Você está na página 1de 153

ffi.

L
--t
IRA PROGOF'F Outras obras de interesse:

c O MMO DO SIGMFICADO NA OBRÂ DE


crq
c C. G. JI.'NG
+ Aniela Jaffé

JUNG, ENSAIOS SOBRE A PSICOLOGIA DE C. G.


JIJNG
Aniela Jaffé

z
1/
SINCRONICIDADE O DESENVOLVIMENTO ADT'LTO DEC. G.
JTJNG
John-Roplael Stande
.A
z
-
E A GNOSE DE JLjNC
Moíos
Stephon A.
-
Hoello
E os Sete Sermões aos

Z DtrSTINO HUMANO JIJNG E O TARO


tullie Nichob
A PSICOLOGIA DE JT]NG E O BUDISMO
- A Te«rria da Coincidência Significativa TIBETANO
Radmila Mucanin
cle C. G. Jung
1./
C. G. JIJNG
W.
-
Entrevistas e Encontros
MacGube
|

in AS IDÉIAS DE ruNG*
Anthony Sron
itl
.,n TNTRODUçÃO À PSTCOLOGIA JUNGUIANA
-l
'Z
&I"-in S. Hall & Vemon J. Nordby

c O ATO DA VONTADE
Roberto Assogioli

e
".1-,, CoMPLEXO, ARQUÉTIPO, SÚ{BOLO
Johrule Jacobi

P EGO E ARQUÉTIPO -
A Indiüduação e a
7. Função Religiosa da Bique
Ednurd F. Edinga

FRETJDEAALMÂHI,JMÂNA
Bruno Bettelheím

Cultrix
a
JUNG, STNCRONICIDADE E
DESTINO HUMANO
TÍtub do oriqina&
Jug, Syrchmnicity, and Hwwt Dcstiay

Copyright @ 1973 by lra Progoff.

Publicado sÉdiantc acoÍdo clm


Thc Julian Press, Iac., rcmbro do
Cmwn Publighing GÍoup.

E tlc.lo ADo
t.r{.t-!.C.t.l.e.l0 t0.e0.el.e2.e3.er.e5

Direitos de traduçáo para a lÍngua pomrguesa


adquiridoa com cxclusivitade pela
EDITORA CI.JLTRD( LTDÂ.
Rua Dr. Mtírio Yienre,3?4 - 0/,270 - Sáo Paulo, SP - Fone: 63-3141
que se Í€servâ â pÍopriedade lircrária d6ta lÍadução.

Inprcsso nas $cinos gr{lr,as fu Ediora Pcnsanuno


Sumiário

,!1 Intcrprctação do r,Íriverso mrÍItiplo:


Jung e Teilhard de Chardin, 7
uJt Sinqonicidade, ciência e o esotérico, 15
tr/ ru b
frrng e a utilitary;fu I Ching:
uma experiência pessoal, 25
v/w
,/v Os frndamcotos da sincronbidade,4T
Além da causalidade e da t€leologia, 59
tx/w Leibnize oTao,65
ü/vl fuqútipos e o esque.ma de EEpo, 73
utr A bose sincpnfuica de eventos parapsÍqúcos, 87

\r'/
x O fuociooarento da sincronbidade, 1l I
X Einsein e a visío mis ampla, l3l
)g Da simonicülade ao fabr transcausal, l4l
Bibliografa, 152
I
lnterpretaçãn do universo múltiplo:
Jung e Teilhard de Chardin

Um das grandes expectativas çe o século XD( m bgou foi


sua cmfiança em $p oo údoo das cências flsiras s€Íiarn igual-
rente bmsrcedifu no esürdo do hom. Essa esperança, é claro,
não se corcretizou. Durante a geração passada tqrou,se necesúÍio
rever alguns dos conceitos frrndameoCris da ciêocia a fim & dar er
I
paço urla pempectiva mais aryla e mais equiliMa Ficou claro
$rc o otimistrD inicial reflefia a excitação e a exuberúncia daépoca
em que o método cienffico estava, pela pr-ireira vez, d€mostrando
suas po*sibilklades de êxi0o. Era o enursiasmo dpi;odajuveotude,
Ínâs agora chego o Eryo para as reflexões da matuÍi-
dade.
À reaiAa çe roconheemos a existêrcia de muitos aspectos
do uaiverso, gue cada uma desas dirnsões @ exigir
um prfurcípio de interpretação capaz de refletir as zuas çalidades
irerpotes especiais. A complexidade de um uoiverso hfinito pode
muito ben rcqueÍ€r vários priocípios de interpretagão nos nÍveis bá-
sicos que precisam ser apreendidos. Esta pocsibili«lade é o ponto de
7
partida para a investigaçáo descrita rc§te livÍo. É nesta perspoctiva
aryla e geral qrr examiDâm prircípios alÉroativos à causalilade,
especificarente a hipóEse ProPo§ta PoÍ JuDg do pircípio de sútt'
cronicidde qw subddio e corylereno às leis de causa e deito.

Muitas pessos sent€m Púofittrdâ tuslraçao çando se dÍio c'qr


ta dÊ que a ttEnte humna e o destino da üda individual úo podem
ser reduzidos ao tnesúxl tipo de leis causais que constinrm oe ins'
truDentos básicos da ciêocia natural. Esulioso§ de psicologia e da
sociedade relutam em admitir çe dtodos çe revelaram uma fo-
cundidade impressionaote em outnr§ áÍeas de pesqúsa' PodÊm não
ser necessâÍiamtrtÊ aplicÁveis àquelas. Esls deficiência deixou tm
vazio em mitas áúeás de estudo do hmrcm, Eta§ novan sugsstôes
esÉo sendo criadas e, o que é bsstaotê e§tÍaúo, nas pÚprias &eas
em que a ciência tem logrado rmior êúto. Drante a gsra$o pessa-
da, o avanço da ffsica teórica levou ao rpconhecirento de çe há um
faor disponível, indeterminado, em açáo aÉ resm no uninerso ff-
sico, e qrrc o elerento & irettza é bostâote arylo a ponto de exi'
gir Eodificaõee iryoÍtânt€§ no pri.rcSio de causalidade. Em lugar
da fé absoluta e dognática que o século XD( colocava na caualida-
de, está surgindo agoa um novo ceticisfr) e umn coD§ciência de qw
toda essa série de quest6es deve passar por uma revis6o crÍüca
Mútas pessoas chegararn a peroeber que a uoilateralidade do
racionalism é spnos ríi, exprcssâo da atiEde cienffica do que
uma cÍençâ obsoleta num versáo linitada da ciência O fato de Ete
esta cÍen§a esteja Spratrdo seu p'rÚprio ceticim é oomparável, em
múos aspectos, ao desenvolvirento (b trmâ atitúe éúca eÂtse o§
prireiÍos cientistas, tendente a rcjeiur as conúoç6es religiosas da
Idade Média [d6mais, esse ceticism está abrindo coiúo para
novas concepções básicas. Atualmtrtc, deixa'se de conceber a ciên-
cia eD teÍDos de um rrcionalism restritivo e Pass&§e a coryÍ€'
end&la no pleno sipificado genérico da palavra ciêrcia, oorÍ, sa-
ber, como a busca total do seÍ hnmeno poÍ conbimÊtrto. A§im, a
ciêrcia modema vai se libertaodo crdravez mai§ das inibi@s qte o
8
viorirnim hteleúnal da mcotc Íaci@ali§ta lhÊ iEPô§. A nova li-
hdade eslpossibilitado aborduos fenôrenos do
de inve*igaçáo
uniwrso de uma p€Íspectiva múto Eais aryla.

Neste çsPírito, oom base numa forte intui§ão dc que existe tmn
coaespondência, ou pelo menoo um paralelo, eotsrp a ativilade da ff-
sica teórica e suas prúprias pesquisas em psicologia Fofunda, Iutrg
coryu a formular, m final dos anos 20, o princ$io de "relaçáo
rcousal", a que deu o rcr-& sircroúcida&.
O conceito de sincronicilade lb foi originalreoE fltgcÍido
pelas obsewa@s grr ele fez ao estudar a§ camada§ prcfrudas do
.pff(Si-resm), em especial quando notou a couela$o €oüp a açúo
dos mntccirentos nos sonhos e o estilo dc interpreaçao $p €r
ooofuu eB c€rtas €stiuuas e com6rio§ clíssiços cbúis, sobrp
udanças por que pas§a o destino oo @werde uma vida hunana
Coúudo, o inpulso itrÊdiato para formular os dealhes de zua hipú
tcsp, veio do contrto com os ffsiços Nils Bohre Wolfgang Puli
lb
e de sra antigê amizáde çom Albert Ein§tein" No curso de seus de
baÍcs com elec, Jrrng peúse,beu a equivalêrcia do átm com auni-
dade básics do mundo ffsbo e a psique do ser humam. Essa coups
pondêrcia aÉnht&§e ainda Eais çaodo sc comPaÍa o ábm çom a
concc,pção da psique çre Jung dcsenvolveu cottx, sou método carac-
eútico de sondagem das profuodczas do ser humano.

Obaerurndo a analogia Juog imsgitrotl çe' se grandes çanti-


dadcs de emgia Podian ser libcradas roryedo+e a unidade eb
rentar do átom, quantidadas eqúvalentan de energia podcrian ser
produzklas se sp úrissem de iSital mneira as proÂrndezar da psi-
que. Esta oo6vel intuiçEo e hipótese o levaram a deslocar sras in-
testg.ç6t" pora áreas pouco conveocionais. Hoje rrcmo a petinêo'
cia do qrr ele estava fazendo, mas durante o segundo qttaÍto dÊse
século, guando Jung conduzia suas investigagóes principais' os
campos de esürdo aos quais suas inhrlpes o levaram pareciam rcal-
ren@exúicos.
9
Um rcsltado dfuúo dG pesquisas dc Jung em &eas $D seus
cooEryorâDes rcjcitrvm e rlücularizavam é o conoeito dê sincru
dcidadê, por elc aprecentado com um meio de preencher uma lacu-
na na visáo de mundo cbnffica, mais particulamrntê com contra-
peso ao pircípio de causaliladc. Contrdo, o que distingrr a siocÍD
nicfoladê é çe ela irclú tanto os ftnôrems físicos como os nâoff-
si;os, considerando-os em relaçso nfuunl, pren significariva
urr§ ao6 oÍno§. À mdida que forms avançando nest€ eshrdo, verc-
ms as inúEras e sutig nuanças de sigpificado contidas nesa afir-
mç6o. Enüttano, o ârnago da quastâo é qrc Jung estava ocupado
em deçorclver um princípio de inerpretaçâo que possibiütasse a
compreen^Oo de fen6meoos qr envolvem a psiqrr hrmâtra e que se
situam além dos oíveis de consciência.
O pópio Jung oÃo faz rpferência a Pierre Teilbard de Chadin
rc abordâÍ o a§$nto, aioda que a comlogia evolutiva de Teilhard
oferoça uma perryectiva na qrul s peroebe a iryortância da hipóE-
ç da sincmnicidade em todoe oo aspoctos da eúsÉncia
Na úsáo eqrrmática de Teilhard, o procÊsso de evolução
avansa afavês ds ,ms suc€ssâo dc esferas qrrc culminam na noosfe-
ra. Ele dclimita um nrí'nero de es6gios sucessivos no pmoesso eyc
lutivo, aos qruis tamMm chama de ou "esftras". Desta
fama, Teilhard rcbiooa a brisfcm, a litosfera, a lúdrosfera, a ab
nasfem, a estct osÍera, a bioslera e, por fim, a nusÍera. A carac-
Erística primáÍia dostas esferas, dentno da perspectiva idealizada por
Teilhard, é sua relaçâo com o surgirento da úda e com o desenvol-
vimnto pocúerior desta no eÁpíÍito hrrmano. Por consegu.inte, os
pÍimiros estágios que ele de$rcve rc referem à oondiçáo do univer-
0o aoEs de a üda tcr evoluído. O surgirento da úda tÍatr§poÍta a
evolu@ do universo pra um nível significativamnte mais elevado.
A üafcm, na forurula@ de Teilhard, contém todas as expressões
da vlla, taoto nss famas veçtris corno tras animais. É mste nível,
o úwl ü biosfem, Erc a espéc'ie hrrmans aparcce e, com ela, um fa-
tor de transtoÍDasáo radical entra na evolu@ do universo. A úda
l0
do s€r hummo gcí,ã- a neno ç, por fim, os produos criativos do
e.spírito. A paÍtir dcst€s, fcma'se um reino ultcrior qrE rcPrcsento
um nívçl de evolu$o qualitativrmotc superior. A rcosferu, a ed€úa
do espftito e do significado, abtusc agwa diante dc nós com a
grande potencialidade da exisÉncia humrnr"
A rwsfera é a dircnsõo da realidad€ na qual se oçressa a
qnalllade especial ds vi{tE humroa A dcscÍição qrrc dela faz T€i-
lhad é Eais visionária e iryressioniso do qw literal; ainda assim, a
concepção que ele tcm em renE é definila e rica em zugestõcs. Na
visão Eilhardiana, a noosfera é uma camada da realida&, ou "invó-
lucrc", eavolvendo a Tera cotrp tlna atmodera Tral&'§e de uE
invóluc.ro em torno do maúerial, mas ele resoo úo é material Pe
der cooceôSlo çom coorposb de parío{as de oonriêrcia hw
Íuoa; estrs são, por assin dizer, çeotelhas qne se erguem das elpo'
riências da psrCue humana Dest€ mdo, a noosfera não existia antcs
do surgireoúo d9 sca h'mano Do oeoíÍio evolúivo. Os conterÍdoo
dcla dcrivam d8 úda acuDulúiva do horem e são formados pelas
expcriências intedoÍes da bumanidade, em especial aquelas qw
ooorrpm no nível p,mfudo de çonscÉncia Nesúe sentllo, o dpscn-
volvimenúo da noosfera é uma emgêrci8 da vids htrmene e, porti-
cularreob, da evolu@ posterior do horem em tcrmos da dirensão
inerior de sua existêocia

Vico que a noosfera, corm a diÍEosão erergpote do horem


no prooesso dc evotrqáo, difele qualitati\rareoto em seu çooteiÍdo
do das ederas que a prccederam, é possÍvel deduzir qrc oo pincí-
pios pelos quais ela @ ser compecodida e interpretada também
sejam diferentes. As leis de causa e efeib calvez rjam ad€quada§
psra se enten&r a operasão daquelas leis qrrc gov€mam o fimcie
namento do universo nos es6gios anteriorps ao srqgircDto da vida.
Estas leis causai§, juntarcn@ com os prircÍpios da @l@togia org$'
nica, podem ser suficientes, num nível posterior, para nos Permitir
comproender e interprptaÍ os processos que atuam no nível do uni-
verto onde a vida vegetat e anfunsl esúÉ preseote, assim om oo oí-
u
wl M ttiosÍem. Mas, alguma coisa mais sê encotrtra prcseÂte ta no-
o$era, e, se aconponhaÍm a cooepçáo geral de Teilhard, há
razõas pra infcrir, qtrc é necessário um prircÍpio iotrpretativo,
além da causalidade e da teleologia orgânica, pra se entender a na-
ürrcza dos e\rctrtos que oconem dento delu t
O prúprio Tcilhard, tro eotanto, não considerava iqorante a
aplicaçáo de pinc$ios ioterpretativos a cada rtmâ das esferas maio
rcs por clc descritr; Juog, por sua vez, náo reconhece a validade da
concepçáo sistemática dos níveis de evoluçâo es@ada por Tei-
lhard. Todâv'la, o confionto dos dois lhes aqescenta urna nova di-
mnsáo de signiÍicado. De um lado, a perspectiva tcilhardiana for-
nece unâ estnrnra na qual vemos o sigriticado evolutivo mais am-
plo do conceito de sfurronicidade. De urúo, a pópria concepçâo da
nocfera implica na ressidade de um princípio especial $e permi-
tâ abrangÊr os e\rcntos que nela oconem. Teilhard, poréNn, trâo o
fcooce; sua descriçao da noSera revela-se basicarrente inhritiva
De acodo oom sua inteÍprctaçeo, Íesulta claÍo qtre o bwólucro da
rcosfera é formdo progressivamenE por eventoo individuais ocor-
ridos dento da psrqrc no docorer de expcriências humanas. Mas o
próprio Teilhard nâo se peocupa em determinar que faroÍ€s, no inte-
rior da psiçe, criam os conteúdos da noosfera. Tampouco dá mar-
gem a saber que princípio interprctativo nos permitiria entender o
mdo de frmcionarmnto hterDo dâ noosfera.
A obra de Juqg ofereoe hipóteses espocflicas que tros possibili-
tam entêndÊr a oâhÍeza dos eventos coD os quai3 se constnói a no
osfera De modo algum, Iung previu esta ful@ para sua idéia de
sincronicidade, Das ceÍtramentê nme dns conribúçóes iryoÍtant€s
desta consiste em completar a nova e crÊscÊntê visâo do nniys1so,
exerylificada em aubtps com Teilhard de Chardin. É o que Jung
laz de duas mareiras eqpecfficas, que veÍernos em detalhe rmis

l. Pi6ô Tcilhrrd dê Chrdin, Tlr. Ph.túrnron o/ Man, hlduzido poÍ BêÍtrâÍd


W!lI, tlorlâ YoÍt, H.Íp.Í & BroôêÍ3, I9S9.
12
adiaot€, em rxrssa discussão sobre a sincronicidade. Na prfuneira
com sua teoria dos faüores arquedpicos que oprarn no interior da
psiçte e particulamrne com sur d€scÍição das inúEÊras fo4as e
eoergias contidas rrcs aquétipos, Jung fomece um Ítrétodo de cocr
preensão da nanueza das experiências hunanas que formam a noos-
fera- Na rgunda, com o princípio interpretativo da sincronicidade,
ele nos proporciona um meio concreúo de explorar os caminhos sutis
pelos quais, originandese das profundezas da psique, eventos e per-
ce@s de significado especial são criados.
Desta maneira, rccebemos de Jung duas hipóteses embrionárias
com relaçáo, prirciÍo, aos conteúdos e, segundo, ao princípio de
openção da noosfera. Quando traduziÍrps E expÍ€ssáo cuúada por
Teilhard em tennos de seu significado mais geral e a \remos como a
poota de lansa da evolução que emerge das experiências do espíriúo
humano, a mútua cooperaçáo de Jung e Teilhard de ChaÍdin Soma-se
clara. Ambos conuibuem para a oova yisão de muodo que vem ts
mando forma Ípsta gerasão. A visão teilhardiana de evoluçáo espiri-
hral expande a perspectiva de terrpo e, dentro desse contexÍo, o
princípio de sincronicidade teode a de.sempeúar um papel importan-
te tanto como una hipóEse ciendfica, quanto corno um rneio de ex-
peri&rcia na liúa de fpnte da vida onde a evolução es6 se pÍoces-
sando,

t3
il
Sincronicidade, ciência
e o esotérico
Os cooExtos cm que Jung discuE o princÍpio de sinsúonbids-
de ofe.rocem uma inErpssane combinação dc opostos. De um lado,
ele coloca su"s discussóes deotro da estrutura da ffsica teóricq rcla-
cionando a sincronicidade oom o rtexamp, da paÍtc de muitos çien-
tistas, da validade da cursalidade como princípio inErprctrtivo thi-
co. De outro lado, ele se rpfecp a vírios preoeitos esoÉricos e ocrrl-
tistas de épocas pré+ienfficas c{rü, indícios do rcconhecirento in-
§ritivo, por paÍte do horem, da presença do prircípio de sinçronici-
dade no uoiverso. Estas duas fonEs de dados, os cieofficolacionais
e os esotéricos úorrcionais, @em parecGr conflitanEs, mas não
sáo contraditórias. Tracn-se das duas frces dc uma única rpalidade, e

',m dos llropósitos de Juug é fazer com


ge percebams sua qualida'
de comume sua relaçáo rccÍproca
Um efeito, conürdo, d8 fusão dç materiais tão diversos na ar-
guÍrentação de Jung é que suas @orias se tomaram suspeias c
tamHm desconcertantes pora rent€s mais coowncionais. Dada a
amsfera hElecoral üçntc ao longo das tr€s décadas passada§, ee
ta é runa das principais razões pelas quais a sincronicidade em rpce-
bido escassa atenEão aé agora-
l5
Duranrc os arns em que esteve desenvolvendo suas tcorias
mais importantes e lurdanenrÊis, Jung reconeu a sistemas innritivos
de pensarrnto pré-cienffirco como fontes de dados para suâ inteÍ-
pretaçâo psicológica, Esse prrcedinrnto escatrdalizou inúmeras ve-
zes aqueles que se achavam mais "cientificos" do que ele. Na ver-
dade, Jung estava simplesnrcnte tiraodo pmveito de fontes adicionais
de infomr,açâr; porém, aqueles que não entenderam o que ele viúa
tentando fazer acharam seu compoÍtamento nâo<ientíÍico. Exemplo
disso é a iotnodução que Jung escÍ€veu para a edição doI Ching,en
lÍX9. Nela, ao sugerir umà base paÍa os resultados fanúsúcos que
os rnétodos ú I Ching não raro obtêm, ele se ÍEferia à sincronicida-
de como um priocípio interpretativo que nos permite entender de que
forru os oráculos ou as leituras proféricas do t Ching funcionam.
Ele a apresentava entâo ooÍ)o um princípio geral que tem sua inr
portância inclusive no câmpo da física nras é fácil perceber de que
modo esse tipo de discussão restringia a consideraçâo que ele @e-
ria receber nos meios cientúicos.

Outro exerqplo de incompreensáo ocorÍeu quando Jung fazia


sua apÍesentaçÃo básica da sincronicidade naquele que veio a ser o
linico üvro completo que dedicou ao assurto. No decorrer dessa
apresentaçâo, pmpôs uma experiência destinada a demonstrar a pre-
senga da sincronicidade com dados estadsücos. A dificuldade com
esta experiência é que J'rng a pÍopmha em tênnos do relacionanpn-
to entse os signos astrológicos de cônjuges. Esse üpo de ..experiên-
cia" também estava fadado a úo se mostrar convinoente, ConloúDe
v€rErms adiante em nossa âBumentaçâo, ele acabou nâo conven-
cendo nem âs pessoas de rnentalidade cientÍfica, deúdo ao seu con-
teúdo asrológico, tampouco os mâteÍúticos que rejeitaram o
rmterial estatístico. Estes siio exemplgs das ÍÊpetidas vezcs em que o
estilo de apÍesentaçâo de Jung colocou obsúculos no caminho das
teorias paÍa as quais buscava confrmaçâo, Sobretudo no caso da
sincronicid-i", que constitui urna higítese com um signiÍicado geral
múto rnais amplo do que as categoÍias em que convencionalmente
l6
se incluem a astrologia e o I Ching, a apre.sentação @ fung esteve
sujeita a nral-entendidos desde o inÍcio.
Não obstante, o faüo é çe a sincronicidade tem umr @oúi_
búgão impoÍtaffe a nos dar no esclarecirrenÍo e compÍEensáo pÍG
tuÍrda das diversas técnicas de abordagem da experiência humana,
tnis conro a astrologia e o I Ching. Essas técnicas de abordagem têm
sido consideradas suspeitas pela rrntalidade modeÍna viso gue não
podem ser entendidas à "luz árida da ciência". Na realidadc, oâo
(no sentido em que os pr{-socráticos falavam em "al-
mas úmidas"), mes embebidas pelas águas que fluem nas regióes
profuodas da psique. O interesse de Jung pelos vários tipos de má
todos e preceitos esotéricos baseava-se na sua percepção aguçada de
98, de algum modo obscuro, eles expressavam o "subterrânoo" das
experiências hurnanas. Não devem ser tomados lircralnpnte, mas,
assim conrc os soúos, devem rerpcer a oportunidade de falar por si
nr§ttros dentno do cont€xto de seu prúprio simbolismo inato. De ta-
to, Juqg incumbiu -se de dar aos ternas esotérioos e ocultistas rrma
oPoÍtunidade ds se mínifes(a3 e revelar cada qual seu estilo pecúiar
de sabedoria E foi o que fez através de interpretações e intodu@s
a linros sobrc esses assutrto§, grrc abrangem Ltemlrcnae &, A aZ, de
Alquimia a Zen, passando pela Astsrologia, o üvro bs Mortos, o
Tafi, o I Ching e mú3os outros t€oas exúaÍdos de culhrras antigas e
primitivas do Oriente.

Todos esses preceitos e rnétodos eram "verdadeiros", na opi-


niáo de Jung, no sentido de que haziarn uru percepção da Falidade
oriunda dos nÍveis úo.conscientes e inuritivos da psiqw. Não eram
"verdadeiros em si npsnps", enquanto descriçôe.s da realidade ex-
terna a sercm tomadas ao S da le0a; eram, isso sirn, descri@s da
pafuiagem interior e, nessa condição, verdadeiros enquanúo per-
cepções simMücas de uma dirpnsão da Íedidade que só pode ser
alcançada hdiÍetamente.
Com esta afiÍmasão, cheganns à idéia fundarrental na obra de
Jung gre lhe permiE lidar oom "fatos psicológicos" sem tratá-los
t7
soElo latos "putaDntÊ" psioológicos. Sabems qrr existe rrme di-
m.Dsâo da experiêocia b"mam que Dão é extema a nó§, m sentido
dê que possâ ser diÍ€tt e oottcrctsmente apreeodida. Ao cooEário,
ela est6 dêotÍ,o de nós, embora a palanra dato tasffm precise ser
eotendida retatoricamnte.l Isso porque ela reflete uma profundida-
de em ús coÍDo serps humanos e também uma profuodidade do uni-
vcrso. Se oompreendermos uoa, comlrecoderems a outra. Mas isso
oâo pode ser feito diÍetarcnE, tal como faríamos estendendo as
m6os para pegaÍ um obleto. Só podemos fazer isso de maneira indi-
reta ou simMlica.
Assim é a essêmia dos preceitos e métodos e.soéricos e ocul-
tistas do passado. Consütuem PeÍpePções iDdiÍetas e simMlicas de
uDa dirÍÉnsâo da realidade que não podem ser atingidas de nenhuma
ouEa maneiÍa, Aqueles que nâo compreendem isso e julgart esses
preoeios pelo seu valor aparente enganam-§e redondalrcnte e' por'
EDto, acham que tais abordagens náo passam de supentigês. Não
sâo de maneira alguma superstiçfu, a nvnos quc *jart tomadas ao
É da leEa por aqueles qrrc rclediron nelas. Nesse cago' Pa§§atD a
ser verdades dogmáticas e, assim, §e tofltam Íalsas em relaçáo à ver-
dade maior qrr esâo espelbanô. Quando solidificadas, exteÍnaliz&
das e tratadas oomo o Íinico rÉtodo, tendem a degÊnerar em suPenF
tiçôeÁ. Desde, poém, que Permaneçartos flúdos, são corno os so
nhos protrodos e os mitos que mantêm uma viva ligaçáo com a
complexa e tratrspssoal realidade do universo' Então, o simbolismo
de câds urn fonrece un útúo Embora Deúum seja liteÍaünent€
verdadeiro em si mesmo, todos o são de algurna lorma e até etlo
ponto conn veícula parúoxais que se deslocam para alguma região
do espírito que só pode ser alcançada por via indiÍetâ.

l. O ÍDDgc üôniÍDo do sóorlo XIV que esc rcvert A \uean do desconhacdo @m'
ortcndar bcm cstiouBlío. Sccundo êlê. poachros cmotu DÊus olhrndo Pâr8 ciÍnô' rDâs
irlo nocceorirmú D Etrtiõ fBiolóBiô dê vtuão. A €str PÊÍt Pçto simbólicâ indiÍÊtâ,
clc chamou "conhccimênro csDiÍituâl'f v cÍ The Clot d ol U;*,rtorrir8, râôzido e coÍrcn-
rldo poÍ lÍâ PÍo8pff. Nova Yo;k, Julior Prcss, 1957; DÊlts P!Pêô8ck' 1973.

IE
O que Jung qwria indicar era a importante contribúçío que
tais douüinas esotéricas podem otercoer à nossa compreeosio das
impalpáveis mas fundarcntais Íealidades da existência humna por
€s§e mtivo, ele aprresentou tantas delas ao prülirc ocidental e ao
faz&lo expôs-se ao ridÍculo. Haüa, entsptsnEo, mais do que um re
tiro genérico paÍa $E fnng ürtas§€ de matcriais e.sotéri;os €m suas
argumntagões sobÍe a sincronicidade. Ele percebera uma ügação
rccíproca enüp eles. De um lado, o I Ching um tipo de
experiência que prodrz valiosos dados de grande utilidade para a
explicação da hiú€se da sincroniçidade. De outro, a formulação do
princípio da sincronicidade foruece um instnrurento especÍfico com o
qual é possÍvel penetrar e comp,recnder mais profundareote a sabe-
doria inuitiva de mútos tpxtos esotéricc. A sinctonicidade pode,
Essrm, traosÍonnar-se n,rme chave-reSn que shÍp as poÍtas de dou-
trinas sobre a oahrr€za do destino hunrno, aÉ agora fecbadas pua
nós. Neste asp€cto, a sincronbidade tem o nÉrito especial de ser
não agenas nma charre para a dimens6o oculta da üda, mas princi-
palrcnte uma chave que tem a experiência da çiência moderna atrás
de si.

Quando Jung correçou a apÍesentar a idéia de sinconicidade


em seus escritos, queria indicar a rela@ dela com as diversas tra-
diçõas esotérkas. Ao srsmo @mpo, conbcendo bem a atmosÍera
intelectual pouco receptiva da platéia a que esta se dirigindo, sa-
bia que precisava manter seus corceitos üío atastados quanto possÍ-
rcl de associações que fariam com que fossem rejeitados. parado.
xalrcnE, este desejo de colaborar púra que seus coreibs tivessem
aceitaçiio explica, em grande paÍte, a mbigúüdade Cantas vezes en-
contrada na obra de Jung, que tem ÍptaÍdado sua aceitaçáo. Nos seus
escriüos rrcrifica-se rrme alterúncia de afirmações diretas, segúdas
de modificaç:oes e desrnentidos, cujn efeito é úrandar o impacto das
questões decisivas.
Mútas vezes tem.se a inrpressão de que, havendo destemida-
meote toEado a diaoteira em relação à sua época, após refletir nrc-

l9
lhor, Jung Procurou Proúeger-se guarnecendo §ua Posi§âo com aÍir'
mativas que Deutralizâvam o iryrcúo do que dissera Ao que Pú€oe,
qua§e semPÍe tiDha razão de sentir qrr nâo estava sendo compreelF
dido. Um exerplo desta esüatégia de defesa em ouEa área da ohra
de Jung ocorÍe em suas famsas Conferências de Terry sobrc Psaca
logia e religi,fu, realizadas em 1937.r Ali, ao mesmo temPo em que
demonstrava a importância e validade da experiência religiosa, Jnng
também se rmvia para o lado opocto, em respeito ao racionalisrm da
platéia, doclarando que [rdo o que estava fazendo era descrever al-
guns fenômerns da peiçe huoana. Neutralizava, assim, o imPacto
de sua obra curvandese na direção de atitudes mais convencionais.
Já é lugar+omum, na história da hurnanidade, o fato de gran'
des inovadores não conseguircm se isentar "do castigo de tomar a
diaileiÍa". A croragem de ir além dos limites estabelecidos torna-o§
vulneráveis, colocando-os em situaç6es onde os mal+ntendidos
ocoÍÍem com facilidade. Tem sido este o caso em várias áreas da
obra de Jung, em particular no tocante à sincronicidade, deüdo à
DâhrÍ€za do rnaterial que a constitui' Por isso, §eÍElnos obTigados a
dar o deúdo desconto para as ambigiüdades e desequillbrios resul-
tatrtes desta situaçáo. Mas @enros estar ceÍtos de que o esforço va-
lerá a pena, pelo nrnos no caso da sircronicidade, já que ele se
trDstÍrou elicaz en outras áÍEâs da obra de Jug.
Nessas circunstâncias, o presente manuscrito já tinha atrás de si
um longa história quado chegor a ser prblicado emlÍ13. A PaÍte
central da obra, seus argumilob e ioterpÍetaçôes básicas, foi redigi-
da a partir de um maouscrito datado de 1954 quando eu estava ocu'
pado com um estudo da obra mais rercpnte de Jung, sob o patnocínio
da Fundaçáo Boüingen.
Esse manuscrito era o resultado dos npus esnrdos com lun8,
realizados na residência dele na Súça drrante o§ aros 1952 e &

l- C. G. Junc. Psrúàaúofl and Rctebn. Yslê Univcrsity Prcúú' 1938, !Dl. XI' d&t
obas càútas e,õ. o. lung,TÍimn,N. J', Prioccron Uoivcú3ity PÍE!ú.
20
1953. Em 1954, depois de ter retomado aos Estados Unidos e escri-
úo rneu estudo sobre sincronicidade dentÍe ouüos manuscritos que
tratavam de sua obra posterior, continuamos nossas discussões por
. Jung ficara múto envolvido oa ediçáo do manus-
crito, já que ainda estava trabalhaodo assiduarente na questáo da
sincronicidade. Em várias ocasiões, escÍeveu seus cosrendÍios no
prúprio rnanuscrito. tnseriu-os a lápis, às vezes nas margens, às ve-
zes nas entrelinhas, e outras vezes aitrda, quando mais extensos, nos
rrcrsos das páginas. Sempre quado retevantes paà nossa discussão,
esses corentários escriüos de póprio puúo por Jung foram repro
duaidos neste volume. Mais taÍde, ern 1955, fa vna nova visita a
Jung como paÍte de meu projeto geral de estrrdos, o que deu ensejo a
que prosseguíssenps oom nossas discussões.

Uma d"s questões que debatemos em 1955 era de natureza prá-


tica- Envolvia a daa da pubticaç.ão da aaôrçõo inglesa do volume
básico dc Jung. Meu manusctiO que interpretava sua teoria da sin-
cronicidade baseava-se na leitura gue fiz de seu texto na rrcrúo ori-
ginal alemã- Nesse Ínterirn, uma taduçáo para o inglês fora conclú-
da por R. F. C. HuIl e estava sendo peparada para publicagáo na
Inglarcrra Quando as prirreiras provas ficaram prootas, forarre
enviadâs com subsÍdios paÍa Epun cornentários. Com esta ajuda e
com as diligentes Íespostas 6" tnngr reus originais sobre a sincroni-
cidade progredirarn com gÍande ragi&l No entanto, o malrusctito
de Jung em que se baseavam sofreu atrasos, basicarente porque aI-
guns gráficos estatÍsticos- do importâlcia secundária - inclúdos ua
edição alemá, e§Savarn sendo rpvistos e alErados para a versão in-
glesa
Com o passar do tempo, ficou claro que seria ina@uado pu-
blicar minha exegese antec do tançareoto do volume básfo:o em in-
dês. A publicaçáo foi, assim, adi"da em 1955 e, de novo, em 1956
quando frquei ocupado com ouúos escritos'e atiüdades. Por essa
época, a Íeaçáo à pubücaEfo em inglês do livro de Jung e miúas
posteriores considerações sobre o e.§sunto fizerarre rrcr que havia
2t
ainda um trabalho adicional a fazêÍ sob,re a hipótese da sincronici-
dade. Por conseguinE, deixei o manuscrib de lado, mas continuei a
estudâr o assunto no intervalo enúe minhas outras atiüdades.
Nos anos que se seguiram desde então, meus Pmjetos e pesqui-
sastêFme permitido trabalbu com o conceito de siocronicidade
nunn série de situações. Ocupa um lugar sóüdo, por exerylo, na
minha prática de psicoterapeuti, em sessôes guPais, em seminários
tniveÉitários, na pesquisa sobme as vidas de pessoas criativas dos
cursos de pós-gnduaçáo da Drew Uaivenity e, especialmnte dede
196ó, no prograrna &, lnensive Janul da Dialogue House.
Esta últiÍna tem sido uma valiosa fonte de ÍecuÍsros Práticos Pa-
ra as experiências de sinoonicidade pot duas razões irputantes. A
pÍiÍÍEira é que seu nÉtodo de maoter um diário conro um reio de
desenvolvimeDto indiúdual serve para acumular urn regisno es-
pontâneo de experiências sincronÍsticas que, do contrário, correriam
o risco de ser ignoradas ou esqr.recidas. A segunda é que sua Écnica
de regisno de infonnaçôes em forma de diário tsaz um gndual apro
Íundamoto da situaçáo taoto nas sessões de grupo, oorm ní§
sessóes individuais, com o uso Íeservado do Inunsive Jornul. Elsir-
"aprofundanrento" aunenta a possibiüdade de experiências sin-
cronísticas. Assim, a ação da Dialogue House em termos de crcsci-
mnto pessoal vem obtendo resultados oolaterais úeplanejados,
porém signifrcativos. Ela tem demnsrado a prcsença de eventos
sincronísticos no cuÍso normal da experiência de úda, e estes dâdos
vêm sendo preservados de várias tormas para pesquisa.

Por esta razão, chegamos a um es6gio avangado nas Pesquisa§


I
passíveis de realizaçáo com respeito à hipótese de sincronicidade.
Agora que dispomos de um númro rnaior de dâdos factuais, Pode-
mos usar o conoeito de Jung corm Ponto de PaÍtida Pala investi'
gaçâo frrtura e testâlo com dados extraídos da reaüdade cotidiana
O estabetecimoto de una base para esta pesquisa é a razáo prirreira
pela qual ndinnros a pubücação do emaio escrito em 1954 sobre sin-
a)
cronicidade e que só agora, ern 1973, colmre em cilcul@ nu-
ma forma revista e ampliada

O sutruscrito original é o cenre do preente volure, especial-


sEntê «) que tange à exposigão dos coooeitos básicos e dos pon0os
espocÍÍcos de interpreta6ão. Uma quantidade apreciárel de material
foi acrescentada, sobÍeEdo parô integraÍ os omentários de Jung ao
co,rpo do texto e paÍa incorporar alguma das miúas observações so.
bre a sincronicidade desde que escrevi o Exüo oÍiginal. Após deze
nove ürrs, no entaob, o objetivo básico desE volure é, em essên-
cl& aida infodu6rio. Seu propúsito é descrer.er e interpretar a
concept'ao junguiaoa de sinoonicidade om relaçáo a seus funda-
renúoc filosóficos e teórioos rneis 66p196, além de aprcseotar I
essência daste omplicado assutrto tão clararente quanto possível.
No curso dessas discussõe§, vtuno§ e§hr pÍpparaodo o terÍeno
também paÍa urn examÊ posterior das reformúa@s e mudanças de
ênfase que evenüralmenE se fagm oe@§sáÍias, a fim de que poss:r-
Exrs trabalhaÍ com a hipótese de sinoonicidade de urna rnaneira mais
produtiva Portan3o, nossa mta final consisE em gue, após teÍEo§
elucidado e rcformulado apropriadamente o conaeito de eincmnici-
dade, sejams capazes de úiüá-lo sorrl uns hiÉtese no eshrdo
dos registos de experiências espontâneas de que dispornos aoral-
Ereote.
Assim sendo, a sincronicidade é impoÍtante para nós em dois
níveis. No nível teórico, ela ab,re nma rlimepsf,o oomplementrr de
consciênria, no que @nceÍne à nauueza da expriência humana rrc
universo em expansáo. No nível prátbo, apontâ caminhos paÍa o es-
Etdo facoral de alguns dos maisdiflceis aspectos da vidaedodesi-
no hurnanos.

23
ilI
Jung e a utilizaçáo do I Ching
uma experiência pessoal

De todos os rÉtodos esotéricm qrr Jung esfirdou, o I Ching


Í€prcsenta a mais clara expressão do princípio de sincroniçidade, e
aqrele que o aplica de forma mis sofisticada Jung já sabia da
existência do I Ching quando coúeceu o famso sinólogo Richard
Wilhelsu en6o ocupado em fazer urur nova e importante Aadução
daquete texSo paÍa o alemão. Essa traduçôo já se Ermu agora corno
a versáo príncipal, tendo sido traduzida para o inglês porCary Bay-
nes com prefácio de Iuag.t A ligação com Wilhelm foi da maior im,
poÍtârcia no desenvolvinento da coocepçáo de sfurcmnicidade por
Jrurg, pois der-lh a oportrmidade de usar o cmhecireoo de Wi-
lhelrn do sentido oáo-causal de "esúuoração" que desempeúa un
papel tão no antigo pensamenSo chinês. O correntário de
Jung obre O segrefu fu fur fu owo, urn texlo de alquimia chinesa

l. I Clúng, úrôlzido poÍ RichâÍd WilhÊtE e Câry F. Bayocs. PrcÍácio dc C. G.


Jung. BouingÊa SéÍiGs XD(, Piiebo, N. ,., PÍiEcroo Univcrsíty PÍe!s, 1950, 1969.

