papel apesar do seu gÍaye es-
tado de saríde. Súia múto bem que a sua idéia ainda va §€r
muiüo trabalhada ta[to no nível @mo ma§
achava que sua
de de alguma pelo menos para que as idéias púessem estar
disponíveis para discussáo e receber o beneflcio de sugestiies e ctíti- I
cas de outras pessoas.
Por esta razáo, quando considerarmos o seu ensaio sobre sin_
cronicidade, devems tcr em rente que não foi escrito cotrx, un nF
lato defmitivo sobrp a Ínatéria, seudo antes apresentado @tno urna
rl
obra em andarnento. É conscientemente incompleto, e apesar de "
Juog ainda ter vivido úrios anos ap6 sua publbação, assin perma_
neceu. Embora isso dê às fornutagôes uma qualidade experimental,
r
enfúiza a magnitude da perspectiva na quat a oUra foi con_ |
oebida e gojetada, Faz paÍte de um desenvolvitrpnto que envolveI
É. Í qnp-lia@ do potrto de vista cienrÍEco em geral, mas
"
rqmhêtp uma abordagem daqueles fenômenos que
exp[Essan a nafu_
reza ffiuica do homem"
56
PrescindÍvel qtrc eles Í€cebessem a Ínâis s&ia atenção. Achava ainda
que, além de oâo ser válido ignorar qualquer categoria de fenôse
nos, existe algum ouEro princÍpio mais gerat oculúo na base de$ses
evenúos. É esa intuição e este espÍri0o perquiridor que estão por tr&
de zuas pesquisas sobre os fenômenos sincronísticoo de eventos re
de , e que o levaram ao conceito de
sinctonicidade corn $üls amplas irylica@s.
Com relação a isso, devemos notar o fato de qrc, embora o es-
tudo de Jung sobre sincronicidade teúa conrçado, na prática, por.
ter ele ficado pela fteqüêrrcia de fen6menos sin- ll
cnonÍsticos, suas reflexões sobre o assunto aumentaram-lhe decidi-
damente o alcanpe. Em última aúlise, portaoto, o pnncípio de sin-
cronicidade se como um método de trabalho
o dos estudos cieníÍicos em geral e também como um princÍ-
Pro para os vlírios pu
de experiência da psicologia
fr^rndá- A sirrcronicidade toroou-se uma grande qwstão, pelo nrenos
táo intrincada em si resma quanúo os fenômenos que pretcndia, ori-
ginalrcote, elucidar. Aotes que po§§amos considerar o valor e as
irylicações que a concepçáo de sincronicidade acárÍ€t& urge, em
prirefuo lugar, que examhemos detidanente as fontes histúicás ll
príncipais e o desenvolvimento desse conceiüo ao longo da obra dell
Jung.
57
V
Além da causalidade e da
teleologia
_- Quando Jung coreçou seu trabalho com psiquiatra, comparti-
lhava a orientação médica geral predoninane oa ürad" do século.
Ao esurdar a psiçe, seu objetivo consistia oecessariareote em iso.
lar a "cause" . Ao desen volvei seus famosos testes de
,o
prop6ito de seu trabalho era itrventaÍ um método de diagntubopÊ
lo qual se pudesse descobú e descrever os grupos, ou .tomple
xoo", de fatores qrr estib na raiz do comportarenúo anormal. Este
método de raciocínio aJustava-se múto bem ao ponto de vis6 que
Frcud viúa desenvolvendo.
No princÍpio, ao concentrar seu tabalho denho des con-
cepções vigentes da psicanáIise, Jung não precisou modificar
as
idéias básicas preconcebidas que havia nssimilsdo enqganto estrda,
va medicina- Os conceitos freudianos aperus poslililitavam úaba-
lhar com o de visA causalista de uru mârs
devido particularrente ao uso que Freud fazia do conceiúo de
ener-
gia,.ou.übido. Freud focalizou a atençáo aos pciquaG@
sos instintivos da personalidade e sobrehrdo nos disüÍrbios
erccio
nais que estão ligados aos conteúdos npntais reprimidos. Seu con-.
ceito fundanrental afirmava que a energia p*.*oL numa determinr
59
da forma pode ser convertida em outÍa forma de energia ou, Ínais
precisamente, que a energia eln suâs formas coovertidas pode ser
utilizâda como forç a motora Pam outros tipos de coryoÍtalEnto'
A
teoÍia de Freud sobre a conversão de sexuals
é
em criatividade artística, com base na sua hipótese de sublinação
lurn exempiffisoffi envolve um esquema geral de equillbrio
e
teoria
converúô de formas de eoergia A seu modo, tÍata-se de uma
egonômlca da energia, supondose que esta está serpre se transfor'
Ímndo emffi dt eneryia eqúvaleotes m inrcrior da psique'
E dste um ceÍto ftrau de plausibiüdade nisso; todavia a concepçáo
teuoiana d;ffi-4õ;síqúAde energia simplifrcou demais a
idérÀ, N aoalisar e reduzir os feúrrenos npntais ao esquerna
de
causa e efeito,
Jung considerava esta concePçâo de eoergia totalmnte conr
paúvel cõm seus póprios hábitos de pensaÍEnto' E acabou por si+
tlÉtÀtit?/*ila detalhadamnte em sua pópia corcepção de Psicologia
à que julgava necessário
ê84ítig4 Contudo, a principal modifrcaçáo rrrnâ
Íazer eta ex a concepção de libido - à qgal FÍ€ud dgla
definição basicanpnte sexual - a urna concepgão oaior de "energia
pdquica" que tivesse um alcance mais aoplo e 'nais abraogente.
Esta modificaçáo, ou alargarnento, do conceito freudiano de
energia levava irrcsisúvelmente a nova§ mudanças. Jung estava cada
vez mais irnPressionado Pelo fao de que urna corePção diúmica
da psique chema â atençáo para a nâtuÍezâ exPansiva da Persooali'
dade e para o fato de que a criaúvidade é uma qualidade.inata do fr
humano. Jrmg foi assim rc-vaao a recontrecer que qrclhor s3lgira
de descrever o desenvolvinpnto da personalidade é corm um
cesso de cresc coED se um implícito na
nafurczâ do organismo humano estivesse Pouoo a pouco enrrgindo e
amadurecendo a Partir de sihuçõe s pÉvias oas quais nem ele
oem
seu equivalente esúvesse contido. Observando este fato, percebeu
llq* ,"t "t""" de um grave desvio tendente a "reduzir" a criativida-
ll ao "ro*rto pÍesente" a circunstâncias psíqúcas do passado'
60
Quando escÍ€veu o prcfácio paÍa seus Eneios reunidos sobre
psicologia arulítica, publicados em l9ã), Jung já evoluÍra o bastan_
te nesta linha de raciocúrio para aoentuaÍ as diferenças existeotes
eo-
Ee o $ggionisrno_g@ da ft,eudiana e o DonEo de vista .-
teleológico gue ele estava entiio em pÍocesso de desenvolver. Na-
guela época, conhrdo, viso que Jung ainda retinha muito
do seu an_
tigo ponto de vista, a.finnava gue suas rnterpretaç6es psicológicas
eram " não só analÍticas e causais, mas também e
üvas em recoúecirenúo do faúo de que a mente humana caracteri-
z+'se por cansae (causas), assim como por.ftras (finalidades),,.
E
pÍossegue, observando que ..q causalidade é apenas um prircípio,
e
a psicologia essenciatnente nao pooe@t+
dos causais".
A tcleologia toma-se, então, o segundo ponúo de vista com o
qual Jung trabalha- Evidentemente, e
çoamenüo dos ralhos redutivos , rus ainda de nafuÍe- tl
za analítica. No fundo, ele permanecia racionalistr resmo quando I rl
expaÍdia o conhecirenúo do náo-racional, pois continuava voltado
para a descoberta das conexões causais dos eventos psÍqúcos.
lr
Nestel
ponto de seu deseovolvinrcnto, J percebeu com clareza as limi-
de,tm de visÍa causalí$ico, apenas havia comoça-
doo que de vena §er una umn perspectiva oão
causal.
De fao, a vai além da causalidade , mas não a deixa
para trás. A essência de um de vista teleo está na
de um final q4prigem de cada orsanisÍtro , sendo
a vida individual explicada como a Íealizas.áo desse propósito. O
ncio de realização desse proÉsioo implÍcito da vida
@e múto bem
ser descriúo em terms de processos causais; por ouEro
lado, a prú
pria idéie de causalidade pode ser suficienternente arnpliada para
cluir um ponto de vista @leológico.
in- ln
Numa verificação atenúa, tem-se a impressão de que teleotogia
e causalidade náo se op6em necessariaÍnente, enquanto interpre-
6t
-
taç6es gerais do Processo de üda" Na realidade, Porém, 9
difícl!§
vel, assinalar o otrde teÍDina a e oÍ>
nao
meca a teleolocia. da mioriryortância também rPcoúccer o fato.
todo
de çe, apesar de haver um propósito inpUcito na uigem de
or8ail$m , esse propósilo oâo se realiza re§saÍiaÉile , @ndo
desenvolver-se de forma atlofiada ou distorcida ou úo se desenvol-
ver em úsoluto. O de adquire um iryortâo-
cia docisiva, una vez que teuias aorbientais do crescimnto são v&
üdas apeoas nuoa exEosão bastante limitada O determinisÍm
am-
qte
bientalnâo ajuda muito quando se tratâ das gnndes questôes
envolvem o "O"ttioo" de cáda indivíduo. O pr'óptio fato de que a te'
inerente nâ
leologia é válida aÉ erto pono, de que blt um propósiro
.ió ao indivÍduo e de que o sentido da vida de cada pessoa deri-
,"-0."t" propósito, impôe gnves restiçoes ao valor de qualquer te'o
ria que esrcja orientada para os asPecto§ exteÍiqes'
iE na rcali-
Tem de
"Ê ioerenE
que Jung denomioa
8eÍ, m um âcas'o aquilo
.ma "coimidência ". O eocontno aparetrteÍrente aciden-
ul de fatores que estâo umelo ma§ que, âPe-
63
cronicidade. Todos os tês subsistem no Pen§ârlFnto de Jung, seodo
apücados de acordo com o problerna e a situa§áo dados. O pono de
vistâ teleológico (rcuPa a posição central em §eu PeDsanFnto uma
vez que conéo em si tatr0o a causâ como o efeito; apesar disso'
poÉm, desemboca diretarnente nos problemas suscitados pela sir
cronicidade. Esta última, poÍ sua vez, constinri um priocípio inde-
pendente, contrapondose e complenrcntando os outno§ dois'
a
VI
l,,eibniz e o Tao
65
rnodo rnqis fundanrental, corrp um nrcio de experienciar o mundo.
Este obJetivo rnaior da úra de Lribniz foi apresentado com mais
clareza úo m Monadologia, mas numa ouEa obra *ta, Princípios
da natureza e da graça. Vernos aqui o senúdo de dedicaçáo pessoal
â que $a obra se suboÍdimva.
