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CONQUISTA DE CAIENA
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04/01/2021 Conquista de Caiena - Exército Brasileiro - Braço Forte e Mão Amiga
à frente de 160 soldados e 150 índios pelo Governador Antônio de Albuquerque, retomou dos franceses o Forte de Cumau,
restabelecendo o domínio português. A iniciativa era oportuna, visto que a Liga de Augsburgo-Grã-Bretanha. Espanha,
Holanda e Alemanha – decidiu conter o expansionismo do Rei Luís XIV.
Tratado Provisional
Uma das conseqüências das decisões tomadas pela Liga de Augsburgo foi a assinatura do Tratado Provisional entre
Portugal e França. Pelo acordo, provisório e suspensivo, a França concordava em neutralizar a Capitania do Cabo do Norte,
tendo os portugueses de abandonar e demolir os fortes construídos ao norte do rio Amazonas. O soberano português na
época, D. Pedro II, assinou-o sob pressão e ameaça de Luís XIV, com sérios prejuízos a integridade territorial do Brasil. No
entanto, curta seria a sua duração.
Tratado de Utrecht
A 11 de abril de 1713, assinou-se o Tratado de Utrecht entre Portugal e França; o artigo IX
anulava o Tratado Provisional de 1700. Pelo artigo VIII a França renunciava a todas as suas
pretensões sobre as terras chamadas do Cabo do Norte, situadas entre o rio das Amazonas e o
Oiapoque. Estava reconhecida pela França a posse plena da região pelos luso-brasileiros.
Passados 14 anos, em fevereiro de 1727, o Governador-Geral do Estado do Maranhão remetia
instruções ao Governador da Guiana Francesa, Claude D'Orvilliers, exigindo a fiel observância
do Tratado de Utrecht, o qual era com freqüência violado pelos franceses que traficavam com
os índios, em terras sob controle português. Seguiu-se um período de calma até o advento da
Revolução Francesa, em 1789.
Tratado de Amiens
Após uma série de guerras européias, inclusive na Península Ibérica, onde Portugal se aliara à Espanha para uma
intervenção na França, que fracassou, houve alteração no governo espanhol, que se tornou favorável à França. A Grã-
Bretanha resolveu assinar um tratado de paz com a França e seus aliados (Espanha e República Batava). Portugal ficara de
fora das negociações. O tratado, firmado em Amiens a 27 de março de 1802, fixava a fronteira entre o Brasil e a Guiana no
rio Araguari, contrariando naturalmente os interesses portugueses na América do Sul.
D. João atravessa o Atlântico
Com a invasão da Península Ibérica pelos franceses e a entrada do Marechal Andoche Junot
em Portugal, decidiu o governo lusitano emigrar para o Brasil, de onde continuaria a exercer
sua soberania sobre o Império português. Em 22 de janeiro de 1808 aportou na Bahia a maior
parte da esquadra, trazendo a família real, a corte e o governo. Começaria uma nova fase
para o Brasil-Colônia que, sete anos depois, se transformaria em Reino Unido ao de Portugal
e Algarve. Uma das principais medidas de D. João foi ordenar a conquista de Caiena, não só
como represália à França mas também para restabelecer a fronteira no corte do rio Oiapoque.
Decidiu-se atribuir a organização da expedição ao Tenente-General José Narciso de
Magalhães Menezes, Governador e Capitão-General da Capitania do Grão-Pará e Rio Negro.
Ela foi constituída, basicamente, por brasileiros, tendo, porém, em suas fileiras, oficiais ingleses e portugueses, bem como
algumas praças daquelas nacionalidades. Sua finalidade ficou bem clara na proclamação do Capitão-General, datada de 10
de outubro de 1808: ".., se pretende estabelecer outra vez os limites no rio Oiapoque ou rio de Vicente Pinzón, barreira
original da América portuguesa ao norte do Equador, marcada com o cunho dos antigos padrões, firmada com a posse útil
daqueles territórios já nos primeiros tempos cultivados por vassalos portugueses e depois solenemente ratificados com a
cessão e garante do Tratado de Utrecht".
Os combates
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A Força Terrestre era comandada pelo Tenente-Coronel Manuel Marques e compunha-se de duas companhias de
granadeiros e duas companhias de caçadores dos 1º e 3º Regimentos de linha e uma bateria de artilharia. Saiu do Pará a 3
de dezembro de 1808, tendo as tropas desembarcado e ocupado posição à margem do Oiapoque, na sua desembocadura. A
força naval era integrada pela corveta inglesa Confidence (com 20 bocas de fogo, comandada pelo Capitão-de-Mar-e-
Guerra James Lucas Yeo), pelo brigue Voador (com 18 canhões, ao comando do Capitão-Tenente José Antônio Salgado),
pelo brigue Infante D. Pedro (com 18 canhões, comandado pelo Capitão-Tenente Luís da Cunha Moreira, depois Almirante
e Visconde de Cabo Frio), pela escuna General Magalhães (com 12 canhões), pelos cúteres Vingança e Leão (oito canhões
cada um), por três barcas-canhoneiras e três barcos-transporte. Integravam a expedição elementos do Rio de Janeiro, São
Paulo, Minas Gerais e um contingente de soldados do Pará.
Não encontrando resistência no desembarque, as tropas marcharam ao encontro do inimigo. A 15 de dezembro o
Comandante Yeo, com alguns de seus navios, dirigiu-se para o rio Approak e intimou o reduto francês desta posição a se
render. Após um rápido combate, Lucas Yeo e Cunha Moreira conquistaram o objetivo. No prosseguimento das operações,
a 7 de janeiro de 1809, o comandante Lucas e o Major Joaquim Manuel Pinto desembarcaram às três horas da madrugada,
na desembocadura do rio Mahury, na costa oriental da ilha de Caiena.