25
tnduido poÍ Wilhelm, é também fiuto desE ÍÊlacioDaDoúo. A ela-
boragfo dêsse texto por Jung con*itui nme fstr1ç valiosa para o de.
senvolvirento de alguns dos principais coooeitos psicológico de
sua tase pcterior. É sipiticativo o fato de que a primira vez em
que Jung eryrcgou pubücamnte o teÍmo "shcronicidade" teúa
ocurido duÍante o elogio que proÍeriu no ircral de Richrd Wi-
lhelm em 1930.t
Em 1949, qundo omeçou a seÍprepaÍada a versão inglesa da
Eaduçáo iêita poÍ Wilhelm bI Chhg, Juog escreveu um prefácio
visatrdo a uansmitir o espírito de seu dtodo paÍa uma geÍação
alemâ pouco recepüva. Nesse p,refácio, lêz uma afirmaçâo geral so-
brc a sincronicidade çe pode sÊÍlrir de defini@ preliminar pora
nossa rgurentaçáo posterior. Ali, ele falou do método básico do 1
Ching, qrrc coosiste em seis langrentos de medas, formando as-
sim r,'rta seqiliência de par ou íryar, cara ou @rroa, linh$ ç!pi6s su
interrompidas. §stâs linhas comfloem o bexagrama que Í€flete a qua-
lidade daquele. rmtrEnto de tempo particular em que as moedas são
lan@as, No I Ching,6 texto§ correspondem a cada um de§tês he-
xagÍarrns, sessentâ e quaEo ao todo, a partir dos quais o indivíduo
faz a leitra do oráculo rclaiva aos elementos de sel destioo conti-
dos naquele dado instante. O méodo baseia-se Da cÍÊÍrgâ de que o
hexagrama é "um indício da situaÉo essercial predominaoe no
mreoto de sua origem".

"Esa suposiçáo", prossegue Jung, "envohc um certo princí-


pio curioso que denomioei sircronicidade, um conoeito qrc fomrula
rm ponto de vista diamüalmnte oposto ao de causalidade. Viso
$rc este último é apenas ltmâ verdade estatÍstica, úo absolut& cons-
titui ,ÍÍrâ espécie de hiÉtese de nabalho de corno os eventos se de-
seuolam uns a partir doe ouüos, ao passo que a sincmnicidade con-

-.Vcr C. G. Juag, "Richard lYilhlm: um nc.nológico" cn Obas Cotrplcras,


- XY. Publicrb
vol. ---1, origiDalEtrÉ cottro apeúircoaO sc7cdô fuJW dc outo,ob ó útulo
"Em mcmória dc Richard l\rilhc.lm". Ege discumo comcnontivô foi profcrido cm 1930.

26
sid€ra a coincidêrcia dc ewnüos oo tempo e no espoço com sipifi-
ca[do algo Eais do qrr rrrc acaso, ou seja uma pcculiar int€rd€-
pendência dc errçntoe objetivos eotp si e ttmbé{n com 6 estado§
urbjetivos (poÍquicos) do obceryador ou doo obeervadorps".l

O corcito central nessa d€frnisáo es6 expresso na rguine


frase: "A sincÍonicidade coosibra a coincidência dc ewnbs no
@Epo e no espaso oom sipifcado algo mais do que rero aca-
so". Talwz um t€ru mais sugestiro do qr "ooircidência" fosse
"eocorrêrcia", visto que a idéia central diz respeito à ocqrência,
rx, trp§[x, iutant€, dc doi§ €rr€obs independenEs qrc oío csúão li-
gados de maneira caüsal uE rc ouiro. Eles oconem ao Eslno Empo
seo que neúum dos dois Eoha efeito soürp o ouilo e, rp €ohoto,
estão muürarente relaciondc dc um ffi siggificativo. É ese o
prircípio sújacente ao ulo qrr se taz do I Ching. Ele se vale dc
dois evcnbs indepeodenEs que ocüem ao mffi, Ery e deles
extrai enotmp sipiticae, ainda çe não haja ncnh,'ma rcla@ de
causa e efeito ente os eveotos.
Dos dois errento§, um repÍ€seota a siünção, num deeroinado
morento, da üda {9 rnna pessoa O outso é o alo de lançar as mc-
das (ou as varinhas de mil-folhas), com E Í€§ultante bitrrs do texÍo
& I Ching qtrc a disposi@ das redas evoca. Neohum dos ewoto§
exeroe qualqru inflúrcia ceusal aparenE sobrc o outro. No eotanr
to, guasc invariawlreote as leinras do teffi têm unr iryor6rcia
extraordiníria para a vida do consulenE.
A ltrlo de ilustra@, pernitrrre contar minha experiêocia
b I Ching qrr fiz com tnng, bá vinE ano, oa Súça.
Naquela época, er havia acabado de pubücar reu prireiro li-
vro sobre a obra de fung e, grags à onessão de urm bolsa de es.
tudos da Fundação Bollingen, eshrdava com Jung, dando êúase aos
avançados çonceitos que ele deseorolvera no seu es6gio d€ úivida-

l. I Clúrg, op.<it,

n
de pocrcrior. Esse período Gra um mDDúo dc aberara 66 minha
üda. A oportmidade de passar um Eryo consideráwl m oompo-
nhia dele m fora dada inelpcradareDte, e após um aro na Europa o
âmbito de minhas lrcsquisas, sob a iollÉncia de Jmg, ia se tqoando
ç4[ yç2 mais pr,ofundo e
arylo.
Un drq em juúo de 1953, es6vams scntados oo jadim de
sua casa, às mrgens do lago de Zuriqrr, qrundo de súbito ele re
peÍguntou:

- Vooê já nsor o t Clli.ag?


- Não - respoodi.
- GostaÍia de fazer um experiêrcia?
- CeÍtâreil€.
- Fois beflt - dise eh -, vams fazàlÀ
Enfiou a mâo m bolso e tirou $Ína pequena caÍtêiÍa de couo,
já gasta Parccia quasc tfu ralha quanto ele. Eu já tivera opoÍnmi-
dade de descobriÍ, numa ocasião em que havia usado suâ Eáquina
de escrever para datilognfar o ltrâteriâl em que estava tÍabalhatrdo,
qrc Jung se afeiçoava a seus beos pessosis corxr a lrç;56s amigo§,
eütando *
desfazer deles. Gostava de novas idéias e dc ambietrEs
oonhecidos. Âqrrla carteira ena qusse 6o antiga quaoto a máquiDa
de escrcver. Ele a atriu, tiÍur de denüo um puohâdo de medas e
§epaÍou-as mtodicarente.
- Você pode usar minhas mmdas porque está aqú comigo,
Dras tem de jogá-las por si msm - disse, enuegandom tnês moe-
das súças de dez centavos cada uma.
Eooontramos um lugar limpo e plano no cháo, e eu ÍE preparci
para lançar as mÉdas. No iostaDE em que ia jogá-las, Juog m de-
teve.
- EspêÍe - disse. - Tem alguma pergunta a f.azrr?

EotêDdi que ele estava querendo dizer que eu devia PerguntaÍ


súre algum problema particular que estivesse me aÍligindo e PaÍa o
2A
qual eu procisasse de Í€sposta- O fato é que, durante aquele interlú-
dio em minha vida no qual a concessío de uma bolsa de esüdoa pr
ra pesquisas me permitiu úabalhar com Jnng ns Suísa, num relrio
oareoúo aberto, eu oáo conseguia insginaÍ quaisguer problemas.
Parecia-re qrrc hrdo estava bem. Todavia, pairarram no ar inÍneras
questões, algUnas delas cnrçiais, sqbrp 9 sigrificodo finsl de que p.
esova fazeodo, sobrp com a coisa toda e dcsenrolaria e sobre oo
reus planos para o futuo. Assim sendo, Íespondi que nío rinhr ne
ohum problema especúico pora expor dianE do I Ching.

- Mas rramos perguntar sobrc a situação geral - u€scen@i. -


Vams supor qrrc seja o faúo de eu estar aqú conversando com vooê
agor8.
Jung assentiu com um gesto de caboça e sorriu. Parecia satis-
feito com a minha rcsposta.
- Botrr - limiüou-se a dizer.

Quado discutirms isso mais tarde, ele re explioou seus poo-


tos de vista sobÍe a melhor maneira & úili,ár o I Ching, baseado ns
experÉncia que tivera Um aspocto importaote, disse ele, é posicic
oar-se tatrto quanto possfid no centro do mrnento. Eotendercmo§
relhor esse ponúo rc deconer do nosso exam da sincrooicidade,
pois possui um valor prático especial no uso do I Ching: possibilia
que todo o Eorento prcsenE e exprcsse, incluindoç aÍ húo o
passado coíno o futuo. Qusrdo assim se pÍo€de, a respostado or$
culo do I Ching pode wr rcdrcnt€ sigaificstiva, refletindo toda a
exúensáo dc tempo na qual sp lnsnifesh o destino da vida 6tg nme
Pee§o&
Tendo declinado a perguta, tancei as rnÉdas. Sent{b nnme
cad€iÍr de jadim, Juog inclioon-e para boixo e e.satdou minucioaa-
Ínente as rn@das dispostas oo cháo. Anotou o orÍrero de caras e @
roas e fez a soma. Dois ponos par& as qnas, Erês para as coÍoas.
auado o total das oês moedas é um núrcro par, é representado por
urna linha inErrompida. Um toúal de orÍrcro ÍmpaÍ é rep,resentado

29
Ixr r'Ílâ lioha cÀeia Meu prireim lançamnto PÍoduziu duas ooroo§
e uÍn cü4, num total de oito P@to§. Poltanlo, a prirrira linhâ, olt
linha da base, no reu hÊra8Íanâ era rrmi liúa intcnompida Jmg a
dmeohou numa folha de papel e fez siDal Púa que eu lao§ás§e as
redas de novo.

Anemssei as moeda§, qrr cafrm ao§ seus pés. Eotão' ele se


cnÍvou ttovatlpnt€ e ob§effou a disposição delas. Duas câÍEs e urna
@3oâ, oum total d€ §cE Ponto§' dcraorre uma linhr cheia' Jung
tÍaçotla acima da prireira Fiz o terpeiro laoçameilo e, desta Yez,
todas as És dÊram caras. Obtive seis Pontos, llm DrlmeÍo Par' o que
dcu outra linha inEÍoÍpida. Jrng examinou â figuÍa com aten@ e
f92 rrme cara de entendido no assuDlo, uÍnâ câÍacteútica sua, frao'
zindo oe lábios e trFrcaodo a cabo§â, oono se disse§§e: "Aba' om
alguoa coisa de muito itrpoÍtaDtê nesta linhg". Mas náo dis$ nada'
poimao çeria ioEnomper o lançamoto da§ Ítoêda§. Só depois é
qrr entendi o sipificado e§Pecial daquela linha Nesse reiotempo'
ele regisúou a Erpeira liúa, completaodo o trigram inferia do he-
xagÍama b I Ching'

Letcei as redas Pelâ quaÍta vez, e elas produziram oio pon-


tos, duas c@as e uma cúa, iniciaDdo o segundo trigrama @rn uÚta
linha inenompida O quino lançameno resullou em duas caÍa§ e
rrme ooÍr0o, ntm total de §ete Ponto§, originando urna lirüa cheia O
sexto e ríltimo lançamnto tbi iguat ao aoErior, dando uma linha
clpia.

Jung regisuou os liltino§ lEogáDnto§ e, depois, Ire Pa§{tou a


folha onde havia traçado o reu hexagrama Titrha lÍÍrâ linha ioter-
Íompids oa base, acima dqsta um lioha cheia, em §egúda duas li-
úas interroryidas oa terceira e quaÍta posiçês' e duas liúas
cbirs oo !opo. Assim, o hexagrama resultante de reus seis lang'
rrentos tiDhâ a seguinte forma:

30
-
-
Depois, converuarms sohre os pas.sos seguinEs a serem dados
ry d"r*h.ir o significâdo,
- ou impoffrcia, pora a minha vida, da-
simples qrr ubáram de execuE De grrc mneir:a po,
ry-I"
deria o"b
fato de langár tr€s moedas seis vezçs ooscçutiras conniuuir
paÍa um oomp,rcensão significúiva de mhha üda? Uma vez fcma-
do o bcxagama, o púxim posso idido por JtrnS coosistia
eE
grc eu localizasse, rp texto b I Ching, a possagpm oorrespodente
àqwle hexagrama particular. ef oregava o p,.;** de
ónehçao
qw o / Chhg es6 apúo a exgimir. por reío dastas passagens
no
texlo, a disposição das linhas formadas pelo lançarento
das Eo€das
se rplaçiona com a perguaa formulaaa nó corcçô do exerçÍcio.
O processo de foruagão de herogramas b I Ching,combina&
{lo linhas cheias e linhas inErrorrpidas, pçÍmi6 um
bAl dc sessetrüa
e qustno conbinaçõeÁ diferpntes dc linhas, em gnrpos
de çis. No li_
rrro do / Crring, cúa hexagrama pocsú um
teú àpecffLo, consic-
tfurdo de una imagem básic+ a par de vários
coÉntários, desdo
braftrtos e jnlgnnçn8os peÍtinpotês a ela. A aigem dcstes textos
é
múto antiga, sendo difícil explicá-la Todas as cit tirru dc
raciona_
lizar o dtodo e isolar urm tcoria ou princípio intel€çüral qne
sirva
de base para explicar o seu Ârucionarento paecem
fracassar. De um
ponSo de vista racioul, esüuürrado oa
aei, de causa e efeito, não
há yúnma razão plausÍvel gue e:plique poÍ qrrc
o I Chhg &va
produzir rEspostas significatiras. No entanó,
eÉ as prodrz de mr
aeira coosisteote, EEstDo rn caso de pessoas que não ..cr€em,,
que
isúo seja possÍvel.

3t
i

No prefácio à odiçáo inglesa, Jung eútou dar um


coda pati-
Em vez
cnlar do $E faz oun qtrc o I Ching atinja scls Í€§ultâdos'
o qrr
disso, reaizou uma experiêocia com o / Ching,
yergntando
para o
; ó{"ti" esPcmr se ô ti t*te Eaduzido e múto
^
apre'sentado
expressiva e
mú,Oo moderoo. A ÍEsPo§ta dada revelou'se
-p.opãrcOoa"a
várias bifrncaçõas de idéia§' Rectsandese a oferpcer
o fato de
,'oJ io,"rpr"t çao intetecnut, Jrmg procrrava dramatizar
l; râ. 3 o*rrtu*ot rclevante mostrr co"to ott por qw o I
lônirw ry^ Seja qual for a causa ou razão que se encotrtre' Por
I mais convincente que Pos§a püÊoeÍ, úo é,
na veÍdade' a razâo an a
'Co6o
| irO*lra. dizL3p Tse, o cemiriho que poasa serlri-
".r*
lhado ou expresso não constitui o verdadÊiÍo Tao' É
apenas apuên-

cia O Tao implica um princÍpio mais diÍÍcil de apreender e mais


profimdo do çe quer que §e peffle ou compreenda' Isso cqúvale
a

Arer q,.r o fão esU' em essência, além do que quer qrrc exista m
p*r.oL Írx)rÉn!o, pois sempre lrclui algo nuis.' Podems' poÍtanto'
*, vez mai§ para ele, mas jamais conseguiremos al-
-ner cada de Juog eÍa mostru que esta é a prÚpria nahr'
ÀÉro. A intençâo
reza do I Chin7, que seu princí1io iotemo sempre
o faz mver'se
alân dc qrratqrre, ioU*ao causat qre se estabelega em algum dâdo
rmtrDnto. Ele é sempre zuls (W o presnu'

Negando-se a dar rrma iot€ÍP[EtE§áo do I Ching'


Jung estava
re'
, afiÍrDâtrdo duas coisas. A PÍireiÍa é qrr aoálises causais não s6o
li r"r-* para o princípio itterno & I Ching' A segunda é a $n con-
1l clusao de qrr a nÍnix maneira de rr aces§o a um prooesso seÍlp-
I th"r; À lctusé por reio de um princípio nâo'causal de interpre-
I G; Éoi"p-foti. disto que zugeriu o princípio de sincronicidt
dc e formrúou sra hipúese canespondente'
Obedecendo ao método & I Ching,o Pa§so seguinte
consistia'
oo texto e
seguindo as instru@s de Juog, em localizar o ]rexagama
explorando e
examinar as imagens e conpntários a ele pertioenes'
ampliandeos até onde rÉ parccesse válidt' Voltei P* *llY;
o
coÍnr-
to e, uma vez que o I Clnng era um dos livros que eu trouxera

32
8o paÍa a Europs, prrde consultá-lo e trabalharcom ele imcdiatrrcn-
E eoquüúo ainda era intensa a sensação causada pelo lançameoto
dss Eoodas. AssiÍq toda a seqÍiência dos aconbcinrntos, desde a
prirer1 peÍgunta de Jung aé o desdobrareo3o do texto e a poÍDÊ
norizada aúlise do EareÍial que fizeoos em coojunto, aUrangendo
um período de vários dias, foi por mim experienciada como um
úni-
@ sx,ornto, cqtx, l'ma integral r!úfade de tetqo.

O hexagrarm fomrado era o de núcro 59, Hutt, cuja tra,


dugão é 'dispetsão", ou ..dissoluçáo". O tigrama superior
era de-
signado no t€xtom Á sst ifudc on Vento; o trigrama inferior era
indicado conx, o óimurt e identificado com a água. No coren6rio
_, S"ry esta ooobinação, Richard Wilhelm afirma que o venÍo, rx, so'
yz pa;sobre a água tem o efeito de dispeÍsá-la, assim cqno às coisas
que estão sobre ela. De um modo suave, §erve para romper
blo.
qrcios.

O Exto então inclui trma quadra, &,wrriúa2 julgarrv rÍo:

Dispersão. Suoesso.
O rpi se aproxima do bmplo.
E tavoúvel aEayessara gnnde água
A persercrança é farorável.

No mesmo instanE, o venp .,É favorável atrs\ressaÍ a grande


água" me imgessionou com nÍne coincidência extraordinariarnen6
impoÍtaot€. Não que eu necessitasse consultar um oráculo para rre
úrccer que mintra travessia para a Europa por EuÍ, a fim de Uaba-
lhar com Iung, teria um efeito benéfico sobre rcu desenvolvimento;
mas a ooorÉncia do veno no hexagrama, oriundo do lançarcnto
das
Eoedas que acabáÍamos &, faze4 era bostanE surprendente.
O Exto pross€guia, depois, com uma segunda quadra, rtqdn
c,w a inugcm do hexagrama.
33
O vento sopra sohre as águas:
aimgemdadisperufu.
Assin, os reis da antigúidade oferociam sacriffcios
[rc Scúa'
e constnrÍam terylos.

Depois que a imagem é dada no texto, há uma soçáo qr trata


das linhas iodiúduais. Não a§ inteÍPNcra indiúdualmente, ma§ ch&
nn a atenção para determinadas linhas em fuçâo do seu ntfoiero'
No caso de urna lirüa inenorryida, o I Ching esú partbularrenle
interessado se for um seis. No ccso de unra linha cheia, se fc um
nove. A raáo disso é que tcr um nlimeÍo scis sipifrca çe todas as
I
ffis Íno€das deram "cara". Já um nÚrero nove qwrdirer4rc todas
as tês deram "coroa". Seis e norre §ão, poÍtatrto, ilfuEÍos cmPle
n

tos e perfeitos. No estilo de julgamno b I Ching, isso sipifica


també; que seis e nove rcPÍesetrtarn §ituaçõe§ qrr chegaram o li-
mite e forarn prolongadas o rráxim; por conseguinte, são as qrr
estâo rnais pÍoPensâs a mudar. Aquilo qrr se formou totalrcntê
chegou à t em teÍÍIps de suas poencialidadcs. [ogo, csú a
"fir"Éo
ponto de mudar, talvez mm de se traD§fomÍ no oPo§to'
No entanto, o I Chingdá especial arcn@ hrrlas liúas de um
S tipo, formadas pelas moedas, ou seja, os seis c o§ notps quc sâo
rês i'caras" ou entâo Eês "cotoos". Ele toma disPosiçôca especiais
pÊra essas linhas, denominadas linlús ,rrótaist utiliza-as coÍm uttr
reio de nos conduzir ao ÍDoEDDto §eguiDtc. Esse proccdireno per-
mite-nos tcr pelo rEnos ultta visão prévia e parcial de qual será a si-
nra6áo táo logo a linha mude e origine uID trol'o hexagrama' No Úex-
to existem teituras individuais PaÍa e§sas linltos tnóveis.
Havia apenas urm linha desse tipo no meu bexagrama A ter-
ceira lioha era um seis, cuja leiurra eqecífica dizia o seguinte: 'Ele
dissolve o seu ego. Neúum arrependinrnto".
Jung não havia rp dado quaisqrrr instru@s específicas para
o tabalho com o I Ching, a nâo ser a indcaçáo de qr eu coEPrG'
34
ederis aqúo gue eu pudesse extrair do Exb.
dirento coosistia * a"@" @,rcu-gpçe r

I
@ 06 espagos que haviam fi""d, -õ. t
Quando o deixei naquele dia, suprs, qrrc eu usaria seu método gsral
& adiÍurcb Sh e
" F:"rc O" lrng prn mmnar"or rmUo
:9§._ggIg!g§, de tal modo que o símbolo pos§a ser expandido aÉ,
rcvar a uIta oova percepção. Toda sorte de exercÍcios
@em ser uti-
üzados qara atiagir esE ójetivo, de@ a pesquisa conscbnE soore
teuus mitológbos, associagões e desdobrarenüos, até o exarc sub
ptivo do sÍmbolo, deixado qrr ele se expanda a partir do interior.
Esta última Écnica toi chanada por Jung de baginação uiva.
Agorq vine anos mais hrde, enquanto rpleio os Ípgisúros da
qperiêDcia b I Clúrrg qrrc tiz oom
lung, peÍü que não foi a téc-
nica de desenvolvimento a que empregrrci oÍiginalrco@; em vqz
disso, adotci um focedinpnto que mais se coaduaava oom
a atitúe
aprerntada plo I Ching. Aparcotrente, intuÍ que o processo de
I
ottplificaçtu nb era apücável rxl caso b I Ct in;. Visto que o sin, I
boli§m não era de fato reu, mar s|m do texto fu I Ching,senti qge
não seria conveniente eu expadi-lo.
O método de amplifrcação prcposto por Jnng possui dois
princípios fundamentais nele cmbúdos. Um resid€ na força da
essêocia rpveladora que se €Dcontm em sÍmbolos pÍofrrndo§, Eaos-
pe.ssoais, os arqútipos. Esta essência se desenvolve
assim com
uoa smeob germina, e é este crqscirento que a técnica de arpliÍi-
cago se destina a ap[qssar.

- p serynOo
púpria
princÍpio é que a psique de cada pessoa tem sua
indiüdualidade, qlE, portanto, pode desenvólver-se apeoas
em termos de su prúpria hregrilade. A oonseqiiência aisso 3 que
guando oolocarnos em prática o método de ampúcaçao pum expan-
dir nossas experiências simOólicas subjetivas, só c""§"grir* ,.r-
tcr a integridade do processo se trabalharrros com irnagens
e sínrbo
los rpalmente nossos, no seotido de que ocorrpm no timsgo
de nossa
prúpria experiência subjetirra. po contntio, é una
técnica supérflua

35
e frauduleou que üola a aurcnticidade do processo de individuaçãb'
É com se uma roseira Éota§§e crescer das raízes de um bordo' Ne-
nnum dos dois procisa clÊscer doc Íaírcs do outro, iá $e cada qual
tcm sua prOgtia t"ra" de exisir. Isto é especialmtrE YerdadeiÍo
quaodo compreeodemos a qualitade org&rica dos arquétipos, a
mior contribui@ de Jung pora o esürdo do simbolisoto'
Nesta linhr de raciocínio, PeÍccài qrr náo seria conveniente
exercitar a of,ificqtu com as imagens fqrecidas plo I Ching'
Ao resm EmPo, eu não ficaÍia §ati§feito em dar uma interpretação
iDtelectual do tcxto b I Ching à luz da psicologia aoalítica' Nâo te-
ria sido um prcce§so suficientemente dinâmico para expessar a in'
ensidâde da §itua§áo. Ern vez disso, utilizei esPotrtatreaDnte utrÉ
jÍtecnica que espelha a atinrde interior do I CIrhS,atfrtircada cone-
ll Wa.Esta Écrrica tern sido muito aperfeiçoada ft)§
aÍro§ ÍÊoentc§'
denr,o do prognm de diário inEn§ivo da Dialogrc Housc.
, A corclação élqCeléc-nicâ de @n§
lque osã!õã,6--equilbÍio, em relaçâo ao movirenlo da úda indi-
lúãã1;66_-do assi- rmra unidade enúe interior e exterior no
Jfluxo da experiência de vida É uma correlação da vidâ da pessoa
oom o movimnto de seus símbolos e imagens' Na prática, ela impli'
ca a justapoei@ dos aspecos ob.;etivos e orblfvos de oossas ú-
das, permitindo que se comuniqrrcm entne si visto que um refleÚe o
outso. Por um lado, é uma oorrelagáo dos símbolos que aPorocem em
soúos e no simbolism creprsculr;t Por ouho' é a situaçáo rcal de
üda, tal qual occrc no noltrento PÍesetrt€' ou então, o padúo de
mvirento que exPÍe§§a o fluxo subjetivo da vida coÍtro um todo'
que a conelagão
Quando colocams os dois lado a lado, permitimos
entÍe eles se rDo§üe e se nos revele.
O princípio de conela@ é particularrrnte apropriado no que
se refere à uriliza@ do I Ciárlg. Quado o estava aplicaodo, reparei

l, Ver lra Pmsgfr, Th. Syrtlrric and râa ial, Nova YoÍk, Juliân PÍÊss' 1963'
Opítrlc 3c 4, MrcGÍrw-Hill, I 973.

t6
nas polavra§ "dispers6o" e '.srrcesso". Surgindo num rrcreoto €m
$rc eu acabaÍa de púücar oeu prireiÍo livro, cujo irynlso Msio
consistia em difundir as idéias de Jrmg, par€oerarre çlaras suas re
la@s oom minha vida- Favqecer a dispenão de idéias era, paÍat
mim, uma ftlngão fudarental naquela época.
euanÍo à outra pah-l
vra oracular, "sucesso", acrescentana,m estímulo a mais aos senti_
Entos bastan@ otimistas que de fato se acharram prcsent€s naguele
perÍodo de minha vida.
Já o verso "É favortírel atsavess:u a grande água" dava.re a
impÍessão de oonesponder exaa e üteralrente ao conterido de mi_
úa úda. Eu havia acabado tazaÍ a travessia do Atlântico para
&
chcgar aÉ Jung. Todavia, experienciei esse verso de um mdo mais
simbólico. As grandes águas contâm a pnofundidade e a sabedoria da
vida, e a taÍEfs $re aida tinha diante de mim envolvia a Earassia
daquetas águas. Da*a ÍIlanellia, o I Chinc eslsya rcalreote se rpfe-
Íindo à mfuha vida em dois nÍveis simultâneos. No sentido lato, refo,
'..:-_=---
nndG§e ao aO geogúfico (ue fazia paÍte do reu passado e do urcu
pÍesenE; em terms sinüólicos, apotrtando para alguma coisa que
seria parrc integranE da minha vida no fuoro se minha experiêacia
no p̀seote fosse completada

O quarto verso, "A perseverança é favorável", exp,rcssava dirra,


hreote reus eotirentos oaquele perÍodo da ninha vida. Com oão
podia deixar de ser, eu sentia um enonne alegria e exciação devido
à púücação de meu primeiÍo livto e à concessão de urna botsa de
eshdos que me permitiu atravessar o oceano e estrdar com aquele
grande horem. No Íntimo, poém" crescia a sensaçáo de que a
maré
de sorte de que estava usufnrindo poderia facilnenE se úansformar
em perigo. Seria necessário que eu voltasse ao oabalho e que focse
pelo rcnos tão sério e apücado no estágio seguinte do meu trabalho
quaoúo tinha sido oo est6gio anterior. Aquela Báxima ..A perseve-
ralr§á é favorárrcl" exprpssava, pois, de modo direü0, s minha çlo6
di§-ão de vida, refletindo unr onhecirenEo que estava logo abaixo
do nÍvel de consciência. Seu efeito sóbrio desempeúou um papel

37
iÍEpütaote imÊdiatalrente a seguir, nas decis6es que totrEi a ÍesPeito
dos rum reu trabalho.
de
Corinuei, entáo, a conelacionr a §iüra§áo dô Diúa üda cm
a segmda quadra, a imagan Os versos:

o vento sopra sobre a água


Aimgem da OisPersão

aoentuavam ainda meis o clima de advertência, PaÍec€odo-ÍIp conEÍ


irylicaç6es mais sérias do que os ver§o§ procedêotÊs' Percebi çe
*i doUçeo so6 minh6 úda era em tenms da imagem do moú-
mento conúuo do tery. EvidenEtrente, ela se ÍPteÍia à dissolução
dê coisas, atrtes consideradas como soüdarrente e§tabelecidâs' PaÍe-
cia entâo que a imagem do Yento, quando se retleria à disseminago
de idéias por rrio da escrita, relacionava-se apenas à fase inicial de
um ciclo. Escreú em trru Diário o seguinte corpntário §obÍe o Íneu
úaDalno com o I Ching: "O venlo arra§ta as coisas por toda parte,
separando o que anEs estava uddo".
Retorei o processo de cuelaçáo, dando esta intcrpretaçâo aos
dois veÍsos sucessivos da imagem: "Os antigos reis cooheciam a
força rlo vento que sopra sobre a 6gn, e tanrbém sabiam que o lato
de serem reis úo os PÍotegeÍiâ das torças da naüÍ€zâ' Por isso não
se engraodeciam, tnas com simpücidade comproendiam que eÍam
apêtrâs §eÍÊs hurnanos". Nas palavras do oráculo, "olerpciam sa-
crilícios ao Senhor".

"Este é um lembrete", escrrcú, correlacionando minha leitura


& I Ching com o movirento intemo dos acontecimeÍÚo§ em minha
úda, "de que o suoesso de qrr tala a primira parte do orácÚo @
ser anasrado pelo vento. Os 'aoügos reis' conheciam o Tao, por isso
tinham os t's no cháo e taziun devoçóes em §eus teDPIos' Respei-
tavatn o vento no rnar e nâo se engraodeciam; tamPouoo tentavam
dêsâIiar as forças naürais. O fato de serem reis náo os im@ia de
rcvercnciar."
38
Esta liúE de raciocfrio, rc trabalho com o bxagram, E Êz
lembrar da linha mórrct - o orÍmro seis na terceira posi;ão _ e da
afirmaçáo a ela associada 'Ele dissolrrc o eu ego, Neúrml üÍp-
pendireno."
Agora eu percebia que o signifiiFdo do hxagrama, conplrcio
nado com o rnovircnto dÊ minha üda, devcria ser buscado na linha
dvel, AÍ estava o ponúo cnrcial no qul os acontecirrentoo eur mi-
nha üda l] €Sta Ou A anotação
que fiz sobre a esürva a§sim redigi-
da: "Em wz de se vangloriar de seu suesso, o rpi voluntariareoE
rpnuocia à glúh. El€ Dfo se julgr sublire; ao oontrário, coosidera,
-se um sr inÊrior e mdesto. por essa razão não senE .neohum ar_
rcpendimcno' ". Prrosegue scu trabalho com..perscrerança" com
se oáo houvesse existido nenhum suce$o. É por isso
"rcúumauepedimento".
çe nõo hí
A linha móvel no um ponto delirxdo na
vida, urn ponüo de pressão no uEr EovtEÊnb
rmoa€ce quando ocone
pas.sa de seis para seE e
se transforma de cheia em
interonpiía Essa peqrrcna mudança alte-
ra todo o hexagrama For reio dessa mudançq a terçcira linha fica
8s§lrn:

-r-

- -
-
O rcsltadoé o zurgirenúo @ um -hexagrama oompletarcoE
-
diferpnte. A conelação -
desE oom a vida de ,ú p"r*
Íeüata uma
39
sinraçúo inteiratrpntê novÀ A linha rnóvel serve, pois, de aÍticula§áo
hexagramas De maneira nnálsg, seÍve também de reio de
"ou"-ot
ügaçáo entre ãuas unidadcs de têrpo, na úda de uma Pes§oÔ'
NesE
comp,rpenai Por que Jung fizera um ar de quem sabe das coi'
õú,
;"t qrrrdo no teÍeeiÍo laoçarento todas as rês moedas derarn
"caÍa-,
Continuaodo a tabalhar qom o texto bI Chittg, o Pa§§o se-
guinte consistiu em localizar, no quadro dos hexagramas, o ntfoieto
áo ,oro hexagrama qrr se formra pela mudaop m teͧêiÍa linha
Este novo texagrama- ti[ha o nrÍoem 57 e eta denominado
§na Á
O verxo perctoúc. Os dois tigranas neste hexagrama
stúvidade,
úo idênticos. Existe um mesmo uigrama'

Wilhelm
tânto em cima çomo embaixo. Fm seu correntário, Richard
assinala que dos sessenta e quaüo hexagramas, existem
oito forma-
dos pela repetiçâo do rresno rigrama
No texto que acomPanha e§te hexagramâ, há três Pa§sageDs
impoÍtaile§: o Jtrlgorutxo, a lnugem e a Seqíiàtia'

O Julgonento
A Suavidade. Sucesso através do çe é pequeno'
É favorárael EÍ Para onde ir.
É fanorável ver o grande horPm'

Alnagem
Os ventos se suoedem:
A irnagom da suavidade Penctane.
essim, o honrcm superior tÍammite a todos suas ordens
E executa seus emP'reendirrentos'

4
ASeqü,rtio
O adcilho úo Em nada gue o acolha;
por isso, a seguir vem o hexagrarua da Suavidade,
o Peoetrante. A Suavidade significa inooduzir_se.

O processo de conelação começou com g Julganento. O pri-


meirc verso, "A Suaüdade. Sucesso ahavés do çle é pequeno,', po,
recia expressar diretarente minha sihução de üda naquela época-
lrÍinba atençáo ainda estava múto conoentrada no fato de que eu
rabara de pubücar um üvro que se tomara uma espécie de caÍtão de
visitas no e.stabelecimenüo de nÍnr relação profissíonal com Iung.
Conhrdo, paicologicamente, nteu §entirpnb era ambíguo em relagáo
a esse livro. Por um lado, como um üvro de esüéia, eu Ecara io,
pressionado com ele; por outso lado, eu perwbia que, em si resm,
oão passava de um feioo oenor. Daí a iryoÍtârcia do verso ..Suces-
so através do que é pequeno", conEibuindo para dar uma perspecti-
vada situação.
Tinha a iryq$ão qrr este verso reforçava o comenüírio do
de
prireiÍo "A peÍseverarça é favoúrct". auando
hexagrarna, de quc
o çonelacionei com minha úda, ele me fez ver uma tendência qw
eu já havia observado em mim resm de desviar minha afenção para
projelos grandes e generalizados. Interpretei, pois, o orlbulo como
rrme adveúência contra essa @ndêrcia e cod, um cooselho pora
guc, no perÍodo eguinte de minha üda, eu re dedicasse a Íealizar
esfudos especÍficos com cúdados rpdobrados. Nos rrses seguinbs a
esa experiência corn o I Ching, torei as decisõ€§ gue govemEram a
década subseqiiente de miúa úda, e duraaE e§& tenpo o verso do
aáculo sempr€ nre viúa à sEnúria corxl un rpftáo. ..perseveran-
ça" e "Sucesrc através do que é pequeno" úoÍnaÍam,-se una Í€gra
para mim, neutralizando o inefletido enürsiasm qtr, de ouúo @
do, poderia ter-Ee guiado.
A prircípio, eu oão sabia omo esaabelocer um rplacionarcoto
om o corceito& Suovifu&, mas o corentário de Wilhelm o escb
4t
com rtm todo, ele
receu e trD al€u rrmâ dica. Falando do hexagram
escÍÊveu: "§tan é um dos oito hexagranas formados pela rcpetiçâo
de uo msoo EiStaDÀ Repesenta a filha nsis velha e simboliza
reoto ou Eadeira Tem Pq arributo a suâüdade, que é PeoetraDte
gorm o ve o ou com a mdeira em suas Í8í2Ês".
Fat€odida deste modo, A s cür€lrcionava signifi'
Sto'ifu
câüytreDt com mhha Úda Referiodo§e ao P6ssado, fazia-re ro-
cordar os sentirentos de indÊci§âo e insegrnança qw eu experien-
cira, m coqo, ao eryreeoder reus esNdo§ **;nngr
üsto que
naquela época o climn universitário era basta[E hostil aos seus pon-
rrtoe de vista. Assim, reu tÍab6lbo tivera de Pro§§eguiÍ com
múto
lr"gg delicadÊzâ. Na mior parte do teryo, era muio Precário, fa-
zendore" lembra da rptáfora de l-ao Tse sohre uut horrem que ca-
miúa na poota doe §ohre uma fina cmadâ de gelo'Tudo então
É
tinhe de sff feito com mrita suavidade e, oo etrtanto' fora coryle'
tado com êxito. Achei qrr o oráculo estava rE dizendo $r
eu não
deveria esperaÍ gE as coisas fossem mais fáceis daí por diante' O
1 qrr fora válido no Pa§sado, seria válido m futrro. O oráculo estava
que PodeÍia
lAizpnOo qrE rpu trabalho ia ser lento e delicado, ma§
t
tcr êúo através da perseveraoça em pequenas coisas.
Nessas ciÍ€utrstârcia§, o segundo vetso, "É favoúvel teÍ PaÍa
onde fu", estaw claÍo pam mim- Quando §e trabalha em Pequenas
coisas, é muito útil saber a dirogáo çral para onde se está indo' I§§o
valera para o Passado, e eu pessentia qrr valia também para o
prescile.
Não pude deixar de observar que a sincronicidade estava
tamMm pÍcsente no faro dc eu tcr liteÍalDefie "algum lugar para
ode ir,'; tro caso espocffico Kusorht-ZüÍi$rc na Sú9' onde Jnng
Íesidiâ.
O verso seguinte conribuía, ainda mais suÍPrcendcDEÍÉnte,
para asta sincÍooicidade. "É favorevet ver o grande horcm"' APós
o prireim hexagram ter-m propiciado o veÍso, "É favoÉvel ara'
ves§[ a gnnde água", a coirridência repetida destas afirnaçóe§ 1n.
42
rccia iryortane demais para scr rm nEro acaso. Aliás, a oconÉncia
desE tipo de "ooincfuíência signifrcativa,'é um doo feoômnos qrrc a
hipóte.se de sinsonicidade formulada por Iuog se destina, em parti-
cular, a explicar.
A afimâgão sobrp ver ..o graode hooem- pode, assim com
aoootoce com a mioria das ftases & I Chhg, çr üda em mais de
um sentido. No sentido literal, em vista da minha viagrm para a Sú-
§ar $ra alusão é óbvia Quando a li para tnng, ele re examinou ra
pidareote e sorÍimos uB püa o oufu, em sitêncio. Fra rrÍru coo:
fissão de que o / Ching dxapregando rrmâ pequena frÍsa. No ou_
tsto eentido, paém, a afirrnasão é simbólica e EE o caráer de um
ersinarcob €spiÍiüral.
Ao elaborar a niúa dc vi-
da, l+'11.4.1
om verdadeçc
s! i.L[d ', e qlrc Êsta visita E
"ajudaria". Mas aoeiEi também oorm verdade qrc esta visih, no
sentido lato, era também um rpflexo de um nÍvet de experiência
simbólico, espiriural em minha vida, e que todos esses
asPoctos se
acharam prcsentes no texto.
"É farroráwl ver o gratrde horcm,,, €§@vi eo6o, ,,dizextíu--
renE isso. O 'gnnde horem'm peosarcoto chinês é agrrle qrr
eu prúpio espúito. O ato de ver um horemdessetipo não
irylica unn viaçm de cutto. Não se é favorpçido pü prrrcunú
ou buscar aperfeil;oarcoto pessoal. O mdo pelo qual se é
ryesúgro
favorpcido quando se vai rrero grande homm consisE emperceber
e compertilhar da qualidade especial de seu espúito e de pu autooo,
nhecircDEo." Pc cooscguinte, eu tinha a impessão dc qrr ninha
viagem ao encontro de Jung estava rpfletlla to I Ching, htrto oo
seotido üÉral, exErno qrrrntg tro sc,lrtido simbólico, opi.in t.