A concepçáo básica do co$rr§ idealizatla por Lribniz Postula
uDâ "EIESSb-pÍee$ê!9ElÍb' sob o desígnio e a proteçâo de
Deus. O significado dessa "hannonia PÍeestâbêlecida" impüca' por-
taDto, que o universo deve ser comDÍeendido @mo um amplo rnode-
lgno qual todas as partes indiúduais. as mônadas, estão inter-rela-
cionadas. Todas as enÉdades monádicas no cosmos possuem caÍac-
tpúücas inatas de acordo com sua natuÍezâ e confonrp o lugar que
,'1./'" ocupam no quadro do universo. Além disso, contêm urna imagem do
a .í modelo universal dento de si mesmas.
rtÂ
Cada mônada está isolada de todas a§ outras, coÍno se estivesse
henneücarnente fechada, pois, como dtz l-eibniz, "as rnônadas não
têm janelas por onde alguma coisa PodeÍia etrtÍiar ou sair".l Por ou-
tro lado, as mônadas refletem o modelo maior em si mesrnas, de mo
do que cáda môDada rcPrcsenta "um espelho peÍeneÍreDte vivo do
-,#
p.§
,
rrniveÍso".2 Na condição de mônadas, os seres humanos participam
ãõfrírganismos mutáveis do cosms e os rcfleterL Lribniz afirma:
FÊ "Todo corpo rcage a tudo que acoÍlt€ce no universo, de tal sortc
9üê, se alguém Dudesse tndo, ler em cada coisa o
6
dos e§ta éem inconsciente. Só em Poquens
pÍ,opoÍsáo é que §e toma "aDel@ocáo' ', que
é o tcÍmo usado por
Í.eibniz para de$goaÍ aquela peroela de percepção que
chega ao nÍ-
vel da consciência A tazão desta limitasáo é que ..ums alÍnâ
ss coo-
segue c{rmprcender dela Epsnu o que aí se acha rep,rasentado
distin-
tament€. Não pode, 6! rrml só vez, explorar todos
b, Poqlue eles se esteodem a{l inÍini1e".l
os seus Í€oôndi-
!L#
I-eibniz rcferc-se ao oohecispnto
\ffi*
à mônada hdivi- k-4/'§
dud de @nx) uena§ s". F.les estiig ny;;c'
em estado de 66 nlnrn, ÍÍtâs se tgfnam
manifestas ouma variedade de formas, à redida ue
vidual vai
a mônada indi-
seu estado de' 'perfectibiüdade "e
9+'
§ua com o [nt veÍso. Esta concepgão básica está intêiÍarreoE
de acordo com a visão do Si-rrcsmo descnvolüda por
Jung, de tal
sorte que, de um certo ângulo, é possível dizer que a p.sicolosia
qlls ----a tomü po§§Ível a docurenação ernpíricaiun-
collp§â agora
+
ea
prática moderna da do honpm e uuvel§o
concebida por kiboiz.2
Um dos mais impoÍtaotes aspectos da obra de Ieibniz,
no gue
diz respeiüo à sincronicidade, é sua formutaçáo da relaçáo
enEe o
corpo e a alma- Nos npios acadêmicos, sua t€oria tem
sido classifi-
cada-de "pamtettsm psrcofÍsrco" e reduzida a tal pooEo que
se
Eansformou, do ponto de visüa filosófico, num elefante
branco den-
úo do pensamenúo moderao. Agor4 no entaoto deúdo
, à formulação
do princÍpio de sincronicidade e ao úabalho r€alizado por
Jung na
obsewaçáo dos fenôrenos profundos da
P§ique, podernos começar a
ver algumas das da de L,eibniz. De
faüo, ela úre inúneras possibiüdades paxa a Írpnte
moderna, espe.
l. lbitl,9.6t.
* * É;"j,1,",fl''{' k,?#,?i,#Wir,{ttr"\is;?fr,[ri,c;c. ,*e o* rio,i-
67
cialmente em relação {rrclas questôes obscums que surgem do rela-
cionarrento entÍE o oo§flp§ interior da psiçe humana e a4rele outro
.*St oosmos ÉpÍesêntado pelo uoiverso na sua totalidade.
L-eibniz fala da mônada no sentido especffico de genre de po-
tercialidade, ootm a essência viva e irerente do organismo' E exa'
tflnente a trFsma coisa que Jung aflnm, referindo-se ao Si-mesmo
cotrro o aÍqútiPo universal do ser hunrano.t Neste sentido, I.r;lbniz
etrpÍega o tenDo "!q@!l" com equivalente de "4ma" na sua c(>
notaçío mais gen&ica. Corpo e alma se atÍaem, se corleqpondem e
lDossuem uma duradoura afuidade etrEe §i PoÍ cau§a do mdo corm
lo uoir".* foi estruhrado. Isso simplesrreote faz parte da natureza
rlas coisas ou, oo[x) diria kibniz' é, inerente à "
qqbê@".
O corpo é aquele ponto especÍfico no qual as possibilidades in-
finitas de conhecisEnto na mônada se acham cristalizadas' para o
qual convergem e no qual, intrinsecamnte, também sofrem limi-
tagáo. "Embora cada mônada criada reoresente o universg inteiro"'
aSr.a t-eiúoir, "representa também, de maneira rnais Prccisâ' o cor-
po que em particular P€Ítenc€ a ela e do qual conSinri a efteléquiÀ
É vtto que este coÍPo erPÍessa o universo inteiro aravés da ligação
de toda À rnatéria no espoço pleno, a alma também representa o uni-
verso inteiro quando rcpresetrür o coÍPo' que lhe pertence de um
modo particular. "2
68
de estarpm tãO intimnrnente e elmn fun-
cionam de acordo com l§ . "Os corpos ", diz l4,i!.-
niz, "ern conformidade com as leis de causas eficientes" - o gue
quer dizer que devemos inteÍpÍetaÍ o mundo ffsico com sendo de-
terminado pelos Dlo§ de causa e efei3o, Por outrro lado, "as al-
nu§ em com as leis de causas fineis, afavés de
seus desê o§ neios e fins" Fm outras palavras, I drna contém um
propósito em sua natuÍ€za, e sua existência consisrc na realizaçáo
deste propósiú0. .{, alnre, porEnto, opera por teleologia, ao passo que
o corpo obdeçe à causalidade.
l. Ibü.,p.79.
,"u- ,',*."írtf3,trtrfô:trüt":3;rJl,fi?: toby ad Modcm rlícz. Nova
york,
69
A forrrulação de L,eiboiz sobre o fimcionamnto do corpo e da alma
é bastante engenhosa. Na oPiniáo dele, tailo a causalidade colm a
§ao sóé
causa do @trlexúo mâis as susteDta. dois
"estáoçm-hamoonia um com o ouüo. "l
Neste ponlo, surge um intere'ssante conelação, da maior i*
portârrcia par;a a hipótese de sincronicidade. O corpo o,bedece ao
princípio de causalidade; a alma obedece ao princípio de
ma§ o contexto ÍnaÉ lo, ambos em harmonia, nâo
pode funcionar por neúum desses dois princípios. Corpo e
com paÍtesrm rnodelo que é o trnive[§o como um tG
do. A importância da "harmonia pÍ€estabelecida" é que ela estabe-
lece o modelo no interior do qual as diversidades da úda podem ter
suas "ligaçôes".
O princÍpio peto qual a "harrronia preestabelecida" opera pe
de ser descrito oorno a Inatrutetrçáo da ligaçâo entre coisas que e§tão
vinculadas entre si nâo pa qualquer nexo causal definido, tam
pouco pela ''enteléquia " interior da mônada. Ele irnplica rrma COêSâO
6ry, na g!Íleo-dÂtcoi§8§, o que si8nifica que o indivíduo e a§ outna§ etr-
údades devem manteÍ uÍm @respondência entÍre si com PaÍtes intÊ-
gratrtes do mdelo haÍmonioso do cosrms. A harmnia deste modelo
nao ser sinplesrnente comoõEversoé. E é si.r
-;
"(' plesrrcnte corm o cosms foi "preestabelecido" a fim de criar con-
di@s propícias à üda. É aquilo a que Jung §e refere, tomando er
prestado a exprcssâo de Kipling, como "Isso resmol" E é aquilo a
que os antigos chineses chaÍnavam '"Tao", a pÍimeira raáo do Ser'
o prirrcípio universal da ordenaçâo e sigrificado no cosms. O
princípio que rnaném juotos os organisrnos vivos úo é nem a cau-
saçâo nem a teleologia, rnas sim um princÍpio que üga as enúdades
do corpo e da alm,a entre si.
l. Lcibniz, A rroradologb,p.19
'to
Por conseguinte, o prircípio dirptivo do cosms não é alguma
oisa qw Possa ser enalisada ou medida Tiata-se de um princípio
de de forma é úJtA
àEggggg-do rngg4gr e que tÊve um despnvolvimento mais cor
pleto no Oriente do que no Ocidente. Esse princípio, poéq já pos-
sría rrmrt substancial histúía na Europa quando kibniz o utilizou
pela primeira vez. E o prúprio Jung se firndamenúou nesta história
para formular os conEúdos de seu conaeito a gue, acentuardo a es-
truturação particular de cada momenúo do tempo, deu o nore de
"sincronicidade".
73
innospecçáo consciente que examina os cootetffos da personalidade
l| com o objeúvo de fazer'rma autcanálise.
74
cosuxrs se toma manifesb no microcosups da personalidade huma-
na É este de sua análise dos e o verdadeiro l,l
fundarcnto de sua teoria da sincrcnicidade- ?))
Retornando, poÍ ora, à discussão coo base em lribniz, nob
rtros que a concepçáo da psrque corm um micrccows conesponde
à mônada Para lribniz, a mônada rcflescota a esoência do ser hu-
Ínâno, por @nter a mais alta pote{cialidade da pssoa e, irnplicita,
Epnte, o esforço para a "pen@Qllidade", qte é o princípio subjr
cente à atiúdade vibl. Embora a mônada cooteúa em si tanüo o
corpo coulo s almr, cada gul indepeodente e ainda assim intima-
rente ligados um ao ouüor o fg&q-gigÍyo e poÍtaoto decisivo é a
alma. As idéias com as & Jung são mútoÍryor-
tantes, sobrúudo com relação à sua visáo mais mpla do §cf com
expressão da üotalidade do ser hrlÍrlsno.
Na visão de Jung sohre a ccrelação eote o Seffe a mônada,
o Se{ c'lll.ittfu a natuÍ€za básica da espécie, cujo princípio vital se
manifesta dinamicnnrentg por meio de suas expressões psíqúcas.
O Scf, conhrdo, g.p deve ser apreendido apenas conx, a serenEll
que coném o popósito laEnte da penonalidade. Assim como u-"1'
peqwna fração do universo contém a essência do universo em mi-
niatüa, ele também Í€prcsenta um ponto dfuelo de contarto coE o
mundo todo. Por conseguinte, o
t
contém as realidades
da personalidade, e é atém disso um no sen-
mais amplo do termo. o elo çom o universo e, quando assim
, tomase u espécie de conÍiruun rc nível psíquico, fl
Aüás, é neste nÍvel que o §ef carespoode psicológica e oosmica-
mente ao Tao e à "haÍmooia universal" & lelbaiz a gual, afinal de
contas, nnda mais é do gre o aspecto macrocósmico da mônada.
No sentido rnais restriEo do §ef como uma realidadc que é em,
piricamente experienciada, Jrmg fata do aspecto icóidc d^
PeÍsq
nâlidade , referindo-se como tal ao úvel em que a psique ainda oáo
alcançou urna nÍtida qualidade psicológica É Ago mais ou menos
sesrelhante ao que acaba por se desenvolwr com atiúdade psi-
75
cológicâ, mali sem que os necessáÍios PÍocessos de difererciaçáo te'
nham ocorrido.
Ao de,screver os padr6esde comportamento encontrados em
todas as espécies do reino animel e as prÉimagens quase-psigológi'
cas qlue os acomoantram, Jung está lidando com um nível de úda
ircüâtaptrte próxim à natrueza Todas as possibilidades fuaras
se flmdem no estado poicóide, pois trata-se de um nível de existência
que ainda úo se acha suficietrtereDte desenvolúdo para que a dife-
rcnciaçáo eo cará@r distinüvo se façam necessários. O estado
psióide é, pc conseguinte, múto parecido com a concepção do
.* si-resm coBD um coeÍr6 ou um_Eg§-PÉryg|iê!. Na verdade, se-
ria corrcto dizer que o nível de desenvolvimnto psicóide corres-
ponde,nomicrocosms,@
h,osseguindo oesta lógica, o objetivo da análise dos arqrÉtipos
e instinos feita por J,rng destioa-se a oferecer um fundamento empí-
rico §ubstamial sobre o qual se possa comp'reender a diferenciação
çe, mais cedo ou mais 14ds, ocoÍÍ€ tro descnvolvimnto da perso-
nâlidâde. Os uqrÉtipos sâo a etapa seguinte na revelaçáo da pr6
imagen que esú lignda ao i$tinúo, exatarrentÊ aotes que est€ Úinja
o poto em que suãt caÍacteúúca§ §e toÍDam difererriqda§. AÍqué-
tipos e in*inos surgem, Pois, da mssm raiz e' 4Pestr di§so, são
opostos envolvidos numa tensão mais ou ÍDnos coD§tante ente §i.
Desta tÊnsão, gerese a energia disponível para a poiçe, ou, rrlhor
seria dizer, através desta tensâo natural a erergia lalente oo orgr
nisrm recebe um caráter psÍqúco peculiar.
Esta é r'mn maoeira de se considerar a questâo. A PaÍtir de§tâ
orientaçâo, terrcs o çe se poderia chamar de "visão inferiod' do
desenvolvinpnto hrrmâno, considerado do pono de üsta da
emergência do horm.m na nafirÍEza. Jung acha essercial examinar a
psique a partir desu perspectiva, mas julga também essêncial perce-
ber que este é apems um pgnto de vista a partir do qual se pode
cosiderar a psique. Em terms de evoluçáo do reino anirnal, as
imagpns de fundo psicológico surgem dos padr6es de coryortamen-
16
to inerpntes à espécie humana, retirando não só suas tendências
simbólicas, rnas igualrente todo o úgor e intensidade de sua ener-
gia" das pÍofundas e primordiais forças da naoreza.
,c duo sente $re suâ individualidade esú exaltada, como se fosse ane-
batada, por rn instante, mais elevada do ser.
Eúdenterente, a situagão que se iostala quado um arquétipo se
toma ativo na üda humaoa, transcende o nÍvel pessoal. Sente-se çe
essa sinragáo possú aquilo Que lrrng chama de "caráter cósmico", o
que deriva do fato, com ele 6ssap rliz, de que ela aparece-'no in-
divíduo corp "um equivalente corplenrntar do 'mundo exte-
rior"'.I E é experienciada com muita inansidade, acoryanhada de
urna grande emotiúdade, púoduzindo uma percepçâo eqlecial, uma
nuninosidade que coDtém um sentído de validade e autenticidade
transcendentais s rrmr 6916 ssg§asia divina.
Uma extaordinária concenúacáo de ener8.ia paÍece atuaÍ nes-
tas circunstâncias, e essa energia aí implicada deve ser entendida
tr,1 num duolo sentido . De rrm lado, ela deriva de um aspocto traoscen-
dental do aÍquétipo etrquailo manifestaçáo do macrocosmos na for-
ma microcósnica; do outo lado, expressa um fato tranral, o de que
grades intensidadss de energia sáo ativadas quaodo o ser humaoo
toca o nível psióide de sua natureza, no qnal instinto e arqÉtipo
estâo amalgamados. O tratrscendenE e o natual caminham lado a
proceeso de criaç6o, ligados por uma conexão
flado através de todo
f intema recÍprroca. Por um lado, "a divindade" se encontra lâtetrte m
matéria e necessita de formas matpriais; poÍ outro, nenhurne enüdade
poderia existir se náo houvesse alguma centelha da reali-
lindviOuA
I dade rnacrocósrrica em sua origÊ.m.
78
Para enúender o sentido da experiência indiüdual dos arqúti_
pos, devemos peÍeeà€r que, apesar de esa experiência se Íealizar
coux, um feoôreno psicológico, o fedreno, por sua pÍúpÍia natu-
rcza, Eanscende o aspect/o psicológico. Sua foqa pÍimáÍia provém
do fato de que possú nme qualidade espirioal e se legitima existe.r
cialrcnte na vida de ,,me pessoa. A manifestação do macroçosmos
oo microcosmos significa qrr algo da divindade do universo indiú-
dualizou-se, Quando a personalidade vive e participa deste processo,
essa experiência serve então de elo entr€ o ser hlrnsno e Deus. Urm
vez qrD isso ocorra, o sentido de numinosidade e as sugestões de
transendência espiritual qrE acompanhan a experiêrcia são essen_
cialrcnte cor̀tos.
Nessas ocasiões, @tsptanto, é extsemamenE
gbftcs-ir _e!!e b)s e a inusen e Deu§ gue, na Íeslidâde,
eodo experieociada pelo indivÍduo cono um evento psioológico no
âmago de sua pensonalidade.t O fato de ele
estar experienciando
rrme relagão com Deus deve ser en@ndido
corm um evento psicolé
gico já que, necessariarrentc, o@ÍÍe denEro da psique hrrmena
f,s6
constihri, todavia, apenas o lugar, já que é o foco, da manifestação; I
o evento em si mesm e a
formação ou úivação de ,"nq imagem de Deus gue se enconúa
la_ ll
tente no indivÍduo.
Um situoção de coneqotdêrria é o que relhor define a rp-
laçáo que resulta, a§sútr, peÍsepsão de Deus tal corno experien-
ciada tto âmago da persooalidade. Esta
ErcÍO e o macÍoco$no§ haÍEooia
é entrp o
e
\w'
indivíduo cutr o venal. Tais
conespondências estão irylÍciAs oa nanueza da üda, ma§ de forma
)4"
latcnE. Só quando são ativadas e chegam à realizaçao sua enonne
wir*crrdc Kr@, an seja, a for5a ütal inepnte aos arqrÉtipoo en_
quanto co[rEspondências & cosmos, se toroa eficaz.
l. tbüt,p. 195
T)
Quaodo um arqútiPo é experierciado nêst€ asPecto fudaren-
tal, cria-se uDa nova sitragâo. E Íp-a-s" - ** ,od"lt Ot á
4 fenôrenos qrr então etrtsiuD na esfera do onlrecimento humano
Endem a dar a iryree§âo de que urna grande e nova energia foi übe-
mda no mundo. lsso é apenas "nra aPar€ncia, úo a essêrcia de tais
siuasões em que a numimsidade intrínseca aos arquétipos é efeti-
vada como um conespondência do mamocosmos. Sem dú údâ al-
grrma é PoÍ qausa destê a§Pecto emgético que os evenlos qrr ex-
pr€ssam tais correspondência§ Do temPo sáo idenúÍicados por sÍr
bolos equivalentes à energia - poder divino, maná, forg magnética,
energia espiritual e assim por diante.
Sídolos desse tipo fomecem a base e o Princípio es§êncial
qrr estáo por tás da prinitiva explicaçáo de efeitos miraculosos' ou
áaquilo que Jung cham de "causalidade mágica". A erergia úo é'
con[rdo, o fafor primário aíirylicado. Ao contrário, quando se dá a
conespondêrcia etrtse o macÍo e o microcom, um rrcvo modelo é
in$iüído no temPo, provocando uma reuganizaçáo de toda a si-
tuaçáo relaúva ao êvetrto. Ele modifica a configrraçáo dâ §i$a§áo
previarente existente. §e forrn o novo rnodelo outna§ sl-
$açôes e eventos sáo levados a eslabelecer um novo rehionarrento
com ele. VeriÍic&se entáo um EâgÍuPamnto e uma reesnruração
de seus elerentos intemos e extemo§' obrigando a uoa distribuiçáo
diferente dos fatore's entÍe si. DaÍ resulta que há sempre una Dova e
coda vez maior cristalizagão de modelos.
EO
Pelo que vimos, o pdncÍpioJm açao é interoo, embora alguma
coisa em sua nahneza permita çe se estenda afravés do tempo e es-
Paço. Ele úo modifica dirchmente eventos ou em §t
tI&§IIlos, Ela§ pÍovoca tm reorganização do esquema dentno do
ual ÍEcas estáo contidas. Circunstâncias
e significados, portanto, soü,em urna mudança imperceptÍvel. Utna I
vez que existe um fator implÍcito de mudança, podeurcs dizer que kí
uma "força" em ação, e que esta deve ser caracterizada cotrx, uma
fonna de energia Ademais, podearos supoÍ que esta energia seria
Pit§s ível de análise causal se ao ttpnos não fosse tão sutil e iryalpá-
vel, a ponúo de nos impedir de colocar as máos oela e dissecíla.
81
*.4^ ásc--rr-r . oru. oA- ,n^-.-. .r-'y-1,.<a- cr,.^:ç.car.a o
ç
inportaúe é qrrc, embora opostos dentno de urna espécie única, cada
um contérn algo do oposto €m sua pópÍia DatuÍezâ.
O antigo símbolo Yaqg/Yin do Tao é o conceio que rrelhor
ÍepÍÊsetrta este fato.
ü 82
Os arqútipos pÍpsentes na psique derivam seu enorme p@r
do faEo de aquilo que expressam em cada pessoa possuir utrur naht-
Íeza que hanscende o hurnano. A conespondência deles com aspec-
tos da organização inAna fotlrw a base para uma inteÍligação tro I
tempo, imposta nõo por atguma causa energética, nus por rrmrr
coer€ncia de naüueza interna- Quando um arquétipo é experierciado
na personalidade fudividual, a questão de saber s9 t nrrminoso, isto
é, se gera uma forga estimutaote e erergizante na psique, projetando
rma luz ou criando uma efusfera inusitada ao seu rpdor, depende
da prcfundidade com a qual é conAtado. Um conplexo de fatores
psíqúcos, de nahupza basicauente arque(pica, pode ser experien-
ciado, de modo superficial, por um indivÍdro, e depois a sua força
potencial dasaparecerá antes que esteja realrente formada Por outno
lado, se o arquétÍpo penetsou fundo e é forçado a sair, efetivando
toda a sua potencialidade, dqí Esulta um estado numinoso múto
mais intenso, fazendo com que então o aÍSútrpo se üoÍoe algo rnais
do que uma imagem psicológico, transformandose nuur "força vi- |
va", num centro em tonro do qual novas séries de eventos se conste
lam com o tempo.
Com relaçáo ao grau de rpflexão do nucr(rco$no§ no mrcÍÊ
cosmos, existem dois aspectos a considerar. O orimeiro envolve a
pno@aa4ç 9 ; osegundo
envolve o estado da corno t|m todo, em particular a condição
e as çirpunstâncias em que o aÍqlÉtipo se enconEa quando passa a
ser uma força viva para a personalidade. Disso depende a inEnsida-
&, e a clarcza - e, em últiru análise, também a validade e as con-
seqüências - da experiência que está oconendo. A guestão mnis es-
sencial, na compreensáo daquilo que está emjogo aqú, é o faro de
que o§ arquétipos não la consciência oen-
I
trada no ego
l. lbüt,p. 167,168,
85
wil
A base sincronística de
eventos parapsíquicos
Podemos agora cornprender relhor o que Jung tinha em rpn_
te quando se rpferia à capacidade inconsciene de conhecinrcnto pre
sente na psique. E comum a todo processo nafiral, incluindo a psi_
que, a propriedade de conter eo sua origem umn previsão implÍcita
da finalidade para a qual está se desenvolvendo. Esta qu,alidade de
conhecimento se expÍ€ssa em níveis não+onscientes, sendo expe-
rienciada conx, una pemonigão de coisas por vir. Monrpnte na ex-
periência huÍnana, esta gurlidade de teteologia orgânica do processo
vital rpflete-se em intuições que paÍ€cem vir um pouco antes da hora
em relação ao verdadeinr aflorarnenúo dos fa3os.
É interpssante observar, neste aspecto, que quando Jung deÍi-
niu o que denominava de "tipo inhritivo:,, a principal característica
que aúibuâ a esse tipo de pessoas é que os interesses delas estão
compulsivarcnte voltados para o firturo e para o plane;ameoto de
atividades futura§. É possÍvel que o qw Júg estava percebendo e
descrcvendo aí tosse o "tipo psicológrco", ou rnelhor, a sitruçáo
psicológica, que pode aflorar na üda de qualquer tipo de pessoa, si_
tagão essa na qual o indivÍduo se tonu senível à futura fase emer-
87
gente do sêu PÍocesso de údÀ A Íazfu pela qual a teleologia org$
nica ao proesso ütal podÊ ser experierciada por indiúduos sensiú-
vos está em qrr todo o PÍoces§o prestes a se desenvolver encontra-
se pÍesentc no âmago da Pqssoa, onde @ ser intimamnrc perce'
bido de várias maneiras não conscientes. A finalidade ou p'ropósio
dos eventos por vir está Presente oorm uDa imagem gravada na psi'
que no Ítotrnto em que o púoces§o é deflagndo e coÍreça a se de'
senvolver.