. É Ofcl §ab€r de qrrc do especmcb p«e rrmí [Essoa scÍ irF


EriorrcnE "rayotpcidarr quado chega a wi um..graode horcm-,
um Eesüp espiritual. Conürdo, o oráanlo dtt alguns indícios
de cmo
a coisa deve ser feita, pois esse é o sipificado entral do hexagra-

4t
ú. A irrúgan que \rcm logPSO irtlg@rÉrrb tro texto de§cÍeve o
púoce.sso pelo çal o grande horem realiza sua úda e executa sua
obra.
Achave está na "imagem danavidade perctrane". A Pene-
traçáo ocorre suawretrÉ e sm p'ressão. Ela rcontece Pouoo -a pou
*. e Uo naünal como o Prooesso de crescirento na üda. É como
as raízps !9 'rrm árvue que v'ao silenciosamnb PeneEatrdo a tefia;
ou como o ven0o, qne sgue sua própia tratureza e, assim, cinge te
das as coisas. É isso que estr exP[Esso na imagem de "ventos que se
suoedem". A taÍcfa náo Podê ser apr€ssada' Ínas os vento§ vireo tan-
tas vezÊs quaDtas foem reesúrias'
Nesta alola, coryreendi qrr a mudangDa terceira linha do
hexagrama náo re foroecera aPenâs um novo hexagrama, conduzira
também o nível da discussáo a um Ponto rnais avançado, eE tenDos
lógicos. Dada a pergunta genérica sobrc minhs siuts§áo de üda en-
quailo êu esava ali e§urdaDdo com Juog, PêÍgunta e§sa qrrc eu Íize'
ra no início do exercício com o f Ching, o primim hexagranâ PeÍ-
mitiu colocar-me em relaçáo com as circtmstâncias irediatas de mi-
úa úda, com minhas publicaçôes, reus estudos e, puticulurnte,
com miúa atitude diante do trabalho que eu estava realizando. A Ii-
úa móvel, cotno a articulaçâo enft os dois bexagrams, levava a
siüasáo de minhâ úda un passo adiante. Ela a projerava no frr
turo quando nms ouüa decisão teria de ser tomada e onde as quali'
dades decisivas de úiorde ssiam formadas. Originado pelas linhas
móveis, o seguodo hexagrama antecipava, assim, o movirpnto it'
teÍoo de Eiúâ vidÀ Criava condiçôes PaÍô $re eu tivesse uma
perspectiva pÉvia das prioridades em miúa úda e Do IEU üabalho,
além de re oferecer um base para a elaboragáo (h r'rrrâ estratégia
frrtra, qrc se aplicasse à miúa siEação iDdiúduâI.
Tendo apreenddo a iryortância de seu uso e tirado claramnte
p,roveiO da eraeriência com o I Ching, ÍestÀva-|me ainda a questão
de mber poÍ que deveria ser assim. Por çe o siryles ato dc la4âr
algumas mcda§, nas aürais circuostâncias da úda modema, zuscita

4
va leiürras de um texúo aotigo que tinham um significado específico
para cada pessoa? Essa era a pergunta que Jung também fizera, e pa-
ra a qual tcntara formular uma r€§posta em seu conceito de sircÍoni-
cidade.
Dois elerrentos distintos es6o p,resentes na experiência do 1
Ching. Um é a sihração, num dado mrento de Empo, d8 vida de
uma determinada pessoa. O outno é o aúo de lançar as moedas e rpta-
cioná,Io, atraÉs de nma fónmula deÍinida, a rm têxto antigo. As re
qry_99_ciuscld!0e eq anba§-ss s§9§sÉq-ra@L_mplre !ty9lG. É
óbvio que eles nâo estão ligados entre si por um àto caus"tlma",1
ainda assirn mantêm uma relação significativa. Dasa forma, * *i
Eento em que se ercontram, algo de extraordinário, procioso, mo_
tffâ.
Superticielmente, parece hatar-se de acaso. Mas, para Jrrng,
era evidentemente algo mais do que mero acaso, s bem que não se
traÍasse também de causalidade. As razóes específicas continuom
obscura§, porém, na visão de Jnng, parece óvio que rmr princÍpio
que conseguiu maoter-§e durant€ tantos séculos, numa civilizaçáo
tão sofisticada qrrrnto a chinesa, deve oonter um segredo que vale a
peoa descobrir. Ele esüava convencido de que havia urna profunda e
sutil sabedoria na raiz do I Ching, e gue, poíanto, as experiências
do I Ching constiirem uru importante árca a ser pesquisada pela
reote moderna.

45
N
Os fundamentos da
sincronicidade

De todos os seus escriúos teóricos, os esforços de lug para


descrever e comunicü o qtrc queria dizer çom siocronicidade foram
os que rrEnos fltogsso obtiveram. Este malogro dev&§e, em parte, à
nah[€za indefinível e por vezes úsEata dos conceitos. Mas devege
ambém" em grande paÍte, à dificuldade de fazer um e:rpociçáo clr
ra de um princÍpio quc infringe os hábitos mais artaigados do peo,
samento Edcroo.
A crença na primazia da causa e efeito é um dos dogmrs cen-
trais da visão ocidental de üd& Em mssa época, certtrmeoE etrcoo-
trarDos Epnos oposiçao ao questionamento de gualquer doutina re
ligiosa, do qne ao questionareoto do princÍpio elemeotar de causs
lidade. A causalidade, enquanto cr€n§a, têm se maotido inurlnerÉ
vel; todavia, frrng está longe de ser o prireiro sequer, oa droa
era cientÍfica, a er(prcssaÍ dúvida quanO à sua validade total.
fltrrqlnren[s, Jung es6 dando una conEibú@ especial paÍa que,
através da hipótese de sinqonicidade por ele desenvolvida, se tqne
posível incluir a causalidade m contexto de uma visáo mis abran-
geote do univeso.

47
Há dois séculos, Daüd Hure abalou o muodo filosófico ao
demonscrar pela lógica qrr a causalidade não é alguma coisa çe
vemo realmnte, mas aPenas um reflexo que aüibufoioo ao§ even-
tos. De rcordo com o exerylo tradicional çe os professores de fi-
losofia nâo se cansarn ê iryingir aos aluoos de colégio' geÍaçáo
após geraçáo, tudo o que de fato percebemos é qw urra bola de bi-
lhaÍ toca outÍa com uDa oeÍta força e, em seguidq verrxl§ a segunda
bola afastar-se. Na rcalidade, nâo "wms" a causalidade; aPe[âs a
deduzirms"
Ao enfatizar este ponto, Hunp levantou algumas questôes mú-
úo impoÍtantes, poÉm nâo foi múto frrndo na Erestão; em úItima
análise, nb fez mais do qtrc uDa PoqueDa cocessâo, prepar;ando
uma retirada diplomática do problema intelectual. Disse que odo o
que prcbndia mostÍar eÍa que, do ponto de visa epistemológico' não
s podia demonstsar a causalidade conlo um dado facual. Certamn'
E, acrcscÊntava ele, na prátics cotidiana é necessário âcreditar na
causalidade cotm se, para nós, se tÍatâsse realspnte de um fato; is-
o, poÉm, oâo lhe confere mais do çe um valor experirental'
pragnático.
Cm base nisso, Hure deseovolveu a idéia de çe é por causa
das ressidades útais qrr a causalidade tran$oÍmu'se trurna oorF
vençâo unanimrente aceita com o flrndamento prático das uiú-
dades sociais" EIe ainda estava pensando no horrem em têr )s Íir-
cionalistas, mas já que, além de filósofo, era também historiador'
veio-lbe a i&ia & que a causalidade poderia ser relhor oomPrÊen-
dida cmo rm fcnôreoo cultural no contexto da história.
' Foi, pois, na esteiÍa diÍ€ta de suas idéias que o sociólogo are-
ricano Thoneio Veblen, çe havia estudado Hrw minucio§âÍEtrte,
rpalizou uma profrrnda análise para dermnstrar que as disorç:es da
causalidade suÍgem oolm "hôios de pensamnto", cujas raízes
históricas se prolongam em específicos desdobrarcntos do passado
na cultura ocidental' Assim' veblen coryletou a p'roposi@ Msica
de Hum de que a causalidade não é rrÍrâ veÍdade inerente às prú

48
prias coisas, ttlas uÍru distoÍsão que erprge na práti«n
aEavés do
uso social.

Veblen fez nreis do qge isSo: deu qm passo além ao assiDalar


que, completament€ à paÍte da questib da verdade,
o enraizacnúo
histórico da causalidade corno um"@ 'fi-
xao critério a que toda idéia dere estar à alüüa
das dos modernos além disso, esta condição cul-
tuÍal faz com que exEemanpnte dificil para o cientista moderno
seJ a
ir além da causalidade que possa examinÊla de maneira crítica
e Eostrar-se reoeptivo a difetpnEs pontos de vistL Vebbo, assim
r{í
como Huac, no entatrto, to,ou o cuidado de estabeleer um
limite
para sua peq"isa, conteohndese apenas ern descrprrer
a
causalidade em seus úrios aryecúos @nx, um hábito
univelsal de rr
Pensarcn0o que, looge de 6p1rtne categoria aüiuta do lÍ coffil
renúo, possui ,'ma rplúivi@ histórica ern sua forma culhral. rl
t
A capacidade de ver a causalidade nuru penpectiva tão ampla
implicava rrm enonne talento no pÍirrciro
S*r!" d. século quando
Veblen escrpveu. Desde então, porém, múà coisa acooEoeu
e atrF
de vista ocideoCal. Uma foote básica de mudança tem ll
sido o oo interior da estruirra ciení-
fica ocidental na obra dos dos reen.
Es proge.ssos na da ciência, ocrpscente impactode fiIose
fias úoaidentqis, ein especiat as antigas e 96isnhis, Em
afrouxado
os gÍilhões do pensarento causal, facilitando o abandono
das idéias
peconcebidas de úo neúuma dificul-
, hÁ
dade em imaginar que o mundo possa ser compreendido,
melhor
coryrcendido até, por outsos princÍpios que nao a causalidade
Quando Jung começou a desenvolver o conoeiúo de sincronici_
dade na déc€da de 20, a maior flexibiüdade de atitudes
aindà não
emergira" Etre foi múto estimulado e eocorajado pela
obna de flsfuos

- ._ l. Thorstcin Yele/ra, Tlu pbcc o! Scicncc in Mdom Civiüarioz, Novs yoÍk, V!


king PEs§, 1942.

49
pttblicou §ua
do pore de Nils Bohr e lVolfgoog Patúi, mas C111!
ll nitrEira versâo sisEEáticâ *
ete,a'na 1952,1 w
C dd'dez do
'' pensameno ra"ronAisa cursat ainOa preOomina'a Desde essa épo
do Pensareno oriental
têm ampliado ba§tant€ sua inÍluência sobre a Énte
ocidental' e os

úp"r"i têm mmtrado um desejo cada vez maior de explo-


cientisras
ÍaÍ novas modalfulades de peD§atrEnto.
papel
Em gpral, são vários os falaes qrrc vêm desempeúando
irp.nantã oa formação culttÍal da sinoonicidade' O efeio deles'
tàú., não se limita à sincronicidade, pois tÍata'se de fatorcs que
continuarâo a contibuir púa a-@
de mundo moderoa, já que essa mrdaog vem cumulaüvamnte
6t*ra" gt-çr.. Os problemas e hipóteses envolüdos na
"*t"
siocÍoaicidâde ocuPam um lugar de destaque no PÍoc€sso
através do

qual uoa nova úô da vida e do universo 3stá formada tto}


para

á n"ffieraceite ou não a formulaçâo


pr
fadado a assumir um
de Jung, o conceito de sincronicidade está
p"f SõÍn*iro transfonnaçáo dâ trEnte modeÍna' Ele faz parte
na
ocidental'
àe d evotuçao orgânica proflrnda, na histótriâ da culura
De que forma Poderns colocar, em teÍmo§ sucintos, o coDceito
pensarrento ocidental?
de sincroaicidade Da Per§Pecti rra histórica do
iÍPacto da filosofia do
NrrnLvisáo sut$ria, ele é resultado do
oriente na mnte ocidental , depois de essa mente ter sido revelada
pclas sucessivas críticas ePistemo lógicas, provenientes
de Daúd
Hum e lmmanrrcl Katrt, e quando passou a considerar as inPü-
a ex-
ca@s dos PÍogÍe§so§ Íscentes nas ciência§ fÍsicas permitindo
pansáo intelna de seus limites arravés das experiências úo-racionai§
natl ̀ceo'
-7 da pjicoloeia Pmfunda. O efeito total disso deve culminaÍ
tes mudânças que se vêm processando oa história
do pensalrnto
pode ParcceÍ uDâ ootr'
ocirtental. A PÍimeiÍa ústa, a sfurÍodcidade

l. C. G. Jung, "synchÍoniáffi als êiD PriDzip Akmssler ZusaEryglFlgÊ"' in c


r*g á ü. ãi í'i íitr*írrü^"g ,"'dFórlt, i-a*fror vc"lr& zuÍiqrE'
1952'
o.

50
cePçe Íadical, distarciada da tcndênciE do pensarento eidentrl.
ao (? )
Ma§, na realidade, éum d8 históÍia desse
Iongo da qual tanto o conhecimenúo de rcligiões antigas, quatrb
o
conhecircnto da ciência mderns, vêm sendo incorporados. por
conseguinE, a chamem ainda de sincronicidade não, seu
conEttro e velrcnE parte dos novos rutIxE
tl
firi décad&
Na prireira erapa de seu desenrolvimpnto ioElecâral, Juog
experÍerrciou o oeticismo de Hure e sua crítica racionalista
da cau_
§alidade atnavés do esfudo dâs obras de Inrmenuel KanL podcm-se
encontrar os traços filoúfioos d€ste útiEo em todas
as eorias psi_
ológbas elaboradas por Juqg. É interessana Eotar quc, apesar de
suas formrções múto difereates, Jrrng € Veblen foramarrashdos
na
conseCÍiêocia do eshdo qrr ambos fizeram
de Küt. Tanb um @nx» o olÍlo rpconhoqam que a§ catecorias do
ounca eão embffa o "scnso de ca'
llt
da período histórico cony€nsa as pessoas a virrcr de acordo i) \
e§quema Ix, a8 cÍpoça§
xa§ e unt versais e eEmas. As caEgorias do onhocircn-
to, todavia, por maís convúcentemenE dcfinitivas que possam parp-
c€r truna determinada época, devem *r rpconhecidas como
histori-
cameote variáveis de acordo com as circunstâncias sociais.
Aooncepção de sciedade de Vebten baseava_se numa
apli-
caçáo do evolucionisrno darn iniano ao esfudo da culhra;
Juog, por
sua vez, derivava sua pe.rspectiva histórica da obra de
história clás-
§ica de Jacob Burpkhardl O resulhdo líqúdo dos dois foi
aproxi-
nqdrrnente iguat. O aÉtodo de Veblen disseçou
a causalidade @oo
um "hábito de e Juog Eve a E]'i-'Il intuiçao
com a
comple'
mentar da pofundidade píquica que úo era, claÍo,
acessÍvel a
Veblen.
Esta foi, em essência, a foruação do pensamento de Jung
quando pele prireira vez se pôs I exaÍnitrar as possibitidades da sin_

5t
cÍonicidade m fiml dos ams Z). Convencido de que a causalidade
Dáo Eâis @ ser accita como uma realidade ab§oluta em si rpsrm'
devendo ser entendida coÍp um Pooto de vi§ta Psicológica e
histori-
caÍÉtrte condicionado, Jung voltou sua atençáo para métodos culu-
que
rais qrrc encaram a úda em rcrm nâo causais' Queria saber de
entender o mundo, unâ vez a cau§a-
maneira é
lidadê nâo consüNi
Buscaodo contrabala4aÍ o Pgnto de vi§ta causal, Jung delibe-
mdatrrnre lidou com toda a espécie de interpretaçôes não causais'
furcluittdo o da
o Tarô e outos pÍocessos rnodievais Para adivinhaçáo do
futuÍo. O cauPo aqui tdna-sê exüemarDente amPlo e de diffcil
abordagem ústo que o material é tâo estranho as modernas
que os seus verdadeiros signiÍicados são, na
maioria das vezes, irdefiníveis. O fato de este§ método§ nao


# cau§ars se considerados respeitá veis de acordo com as
Àh tendências do pensamnto deste sécüo só faz aunpntar a dificulda-
de, Até rpsrm o esurdo deles po razões válidas do Ponto de
üsta
cientÍfico é considerado susPeito, e en tazfu disso, duante a Pn'
mira retade do século, Jung foi alvo de múta zombaria'
A Ívúgem das irPlicaçôe s gerais e filosóficas da causalidade'
s-i no entatrto, J tinha a convicçáo de que era necessário
não-cienÚfic a§ §e
r.t'! um coúecinrcnto P,ro fundo dessâs
\ E cúÍro
ciente em seus Portanto, foi para atender às necessidades
de sua prática tal conro ele as entendia, que enfrentou
com bravura o desPrezo dos reios acadêmicos aos - quais, com
na sua fase inicial
efeito, mostrava-se bastatrte susoedvel, sobretudo
da ciêrcia.
- interessandose PoÍ a§sutrtos que tinham o descrédito
num
Antes de tcntar forurular sua concepçáo de sincronicidade
esteve trabalhando ex com a
estrdo especíÍrco, J
observandea na sua prática p,rofrssio'
ll idéia mais de vinte
nal e abordando-a de diferentes ângúos em §ua§ conferências'
52
Quando finalmente coItpçou a escÍev€r seu ensaio ..A sincronicida-
de como um de rclação acousal", já bein;;G§*"--Dh e
cinco atro§. Ainda não estav a satisfeito com o desenvotvirento que
l
conseguira alcançar em suas formulaç6es, mas innría gue lhe era es- lt
sencial organizar o mabrial e pôlo no papel apesar do seu gÍaye es-
tado de saríde. Súia múto bem que a sua idéia ainda va §€r
muiüo trabalhada ta[to no nível @mo ma§
achava que sua
de de alguma pelo menos para que as idéias púessem estar
disponíveis para discussáo e receber o beneflcio de sugestiies e ctíti- I
cas de outras pessoas.
Por esta razáo, quando considerarmos o seu ensaio sobre sin_
cronicidade, devems tcr em rente que não foi escrito cotrx, un nF
lato defmitivo sobrp a Ínatéria, seudo antes apresentado @tno urna
rl
obra em andarnento. É conscientemente incompleto, e apesar de "
Juog ainda ter vivido úrios anos ap6 sua publbação, assin perma_
neceu. Embora isso dê às fornutagôes uma qualidade experimental,
r
enfúiza a magnitude da perspectiva na quat a oUra foi con_ |
oebida e gojetada, Faz paÍte de um desenvolvitrpnto que envolveI
É. Í qnp-lia@ do potrto de vista cienrÍEco em geral, mas
"
rqmhêtp uma abordagem daqueles fenômenos que
exp[Essan a nafu_
reza ffiuica do homem"

Os teóricos impUcitos na sincronicidade @em se


tomaÍ bastanE complicados , mas as sioa@s em que ela ocone §ao
t'mn elpe1i§6çia oomum na üda otidiaoa. Os escritoo
de Jung
cootêm muiúos incidentes e caaos que ilustram aspecbs da sincroni-
cidade; no en anto, é bem possível que teúamos urna viúo rrelhor
da aryliürde dos problemas que eb estarra investigando, se tomar_
rrx» um exemplo hipotético múto simples.
§upoúamos que você estivesse preocupado com um determi-
e^q!
nado pnoblema e que não tivesse contado a ninguém que estiwra
pensando nele. Neste exato trrnroto, vooê recebe a üsila de
al-
gÚm por rctivos totalnente independenhs *, npnfurmn rclat'ao
"
53
oom o §êu problem A oonversa pÍosseStr de apordo com a finali-
dâde dâ visita até çte, dê e sem qualquer
não se esla*va absolutareDúe discrÍindo o a outÍ8 fu
umcorentárioqw lhe dá a rrooê e.Eivera

Se fizerms un Íetro§pecto dessa siuaçáo e têntaÍ


)§ analisar
possível que úge
e eDtendeÍ o sigrificado doqrr aoontecel, é bem
*t o @ Srr irÁ rynstituir cada um
Por um método de
íor
"r"@'
causô e efeito, podereoos tec-stit'it m "mtivos" pclos çais
Depois'
você veio a sê preocupaÍ com aqrrle p'roblem especÍfico'
podercm infeÍir dÊ que modo vooê veio a conhecer aqrla pessoa
em particutu qrr he lez rrma visita nÊsse dia, com
foi mͧado o
ednro e com o rum da conveÍsâ veio a se desenvolver' Todas
esms coisas ser rprrcladas t., se fossem
causâis, os antecedeotes da tal qrul ela Pode-
na seÍ do poato de vista do desenvolvioer
to de sua vida.
rrmâ linba de aúlise
De mareira análoga'
eventos qw
causal em relaçâo à outra Pessoa; isto é, a seqüemia de
fizÊÍam com que ela úesse visitá-lo; o modo com obteve
o coúe-
as circuostâncias em
cimoto qw rcabou realrena Por interess$lo;
qrrc ela marcou emonto com vooê Pra aquela deterninada
easi6o;
e como chÊgqu "PoÍ acaso" a fazcr o corentário sobre um
a$9lmto

m qual nâo esPerava çte você estivesse inEressado. Tudo isso po


deria ser descrito em tÊnms qaq§â!§.
cada qual possú tma
Quando vooê e seu visitsote se reúnem,
de causa
experiÀrcia de üda que §e e§tende Úé o passado eur termos
êf"io, e odo converge para aquele rmIlÉtrto determioado do en-
"ooDtro etrtse ambo§. A chcgada dç cada um aÉ o-Ponto ern que estáo
se orryrirentando e co[PgâItdo s cotrveͧúlÍ ÍePre§etrta
a culmi-
que §e move mnn
lloacao Oe uma liúa vertical de desenvolvimno
[núo ."nUouo desde opassadoe atu seParadâEÚe sobÍ€ cada um'
I
É Êr
É E !É'
ô- o
19r
o
I
o H
E. o
§
IE
u,
oN c ça,
á IE P. o
z tÉ,t! !íIt Êt oô t!ê- o It
g €
E Ê ê- B b E EI É E
o o o t, o lã ü, c, Êt a E8
w E (! aa, ô
õ ô tr tr,. Io g é .E
o tfr
ÊÉ a g. € é. a o I E lô É o lo IE
ê. o Ê, t' t ft! z Fg
&. E ô E' o t? Ê, a o-
E o Ê F E B ã o Er I ô ê
o ô â CL t' Êt B' c ; â
ê.
ÂÉ E
E E É É (D E o Ê À Él! çr,d E E'ô À Âr
o À o (! Ê i
I e, ô
ã. çaa .t,
B I
E u,E B É ã
I
8 !cô EN Dê. ê. E
o' Dr I !D E D I
Àl B t, Ê c
á É g
ê- q, I
B. I lâ B ô. ê od G 6 ÉÊ
i
ô ê
o o t! õ o o E t!
Êa
c!o Ê. o. !â o t Ê B 6 o (! E
ô 6 o ã x a b fr.
; à< E B. I o
r. ôtr (À F
E fr (D E
+ E Ê ê6 êÉ
t! ê.
tó e t ͧ à
=. E' x 5E
E'
€ E ê. É o o
lr, I í It o
6 ôâ I F ratr Ê B. É lÊ o FN 6 E. ôB ÉÉ E ô ê. êc
o
o É E o (\ ll tÊt Ê ô
s o (! E É
ô E. ê- ô
u, E
I É o E E § o o ã Eê. 6 4'E ÂB\ t5 B E' E. À É d
R o E E F rê 5 It I
E t!d 6 {! É E ô E I
6
I I ã n Ê E B Itó
ã (à oo ln o t, OD
U, !c xo ET B ts Ê êÉ ô xo
af.
; u,Àt !to § o õã Fc E I b ó a! o,
o § t ê. ô 4' Àr
I
o § s Ê ô
i* I
ô E (D\ lc E
o E,
q, T B\ tl
o {li ô\ (: rt ê. Í! I !l.
ã, o E 6 ô Ê ôar, E ôê. ts I B E I
x c, c, e,
ê- F 4' ê. üt
ê.
Êt! À é E ô (! E Itb
EE E E 6 I õô 2, v,
oê § ã. ó ê F 4'
(! E !c
Cn
8 I o E ô â. E À! I c fr,
§ c r5 B H E. t! 4' 6 ta t
ã Eh B ô ê. !l ã &. cÂ
t,E E Êi E t= -t iâ. ô
q, I Í, E. E
EI
lí (!\ E Ê D
r! I § B. ô T.
8 E'
ô
c,
êt F à. ô ê u, ê- o ô á a !c
o o ô o ô I I ê.
B IE 18 E I ê- i, Ê E E Et É EI á E ã. o É t!
ô ? ô E o ô
ü, 4' Br E 4'
(! ã E. E I
E ? I F o ê Eo,o
B
rejei-
ou Ém sido' ao contrário,
formas diversas de EÍffi eS-
eM
tadas coglo dc eventos ce
itB prÍazr,m uma gaode
chamadas sociedades
que ocorÍem úo ú nas assim cr
6lrl i@ também em Íto§sa moderna
ocidental. fim-
a história da religiâo se
Em mútos casos' rnas que
tiPo de eveoto§ que váo além da causalidade,
dâÍÉota nesse contudo,
poÍ lsso deixam de ser reais. Devems Í€coúeoer,
nem dos casos de fenôme'
aí iÍrylicâda§' além
que há múto fiE§ coisas campo de aúúdade
na história Políúca' uo
oos religiosos. Mesrno ou
racionalmote mtivadas'
de decisões
relaçóes
ao coobecinPnto das
Do Eíniíro que nfu Podem ser exPü-
com razóes muito
sem dúúda, deúdo a
cados através da causalidade' aPe-
apücados à história'
substanciais que os de ser
ao nÍvel econômico' teúam
saÍ de sua conformidade que as quest6es
e inadequados assim
nados como suPerficiais
sáo levantadas.
res do destino hunrano
a frnrdo a§ causas
da aúúdade humana,
Quando examinasps desde os subjeti-
os a§P€cto§ da história,
coostatâDp§ que em todos cálculos
da política, dos
fatos comPlexos
úsmos da religião aé os da PeÍ-
ftios das conprciais aos
eveotos
social é
sonalidade, todo o tecido Uma vez que a modema
às
ficado leis" ígidas Para
ÍrEnte sê setrte a
explicar o nâo-racionais precisa
Ah\
exisÉocia destes eventos
seÍ igoorads.
é extremamnte diflcil interprear esses
Deverms admiú que isso"poém' náo é
0""]t'r'otÉoto;
faos por qualquer -g'i"
igtroÍâ-ú' JunB'
C*: T
razáo suficiente para rylory1.]|1"1"
e náo'causais tomava rÍF
portância dos fenôrenos náo-racionais

56
PrescindÍvel qtrc eles Í€cebessem a Ínâis s&ia atenção. Achava ainda
que, além de oâo ser válido ignorar qualquer categoria de fenôse
nos, existe algum ouEro princÍpio mais gerat oculúo na base de$ses
evenúos. É esa intuição e este espÍri0o perquiridor que estão por tr&
de zuas pesquisas sobre os fenômenos sincronísticoo de eventos re
de , e que o levaram ao conceito de
sinctonicidade corn $üls amplas irylica@s.
Com relação a isso, devemos notar o fato de qrc, embora o es-
tudo de Jung sobre sincronicidade teúa conrçado, na prática, por.
ter ele ficado pela fteqüêrrcia de fen6menos sin- ll
cnonÍsticos, suas reflexões sobre o assunto aumentaram-lhe decidi-
damente o alcanpe. Em última aúlise, portaoto, o pnncípio de sin-
cronicidade se como um método de trabalho
o dos estudos cieníÍicos em geral e também como um princÍ-
Pro para os vlírios pu
de experiência da psicologia
fr^rndá- A sirrcronicidade toroou-se uma grande qwstão, pelo nrenos
táo intrincada em si resma quanúo os fenômenos que pretcndia, ori-
ginalrcote, elucidar. Aotes que po§§amos considerar o valor e as
irylicações que a concepçáo de sincronicidade acárÍ€t& urge, em
prirefuo lugar, que examhemos detidanente as fontes histúicás ll
príncipais e o desenvolvimento desse conceiüo ao longo da obra dell
Jung.

57
V
Além da causalidade e da
teleologia
_- Quando Jung coreçou seu trabalho com psiquiatra, comparti-
lhava a orientação médica geral predoninane oa ürad" do século.
Ao esurdar a psiçe, seu objetivo consistia oecessariareote em iso.
lar a "cause" . Ao desen volvei seus famosos testes de
,o
prop6ito de seu trabalho era itrventaÍ um método de diagntubopÊ
lo qual se pudesse descobú e descrever os grupos, ou .tomple
xoo", de fatores qrr estib na raiz do comportarenúo anormal. Este
método de raciocínio aJustava-se múto bem ao ponto de vis6 que
Frcud viúa desenvolvendo.
No princÍpio, ao concentrar seu tabalho denho des con-
cepções vigentes da psicanáIise, Jung não precisou modificar
as
idéias básicas preconcebidas que havia nssimilsdo enqganto estrda,
va medicina- Os conceitos freudianos aperus poslililitavam úaba-
lhar com o de visA causalista de uru mârs
devido particularrente ao uso que Freud fazia do conceiúo de
ener-
gia,.ou.übido. Freud focalizou a atençáo aos pciquaG@
sos instintivos da personalidade e sobrehrdo nos disüÍrbios
erccio
nais que estão ligados aos conteúdos npntais reprimidos. Seu con-.
ceito fundanrental afirmava que a energia p*.*oL numa determinr

59
da forma pode ser convertida em outÍa forma de energia ou, Ínais
precisamente, que a energia eln suâs formas coovertidas pode ser
utilizâda como forç a motora Pam outros tipos de coryoÍtalEnto'
A
teoÍia de Freud sobre a conversão de sexuals
é
em criatividade artística, com base na sua hipótese de sublinação
lurn exempiffisoffi envolve um esquema geral de equillbrio
e
teoria
converúô de formas de eoergia A seu modo, tÍata-se de uma
egonômlca da energia, supondose que esta está serpre se transfor'
Ímndo emffi dt eneryia eqúvaleotes m inrcrior da psique'
E dste um ceÍto ftrau de plausibiüdade nisso; todavia a concepçáo
teuoiana d;ffi-4õ;síqúAde energia simplifrcou demais a
idérÀ, N aoalisar e reduzir os feúrrenos npntais ao esquerna
de

causa e efeito,
Jung considerava esta concePçâo de eoergia totalmnte conr
paúvel cõm seus póprios hábitos de pensaÍEnto' E acabou por si+
tlÉtÀtit?/*ila detalhadamnte em sua pópia corcepção de Psicologia
à que julgava necessário
ê84ítig4 Contudo, a principal modifrcaçáo rrrnâ
Íazer eta ex a concepção de libido - à qgal FÍ€ud dgla
definição basicanpnte sexual - a urna concepgão oaior de "energia
pdquica" que tivesse um alcance mais aoplo e 'nais abraogente.
Esta modificaçáo, ou alargarnento, do conceito freudiano de
energia levava irrcsisúvelmente a nova§ mudanças. Jung estava cada
vez mais irnPressionado Pelo fao de que urna corePção diúmica
da psique chema â atençáo para a nâtuÍezâ exPansiva da Persooali'
dade e para o fato de que a criaúvidade é uma qualidade.inata do fr
humano. Jrmg foi assim rc-vaao a recontrecer que qrclhor s3lgira
de descrever o desenvolvinpnto da personalidade é corm um
cesso de cresc coED se um implícito na
nafurczâ do organismo humano estivesse Pouoo a pouco enrrgindo e
amadurecendo a Partir de sihuçõe s pÉvias oas quais nem ele
oem
seu equivalente esúvesse contido. Observando este fato, percebeu
llq* ,"t "t""" de um grave desvio tendente a "reduzir" a criativida-
ll ao "ro*rto pÍesente" a circunstâncias psíqúcas do passado'
60
Quando escÍ€veu o prcfácio paÍa seus Eneios reunidos sobre
psicologia arulítica, publicados em l9ã), Jung já evoluÍra o bastan_
te nesta linha de raciocúrio para aoentuaÍ as diferenças existeotes
eo-
Ee o $ggionisrno_g@ da ft,eudiana e o DonEo de vista .-
teleológico gue ele estava entiio em pÍocesso de desenvolver. Na-
guela época, conhrdo, viso que Jung ainda retinha muito
do seu an_
tigo ponto de vista, a.finnava gue suas rnterpretaç6es psicológicas
eram " não só analÍticas e causais, mas também e
üvas em recoúecirenúo do faúo de que a mente humana caracteri-
z+'se por cansae (causas), assim como por.ftras (finalidades),,.
E
pÍossegue, observando que ..q causalidade é apenas um prircípio,
e
a psicologia essenciatnente nao pooe@t+
dos causais".
A tcleologia toma-se, então, o segundo ponúo de vista com o
qual Jung trabalha- Evidentemente, e
çoamenüo dos ralhos redutivos , rus ainda de nafuÍe- tl
za analítica. No fundo, ele permanecia racionalistr resmo quando I rl
expaÍdia o conhecirenúo do náo-racional, pois continuava voltado
para a descoberta das conexões causais dos eventos psÍqúcos.
lr
Nestel
ponto de seu deseovolvinrcnto, J percebeu com clareza as limi-
de,tm de visÍa causalí$ico, apenas havia comoça-
doo que de vena §er una umn perspectiva oão
causal.
De fao, a vai além da causalidade , mas não a deixa
para trás. A essência de um de vista teleo está na
de um final q4prigem de cada orsanisÍtro , sendo
a vida individual explicada como a Íealizas.áo desse propósito. O
ncio de realização desse proÉsioo implÍcito da vida
@e múto bem
ser descriúo em terms de processos causais; por ouEro
lado, a prú
pria idéie de causalidade pode ser suficienternente arnpliada para
cluir um ponto de vista @leológico.
in- ln
Numa verificação atenúa, tem-se a impressão de que teleotogia
e causalidade náo se op6em necessariaÍnente, enquanto interpre-

6t
-
taç6es gerais do Processo de üda" Na realidade, Porém, 9
difícl!§
vel, assinalar o otrde teÍDina a e oÍ>
nao
meca a teleolocia. da mioriryortância também rPcoúccer o fato.
todo
de çe, apesar de haver um propósito inpUcito na uigem de
or8ail$m , esse propósilo oâo se realiza re§saÍiaÉile , @ndo
desenvolver-se de forma atlofiada ou distorcida ou úo se desenvol-
ver em úsoluto. O de adquire um iryortâo-
cia docisiva, una vez que teuias aorbientais do crescimnto são v&
üdas apeoas nuoa exEosão bastante limitada O determinisÍm
am-
qte
bientalnâo ajuda muito quando se tratâ das gnndes questôes
envolvem o "O"ttioo" de cáda indivíduo. O pr'óptio fato de que a te'
inerente nâ
leologia é válida aÉ erto pono, de que blt um propósiro
.ió ao indivÍduo e de que o sentido da vida de cada pessoa deri-
,"-0."t" propósito, impôe gnves restiçoes ao valor de qualquer te'o
ria que esrcja orientada para os asPecto§ exteÍiqes'
iE na rcali-
Tem de
"Ê ioerenE
que Jung denomioa
8eÍ, m um âcas'o aquilo
.ma "coimidência ". O eocontno aparetrteÍrente aciden-
ul de fatores que estâo umelo ma§ que, âPe-

sar disso, demonstragl estaÍ relacionados, ocorre


no próprio âmago do PÍoce§so atsavés do qual o ProP6sito da
úda
de cada indiúduo sc desenvolve e s
toma o seu "destino". Aqú,
problema
teleologia e contingência P,encontrar-n, Oan0o plna ao
eshrdo do horrem Pode
enfrentar.
questáo
Através de sua prática em p'siqúatria, Jung chegou à
da contingência *ró ta- cnrcial na determinaçâo do destino da

üda de ."d" irdiríduo. No entatrto, logo comproendeu quê E&-§9


trata de alguma coisa po§sa ser analisada emterms raciooais de
causa e efeito. Quando se voltou Para o esndo das diversas
' 'carac-
É-dõffia uer dizer, oe diversos edorços teóricos para exPlicar o
com o
destino indiúdual com base em algum priocípio especÍfico
62
qual se trabalha intelectual ou inhritivamente, observou a.llEiggfu
inerpnte a todos esses rnétodos. Es6o todos fadados ao frrcasso na I
"d
redida em que se permitê que se 0ornem sisEmas rígidos e formais
entilo um caráter aÍtifrcial aos eventos. Até Ele§IDO A I
astrologra, poÍ exemplo, perde toda e qualquer validade qrre poderia
ter quando passa a ser interpretada conro um sistenn Íixo cujos sÍrr
bolos possuem valores predeterminados.
Em contraste com isso, Jung ficou muio impressionado com as
interpretações lpyslndss no milenar Ching, ..O üvro da.s mu-
I
tasóe§". Quando o estudava em busca de solugõe» para esse misté,
rio, chegou à conclusáo de qw é totalrente iryossÍvet aprpender
por rreio do intelecto a "razão" que há por cás & I Ching, ws
gue, não obstante, ele funciona na prática quando o abordams com
um espúito con€00. As ioErpretações do t Ching par€oem inplicar
uma participaçáo no fluxo dos eventos que consegue, de algum ru
do, refletir *
1u1*ps çaguris de tempo e de individualidade. DaÍ se
conclui gw, so preEndemos entender os aspectos contingentes que
sç mnnif€stqm na personalidade indiüdual, deve.mos, aaEs de mais
nada, enconEar um reio de harmonizar nosso pensaDento oom os
tl
movirentosda vid4 dos quais a contingência emeÍge.
Neste sentido, o desenvolvimenúo do princípio da sincronici-
dade poposúo por Jung pode ser interpreado com um esforço para
descrpver
@ - ou relhor, um processo de
experiência - qw o de movirento
encontrado nos não'racionais e nâo<ausais. A solução
talvez esteja no fato de que a continsência
Egional.
no fundo um fator ir-
il"Y
Por conseguinte, a sirrcronicidade aparece como o terceiro
princÍpio de inteÍpÍetação com o qual Jung trabalhou. Os três úo os
seguintex: causalidade, Eleologia e sincronlQ!$p. Indo além da
causalidade, ele desenvolveu um ponb de visüa teleológico para a
interpretação do irconsciente; e dos problemas qrrc a teteologia su-
geria, mas nõo tfuha condi@s de responder, ele foi levado à sin'

63
cronicidade. Todos os tês subsistem no Pen§ârlFnto de Jung, seodo
apücados de acordo com o problerna e a situa§áo dados. O pono de
vistâ teleológico (rcuPa a posição central em §eu PeDsanFnto uma
vez que conéo em si tatr0o a causâ como o efeito; apesar disso'
poÉm, desemboca diretarnente nos problemas suscitados pela sir
cronicidade. Esta última, poÍ sua vez, constinri um priocípio inde-
pendente, contrapondose e complenrcntando os outno§ dois'

a
VI
l,,eibniz e o Tao

Embora não seja basicameote um conceito intelecüut a sin'


cronicidad€ teve grandes expoenEs da filosoEa no passado. Asso
ciando, assim com fizemos, trrng a Hure e a Kant, tivemos a in-
t€ngão de demonstrar o pÍocesso histórico por reio do qual o pen_
samen3o junguiano surgiu do racionalismo da moderna filosofia oci-
dental. Os anteoedenEs filosóficos da sircronicidade na
culüra , toda vla, ser em fontes
distanEs da racionalidade, cujo príncipal rcptesencanE oos Empos
demos pode ser simbolizado na figrua de l,elbotz.
A io & l-eibúz culmina o brilhaaE dcsenvolvi-
reo0o do alquímioo psumiodo a concepção do
horrem como una ex microcósmica do mrcrocosuros. Esta
@ simMlica é encontrada nurna variedade de ru§ atr-
tigas civiüzações orientais, voltando a florescer no final da ldade
Média euroffia, naqueles sistemas filosóficos que uluapassaram as
limitaçês do pensarcoüo ortodoxo.
jufar pelas aparências,l;lihrri,z desenvolveu sua concepçáo
.da môoada,
-e
ou seja, o microcosmos, na forma de urna filosoíra racio.
nalista para não ficar atrás da tendência do século XVtr. A finalida-
de mais elevada de sua obra, conhrdo, pode ser compreendida de

65
rnodo rnqis fundanrental, corrp um nrcio de experienciar o mundo.
Este obJetivo rnaior da úra de Lribniz foi apresentado com mais
clareza úo m Monadologia, mas numa ouEa obra *ta, Princípios
da natureza e da graça. Vernos aqui o senúdo de dedicaçáo pessoal
â que $a obra se suboÍdimva.
A concepçáo básica do co$rr§ idealizatla por Lribniz Postula
uDâ "EIESSb-pÍee$ê!9ElÍb' sob o desígnio e a proteçâo de
Deus. O significado dessa "hannonia PÍeestâbêlecida" impüca' por-
taDto, que o universo deve ser comDÍeendido @mo um amplo rnode-
lgno qual todas as partes indiúduais. as mônadas, estão inter-rela-
cionadas. Todas as enÉdades monádicas no cosmos possuem caÍac-
tpúücas inatas de acordo com sua natuÍezâ e confonrp o lugar que
,'1./'" ocupam no quadro do universo. Além disso, contêm urna imagem do
a .í modelo universal dento de si mesmas.
rtÂ
Cada mônada está isolada de todas a§ outras, coÍno se estivesse
henneücarnente fechada, pois, como dtz l-eibniz, "as rnônadas não
têm janelas por onde alguma coisa PodeÍia etrtÍiar ou sair".l Por ou-
tro lado, as mônadas refletem o modelo maior em si mesrnas, de mo
do que cáda môDada rcPrcsenta "um espelho peÍeneÍreDte vivo do
-,#
p.§
,
rrniveÍso".2 Na condição de mônadas, os seres humanos participam
ãõfrírganismos mutáveis do cosms e os rcfleterL Lribniz afirma:
FÊ "Todo corpo rcage a tudo que acoÍlt€ce no universo, de tal sortc
9üê, se alguém Dudesse tndo, ler em cada coisa o

wJg'*Â está aconteceodo em toda


e o que acontecerá.'
,3
,e até mesrm o tE aconleoeu

As mônadas indiüduais são sensíveis aos npcanismos do uni-


verso e das outra§ môoâda§, rx§ esta sensibilidade varia de acordo
com a natuÍezâ de cadâ urra. Apesar do fato de o microcosmos refle'
tir o mundo todo e ter conro coolário a pêÍcelç&-de-tudo por lG

l. l*lbloz,A nonddogb, P.7


2. ltútt,P.56.
3. lbü|,p.61.