É rehtivamente fácil de ent€Dder o tipo de conhecimnto in-
consciente ioplícito oessa situaçâo. Na maioria das vezes, ele se re-
vela em soúos ou em fenômeoos psíqúcos de natureza sedhante'
Existe, no entâtrto, outÍo úPo de coúecimnto inconsciente, de
compreensão mais difícil. É aqrrle tipo que úo se acha restrito a
futuros desenvolvimntos no organismo fÍsico e psíquico do indivÍ-
duo, mas envolve o ooÍrhosirlrnto diÍeto de acont€cLrento§ sePaÍa-
dos pelo t€DPo ou pelo espaço, apesar de nâo estarem ligados por
nenhum meio tangível de comnoics§ão. AÍ se inclú a iryortante
área denominada por Jung de "percepção extra-sensorial", ou
"PES", cujo estrdo tomou-§e o assuoto pÍiDciPal do campo da pa'
rapsicologia em cÍescente expansâo.
O tÍatamento dado pcJuog a estes fenômnos a§§etrta em $ra
concepgão de sincronicidade dos evetrto§ colm um a§Pocto do e9
quema vigente nurr determinado il»trnto do tempo. Já discutims o
pnncípio fundamntal desta visáo, derivada de antigas doutrinas cu-
jo e*poente principal, na derna uadição ocidental, é o graride
Letbiiz. O ponto central desta concepgáo abÍangeote gira em tomo
do fato de qw cada unidade particular da criação é um rcflexo em
miniatura do cosms.
O póprio Iribtriz falava em "Pequems PeÍcepçôes" da rrôna-
da como o reio pelo qual se dá o reÍlexo do mundo exterior' Eslas
percepç6es sâo sempre inconscientes e, em geral, úo alcançam a
*nr"iêoi" a não ser qrr o estado normal da psique tenba sofrido
algrrma alteraçâo. Com fi,cqúência, essas percepções "subliminares"
E8
apeoas "explodem" na coosciência através de um jono ou "pos-
sessão temporária" daquilo gue Jung chana d€ "conplexo" -
um
acúmúo de conteúdos inconscientes; ou eo6o elas podern erergir
na consciência através de uglâ bÍEcha nas defesas psÍqúcas cuja
tunçáo consiste em rnanter as percepções inconscientes fora do al-
cance do ego. Conhrdo, a maneira fundanrpntat pela qual podem elas
tomar-se disponÍveis à conscÉncia é quando o@rre ,rÍra. rtestruOt-
ração na qual se estabelece urn& oova condição da psique como um
todo.
Se, pois, a consciêrrcia entÍa em estseita Íplasão com o incons-
ciente, de tal rnaneira a tomaÍ-se scnível àquele nível da psiqw no
qual o mundo é rcfletido no indivfluo, a capacidade inconsciente de
conkimento passa a ser um comporpnte prfurcipal da personalidr
de. Em tal estado de integração, a qualidade essencial do§ef tona-
se concÍeta. O §efi, portanO, pode ser experienciado com a base
universal da personalidade, visb gue a psique se estende alémde si
IIDsIns pare o mtmdo, tomandose o meio pelo qrql o rnâcÍocostnos
gg mrnifۤfg nO micrOcoSrpS.
89
Ao estudar os Íênôupnos qr atualmnte vêm se tomando um
raÍx> específoo da parapsicologiâ, ou seja, aqueles fenôrrnos liga-
dos à percepção de acontecimilos à distârria ou à preüsâo de
acootecinrentos fuiros, Jung úo Ém dÚvida§ de çe tais eventos
ocorrem de fato. A eoÉmia deles é prova de sua exisênciô e, P&
ra Jung, p,ova ainda meis convincBnE são as inúrreras ocasiôes em
que ele os experienciou na sua prÁtica profssiooal e na sua vida
pessoal. Eventos do tipo parapsíçico estâo fadados a ocotrer PaÍa
alguém qrc esteja úvendo em estreitâ relaçáo com o inconsciente,
quer essa relação se exPresse afravés de suas formas oPo§tas, através
do desenvolvirnento consciente de capacidades cogritivas mais am-
plas, ou atavés do predomínio sem controle do inconsciente, como
na púcose.
9t
não seja válido em si mesrn, mss sim qlrc wt outro prbdpio de in-
terpretoção pode ser iguahneme necessário. Ao propor a sincronici-
dade como um priocípio de interpretaçáo, Jung náo pnetende que ele
seja um substituto para a causalidade, rnas sorente um princÍpio
adicional e complernentar. A sua intençáo é preencher o§ eqPaços
vazios deixados pelas leis estaústicas'
92
qrÉtipos, I fim de criar um contexto que permita entendÊr agueles
eveoüos psÍqúcos que supram nossos atuais princípios causalistas.
Na abordagem deste assunto, Jung exanrinou prfurciraruente o
porquê dos resultdos positivos obúdos por Rhine em suas experiên-
cias. Algumas caractcúticas dessas experiências surgem com muita
nitidez. Uma questáo inicial e múto significativa é que os rpsultados
dos testes com indivÍduos foram desiguais. Alguns revelaram-se ne-
gativos viso que o núurro de "adivinha@s" coÍrptas ficou úaixo
da pobabilidade. Em compensagão ouúos testes ficaram múto aci-
ma do cálculo de probabilidade. Neste aspecto, a corrclusão parece
sugerir gue certos indivÍduos - talvez certc "tipos" de indivíduos
-
I
são mais apüo§ aürar na situação parapíqúca. Edste um forte
indício de quc dons naürais ou outsos fatores individuais senplhan-
tes - trlvez possamos resumi-los relhor dizeodo que se trata de uma
condição de seosibilidade ao inconsciente - dasempeúan um papel
importaoto na porcepção parapsíqúca
Além disso, poém, um outro tipo de faror subjetivo parece ter
atuado nas experiêrrcias de Rhine. EsE fator é múto important€,
Poi§ tem a ver com o inbresse que a pe§§oa demonsbou pelo te.se.
O resulado dependeu mú80 do sentido de relaçáo gue a pessoa de-
mnstÍlou t€r paÍa com as experiêrcias em genal. A úium Eileen
Garre,lÍ, por exemplo, havia obtido rcsútados bastaote positivos em
outras ocasiões; mas, corm não foi capaz de estabelecer um sentido
de rclação por causa da inpesoalidade das condi@s de laborató
rio, seus resultados ÍpvelaÍartr-§e negativos. No geral, aquelas pes-
soas que das experiências com confiança no valor do
trabalbo e sohp[rdo cotn rrÍre ati[rde esperançosa no sucesso dos
t€stes, tenderam a obt€r melhoÍ€§ rcsultados. Aparentemente, conEi-
buúrarn com uma parcela de suas próprias persooalidades psÍqúcas
para o Uabalho.
Constatou-se também que à medida qne os t€sEs prosseguiam
e a novidade a"s sr(periêÍrcias caír oa rotitra, o enhrsiasoro inicial
corrrcçou 6 diminuit Nessa altura, a poÍcentagem de aüviúaç.es
93
oonelas foi ficando da ve,z aconteoeu Írr§m gom
renor. Isso
aqueles indivÍduos rye peÍnaoeciam confiantes a Í€§Peito da§ exPe-
riêocias e mnntiúam um fort desejo de v&las darem certo. O fatu
de intercsse, apesar de eovolver o de visa subjetivo da pes-
PoÍlto
soa, dava a iryress6o de operu de acordo com um pa&âo definido'
Na opiniâo de Jung, se Rhine náo úve$e utilizado uma grande
varitdade de indivíduos erD §eus têstes' o§ resultados Óúdos teriam
sido muio mnos positivos. Quanto mior o ntirnero de indivíÔtos
que participassem do tesE, tanto Eaior seria a combinaçáo de rcsul'
tados devido rc búerese re,rMo çe a uiginalidade da iniciativa
criava em cada novo participante. Houvesse um núrero menor de
parficipantes realizato o trE§rx) niirero total de tentativas, acha
juog q* os resultados teriam sido ba§taoE difercntes. Seja com
for, isto nâo têria reduzido a validade essencial das experiências fei-
tas por Rhire. Ao contrário, teriam eofatizado a importância do fator
de "hteÍesse", o 9llÊ, iodiretamnte, fomece uma pista iDPoÍtaote
dos princípios que estâo por rás dos fenônpnos parapsíquicos'l
Antes de examinarm a iryortância do fator de interesse e de
sua sigpificaçáo nuoa perspectiva de base psicológica' convémnotar
que a energia fÍsica nâo PaÍPc€ ser um fator cnrcial na produçâo de
ios punaeaLológicos. À ptreira vista, ter-§e-ia a imp'resúo de
"t
que a importâocia do interesse indiüdual nas experiências indicaria
uma intensificação da energia ffsica disponível PaÍa o trabalho' PG
der-se-ia pensar que esta emÍg,ia afeta de algum modo a precisão das
Íespostas, embora úo seja fácil imaginar corn isso possa acontec€r'
Usra série de experiências realizadas por Rhine, no etrtanto, elimina
totalmDtê a hipótese ba§eadâ na energia Essa série de experiências
foi realizada a grandes dislârrcias, e§tando os puticipantes, num dos
casÍx, a 960 milhas e, em outro, a quâtro mil milha§ de disÉncia na
ocasião da experiência. Os resultados em ambos os caso§ foram mú'
l. lbü|.,w.434-!5.
9t
to Positivos; desse rcdo Rhine afiÍrna que ..r,nra rpvisão dos milha-
r€§ de casos que fazem paÍte da col€ção da Duke nib deNnonstra ab,
solutarente ncnlwnu ,elaçfu entre a disÉncia e o núrero ou tipo
de experiências psíqúcas". t
Coreotando estes rpsultados, Jung diz que .b fato de a distâo-
cia, em pincípio, não ter neúum efeito prova que I «ri§8 ern
questão úo pode ser um fenômeno de força ou errrgia.. Não tems
ouEa alErnúiva a não ser supor que a distáncia seja psiqúcarcnte
variável, podendo em certas cirpunsÉncias ser redtzila u r"a po,
algum disposiçft, psíqufoa".z Em outras palavras, o fator prirnor_
dial não é a soma de erergia psicologicarente gerada, rnas antes a
condigão geral estabelecida na psiqrr cqno um todo. Se se prdesse
demonstrar que a energia exerce alguma influência sobÍp os evetrto§
porapsÍguicos, enÉo, nesse senÉdo, os princÍpios de causa e
efeiüo
teriam de ser aplicados. Já que oÉo é esse o caso, poÉm" ..pareoe
mais proúvel", conforrc diz Jung, ..que a erplicaçao cienffica te_
úa de corrçar com ,ma crítica aos nossos oonoeitos de espoço e
tempo de um lado, e com o inconsciente do ouúo". 3
Os excelentes resultados poitivos obtidos por R.hire devem
ser classificados @nx, rrmâ espécb de percepçáo. É chro, todavia,
que eles nfo se baseiam na obsewa@, oo seotido nsual que
darms
a este t€rm, pors n6o eovolvem um verdadeiro contato visual. Tra-
ta-se, atrúe§, de uma peÍsepção vitrda diretaÍrEote do irronscbote
sem oeúuma mediação conscien@, nem meüDo qualquer contsto
visÍvel çom o objeúo. O ato de espocificar a carta do baralho, ors pu-
lavras de Jung, "não é o resultado da obsewaEáo pelo zujeito àas
caÍtas EaEÍiais, rnas produto da pura imaginação, dâs associaçõqs
de idéias que revelarn a estrutura daquilo que as prodrz, ou seja, o
inconsciente". a
t I. B. Rhinc, /Vaw World oÍ the túi|d. Nova york: Williaro sloüne AssocisGs, p. ló.