6
dos e§ta éem inconsciente. Só em Poquens
pÍ,opoÍsáo é que §e toma "aDel@ocáo' ', que
é o tcÍmo usado por
Í.eibniz para de$goaÍ aquela peroela de percepção que
chega ao nÍ-
vel da consciência A tazão desta limitasáo é que ..ums alÍnâ
ss coo-
segue c{rmprcender dela Epsnu o que aí se acha rep,rasentado
distin-
tament€. Não pode, 6! rrml só vez, explorar todos
b, Poqlue eles se esteodem a{l inÍini1e".l
os seus Í€oôndi-
!L#
I-eibniz rcferc-se ao oohecispnto
\ffi*
à mônada hdivi- k-4/'§
dud de @nx) uena§ s". F.les estiig ny;;c'
em estado de 66 nlnrn, ÍÍtâs se tgfnam
manifestas ouma variedade de formas, à redida ue
vidual vai
a mônada indi-
seu estado de' 'perfectibiüdade "e
9+'
§ua com o [nt veÍso. Esta concepgão básica está intêiÍarreoE
de acordo com a visão do Si-rrcsmo descnvolüda por
Jung, de tal
sorte que, de um certo ângulo, é possível dizer que a p.sicolosia
qlls ----a tomü po§§Ível a docurenação ernpíricaiun-
collp§â agora
+
ea
prática moderna da do honpm e uuvel§o
concebida por kiboiz.2
Um dos mais impoÍtaotes aspectos da obra de Ieibniz,
no gue
diz respeiüo à sincronicidade, é sua formutaçáo da relaçáo
enEe o
corpo e a alma- Nos npios acadêmicos, sua t€oria tem
sido classifi-
cada-de "pamtettsm psrcofÍsrco" e reduzida a tal pooEo que
se
Eansformou, do ponto de visüa filosófico, num elefante
branco den-
úo do pensamenúo moderao. Agor4 no entaoto deúdo
, à formulação
do princÍpio de sincronicidade e ao úabalho r€alizado por
Jung na
obsewaçáo dos fenôrenos profundos da
P§ique, podernos começar a
ver algumas das da de L,eibniz. De
faüo, ela úre inúneras possibiüdades paxa a Írpnte
moderna, espe.

l. lbitl,9.6t.
* * É;"j,1,",fl''{' k,?#,?i,#Wir,{ttr"\is;?fr,[ri,c;c. ,*e o* rio,i-

67
cialmente em relação {rrclas questôes obscums que surgem do rela-
cionarrento entÍE o oo§flp§ interior da psiçe humana e a4rele outro
.*St oosmos ÉpÍesêntado pelo uoiverso na sua totalidade.
L-eibniz fala da mônada no sentido especffico de genre de po-
tercialidade, ootm a essência viva e irerente do organismo' E exa'
tflnente a trFsma coisa que Jung aflnm, referindo-se ao Si-mesmo
cotrro o aÍqútiPo universal do ser hunrano.t Neste sentido, I.r;lbniz
etrpÍega o tenDo "!q@!l" com equivalente de "4ma" na sua c(>
notaçío mais gen&ica. Corpo e alma se atÍaem, se corleqpondem e
lDossuem uma duradoura afuidade etrEe §i PoÍ cau§a do mdo corm
lo uoir".* foi estruhrado. Isso simplesrreote faz parte da natureza
rlas coisas ou, oo[x) diria kibniz' é, inerente à "
qqbê@".
O corpo é aquele ponto especÍfico no qual as possibilidades in-
finitas de conhecisEnto na mônada se acham cristalizadas' para o
qual convergem e no qual, intrinsecamnte, também sofrem limi-
tagáo. "Embora cada mônada criada reoresente o universg inteiro"'
aSr.a t-eiúoir, "representa também, de maneira rnais Prccisâ' o cor-
po que em particular P€Ítenc€ a ela e do qual conSinri a efteléquiÀ
É vtto que este coÍPo erPÍessa o universo inteiro aravés da ligação
de toda À rnatéria no espoço pleno, a alma também representa o uni-
verso inteiro quando rcpresetrür o coÍPo' que lhe pertence de um
modo particular. "2

Corpo e alma sáo e PoÍ


dentes. Não ob§tatrte, também aodam juntos , Pors "estáo a
um ao ouüo em virode da entÍe todas a§
,ús
que todas úo reprcsentagóes de um único e rrs,-
tr3
mo uuveͧo

l, Ibüt.,g. l7?, "O Si-mecDo como Símbolo Ê Rcslidrdc"


2. lrlbtiz A trwtúlogb,p.6?-
t. r.ciú,atz. A rrbmdfu8b, P. 7 8.

68
de estarpm tãO intimnrnente e elmn fun-
cionam de acordo com l§ . "Os corpos ", diz l4,i!.-
niz, "ern conformidade com as leis de causas eficientes" - o gue
quer dizer que devemos inteÍpÍetaÍ o mundo ffsico com sendo de-
terminado pelos Dlo§ de causa e efei3o, Por outrro lado, "as al-
nu§ em com as leis de causas fineis, afavés de
seus desê o§ neios e fins" Fm outras palavras, I drna contém um
propósito em sua natuÍ€za, e sua existência consisrc na realizaçáo
deste propósiú0. .{, alnre, porEnto, opera por teleologia, ao passo que
o corpo obdeçe à causalidade.

Estas dbotomias paÍecem ser múto exagpradas quando consi-


deradas do ponüo de vista Eodemo. A fÍsica já não mais sos penniE
condenaÍ todo o mundo material a una estita csusalidade, e a teleo-
logia só nos conta paÍte da história da nlr40, ou psique. Todavia, a
essência do que Iribniz disse vai direto ao ârmgo do problema mo
derno. Onde quer que ainda esteja acomdada denüo de um ponto
de vista médico, I psicologra-p3glg[ üata alme cormo se fosse par- <-
te do mundo físico zubordinado aos princípios de uma rÍgida causa-
lidade. Quando Jung a da causalidade
@mo um voltou-se paÍa umn
visão teleológica sernelhante àquelaque L€ibniz haüadescrito com
o princípio opeÍant€ da almÀ Em vez da posiçao original srrstentada
por Freud, constatamos afualmnte nma tendêrrcia cÍescente paÍa
teorias holÍsticss que inteÍpÍetam a psique a partir de diferpntes pG, +
si@s cooceihrais de acordo com sua intencionalidade.,
Iá indicams que o princÍpio de teleologia tarrbém soÊB limi-
tações; desrc mdo quaodo seguitrros todas as suas implica@s, so-
rnos levados a perceber queé coisa mâis. Foi este
pÍocesso de idéias que levou Jrtng a trabalhar com a

l. Ibü.,p.79.
,"u- ,',*."írtf3,trtrfô:trüt":3;rJl,fi?: toby ad Modcm rlícz. Nova
york,

69
A forrrulação de L,eiboiz sobre o fimcionamnto do corpo e da alma
é bastante engenhosa. Na oPiniáo dele, tailo a causalidade colm a
§ao sóé
causa do @trlexúo mâis as susteDta. dois
"estáoçm-hamoonia um com o ouüo. "l
Neste ponlo, surge um intere'ssante conelação, da maior i*
portârrcia par;a a hipótese de sincronicidade. O corpo o,bedece ao
princípio de causalidade; a alma obedece ao princípio de
ma§ o contexto ÍnaÉ lo, ambos em harmonia, nâo
pode funcionar por neúum desses dois princípios. Corpo e
com paÍtesrm rnodelo que é o trnive[§o como um tG
do. A importância da "harmonia pÍ€estabelecida" é que ela estabe-
lece o modelo no interior do qual as diversidades da úda podem ter
suas "ligaçôes".
O princÍpio peto qual a "harrronia preestabelecida" opera pe
de ser descrito oorno a Inatrutetrçáo da ligaçâo entre coisas que e§tão
vinculadas entre si nâo pa qualquer nexo causal definido, tam
pouco pela ''enteléquia " interior da mônada. Ele irnplica rrma COêSâO
6ry, na g!Íleo-dÂtcoi§8§, o que si8nifica que o indivíduo e a§ outna§ etr-
údades devem manteÍ uÍm @respondência entÍre si com PaÍtes intÊ-
gratrtes do mdelo haÍmonioso do cosrms. A harmnia deste modelo
nao ser sinplesrnente comoõEversoé. E é si.r
-;
"(' plesrrcnte corm o cosms foi "preestabelecido" a fim de criar con-
di@s propícias à üda. É aquilo a que Jung §e refere, tomando er
prestado a exprcssâo de Kipling, como "Isso resmol" E é aquilo a
que os antigos chineses chaÍnavam '"Tao", a pÍimeira raáo do Ser'
o prirrcípio universal da ordenaçâo e sigrificado no cosms. O
princípio que rnaném juotos os organisrnos vivos úo é nem a cau-
saçâo nem a teleologia, rnas sim um princÍpio que üga as enúdades
do corpo e da alm,a entre si.

l. Lcibniz, A rroradologb,p.19

'to
Por conseguinte, o prircípio dirptivo do cosms não é alguma
oisa qw Possa ser enalisada ou medida Tiata-se de um princípio
de de forma é úJtA
àEggggg-do rngg4gr e que tÊve um despnvolvimento mais cor
pleto no Oriente do que no Ocidente. Esse princípio, poéq já pos-
sría rrmrt substancial histúía na Europa quando kibniz o utilizou
pela primeira vez. E o prúprio Jung se firndamenúou nesta história
para formular os conEúdos de seu conaeito a gue, acentuardo a es-
truturação particular de cada momenúo do tempo, deu o nore de
"sincronicidade".

A óra & Lpibniz é a qw ofercce o


@.para se en_
tendcr a perspectiva gue Ju4g está tentando construirlm refer€n-
cia específica à evol4ão do pensarenÊo ocidental. Em geral, é cor-
reto dizer que l-eibniz chegou ao princÍpio de conespondência se-
guindo uma orientagão racional, visando em porticular comprpçnd&
Io e dominí-lo enqua[to um princsio da nanueza Esta afirnasão
contém apeo.as um aspec8o do pooto de vista pelo qual Jung aUorOu
sincronicidade. OuEo asp€cto, totalrente diverso, acha-se enuncia-"
& na anüga filosofia do Tao.
Uma vez qrrc o taoGm segue uma conoepçáo do cosmos e.s-
sercialmente serelhante, é de todo legÍtim a alegaçáo de Jung de
çe lribniz e lao Tse
§inqonicidade. Conhrdo, exis-te também,rma Of@a
enúe o§ dOiS, rr-, dife,rença com profundas ramificaçOes no dqsen-
volvimenüo tradicional do pensarento ocidcntal. l-elbai,zpÍ(rcura en-
tender o modelo dessas ligações indefinÍveis e influências impalpó-
veis a fim de dominá-las pelo intelecüo. 0 Tao, por sua vez, fu
P[ocura enteodàlas, rrrns sim tomaÍ-se parte delas, entrar no
menSo ordenado do ue contém o fluxo hamronioso da na ú,
Jr
UrÍpza-
Já vimos que a concepção do mundo como ."Tao" conesponde
à "haÍmnia preestabelecida" de lribniz, mns lribniz, de uma ma-
7l
neira úpicamente ocidental, coloca "Peus, o arqúteto',1 acima dela
para criá-,la e mantàla em ordem- O ponto de vista oriental, P<r seu
turno, úo admite nenhuma hteflençâo extgna O Tao é totalmÀte
sufciente, üsto que é ndo. O camiúo do Tao consiste em partici-
par da harmnia da Datureza PaÍa que o indiúduo telha aexperiên
.i" ,ira de estar htimâÍÍEote unido com o muodo. Existe um eqú-
valente disto em kibniz, como @
nimnto há de , mas ele es6 orientado Púa âtender à§
,rll exigências demais
um acadêmico europeu . Já o Tao está sintonizado de
interiorizada, e esta talvez seja a mais apropriada
ume maneira
21 para fazer com que nos E)ÍoxúPmos da suúleza com que a sincru
ll
úcidade opera. Iung cita o seguhte provérbio de Chuang Tse:
"Quem náo tem entendiÍEnto, use de sua visâo interior, de seu ou-
údo interior no coraç:âo das coisas, e náo precisará de
Para PenetraÍ
oonbecimento intelectual". E Juog corcnta: "Esta é urna alusâo ób
via ao coúecinpoto absoluto do inconsciente, ou à presença no mi-
cÍocosrnos de eventos DracÍocósrnicos".2

l. l*lúiz, A momd oloeia' P. 89. in Juns'


õ'c.-1ffij:3y*i;;;i;tít Àn Acatsot conneahg .PriT iPtc,-p'-§g,
)'.
craari w-L",iõilíÚ, prircetoí, t'1. 1., PÍiÍrttdr utriversitv PÍc§s' 1960'
72
WI
Arquétipos e o esquema
de tempo

Se agora considerarmos os detalhcs e as implica@s do qw


Jung Em em reote quando fala em "conhecirenúo do inconscien-
8", §er€mos capazes de perceber os irndamentos psicológicos sobre
os quais assenta seu..método de sincronicidade. e cortro ese útim
se originou da experiência maior de mundo obtida por Jrmg.
Um dos métodos iryortaotes desenvolúdos por Jrrng em seu
Eabalho terapêutico, corno um esforço para levar sets pacienEs de
volta ao caminho da "inbgração", consistiu n"me técnica chamada
de "imaginação úiva" . Este nom § engnnador porgue a técnicege
envolve, de maneira alguma, cocro na livre
lr#,"
um relaxa-
renúo da imnsinnc6o. Ao cooEário, exige aEoçáo concenüada
"mn
sobre os arnplos e mais significativos símbolos e figruas que provêm
das camadas mais profundas do inconscientc, nos soúos e fantasias.
Na base do desenvolvimeoto dest€ método estava a concepçáojun-
guiana de que caflp dentrro de si npsma todas as
tas necessárias. No eohnto, Jung não estava pensatrdo em termos de
consciência- Na verdade, sua concepçáo €ra exatarcote o oposüo da

73
innospecçáo consciente que examina os cootetffos da personalidade
l| com o objeúvo de fazer'rma autcanálise.

A técnica por trás ft "imaginnção aüva" coosiste em encorajar


5 :rÜ' ou estimular a psique de tal Írcdo que chege a erçrcssaÍ o qrr nela
-4
v s errcotrtra latente. Ela visa a trabolhar no nível simbóüco, a fu de
suscitar os impulsos genéricos e iostintivos, além daquelas irnagens
mais profrmdas e gematizadas através das quais a personalidade
humana, eoquâoto paÍte da naüÊza, reflete o Ín rctoco$ms no 8pÍ-
re ainda não desenvolvido de seu ser. Devido à aplicaçâo deste
conceito de personalidade corno um universo em miniatura, os nÉto
rll tadicional.
dos psicológicos junguianos, po excelência, vão além da psicologia

Na esnrtura da concepção micro/macrocósmica da psique hu-


mana concebida por Juag, o tabalho com os rnateriais da personali-
dade, ou seja, o trabalho no búerior do ser humano, leva imediata-
mente além da Isso aoontece na§ sua§
üêt a
do indivíduo do universo rnais Estes
reflexos sáo imagens simMlicas detc,rminados as-
Decto§ do maqocosms. As imagens contidas dentro da psique indi-
údual sáo, poÍtâtrto, reflexos do universo em miniatura. E os moü-
rentos deste dento de cada pessoa englobam os processos psíqú-
cos, sendo as expressôes, na foma indiüdual, dos processos e rit-
mos que estâo em movirpnto no n rcnocosmos da natweza Nestas
circunstâncias, vemos oorm a perspectiva psicológica dc Jung pos-
sibilita daÍ uma demonstaçâo eryfrica da visâo srstentada por
Chuatrg Tse de çe a '!isáo intedod'não necessita de conhecimn-
to intelectual DoÍquo eiúa em hannonia oom o co$nos olha
oara dentro de si mesma-
r-
a rclaçâo entÍe a psicologia prÊ
frmda de Jung easutileprofirnda osof,a do taoísno torna-§e evi-
dente. Para Jung, no entanto, ela não PeÍDarcce apena§ oomo um
opiniâo, ou Weltanrlaawg. Seu esforço é para resolvàla oa práti-
ca alravés da determioagáo das formas espocíÍicas em que o mâcnF

74
cosuxrs se toma manifesb no microcosups da personalidade huma-
na É este de sua análise dos e o verdadeiro l,l
fundarcnto de sua teoria da sincrcnicidade- ?))
Retornando, poÍ ora, à discussão coo base em lribniz, nob
rtros que a concepçáo da psrque corm um micrccows conesponde
à mônada Para lribniz, a mônada rcflescota a esoência do ser hu-
Ínâno, por @nter a mais alta pote{cialidade da pssoa e, irnplicita,
Epnte, o esforço para a "pen@Qllidade", qte é o princípio subjr
cente à atiúdade vibl. Embora a mônada cooteúa em si tanüo o
corpo coulo s almr, cada gul indepeodente e ainda assim intima-
rente ligados um ao ouüor o fg&q-gigÍyo e poÍtaoto decisivo é a
alma. As idéias com as & Jung são mútoÍryor-
tantes, sobrúudo com relação à sua visáo mais mpla do §cf com
expressão da üotalidade do ser hrlÍrlsno.
Na visão de Jung sohre a ccrelação eote o Seffe a mônada,
o Se{ c'lll.ittfu a natuÍ€za básica da espécie, cujo princípio vital se
manifesta dinamicnnrentg por meio de suas expressões psíqúcas.
O Scf, conhrdo, g.p deve ser apreendido apenas conx, a serenEll
que coném o popósito laEnte da penonalidade. Assim como u-"1'
peqwna fração do universo contém a essência do universo em mi-
niatüa, ele também Í€prcsenta um ponto dfuelo de contarto coE o
mundo todo. Por conseguinte, o
t
contém as realidades
da personalidade, e é atém disso um no sen-
mais amplo do termo. o elo çom o universo e, quando assim
, tomase u espécie de conÍiruun rc nível psíquico, fl
Aüás, é neste nÍvel que o §ef carespoode psicológica e oosmica-
mente ao Tao e à "haÍmooia universal" & lelbaiz a gual, afinal de
contas, nnda mais é do gre o aspecto macrocósmico da mônada.
No sentido rnais restriEo do §ef como uma realidadc que é em,
piricamente experienciada, Jrmg fata do aspecto icóidc d^
PeÍsq
nâlidade , referindo-se como tal ao úvel em que a psique ainda oáo
alcançou urna nÍtida qualidade psicológica É Ago mais ou menos
sesrelhante ao que acaba por se desenvolwr com atiúdade psi-

75
cológicâ, mali sem que os necessáÍios PÍocessos de difererciaçáo te'
nham ocorrido.
Ao de,screver os padr6esde comportamento encontrados em
todas as espécies do reino animel e as prÉimagens quase-psigológi'
cas qlue os acomoantram, Jung está lidando com um nível de úda
ircüâtaptrte próxim à natrueza Todas as possibilidades fuaras
se flmdem no estado poicóide, pois trata-se de um nível de existência
que ainda úo se acha suficietrtereDte desenvolúdo para que a dife-
rcnciaçáo eo cará@r distinüvo se façam necessários. O estado
psióide é, pc conseguinte, múto parecido com a concepção do
.* si-resm coBD um coeÍr6 ou um_Eg§-PÉryg|iê!. Na verdade, se-
ria corrcto dizer que o nível de desenvolvimnto psicóide corres-
ponde,nomicrocosms,@
h,osseguindo oesta lógica, o objetivo da análise dos arqrÉtipos
e instinos feita por J,rng destioa-se a oferecer um fundamento empí-
rico §ubstamial sobre o qual se possa comp'reender a diferenciação
çe, mais cedo ou mais 14ds, ocoÍÍ€ tro descnvolvimnto da perso-
nâlidâde. Os uqrÉtipos sâo a etapa seguinte na revelaçáo da pr6
imagen que esú lignda ao i$tinúo, exatarrentÊ aotes que est€ Úinja
o poto em que suãt caÍacteúúca§ §e toÍDam difererriqda§. AÍqué-
tipos e in*inos surgem, Pois, da mssm raiz e' 4Pestr di§so, são
opostos envolvidos numa tensão mais ou ÍDnos coD§tante ente §i.
Desta tÊnsão, gerese a energia disponível para a poiçe, ou, rrlhor
seria dizer, através desta tensâo natural a erergia lalente oo orgr
nisrm recebe um caráter psÍqúco peculiar.
Esta é r'mn maoeira de se considerar a questâo. A PaÍtir de§tâ
orientaçâo, terrcs o çe se poderia chamar de "visão inferiod' do
desenvolvinpnto hrrmâno, considerado do pono de üsta da
emergência do horm.m na nafirÍEza. Jung acha essercial examinar a
psique a partir desu perspectiva, mas julga também essêncial perce-
ber que este é apems um pgnto de vista a partir do qual se pode
cosiderar a psique. Em terms de evoluçáo do reino anirnal, as
imagpns de fundo psicológico surgem dos padr6es de coryortamen-

16
to inerpntes à espécie humana, retirando não só suas tendências
simbólicas, rnas igualrente todo o úgor e intensidade de sua ener-
gia" das pÍofundas e primordiais forças da naoreza.

Do outno ponto de vista - o "pggp-@j§!qsgp9Ég[" -, o or-


ganism humano é visto corno uma representação perfeita do cos-
mos. Os padr6es básicos de comportamento úo, portan3o, concebi-
dos com Íeflexos do macrocosmos no miçTocosnos, O si+trcoro b
indivíduo, ou seja, a üotalidade da pessoa, Cg!§Etui entáo um Írftexo ir6l'lb
do cosmos com um todo. Jung se refere a isso com umâ grade va-
riedade de terms, querendo principalmente acenürar que estarnos li-
dando aqú corn uE fato frmdarental e universal que tem sido per-
cebido e registrado sob uma pletora de sÍmbolos e conceitos, in-
cluindo a psique, o Seff, o inconscieote, Merçúio, para nio rencie
nar os inúreros simbolismos especializados e e.sotéricos espalhados
por todo o mundo, As qualidades e.sserciais destes, conhrdo, são
idênticas àquilo que se acha contido na noção rnais empírica do es-
tado psicóide primário do ser humano; ou sejc que o corpo e a nren-
te, o biológico e o psicológico, ahda úo se difeÍ€nciaraÍn, e instin-
úos e arçéfipos ainda estôo fundidos, úo tendo erergido com suas
caracteúticas. Os paftões que se fonnarn nos pÍooqsso§
de evoluçáo corm as bases psicóides, nãopsíqúcas do desenvolvi-
mento hr!Ínâno, são porta[to conespondências do universo manifes-
tadas no ser indiüdual.

Neste conExto, do resmo modo que o processo de emergência


psíqúco cono un todo é r'ma conespondência microcósmica do ma-
cÍocosrlo§, pode-se falar dos arquéripos como sendo "psicológicos"
apetu§ num sentido aproximado, pois eles também coostiüem refle-
xos do cosmos. Essa afirmativa justifica-w, na prática, sobrptudo
pelas sugesüies e potencialidades que os símbolos arqueípicos tna-
zem com eles. Na qualidade de repesenta@s dos processos funda-
urentais de vida, moÍte e rpnascimento, da luta entre opostos e sua
plg$g, as imgens arquedpicas, em suas mútiplas formas sociais e
77
históricas, fazem com que os sercs hrrmanors ents€m em contato com
os prooes§os primários e mais difrrsos do universo.
A experiência de um símbolo arqueípico resulta num sentido
de relaçao oom os nEcânisms internos da úda, num sentido de par-
tiipaçeo nos movirnentos do cosrnos. Em nrorpntos assim, o indiú-

,c duo sente $re suâ individualidade esú exaltada, como se fosse ane-
batada, por rn instante, mais elevada do ser.
Eúdenterente, a situagão que se iostala quado um arquétipo se
toma ativo na üda humaoa, transcende o nÍvel pessoal. Sente-se çe
essa sinragáo possú aquilo Que lrrng chama de "caráter cósmico", o
que deriva do fato, com ele 6ssap rliz, de que ela aparece-'no in-
divíduo corp "um equivalente corplenrntar do 'mundo exte-
rior"'.I E é experienciada com muita inansidade, acoryanhada de
urna grande emotiúdade, púoduzindo uma percepçâo eqlecial, uma
nuninosidade que coDtém um sentído de validade e autenticidade
transcendentais s rrmr 6916 ssg§asia divina.
Uma extaordinária concenúacáo de ener8.ia paÍece atuaÍ nes-
tas circunstâncias, e essa energia aí implicada deve ser entendida
tr,1 num duolo sentido . De rrm lado, ela deriva de um aspocto traoscen-
dental do aÍquétipo etrquailo manifestaçáo do macrocosmos na for-
ma microcósnica; do outo lado, expressa um fato tranral, o de que
grades intensidadss de energia sáo ativadas quaodo o ser humaoo
toca o nível psióide de sua natureza, no qnal instinto e arqÉtipo
estâo amalgamados. O tratrscendenE e o natual caminham lado a
proceeso de criaç6o, ligados por uma conexão
flado através de todo
f intema recÍprroca. Por um lado, "a divindade" se encontra lâtetrte m
matéria e necessita de formas matpriais; poÍ outro, nenhurne enüdade
poderia existir se náo houvesse alguma centelha da reali-
lindviOuA
I dade rnacrocósrrica em sua origÊ.m.

l. C. G. JuDg,Áron,p.l96,btcoU.crd WorLr' vol.lX, PâÍlÊ Il

78
Para enúender o sentido da experiência indiüdual dos arqúti_
pos, devemos peÍeeà€r que, apesar de esa experiência se Íealizar
coux, um feoôreno psicológico, o fedreno, por sua pÍúpÍia natu-
rcza, Eanscende o aspect/o psicológico. Sua foqa pÍimáÍia provém
do fato de que possú nme qualidade espirioal e se legitima existe.r
cialrcnte na vida de ,,me pessoa. A manifestação do macroçosmos
oo microcosmos significa qrr algo da divindade do universo indiú-
dualizou-se, Quando a personalidade vive e participa deste processo,
essa experiência serve então de elo entr€ o ser hlrnsno e Deus. Urm
vez qrD isso ocorra, o sentido de numinosidade e as sugestões de
transendência espiritual qrE acompanhan a experiêrcia são essen_
cialrcnte cor̀tos.
Nessas ocasiões, @tsptanto, é extsemamenE
gbftcs-ir _e!!e b)s e a inusen e Deu§ gue, na Íeslidâde,
eodo experieociada pelo indivÍduo cono um evento psioológico no
âmago de sua pensonalidade.t O fato de ele
estar experienciando
rrme relagão com Deus deve ser en@ndido
corm um evento psicolé
gico já que, necessariarrentc, o@ÍÍe denEro da psique hrrmena
f,s6
constihri, todavia, apenas o lugar, já que é o foco, da manifestação; I
o evento em si mesm e a
formação ou úivação de ,"nq imagem de Deus gue se enconúa
la_ ll
tente no indivÍduo.
Um situoção de coneqotdêrria é o que relhor define a rp-
laçáo que resulta, a§sútr, peÍsepsão de Deus tal corno experien-
ciada tto âmago da persooalidade. Esta
ErcÍO e o macÍoco$no§ haÍEooia
é entrp o
e
\w'
indivíduo cutr o venal. Tais
conespondências estão irylÍciAs oa nanueza da üda, ma§ de forma
)4"
latcnE. Só quando são ativadas e chegam à realizaçao sua enonne
wir*crrdc Kr@, an seja, a for5a ütal inepnte aos arqrÉtipoo en_
quanto co[rEspondências & cosmos, se toroa eficaz.

l. tbüt,p. 195

T)
Quaodo um arqútiPo é experierciado nêst€ asPecto fudaren-
tal, cria-se uDa nova sitragâo. E Íp-a-s" - ** ,od"lt Ot á
4 fenôrenos qrr então etrtsiuD na esfera do onlrecimento humano
Endem a dar a iryree§âo de que urna grande e nova energia foi übe-
mda no mundo. lsso é apenas "nra aPar€ncia, úo a essêrcia de tais
siuasões em que a numimsidade intrínseca aos arquétipos é efeti-
vada como um conespondência do mamocosmos. Sem dú údâ al-
grrma é PoÍ qausa destê a§Pecto emgético que os evenlos qrr ex-
pr€ssam tais correspondência§ Do temPo sáo idenúÍicados por sÍr
bolos equivalentes à energia - poder divino, maná, forg magnética,
energia espiritual e assim por diante.
Sídolos desse tipo fomecem a base e o Princípio es§êncial
qrr estáo por tás da prinitiva explicaçáo de efeitos miraculosos' ou
áaquilo que Jung cham de "causalidade mágica". A erergia úo é'
con[rdo, o fafor primário aíirylicado. Ao contrário, quando se dá a
conespondêrcia etrtse o macÍo e o microcom, um rrcvo modelo é
in$iüído no temPo, provocando uma reuganizaçáo de toda a si-
tuaçáo relaúva ao êvetrto. Ele modifica a configrraçáo dâ §i$a§áo
previarente existente. §e forrn o novo rnodelo outna§ sl-
$açôes e eventos sáo levados a eslabelecer um novo rehionarrento
com ele. VeriÍic&se entáo um EâgÍuPamnto e uma reesnruração
de seus elerentos intemos e extemo§' obrigando a uoa distribuiçáo
diferente dos fatore's entÍe si. DaÍ resulta que há sempre una Dova e
coda vez maior cristalizagão de modelos.

Não rp.sta dúúda de qw ulm gnnde foqa atu em tais casos;


ela oáo deve, Poém, ser descrita em têÍmo§ de energia A energia,
com @Íteza, está presente oo§ aconlêciEnto§, trra§ a ggEbg&jP
situ@s depende sobretudo de uma reestruuÚaçâo que determina os
esqneDa§ a partir do centro. Se quiserms falar em termos de ener-
gia, entáo precisartam dizer çe se trara de um tipo de energia di-
ferene daqucla que Pode ser mcanicisticarcnte det€Íminada em
terms de causa e efeito.

EO
Pelo que vimos, o pdncÍpioJm açao é interoo, embora alguma
coisa em sua nahneza permita çe se estenda afravés do tempo e es-
Paço. Ele úo modifica dirchmente eventos ou em §t
tI&§IIlos, Ela§ pÍovoca tm reorganização do esquema dentno do
ual ÍEcas estáo contidas. Circunstâncias
e significados, portanto, soü,em urna mudança imperceptÍvel. Utna I
vez que existe um fator implÍcito de mudança, podeurcs dizer que kí
uma "força" em ação, e que esta deve ser caracterizada cotrx, uma
fonna de energia Ademais, podearos supoÍ que esta energia seria
Pit§s ível de análise causal se ao ttpnos não fosse tão sutil e iryalpá-
vel, a ponúo de nos impedir de colocar as máos oela e dissecíla.

Num exa[re mais minucioso, poém, percebemos qrc náo seria


conpúo falar desta "força" conro energia, pois neste caso estaríano§
postulandea como um fa0or definido, como uma entidade direhrnen:
te envolvida oa situação. No entanlo, quando se estabeleoe um es-
quema no tempo pela ativaçáo de um aqÉtipo, o fetor d€cisivo não
paÍ€ce ser algum tipo de ação ext€rtra, mas aotes vm prirc{pio e
irerente ao de fonnação de um esquema As- lau"'
sim, o qle mantém a integridade desse esquenn são veüores de
erlerSllt, rnas sim vw coesfu inÍcrior, algum pr-incípio de concxlto
intcrio, (enfim, um de que opera a partir de
dentno e atraÉs do esqueula , menÍendo{ coeso em
tenms da conespondência interna de suas paÍt€§ conponent€s.

Parece, pois, que estamos diante de uma siüuçao qrr envolve


algo parecido com o sentido tradiçional de conespondênciaenquan-
to atra§ao de opostos dentro do contexüo de rmq identidade básica
O exemplo mais simples e provavelmente rnais pitoresco desta si-
üração, desde qw entendido de maneira simbólica, é a atração dos
sexos opostos n,rme determinada espécie. Quer se trate de seres hu-
rnanos, de rnaca@s ou de renas, os sexos são sempre delimitados pe-
la unidade comum de cada espécie. Todavrq denúo desta unidade,
na condiçáo de uucho e f&rea, eles são opostos entre si. E o rnais

81
*.4^ ásc--rr-r . oru. oA- ,n^-.-. .r-'y-1,.<a- cr,.^:ç.car.a o
ç
inportaúe é qrrc, embora opostos dentno de urna espécie única, cada
um contérn algo do oposto €m sua pópÍia DatuÍezâ.
O antigo símbolo Yaqg/Yin do Tao é o conceio que rrelhor
ÍepÍÊsetrta este fato.

Nesta Í€prcsentâçâo, os opostos Yang/Yin sâo reconciliados de


rnodo a incluinma totalidade integrada, e signiÍicaúvamnb @
um contém uma do Com re-
ao sirnples dos sexos, é sem dúvida relevante a
comtatâgâo de que as pesquisas modernas tenham legitfutrâdo o ce
nhecimento intuiúvo e essencialmente simbólico do antigo taoísmo
ao revelar a base "biológica" do faro de cada sexo conter ÍealÍrentÊ
algo do seu oposto em sua pópria natuÍeza Por conseguinte, o Tao
-à expÍesq_um. primípio cósmicg de urna fonm múto concreta. Os
oF)stos sexuais, assim corm çalquer conjunto de polridades que
possam ser Íeprcsentadas pelo símbolo do Yang/Yin, úo manifes-
taçôes no microcosmos do rnacrocósmico dos opostos. o
que
,rt'tuol universo se espelha em todas as suas PaÍtes, donde
se
qualqueíentidade isolada consútú um sírrbolo do modelo do uni-
vef90 como um tôdo. É o de correl ão ex0eÍna
rrl Eê!tém-§ Dutes ulúdâs, PÍeservatrdo assim os esquemas de tempo;
e é também a çorrelaqâq :úrEmâ entÍ€ eles que runÉm úva a re-
lt1 laçâo pela qual o microcosmos exprcssâ aquele aspecto do macro
nele presente.

ü 82
Os arqútipos pÍpsentes na psique derivam seu enorme p@r
do faEo de aquilo que expressam em cada pessoa possuir utrur naht-
Íeza que hanscende o hurnano. A conespondência deles com aspec-
tos da organização inAna fotlrw a base para uma inteÍligação tro I
tempo, imposta nõo por atguma causa energética, nus por rrmrr
coer€ncia de naüueza interna- Quando um arquétipo é experierciado
na personalidade fudividual, a questão de saber s9 t nrrminoso, isto
é, se gera uma forga estimutaote e erergizante na psique, projetando
rma luz ou criando uma efusfera inusitada ao seu rpdor, depende
da prcfundidade com a qual é conAtado. Um conplexo de fatores
psíqúcos, de nahupza basicauente arque(pica, pode ser experien-
ciado, de modo superficial, por um indivÍdro, e depois a sua força
potencial dasaparecerá antes que esteja realrente formada Por outno
lado, se o arquétÍpo penetsou fundo e é forçado a sair, efetivando
toda a sua potencialidade, dqí Esulta um estado numinoso múto
mais intenso, fazendo com que então o aÍSútrpo se üoÍoe algo rnais
do que uma imagem psicológico, transformandose nuur "força vi- |
va", num centro em tonro do qual novas séries de eventos se conste
lam com o tempo.
Com relaçáo ao grau de rpflexão do nucr(rco$no§ no mrcÍÊ
cosmos, existem dois aspectos a considerar. O orimeiro envolve a
pno@aa4ç 9 ; osegundo
envolve o estado da corno t|m todo, em particular a condição
e as çirpunstâncias em que o aÍqlÉtipo se enconEa quando passa a
ser uma força viva para a personalidade. Disso depende a inEnsida-
&, e a clarcza - e, em últiru análise, também a validade e as con-
seqüências - da experiência que está oconendo. A guestão mnis es-
sencial, na compreensáo daquilo que está emjogo aqú, é o faro de
que o§ arquétipos não la consciência oen-
I
trada no ego

De acordo com as idéias de Iuog, é preciso entender que tanúo


o ego corno a consciência em geral úo inconscientes em §ua ongem
e em seu mdo essencial de funcionampnto. A provém
83
,ffisoq
-/'
; bases psicóides da personalidade e depende sernpre dos padr6es
de comportarrento e dos conteúdos psíqúcos prirnrdialmente in-
conscientes. O similicado dos amuéúoos corno s autô
I
nomas das fin§ da necessaÍiaÍnente ultra.
passa os limites do ego e da consciência. Tudo depende, poÍtanto,
aoe fonna pela qual os arquétipos sâo expressos e, so'
brehrdo, de sua relaçáo com os conteúdos do Íesto da psique. O
poDto e§sencial é que o§ arqÉúpos se exteriorizam sobre o ego e a
cpgqçÉlctâ, Quaodo agem em conjunto com eles, o fazem atrahdo
o ego e a consciência para a óroita de uma constelaçâo de arquéti-
pos. O relacionamento mais lavorável que entáo pode resultar, no
nrlhor dos casos, é uma complerrentaÉo hanrroniosa. um equilíbrio
recÍproco, no qual os arquétipos fornecem os conteúdos psíquicos
básicos e detenninarn a diroçâo, enquanto que o ego e a consciência
canalizâm, clarificam e orientam todo o processo, contribuindo para
colocar em prática os objeúvos nâo-conscientes que a psique en-
@lTa.

A de interno através de uma in-


tegraçáo entre a coDsciência e a ioconsciência, em funções de apoio
éo criativo oue a psioue oode atineiÍ. Visto
que esta integfago abrange a psique no §eu aspecto rnais anplo, le-
vando os fatores pessoais da psrque a participarem de rela@s ma-
crocósmicas, ela envolve, Portatrto, o Siúesnú como um todo, no
sel duplo aspectg de sede PriráÍia das Íeâlidades psíqúcas e
também de refletor do cosmos no honpm.
O Si-meno é o rnior de todos os arquétipos que a psiçe
contém, pois encerra em si o FoÉsito mais elevado que esú por
trás nâo só dos arquétipos hPessoais, mas 4iad6 do processo ar-
quedpico através do çal o ego e a consciência emerg§In Pode-se
dizer que o§tf representa a-esserrciq a finalidade e o processo üvo
pelo qud a psique Íe€lizâ sua naEtÍeza íntirna Nesta condiçâo,
o §afjamais pode ser cooúdo pelo ego ou por qualquer dos arquéti-
pos especúicos. Ao contrário, éeb nuDa exteosáo
84
qão limitada nem oelo espaco rpm pelo teryo. O rnodo como o sefl
úrange os vários conteúdos da psique coosiste numa es@ie del
"atmosfera", trm estado mais do que purarnente psicológico, +mnl
"gUg" que determi@ o ctima da sitrração de uma Ínarcira que não é 1

nem psicológica, oem especial, oem EmpoÍal. É mais apropriado di-'


zet q ue ele envolve urna espécie de aEavés
do qud @nvergem as conespondêrcias dentno do cosmos, eotse o
mrcro e o rnacrrço$nos, para tormar esquernas, ao mesmo teÍnpo
transcendentes e imanentes, e situagões consteladoras que atraem os
fen6menos tan3o físicos como psicológicos paÍa seu câEpo.
Os esquemas factuais qrrc então surgem formam ..confluên-
cias" que expandem sua estru[üa através de rm determinado re
renlo do ternpo. Os eyentos que enúam oe§tes e§queEa§ sáo, em
geral, mú3o heErogêneos na sua aparência externa, assim como nas
suascaüsas e, por isso, sua impoúncia como parEs do
esquema comum é facilnpnE omitida
Yas, dentno do esquema de
um deErminado morenúo de tempo, estes eventos §empre se cone-
lacionam de modo vo e, para los é ne-
cesslírio
a
o sentido
lf*
de seu relacionarento, o que
interna do modelo de tm
vez entendido este pooto, os eventos que náo podem, de outra m&
neira, ser aproendidos etn t€ÍExrs de suas rela@s causais, rpvelam
sua natuÍpza com fen&tcnos shcroústbos , ou §€Ja, como
Parta§
individuais de um esquerna que se formou através do @mpo, c€n@- ç)"1L
liz^'rdo-E em tomo de um fator arqrrtípico que atrai todos os outros -*
tipos de fatorcs para sua "aüpsfera".l l r*tP Italo

l. lbüt,p. 167,168,

85
wil
A base sincronística de
eventos parapsíquicos
Podemos agora cornprender relhor o que Jung tinha em rpn_
te quando se rpferia à capacidade inconsciene de conhecinrcnto pre
sente na psique. E comum a todo processo nafiral, incluindo a psi_
que, a propriedade de conter eo sua origem umn previsão implÍcita
da finalidade para a qual está se desenvolvendo. Esta qu,alidade de
conhecimento se expÍ€ssa em níveis não+onscientes, sendo expe-
rienciada conx, una pemonigão de coisas por vir. Monrpnte na ex-
periência huÍnana, esta gurlidade de teteologia orgânica do processo
vital rpflete-se em intuições que paÍ€cem vir um pouco antes da hora
em relação ao verdadeinr aflorarnenúo dos fa3os.
É interpssante observar, neste aspecto, que quando Jung deÍi-
niu o que denominava de "tipo inhritivo:,, a principal característica
que aúibuâ a esse tipo de pessoas é que os interesses delas estão
compulsivarcnte voltados para o firturo e para o plane;ameoto de
atividades futura§. É possÍvel que o qw Júg estava percebendo e
descrcvendo aí tosse o "tipo psicológrco", ou rnelhor, a sitruçáo
psicológica, que pode aflorar na üda de qualquer tipo de pessoa, si_
tagão essa na qual o indivÍduo se tonu senível à futura fase emer-
87
gente do sêu PÍocesso de údÀ A Íazfu pela qual a teleologia org$
nica ao proesso ütal podÊ ser experierciada por indiúduos sensiú-
vos está em qrr todo o PÍoces§o prestes a se desenvolver encontra-
se pÍesentc no âmago da Pqssoa, onde @ ser intimamnrc perce'
bido de várias maneiras não conscientes. A finalidade ou p'ropósio
dos eventos por vir está Presente oorm uDa imagem gravada na psi'
que no Ítotrnto em que o púoces§o é deflagndo e coÍreça a se de'
senvolver.
É rehtivamente fácil de ent€Dder o tipo de conhecimnto in-
consciente ioplícito oessa situaçâo. Na maioria das vezes, ele se re-
vela em soúos ou em fenômeoos psíqúcos de natureza sedhante'
Existe, no entâtrto, outÍo úPo de coúecimnto inconsciente, de
compreensão mais difícil. É aqrrle tipo que úo se acha restrito a
futuros desenvolvimntos no organismo fÍsico e psíquico do indivÍ-
duo, mas envolve o ooÍrhosirlrnto diÍeto de acont€cLrento§ sePaÍa-
dos pelo t€DPo ou pelo espaço, apesar de nâo estarem ligados por
nenhum meio tangível de comnoics§ão. AÍ se inclú a iryortante
área denominada por Jung de "percepção extra-sensorial", ou
"PES", cujo estrdo tomou-§e o assuoto pÍiDciPal do campo da pa'
rapsicologia em cÍescente expansâo.
O tÍatamento dado pcJuog a estes fenômnos a§§etrta em $ra
concepgão de sincronicidade dos evetrto§ colm um a§Pocto do e9
quema vigente nurr determinado il»trnto do tempo. Já discutims o
pnncípio fundamntal desta visáo, derivada de antigas doutrinas cu-
jo e*poente principal, na derna uadição ocidental, é o graride
Letbiiz. O ponto central desta concepgáo abÍangeote gira em tomo
do fato de qw cada unidade particular da criação é um rcflexo em
miniatura do cosms.
O póprio Iribtriz falava em "Pequems PeÍcepçôes" da rrôna-
da como o reio pelo qual se dá o reÍlexo do mundo exterior' Eslas
percepç6es sâo sempre inconscientes e, em geral, úo alcançam a
*nr"iêoi" a não ser qrr o estado normal da psique tenba sofrido
algrrma alteraçâo. Com fi,cqúência, essas percepções "subliminares"

E8
apeoas "explodem" na coosciência através de um jono ou "pos-
sessão temporária" daquilo gue Jung chana d€ "conplexo" -
um
acúmúo de conteúdos inconscientes; ou eo6o elas podern erergir
na consciência através de uglâ bÍEcha nas defesas psÍqúcas cuja
tunçáo consiste em rnanter as percepções inconscientes fora do al-
cance do ego. Conhrdo, a maneira fundanrpntat pela qual podem elas
tomar-se disponÍveis à conscÉncia é quando o@rre ,rÍra. rtestruOt-
ração na qual se estabelece urn& oova condição da psique como um
todo.
Se, pois, a consciêrrcia entÍa em estseita Íplasão com o incons-
ciente, de tal rnaneira a tomaÍ-se scnível àquele nível da psiqw no
qual o mundo é rcfletido no indivfluo, a capacidade inconsciente de
conkimento passa a ser um comporpnte prfurcipal da personalidr
de. Em tal estado de integração, a qualidade essencial do§ef tona-
se concÍeta. O §efi, portanO, pode ser experienciado com a base
universal da personalidade, visb gue a psique se estende alémde si
IIDsIns pare o mtmdo, tomandose o meio pelo qrql o rnâcÍocostnos
gg mrnifۤfg nO micrOcoSrpS.

Este é o asp€cto mais geral doprwsso pelo gual o coúeci'


menSo chega ao horem dLetarcntÊ através de suas capacidades in-
conscientes. Todavia, ele assure uma importância especial qrundo é
particularizado de modo a possibilitar a percepçáo de sinraçoes e
acont€cinentos específicos. Neste ponto, descobrimos as con-
seqiiências pr6ticas do conceito & esrturas hterligodas no tsnpo
cujas partes individuais rcfletem usras às outras de um rnodo não
condicionado por rela@s espaciai§. A base aEavés da qrul estes
"reflexos" são transmitidos é o Se$, concebido não s6 com a reali-
dade fundanreutal da personalidade, mas também cnno o corrti.ruton
gue tiga o horem ao @$rx)s. É nestes terms que lung considera os
fenônpnos do Si-nusttto, na medida em que ocorrem dentro dessas
estuatas ilurügadas rc ter4w, com o propósito de encootrar pis-
tas sobre a nahrÍeza daquela paÍt€ da cogniçáo experienciada via ir
consciente.

89
Ao estudar os Íênôupnos qr atualmnte vêm se tomando um
raÍx> específoo da parapsicologiâ, ou seja, aqueles fenôrrnos liga-
dos à percepção de acontecimilos à distârria ou à preüsâo de
acootecinrentos fuiros, Jung úo Ém dÚvida§ de çe tais eventos
ocorrem de fato. A eoÉmia deles é prova de sua exisênciô e, P&
ra Jung, p,ova ainda meis convincBnE são as inúrreras ocasiôes em
que ele os experienciou na sua prÁtica profssiooal e na sua vida
pessoal. Eventos do tipo parapsíçico estâo fadados a ocotrer PaÍa
alguém qrc esteja úvendo em estreitâ relaçáo com o inconsciente,
quer essa relação se exPresse afravés de suas formas oPo§tas, através
do desenvolvirnento consciente de capacidades cogritivas mais am-
plas, ou atavés do predomínio sem controle do inconsciente, como
na púcose.

Conseqüenrcmnte, Jung comgsa por aceitar corm um fato na-


tural a validade da classe de fenômenos cuja existência os parapsic6
logos têm proctrado comProvaÍ aEavés de estúos em laboratório.
Estes estudos laboatoriais têm resultado em dados estatísticos inr
pressionantes que acabam por confnmar a opiniâo fonnada com base
na observação sensorial. Eles corroboram o ponto de vista oÍignal
de Jung de que tais fenôurenos ocorr€m táo amiúde que §ua existên-
cia é rur fato óbüo, e que a necessidade P[€Eote não é continuar
provando a exisÉncia, mas antqg, descobú um método de compp-
enúo destes feoôrenos. Desse modo, o prirrcípio de sircronicidade
constitui um ponto avaogado no esndo da parapsicologia. Jung paÍe
da eüdência dos fatos e pÍocura formular umr hipótese de traMlho
que possa serrrir de base para a integraçâo e interpretaçáo dos dados.
Jutrg Ímstrou interesse pelas pesqúsas de Rhim em @Ítos a§-
pectos sipificativos. Para ele, a principal importância delas provi-
nha do fato de que os esmdos de Rhine indicavam qrr havia alguna
coisa mais do que a causalidade presente nos fenôrenos pampsíqú-
cos. Ao fazer estr afirmção, contudo, devem peroeber que o pr6
prio Rhine úo estava absolutanrnte inclinado a dar tal inrcrpre-
taçáo à sua obra Ele sê contêntou em observar que os resultados es-
q)
tatÍsticos de surs experiêrrcias com a adivinhaçáo de cartas de bara-
lho, ou com a adívinhaçáo do laoçarento de dados, iam além dos
timites da probabiüdade. Na visão de Rhine, isso significava que es-
ses resultados demonstravasr que os fenôrenos parapsÍqúcos não
podem ser satiÚatoriarnente expücados corDo rneÍo acaso ou como
"cqrichos" da nahreza. Para ele, ao conhário, o fato de que eles se
estendiam para atém do fator de probúilidade indicava que algum
princípio causal &veÁa estar a0rando.
Já na visão de Jung, os resultados das experiêrrcias de Rhirc
úo indicavam a necessidade de urn princípio explicativo dentro dos
limites da causalidade; ao contrário, enfatizavam o fato de que as ca-
tegorias de causa e efeito não podem a@uadameate dar conta dos
fenômenos psíquicos. O aspecto das experiências qrc mais im,
portância tem para o púprio Rhine é a comprovação estatística de
que os efeitos parapsÍquicos estão além do elerento de acaso. Isso
acabou t€ndo um valor coosiderÉvel, embora indiÍeto, para Jung. Ele
não havia sentido necessidade de demnstrar por meios estadsticos a
exisência de rrme çlasse de fenômenos que obsewara repetidas ve-
zes no curso de seu tabalho com o inconsciente, Não obstante, o fa-
to de que Rhine fizera sua demnstragão com o uso de modernos
métodos de laboratório e com "salvaguardas cientÍficas" adequadas
para resistir à crÍtica às bases estatÍsticas, foi sem drívida, impoÍtant€
para confiÍmar o aparçcirento dos fenôrnenos nos reios acadà
micos.

Neste ponto, Jung fez a oboervação generalizada de que um


aspecto Íundamntal do princÍpio de causalidade, tal como veio a ser
utilizado na ciência modema, é que suas leis são leis esnnstbos.
Donde se conclú que são úlidas contanto que fiquem dentrro de
uma c€rta maÍgem de pobabüdade. kis estâtísticas não sáo
"ma
verdade absoluta, mas apenas uma verdade essercial ou geral,
Mesmo que ,ma paÍt€ dos fenômenos úo se encaixe no enunciado
geral da lei - em outras palawas, aqueles eveÍúos que constihrem as
variáveis estadsticas -, isso úo quer dizer que o princípio causal

9t
não seja válido em si mesrn, mss sim qlrc wt outro prbdpio de in-
terpretoção pode ser iguahneme necessário. Ao propor a sincronici-
dade como um priocípio de interpretaçáo, Jung náo pnetende que ele
seja um substituto para a causalidade, rnas sorente um princÍpio
adicional e complernentar. A sua intençáo é preencher o§ eqPaços
vazios deixados pelas leis estaústicas'

O fato de qw as experiências de Rhine com evento§ parapsí-


qúcos váo realmente além do fator de probúiüdade é aceito por
Jnng cotrlo evidência da necessidade de um princípio sincronístico
de interpretação paÍa contÍabalmçar a causalidade. Ele expressou
esta idéia com muita clareza na sua intnodugo à edição inglesa do 1
Ching, m passagem a que já nos referimos. "A causalidade etrquarF
to una veÍdade meÍaorente estadstica e úo absoluta é uma espécie
de hipótese de tsabalho sobre como os acontêcfurcntos slr[gem ur§ a
partir dos outo6, enquanto que, paÍa a sincronicidade, a coircidêr
cia dos aconteciÍrEntos, tro espaso e tro tempo, significa algo mais
do que mro acaso, precisamnte uma peculiar interdependência de
eventos objeúvos entre si, assim com dos estados subjeúvos (psí-
qúcos) do observador ou obaervadores."l É este o senüdo da afiÍ-
maçáo feita por Juag de que o trabalho de Püine fornece "Prcva§
decisivas da existência de combinações acausais de eventos".2
O critério paÍa compararms as duas avaliaçôes das experiên-
cias de Rhine - a causativa do póprio Rhine e a sincronÍstica de
Jung - é que quando adotams o Ponto de vista deste ÚItim, esta-
ÍDs num posiçáo mnis van6josa para formular hipóteses a Íe§Peito
dos fenôrenos e compaÍtilhaÍ mais intensarrente do espírito subja-
cente aos eveotos prapíçicos. Verpmoa esta questâo mais ds PsÍtq
quando nos voltamos pâÍa o exanre de como Jung aplica sua con-
cepção de sinc,lonicidade, utilizando â p€Íspectiva do §efe os ar-

1. IChing, op. cü.,p. XXIY.


2. C. G.imà, Sytrlwo city, op. cü., pp. 431-32

92
qrÉtipos, I fim de criar um contexto que permita entendÊr agueles
eveoüos psÍqúcos que supram nossos atuais princípios causalistas.
Na abordagem deste assunto, Jung exanrinou prfurciraruente o
porquê dos resultdos positivos obúdos por Rhine em suas experiên-
cias. Algumas caractcúticas dessas experiências surgem com muita
nitidez. Uma questáo inicial e múto significativa é que os rpsultados
dos testes com indivÍduos foram desiguais. Alguns revelaram-se ne-
gativos viso que o núurro de "adivinha@s" coÍrptas ficou úaixo
da pobabilidade. Em compensagão ouúos testes ficaram múto aci-
ma do cálculo de probabilidade. Neste aspecto, a corrclusão parece
sugerir gue certos indivÍduos - talvez certc "tipos" de indivíduos
-
I
são mais apüo§ aürar na situação parapíqúca. Edste um forte
indício de quc dons naürais ou outsos fatores individuais senplhan-
tes - trlvez possamos resumi-los relhor dizeodo que se trata de uma
condição de seosibilidade ao inconsciente - dasempeúan um papel
importaoto na porcepção parapsíqúca
Além disso, poém, um outro tipo de faror subjetivo parece ter
atuado nas experiêrrcias de Rhine. EsE fator é múto important€,
Poi§ tem a ver com o inbresse que a pe§§oa demonsbou pelo te.se.
O resulado dependeu mú80 do sentido de relaçáo gue a pessoa de-
mnstÍlou t€r paÍa com as experiêrcias em genal. A úium Eileen
Garre,lÍ, por exemplo, havia obtido rcsútados bastaote positivos em
outras ocasiões; mas, corm não foi capaz de estabelecer um sentido
de rclação por causa da inpesoalidade das condi@s de laborató
rio, seus resultados ÍpvelaÍartr-§e negativos. No geral, aquelas pes-
soas que das experiências com confiança no valor do
trabalbo e sohp[rdo cotn rrÍre ati[rde esperançosa no sucesso dos
t€stes, tenderam a obt€r melhoÍ€§ rcsultados. Aparentemente, conEi-
buúrarn com uma parcela de suas próprias persooalidades psÍqúcas
para o Uabalho.
Constatou-se também que à medida qne os t€sEs prosseguiam
e a novidade a"s sr(periêÍrcias caír oa rotitra, o enhrsiasoro inicial
corrrcçou 6 diminuit Nessa altura, a poÍcentagem de aüviúaç.es

93
oonelas foi ficando da ve,z aconteoeu Írr§m gom
renor. Isso
aqueles indivÍduos rye peÍnaoeciam confiantes a Í€§Peito da§ exPe-
riêocias e mnntiúam um fort desejo de v&las darem certo. O fatu
de intercsse, apesar de eovolver o de visa subjetivo da pes-
PoÍlto
soa, dava a iryress6o de operu de acordo com um pa&âo definido'
Na opiniâo de Jung, se Rhine náo úve$e utilizado uma grande
varitdade de indivíduos erD §eus têstes' o§ resultados Óúdos teriam
sido muio mnos positivos. Quanto mior o ntirnero de indivíÔtos
que participassem do tesE, tanto Eaior seria a combinaçáo de rcsul'
tados devido rc búerese re,rMo çe a uiginalidade da iniciativa
criava em cada novo participante. Houvesse um núrero menor de
parficipantes realizato o trE§rx) niirero total de tentativas, acha
juog q* os resultados teriam sido ba§taoE difercntes. Seja com
for, isto nâo têria reduzido a validade essencial das experiências fei-
tas por Rhire. Ao contrário, teriam eofatizado a importância do fator
de "hteÍesse", o 9llÊ, iodiretamnte, fomece uma pista iDPoÍtaote
dos princípios que estâo por rás dos fenônpnos parapsíquicos'l
Antes de examinarm a iryortância do fator de interesse e de
sua sigpificaçáo nuoa perspectiva de base psicológica' convémnotar
que a energia fÍsica nâo PaÍPc€ ser um fator cnrcial na produçâo de
ios punaeaLológicos. À ptreira vista, ter-§e-ia a imp'resúo de
"t
que a importâocia do interesse indiüdual nas experiências indicaria
uma intensificação da energia ffsica disponível PaÍa o trabalho' PG
der-se-ia pensar que esta emÍg,ia afeta de algum modo a precisão das
Íespostas, embora úo seja fácil imaginar corn isso possa acontec€r'
Usra série de experiências realizadas por Rhine, no etrtanto, elimina
totalmDtê a hipótese ba§eadâ na energia Essa série de experiências
foi realizada a grandes dislârrcias, e§tando os puticipantes, num dos
casÍx, a 960 milhas e, em outro, a quâtro mil milha§ de disÉncia na
ocasião da experiência. Os resultados em ambos os caso§ foram mú'

l. lbü|.,w.434-!5.
9t
to Positivos; desse rcdo Rhine afiÍrna que ..r,nra rpvisão dos milha-
r€§ de casos que fazem paÍte da col€ção da Duke nib deNnonstra ab,
solutarente ncnlwnu ,elaçfu entre a disÉncia e o núrero ou tipo
de experiências psíqúcas". t
Coreotando estes rpsultados, Jung diz que .b fato de a distâo-
cia, em pincípio, não ter neúum efeito prova que I «ri§8 ern
questão úo pode ser um fenômeno de força ou errrgia.. Não tems
ouEa alErnúiva a não ser supor que a distáncia seja psiqúcarcnte
variável, podendo em certas cirpunsÉncias ser redtzila u r"a po,
algum disposiçft, psíqufoa".z Em outras palavras, o fator prirnor_
dial não é a soma de erergia psicologicarente gerada, rnas antes a
condigão geral estabelecida na psiqrr cqno um todo. Se se prdesse
demonstrar que a energia exerce alguma influência sobÍp os evetrto§
porapsÍguicos, enÉo, nesse senÉdo, os princÍpios de causa e
efeiüo
teriam de ser aplicados. Já que oÉo é esse o caso, poÉm" ..pareoe
mais proúvel", conforrc diz Jung, ..que a erplicaçao cienffica te_
úa de corrçar com ,ma crítica aos nossos oonoeitos de espoço e
tempo de um lado, e com o inconsciente do ouúo". 3
Os excelentes resultados poitivos obtidos por R.hire devem
ser classificados @nx, rrmâ espécb de percepçáo. É chro, todavia,
que eles nfo se baseiam na obsewa@, oo seotido nsual que
darms
a este t€rm, pors n6o eovolvem um verdadeiro contato visual. Tra-
ta-se, atrúe§, de uma peÍsepção vitrda diretaÍrEote do irronscbote
sem oeúuma mediação conscien@, nem meüDo qualquer contsto
visÍvel çom o objeúo. O ato de espocificar a carta do baralho, ors pu-
lavras de Jung, "não é o resultado da obsewaEáo pelo zujeito àas
caÍtas EaEÍiais, rnas produto da pura imaginação, dâs associaçõqs
de idéias que revelarn a estrutura daquilo que as prodrz, ou seja, o
inconsciente". a

t I. B. Rhinc, /Vaw World oÍ the túi|d. Nova york: Williaro sloüne AssocisGs, p. ló.
2
3 fr;;
tn%l:ttl ** nid tY' o P' cít P' 433'
"
4 Ibü|.,p.436.

95
A expessáo "pura imaginação", tal como ttmg a utiliza aqú,
é um unto engaDâdora" Ele oão está querendo dizer que o Processo
dÊ 'leiEÍa-dos sísüolos n⧠câilss de baÍalho é produto da fanta-
sia Ao contrário, ele quer dizer que, já que não hÁ oediaçáo da per-
epçáo sensorial ou do raciochio consciente, o PÚoceÁ§o todo ocorre
ottatao do ioconsciente. A questâo cnrcial, PoÍtanto, está em de-
temioaÍ o qrr de fato rcntece oo ircosciente em tais ocasiôes' A
julgar pela gnnde variedade dos resultados de Rhire, o que se Pa§sa
oo inconscientc nem semPÍÊ é a mesma coisa. Os casos que regis"
tram a mais alta PdcetrtâgÊm de respostas corÍelas foram aqueles
onde havia uma graode int€nsidadê de interesse, além do fato de qrc
os relhores resútados aPaúEoeram no ioício dos testes quando o ir
teresse do sujeito estava ainda no auge. A caracterÍstica primária dos
rpsultados bersucedidos consistiu, pois, em terem coincidido com
que a
um estado extretIrarente favoúvel da psique, estado esse em
psrque se encontrava iryregnada de uma atinrde de confiante expec-
tativa.
Jung assinalou que os fenômnos par;apsÍqúcos das experiên-
cias em úUorattrrio de RhiDe thham Por base a qualidade arqueÚpi-
ca de confiança. Jung se e§tendeu sobÍe este-tema, escrevendo um
parágrafo para explicá-lo oo verco de uma página no manuscrito ori-
gioJ. foai*r-*, entáo, a págna 2Á da edi@ alemâ de seu linro
sobre sincronicidade e depois expandiu §eu aÍguÍrento sobre a re-
laçâo enue o sentirnento de onÍiaoça e os PÍooesso§ arqrrtípicos
que sao os veículos através dos quais o princípio de siocronicidade
se manifesta, "A pessoa têstada", escreveu, "qt davida da possibi-
qtre
üdade de conbecer algo que nâo se pode coúecer, ott corfia em
os evento§ a
isso será possÍvel e que o milagre aoontêcerá. Fm todos
pessoa teitada que se vê dianrc de uÍDâ taÍ€fa aPaÍenerÉnte irn-
possível, encontra'§e na §ituaçáo arqueÚpica, que t6o amiúde ocorre
nos mios e nos contos de fada, onde uma inrcrvengáo divina, isto é,
I
um milagre, oferece a Única soluçâo."

l. vcÍ s ÍcPÍoduçb dcsle comenúrio, escrito por na PÁ8i[a 9E'


'uDg,
96
Em outro lugar do meu manuscrito, escrevendo à margem de
uma página e inwrindo suas palavras ÍuN entrrelinhas do texto, Jung
desenvolveu este conrentário, úornardoo ainda mais explÍcito. Disse
que, em vez de falar num arquétipo da confnnç.a, preferia falar no
"arquéúpo do milagre", ou arquétipo do "efeito rúgrco". Para en-
tenderms o que Jung tem em nrnte quando utiliza tal expressão,
devemos nos lembrar da gualidade ativa por ele enconúada no nÍvel
arquetípico da experiência Arqútipos náo são imagens universais
abstratas. Sáo fatores efetivos que produzem pÍocessos de mudança
nos níveis profundos da psique hunrana
Quando se refere ao "arquétipo do milage" ou do "efei0o má-
gico", Iung está dando nonp à quatidade particular de expecativa
que os §€Íps humatros sentem in[ritivarÉote com rclaçao à capaci-
dade que o prpesso útal possú de p,rovocar mudaoEas em seu prú
prio funcionanrnto. O gêoero humano sernprc sentiu que as expe-
riências que se verificam no níwl arquetÍpico têm o poder de modi-
ficar as coisas. E a essas mudanças tem atribuÍdo vários nores, qw
vão do divino ao denroníaco, Mas fundanpntal rresmo tcm sido a
qualidade de expectatina associda a esse poder. Ele é misterioso,
núgrco, e torna-se rmn fonte de inabalável coovioção pois fascina o
ser humano, no sentido de qw paralisa sua consciência Destarte,
exeÍ@ um efei3o hipnóide, conduzindo I cÍpnças de grande intensi-
dade psÍqúca, que depois se revestem dos variados simbotisnros cú-
huais da religião e da mitologia Essas crenças esüio baseadas e ope-
ram em termos da conücção intuitiva do ser humano na capacidade
da forya arquetÍpica de afetar a üda por rpios misteriosos. Aos pa-
drões particulares de tais crenças, Jung dá o nottr de arquétipo de
efeito tttágico.

Quando Í€examinamos a divisáo fundanental da psique es-


quematizada por Jung - a diviúo entrc inconsciente pessoal e in-
consciente coletivo ou Earupessoal -, percebemos qrre as experiên-
cias do arqútipo do milagre, ou de efeito rúgr"o, acontecem no nÍ-
vel mris essencial da psique. Sendo múto mais profundo do que o
97
-;ç,r -ac.,

iL t.+f,'.*, .L.lÇ.^ n-í.d ?


., 't; a-r.a -a uy4
$ el i? *,ilt f-; a.--)
"-; €/ Lq1* ,Ar i.J'-^.$ l7-r^
b, *r
ú->,.t{ ;
4a .+,r.

,-&- - ,..1

lí,-

Prarcha I - Sobre confiaoça e pc-apsicologia.


pessoal, ele exeÍce seu efeito no nível É ese o Spifr-
cado funcional da expressáo "pura imaginaçáo", tal como Jung a
empÍeg& Com isso, ele queria acenürar o fato de que os faores pes-
soais não afetarn, de manein expressiva, a objetividade d"s expe
riêrrcias Í€alizadas em laboratório. O zucesso das experiêrrcias pa-
rapsicológicas do tipo que Rhine efeürou, dependem, portanüo, da
atinde de intensa corúança e expectatiya criadas pelo arquétipo de
efeito lúgico tanto no horem modemo quanio no primitivo.
O arguurnto de Jung é que, embora o rnero fato de adivinhar
os símbolos nas caÍtas de baralho seja um simples e objetivo ato
furrmano, o processo em si ativa alguma coisa no nível arquetÍpico da
psique quando o indivíduo tem acesso a ele e o experinrcnta com ir
tensidade. Adeoais, apear de o prcoesso & expectativa impessod
do milagre ser arqueúpico, ele contém um Eaço de instintividade, o
gw o faz Í€montaÍ, para além do arquétipo, até aqrcla siüração pri-
mordial onde instinto e arquétipo se en@núam unidos como oposto§
nos padrões prfurúios do coryortamento hurmno. Ern suma, o pre
cesso Íemnta àguilo que fung define cw
tator psicói&. Assim, o
que está implicado no arquétipo de efeito núgrcn é uD pK,cesso
psicóide, simples e primitivo, e qrr se rclaciona com os asp€ctos
mais protundos e fundanrentais da psiqrrc.l
Coloca-se, pois, a questão de saber como a participação de um
pnr€sso psicóide ocasiona acont€cirentos parapsÍçicos. Jung faz
uso de uma nogão psicológica, derivada de pbre Ianet e eqganosa,
renüe sinples, rpferindo-se ao parcial afubsenenÍ àt niveau wn-
ral, dinrinúção parcial do nÍvel rental, ao tmtar deste assunto. A
palavra "parcial" é importaote paÍa que se entenda o processo pelo
qual a "diminúção" qw oc<rre num lado da psiqrr é precedida de
uma "intensificaçáo" do ouho lado.

l. A interpÍetsção que aprcseno aqui baseia-sc co vírir convcrras porrcnoriza-


dls qu. coE o profcssor ,ung.robÍÊ c*a questão, c rcfleeur a opinilo &tc dc quc au
-uvo
elrnrEçü, ong[r.l sc eocoDtÍa $Jeitr I útaÍpÍotrçõaô eÍÍ6u§.

I
O p,ocesso açi rencionado tem a veÍ c.m o coceito de
"ouminosidade" qr
Jung emprega pma descrever a aura de muita
luz e excitagâo assmiada aoa arqt!étiPo§ quado se tornam direo-
rcot€ Eanifestos numa experiêocia humana intensa Nminosidade
é r'rne elprcssâo de grande htÊtrsidâde psíçica. Quaodo um evento
numinmo ocqÍe, portatrto, ele coodensa em tqoo de si uma grandc
carga de ene.rgia psíqúca- Esta energia constel&§e erD volta do sír
bolo arquesico que auta conD o vçrdadeiro cÊtrtÍro da experiência
\)m conplao, üt agruryncnto, de contettrdos psíçicoo forma'§e,
assinl, Est€ pono. À mdida qrr as energias disponíveis da psrCue
se condensm DurDa paÍte da psique, as oums áreas licm mais ott
rrcnos esvaziadas.
Daí segrc-se urDa diminuifao do nível mnal naquele lado da
psique de onde foi retirada energia. Os conteúdos deste lado descem
entáo para os níveis inferiqes do ioconsciente. Eoquaoto o nível de
atividade conscicnte é elevado e incnsificado de um lado da psique'
o§ contÍroles conscientes são coryletarenE atrouxados do outro la-
do, dc modo qrr a Nque fica nrloerável âo inpâcto direto dos fato
res arqrrdpicos no nível mais profuitdo, particularrente oo nÍvel
psióide, do inconscieote. Conforre diz Jrmg, "deüdo à Íe§tri§áo
da consciência PÍoduzida pelo afeO duranÉ o temPo em que ele
perdura, há uma corespondente dimitruiçáo do sentido de orientaçâo
gue, por sua vez, dá ao inconscienrc uma oportrnidade de introdu-
zir-se no espaço vago. Assim, con§tatams com fregüência $re con-
terídos inconscientes ircspeÍados ou então idbido§ irrorym e en-
contam exprcssão no afeto".l
Para entendermos o que aoootece çando @oÍÍÊm evetrtos Pô'
rapíquicos, devems Er em ÉDE uma idéia doprocecso de equilí-
brio dirfurico através do qual a psique fimciona Quando de um la'
do a consciência se intensificâ, do outno ela soft,e ,mn diminuigão, I
esses dois eveDtos ocotrem ao Íre$no temPo, com PaÍte de um tini-

t. Ibü|., pp. 416, 437

l@
co púooqsso. §ipificativarente, a inrcosific@ da conrciência leva
a umn corÍ€spondente diminú@, e é através desta diminú@ que
a capacidade de conhecimento se expoode. EsÉ conhecircoto ex-
pÍpssa-s dirphmpote aüavés do inconsciente, una vez qrrc não se-
gue os pÍocessos húituais de aquisição de conlrccirento pela coor
ciência. Ele se apreeota coox) rrm conhecfupnto que surge scrz s
Uiaçact da consciência tsso lhe conferc o aspecto parapsÍqúco e
faz da percepção extra-sensorial urr fenômeno expressivo, pois indi-
I
ca p[€sensá @ nme caprcidade de conhecimeoto latpnE no io.
consciente capaz de opeÍar sem interrcdiários. Ademais, indica oo
sp1 funmeno rme habilidade qr só em pequem gnu @m sido deser,
volüda, ÍÍre-s que envolve a capacidade de tomar determinados tipos
de cogrrição diretorrcrrtc acessú,eis à psrCrp. É Ofm dar uma des.
criçáo detalhada do modo aspecífico pelo qual esse tipo de cogi@
direa sem a int€rveoção da consciência se ef€tua porqw suas for-
mas úo múto variÁveis e imp,revisíveis. Ela se faz presente de dife
rentes maneiras em diferpntes ocasiões, já que implica uma diversi-
dade tão grande guanto os reios de aquisiçáo de coúecircnto pela
consciência em suas fomas normis.
Com base nos corceitos desctitos, podems agora apre.sentar
pelo menos o esboço g€ral de uma interpretação do cooheçimento
ircooscient€. A inEosiícaçfo de um conterldo arqnedpico causa
uma "diminúçáo do nível reoüal" rto ouúo lado da psique. Através
desta diminui@, o ircooscieote se torna Eais facilmente suscedwl
às influências exteÍna§, Torna-se couxt que mais sensível.
(Note No reu manuscrito original, esta úttima frase titrha urne
Í€dasão mais siryles: '"Toroa-se mais sendvel". Quando, porém, a
leu em 19í, Jrrng a riscou, recscrevendo-a a lápis: '"Tcna-se corc
que mais sensível". Mantive a alteraç6o, ao reconhecer as razões por
que ele o, fizpra- O sentido da modificação por ele inEoduzida é dig.
no de registno.)

Quando os fatores qrrc inibem a capacidade perceptiva do in-


consciene são reduzidos, sejam quais forpm as poteocialidades de
l0l
copigâo qnÊ eslejam latrDtcs Do iDcoNcieote, elâs t€odÉm a s
ex-
pÍÊssú m supeÍftiÊ da psique. A dininu&âo do nível mntal faz
com $re o ftrnciomrento desse lado d, psiqrr sc dê no nÍvel Dai§
profrrodo do imonscieote. A €ste oÍvel Jrmg cham pairÚide, çe'
rpndo dizer com isso qrr se asserelha à psiqrr, Ínâe qtr ainda úo
é popriamnte psquico. É rm oível 6o primitivo qrr oele o PÍoce§.
so de düererciação doe opostos vitais ainda n6o se efeüvou. DestâÍ-
tc, na sua furn psicóidc, os aslntos distioÉvos da psique ainda
não se sepraram uns dos outnm, coulo aÍquétiPo e instinto, corPo e
Énte.
No esquema de raciocínio de Jung, o nfuel psicóide do incons-
ciente re,p,resenta o PoDto no qual a psiqrr se acha tâo póxima do
mundo animal que ainda náo Pode diferenciar-se dele. Ela continua
diÍetamnte conectada com o reino da nanueza no seu modo de frte
cionrento, e constihri, poÍtanto, o asPecto do organim humano
que mais dfuetaÉnte @ ser operienciado coÍm PâÍte da naturp-
za- Pa um lado, nos é possÍvel lidar cmr os a§Pectm específicos
dcste fato em Erms eryíricos, por mio de coreitos biológicoe e
psicológicos. Por outro lado, o que é mais imPortant€, nosso contâto
individual com o nível Psióide de nossa traotreza humana acaÍÍÊta
,m, expriência Íntima cm a base profiroda ú SelÍ, úvenciada náo
só subjeúvamntc, mas também objetivareote enquaDto PüE do
rcino integral da natureza
Percebemos, assim, çe SeI/é fimdr
esta duPla concepgáo do
rrenlal na estrunra do pensarento junguiano. No primirc nível,
o Self ê um conceito evolutivo, que eIIErge da natneza e serve de
verdadeiro alicerce para o desenvolvirpnto de cada ser humano co-
m rembro da espécie. Com tal, o Se{ é emPfrico, na redida em
que contém a base de todos os fenôrenos que as ciências hurnanas
se encaÍÍegarn de estudr. Naste sentido, a rcalidade do Set/é reali-
dade com r minúsculo.
Já o segundo nível, na concepgáo b Se[ pot Juog, é mnis on-
tológico do que e,opírico. A natureza de sua realidade deve ser gra-

toz
tada com R mdúscub, assirn com o pr6pio scf dere ser grafado
com um S maiúsculo. É aqú qw se encontra a snrpema realidade do
ser. Corebllo neste seotido mais arylo, o sef oonstioi o eqúvr
lente da "h8Ímonia preestabelecida" de lÉibniz ou do Tao. É a uni-
dade úangeob ru qwl e pla gal o m&Ío e o nicrocomos porti-
cipam enEe si, além de scr a via especÍfica através da qual as srr
premas rcalidades do universo 8e exprpssam e se rpfletcm na úda de
Cada ef hrnqno.l
Podems agqa Í€aprcsenüar a formulaçfo a que Jrmg chegou
na sua fase poseric, oom relação às camadas da psique. EIe divi-
diu-a finalrcntc am quaEo níveis, o qtr lhe permitiu dar uoa des-
criçáo funcional doo dirarsos tipos d€ cognição humana. Na superfÉ
çie fica a conllciêrcia do ego. Logo abaixo v@ o irtorrsicnD pe§
oml. Nuna posição inferbr a es&, encooúa-se o nÍvel Eanspessoal
b irconscierrtc obtiw, $re s€ €lrt€ode aÉ umagrande pofrrndida-
de. E na base fica o nível psbMc, que alcança o próprio reino
naÀ!Ísl.

O pocesso a qtp o6 referims ç669 s "rliminúsão" do nÍvel


mental se dá através da intensificAão dos conterffos aÍqucfípicos e
da conseqiiente liber{ão de grandes quaotidades de energia psíqú-
ca na cooriêocie O efeio pÍimdial deste processo é qrrc eb abre
a cflnada mais profunda b Scf, ou seja, o psicói&,para qruisqrrr
fatores qne astejam preseaÍes rc contiruam hscfi, Nesta oondigão,
o nírd psicóide da psique fica vulnerável a inflrÉncias de todo tipo
pcsÍvel Ele se toma acessível a quaisqrrcr forças e fatores que por
acaso estejam prpseot€s, num determinado ren0o, Ín contiruatm
b Sef, quer estes fat«es operem dcnuo da psiqw do prúprio ir
divÍduo ou da psique dÊ outra§ pe$xra§, qrrr sejam forrEas & qual-
quer ou$o tipo aüraates no univeno.

B- urm
_ _!. Daú dir{lssb de.Ídhldr,h{? slpcdo do posamcnro & Iung, ver pro-
gofr, Ttu aú Rcbtü of' psyctutost
' cap. Vt, àúiiimnrJF"rc z, ..dsrf-cião
sÍmbolo c Ealidrde" , p. W.

103
I*vando isso em consideração, recoÍthecem§ que, deixando a
pessoô exposta rc úuel psicóidc, o tr Íocesso & afuissenox mntal
a toma psiquicarene vulnerável, ao nr§tlo rcryo que anplia
enoflDemnte o âmbito de suas possibiüdades psíqúcas. O efeito es"
pocífico sobre ela depende da natureza de ouüos fatqes e inÍhÉr
cias presentes N continuort b Se{ denno dos limites de sua in'
fluência pessoal. Essas inÍluências e fatores podem ser Po§iúvos ou
negativos, benéficos ou destnrtivos; @m ajrdar a úda de urm
pessoa, ou coofundi-la dandolhe falsas orientaçôes.

próprios méri-
Çada experiência tem de ser avaliada PoÍ seu§
tos, sobÍ€tudo poÍque sêu efeito sobrc unn pessoa depende múto do
grau de desenvolvinpnto interior de cada um. Em princípio, os fato
át q* influência durante o estâdo & ahissanctx sâo bas-
"*"ro,
taote diversificâdo§, podendo ir desde preocupaçôes subjetivas ba-
nais até arylas percepEôes visionárias de caráter profético' Eles
po
dem rcfletir algum pequeno cornpartimnto do microcosms indiü-
dual, ou entâo a imensa sabedoria do rnacrocosrps' Qualquer uma
dessas coisas pode ser refletida rc nlvel psicóide quando ooore um
abaissenent.