2
3 fr;;
tn%l:ttl ** nid tY' o P' cít P' 433'
"
4 Ibü|.,p.436.
95
A expessáo "pura imaginação", tal como ttmg a utiliza aqú,
é um unto engaDâdora" Ele oão está querendo dizer que o Processo
dÊ 'leiEÍa-dos sísüolos n⧠câilss de baÍalho é produto da fanta-
sia Ao contrário, ele quer dizer que, já que não hÁ oediaçáo da per-
epçáo sensorial ou do raciochio consciente, o PÚoceÁ§o todo ocorre
ottatao do ioconsciente. A questâo cnrcial, PoÍtanto, está em de-
temioaÍ o qrr de fato rcntece oo ircosciente em tais ocasiôes' A
julgar pela gnnde variedade dos resultados de Rhire, o que se Pa§sa
oo inconscientc nem semPÍÊ é a mesma coisa. Os casos que regis"
tram a mais alta PdcetrtâgÊm de respostas corÍelas foram aqueles
onde havia uma graode int€nsidadê de interesse, além do fato de qrc
os relhores resútados aPaúEoeram no ioício dos testes quando o ir
teresse do sujeito estava ainda no auge. A caracterÍstica primária dos
rpsultados bersucedidos consistiu, pois, em terem coincidido com
que a
um estado extretIrarente favoúvel da psique, estado esse em
psrque se encontrava iryregnada de uma atinrde de confiante expec-
tativa.
Jung assinalou que os fenômnos par;apsÍqúcos das experiên-
cias em úUorattrrio de RhiDe thham Por base a qualidade arqueÚpi-
ca de confiança. Jung se e§tendeu sobÍe este-tema, escrevendo um
parágrafo para explicá-lo oo verco de uma página no manuscrito ori-
gioJ. foai*r-*, entáo, a págna 2Á da edi@ alemâ de seu linro
sobre sincronicidade e depois expandiu §eu aÍguÍrento sobre a re-
laçâo enue o sentirnento de onÍiaoça e os PÍooesso§ arqrrtípicos
que sao os veículos através dos quais o princípio de siocronicidade
se manifesta, "A pessoa têstada", escreveu, "qt davida da possibi-
qtre
üdade de conbecer algo que nâo se pode coúecer, ott corfia em
os evento§ a
isso será possÍvel e que o milagre aoontêcerá. Fm todos
pessoa teitada que se vê dianrc de uÍDâ taÍ€fa aPaÍenerÉnte irn-
possível, encontra'§e na §ituaçáo arqueÚpica, que t6o amiúde ocorre
nos mios e nos contos de fada, onde uma inrcrvengáo divina, isto é,
I
um milagre, oferece a Única soluçâo."
,-&- - ,..1
lí,-
I
O p,ocesso açi rencionado tem a veÍ c.m o coceito de
"ouminosidade" qr
Jung emprega pma descrever a aura de muita
luz e excitagâo assmiada aoa arqt!étiPo§ quado se tornam direo-
rcot€ Eanifestos numa experiêocia humana intensa Nminosidade
é r'rne elprcssâo de grande htÊtrsidâde psíçica. Quaodo um evento
numinmo ocqÍe, portatrto, ele coodensa em tqoo de si uma grandc
carga de ene.rgia psíqúca- Esta energia constel&§e erD volta do sír
bolo arquesico que auta conD o vçrdadeiro cÊtrtÍro da experiência
\)m conplao, üt agruryncnto, de contettrdos psíçicoo forma'§e,
assinl, Est€ pono. À mdida qrr as energias disponíveis da psrCue
se condensm DurDa paÍte da psique, as oums áreas licm mais ott
rrcnos esvaziadas.
Daí segrc-se urDa diminuifao do nível mnal naquele lado da
psique de onde foi retirada energia. Os conteúdos deste lado descem
entáo para os níveis inferiqes do ioconsciente. Eoquaoto o nível de
atividade conscicnte é elevado e incnsificado de um lado da psique'
o§ contÍroles conscientes são coryletarenE atrouxados do outro la-
do, dc modo qrr a Nque fica nrloerável âo inpâcto direto dos fato
res arqrrdpicos no nível mais profuitdo, particularrente oo nÍvel
psióide, do inconscieote. Conforre diz Jrmg, "deüdo à Íe§tri§áo
da consciência PÍoduzida pelo afeO duranÉ o temPo em que ele
perdura, há uma corespondente dimitruiçáo do sentido de orientaçâo
gue, por sua vez, dá ao inconscienrc uma oportrnidade de introdu-
zir-se no espaço vago. Assim, con§tatams com fregüência $re con-
terídos inconscientes ircspeÍados ou então idbido§ irrorym e en-
contam exprcssão no afeto".l
Para entendermos o que aoootece çando @oÍÍÊm evetrtos Pô'
rapíquicos, devems Er em ÉDE uma idéia doprocecso de equilí-
brio dirfurico através do qual a psique fimciona Quando de um la'
do a consciência se intensificâ, do outno ela soft,e ,mn diminuigão, I
esses dois eveDtos ocotrem ao Íre$no temPo, com PaÍte de um tini-
l@
co púooqsso. §ipificativarente, a inrcosific@ da conrciência leva
a umn corÍ€spondente diminú@, e é através desta diminú@ que
a capacidade de conhecimento se expoode. EsÉ conhecircoto ex-
pÍpssa-s dirphmpote aüavés do inconsciente, una vez qrrc não se-
gue os pÍocessos húituais de aquisição de conlrccirento pela coor
ciência. Ele se apreeota coox) rrm conhecfupnto que surge scrz s
Uiaçact da consciência tsso lhe conferc o aspecto parapsÍqúco e
faz da percepção extra-sensorial urr fenômeno expressivo, pois indi-
I
ca p[€sensá @ nme caprcidade de conhecimeoto latpnE no io.
consciente capaz de opeÍar sem interrcdiários. Ademais, indica oo
sp1 funmeno rme habilidade qr só em pequem gnu @m sido deser,
volüda, ÍÍre-s que envolve a capacidade de tomar determinados tipos
de cogrrição diretorrcrrtc acessú,eis à psrCrp. É Ofm dar uma des.
criçáo detalhada do modo aspecífico pelo qual esse tipo de cogi@
direa sem a int€rveoção da consciência se ef€tua porqw suas for-
mas úo múto variÁveis e imp,revisíveis. Ela se faz presente de dife
rentes maneiras em diferpntes ocasiões, já que implica uma diversi-
dade tão grande guanto os reios de aquisiçáo de coúecircnto pela
consciência em suas fomas normis.
Com base nos corceitos desctitos, podems agora apre.sentar
pelo menos o esboço g€ral de uma interpretação do cooheçimento
ircooscient€. A inEosiícaçfo de um conterldo arqnedpico causa
uma "diminúçáo do nível reoüal" rto ouúo lado da psique. Através
desta diminui@, o ircooscieote se torna Eais facilmente suscedwl
às influências exteÍna§, Torna-se couxt que mais sensível.
(Note No reu manuscrito original, esta úttima frase titrha urne
Í€dasão mais siryles: '"Toroa-se mais sendvel". Quando, porém, a
leu em 19í, Jrrng a riscou, recscrevendo-a a lápis: '"Tcna-se corc
que mais sensível". Mantive a alteraç6o, ao reconhecer as razões por
que ele o, fizpra- O sentido da modificação por ele inEoduzida é dig.
no de registno.)
toz
tada com R mdúscub, assirn com o pr6pio scf dere ser grafado
com um S maiúsculo. É aqú qw se encontra a snrpema realidade do
ser. Corebllo neste seotido mais arylo, o sef oonstioi o eqúvr
lente da "h8Ímonia preestabelecida" de lÉibniz ou do Tao. É a uni-
dade úangeob ru qwl e pla gal o m&Ío e o nicrocomos porti-
cipam enEe si, além de scr a via especÍfica através da qual as srr
premas rcalidades do universo 8e exprpssam e se rpfletcm na úda de
Cada ef hrnqno.l
Podems agqa Í€aprcsenüar a formulaçfo a que Jrmg chegou
na sua fase poseric, oom relação às camadas da psique. EIe divi-
diu-a finalrcntc am quaEo níveis, o qtr lhe permitiu dar uoa des-
criçáo funcional doo dirarsos tipos d€ cognição humana. Na superfÉ
çie fica a conllciêrcia do ego. Logo abaixo v@ o irtorrsicnD pe§
oml. Nuna posição inferbr a es&, encooúa-se o nÍvel Eanspessoal
b irconscierrtc obtiw, $re s€ €lrt€ode aÉ umagrande pofrrndida-
de. E na base fica o nível psbMc, que alcança o próprio reino
naÀ!Ísl.
B- urm
_ _!. Daú dir{lssb de.Ídhldr,h{? slpcdo do posamcnro & Iung, ver pro-
gofr, Ttu aú Rcbtü of' psyctutost
' cap. Vt, àúiiimnrJF"rc z, ..dsrf-cião
sÍmbolo c Ealidrde" , p. W.
103
I*vando isso em consideração, recoÍthecem§ que, deixando a
pessoô exposta rc úuel psicóidc, o tr Íocesso & afuissenox mntal
a toma psiquicarene vulnerável, ao nr§tlo rcryo que anplia
enoflDemnte o âmbito de suas possibiüdades psíqúcas. O efeito es"
pocífico sobre ela depende da natureza de ouüos fatqes e inÍhÉr
cias presentes N continuort b Se{ denno dos limites de sua in'
fluência pessoal. Essas inÍluências e fatores podem ser Po§iúvos ou
negativos, benéficos ou destnrtivos; @m ajrdar a úda de urm
pessoa, ou coofundi-la dandolhe falsas orientaçôes.
próprios méri-
Çada experiência tem de ser avaliada PoÍ seu§
tos, sobÍ€tudo poÍque sêu efeito sobrc unn pessoa depende múto do
grau de desenvolvinpnto interior de cada um. Em princípio, os fato
át q* influência durante o estâdo & ahissanctx sâo bas-
"*"ro,
taote diversificâdo§, podendo ir desde preocupaçôes subjetivas ba-
nais até arylas percepEôes visionárias de caráter profético' Eles
po
dem rcfletir algum pequeno cornpartimnto do microcosms indiü-
dual, ou entâo a imensa sabedoria do rnacrocosrps' Qualquer uma
dessas coisas pode ser refletida rc nlvel psicóide quando ooore um
abaissenent.
109
O funcionamento da
sincronicidade
tt2
exigências e características, e estas caracterÍstic€s sê expÍessam no
esgu€Ím formado naquele mooento de tempo em que o arqúüpo se
toma ativo. Os reflexos psÍquicos oo sef que se veriÍicam através
do "abaixamento do nível rnental', :lssumem unu fonna semelhante
à do arquétipo.
Ao rnenos num prinreiro exame, chegamos à conclusão de que
se a influência do arqútipo determina o esquenu dos evenEos resul_
tantes do fafo dc ter sido ele ativado de ume fe166 nrminosa, entáo
na realidade devemos falar em termos de causalidade. Sem dúvida, a
questão é pertinente poÍque, otesnx, se dissermos que a numinosida-
de do aquéfipo envolve um intangível *poder rúgioo", ainda assirn
eshÍemos aEibuindo urm causalirtade aos eventos. Com múA pro.
priedade, Jung utiliza a expressáo ..causatidade rúgica" para Aeànir
seu pooúo de vista Náo hí dúvlla de qle ertos eternentos desta se
encontram oo princípio de sincrcnicidade, ou pelo Eenos no pensa_
Írrnto que conduz à sfurcronicidade. Com efeiü0, Jung nos dá nmq
pÍova concÍptt disso guando menciona alguns escritos de AlbeÍúo
Magrrc onde ele diz que o fator de enrotiüdade cria um forte dese-
guilÍbrio na psigue, o que a seguir é considerado um pr6requisito
básico para a produção de um efeito mágco.
Juog cita AlbeÍto Magno que assevera que qualquer pessoa
pode influenciar magicarnente qualquer coisa se ..conreter um grande
excesso".l F.n essência, esta é a mesma idéia desenvolvida por Jung
com base em Piere Janet, sobre o afuissanvru do nível rentA. ó
'txcesso" de que fala AlbeÍto Magno é a intensidade de sentirpnto,
a paixão da crença ou o desejo que pega alguém de surpe,esa e, desse
rnodo, "inverte" o equillbrio em sua psique. Há, contudo, uma dife-
rcnça irnportante.
A análise gue Jung taz do abaistemeü taú a intensão básica
de descrever o pn,cesso pelo qual se efetua a Eaosição de um es_
l. lfid.,?. a48
ll3
querDa de têútpo PaÍa ouüo e Pelo qual, sobretudo, esse segrmdo es'
+rer" e ünenciado e percebido. No caso de "causalidade mágica",
o fator emotivo não tcm rma duração objetiva. Apesar de todo o
prooesso se passü no fuodo do incooscienrc, hí um faor egooêntri-
pte*"nt", considerandose que a "vontade" ass@iadq ao estado
"o
emcional possui uDa ÂatuÍezâ intencional e causativa.
No caso do mago PiaticaDte, de çem Alberro Magm estava
falando, a vontade PêÍteoce ao indivÍduo que intencionalmnte in'
corre tro "estado de excesso" através do qual sua ermtiúdade pode
alterar os acontêciÍrrcnto§. No caso dos horpns primiúvos, a "von'
tade" pode estâr ligada a qualquer objeto cotrx> um a§Pêcto da pecu-
liar força espiritual, ou do @r mágico ou divino que lhe possa er
aribuÍdo. Quando o horem primiúvo cÉ que a PÍe§ença de um cer'
to animâI, por exerylo, afetará toda a úda tribal, náo se tata ape'
nas de uma detrrPasáo da realidade, nem inteiramnte de sugestáo'
A crença m força rúgica do animl deriva de um sÍmbolo miorti'
rado dos mitos culturais, um símbolo de natureza arquedpica e histô
rica que é projetado no animl.
O animal, ou qualçer objeto ou pess<xr, participa assim, invo-
luntariamente, de um aoplo esquema de sigrrificado cuja base assen-
ta no incomciente do homm primiúvo. A visão de um deterrrinado
aniÍral constela todo o arqútipo, ÍÊsultaodo em mudanças na inten'
sidade emocional e no equilíhio psíquico, o que' P9Í sua vez' se Í€-
no
flete e é refletido num novo esqueÍDÊ ou orga[ização dos eventos
temPo.l
Na antiga mitologia teutônica, a cÍença segundo a çal uma
variúa nágica ou outros objeros ligados à magia tinham o poder de
àesejos de quem os possuÍsse repousa num princípio
aná-
Íealizar c
desejõ envolve uma intensifica@ da emoção' e
a força
úgo.' O
desta energia produz um trovo arranjo da sioaçáo no temPo'
l, lM,pp.4t2,4Á3.
2. Iri.l.,i.5l7.
l14
Devems ootar tambéE que, por sua pópria nafilÍpzs, este h_
tenso desejo faz parte de ume nova configuração do tempo. A eficá-
cia emocional qrrc o desejo causa fez cqn que fosse classificado de
"poder divino" peloa teutóes, e assim é igrralrnente considerado por
otltros povos. Devesc ainda, essinalar que jamais se acÍpdita oa
eficácia desse desejo guando fei3o a esm. Ele @w ser rpalizado de
acordo com algum ritual his3oricamente prescrito ou denbo de algum
sÍmbolo primordial, pois só entio @erá ativar um arqútipo. A pre-
sença de um arqÉtipo como fator eficaz é decisiva para todo o pro
casso, pois só por meio de um arqrÉtipo o princípio de coneúo
acausal de eventos coneça I ter aplicagão.
Em todas as situasõeÁ serelhantes, quer as considererms ern
tenrcs de causalidade nágica quer eE teÍmos de sincronicidade,
existem dois elerentos que precisam ser relacionados. O prireiro é
a série de errenüos que acont€c€E no interior da psique bununa, pru.
cessando-se.numa cadeiâ de csusasão interior que inclui a
do arqútipo, a intensifração da emgão e a conseqibnte "tiúe,
dini-
núçáo do nível rental. O segundo eleren0o é a ..ordem
de um
acontecirenOo externo e independente" que ooorÍe fora da psique.l
A questão é saber e podemos descobú atgum elo dircto enüe os
dois, que demnsúe qw o elerenüo psÍqúco, em partbutar, dá ori-
gem ao ouho eleoento exterior.
Esses ponos de vista que admitem a causalidade rnígica não
encontram dificuldade algum em dar tal interpretação aos eveotos
porque postúam um poder divino ou demonÍaco a firn de explicar as
que ocorem para além dos esquemas de tempo. por con-
seguinte, a psique é tratada como se se coDportasse coEo um ageDte
car.rsativo eficaz, quer teoha agido emcionalmente aüavés do in-
consciente quer através do ego consciente por nrcio da -força de
vontade".
l. Ibkl.,p.82
lt5
O raciocúrio de Jrmg sohre esta questão é sutil e muito evasi-
'
t. lud.,p. sl6
tt7
forma particulu, ÍEsse nrometrto espocífico em frrngão de suas prú
prias razóes causais. A históÍia rínica de câda "m o Eouxe até e§te
ponto, e o fao de dqis eventos çaisqrrr convergirem nes§e trx)Ínen-
to paÍticulaÍ é rma çestáo de coincidência do ponto de üsta causal.
Ocasiês há, no entanto, em que evento§ que não Possuem uma Íe-
laçâo causal eoüe si aoontêcem simultarcarente, de uma forma tão
significa(y6 que parcce contcr algo Eâis do qlrc lrÍÍrâ coiocidência
Numa palarrra, essa coincidêrcia puw w signifuativa.
Sâo esrcs evento§ & cobridêrcia signifuativa çe Juog con-
sidera a essêrcia da sincronicidade. Suge*ivarente, quaodo Jung
estava lendo o parágrafo acima em reu manuscrito original, ele sen-
tiu a nocessidade de aproÂudar o que eu dissera acrescentaodo
exemplos e escrevendo a lápis, no verso da página pÍecedente, um
substancial coutntário explicaúvo. Esse corentário é valioso como
complerento e explicaçâo das suas idéias sobre sincronicidade, e
também um indício do inteoso envolvirento pessool com qtr ele se
aplicou ao assuoto. Cilo aqui o texto escrito por ele e reproduzido à
págim 120.
Iung escreveu: "Todos esses PÍoce§so§ rcgularcs sÃo causais;
logo, relativamnte ou em princÍpio, previsíveis. A sincronicidade ú
é considerada no caso de duas ou mais séries causais que se desenvol-
ven paralelamntc e qrr têm o EEsItD sigDificado; estor pensando'
por exemplo, no modo ootrD o esPftito ctônico (Serryrts Mercwii)
traoscende e integra o sídolo cristáo (peixe), e en6o vejo una ser-
pent€ de verdade apanhü e engolir um peixe. NAo M nenhuna co
nafu causl, ou ela é Pe$rna como na precopição' onde an pre-
vejo alguma corsa, que irá rcontecer vlírios reses depois. Não se
@ pessupor $E um eveilo frtü.lÍo Posss tcÍ um efeito causal no
p̀sente".
@ando dois ou mis eventos ooorÍem num dado mrrento do
teryo s€m qre um deles tenha causado o ouEo, emboa haja uma Íe-
laçáo niüdamenr significativa entr€ eles que ultrapassa as possibili-
dades de coincidência, essa situaçâo conÉm os elercntos básicos da
ll8
sincronicidade. Even0os desse tipo em geral envolvem indivíduoo ou
grupos diferentes. Pensamos sr e$e o caso nas ooonências sin-
qonÍsticas que e veriÍicam nas relagõe» interpessoais
e, ainda mais
notadamente, nos acontecfunetrtos históricos. Às vezes, também"
duas seqilêrcias distintas de eventos sem conexão causal convergem
num únioo indivÍduo, agrupandese em sua vida de nma maneira
significativa que vai atém daçoincidência. Emcertoo estados flsboo
ou rnentais, tatrto as doenças conxr as curas ..espontâoeas" podem
ser entendidas como exemplos de sincronicidade. A rcsma ooisa va-
le para diversas classifica@s de evenúos grc vêm sendo agon esür-
dados dentrro do canpo da parapsicologia.
lt9
A|./. tL..- ,"6 -lt u *<- 21{n.
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,,t'€;t,
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P lu,* lca-.4 í4-,
l. |M.,p.516.
t2t
A partir da totalidade do mrmcosmos, esquetDas específcos e
definidm s const€lam em toÍno dos arqútiPo§. Nâo sâo os arqÉti-
pos, poÉm, a @usa disso. As sioa@s se formam em torno deles,
rnes úo sáo causadas por eles. O popel especfEco doe arqÉtipos
nos fenôrenoe sincronístfoos paÍEce ser o de sen ir de eixo de cons-
tclssáo de um sioraçáo m tcmlxl, além de çr o fator de odenação
intema que cmprcsta o cenbio caracterÍstico à siutação. Dessa ma-
reira, apesr de cada um dos ooryneotes PaÍticulaÍes 69 rrma si-
tnasão til sido levado até o prcsente ÍnoÍpnto de temPo Por sua
pópria séÍie de causalidade, os arqúüpos formem um fator adi'
cional qrr atr;n dcpois da ocqrêncià dos efeitos causais. É esta or'
ganizaçao inerna da situ@ $te se e§abelece em relagáo sin-
cronística cm aqueles arquétipos atuante§ num determinado m-
rrenlo na üda de urna pessoa que foi ativada pelo afuisxnutx oo
nível psicóide.
O efeito constelativo dos uquétipos, além da causalidade, é o
que produz "coincidências sigrificativas", mais do que a ÍEÍ8 Pru
babilidade estatística permitiria. É imeressante Dotar que quando es-
tava redigiodo as proposiçôes Msicas do princípio de sircronicida-
de, Jung eryúou-se mrito em demonstr;ar seu objetivo por reio
de dados estaúÍsücos, mll.s esse trabalho estaÚstico só o fez passar de
paÍa outra.
'rme diÍiculdade
Um aspecto do problema derivava da natureza da experiência
estatística por ele criada, e qrrc tsatava da poasível conÍigwação as-
tnológica do Sol e da [.üa em casais, questâo essa bastaile coDtÍG
vertida Esta p,refensa "experiência astológi:a" reprcsentou uma di-
glessáo que consumiu tcmpo e qrr não era essencial pâÍa a coÍF
cepçáo da sincronicidade. Por coinciêrcia, os estalsticos e rna-
temáticos aos çais o editor inglâs confiou a taÍefa de verificarem a
validade dos dados, declarrm rcr sérias restriç6es a este uso da es-
tatístfoa. A consoqüência foi que a ediçáo inglesa do livro de Juog
soteu um grande atraso aotes que se pudesse chegar a um consenso
entrt os matemáticos.
t22
Jung ficou múto abonecido com os aEasos e, sobretudo, com
a natuÍeza das perguntas e síticas que lhe foram feitas. Achava que
e.ssas críticasao seu trabalho estatístico eram formuladas,e, q,r
houvçsse urna compreensão do significado interior do conceito de
sincronicidade. Assim, ouna câÍta datada de 7 de janeiro de 1955,
ele re escrcveu o seguin@: "Meu ensaio sobre sincronicidade ainde
não foi impresso porque ainda não cmseguiram entcoder-lhe o sea-
tido. Gostaria de saber por que as pessoas vivem com a falsa ir
eles*o- de que eu talvez não soubesse o que estava qnercndo
dizef'.1
§uma guüa carta, rlatada de ll
de setcmbro de 19í e endere-
çada ao Dr. Jarcs Kirsch, Iung aludiu ao assutrto num tom se.mo-
lhante. Observando o faüo de qrr muiüo porcas pessoas eram cáps-
zes de apreeoder o seotido de sua tee sohrp siocronicidade, acre§-
@ntava o seguinte comentário: ..Sobretudo náo entendem a exçelen-
te brincadeira que fiz com o uso da estatística astsológica; as pessoas
chegam inclusive a perwtr qtrc eu quis provar algume coisa em favor
da astnologia Quase nem vale a pena e incomodar com todo esse
rcnte de bobagens".z
Um curioso fator de emocionalidade se imiscúu ü, pensarpn_
0o de Jung no tocaote à sincronicidade. Do msmo modo, quando es-
tava desenvolvendo seus ou6os conceitos, entrou em ena urne gafiu
variada de paixões, corc costuna aconteceÍ semp[€ que rrme 9fu6
de grande originalidade está sendo criada. A situação com a sincro-
nicidade, contudo, paÍ€ce ter adquiÍido urna conotação diferente
desde quando ele passou a se empeúar serianpnte em formular o
conceiúo. Tantas frustrações cercanun o trabalho que ele conrçou a
fu.3*74Ú
fu '3râ' arr J..J^- .' a.4 p-r/- í4e A3-^
4- +^*; fti-) o-Z,l-5ffi .*-
-'u'A:J-.*;-hr-Pft- 4'fitt
-"-^ t'\7'a , nt nf" < '<-
i-a/bq|*.-''
l€- -r.r.--;
fu-J5
eÍ,ry.
t25
num contexto siocronístico. Nesse livro, Júng e§tar,â pnocurando
reivindicu PaÍte do vasto território $E sutl vi§ão de simmicidade
lhe permitira vislurrhrar. Mas essas PÍirEiIa§ tentativas foram múto
difíceis.
de Jung, no tocante à çestâo da sincronicida'
A irirabilidade
de, pode ser compreendida e avaliada em teflno§ da lacuna existente
entÍe a aEplitude de sua visão e as limita@s do qrrc ele Podia de-
monstÍâr e ransmitir às rentes racionalistas de sua geraçáo' A in'
nriçfo lhe peÍmitia PÍÊver $rc o princípio de sincronicidade poderia
ser aplicado a todo o co§Ims e, particularmente, em todas as áreas
relacionadas com a humana. Mas o alcance das pesquisas e
P§ique
apücaçôes qrrc aquele princÍpio oferecia era tâo grande' ao Pa§§o
que a tarcfa de o formular e dernonsüar tâo difícil, que o próprio
í-g * úu atolado, no rreio de unn intransponível faltâ de comuni'
cação.