Neste asPêcto, a perspectiva de Leibniz é puticularmente rele'


vante e sua descrição dos acontecimentos, múto exPÍe§siva' Nas pa
lavras dele, o ser humano, na condiçâo de "mônada" é um "perpê
tuo espelho vivo do uliveÍso". DeotÍro desta estrutuÍa' pareoe claro
çe a análise de Jung estrí decifrando a fenommlogia psicológica
pela qual este Pfocesso de "espelharrento" se verifica Com o corr
ieio de sincronicidade e seu alicerce paicológico na Se{, disporns
de um ponto de apoio de oode PÍo§§eguiÍ, além de um arcabouço
pa'
ra formular corrceitos descriúvos. Urm vez que o funcionanrnto de
uma paÍte sigrrificativa da psique sido rebaixado aÉ o nível
teúa
psicóide, o indivÍduo, com microcosmos' en@ntra-se nulDa con-
diçao em que PaÍte de sua psique é capz6ls "cqPtar" os "reflexos"
do macrocosmos circundante, defini-loo e combiú-los
104
Falar dÊsta repneseilaçAo direu b reio ambiente em t€nnos
de macro e microcosms eqúvale a fixâlo em seu contexto mais ge
ral e ústraúo. Quando experienciado por indivíduos na vida real, ele
sempre envolve as cirçuns6ncias peculiarcs de um dado Eorrpoúo dc
tenpo. Em cada moreD&o há sempre urt cqwnu & existêrcia vi-
gente e$ todo o universo, esguena esse no qual todas as mônada§,
ou seÍps ffividueis, estáo inEr-rplacionadas, cada qual pfletindo
inconscienterente em si mesma (de mdo larcnte e mú0o raranente
sistêNnatizâdo) a totalidade do esquema $E as contéo. Cada umdes.
ses e.§quemas Í€pÍpsenta o estado de "harmnia" ou o '"Tao" que se
crisalizon em todo o universo, oum dado rmnroSo. Qundo a "di,,
miruiçáo do nÍvel rental" aureota a sensibilidade dapsiqrc aos re
tlexos do esquem& o indivídno se torna capaz de percepção or cog-
niçáo qrc tra$cende tÊ,mpo e espaço no habinral sentllo cousalístico
que lhes atibuíms.

Um iryortante gupo dos fenôrenm classiÍbados cono "1t8"


rapsÍqúcos" consisE, ao que parpoe, naquelas experiências psicói-
des em que vários aspectoo do asqrrcma de um determinado rcrento
de teropo se rpfleEm num indivÍduo por rreio de percepções subli-
mirar€s, das quais é possível que ele prúprio não teúa consciência
Ecs€s "Íeflexo§" oconpm de formas inconscientes, o qrrc é prÚpno
do fato de estapm occr€ndo w úvel psbói&. Eles poden apateoer
na hipnose, nos sonhos, oo Eatrse, ou em outras variaçês do estado
rediúrico. Todos, por€or" dependem d8 condiçb & ofuiwnunt e
da pmfundidade em que esta se deu.
O afuiswrcnt pode ser ocásiooado de forma intencional, por
reio de disciplioas e técnicas específicas, ou acont€oeÍ esPontânea e
involuntariasrente sem quç o iodivÍduo perceba o qw estÁ se pas.
sado. Neôtes últim casos, em especial, oode a ocorrência de
eventos sirrcronísticos se refleE numa psique indiúdual e é viven-
ciada pelo sujeiúo como um feúreoo parapsíquico, a inconsciêocia
da experiência tende a pÍoôrzir um efeito múüo desconcertante. Esta
é uma das razões, creio, além dos efeitos geralrcnE p€útÍbadorcs
105
b ahisynen, pela qual boa paÍl€ das pessoas inclúdas na catego
ú de diitnicas tcm propensão a sotrerperíodos de iostabilidadc e
de confusâo rcntal. dificuldade em entendeÍ a Dair-
Fla,c têm gaDde
Íeza dos fenômems sincÍonísticos que estâo sendo objetivados, nÃo
sendo capazcs de distinguir quais desses feoôrnems devem ser assi-
milrloe ç quais deles nâo sâo relevantes para suas üdas.

Eb Dais uma razb que explica pc que é iryortante ampliar-


Itp§ no!§ia compreensâo dos efeitos qre os fenôrenos sincronísticos
rcanetam. Por não ÍccoohcoeÍem a nâülÍ€za do princípio sincrooí§.
tico que nelas estÁ úuando, as pessoas oostrmam projerr seus sílDr
bolos favorios ou $ns crÊDças nÀs experiêDcias des0e tipo p6 que
passam. Dessa mareira, só fazpm âunrntsÍ tm sem.ntfoero de dog-
mas ocultistas e ooofundem aínda mis sua experiência pessoal. No
entanto, a hipótese de siocronicidade tende a p€mitir que a Pessoa
esclaroga o qrr está e passando com mritas de suas perce@s pa-
rapsíquicas e, em conseqiiência permitir que pessoas psiçicamnte
sensíveis descúrm o sentido em suas üdas, sobretúo qtando essa
hipóEse é utilizada dcoúo de uD pÍograma coryleto de desenvol-
vimntoütal.

Edora o princípio de sircrmicidade üde com o esquoa de


intedigaçfu da experiência com o teollo, pareoe haver uma variabi'
lidade nas unidades de teryo envolúdas. Exise algum indício de
çe a percepçáo porapsíquica dos eve os sircronGticos Detrt §eryÍe
reflete o esquetDa vigente num deteÍninado ÍDotrDoto de temPo. Di-
vef,sas pcsqui§a§, eDEÊ els§ as desenvolvidas por Duore e Soal, têm
urgcrido a possibilidade de que no fenômeno de reflexâo dos es-
quema§, o qrr é refletido @ se referir ao Passâdo ou ao fuano. Se
assim foose, este fato nâo alteraria; muito pclo contrário, ex1»odiria a
conoepgáo bósica de $E os évenlos pqrysí+tioos irylicam o espe-
lhareDto, através dos nÍveis mais prrofimdos da poiçe, de outros
cventos isolados e sem relagâr causal, çe, não obetaote, fazem par-
te da msma esúuhraçáo de teopo.
106
Naqueks ca§(N ern que as experiàcias dç Rhino ohiveran rp-
sultados qrp superaran o faror de p,Íobabilidade, o pincípio eferivo
coosistiu em qtr utr prcoesso arqrrlpico da psiqrrc ügado a.,mr
expectativa confane tortrou,e intensarente atiro pq causa do ir
t€ÍEss€ itricial demoosüado pelos parti«:ipontes doo testes. Náo pou-
cas yezes, est€ fator de oonÍanço expressando o arqútipo de efeito
mágbo acha'e F€sente ms e:rperthcias parapsicológhas, prova-
velreote poÍque as pe.rsoas qrrc se oferecem cm rolunúrias Er
de,m a se sentir rctivadas 1xn un fotc desejo de demoostrr ao
muodo cienúfico a exisÉncia de um direosáo omplcreoE da
rcalidade. A intensi&de causada poÍ esE desejo rasula oun aáaÍ&
srun & un lado da psrClrc e, com isso, occrttn espelhmba,
ou percepgões imngçienrcs, que se mnife*am accuás da estnr[na
t€opoÍal e p conciliam de mneira exp,ressiva, estabeleocndo um
conespoodêrcia harmoniooa com a siuragão na $al o arqútipo se
tornou ativo.

É razoíwt supor gE na sérb das experiências de Rhinp ou de


outras expaiências porapcicológicas dessa tipo, o efeito btd dos fF
lores argueúpico sç sinrc num ponb mÍninp por causa da ftia at-
m&ra dc obj€tiüd8de, inErcionalrcoE nantida nascondi@de
laboratório. Só o eotrrsiamo criado antês de ç entsar no laboratódo
e o desejo dc suesso da experiência poden ser considerados fataes
de e$Ímnlo sufiçieoÍe para produzir un fui,wnuzt rr piqn.

F.'ú8 do labqatúb, cootrdo, Do cuÍso nútnEl da vida em o


ciedade., otrde as paixões da crença Ém umpodermuio nuic tiyp, §
bem maior a árca de expessão posível dos fatorcs aÍqrrlpi@§.
Existom,, portanto, mtivos de sóra gon se acreditrr que a incidêo-
cia dc fenômoos parapsÍçicos seja múto maior fora das coodigões
dc labontório. EsÉ aspecto da pesquisa porapsioológica Em tido um
rçcoohecimento cÍ€sceoE nos iÍltims anos, noiqÍhÍEnte na ênfase
dada por Gardrer Murphy à impoÍtátrcia das "experiêocias eÁpooúL
reas" no esüdo dos feoôrenos panpsicológicos.
tu
Falar em "experiências espontâreas" irylica admitir que even-
tos porapsíqúcos acmtêcem PÍimqdialmtrtÊ no fluxo de noc§a vida
çotirtiana. É esa, sem dúvida, a conclusão a qrrc Jung chegou com
base em seu rabalho terapêutico m caÍtpo da psicologia profunda
AIém disso, os e$úos qrr fez de múus reügióes o impressionaraut
ao conrúataÍ a relaçâo existente enü€ os símbolos, no nível arqueÚ-
pico da psique, e as várias experi&rcias miraculosas que têm ocori-
do em toda a história da rcügiâo. Há mútas razóes pora cÍÊr que os
fenôrems &, abissencnt tenham mrito mais p,ropensâo de ocorrer
em situaçóes sociais onde a emtiüdade de mulüd6es, tradiçôes e
cÍenças está em açâo, do que em indivíduos isolados. Nrtma escala
rrrnor, o campo de ensaios do laboratório de parapsicologia oferece
uma sinração social desse tipo, çaodo, pu exemplo, a expeclativa
de seus "cüentes" suscita resultados "espirinrais" de údentes e
rÉdiuns.
O efeito social que a aúvação dos arquétipc e a causaçâo de
rm abissnunt produz é claramente indicado pelo fato de que há
um núnrro mais expressivo de fenôrpnos parapsíqúcos ocqrendo
e sendo relatados hoje, em1973, do que em 19í quando este ensaio
foi originalrcote escrito. A mudança no clima social é a razâo bási'
ca deste fato, pois ela ativa o nível psicóide com cÍ€n§att e expecta-
tivas, criando urna sioa$o de tolerância na qual cada vez mais o re-
lato indiúduâl de experiêrcias porapsÍçicas se tüna socialnrnte
aceitável.

Nas décadas mteriorcs, nâo ú os relatos rnas também as prú


prias experiências eram reprimidas. Em nossos dias, o clima social
induz tais experiências, criando uma abertura cultural na qual tanto
os tbnôrpnos especificamente pampsíqúcos, cofi) todo o conjunto
dos eventos sincronísticos podem ser experienciados, observados e
Í€latados oom rnaior liberdade de açao. Neste clirm, a capacidade
para aryliar ainda rmis este cíÍculo de experiência também Poderá
ser culúvada através de téctricás específicas de treinarnento, ou
através de uma orientaçáo positiva em relação às póprias experiên-
108
cias. CoE isso, a qualidade de percepção de toda a nossa culhua
será firrerente aryliada
Num ambieote social çe contribú para aqrclas experiências
qne envolvem um contato com os nÍveis profundos do Sef, toma-se
possível fazer a experirrcntaçâo necesúria para aperfeiçoar as técni-
cas destinadas a produzir vfr, abaissenunt Ne.ste trabalho, conside-
ramos básicos dois fatores: um é a importância da aponaneidade; o
outro s6o as cirçunstáncias sociais em que os eveotos parapsÍqúcos
@olretrL
Até resrno oo gnru de surpresa absoluta, a espontaneidade é
um elerento inúo aos eyentos sincrooÍstioos autênticos. Uma vez
que a espontaneidade é urm das caracteúticas que diferencian os
eveoúos sincronÍsticos, a pasquisa parapsíquica deve descobrir méto,
dos de esurdo dos fenôrenos que <rcorÍpm em reio a uau experiên-
cia de vida não plaoejada. Isso implica a necessidade de eshrdar as
variedades de eventos sincronísticos produzidos sob o impacúo da
üda social. Estudos desse tipo levarão a una comprcensfo dos
tenômenos parapsíqúoos e sincrooÍsticos, dando assim urna üsão
mais cornpleta do modo como se produz mudança culh[al.
"mq
Os eventos sincrooÍsticos, eo particular, oferpcem uma pista
impoÍtant€ sobre aquelas oconências "miraculosas" que formam a
base dâs úadi@ religiosas e das miúologias. Consta0arnos assirn
que até ÍnesÍrx, os acontecimentos da história poUtica dependem mui-
to tarto da sensibilidade parapsÍçica, corno da capacidade de pes-
soas carismÁticas de criar a ahoúera prcpÍcia ao surgimento de
eventos sincronftticos, que váo desde a cura pela fé até a perfeita
cronologia dos faEos polÍticos. Todos esses acontecinrntos depen-
dem do desempeúo dos fatorps arquelpicos, & obabsenent & ní-
vel rnental e da ativaçáo das carnadas psicóidas b Se{ para que
possa se ÍEalizaÍ o espelharrento dos fenôrnenos parapsÍqúcos e sin-
cronísticos.

109
O funcionamento da
sincronicidade

Para criar um @ntexSo amplo o bastante a ponto de abranger


os fundarrentos sincronÍsticos de renOregggggpsÍgglggl - embora
coostitrindo os evento§ sioqonístbos a categoria mis ex@nsa -,
fomos até ui a manter a discussão num nÍvel
ústrato. De agora em diantq oo entatrto, @uno aboÍdaÍ oo fenô
menos de ,mn foÍma mais diÍeta, tal çomo são experienciados, para
rf
y

ver de que mnein I psique e seus arqúúpos estáo irylicados.


Já vims que o princípio sincronÍstico se cxprpssa numa ampla
variedade de ewntos. Uma passos, por excmplo, tem um soúo ou
uma série de soúos que acabam por coincidir com um amntecimen-
to externo. Outra pessoa rcza pedindo algrrm favor espocial, or o
deseja e espera por ele intcnsarente e, de alguma maneira inex-
plicável, o «msegue. Um terceim indivÍduo acÍedita numa ouEa
pessoa ou em algum símbolo particular e, eoquaoto está rezando ou
rneditando à luz dessa cÍeÍsa, unra cura ffsica ou algum ouEo "mi-
lagre" vem a acoBt€€r. @lequer que haja sems hgmgoqrggspge tl
ocorem even3os sincronÍsticos e , de fa3o, é bem provável que uma
vez que saibamos o que pÍocuÍar, venhaÍrxxr a descobrir que ooiie Ir
ro desses evenos é múo maior do que $ryrÍnhemos,
lll
Em todos os eventos desse tipo, há um forte fator arqueúpico
atuando de fornra numinosa. Soúos que demonstram um conheci-
GnSo além do alcance da consciência envolvem neoessariaÍrente
irnagens que jazem no frrndo da psique. A crença na força de vonta-
de alcaog até a mente primiúva do ser humano. Ela é a chave da
eficácia da imaçm prirnordial do feiúoeiro. A experiência funda-
rrental de fé, qualquer que seja a sua forma ou objeto, sempÍe toca
os rúveis mais profrmdos do inconsciente. Com isso, cria-se um
carnpo emocional em tomo do fator ouminoso, arqueúpico, resultan-
do, assim, nurna coÍrespondente retirada de energia, oumâ dimi-
nuição do nível rrental, no ouuo lado da psique. Verifica-se aqú o
npcanisrm psicológico b
afuisseneru através do qual a psique é
levada a Íefletir os esquemas de tempo. Quando toma consciência
deste fato, o indivíduo está apo a relacionar-se com a sircÍonicida-
de dos eventos.
Agora, poÉm, srqge una questâo interessante. Nesta análise
do çe se passâ na psrque de una pessoa que esú participaodo de
umâ situaçáo parapsíquica ou ainda sincronística, a importância ari-
buída ao fator arquedpico tem s
concetrtrado na funçao do arquéti-
po de ocasionar um diminúção parcial do nível rrcntal. Observa-
mos, além do mais, que os eventos sincmnísúcos tendem a rcfletir as
caracteúticas do arquétipo opeÍaote. É exaranrente com se o ar-
Sútipo desempeúasse um papel de relevo na constelaçáo do es-
çem, de tal scte que o esquetna formdo se acha, de algum modo,
prÊÁente na imagem do arqútipo.

Por experiência pessoâI, Jung afirma que os eventos parapsí-


qúcos "quase sempÍ€ ooorr€m na regiáo de constelagões arquetípi-
cas, ou seja, em situa@s que ativaram um anquétipo ou fcam sus-
citadas pela açâo autônoma de um arquétipo",I Aparenternente a
força do aÍqútipo cÍia rrrnâ situação qrr possú suas póprias

l. Vcr a argumcntaçb dclc om "Asüobgbsl ExpcÍimDÍ'. ,hd., pp, ,180-83

tt2
exigências e características, e estas caracterÍstic€s sê expÍessam no
esgu€Ím formado naquele mooento de tempo em que o arqúüpo se
toma ativo. Os reflexos psÍquicos oo sef que se veriÍicam através
do "abaixamento do nível rnental', :lssumem unu fonna semelhante
à do arquétipo.
Ao rnenos num prinreiro exame, chegamos à conclusão de que
se a influência do arqútipo determina o esquenu dos evenEos resul_
tantes do fafo dc ter sido ele ativado de ume fe166 nrminosa, entáo
na realidade devemos falar em termos de causalidade. Sem dúvida, a
questão é pertinente poÍque, otesnx, se dissermos que a numinosida-
de do aquéfipo envolve um intangível *poder rúgioo", ainda assirn
eshÍemos aEibuindo urm causalirtade aos eventos. Com múA pro.
priedade, Jung utiliza a expressáo ..causatidade rúgica" para Aeànir
seu pooúo de vista Náo hí dúvlla de qle ertos eternentos desta se
encontram oo princípio de sincrcnicidade, ou pelo Eenos no pensa_
Írrnto que conduz à sfurcronicidade. Com efeiü0, Jung nos dá nmq
pÍova concÍptt disso guando menciona alguns escritos de AlbeÍúo
Magrrc onde ele diz que o fator de enrotiüdade cria um forte dese-
guilÍbrio na psigue, o que a seguir é considerado um pr6requisito
básico para a produção de um efeito mágco.
Juog cita AlbeÍto Magno que assevera que qualquer pessoa
pode influenciar magicarnente qualquer coisa se ..conreter um grande
excesso".l F.n essência, esta é a mesma idéia desenvolvida por Jung
com base em Piere Janet, sobre o afuissanvru do nível rentA. ó
'txcesso" de que fala AlbeÍto Magno é a intensidade de sentirpnto,
a paixão da crença ou o desejo que pega alguém de surpe,esa e, desse
rnodo, "inverte" o equillbrio em sua psique. Há, contudo, uma dife-
rcnça irnportante.
A análise gue Jung taz do abaistemeü taú a intensão básica
de descrever o pn,cesso pelo qual se efetua a Eaosição de um es_

l. lfid.,?. a48

ll3
querDa de têútpo PaÍa ouüo e Pelo qual, sobretudo, esse segrmdo es'
+rer" e ünenciado e percebido. No caso de "causalidade mágica",
o fator emotivo não tcm rma duração objetiva. Apesar de todo o
prooesso se passü no fuodo do incooscienrc, hí um faor egooêntri-
pte*"nt", considerandose que a "vontade" ass@iadq ao estado
"o
emcional possui uDa ÂatuÍezâ intencional e causativa.
No caso do mago PiaticaDte, de çem Alberro Magm estava
falando, a vontade PêÍteoce ao indivÍduo que intencionalmnte in'
corre tro "estado de excesso" através do qual sua ermtiúdade pode
alterar os acontêciÍrrcnto§. No caso dos horpns primiúvos, a "von'
tade" pode estâr ligada a qualquer objeto cotrx> um a§Pêcto da pecu-
liar força espiritual, ou do @r mágico ou divino que lhe possa er
aribuÍdo. Quando o horem primiúvo cÉ que a PÍe§ença de um cer'
to animâI, por exerylo, afetará toda a úda tribal, náo se tata ape'
nas de uma detrrPasáo da realidade, nem inteiramnte de sugestáo'
A crença m força rúgica do animl deriva de um sÍmbolo miorti'
rado dos mitos culturais, um símbolo de natureza arquedpica e histô
rica que é projetado no animl.
O animal, ou qualçer objeto ou pess<xr, participa assim, invo-
luntariamente, de um aoplo esquema de sigrrificado cuja base assen-
ta no incomciente do homm primiúvo. A visão de um deterrrinado
aniÍral constela todo o arqútipo, ÍÊsultaodo em mudanças na inten'
sidade emocional e no equilíhio psíquico, o que' P9Í sua vez' se Í€-
no
flete e é refletido num novo esqueÍDÊ ou orga[ização dos eventos
temPo.l
Na antiga mitologia teutônica, a cÍença segundo a çal uma
variúa nágica ou outros objeros ligados à magia tinham o poder de
àesejos de quem os possuÍsse repousa num princípio
aná-
Íealizar c
desejõ envolve uma intensifica@ da emoção' e
a força
úgo.' O
desta energia produz um trovo arranjo da sioaçáo no temPo'

l, lM,pp.4t2,4Á3.
2. Iri.l.,i.5l7.
l14
Devems ootar tambéE que, por sua pópria nafilÍpzs, este h_
tenso desejo faz parte de ume nova configuração do tempo. A eficá-
cia emocional qrrc o desejo causa fez cqn que fosse classificado de
"poder divino" peloa teutóes, e assim é igrralrnente considerado por
otltros povos. Devesc ainda, essinalar que jamais se acÍpdita oa
eficácia desse desejo guando fei3o a esm. Ele @w ser rpalizado de
acordo com algum ritual his3oricamente prescrito ou denbo de algum
sÍmbolo primordial, pois só entio @erá ativar um arqútipo. A pre-
sença de um arqÉtipo como fator eficaz é decisiva para todo o pro
casso, pois só por meio de um arqrÉtipo o princípio de coneúo
acausal de eventos coneça I ter aplicagão.
Em todas as situasõeÁ serelhantes, quer as considererms ern
tenrcs de causalidade nágica quer eE teÍmos de sincronicidade,
existem dois elerentos que precisam ser relacionados. O prireiro é
a série de errenüos que acont€c€E no interior da psique bununa, pru.
cessando-se.numa cadeiâ de csusasão interior que inclui a
do arqútipo, a intensifração da emgão e a conseqibnte "tiúe,
dini-
núçáo do nível rental. O segundo eleren0o é a ..ordem
de um
acontecirenOo externo e independente" que ooorÍe fora da psique.l
A questão é saber e podemos descobú atgum elo dircto enüe os
dois, que demnsúe qw o elerenüo psÍqúco, em partbutar, dá ori-
gem ao ouho eleoento exterior.
Esses ponos de vista que admitem a causalidade rnígica não
encontram dificuldade algum em dar tal interpretação aos eveotos
porque postúam um poder divino ou demonÍaco a firn de explicar as
que ocorem para além dos esquemas de tempo. por con-
seguinte, a psique é tratada como se se coDportasse coEo um ageDte
car.rsativo eficaz, quer teoha agido emcionalmente aüavés do in-
consciente quer através do ego consciente por nrcio da -força de
vontade".

l. Ibkl.,p.82
lt5
O raciocúrio de Jrmg sohre esta questão é sutil e muito evasi-
'

vo, e a importância de sua formulaçfo corre o risco de ser rnal-cn'


tendid& De um lado, a) descrcver os arqrÉÚpm, continua eofati-
zando que eles têm a capacidade de fazer coisas, que sáo numinosos
e têm o p&r wirkend ("ütâ1" ou "çfetivo") &fazet as coisas su-
cederem. De outro lado, a essência de sua arryla concepçâo consiste
em que os arquéripos náo furcionam em terlno§ de causa e efeito'
Na v-erdade, foi precisamente quando compreendeu que os arquéti-
pos obedeem a algo diferente da causalidade que sentiu a necessi-
dade de estudaÍ a possibilidade de um princípio altemativo' Dessa
rrurneiÍâ, ele foi levado a forrrular a hipótesc de sincronicidade'
Para que Po§samos entender o princípio que está por trás desta
apaÍentê contradiçâo, devenps teÍ em metrte a ampla perspectiva da
càncepçÁo da sincronicidade como um princípio que ahra em todo o
mâcÍocosÍÍDs. Os esquemas que se formam sincronisúcamente num
detennimdo mÍEtrto de tempo abrangeÍí o universo inteiro' Isso
vale corm um princípio geral que, do ponto de üsta ÍiloúÍico, re-
cebe[ a sangáo de lJibniz' DentÍo deste cootexto geral, no entanto'
temos os seres indiúduais que paÍticiPâÍÍl do esquerra' exPressan-
do-o arravés de sras vidas e açôes.
A vida microcósrnica indiúdual é um aspeco do es4ueÍna mâis
amplo e geral do Dâcroco§Illc. Não obstatrte, o indiúduo incrrnbi-
do de expressar o esquema macrocósmico çe o inclui, o faz por
reio de agões em sua üda aPaÍentemeote determinadas de maneira
racional. Ele se rmve para objetivos conscienterrente determinados,
dirigindo-se para eles com base num raciocínio de causa e efeito'
Assim sendo, o desenvolvinento de urm úda humana se pro
cessa, simultaoearente, eE dois planos distintos, em duas di-
reDsões distintas da realidade. A PÍircira delas é constiirída pelas
percepçôes da vida do iodiúduo, suas mtivaçôes e suas ações' EIa
se nranifesta por nrio do pcnsarrcnto e da emção e move-$ Para
objeüvos percepdveis que pressupôem urm relaçáo de causa e efei'
to, quer se conceba esta relação de causa e efeito de rcordo com as
116
idéias racionatisas modernas qrrr de acordo oom as icEias snimiSas
ligadas à magia prímitiva
For sua vez, a segunda direosão, Earccende o individual É o
campo macocósmico tanspessoal onde ahra a sincronicidade. Den-
ho deste campo, que inclú um esqrcrna do universo interligdo no
tempo em cada momento específico existem" coaforre diz Jung,
"ceÍas Í€gulcidades e, cooseqüentemente, far$es oonstantes". r
São e.stas regularidades que Jung procura esclarccer quando analisa
as diversas cáÍacterísticas dos arquétipos, nu numinosidade, seus
Processos de ativasão, seu efeito perturbador no equillbrio da psique
e zua çlalidade ooostelúiya de fixaÍ em corylexos em toÍno de si
ou6os conüeúdos psÍquicos.
Todos esses fatores se compoúam @ uma maneira rcgular e
çe pode ser descrita, em priocípio, como sendo p,revisÍvel. Cada urn
deles possú
"ma série particular de causalidade e, aé erto ponto,
seu passado é cosrpreendido em t€rmos causais. Assim também en-
tede-se seu frrhuo, Ín s apenas dento do contexto de cada série
particular de causalidade qrr está operando oo seu prc@sso de vida.
Tão logo, poém, haja rnais de urna série de causalidade coovergindo
ente si, alguma coisa além da causalidade enúa em funcionarento.
Os efeitos dLstos da interação enüe elas @em seguramente ser en-
teodidos em teÍmos de causalidade. Contudo, quando muitas séries
de história causal converBem num determina& mrento, forma,p
rrma ordem de múltiplos, que podem intetagir en@ si e, até eío
ponüo, ht€ragem" eonendo, por assim dizeç rma conexão causal
de ioterações. Todavie, oa maioria dos casos, não há conexáo causal
üsto qtrc também não hí interação.
AIém disso, na grande maioria dos casos, não existe neúuma
rclaçáo direta enúe as várias circungiincias individuais que se for-
num num detetminado morpnto de tempo. Cada quat existc nessa

t. lud.,p. sl6
tt7
forma particulu, ÍEsse nrometrto espocífico em frrngão de suas prú
prias razóes causais. A históÍia rínica de câda "m o Eouxe até e§te
ponto, e o fao de dqis eventos çaisqrrr convergirem nes§e trx)Ínen-
to paÍticulaÍ é rma çestáo de coincidência do ponto de üsta causal.
Ocasiês há, no entanto, em que evento§ que não Possuem uma Íe-
laçâo causal eoüe si aoontêcem simultarcarente, de uma forma tão
significa(y6 que parcce contcr algo Eâis do qlrc lrÍÍrâ coiocidência
Numa palarrra, essa coincidêrcia puw w signifuativa.
Sâo esrcs evento§ & cobridêrcia signifuativa çe Juog con-
sidera a essêrcia da sincronicidade. Suge*ivarente, quaodo Jung
estava lendo o parágrafo acima em reu manuscrito original, ele sen-
tiu a nocessidade de aproÂudar o que eu dissera acrescentaodo
exemplos e escrevendo a lápis, no verso da página pÍecedente, um
substancial coutntário explicaúvo. Esse corentário é valioso como
complerento e explicaçâo das suas idéias sobre sincronicidade, e
também um indício do inteoso envolvirento pessool com qtr ele se
aplicou ao assuoto. Cilo aqui o texto escrito por ele e reproduzido à
págim 120.
Iung escreveu: "Todos esses PÍoce§so§ rcgularcs sÃo causais;
logo, relativamnte ou em princÍpio, previsíveis. A sincronicidade ú
é considerada no caso de duas ou mais séries causais que se desenvol-
ven paralelamntc e qrr têm o EEsItD sigDificado; estor pensando'
por exemplo, no modo ootrD o esPftito ctônico (Serryrts Mercwii)
traoscende e integra o sídolo cristáo (peixe), e en6o vejo una ser-
pent€ de verdade apanhü e engolir um peixe. NAo M nenhuna co
nafu causl, ou ela é Pe$rna como na precopição' onde an pre-
vejo alguma corsa, que irá rcontecer vlírios reses depois. Não se
@ pessupor $E um eveilo frtü.lÍo Posss tcÍ um efeito causal no
p̀sente".
@ando dois ou mis eventos ooorÍem num dado mrrento do
teryo s€m qre um deles tenha causado o ouEo, emboa haja uma Íe-
laçáo niüdamenr significativa entr€ eles que ultrapassa as possibili-
dades de coincidência, essa situaçâo conÉm os elercntos básicos da

ll8
sincronicidade. Even0os desse tipo em geral envolvem indivíduoo ou
grupos diferentes. Pensamos sr e$e o caso nas ooonências sin-
qonÍsticas que e veriÍicam nas relagõe» interpessoais
e, ainda mais
notadamente, nos acontecfunetrtos históricos. Às vezes, também"
duas seqilêrcias distintas de eventos sem conexão causal convergem
num únioo indivÍduo, agrupandese em sua vida de nma maneira
significativa que vai atém daçoincidência. Emcertoo estados flsboo
ou rnentais, tatrto as doenças conxr as curas ..espontâoeas" podem
ser entendidas como exemplos de sincronicidade. A rcsma ooisa va-
le para diversas classifica@s de evenúos grc vêm sendo agon esür-
dados dentrro do canpo da parapsicologia.

De um pon0o de vista inteÍprelativo e anútico, a sinração oia-


da pela hipó@se do princípio dc sinqonicidade é múto fru§hante
para Jung, Uma vez qrrc ela úo inclui conexões causais constantes,
náo abre espaço para a pedição no sentido comum Não se pode fa,
zar wda a respeito disso, nem fazer çom gue ocoÍra rm númo
maior de evenúos sincronísticos, oem evitar que ocorra[L por defi-
niçâo, náo se pode ca u,sr evúcrc sirrcronísticos, rnas oom base em
óserva@s rcalizadas nesta área drnanE os tfltimos vinte anos, pa-
ÍEce'nre possírrcl desenvolver nnÍnâ pessoa um aurenúo de sensibiü-
dade aos ewnúos sincmnísticos e, sobretudo, uma capacidade de
harmnizar sua üda com oconências dasse tipo.

Ao longo dc seus textos genéricos, Jung oferece algumas pistas


e sugestões neste seutido. Além disso, um efeito secundário de al-
guns de seus pÍooedirentos psicológicos consiste no fato de conti-
buírem para intensificar a sensibilidade às situações sincronÍsticas.
Mas o interesse primÍdial de Jung se corrcenEa mesmo no desen-
volvimento hórico do princÍpio de sincronicidade. Desde que corc
cei a esfirdar sincronicidade com Jung, umn part€ substancial de mi-
úas póprias pesquisas apücadas em psicoterapia e nos pÍocesso§
de crercimenüo espiritual tem estado vottada para o desenvolvirento
de técnicas visando a aryliar as conexões com a área de experiência

lt9
A|./. tL..- ,"6 -lt u *<- 21{n.
.4,
i.
I
-r, Ca-
Cr*l i4.1r*ti .1. >tL*, t+t PIO CA" -

*(.O.eia t,
Í/t 9t,t"z
qt+úl , tu *
'/(*
+;;+ 'ea r l.{{sr' í
a.$.1
a-rn, ,l* n l*l A
4.n'n !
- (;* .17,.n ü,*.
a,-t'nD ,
Crrr.at t4
..a 3
arrra*tfu
,,t'€;t,
.êr* &
P lu,* lca-.4 í4-,

Prancha 2 - Sob,Íe a coincidência para além da causalidade'


sincronfttica. Contudo, deixo a dircussão dessas técnicas para ouúa
ocasiõo e lugar.

O estudo de Jung concenúa'.se na identiÍbação doo evenios e


das forgas fundamentais que aürarl em situações de sincronicidade.
Utr,s vez que não existe possibiüdade algrnna de fazer previsões
com base em leis gerais, no que diz respeito à sincrcrúcidade J,rng
tirniA-e a determinar o rnovinpnto interno dos eventos sincronísti-
cos. Ao fazblo, está bem consciente do risco de que, guaodo obser-
varem a ativagão de sÍmbolos arquelpicos na pÍesença de eventos
sincroní$icos, as pessoas irão supor equiv@adaÍrEote que estão pre
senciando a ação da causalidade. Essa enganosa dedução de causali-
dade surge ineütavelnrente, diz Jung, assim que o obsewador "per-
cebe a sinução arquedpica". Entár "ele é tentado a atribuir a corÍe-
lação de pÍocessos psíquicos e fÍsicos independentes a um efeito
causal do aÍguétipo e, @m isso, deixa passar despercebido o fato
de que eles são meramente contingentes". Mas, acrescenta Jung, "e-
vitamos este perigo se comiderarmos a sincronicidade corÍ, urn caso
especial da organização acausal geral".l
A funçáo dos arquétipos não é a de um fator causal cuja açáo é
extenra aos conteúdos do evento sincronÍstico, rDas atrtes a de um fa-
úor de coesão e integragáo intcrnos. Ernbora os conteúdos do esque,
nu vigente no universo em algum Íoomento do tempo sejam táo arr
plos que ele se üorna difuso, os arquétipos constiüem fatores inter-
oos da psique do ser humano que unem os conteúdos rplevantes em
termos de sua significação para o ser hununo. Na úsão sincronística
do universo, os arquétipos deseryeúam o papel de mediadores.
E atavés dos uquétipos que o esqu€rna univenal intcrligado a um
detenninado momento do tempo se combina e é separado em esque-
m,rs npnores relacionados com a úda de cada pessoa em particular.

l. |M.,p.516.
t2t
A partir da totalidade do mrmcosmos, esquetDas específcos e
definidm s const€lam em toÍno dos arqútiPo§. Nâo sâo os arqÉti-
pos, poÉm, a @usa disso. As sioa@s se formam em torno deles,
rnes úo sáo causadas por eles. O popel especfEco doe arqÉtipos
nos fenôrenoe sincronístfoos paÍEce ser o de sen ir de eixo de cons-
tclssáo de um sioraçáo m tcmlxl, além de çr o fator de odenação
intema que cmprcsta o cenbio caracterÍstico à siutação. Dessa ma-
reira, apesr de cada um dos ooryneotes PaÍticulaÍes 69 rrma si-
tnasão til sido levado até o prcsente ÍnoÍpnto de temPo Por sua
pópria séÍie de causalidade, os arqúüpos formem um fator adi'
cional qrr atr;n dcpois da ocqrêncià dos efeitos causais. É esta or'
ganizaçao inerna da situ@ $te se e§abelece em relagáo sin-
cronística cm aqueles arquétipos atuante§ num determinado m-
rrenlo na üda de urna pessoa que foi ativada pelo afuisxnutx oo
nível psicóide.
O efeito constelativo dos uquétipos, além da causalidade, é o
que produz "coincidências sigrificativas", mais do que a ÍEÍ8 Pru
babilidade estatística permitiria. É imeressante Dotar que quando es-
tava redigiodo as proposiçôes Msicas do princípio de sircronicida-
de, Jung eryúou-se mrito em demonstr;ar seu objetivo por reio
de dados estaúÍsücos, mll.s esse trabalho estaÚstico só o fez passar de
paÍa outra.
'rme diÍiculdade
Um aspecto do problema derivava da natureza da experiência
estatística por ele criada, e qrrc tsatava da poasível conÍigwação as-
tnológica do Sol e da [.üa em casais, questâo essa bastaile coDtÍG
vertida Esta p,refensa "experiência astológi:a" reprcsentou uma di-
glessáo que consumiu tcmpo e qrr não era essencial pâÍa a coÍF
cepçáo da sincronicidade. Por coinciêrcia, os estalsticos e rna-
temáticos aos çais o editor inglâs confiou a taÍefa de verificarem a
validade dos dados, declarrm rcr sérias restriç6es a este uso da es-
tatístfoa. A consoqüência foi que a ediçáo inglesa do livro de Juog
soteu um grande atraso aotes que se pudesse chegar a um consenso
entrt os matemáticos.
t22
Jung ficou múto abonecido com os aEasos e, sobretudo, com
a natuÍeza das perguntas e síticas que lhe foram feitas. Achava que
e.ssas críticasao seu trabalho estatístico eram formuladas,e, q,r
houvçsse urna compreensão do significado interior do conceito de
sincronicidade. Assim, ouna câÍta datada de 7 de janeiro de 1955,
ele re escrcveu o seguin@: "Meu ensaio sobre sincronicidade ainde
não foi impresso porque ainda não cmseguiram entcoder-lhe o sea-
tido. Gostaria de saber por que as pessoas vivem com a falsa ir
eles*o- de que eu talvez não soubesse o que estava qnercndo
dizef'.1
§uma guüa carta, rlatada de ll
de setcmbro de 19í e endere-
çada ao Dr. Jarcs Kirsch, Iung aludiu ao assutrto num tom se.mo-
lhante. Observando o faüo de qrr muiüo porcas pessoas eram cáps-
zes de apreeoder o seotido de sua tee sohrp siocronicidade, acre§-
@ntava o seguinte comentário: ..Sobretudo náo entendem a exçelen-
te brincadeira que fiz com o uso da estatística astsológica; as pessoas
chegam inclusive a perwtr qtrc eu quis provar algume coisa em favor
da astnologia Quase nem vale a pena e incomodar com todo esse
rcnte de bobagens".z
Um curioso fator de emocionalidade se imiscúu ü, pensarpn_
0o de Jung no tocaote à sincronicidade. Do msmo modo, quando es-
tava desenvolvendo seus ou6os conceitos, entrou em ena urne gafiu
variada de paixões, corc costuna aconteceÍ semp[€ que rrme 9fu6
de grande originalidade está sendo criada. A situação com a sincro-
nicidade, contudo, paÍ€ce ter adquiÍido urna conotação diferente
desde quando ele passou a se empeúar serianpnte em formular o
conceiúo. Tantas frustrações cercanun o trabalho que ele conrçou a

. l. Á psíe final ds caÍta, que


' coném o rópio rÇlârivo à sincÍonicidâdc, actâ-s
repÍoduzidâ na PÍancha 3, p. lZ.
_ 2. Janrcs Kirch, Liners to o Fricnd. Esrr c{í8 foi rcimprcssa ea psyhobgicol
Pertpectivs, olaolo le t972, vol.3, ae Z, p. lii. u*t .-ilniãià l*c nEÍrcionou- Dê-
la Pnnl€úa vez' tcÍrldo o pÍesenae fiunusciito. Eis o qrr ele qscreveu a K-irsch: .,outró'aia
reccDr um nranuscÍiúo dc pÍogoff, Íro qual cxa.mina a (ucsüio dt sincronicidade
oom muita
oompeaenclr, parücutaÍÍrEnte do ponto dc visas &s
úútipo§',.
123
fu--.â..r.6^dlí--? .4/ .9-4r-J, .

7t .444 & l-,Lí)4' -4.44 -: "*


--L-..-0,,-,-a,-Zarz
2t -.- . €J v.-"t-,; ê---í à
1.4- Lt-_4--'.8- =r..íír.é4o,;?_-As-zJap
?*-
;- ^--a) * -4 7.-.{aZ-=..-.a.'-,.-
;4 r^ *-.-Íe+
'* N.z.,-z/-z*.-)u€*
-.: ;;íá,-- 7T--1, - .--r
AÍ-.- AL.L-:-.*) à-.-2.
-

fu.3*74Ú
fu '3râ' arr J..J^- .' a.4 p-r/- í4e A3-^
4- +^*; fti-) o-Z,l-5ffi .*-
-'u'A:J-.*;-hr-Pft- 4'fitt
-"-^ t'\7'a , nt nf" < '<-
i-a/bq|*.-''
l€- -r.r.--;
fu-J5
eÍ,ry.

Prancha 3 - Sobre os estatísticos e as falsas imprcssôes


achar que fusvia rrÍnâ ceía parcela de "úapasa" agindo contra ele.
Era corno se um d"queles deuses joüais que impoútnarn e taznm
bÍitrcadeiras com os erps humnoo o estivesse atoÍreotando. I Ou-
Eas vezes, parecidhe que a sinctonicidade dispuúa de vida e von_
tade prúprias e que, diaboücarente, cqno que ilrm passe de mágica,
criava obstáculos para fazêlo trropegaÍ. Mas, quando lemos o co.
spntário qne ele taz m, elía endereçada a Kirsch, Íicarnos inclina-
dos a achar que era o púprio Jung quem estava criando os obstácu-
Ios. Ele dispunha de rrm contexlo amplo que lhe permitia compreen_
der e assimilar o qrr viúa acooteçendo; isso, paradoxaloente, o
deixava irritado.