No entanto, PaÍte dâ dificuldade e da frustraçáo qrr Jung sen-
tiu parece ter estado relacionada com una questão essencial de con-
teúdo, envolvendo o contexto no qual a sincronicidade pode ser tre-
hor coryreendida. É a sincronicidade um prirrcípio de interprctaçâo
especificarente relacionado com a experiência de sercs humanos?
se assim for, tÍata-se de um câmPo iEPoÍtâote com eÍIorÍÉ alcaoce e
aplicabiüdade; Ítesse caso, poém, é um campo definido e restrito à
pr€seoça de úda huoana. A outra possibilidade é que a sincronici-
àaa" sei" um princípio geÍal de conhecirento aplicável a todos os
fenônrenos da natureza. Nesse caso, é pertinente às ciências oomo
um todo, e não apenas àquelas ciências humanas que tratrn dos
fenôrenos e do destino da vida do ser humaoo.
Em inúrEro§ uechos dos escritos e conpntários de Juog sobrc
a sincronicidade, verificamos uoa ambigiiidade e ioprecisâo no que
tatrge a estas possibiüdades. Por um lado, a sua experiência Msica
era a de um psicoterapeuta lidando exclusivarpnte com as údas de
seres humanos, e os dados a que teve acesso eram oriundos das ú'
cissinrdes da existência humana. Além disso, as concepçôes que ha-
126
via desenvolvido e das quais possuía um coúecfurpnúo todo espe-
cial, tratavam dos processos ocultos e proftlrdos do &seavolvimen-
to humano. Estes coúecimntos especÍficos lhe forneceram a bap
pÊra sua conepçáo de sincronicidade e, por onseguinte, era de se
esperaÍ qw ele decidisse colocar a êúase sobrp a sincronicidade ba_
sicarcnte no domínio da experiência fuumana. Mas niio foi isso o
que acontoceu. Jung dispendeu seus maiores eúorços tentatrdo coo_
vencçr nib os psicólogos, mls sirtr os fÍsicos. Nos ifltircs anos, seu
diáIogo pÍincipol a respeito da siocronicidade foi com os fÍsico§ rrm,
\rez que passou a se interessar ceda vez mais em fixar a sincronici_
dade como um princípio geral de oonhecirento pliúivo a todas as
ciências, e úo apenas limitado ao esürdo do horern
127
sentar â sincronicidade soÍx) un princípio geral pertinente a todos
os domÍnios da ciêrcia, e nâo apenas conÍinado à diÍIEn§áo da expe-
riência humana.
A e frsica po in'
esperança de Jrmg em conectaÍ psicologia
teinrédio á" ,oo coneP§ão analíticâ da psique e do princÍpio de
sircronicidade exprimia uma üsáo múto ampla" No morreoto' a sua
consecução PaÍ€c,e Í€Dota, mas a idéia é muito sugestiva e contém
largas irnplicações. Ela inaugura possibilidades de amplas con-
poste-
seqiiências que seÉo de grande valia para nossa consideraçáo
rioi. e quesiáo imdiata, no entanto' é que esta visáo larp fez Jung
dirigr sua atençáo para as possibilidades rnais amplas da sincronici-
arÀ, u., com apresentá-la como um prirrcípio geral da ciência'
Ofereceu-a @mo um meio de interpetar toda a série de fenômenos
naturais, sem linitáJa a qualquer caopo espocífico' Em particular'
náo a restingiu à câtegoria de fenômnos que consútui a
principal
áÍeâ de .r"otot sincronísticos, aqueles em que a psique hunrana
é
L. Ibt<l.,9.516.
L ltút., Pp. 5t6, st7
129
siarag6es cotrtingÊotqsan qra o F@lrÍro ocont, o esqueN[a exprc8-
§o m aqrúipo sirylewnte se expande de rcordocom$lasGârac-
terísticas predominantcs, nâo de forma causal mas através do princí-
pio de organização sincronístico, na conÍIuência de tm detcrmimdo
trptrDtrto de Eryo.
Eraminando a ôpücidadc do papcl de mdia@ que o uqu6
tipo desryúa, podemos chegr à linha {s raciocínio que levou
Juog ao aspecto dual do priocÍpio de sincrmicidade. Na sua formr
Iaçâo, ele se apresenta nâo ryenas cotrp lm princípio arylo, inclu-
sivo qrc sc difrDde por todo o macrrcGrrxrs, mas rqrrüém com um
prioc$io mais restito, rplatiro especificarene a ewtrtos nos çais
a pslque se rha eovolvida.
Já vims $e Jrrng pm.nu a prbrt desu dupla conoepçáo, rms
que, náo obstaote, a foi dasnnolvendo no decorrer de seu tabalho
com a hipótese de sincronicidade. Devem ÍEcordaÍ que ele desen-
volvcu a concepção de sincÍonicidade enqümlo e ocupava de su
atividade fimdamntal, or seja, a interpreução e o tratareilo psicc,
terapêutico de se.us pac'ientes. Nesse sentido, a sircronisidade é um
poduto derivado de seu trabalho terapêutico. Sua nat&irprima s6o
as experiências de úda indiüônis, tal com rnng as observou à ltz
da psicologia analítica. Este material lhe orgeriu e o induziu a de-
senvolver o conceito de sincronicidade, nâ IIpdida em que reconhe-
ceu o fato de qrr o esido em profimdidade do destino humno in-
diúdual rEqrEr rrmâ perspocüva corylercntr, nais do qtr rtrr&
rente causal.
130
Einstein e a visão mais ampla
Juag apresena a sircronicidade, tro &u aspecúo mnis 66p[6,
crxü) um prircípio da mesma estaürÍa que a causalidade, especifi-
carcnte formuldo cotrlo rm reio de explicar o tipo de fenôrrcnos
r
çrc pode atribuir à "oqgqrizaçáo acaulql" encontrada em todo o
cosüxrs. Sob esc de vista, a sinqonbidade oão a
causalidade , antۤ subsisE lado a lado om elu Para ele, a sinqoni-
cidade é um princQio sui gercris, por dircito oato e eE eus prú
prios term. I S:g .algn_ggpg"Ífigq_ consiste em fqne*r um reio de
lidar com fenônrenos í.1'l a causalidade úo é srú- rt
9j6r,tq.
Na formulação deste aspecto de sua concepção de sincronici-
dade, Jung cita como exeryIos oo feoôreaos de desintegrqão do
rádio e toda a área geral de poblemas cauadoo pelas descontinui-
dades na ffsica" Ele alega que, visto serenr as "leis" causais mera-
rpale çsrqÍs1iças e não úsoluCas deixam toda uma sâ
ne ewn306 a descobcrto. nesE campo que ele oferpoe a sincro-
nicidade, não para contestú a causalidade, mas para equilibrá-la e
l. Iti<l.,9.481.
13t
coryleÉnüfrIa. É nesta área, contudo, em que Jttng aPÍe§entâ a
sincronbidade como um princípio a ser utilizado pela física rpderna
na reconstruçáo de sua visâo do universo, que ele úandona o tere-
no onde sua experiência pofssional e de vida lhe deram especial
corytência
112
vtf
Num senddo mais rcstrito, +
penas,m caso espgsial da acausal ".1 Nestc a§Pec-
br8 sincrooicidade é muiüo mais especializada e eoyolve, em parti-
cular, aqueles fenômenos oos quai§ I psique constitrri um fator cetr
tral. Neste sentido Í€strito e esp€cial, Jung afirma que "a sincÍonici-
dade é um feoôreno $e parcc€ estar pÍimoÍdialmnte conectado
com estados psíqúcos, grcr dizer, com prog§9g1p_!ncgg§91çq!e".2
No vocabulário juoguiaoo, quaodo se fala em "processos do
inconscieote", faz-se alusão direta ao furcionanpnto dos arqrÉtipos
e a todos os seuri fenômnos derivados, o que n<» leva a un outsro
aspecto da idéia já discutida de que os aÍqrÉtipos são rediadores
entste o iodivÍduo e o cosrps. No sentido mis imediato, os arqúti-
pos foryam aquela perte de seu ambiente ffsbo (ou social), ao qual
estão rclacionados a§ea ustar ao
qual sulsgúpÍiEs cansÍçútic€§-§ão @jqi, g§._rA sincÍooicidade. na
ura defini@ meis 1p56i1s, é o encontno de um eveoto
urna situação flsica corespondenE. Na exprcssáo 6" Jnngr
ede w
"a eqúvalência (Glciclwtigleir) dos praessos psíquicos e físi-11
cos".3
A qrstão da rclaÉo corporcntç entra rcsa defini@ de sin-
cronfoidade. Vários dos Emas que já debaterru atrtes, e qrrc vão
desde as fcmutaçóas abstratas & l-eiboiz até o habalho ex perinrn-
üal & podcm evenOalrnente, tal com os en@ndenros
dento desta perspectiva, levar à solugão do problema coÍpo''trrntÊ.
Abrerrse largas possibilidadas nestas áreas de estudo. Existe múa
pesquisa a ser feita paÍe se descohir as formas especlficas e as Í€-
lações amanes eoüp os arqútipos e <x pro@ssos fÍsicos, com
também a natuÍ€za sircronística dos prwessos psicofÍsicos em ge-
ral. Se lidarmos co!Íl (N rnaúeriú empíricos neste contexto, é b€m
l. Ibi.l. p. 516.
z. Ibüt. p.5tt.
3. b.l. p. 516.
133
.."rej pmsível desobÍiÍm§ $E estaÍps finalrreotc cm c6diç§ç3 de dÊ
Pl+ senvolner nmr hiDótêse dc Eabalho oue tlo§ rÍEita esadaÍ os a§-
Pecto§ edgDático§ , ttrls m vEÍ&de tmdaEotlis, do de§tim §Gid
e pessoal {9 gE1 [nmeno.
ty
Nasse perfudo de sna vida, Juog 6tava apenas no cory de
sçu deeeovolvimúo conoeionl, e re dcu a iryessfo de qrrc rhr
va diflcil EansmitiÍ a Einstcin suas idéias norras sobrc o inconscieD-
A
este Í€§peito, é intcrcssantc notú quê a Í€oeoE divulgasão
de docureatos íotinos dc EinsEin tsm revelado cue@
gpns dese@etrharam uE popçl múto imoÍtail€ na sua üda criati-
va Aqrlas @ov€rsa8 ônaft o alnogo@o@rsido mais pnoô-
tivas do que Iuog achayr, sohrctrdo porque agora sabems que
Einsteio possrú
"ma ensibilidade agusâds para as camadas profrr*,
dac da psique. No futno, talvez seja muib proveitoso o eshrdo mis
defalhado do rplacionarcnto entse Ju4g e Einsteiq em virürde paÍti-
qrlaÍrcnE do interessc de Einsteio pclo pensareoto hindu e budista
e de sua posterior &scri$o das qrutidades arqrc(picas do concerto
de rplatívidade.