Quando suas ÊusEações auupntaÍan, por relhor que as erF


tendesse, Jung se comportava coure qualquer um de nós, desabafan-
do sua irritaçáo sobre aqueles que eram os causadoÍes de suas difi-
culdades. Duraotc algum tempo, os esatÍsticos fizeranr o papel de
bode expiatório, oeste seúido. Em geral, aqrrclas pessoas que náo
compreendiam ou úo sabianr apeciar as idéias que ele estava ten-
tando formular e comunicar, reoe&ram, oum ou nouüo trxrnpnto, a
carga de sua impaciência Jung atravessou períodos iguais a aste
quando desenvolüa seus outsos conceitos, ous rx, caso da sincroni-
cidade a intensidade pareoe ter sido maior.

Outrro livro de Jr,ng, Respsu a uId, provocou-the umn çs6-


parável dose de enroçâo, pois também foi mal coarpreendido e pouco
aceito pelo público na época de sua publicaçáo. Tal corp o esfirdo
sobre sincronicidade, era fuiúo de sua fase posterior e o ponto crú-
minante 6p rrma trajetória impoÍt8ot€ e mriO sutil de seu pensareo-
to. Tarnbém significúivo é o fato de que o tema de Resposta a tó
constihri uma apücaçáo parcial do princípio de sirrcronicidade a
questóes bológicas, já qw interpre0a certos acontecinpnúos blbticos

_, 1.._Paul Radin,Tlu Triekstcr,


York, Philosophicd Library,
am comcnúrios de Karl Kerenyi e C. G. Iung, Nova
1956.

t25
num contexto siocronístico. Nesse livro, Júng e§tar,â pnocurando
reivindicu PaÍte do vasto território $E sutl vi§ão de simmicidade
lhe permitira vislurrhrar. Mas essas PÍirEiIa§ tentativas foram múto
difíceis.
de Jung, no tocante à çestâo da sincronicida'
A irirabilidade
de, pode ser compreendida e avaliada em teflno§ da lacuna existente
entÍe a aEplitude de sua visão e as limita@s do qrrc ele Podia de-
monstÍâr e ransmitir às rentes racionalistas de sua geraçáo' A in'
nriçfo lhe peÍmitia PÍÊver $rc o princípio de sincronicidade poderia
ser aplicado a todo o co§Ims e, particularmente, em todas as áreas
relacionadas com a humana. Mas o alcance das pesquisas e
P§ique
apücaçôes qrrc aquele princÍpio oferecia era tâo grande' ao Pa§§o
que a tarcfa de o formular e dernonsüar tâo difícil, que o próprio
í-g * úu atolado, no rreio de unn intransponível faltâ de comuni'
cação.
No entanto, PaÍte dâ dificuldade e da frustraçáo qrr Jung sen-
tiu parece ter estado relacionada com una questão essencial de con-
teúdo, envolvendo o contexto no qual a sincronicidade pode ser tre-
hor coryreendida. É a sincronicidade um prirrcípio de interprctaçâo
especificarente relacionado com a experiência de sercs humanos?
se assim for, tÍata-se de um câmPo iEPoÍtâote com eÍIorÍÉ alcaoce e
aplicabiüdade; Ítesse caso, poém, é um campo definido e restrito à
pr€seoça de úda huoana. A outra possibilidade é que a sincronici-
àaa" sei" um princípio geÍal de conhecirento aplicável a todos os
fenônrenos da natureza. Nesse caso, é pertinente às ciências oomo
um todo, e não apenas àquelas ciências humanas que tratrn dos
fenôrenos e do destino da vida do ser humaoo.
Em inúrEro§ uechos dos escritos e conpntários de Juog sobrc
a sincronicidade, verificamos uoa ambigiiidade e ioprecisâo no que
tatrge a estas possibiüdades. Por um lado, a sua experiência Msica
era a de um psicoterapeuta lidando exclusivarpnte com as údas de
seres humanos, e os dados a que teve acesso eram oriundos das ú'
cissinrdes da existência humana. Além disso, as concepçôes que ha-

126
via desenvolvido e das quais possuía um coúecfurpnúo todo espe-
cial, tratavam dos processos ocultos e proftlrdos do &seavolvimen-
to humano. Estes coúecimntos especÍficos lhe forneceram a bap
pÊra sua conepçáo de sincronicidade e, por onseguinte, era de se
esperaÍ qw ele decidisse colocar a êúase sobrp a sincronicidade ba_
sicarcnte no domínio da experiência fuumana. Mas niio foi isso o
que acontoceu. Jung dispendeu seus maiores eúorços tentatrdo coo_
vencçr nib os psicólogos, mls sirtr os fÍsicos. Nos ifltircs anos, seu
diáIogo pÍincipol a respeito da siocronicidade foi com os fÍsico§ rrm,
\rez que passou a se interessar ceda vez mais em fixar a sincronici_
dade como um princípio geral de oonhecirento pliúivo a todas as
ciências, e úo apenas limitado ao esürdo do horern

Há muiúo scntfolo nesta Enüativa da poÍte 6" frrng, na mdida


em quc reflaia a conviogão que e formu no pcríodo final de sua
obra, de gue a flsica e a psicologia acabaÍiam por convergir. Ele
achava que essas duas ciêocias sedam ligads§ por reio de umc con-
epção Estra grrc oferoceria um princípio interoo de trabalho om a
unidade dos prooessos, tanEo no caryo físico como no campo psi-
cológico. Na opiniáo de Jung, esta articulação eoEp os doiscampos
é uma possibiüdade rcalista por cEu§a da conespondência enEe a
conoep$o profunda da psigrr e a visão do átom pelos ffsi:m. Se a
energia aprisionada no interior do átomo pode ser übeiada, não será
também possível liberar a eo€rgia contida no intsior da peique hrr
msnrf
Jmg previa a clara possibilidade desta convergência de forças
rrmn v€z qle se tirrcssem formulado os coneiúoo
adequados de am,
bas as partes envolvidas na qr.rcstão. E conscientement€ volüou sua
obra nesta dire$o, rcredita& particularmntc que a forma com que
havia esboçado seu sisternq de psicologia analÍtica fcnecia a esEr&
[ua fundamental paÍa rrm, psioologia qrrc viria a ser capaz de efe
ilar um conexão com a fÍsica Crdra vez mais estava convencílo de
que a sincronicid* é o princípio interpretativo pelo qu,al essa c(F
nexão básica @e se Eatizar. Esa é a razfu pc que preferia apra

127
sentar â sincronicidade soÍx) un princípio geral pertinente a todos
os domÍnios da ciêrcia, e nâo apenas conÍinado à diÍIEn§áo da expe-
riência humana.
A e frsica po in'
esperança de Jrmg em conectaÍ psicologia
teinrédio á" ,oo coneP§ão analíticâ da psique e do princÍpio de
sircronicidade exprimia uma üsáo múto ampla" No morreoto' a sua
consecução PaÍ€c,e Í€Dota, mas a idéia é muito sugestiva e contém
largas irnplicações. Ela inaugura possibilidades de amplas con-
poste-
seqiiências que seÉo de grande valia para nossa consideraçáo
rioi. e quesiáo imdiata, no entanto' é que esta visáo larp fez Jung
dirigr sua atençáo para as possibilidades rnais amplas da sincronici-
arÀ, u., com apresentá-la como um prirrcípio geral da ciência'
Ofereceu-a @mo um meio de interpetar toda a série de fenômenos
naturais, sem linitáJa a qualquer caopo espocífico' Em particular'
náo a restingiu à câtegoria de fenômnos que consútui a
principal
áÍeâ de .r"otot sincronísticos, aqueles em que a psique hunrana
é

um dos falores oPeraDtes.

De fato, na rredita em que colocava ênfase na siocronicidade


a fazê'lo às expen-
como um princípio Seral de ciência, Jrrng tendeu
diversas áreas
sas de docurpilaÍ a PÍesença da sincronicidade nas
parapsíqúcos e na hisÚria de
da experiência social, nos fenônpnos
para estas
vida àos indivÍduos. A iryortância da sincronicidade
&eás é dâ maior conse4üênú., * Jung nral indicou suas possibiü'
ãÁ.. O papel dela enrelação às experiências profundas da psique
fttri r" significado PaÍa o e§tudo da údâ do scr humano e é'
"nât geral conside'
@rtâÍEnte, urrna Uase essencial para a rnais ampla e
*d;d" princípio de sincronicidade' Jung, todavia' decidiu úo dar
táo
,üu eofàt" à base hurmna da sincronicidade' Parece ter ficado
ã"aOo pela possibilidade de relacionar a psicologia analíúca com
que permitiu desúar
a física teórica e as ciências naturais em gÊral,
ser estudâdos'
sua atenção dos elemento§ humanos que precisavam
atcnSo deram margem à
fsta omlssao e est€ deslocârento de sua
de Juog sobre a
imprecisâo e a eqúvocos em algumas das discussês
t28
sincronicidade; e lalvez também @úa sido isso que fez da sincroni-
cidade urna cilada a pregar peças em Jung.

hecisams examimr ambos o§ @DExtos, o mis amplo e o


mais limiodo, se quisennos apÍeciar todas as possibilidades çe a
sincrcnicidade abre para nós. A charre está na coryreensão da natrr
reza dos pÍocessos gue ocoÍrcm no âmago de cada ser husrano, rpla-
cionados não só com seu ambienÍe irediato, mas tarnbém con tdo
o nniverso num determinado Ínorento do tempo. O pon3o efetivo de
articulação encontra-se no nível argueúpico. Os arquétipos específi-
cos, atuaotes na base da existência de cada indiúduo, são os reioc
pelos quais a organização geral dos esqueÍnas mais aoplos do ma-
cÍooo§rnos alcançar exprcssão de.Erminada em qualquer re'
@
nrnto do Empo. Os arquétipos sfo os rcfuulos aravés dos quais se
individualizam os esquemas universais de vida oa experiêocia, e a
sincronicidade é o princÍpio explicativo pelo qual o ac€so e o senú-
do da intersocAão destas experiências podem ser rcconhecidos e
coryreendidos no t€mpo,
É neste cootexto qrr deverms entender a afumaçáo de Jung de
que "o arqútipo é a forma introspectivarreote recoúecÍvel da or-
ganiz:çfu psÍguict a priorí',1
Só os arquétipos têm a possibilidade de efeoar ume cooexão
via experiência psíquica entre o ser hrma[o individual e o prirrcípio
de organização oãocausal. Por ouüo lado, visüo gue o arquétipo é
ele prúprio uma expresúo do esquema, seu "efeito" sórc os acon-
t€cimntos pedféricos coosiste em induzi-los a se conformarem com
o princÍpio universal. "Se se acrescentsr a isto um processo sin-
-
cronístico exterior, ele obedecerá ao ttpsrm esguema em ouEa§
palavras, ele é organizado da nresrna maaeira".z DestaÍte, naquelas

L. Ibt<l.,9.516.
L ltút., Pp. 5t6, st7

129
siarag6es cotrtingÊotqsan qra o F@lrÍro ocont, o esqueN[a exprc8-
§o m aqrúipo sirylewnte se expande de rcordocom$lasGârac-
terísticas predominantcs, nâo de forma causal mas através do princí-
pio de organização sincronístico, na conÍIuência de tm detcrmimdo
trptrDtrto de Eryo.
Eraminando a ôpücidadc do papcl de mdia@ que o uqu6
tipo desryúa, podemos chegr à linha {s raciocínio que levou
Juog ao aspecto dual do priocÍpio de sincrmicidade. Na sua formr
Iaçâo, ele se apresenta nâo ryenas cotrp lm princípio arylo, inclu-
sivo qrc sc difrDde por todo o macrrcGrrxrs, mas rqrrüém com um
prioc$io mais restito, rplatiro especificarene a ewtrtos nos çais
a pslque se rha eovolvida.
Já vims $e Jrrng pm.nu a prbrt desu dupla conoepçáo, rms
que, náo obstaote, a foi dasnnolvendo no decorrer de seu tabalho
com a hipótese de sincronicidade. Devem ÍEcordaÍ que ele desen-
volvcu a concepção de sincÍonicidade enqümlo e ocupava de su
atividade fimdamntal, or seja, a interpreução e o tratareilo psicc,
terapêutico de se.us pac'ientes. Nesse sentido, a sircronisidade é um
poduto derivado de seu trabalho terapêutico. Sua nat&irprima s6o
as experiências de úda indiüônis, tal com rnng as observou à ltz
da psicologia analítica. Este material lhe orgeriu e o induziu a de-
senvolver o conceito de sincronicidade, nâ IIpdida em que reconhe-
ceu o fato de qrr o esido em profimdidade do destino humno in-
diúdual rEqrEr rrmâ perspocüva corylercntr, nais do qtr rtrr&
rente causal.

130
Einstein e a visão mais ampla
Juag apresena a sircronicidade, tro &u aspecúo mnis 66p[6,
crxü) um prircípio da mesma estaürÍa que a causalidade, especifi-
carcnte formuldo cotrlo rm reio de explicar o tipo de fenôrrcnos
r
çrc pode atribuir à "oqgqrizaçáo acaulql" encontrada em todo o
cosüxrs. Sob esc de vista, a sinqonbidade oão a
causalidade , antۤ subsisE lado a lado om elu Para ele, a sinqoni-
cidade é um princQio sui gercris, por dircito oato e eE eus prú
prios term. I S:g .algn_ggpg"Ífigq_ consiste em fqne*r um reio de
lidar com fenônrenos í.1'l a causalidade úo é srú- rt
9j6r,tq.
Na formulação deste aspecto de sua concepção de sincronici-
dade, Jung cita como exeryIos oo feoôreaos de desintegrqão do
rádio e toda a área geral de poblemas cauadoo pelas descontinui-
dades na ffsica" Ele alega que, visto serenr as "leis" causais mera-
rpale çsrqÍs1iças e não úsoluCas deixam toda uma sâ
ne ewn306 a descobcrto. nesE campo que ele oferpoe a sincro-
nicidade, não para contestú a causalidade, mas para equilibrá-la e

l. Iti<l.,9.481.

13t
coryleÉnüfrIa. É nesta área, contudo, em que Jttng aPÍe§entâ a
sincronbidade como um princípio a ser utilizado pela física rpderna
na reconstruçáo de sua visâo do universo, que ele úandona o tere-
no onde sua experiência pofssional e de vida lhe deram especial
corytência

A anojada incr.núo de Jung, da psicologia para o campo da fÍ-


sica, tern na verdade seus riscos. Houve outras veze§ em que, pela
DatuÍeza do irnpulso pioneilo de sua obra, Jung incursionou'pi
áÍÊas sihradâs além do caryo imediato de sua competência em psi.
I cologia. Essas açóes também foranr inseguras, montrnte nos está'
gios iniciais, mstrardose nrlneráveis à crítica, não porque teúam
sido tomadas fupÍudentercnte, ms sim poÍque as visôes intuitivas
das quais se originaram sempre estiveram à frente da explicaçáo ir
"tctoctuat que é, afinal, neoessária para lhes dar utilidade. Às vezes,
,1 esta expücagâo intclectual e e§-
il
conde c . No caso particrrlr de um encgto tâo udib§g
como a sincronicidade. é nmmal oue suriam mútas diliculdades no
sêu processo de rcfioaçáo e r€baÍEtrto. Todaúa, podenos esperaÍ
que, na em que o Prcces§o de reformulaçâo do coreito de
sincronicidade prossiga, ele seja realizado de um ponto de vista çe
leva em contâ as arylas poosibilidades e implicagões introduzida§
pela üsâo intuitiva de Jung.

No seu aspecto existencial, a sincmaicidade nos pnoporciona


. um meio através do qual podems perceber e experienciar as çggg
,PV* laoões existentes entsE os amplos esqrrrns do universo e o destino
de câda indiúduo. Para isso, dispornos do ioterior da psiqrc como
iDstnrEtrto e dc arquétipos com veículos, no tmtrÉnto em que
sâo experienciados oa profunda camada psictíide do Si.npsrp. Neç
te seotido, a sincronicidade nos ajuda a perceber o rmvirrento da
üda no universo, tal qual esse movirento se reflete na úda de seres
humanos.

112
vtf
Num senddo mais rcstrito, +
penas,m caso espgsial da acausal ".1 Nestc a§Pec-
br8 sincrooicidade é muiüo mais especializada e eoyolve, em parti-
cular, aqueles fenômenos oos quai§ I psique constitrri um fator cetr
tral. Neste sentido Í€strito e esp€cial, Jung afirma que "a sincÍonici-
dade é um feoôreno $e parcc€ estar pÍimoÍdialmnte conectado
com estados psíqúcos, grcr dizer, com prog§9g1p_!ncgg§91çq!e".2
No vocabulário juoguiaoo, quaodo se fala em "processos do
inconscieote", faz-se alusão direta ao furcionanpnto dos arqrÉtipos
e a todos os seuri fenômnos derivados, o que n<» leva a un outsro
aspecto da idéia já discutida de que os aÍqrÉtipos são rediadores
entste o iodivÍduo e o cosrps. No sentido mis imediato, os arqúti-
pos foryam aquela perte de seu ambiente ffsbo (ou social), ao qual
estão rclacionados a§ea ustar ao
qual sulsgúpÍiEs cansÍçútic€§-§ão @jqi, g§._rA sincÍooicidade. na
ura defini@ meis 1p56i1s, é o encontno de um eveoto
urna situação flsica corespondenE. Na exprcssáo 6" Jnngr
ede w
"a eqúvalência (Glciclwtigleir) dos praessos psíquicos e físi-11
cos".3
A qrstão da rclaÉo corporcntç entra rcsa defini@ de sin-
cronfoidade. Vários dos Emas que já debaterru atrtes, e qrrc vão
desde as fcmutaçóas abstratas & l-eiboiz até o habalho ex perinrn-
üal & podcm evenOalrnente, tal com os en@ndenros
dento desta perspectiva, levar à solugão do problema coÍpo''trrntÊ.
Abrerrse largas possibilidadas nestas áreas de estudo. Existe múa
pesquisa a ser feita paÍe se descohir as formas especlficas e as Í€-
lações amanes eoüp os arqútipos e <x pro@ssos fÍsicos, com
também a natuÍ€za sircronística dos prwessos psicofÍsicos em ge-
ral. Se lidarmos co!Íl (N rnaúeriú empíricos neste contexto, é b€m

l. Ibi.l. p. 516.
z. Ibüt. p.5tt.
3. b.l. p. 516.

133
.."rej pmsível desobÍiÍm§ $E estaÍps finalrreotc cm c6diç§ç3 de dÊ
Pl+ senvolner nmr hiDótêse dc Eabalho oue tlo§ rÍEita esadaÍ os a§-
Pecto§ edgDático§ , ttrls m vEÍ&de tmdaEotlis, do de§tim §Gid
e pessoal {9 gE1 [nmeno.

Nesta pÊÍspectiva, @m tcnma visão aryliada das princi-


pais áreas de coúecimnto que §c no§ úrem por intermédio do
rconceiio de sircÍonicidade, além de visludrarms as tarc-
h^ qr, hipótese tem diaotê 81. ónseguinte, já estam
".o
numa posição de onde oos é poesÍrrel cotÉsar a examinar as formu-
lagões e reformulaçóes adicionais neccssárias para permitir que o
pincípio de siffionicidade cump,ra sua PÍomssa-
Nuoa palesta feita em 194'6 drrante as Coúerências de Era-
nos, na qual estsva bosicarcote eryeúado em rymfrrndr e redefi'
nir sua corepçáo dos níveis inconscienEs da psiçle' lung abordou
tangencialmnE um gruPo de qrestões de gnnde iryo[úDcia Para o
qerfeiçoamnto do comcito de sinclonicidade' Essa era uma fase
do pensaDtrto dc Jung na quâl ele estava desenvolvendo as inEr-
pretaçOcs Msicas qrrc lhe permitiram, afiDal, pasur da teoria do
Tlatava'se, Pois' de
irsicOiOe para a formulaçáo da siocÍooicidade.
r uma fase em que as linhas frrodamntais de §su Pen§areDlo
já trans-
parqcem, deixando-nos rrcr que conceitoc precisam §eÍ ÍEexsÍrinado§
e que etapas do seu prooesso intelcctual necessitam de rcformulaçfu'

Nessa discussão, fica clro çe a tooria da relatiúdade de Al-


EinsEiD reftrência â
teoria da sircÍonicidade de Jtms , como tadém para a reformulação
gndativa de sua Eoria dos arquétipos. Escrevendo sobre a rclaçáo
de sua ohra com a ffsicq Jrmg quase nâo faz meqçáo 6 FingúÊin, Pre-
ferindo situar-se em relaçáo às idéias de Nils BúÍ. Em nos§â§ coD-
versas pessoais, coonrdo, ele re contor que-oa primeira parte do s&
culo, Fingteitr trabalhou em Zrrique durante anos e lhe fazia cons-
talrtqg visitâs. Disse-re que Einstein aParecia, às vezes, para almo-
t { çar e então os dois se envolviam em l,ongas discussôe§.

ty
Nasse perfudo de sna vida, Juog 6tava apenas no cory de
sçu deeeovolvimúo conoeionl, e re dcu a iryessfo de qrrc rhr
va diflcil EansmitiÍ a Einstcin suas idéias norras sobrc o inconscieD-

EsicEEnt€..8[alític{I". Crm isso, estavEGffi-m úl


rchava qrrc Einstcin tivesse muita aptidão pra eotender as di-
rensões simbólicas da expcriência

A
este Í€§peito, é intcrcssantc notú quê a Í€oeoE divulgasão
de docureatos íotinos dc EinsEin tsm revelado cue@
gpns dese@etrharam uE popçl múto imoÍtail€ na sua üda criati-
va Aqrlas @ov€rsa8 ônaft o alnogo@o@rsido mais pnoô-
tivas do que Iuog achayr, sohrctrdo porque agora sabems que
Einsteio possrú
"ma ensibilidade agusâds para as camadas profrr*,
dac da psique. No futno, talvez seja muib proveitoso o eshrdo mis
defalhado do rplacionarcnto entse Ju4g e Einsteiq em virürde paÍti-
qrlaÍrcnE do interessc de Einsteio pclo pensareoto hindu e budista
e de sua posterior &scri$o das qrutidades arqrc(picas do concerto
de rplatívidade.
Embca Jung possa Er exercido uns impoÍtante hflÉncia psi-
cológica eobre EinsEin, é inegúret grr a Eoria da relatiüdade sc
tortrou a besp e o poob de partida para suas pÍúpdas idéias sobre
sincronicidade. Em váÍias passagens, ele parooe egtar conrbnle-
rente procurando desenrolver um conceito que seria o eouivalente i rt r
da teqia da relrrti Uk@, acrcscido da pdqúca. J I rr

Eis o que frrng esoeveU, oa rrenão púlicada daqueta su,a pr


lestra p[oferids em Eranos: "A fÍsica tem derrcnstrado, tÍb clara-
urot€ quanto se podcria desejar, qr oo reino das direosões adlmi-
cas a rpalidade va um observador, e ue só ne$a
é poosível um satisfatúio de e Isso 8lg-
nifica que un elemenEo subjetivo se preode à visáo de mundo do ff-
sico e, em segundo lugar, que existe nocessariamente rrnr ooneráo
enhe a psique a ser expücada e o c(mtiruturn espaço-tempo objeti-
135
vo".l Pode pilêoer óbúo o faro de ,ung dizer, no§ anos 40, qrc
exisúe um "elcmento sújetivo" inerente a todo coúocircnto hu-
rnano do mrndo físico, por mis objaivo çe o ffsico ProcuÍe scr;
rne.q a poesibilidade da exMncia desse falm objetivo fez parte da
I pvolrrioúria conuibui@ de EiDstcio. O fato de o estado wbjetivo
do óservador constituir um fatm adicional em a éum
elebno na da EoÍia da Miüdade. Nada
ôu coryleto, Porçte há sempre um fator a mais a
rcÍ€sceil8: o elemnto de subjaivi«tade, a consciêrcia do obser-
vador.

Na visâo de muodo da platividade o unive.rso nuncs é estático


pois há sertpÍe a de "Eâis algum coisa". Se agora re-
cordarms nossa argurrenta@ sobre as "liúas móveis" rc I Ching,
.a
ÉcotrhêceÍ€mos a analogia do &!E !qÊl§". Há seryre o de-
senvolvimnto da consciência e, cqut prcscnsa da mu-
dança em toda situsaão do A EoÍia da relatiüdade aPlica
este conceito ) rrrcÍ{rcoslms ÍÍsico, ao P6§§o que o§ Exlo§ dol
Cfung procuram aplic6lo ao microcosmos do destino individual.
Assim, a estita analogia ent€ a teoú da relativilade - trma dflc
Ít mais profundas criações da rente ocidental ê o primípio fimda--
I
rentel !o Chins rma das mais profrndas criaçôcs da rente
-
i1 oriental - contért implicaçôes muito fecundas que êvem ser exPlc

I
Ching, há poém üDa lácnnâ
Entre anbos, a rclatividade e o
çe procisa scÍ suPeradâ. Srper&la e estabelecer a conexão entle
arnbas as coisas rcpresenta um dc objetivos Msicoc da sincÍotrici-
dade. Essa é a razáo pela çal achava ioprescindível
não údâ inteÍpÍetaçâo generalizada do mactoccrms mas
ainda do estudo do mcÍoco$Do§ psicológico. os

L c, G. Jun8, :'Sob[G t nrnrÍE r d! psiqE", w Coucacd Work' Vol' VIII'


p.23o.

tt6
:g3rpnEs opostos da vlla nuns foÍmulaçáo sipificativa é a tarefa
primordial do pincÍpio de sincúonicidade. Mesmo qw ele não o
cociga compleorcoe, o falo é que, por seu cooEtÍdo inereote, a
sincronicidade conbina os opostos do mundo extemo e do mrmdo I

intÊroo, a si§ução ffsica e o eveoto psÍquico.


O problema cenral qrr Jung buscou solucionar é a questío de
saber com offsicoeopsíq úco estáo relacionados. PaÍtindo do @
nhecirento dado pela relatividade einseiniana, ficor claro para ele
que a eUggli5$p.na sua definiçío cornrrtr, não é o oétodo sufi-
cientÊ Para se entender essa çoneúo. Pareceu-lhe, de algum modo,
que a Í€sposta ve ser enconEada não oas balizas da causalidade,
mas sim po rcio e g4g44Éo A w coatwn A naireza desE
ctintitusn nib era clara para ele. Na ÍEalidade, Juog declatou çe
tatr3o uE "continunm físico" como um "corúirwtott píqubo" §ão,
por essência, "inconcebíveis", já qne úo se @ formar um
ou imagem do qtc *ia tal continrum.

"Náo obstao3e", esqpveu ele, "a relativa ou parcial identidade


& cotiruwt psÍqúco e ffsico é da maior iryoÍtâocia em t€nm§
teóricoo, viso qrc traz consigo utra eooÍItD ao Ea08-
8 incorenunabilidade enfite o ea
nftr de um forua cpncreta, cvidcnterenE, mas sim do ponto
vista físico, por reio de equaçõas matemáticas e, do Pooto de vista
psioológico, por reio d€ posüIlados deduzidos da experiência púi-
ca - o§ - cujo onErÍdo, se é qrrc existe, não @ scr rc-
wlado à rentc".l Vemos aqú a visão úraogentc oom grr Juog
conoebia a convergência, no c(Nrno§, dos rcinos fhico e pdquico.
Ao mundo fÍsico, conferprpse 95!ge disposiçáo por reio da ma-
temática, comparárreis à estilfinação do muodo píquioo ptoduzida
[*
pelc arqútipos. Esta é a qualidade organizEdca dos atqútiPc de
gue falamos.

1. lbi/l.,p.?.3l

t37
'Os arqúripos", diz luDg, "maniftStenr.s€ aüavés da snra ca,
púútdl de organizar imgpry e idéias." Ncse rntido , para Jrmg,
e oqútipa sáo fatqÊs dc orgEizâsáo espocfrcos que opeÍam no
rÊino da pciqrc. Eles conÉm pa&6es e modos definidos de orgaoi-
zar os contcúdos da pclSne ms, conforre Jung assinala, eüa coDfi-
guraçâo é "seqxe rrm pÍ{roesso ioconscieotc qrr só pode ser detec-
tado nm fase post€ric".l
É muito inpútaftoão esquooer cste aspocto fitodarrcntal,
embtrâ inconnenbote, doo a$Étipos. O fato de a pre.sença e a ati-
yidadê dc um uqútipo gó se tomuc,m visÍveis e ú poderem ser re-
Ir
§1 cmh€cidas nwt estágio Ncrior significl qrr a ativação e a cr-
pressão de um arqútipo Dâo pode srplanejada de anemfo. Sc elas
tivcrcm dc rconEcer, só o serão por rcio das técnicas mais sutis.
Em qulqur caso, (la arqútipos náo podem scr previstoe de m-
teú, con rcla@ aos ewntos eepondoeos da üdÀ Essa é a raáo
Msica da grande dificuldade de distinguir e dessener qualquer ar-
quéüpo em particular. É um erro dú,rmn oorcnclaina espocfn""
s úqútipos, apesar de o efeio úquetQbo, isúo é, a organizagao e
esnnraSlo ht€ma da psiqr poduzida peloo arqútipos, ser algo
defnido e rcconhecível.
Eis por gE, nâ palesra que proferi em Eranos em l!X6,2 .6r-
rei qrrc, cm tlltima análise, é incureto dar rcw
as arquétips, *
cm isso estâm pretendendo dizcr qrr cada um poasui uma
exioêocia eqecmca e indivilual. Mas é cmpto usr aquele EÍm
como adjetiro, pois nesse c€so estaÍemm falando do efeito arqcl-
pico gaal poduzido peh qnalidade oryadzâciooal dc ar$Étipos.
É a cge foter. oqwttpico geral que Jrmg es6 se referindo, co-
locando-o Da trFsnna posiçâo do fator malen6tico na fftica Cada

t. lbtd.,p. z,l.
Z lÍt hoSpff, fà" Moa Wln l@otls Cotrrrbtlrltes: Tlt hncr Mytls ol Mor
,bt Rub, Pad TAàL arrd C. G. Jrag, EÍ0Dd Jrhuch, 1966, Schópfug md GcÚtd
n|oE, Ràoin-Vêrl$, 7J,fiqlÚÉ., 196,, p. 99.

138
çal rwe @ttp um fator de organizaSo denüo de *u púprio
domÍnio, e os dois jtrotos se complwntam, mstratrdo o universo
psicotrskn a portir dos dois aspectos.
Ad€Eai§, Jung obacrva que os arqútipo§ 'ópossuem uE asp€c-
úo não-ffsico", qrr é o asp€cúo Nüúülc de çrc já falams, e qrc
onstiari a forma primáÍi8 dos conErÍdos da psiqrp humana gue ain-
da não se tomaran espciEcarcne Écológico§, or qr se dcs-
prcnderam do nfitel pcioológio, apsoxinúse do cstado indif+
rpnciado da naireza- Aqui, no apo psi<:óie doc uqúfipoa al-
caoçsdo eúavés do ahissturu do níwl ren0al, oomem oo eveúos
que e Neste ponto, o psi- ?
oológfoo t€m mais prcfrDdidadÊ do $r a peiqrr. Ele se torna não
poÍquico e, por conseguinte, oão mnir dtferenciado do aspecúo fÍsico
da
Tür*r"
utD do fcma-se tm continusn oo ur a ocoÍrer Ít
ewntos sitrcÍonísticos.
Nestes Emos, é possível perceberma toda a cooce@ e a
visão de unirrcrso de Jung deotno da qual o pdrcípb de eincmnici--v,it4
dade está ahuodo. É. de fato. uma visáo pleoa de mrndo. *a
pcr- leji[
cepEão nos ajuda a en@oder relhor as razõe.r da ineistência de Jung
em eofatizar os aspectos mais amptc do pincÍpio dc sitrcÍonL:idade,
a despeito da dificuldade qu€ €ncootsrou enr descrpvàlo e a despeito
do faúo de estar consciente das mrit$ árcas eryocÍficas de experiêo-
cias pessoais e sociais nas quais aquele prircípio podcú scr apli-
cado.
Jung sentiu cotrxr eÍa impoÍtaote, apesar de sua sutileza e cor
plexidade, comnicar esta visão do universo na ual o
de simooicidadc um rpservado ao lado do
pio da Em consegüêocia da intincada exposiçáo que
acábam & turr, podems ÍEcooh€er gue €ra esta a perwpção
pessoal de Jung sobre o seu púprio Eabalho. Ele achava que o qw
estava desenvolvendo em sua tcoÍia de sincronicidade eta rm
prircÍpio eqúvalente e orooorcional à úeoÍia da retrrtividade criada lt
ttg
por scü velho migo EinsEin. Sru toqia tinha o rÉrio adicional de
I incluira dimnsão da psique numa visâo global do universo.
Esta cra a visâo particular de lung do çe esuva fazcndo ao
trabolhu com o princípio de simonicidade. O problema é çe se ele
tivessc dito isso liualmnte, tcria dado a iopressão-de estar sendo
facilnente ter sido rcusado de vaidade
prÊúeosioso demais e podêria
e desmdida adigáo intelectual. Na verdade, ele foi iniustamnte
rcusado dessas no críücos hostis ue náo
ram de suas idéias. Fe,rce.bcndo agoÍr a visáo subjetiva que lung ti-
úa da iryortáncia do que estava tentatrdo fazer no çe diz reqpeio
ao pircfuio de sincrooicidade, comprtendemos tmbém PoÍ que, ao
trabalhar @m ele, tântas vezÊs se irritava e sc sentia frustraô. Sua
visáo era tâo rica e essercialrcnte oo eDtanto, ele úo con-
segriu reduzi-la a uma fórmula qrrc pudesse comunicar, nem foi ca-
pz & üzcr açilo que precisaÍia scr dio a fim de exPressaÍ sua
visão. Dessa maneira, o objetivo lhe escryava, deixandoo irritadiço.
Seja como for, ele fiudou e levantou os úcerces até onde lhe foi
,l possfircl. E é em cima decaes alicerces criadoe por ele que as ge-
) ra@s seguintas devem coosúuir.

l4
XI
Da sincronicidade ao fator
transcausal
Chegams agoúa, em nosso esttdo, ao ponSo onde podems
coúlosár a discutir que formulqáo ou rpfinarento adicíonal de con-
ceito pode ajudar o princÍpio de sincronicidade a se Íixar e a se ex-
pandir de modo a Íealizar sua pÍonrcssa- Um primfuo indÍcio oesta
direçáo vem de uma nota de rcdaff que Jung inseriu naquela pales-
tra proferida em Eranos em l94{í, à qual estivems nos referindo.
"Sincronicidade", disse ele, "um term pelo qual devo ser rۤpon-
sabilizado, é uma expressão inadequada na mdida em que só leva
em conta os fenônpoos do Empo."t

Jung prossegr dizendo qrr achava o teÍm sincronicidade


inadequado poque, rpferindose apeoas aos fenôrenos do teryo,
ignora todos os outsos tipoo de eveotos e experiêrcias gtrc podem Er

l. Estr aÍirmstivs vÊm cm fonnr dc notr dc ÍodsÉ oa vcrsb origiorl du Coo-


feéociss de EÍaros proforidas por Jung e púlicadas sob o (trlo -Der Crefu dor Psycào-
logic". Vcr Erams lahóuch, l9tló, CÊisr und Núr, RtEin-Vcrltg, Zuriquc, 1947, p.
485. Els ternbém spúÍrcc or trsdn§& dÉús. cnsrio publicado oa éric dc cnreioc olhidoo
dc C.onfeéacias de Ennos. Ver Jcoph Crllrpbo[, oÍg., "Papcn from thc Eranoc Yc!Í-
books", Vol. I, EspÍ:ito o Nanrrcza- O cnsaio dc tung rcha-sc ú imprcm rcb o úh oori-
giod "Thc Spirit of Pqdrology", p. 371§. A nots so É dr píginr coo o ooÊoúrio s-
bÍ! s sinc'Íoniçidldc aporeo ú p. .1,!0. Ela, porúm, nlo foi iúluÍda oa rcr{o dcrrc cosaio
p|bliú an Coleaed Wortr, qw n€útrs trrz o útrlo dc "On thc NsfiÍ€ of ôe I'syEho" .
t4l
relevância Menciona, em erpocial, o faro de qrr c fenôrctrcs es-
pac'iais devem igualmeil€ ser incluídoo, corm no caso dos ellcnto§
dascritoc sob o rónlo de 'tlariüdência esprcial". De mareira ir
plício, ao insistir na inadequaçáo do brm sincrooicidade para des-
crcvcr todos os fenômnos aÍeovolúdos, J'mg estava indicando $r
outsos a§pccto§ çe n6o o te,ryo podem desenpcnhar um papel im.
portmte relrr. Com efeito, à redila que Fosseguiâ seu trabalho so
hp a siDcÍotricidade, o fator $E da ve.z mnis se sobressaÍa era a
qlalidade constelstiva dos arqÉtipos. Vimos Íppetidas vezes qrr o
faror de orgatriza@ integrativa é de iryutárcia primodial noa
qrr nâo sÊ acha, poÉm, refletido 0otal-
fenômenos sirrÍotrístioos,
trEntc Do Enno, nem em qualqucr paÍte da nonrnclatura criada por
Jnng. Eis aí un ponto pÍincipal on& urna formulaçáo mais nítida,
com utra Erminologia mais especÍEca, @e ajrdar múto a expandir
o rabalho.
Já vim que a comepçáo gerat de sincronicidade 6s lnng é
um pincípio ai gercris, inerente por si ú ao oosÍnc e coryarável
à causalidade. Na corcepção de Jung, causalidade e siocronicida-
de mntêm ente si uma rclaçáo de equilÍbrio e de corylercntarfula.
de. Vims tadém qr, cfibora a coaorrêocia de eventos no úempo
seja um aspocto pnncipal da sfupronicidade, nâo oonstitui sua caÍac-
terística definitiva E, o qrrc é Eais impoÍtaote ainda, a co{oomên-
cia é mnis uD faloÍ descritivo do qrc um faror efetivo. Fm si mesma,
ela úo dá origem a(ls errcnúos sincronísticos. A e.caêrcia da sincro
oicidade deve ser ercontrada no fato de conter um princ$io de or-
ganizaçAo que oooÍÍ€ no unirrerso, independentrenb das conex6qs
causais e dos limites de t€mpo e espaço. A sincmnicidade pode
ocorrer em todos os níveis do universo, mas irylícita na suâ defi-
Disâo de princÍpio qrr envolve coincidências signifrcativas e.stÁ a
Prcseoçâ &, rn &gâo dc sentido que é porte iDtegrailÊ de cada
eveoto sincronístico.

Um das graodes contibúgôcs de Jmg a este respeito reside


na sua observaçáo dc que tal órgão de sentido oão é necessaÍiamnte
t42
a nEúe coo§cbtrÍ€ ou o inÍel€cto, co@ scris o ca§o oa pqpepção
de causalidade dc Daüd Hure, ou tambén para o obsewada cienú-
fioo oa flcica einsEiniana A psicologb analÍtica de Iung lhc pcmit€
pcrocá€r qw o órgão de sentido pode estar anntrdo num nÍvel muito
mis pnofrmdo do qrc a çoorciêrcia ou o intelecúo. O sentido @c,
realrente, ser e:çerbnciado no nÍrçl ioconsciene da emoção pe+
soal ou, além dest€, numa wrdadeira camda aryeúgica No re,
Eoúo €E $E um fator arqucúpico ç intoôrz num siuaçáo, algu-
ma coisa 6{s dinÂmica do qw a trDote oooscieote de um observa.
dor entsa em eoa. Alfu disso, ratrse de um fats mis dinÂmrço
do qr a presença dc uma emoSo inc{Escieotc. O el€rento aÍqueú-
pico tornrse rm htor efctiro oa sihnsão po[$E t€m a fiugão de
ÍrcÍistalizú e rpcoostituir a sitrução inbir& Co@ húor efetiro, cle
cria uma siitEção oov& tonutrdo-se o cenüo da oova galidade de
organizaçao que perrcia e w&iliza a siuuçáo rpcenE, ol m
ela existe inurü§da rc tanp.
Este firnciooarcnb do fatú alquedpbo nuna sinução não
pode scr por çaisryer das defrniçõrÁ usuais dc causali-
dade. Ele oão é csusal, atrt€§, po[úm, dc efeiúo rcctiíalizadc e rçcs-
truturôdor. Reconstiuri uma situação inerligada m Eryo, sem levar
em @nta as oonexões causEis donEo dcla, o§ seus limies espaciais e
qualqrcr fatoÍ dirctivo da mE conscienE. Ele se move através da
@usalidadc, rnas §€rus efeitos vfo aléE da csusalilade. Ncgc scnti-
do, o elerento arqrrípico qtrc rccristaliza a unidade dc una si-
ütação int€ÍIigada oo Ery é vafto towaual.
Ondc qner quc aporcça, ofau tolrlcansal impÍire flta Enrca
num ewnto sincÍonístico. Vim qrr <ls el€Entos Msirrcs num si-
uaçao sincr,ooÍstics são duas ou mais e&ies dp eveotoo cooftuoo,
dc concxão causat Cada séde de eventc possui sua prúpÍiacadeia
int€Eul dc causalilade, embora as sâics úo @nhan rclaío causal
enúe si. Etras são úotalrcote distintas e descooechdas até qw um fa-
ttr adiciotral sc intnoduz oa siünção. Ese faffi adicional irylka
significado, inEresse, envolvimeoto ou umr outsa rel@ de ineo-
143
sfolade peíquica suficiente paÍa causarrxn úissrrtr,nyciâl do Dí-
vel mntal.
No deconer &w, aDaisanrln, sáo ativados fatore,s arque(pi-
cos no frrndo da porqw de tal forma que inteÍseptfii lintras de força
nâo relrcionadas causalrcnte, fazendoas convergir nurn evento
surp,reendente e significatiro que Eaoscende a causalidade dos even-
tos que o precederam. O elemnto uqrdpbo serve para cristalizar
a essência de cada série de causalidade, fazendo-a convergh nume
mva constelaçáo que traz a marca e a inÍluência do arquétipo aüva-
do. Eis oom se cria o signifuado naquilo que Jung denomina cadn-
cidência signifoativa. É a restruturaçáo de situaçôes interligadas
no terpo e fora do alcance da causalidade em Eturcs do elemnto
ÍEorgnnizedor 19 substato da psique.
É aittit de entender a maneira coup esta Í€estrutuasáo de
sentido ocone, já que basicamnte ela náo pode scr causada por um
popósito deliberado. Poderse criar circuns6ncias oas quais há
maior possibilidade de ela oooner, mas nâo se pode traçar & an-
temâo neúum ÍoteiÍo defuido, já qw a câusalidade úo participa
s
dela Quando o elemnto Ícc!trstolativo toma ahnntc, eventos e
apercepç0e.s oonveÍBem de um modo que iDtercepta tempo e espaço,
e uttmpassa a causalidade. A sincronicidade é, assim, posta em ação
por reio de um fator de organização espocífico que se mve através
e além da causalidade. É ex;'c-faor tanxausal çe faz c(m que os
eve os sincronÍsticos sejam posdveis.
O góprio Jung náo utilizou o tenm tÍanscausal, mes quanúo
mais fundo peÍleüamos em seu pensaorilo sob,re sincmnicidade,
meis çlão fica o fato de que é este o ceme de seu conceito. O frm-
cioorento do princ'rpio de sincronicidade depende de um fatu que
se mve atsvés e albn da uunlidade- Quando ocoÍÍe, este fator
rcconstela os cmpoDenEs de um determinado [DÍEnto dc rcmpo,
gcrando assim novos e significativos erentos. A nogão de um fator
Eanscausâl é, pofo, inerenE o primÍpio de simonicidade e o ele-
[Dnúo especific€mnte ativo nele. [ogo, há urn indício segrmo de
t4
gw, §€ contiflrsmx,§ a usar a formulação prcposta por Juog para a
sincr,ônicidade como ,ma hiÉEse de pesquiso corylemotar, o fa-
üor tra[scausal irá e constinrir no foco mais produtivo de nossa
ateosão.

É Ovio que a póxim etapa ressáÍia rx, trabalho oom o


princÍpio de sincronicidade consiste em estabelooer um programa
sistemático de pesquisa pelo qual possEms ideotificar e descÍ€ver
em detalhe a ocon€ocia de evenúos sincronísticos na vida do ser
htrÍnano. É dc suma irnportância reconhpcermos as irylicaçóes da
sincronbidade ooux) ,m princÍpio inErpetativo de p,moessos uni-
versais, a paÍ da causalidade e da relatividade. No dia em que e
visão de Jung puder se çoncr€tizar, estabele@odcse nma corrcrão
I
enEe ffsica atômica e a psicologia nnalÍtica, será um morento de

múta pesquisa especEca a ser feita, e os dados paÍa essa pesquisa


devem ser extraÍdos dos acontecirentos da experiêrcia [uman.s.
Além de disporms mais facilrçnte deste material, a sircronicidade
também tem una contribuigão especial a dar à nossa compreensão
das truaoces do destino htrmano, ta[to na üda pessoal @rno na
histúia" É aqui qrr a sircronicidade se üga à crrrnr5b aa rraslo
ra de Teilhard de ChEÍdin, completandoa com una rlinBnsão oss€n-
cial de conheçirento. É igualnente ncst€ ponto que a noçáo cor
pleorntar &, twxausalidade se toÍn8 o fator central, permitindo
oos transformar o princÍpio ústrato de sincronicidade em comprp-
eosáo dos enigmas da existêrcia hununa-
O reoonhecirento de gue o fator taorarsal é o elerento efe
tivo primrdial nos eventos sincronÍstiço oos fomece um critério de
coleta e projeçáo dos oossos dados empírircs. Até agora, no e.s&rdo
da sincronicidade, as descrições têrse revelado genéricas e, pG
vezes, impressiooistas. Ao desenvolver sua hipótese de sircÍonici-
dade, Jrrng inclinou-se a u§aÍ coüx, prova§ eventos qtr ocorÍeram
durante sra experiêrcia psiooterapêutica Ele rerrelou, por exemplo,
o caso de umfl pessoa qrre havia sonhado com urn pássaro estranho
145
ou @In um iNeto Íaro e que, no ttx)ttpoto em que estava uÍraDdo
essc sooho, apúÊgan um Pás§aÍo ou rrm insto dessa espécie. Aoa-
logretr, coohÊcem exerylc de outÍas siura§6ʧ útais, cm,
pc exemplo, a de uEâ pessoâ que esrá tetrtando §e toÍD,aÍ um aÍtista
e qre, por isso, reúre sras esassas economias c vai mu num
sótão, esperando poder vender um quadro antcs que o diúeiro ac+
be. Ela, porúm, úo colurgtE vender reúum quadro' e o seu di-
úeiro se esgota Mas Do tmtrento eÍn qrr está desistindo de sua aÍ-
tc, já em desêsperc, chega um telegram avi§âDdo que úl Püentc
distatrtc faleceu deixands-l[s rrms pequena herança. Estes §60
excryloa um tatrb impressionista§ de "coincidência sipificativa",
e que constituem os cas(xt mais conruns de sincronicidade, pois i+
plicm a convcrgência significativa & duas séries de eventos, cada
çal com seu prúprio quadÍo de referência causal, edora neúuma
das duas esteja rclaciooada o(m a outne. A ques6o é saber qual é a
Datupza bfatu nansansal qw participa de tai§ situações.

Muitos acontecimntos sttÍPÍoeodeDtes deste tiPo ooontm em


todos oe níveis da experiência [rmana. Eles reprcsentam exerylos
&amáticos, e Juqg oo rencionqr a frm de dar ênfase à sua argumn-
tasáo. Após adDitirm a prcsengâ do fator üanscausal' no entanto'
já estâmos em condiçôes de llentificu com mais Pr€cisão o tipo de
informaçáo rplevanE pra nossa pesquisa Assin procedendo, tems
mútâ probabililadÊ de descoürir que os errcDto§ ooo quais o princí-
pio de sircronicidade se mnnifesta são múto mais nUIIEÍosos do que
persam§, ocurendo de mneira triúal e sem que o saibame rc
longo de toda a nossa existência Eles afetam nosso desino Pe§§oal
de v&ias famas çe não rccobmm potqr nâo as e§úatrpc ven-
do à luz do princípio de siDcÍonicidadc. O mtivo de úo as terms
notado antes é qrr náo súftms o $re est6vamos procurando. Ora'
quaDdo dirigimos o foco de ateDç6o diretarcnte sobre a presença do
fatq traoscausal DG evÊÍttc sincÍonístico§, dispmoa de um precei-
to que rcs peÍnitirá formulu novas hiPóte§e§ e encontrar pistas adi-
cionais soürc a nautrezâ de elttrtos sircronísticos.
t6
Éxistcm inrÍreras qnestões especÍficas para as quais buscamos
resposas em terms da sinsonicidade e do fator transcaual. Qruis
são os tipos de fenôrenos sincúonísticos? De que foroas aparwmt
Quais são suas caracteúticas particularcs? Qrr fatores os intoür,
zom ou lhes dão sra forma cristalizada? E)dst€m carrctcúticas es-
peciais que nos permitam ÍpconlrcceÍ ewntos sincronísticos no ins.
Íantp em que estáo prestes a oooner?

Quais s6o os processos por nrio dos quais os eventos sin-


cronÍstbos rcontece.m? É coneto fal,rr w prrceso na redida em
qr o prircÍpio em qwstão é um princÍpio oãocausal? Temos ne
cessidade de terms rtoyos que substihlam cooceitos como prccsso,
à lrz da sincronicidade e do fator traoscausal? Ou será suficienE
6l61pp6 rrmâ oova e mais ptEcisa definição desses terms?

Existe a poosr:bilidadc de que as p€ssoas desenvolvam umac&


pacidade maior de faret çw que ocomün ewoüo§ sincÍonÍstico§? E
qual é a vüt8g€Ntr em fazàlo? Seú possÍvel desenvolver seosi-
"'na
bitidade maior ao funciooarcnto do princípio de sfusonicidade?
Podercms deseovolver reios de entrar em rclação mais astneita com
ele? E, caso isso eJa possível, qw vala htí na consean@ disso?

O prireirc passo paÍa responder a essas questões, nssim çorm


os passos súseqüentes que reultarão dessas questões, coosiíe em
dcscrever a vciedade d€ eveotos sinçr,onísticoo com un dtodo gn-
dual e objetivo. Prccisams rpvpr e examinar atentarenE evenúo§
rais como o lançanrento de redas do I Ching, psicofÍsi-
cas, cums e transforma@s religiooas, rcootecinÊntos extraordiú-
rios no desino da vida de pcssoas e hmbém da vida social. Fazendo
uÍn Í€üosp€cto do qw acontece em ocorências desse tipo, podqe-
mos entcoder muiSo Eais sobnp o ser humano enqua[3o indivíduo e
sóÍe o indiúduo enquanúo agenE da histúi& O ponto dc vi$a da
sincÍotricidade nos permite o acesso a esses aspecúos sutis da expe-
riêrcia humana que são abordadm de mneira 6o corylexa no /
C hing e em, *rlhan@s textos €sotéÍics primitivc.

147
Com a finalidade de aprofrrodar esta pesqúss, podemos explo
rar áreas de estudo onde o trabalhojá rcalizado impücou a reuniâo
de dados relevaotes para a sircronicidade. Duas êssas áreas fazem
paÍte da minha experiência pessoal. Um é o estudo coryaraiw dc
vidas, ral oorno vem sendo conduzido há mútos atr«xl no hstituto
Superior de Pesquisas em Psicologia Analítica A outra área se
corrpôe dos dados criados e coligidos cm paÍe do método de
crescimento pessoal através do registo de itfonações mt fortto dc
diário wrdluzido pela Dialogue House.
A pÍimeira árca & trabalho, o estudo comprativo de vidâs,
envolve a rcvisâo minuciosa do deseovolvimnto interior de vtírios
indivíduoa através de todos os ciclos de suas experiências. O exame
do fluxo de experiências nas vidas de pessoas de todos os üpos, de
todas as posições cultrrais e sociais, bem-sucedidas ou náo, serve a
mútos propósitos de coryreensâo [nmnna. Sem que houvesse urna
busca interrcional, descohrimos um núlrpro considerável de expe-
riências sincnonísticas no decorrer desses estudos. Uma hipótese par-
ticular que vale a pena ser investigada é verificar se a úda dessas
pessoas que podem er classificadas de "pessoas criaúvas" revela
alguma tendência dcternioada para a ocorÉncia de eventos sin-
cronísticos. Se esta hipóese vier a ser de algum modo confirmada, é
possÍvel que s$âs implicagões sejam da maior irportância,

A seguda área de nabalho que oferece urm abundante e natrr-


ral fonte de dados para o estudo da sinsonicidade está relacionada
oom o progÍama de crescimoto pessoal com base tm diário in en-
sivo conduzido pela Dialogue House. Este método de Ínatrt€r um
diário, desenvolüdo pela Dialogrrc House, difere muito, na sua fina-
lidade, do método de regisEo de experiêrcias que incidem tras cat€-
goÍias de sircÍonicidade, Ele úsa basicamcnte a ajúar o pÍocesso
de desenvolvimnto individual durante todo o ciclo de vlla da pes-
soa. No docurÊr destc trabalho, porém, muitas experiências náo-
plaoejadas qrrc correspondem ao critériojunguiano de sincronicida.
de ooonem de fato. Tais experiências sáo âinda mais significativas
148
visto que acoot€cen €spootrneamnte, indicando, desta forma, o
pedonínio náo observado de feoôrcoos sincronÍsticos no cunx,
norDsl de rrme vida humana. o§ ddo§ qrr estão sendo acumulados
m rcgisüros da Dialogrr House constituem um valioso e inesperado
subproôto do método especial de crescinrnto pessoal desenvolvido
por aqrcla íníitrição.
Exis& ainda ume out'a expücagão para o fato de o programa
da Dialogue House poduzir eventos sincronísticos, e cujo significa-
do é mais iryoÉatrte do que o rputÍo exeÍcÍcio de se maater um diê
rio de forma regular e disciplinada. Trata-se da natureza básica do
método especÍfco utilizado Do prograÍna de dftírio intensivo da Dia-
logue House. No método & registo de i$ornaç&s antforna dc
diário,ç procedimentos básicos estâo orienhdos no sentido de se
criar um progressivo aprofundarcnüo da situaçáo, tanto na experiên-
cia de grupo oouxr Íro uso individual do diário intensivo. O uso de
técaicas ligadas ao prwesso dc ,ruditqão neôte pÍograma de crps-
cimento pessoal também contribú, de rnaneira expressiva, para o
aprofundaorcnÍo da siüração.

O processo de aprofundar a qualidade de experiência gnrpol or


pessoal contribú sobremaneira para criar um ambiente p,ropício à
ocorrÊncia de experiêocias siocronÍsticas e para aumntar a sensibi-
Iidade individual a elas. Como já vimos, o aprofundamento da si-
nução ajda a efetinar dois daqueles falores priocipais na interpro-
tação dada por Jung aos eventos sincronísticos. Em primeiro lugar,
eb qia a ooodição & afuissqunt à. niveu nunul; a diminúsáo
do nível reotal. Segundo, ele ativa e sensibiliza o oÍvel psicóidc da
personalidade, aqrrle estrato sújacenE rc irconsierue cobtiw
úanspessoal. A descri@ b nÍvel psicóide da personnlidade formu-
lada por l,rlrg €6 l94ó pcmitiu-lhe avatr§€Í oa elaboração do con-
ceito de sircronicidade. Isso, por sua vez, nos fez ver a presença do
faw ranxanul na sincronicidade e dar um posso adiante na cottF
preensão dos eveoúos sincronÍsticos, de urna forma que possibilita
criar estímutos visando à sua produçár.
t49
Nuna redida razoável, proceairentc dasse tipo se rcbast
pÍeseoEs tro PtogÍarna de regisuo de infam@s cm form de di&
rio da Dialogue House. Não apenss as técabas especfficas, Eta§ o'
hâldo o clim fimdamntal na condu@ do tabalho propiciam a
Fodu§.áo de evcnb sincrmístforos. Eis aÍ uD falo coocreto, em
qr
pe.sÊ t€r sido o programa origimlnenE sÍiâdo c@ trme finalidade
bastante divers e estar basicarentc voltado ainda pra o trabatho &
desenvolvimnto criativo iDdiúdual. Mas, em conseqtÉncia deste
tnbalho, tcm,se fcmado, o loogo dos ams de erperiêmia dsDi&
logrr House, um repertório expressivo de dadoo sincronísticos' que
se eDcootrúr atualrente disponíveis e à espera de utilizagão futm
em pesquisas complemotaras.

Na vida de Abrúam Lincoln, &onteceu um fato qrr tem mú-


to a oos dizer sobrp a nstupza da §incÍonicidade e soüre o futuro
desse estadista É sablao qrr Lincoln em sua juvennrde se üu às
voltas com um sioaçáo conÍlitaote e múto dificil. Ele estava ciente
de çe tinha um fuPoÍtâtrtê trabolbo a realizar no muodo. Mas sabia
també qrrc esse tabalho exigiria qrr qimrassc §eu inelecto e
adquirisse um prátie profissional. Em coofliúo coÍn esse§ sentircn'
tos srbjetivos, havia o falo de qrr, no spio em qrr úvia' eÍa difícrl
conseguir as fenarcntas iilelectuais PaÍa o §cu aprcndizado profis-
sional. Por isso, Liocoln tinha mtivos para acreditar que §uas e§Pe-
Íaosás jârÍrais iriam se comrctizaÍ.
Ccrto dia, um estsaúo veio até ele com um borril cheio de bu-
ggangas. Disse qrr estava precisando dc dinheiro e que ficcia mú-
to gÍato se Lincoln o ajudasse daodelhe um dólar pelo barril. O
conteiÍdo, informou, nâo era de muito valm tratavrse de alSP§
jornais velhos e coisas do gênem. Mas o estraoho estara resEx)
muio messitado do diúêho. A hi§tóÍia Do§ coota qrre Lincoln,
com sua hahituat gererosidade, deu m hmm um dólrpelo barril,
aioda qrr úo conseguisse irnginr qnê uso podeÍia fazcr de sen
conteÍido. Algum Eryo depois, quando ia esvaziar o barril' desco-
briu Er eb cootiúa r''rn ediçáo quase coryláa &Corcntários

150
dc Blackstore. Foi pois a quisisão casual, or sincronístice, destes
liuos quc peruitiu a Lincoln vir a ser un advogado e, finalmoÍe,
iniciar sua canpira potfti«a.
Havia rnu série ceusal cootÍoua atuando oa üda de Litrcolo,
cÍiado sugestões sobrp o seu destitro e eochendoo de desespero
por viyer num mbbnE limitado e de escassos rEcunps. Ao mmo
@mpo, havia uma seqiiência causal na úda do estanho que enÊen-
tava Empos difícei§, seodo okigado a vender ürdo o que pcsuía
pü um dólar. As dr.ras séries de eventos não tiúanr neúuma @
Esão csusal ligando'as. Num determinado e significativo mrento,
@ondo, ambas se encontmrÍL O que houve foi a atuaçõo do fator
tranmual oa siocÍooicidade, gÊrando resuIados inesperados.
A compra do barril efeonda por Lincoln, cmtcndo, sem ele
§aber, 6 Cqentária de Blacksúorc, é uo exemplo da ocon€ncia
de eventos sincronísticos oa vida do ser humano. É ura prova da
sinsonicilade, mas tarnbém pode oos servir como um sÍmbolo de
que a sincronicidade acabrá por nos conc€der ura riçreza de co,
nhecimoto de forms inesperadas e oodc renos esperamoo. Mas se,
a exemplo de Lircoln, confiarms na toolida& do momenúo, Ems
algum mtivo para acreditar que a vontadc de Iung htí & se curyrir,
toÍaaodc.§€ a inadçáo urna fonE de súer para todos nós.

15l
Bibliografia

Bamelt, Lincoln. The lJniverse and Dr. Eirstcin Ed. rev' Nova York: The
New AÍnerican Library of World LireÍature, lnc., 1950.
Brain, W. Russell. Mind, Perccption and Scicnce. Oxford: Blackwcll Scienü-
fic Publications, 1951,
Bucke, Richard Maurice. Cosmic Consciousness. Nova York: University Bo-
oks, lnc., 1961.
Campbell, Joseph, org, Spint arrd Nature. Vol. l. Ensaios do Eraoos Yearbo-
oks. Nova York: Panúeon Books Inc., 19í.
The Mysteries' Vol. 2. Ensabs do Erânos Yearbooks. Nova York:
Pantheon Books lnc., 1955.
Man and Tbne . Vol. 3. Ensaios do Eranos Yearbooks. Nova York:
Pantheon Books Inc., 1957.
Spirinal Disciplincs. Vol. 4. Ensaios do Eranos Yeerbooks. Nova
-. York: Pantlreon Books Inc., 196O.
Cassher, EÍnst. Á n Essy on Man' New Haven: Yale University Prcss, 1944.
dc Chardin, Pierre Teilhard. Tlu Phcnonpnon oJ Man. Nova York Harper &
Brothers, 1959.
Divitu Milieu. Nova York: Harper & Brothers' 1960.
Ttu Appeararce o! Man. Nova York: Harper & Row, Publishers,
Inc., 1965,
-.Thê
de Lubac, Henrl.' Teiltmrd de Cln in: The Man and His Mcaning' Trad. por
René Hague, Nova York: The New Arnerican Library, Inc., 1967.
Dubos, René. Tàa Torch of Lifc, Nova YoÍk: Pocket Books, Inc.' 1963.
Eliade, Miroea. Birth and Rcbirrh. Trú. por Willard R. Trask. Nova York:
Harper & Brothers, 1958.
Paücrns in Conparative Reügion.Trud. por Rosemary Shêed. No-
va York: ShcÊd úd WaÍd' lnc., 1958.

152
Cosws atd History: The Myth od tlu Et nal Reatrrrl.. Trad. por
Willard R. Trask. Nova York: Harper & Brcthers, 1959.
Mytlu, Dranw atd Mysurics.Trd. por Philip Mairet Nova York:
Harpcr & Brothers, 1960.
hmgcs lk SWbols: Súbs in Rcügiotu Syttbolian Trad. por Philip
MaìL Nova York: Shecd & Ward, Inc., 1961.
Sltanunism: Arcluic Tecluiqus oÍ Eatasy. Trad. por WiIIaÍd R.
Trask. Nova York Bollingen Fdn., 1964.
Evans-WeoE, W. Y. The Tibcbn Book of tIE D.od.2a ed. Loadrqs: Goof-
frey Cumberlege, Oxford Univenity Press, 1949.
Ford, Arthur. Nothhg So Soangc. Nova Yqk Papcrbsck Ubrary, Irc.,
196E.

Frankfurt, Harry G.ug Lcibniz: A Coucaion of Critiul Essoys. Nova York:


Doubleday & Company, Inc., 1972"
Fuller, John G. Tlu Grcat Sotd Ir4í. Nova York The Macmillan Company,
t969,
GaÍÍ€tt, Eil€ou l. Tclcpathy: ln Scarch of a lost Facuby. Nova York Creati-
ve Age Press, Irc., 1945.
Awsrctuss, Nova York: Creotive Age Press, Inc,, 1945.
Advcnturcs in tlu Supcrnonat A Pcrsotul Manrodr. Nova York:
GarÍett Publications, Inc., 1949.
-.
HeaÍd, Gerstd. Tlu Fivc Ages of Man Nova York Ttrc Julhn Pr€ss, Inc.,
1963.

Pain, Sex and Tine. Nova York: Harpcr & Brothers, 1939.
Hegel, G. W. F. TIE Phcnownology o! Mind. Trad. por J. B. Baílie, Nova
-. York Harper & Row, Publishrs, Inc., 1967.
Hune, David. Huttd s Moral and Political Philaophy. Org. por Henry D.
Aiken. Nova York: Hafirer Publishing Compaay, t948.
Huxlcy, Aldous. Iáa Devils of Loudun L,ondÍes: Chatto & Windus, 1952.
I Ching: orBook of Clunges. Versão de Richard Wilhelm traduáda PaÍa o ln-
glês por Cary F. Baynes. PrefÁcio de C. G. Jung. 3a ed. Princeon:
Princ€ton University Press, 1950,

I Ching. Trad. de Jarnes Lrgge. 2a. ed. Nova York: Dover Pubtications, tnc.,
1963.

153
Jasr.s, Willien. Yarinrcs d Reügious Erycricncc. Nova York: Random Hol-
so, Inc., 190À
pr H. G. e Cary F.
lurtg, C. G. Contibuiots o Arulytical Psltchology.Ttú.
Baynes LondÍes: Rortlcdç & Kegan Paul Limilcd, 1928.
Syrhronictty: An Acawal Contccting Principle. rn Jung' C. G. &
Paú, W. Trr. Irrutqcn ion $ Naatrc and tlu Psyclu. Nova York:
Panúcon Books Im., 1955.
Syrhmnicity: An Acausal Comecting Princtplc. Obras complctas.
VoL E, rn Ttu Strucam and Dyrwnics ol tlu Psyclu.Nova YoÍk: Pan-
theon Boks lnc., 1960.
-. Syrchroniziut ab cin Prinzip Akatsabr Saonttnhàngc- in ltttg,
C. G. & Panli, \,1. Noaoq*üirung wú Pgchc. Zuriquc; Rascher Ver-
lag,1952.
Psycholog and Reügion: West and Easr. Obras cornPbtas de C. G.
Jung. Vol. ll. TÍd. por R. F. C. Hull. Nova York: Pantheon Books
Inc., 1959.
The Archetypcs arú tfu Colkoivc Utlr,otrsciotl-s. Obras compbtas.
Vol. 9, para l. Trad. por R. F. C. Hull. Nova York: Protheon Booke
Inc., 1959.
Aion: Reseorclts ino the Plutpntnobgt oÍ tllr Scff, Obras oom-
pletas Vol. 9, WE )- Trad. por R. F. C. Hull. Nova York: Pantheon
Books Inc., 1959.
Tb Strtcúrc ail Dynonics ol dtc Porlz. Obras cmPletâs. Vol.
8, Trad. por R. F. C. Hull. Nova York: Pântheon Books Inc., l!XO.
t oopu: Tlu Way ol bJb. Versão úlcricátra de WitteÍ Bynner. Nova York:
The John Day Compúy, 1964.
lao Tzu. Urna nova traduçáo do To Te Ching por R. B. Blakney. Nova
York: The New Anrrican Library, 1955.
Loo Tn. Trad. por D, C. Lâu. Baltimorc: Penguin Books, 1963' bvin, Me-
yer. Classic Hasidic Ia&s. Nova York: Thc Citadcl Prcs§, 196ó.
McDougalt, Willian Bod) and Mittd: A Hírbry and Ddcnv oÍ Aninisrr.
Londre.s: Methuen & Co., Ltd., l9l l.
The Group Miad. Nova Yor*: G. P. hrtnaÍn's Sons, 1920.

Owline oÍ Abnonrnl Psycrlology. Nova York: Charles Scribner's


Sons, 1926.
McNeill, John T. Á History oÍ rh. Curc oJ Souls. Nova York: Harper & Bro-
thers, 1951.
154
Meerlo, Jmst A. M. Tlu Two Faas o/rtíaa. Nova york In@rastbnd Uni-
vçrsities Press, Inc., 19í.
Mcyor, R. Y. Laibüfz aú du Scycntceth-Cenury Rcwtatiort Hamburgo:
Joachim Heitrrann e Cia, 194E. Trad. por J. p. Stern" Inglaterra- B-o-
wes and Bowes, PnHishers Limitod, 1952.
NerrÍnsnn, Erbtt" Ár, ard tlu Crcativc lJttcottscians. Trad. por Ralph Ma-
oheta. Nova York: Pantheon Books Inc., 1959.
otto, Rudolf. Iác l&a of tlu Hoty.Ttad.. por John w. Harvey. Nova york:
Oxford Universis PÍqss, 1958.
Ouspensky, P. D. Scatgc ülc of tvan Osokia.I.otdrra: Fabcr ad Faber,
Radin, Paul. Tlu Road of ütc ard Dah. Nova york panthcon Books ltr€.,
t945.
Tlu World $ Prinitivc iVan. Nova York Hcnry sçftumen, ttrc.g
1953.
Tlu Tric*ster. Comentírios de Karl Kcrcnyi & C. G. Juog Nova
-: York Philosophical Library Inc., 1956.
Reiscr, Olivcr L Co.flric Huanist Cambridge: Schcnkman publishing Co.,
1966.
Rhinc, Josoph Banks, iVaw WorA of dv /ty'izd. Nova york Williao Sloane
AssociEt€s, 1953.

Rhine, J. 8., org. Progrcss h Parapsyclology. Durhanr: The Parapsychobgy


hess, 1971.
Royce, Josiah. The Sources of Rcügbus /nslgfu. Nova Yoú: Charbs Scrib-
'
ncr's Sons, 1912.
Sinnott, Edmud W. Thc Biobgt of thc Spirit. Nova York Viking press, Inc.,
1955.

Siu, R. G. H.TluTao of Sciczcc. Cambrllge: The M.I.T. Prcss, 196a.


§orokin, Pitirim A. Altuistic lavc. Bostoü BGsc6 prcss, 1950.
Sp€aight, R;9\* The üfe { Teillard dc Ctandin Nova york Harpcr &
Row, Publishers, Irtc., l%7.
Stêphenson, Nathanicl W. Lincoln lrdienápolis: Thc Bobbs-Mcrrill Com-
pny,1922.
Stern, KaÍL Tha ThiÍd RevolutioL Nova York HaÍcourt, Brace and Co.,
1954.

155
Stem, Philip Vaa Dorcn, org, 7Iz Lile arú Writings { Abralwn Urcoh- No'
va York Raodon Horse, Inc' 1940.
Sugnre, Thooas Th.rc is a Rivcr. Nova York Dcn Publishing Co. lnc.'
l9ó1.
Thomag Bcnjanrin P. Abratanl;ncoln Nova York: Alf̀d A. Knopf' 1952.
Trowbridge, Ctarye. Swcdenbotg: ülc and Teaching. Nova York Sweden-
borg Fdn. Im-, 1962.
Veblen, Thorsrcin The lrctirct of Worloutship- Nova York: Viking Press'
lnc.,l9l4,§n.
Th. Ploce ol Scierce h Modcn Civiliut'on. Nova York: Viking
hess, IDc", 1919,1942.
Weatherhead, l.;e;i[a D. Pryctoloçy, Reügion and Haling. H. rev. Nashville:
Abingdon Pre'ss" 1951.
Weiz§icker, C. F. v.Tla Worb View o/Plryocs. Londres: Rourledge & Kegan
Paul Ltd.' 1952.
Wheeler, L. Richnrond Vinli,sm: lts History & VaMity. londres: H. F. & G'
lVitheôy Lrd., 1939.
Whitehead, Alfred North. Sciencc and the Mdcm Worll. Nova York: The
New Arnerican Library of World LircratuÍÊ, Inc.' 194E.
Wbner, Philip P., oÍg. Leibniz: Selectiors. Nova York: Charles Scribner's
Sons, 1951.
Wilhelm, Richard, tÍadutor, com comenúrios de C. G. Jun& 7âe Secret of the
Golden Flower. l-ondres: Kegan Paul, Trench, Trubner & Co.' Ltd.'
1931.
Z.*.tnet, R, C. Moner and Spirit. Nova York: Harper & Row, Publishers'
Inc., 1963,
Zimmer, Heinrich. Myrhs and Srybot§ in lndian An and Civilization- OÍE poÍ
Joseph Campbell. Nova York: Pantheon Books lnc.' 1946'

156
Leia também
ADryINHAçÃO E SINCRONICIDADE

Maric-Louisc von Franz

Maric-Ioúcc von Fraoz, dwaoto mútos anos colabora_


dora dc.C..9, Jurtg é uma coúecida autoridade na interprc_
tsção Ficotógica de contos dc fado, soúos, miüos e alquiàia.
Illg Ur._o, Su9
Ev9 origem numa série de'pateseas feiras no
I.os$toq Juqg dc Zurich, cla volta sua atençãopsrE o sigrúicado
do inaciood.

. 9pp pcnetraotç pcrepidcis, a autora examinou o fundo


psrcológlgo_$g tempo, do númcro c dos métodos de adivinhação,
cmg 9 I Chhg, s astÍologia, as caÍtas do Tarô, a quiromaocia.
os dadls e os padrões aleatórios €tc. Crntrastando as atitudes
cicntÍficas do Ocidente com a dos chineses e a dos chamados
primitivos, e! cxphcl e ilusúa as idéias de Iung sohre arqué_
tipos, pÍoicção, energia psÍqúca e sincronicidadã.
Maie do que quatquer outro autor desta árca, Marie_Louise
tem a habilidadc de trascar suas teorias psicológicas em cxem_
plos práti99e da üda ditíria, o que torna a suiobra accssível
taoto ao leigo como ao t€Eapista proÍhsional.
aaa
E.stc volumc 6 o prirneiro de uma série de estudos sobre
_ -
Psicologia fuoguiaoa fcita por analistas junguianos.

EDITORA CULTRIX
A EXPERENCIA JUNGLTIANA - Análi§ce lndividÚrção

Jones A. Hall, M.D.

Por quc ,s Pessoas PÍocuÉrn a psicotcrapir ou a análisc? Há


muitas raz&s Pú8 isso, mrs costuma harer um motivo nrbjaoent': o
scntiÍnento dc-çe nem tudo vai bcm com a pópria vitla; de quc' de
alguoa forma, fdu.lht unr sontido e um popósito mais profundos
A análise junnriana cstá voltadr Pâra essa prcoolpação' pois
envolve, além d=o úatamento clínico, o desenvolvimento religioso
pessoal e a atcnÉo Püa coo qucstões cieotÍficas relatives À nantÍÊzâ
L oatéria, da mcnti e da causlidade. Esa a razão do subütulo des
te lirro, pois ncm a an:0isc soziúa, nem r individuet'o scm os spcc'
tos reflexivos do tróalho conscientc «ta pesoa condgo mcsma
cmdtucm cxpcriência junPiana.
O amptó e§Pccbo do pcnsamento jun$iâtro nos ofereoe umÂ
das mris ptãti.o ã .r$ttas ibordagens da psiquc humana eD
todo o
campo da tcoria PsicotenÉuücÀ MÚtos dos seus prindpios podcm
*r ü.d* numa prática ãclética dc tcÍaPia, Dcsmo que o anrlista
nÍo tcúa rccbido um treinünento junguiaoo formal' Tendo esa
posdbilidadô em viía, o autor dc z{ Expdência tunguiotu Íonece
vários exemplos clínicos sobrc como tradüzir o modelo
junguirno da
piçe
' em tcrmm prdticos.
' Eo, livro i destinado, Portanto, a três üpos dc leitorcs: l)
àquctes quc conddcrao a posibiüdade de se engajarem ne análise
junguiroa; 2) àqueles que já sc cnoontÍam engajados, como analistas
ã" âai*,aãt;i 3) aos tãrapcutas com formaç6o nâojunguirna de'
jun'
scjocos de comprcender mclhor a apücaS'o clínica da abordagem
guiana clásica.

:l ,l
'*

O Dr. A. Hall Íez seu tÍeiíamento na Univcrsidade do


lantcs
Texo e no tnstituto C. G. Jung de Zurique' Atualmente' é psiqúa'
tra c analista jungriano em Dallas, Texas, onde leciona psiquiatria
clÍnica como i.itoot associado na Southwcstern Mcdical Sdtool'
Dele a Ertitora Cnltrix já pubtico t lung e a int*pretaçiÍo dos sonhos'

EDITORACULTRIX
A CRIAçÃO DA CONSCTÊNCIA
Ed,ward F. Edinger

Este é um livro oportuno c cmocionante. Usando tcxtos


reLigiosos e alquímicos, da mitologia, dos soohos c dos conceitos
da psicologia profunda, o autor propõe uma colaboração criativa
entie a buica científica do coúecimeoto e a procura relígiosa de
uÍr sigDificado.
O primeiro capítulo úaça o p€rfil de um "novo mito", que
surgc dã üda e do trabalho do psiqÚatra suÍço C..G. fung
oão uma nova religião para competir co8 89 iá cxisteote§' Eas
-
um ponto de vista a partir do qual se compreenda e se verifique
o signúicado essencial da religião.
O seguodo capítulo põe em discussiío o propósito da üda
humana e o que qúer dizer ser consciente: 'tonhecer junto com
outro". En térmú religiosos, esse "outro" é Deus; psicologica-
oente, clc é o SelÍ, arquétipo da pleuitude e c€otro regulador da
psique.
O terceiro capítulo examioaas implicações da obra-prima de
htag Resposta a ló na qual ele demonstra que Deus precisa
- -
do homem para se tornar coosciente do Seu lado oculto.
O capítulo final explora a creoça junguiana de que "a qua' (
üdade moial de Deus depende dos indivíduos", o que se Úaduz
psicologicamente na necessidade de o homem se tornar mais cons- I
êieote ãe sua própria obscuridade, do seu lado destrutivo, assim
como do 6eu potencial criativo.
Á criqão da consciência é um liwo de grande atualidade.
Escrito à sombra das forças negativas que ora envolvem o globo'
sua preocupação básica com a qualidade e com o significado da
vida- bumaoa reÍIete seu interese pela cootinuação da üda na
Terra.
aaa
Este é mais um volume da Coleção "Estudos de psicologia
junguiana por aoalistas iungrrianos", que já publicou os seguintes
títuios: Ádivinhagão e sitwonicidode, O sienüicado psicológico
dos motivos de redenção nos coníos de Íados, Alquimia e lung e
a interpraqão dos sonhos.

EDITORA CULTRTX
PSICOLOGTA - Uma Introdução aos JUNG, SINCRONICIDADE E DESTINO HUMANO
hincípios Fundamentais do
Comportamento
C. ltt. Telford & J. M. Sawrey
ha hoeoff

COLEÇÃO ESTUDOS DE PSICOLOGIA Nenhum outro liyro aüesenta os enceitos de rindonicidade e o


JUNGU IANA PO R ANA LISTAS picóide, e $as tú rs nunífcstoS* em Íenômcnos ldo diÍetentcs @no
os enho4 o I Ching c as terias de Teilhod de Chaxlin, am tanto clarcza
TUNGUIANOS
e @m tiío @nyincente sens dc incvitdbilidadc.
C. G. Jung Foundation
ADTVINHAçÃO E SINCROMCIDADE
l,Ísie-Louise Von Fraru
A teoria da sincronicidade, desenvolüda nestes r timos anos, é re-
ALQI.JIMIA coúecidamente uma das áreas de estudo mais originais e de longo alcan-
Ithrie- Louise Von Franz
ce da psicologia junguiana. Segundo Jung, as experiências sincrônicas
O ARQUÉTIPO CRISTÂO exemplificam uma dimensâo da experiência humana que fica além do
Edtwrd F. Edinga âmbito expiicado pelo raciocínio convencional de causa e efeito.
Em Jung, sinoonicidade e dattno huttuno,Ira Progoff, intéÍprete
A CRrAÇÃO DA CONSCIÊNCIA
vanguardista da obra de Jung, oferece um debate fascinante e lúcido so-
Eútryd F. Edinger
bre a sinuonicidade e suas implicações nâ compreensão da humanidade.
O ENCONTRO ANAIITICO Defurida de modo bem simples, a sincronicidade acontece quando a con-
lítrto Jacoby dição interior psÍqúca da pessoa e um evento externo ocorÍem simulta-
neamente de um modo significativo. Conquanto experiências desse tipo
A DQERIÊNCIA JUNGT'IANA
James A. Hall sejam constantemente desmistificadas como coincidência ou sorte, a teo-
ria junguiana sugeÍe que "coincidências significativas" demonstram uma
JL'NG E A ÍNTERPRETAÇÃO DOS SONHOS dimensão antes inaceitável da expeíência humana.
tama A. Hall Embora acontecimentos sincronísticos não possam ser causados ou
eütados conscientemente, podemos nos tornar mais sensÍveis à sua ocor-
NARCISISMO E TRANSFORMAçÃC DO
CARÁTER rência. A interpretação concisa e coeÍente de lra hogoff da obra de Jung
Natlwn S. &lant sobre o tema destina-se a capaciteÍ-nos a recoúecer e a usar a sincroni-
cidade na nossa úda e no nosso trabalho.
O SIGMFICADO PSICOLÓGICO DOS Concebido originalmente e discutido com o próprio Jung, o livro
MOTwOS DE REDENçÃO NOS CONTOS Jung, sincronicidade e destino humano reproduz alguns dos sêus comen-
DE FADAS
Marie-Louise Von Franz tários manuscritos.

' Co+diFo com a EDUSP


+**
Ira Progoff é o criador de um método amplamente dinrlgado de de-
senvolümento pessoal, o lrÍensive Journal Method, e é diretor da Dialogte
Peça catáloto 8Íatuito à
ffoüse, institúção onde esse método é praticado.
EDITORA CULTRIX
Rua Dr. Mário Vicente, 374 - Fone:63-3141
04270 - Sâo Paulo, SP EDITORA CULTRIX

Você também pode gostar