Embca Jung possa Er exercido uns impoÍtante hflÉncia psi-
cológica eobre EinsEin, é inegúret grr a Eoria da relatiüdade sc
tortrou a besp e o poob de partida para suas pÍúpdas idéias sobre
sincronicidade. Em váÍias passagens, ele parooe egtar conrbnle-
rente procurando desenrolver um conceito que seria o eouivalente i rt r
da teqia da relrrti Uk@, acrcscido da pdqúca. J I rr
I
Ching, há poém üDa lácnnâ
Entre anbos, a rclatividade e o
çe procisa scÍ suPeradâ. Srper&la e estabelecer a conexão entle
arnbas as coisas rcpresenta um dc objetivos Msicoc da sincÍotrici-
dade. Essa é a razáo pela çal achava ioprescindível
não údâ inteÍpÍetaçâo generalizada do mactoccrms mas
ainda do estudo do mcÍoco$Do§ psicológico. os
tt6
:g3rpnEs opostos da vlla nuns foÍmulaçáo sipificativa é a tarefa
primordial do pincÍpio de sincúonicidade. Mesmo qw ele não o
cociga compleorcoe, o falo é que, por seu cooEtÍdo inereote, a
sincronicidade conbina os opostos do mundo extemo e do mrmdo I
1. lbi/l.,p.?.3l
t37
'Os arqúripos", diz luDg, "maniftStenr.s€ aüavés da snra ca,
púútdl de organizar imgpry e idéias." Ncse rntido , para Jrmg,
e oqútipa sáo fatqÊs dc orgEizâsáo espocfrcos que opeÍam no
rÊino da pciqrc. Eles conÉm pa&6es e modos definidos de orgaoi-
zar os contcúdos da pclSne ms, conforre Jung assinala, eüa coDfi-
guraçâo é "seqxe rrm pÍ{roesso ioconscieotc qrr só pode ser detec-
tado nm fase post€ric".l
É muito inpútaftoão esquooer cste aspocto fitodarrcntal,
embtrâ inconnenbote, doo a$Étipos. O fato de a pre.sença e a ati-
yidadê dc um uqútipo gó se tomuc,m visÍveis e ú poderem ser re-
Ir
§1 cmh€cidas nwt estágio Ncrior significl qrr a ativação e a cr-
pressão de um arqútipo Dâo pode srplanejada de anemfo. Sc elas
tivcrcm dc rconEcer, só o serão por rcio das técnicas mais sutis.
Em qulqur caso, (la arqútipos náo podem scr previstoe de m-
teú, con rcla@ aos ewntos eepondoeos da üdÀ Essa é a raáo
Msica da grande dificuldade de distinguir e dessener qualquer ar-
quéüpo em particular. É um erro dú,rmn oorcnclaina espocfn""
s úqútipos, apesar de o efeio úquetQbo, isúo é, a organizagao e
esnnraSlo ht€ma da psiqr poduzida peloo arqútipos, ser algo
defnido e rcconhecível.
Eis por gE, nâ palesra que proferi em Eranos em l!X6,2 .6r-
rei qrrc, cm tlltima análise, é incureto dar rcw
as arquétips, *
cm isso estâm pretendendo dizcr qrr cada um poasui uma
exioêocia eqecmca e indivilual. Mas é cmpto usr aquele EÍm
como adjetiro, pois nesse c€so estaÍemm falando do efeito arqcl-
pico gaal poduzido peh qnalidade oryadzâciooal dc ar$Étipos.
É a cge foter. oqwttpico geral que Jrmg es6 se referindo, co-
locando-o Da trFsnna posiçâo do fator malen6tico na fftica Cada
t. lbtd.,p. z,l.
Z lÍt hoSpff, fà" Moa Wln l@otls Cotrrrbtlrltes: Tlt hncr Mytls ol Mor
,bt Rub, Pad TAàL arrd C. G. Jrag, EÍ0Dd Jrhuch, 1966, Schópfug md GcÚtd
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138
çal rwe @ttp um fator de organizaSo denüo de *u púprio
domÍnio, e os dois jtrotos se complwntam, mstratrdo o universo
psicotrskn a portir dos dois aspectos.
Ad€Eai§, Jung obacrva que os arqútipo§ 'ópossuem uE asp€c-
úo não-ffsico", qrr é o asp€cúo Nüúülc de çrc já falams, e qrc
onstiari a forma primáÍi8 dos conErÍdos da psiqrp humana gue ain-
da não se tomaran espciEcarcne Écológico§, or qr se dcs-
prcnderam do nfitel pcioológio, apsoxinúse do cstado indif+
rpnciado da naireza- Aqui, no apo psi<:óie doc uqúfipoa al-
caoçsdo eúavés do ahissturu do níwl ren0al, oomem oo eveúos
que e Neste ponto, o psi- ?
oológfoo t€m mais prcfrDdidadÊ do $r a peiqrr. Ele se torna não
poÍquico e, por conseguinte, oão mnir dtferenciado do aspecúo fÍsico
da
Tür*r"
utD do fcma-se tm continusn oo ur a ocoÍrer Ít
ewntos sitrcÍonísticos.
Nestes Emos, é possível perceberma toda a cooce@ e a
visão de unirrcrso de Jung deotno da qual o pdrcípb de eincmnici--v,it4
dade está ahuodo. É. de fato. uma visáo pleoa de mrndo. *a
pcr- leji[
cepEão nos ajuda a en@oder relhor as razõe.r da ineistência de Jung
em eofatizar os aspectos mais amptc do pincÍpio dc sitrcÍonL:idade,
a despeito da dificuldade qu€ €ncootsrou enr descrpvàlo e a despeito
do faúo de estar consciente das mrit$ árcas eryocÍficas de experiêo-
cias pessoais e sociais nas quais aquele prircípio podcú scr apli-
cado.
Jung sentiu cotrxr eÍa impoÍtaote, apesar de sua sutileza e cor
plexidade, comnicar esta visão do universo na ual o
de simooicidadc um rpservado ao lado do
pio da Em consegüêocia da intincada exposiçáo que
acábam & turr, podems ÍEcooh€er gue €ra esta a perwpção
pessoal de Jung sobre o seu púprio Eabalho. Ele achava que o qw
estava desenvolvendo em sua tcoÍia de sincronicidade eta rm
prircÍpio eqúvalente e orooorcional à úeoÍia da retrrtividade criada lt
ttg
por scü velho migo EinsEin. Sru toqia tinha o rÉrio adicional de
I incluira dimnsão da psique numa visâo global do universo.
Esta cra a visâo particular de lung do çe esuva fazcndo ao
trabolhu com o princípio de simonicidade. O problema é çe se ele
tivessc dito isso liualmnte, tcria dado a iopressão-de estar sendo
facilnente ter sido rcusado de vaidade
prÊúeosioso demais e podêria
e desmdida adigáo intelectual. Na verdade, ele foi iniustamnte
rcusado dessas no críücos hostis ue náo
ram de suas idéias. Fe,rce.bcndo agoÍr a visáo subjetiva que lung ti-
úa da iryortáncia do que estava tentatrdo fazer no çe diz reqpeio
ao pircfuio de sincrooicidade, comprtendemos tmbém PoÍ que, ao
trabalhar @m ele, tântas vezÊs se irritava e sc sentia frustraô. Sua
visáo era tâo rica e essercialrcnte oo eDtanto, ele úo con-
segriu reduzi-la a uma fórmula qrrc pudesse comunicar, nem foi ca-
pz & üzcr açilo que precisaÍia scr dio a fim de exPressaÍ sua
visão. Dessa maneira, o objetivo lhe escryava, deixandoo irritadiço.
Seja como for, ele fiudou e levantou os úcerces até onde lhe foi
,l possfircl. E é em cima decaes alicerces criadoe por ele que as ge-
) ra@s seguintas devem coosúuir.
l4
XI
Da sincronicidade ao fator
transcausal
Chegams agoúa, em nosso esttdo, ao ponSo onde podems
coúlosár a discutir que formulqáo ou rpfinarento adicíonal de con-
ceito pode ajudar o princÍpio de sincronicidade a se Íixar e a se ex-
pandir de modo a Íealizar sua pÍonrcssa- Um primfuo indÍcio oesta
direçáo vem de uma nota de rcdaff que Jung inseriu naquela pales-
tra proferida em Eranos em l94{í, à qual estivems nos referindo.
"Sincronicidade", disse ele, "um term pelo qual devo ser rۤpon-
sabilizado, é uma expressão inadequada na mdida em que só leva
em conta os fenônpoos do Empo."t
147
Com a finalidade de aprofrrodar esta pesqúss, podemos explo
rar áreas de estudo onde o trabalhojá rcalizado impücou a reuniâo
de dados relevaotes para a sircronicidade. Duas êssas áreas fazem
paÍte da minha experiência pessoal. Um é o estudo coryaraiw dc
vidas, ral oorno vem sendo conduzido há mútos atr«xl no hstituto
Superior de Pesquisas em Psicologia Analítica A outra área se
corrpôe dos dados criados e coligidos cm paÍe do método de
crescimento pessoal através do registo de itfonações mt fortto dc
diário wrdluzido pela Dialogue House.
A pÍimeira árca & trabalho, o estudo comprativo de vidâs,
envolve a rcvisâo minuciosa do deseovolvimnto interior de vtírios
indivíduoa através de todos os ciclos de suas experiências. O exame
do fluxo de experiências nas vidas de pessoas de todos os üpos, de
todas as posições cultrrais e sociais, bem-sucedidas ou náo, serve a
mútos propósitos de coryreensâo [nmnna. Sem que houvesse urna
busca interrcional, descohrimos um núlrpro considerável de expe-
riências sincnonísticas no decorrer desses estudos. Uma hipótese par-
ticular que vale a pena ser investigada é verificar se a úda dessas
pessoas que podem er classificadas de "pessoas criaúvas" revela
alguma tendência dcternioada para a ocorÉncia de eventos sin-
cronísticos. Se esta hipóese vier a ser de algum modo confirmada, é
possÍvel que s$âs implicagões sejam da maior irportância,
150
dc Blackstore. Foi pois a quisisão casual, or sincronístice, destes
liuos quc peruitiu a Lincoln vir a ser un advogado e, finalmoÍe,
iniciar sua canpira potfti«a.
Havia rnu série ceusal cootÍoua atuando oa üda de Litrcolo,
cÍiado sugestões sobrp o seu destitro e eochendoo de desespero
por viyer num mbbnE limitado e de escassos rEcunps. Ao mmo
@mpo, havia uma seqiiência causal na úda do estanho que enÊen-
tava Empos difícei§, seodo okigado a vender ürdo o que pcsuía
pü um dólar. As dr.ras séries de eventos não tiúanr neúuma @
Esão csusal ligando'as. Num determinado e significativo mrento,
@ondo, ambas se encontmrÍL O que houve foi a atuaçõo do fator
tranmual oa siocÍooicidade, gÊrando resuIados inesperados.
A compra do barril efeonda por Lincoln, cmtcndo, sem ele
§aber, 6 Cqentária de Blacksúorc, é uo exemplo da ocon€ncia
de eventos sincronísticos oa vida do ser humano. É ura prova da
sinsonicilade, mas tarnbém pode oos servir como um sÍmbolo de
que a sincronicidade acabrá por nos conc€der ura riçreza de co,
nhecimoto de forms inesperadas e oodc renos esperamoo. Mas se,
a exemplo de Lircoln, confiarms na toolida& do momenúo, Ems
algum mtivo para acreditar que a vontadc de Iung htí & se curyrir,
toÍaaodc.§€ a inadçáo urna fonE de súer para todos nós.
15l
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