Após o desembarque em Mahury, Lucas Yeo à frente de 80 ingleses e 80 brasileiros, depois de renhida luta apoderou-se da
bateria Diamond, com três peças, cujo comandante, Capitão Chevreuil, morreu na refrega. O Major Joaquim Manuel Pinto,
com 140 brasileiros, empenhou-se em violenta luta e conseguiu conquistar a bateria Dégras-des-Cannes. A seguir o
comandante da expedição, Tenente-Coronel Manuel Marques desembarcou à frente de 350 brasileiros e começou o ataque
à bateria Trió. O reencontro foi apoiado pelo cúter Vingança, a chalupa Leão, a escuna Invencível Menezes e as barcas nºs
1 e 2. Finalmente, às 18 horas a infantaria fincou pé na praça, na entrada da Crique-Fouille e tomou outra bateria no canal
de Torcy. Às 19 horas o Tenente-Coronel Marques repeliu um contra-ataque francês comandado por Victor Hughes,
Governador da Guiana. No dia seguinte, 8 de janeiro de 1809, o combate prosseguiu. Os franceses, à noite, ocuparam
posição junto ao canal Torcy. Coube ao Comandante Yeo, com 80 marinheiros ingleses e 100 soldados brasileiros,
desalojá-los da posição e apoderar-se de duas peças de campanha.
A expedição prosseguiu para Legrand Beau-Regard a 9 de janeiro de 1809. No dia
seguinte foi mandado um emissário ao Governador da Guiana. Hughes entregou um
pedido de trégua por 24 horas e solicitou a indicação de um lugar para as
conversações.
Finalmente, a 12 de janeiro assinou-se a capitulação de Bourda (na ilha de Caiena).
Ficou acertada a entrega da Guiana ao governo do Príncipe Regente, D. João, depois D. João VI, sendo concedidas à
guarnição as honras de guerra e o transporte até à França.
As tropas anglo-brasileiras entraram em Caiena em 14 de janeiro de 1809. O Tenente-Coronel Manuel Marques, em
relatório ao Governador do Pará, expõe: "O Art. 1º (da Capitulação) foi exatamente cumprido no dia 14 em que entrei com
minha tropa nesta cidade e fiz arvorar a nossa bandeira, solenizando este ato com uma salva de 21 tiros. A tropa francesa
embarcou logo para bordo de nossas pequenas embarcações (ao todo 593 homens) e para se dar o devido cumprimento aos
Art. 2º e 3º faz-se preciso que V. Exa. envie aqui as embarcações competentes. Os negros, a quem se devia a liberdade,
também se embarcaram. Achou-se na praça muita artilharia, porém quase toda desmontada, e muito pouca munição de
guerra. Fico inventariando todos os diferentes artigos que nos vieram às mão. Sendo necessário velar na segurança interior,
polícia e tranqüilidade da Colônia, e não tendo quem se encarregasse destas importantes comissões, organizei uma junta
provisória composta de oito dos principais habitantes, cuja constituição, deveres e condições verá V. Exa. na Ordenança nº
7, pela qual a instituí e criei..."
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Esta campanha deflagrada pelo Príncipe D. João encerrava duplo objetivo. O primeiro era impor a soberania e restabelecer
o limite norte do país no corte do rio Oiapoque; o segundo era hostilizar a França, que invadira o território metropolitano
forçando o deslocamento da família real, da corte e do governo para o Brasil.
O primeiro acerto entre as potências diretamente interessadas, após a conquista de Caiena, fez-se por ocasião da assinatura
do Ato Final do Congresso de Viena, em 9 de junho de 1815. José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco,
escreve em suas Efemérides Brasileiras: "O artigo 107 tratava nos seguintes termos da restituição da Guiana Francesa,
conquistada em 1809 pelo Brasil: Sua Alteza Real, o Príncipe Regente do Reino de Portugal e do Brasil, para manifestar de
maneira incontestável a sua consideração particular para com Sua Majestade Cristianíssima, obriga-se a restituir a Guiana
Francesa até o rio Oiapoque, cuja embocadura está entre o quarto e o quinto grau de latitude setentrional, limite que
Portugal considerou sempre como o que fora fixado pelo Tratado de Utrecht. A época da entrega da Colônia será
determinada assim que as circunstâncias o permitam, por uma convenção particular entre as duas Cortes; e proceder-se-á,
amigavelmente, com a maior brevidade, à fixação definitiva dos limites das Guianas Portuguesa e Francesa, conforme o
sentido exato do artigo 8º do Tratado de Utrecht"'.
Passados três anos chegou a Caiena, em 8 de novembro de 1818, a esquadra francesa do Contra-Almirante Jacobo
Bergeret, conduzindo o General Conde Carra de Saint-Cyr, nomeado Governador e incumbido de receber de nossas
autoridades a Guiana, nos termos do artigo 107 do Ato assinado. Governava a Guiana João Severiano Maciel da Costa,
depois Marquês de Queluz.
Este episódio poderia encerrar-se com essa devolução aos franceses. Infelizmente isto não ocorreu. Após a independência
do Brasil, mais uma vez voltaram os franceses com reivindicações inaceitáveis. Utilizavam agora argumentos ardilosos
sobre a verdadeira localização do curso d'água limítrofe, estabelecendo confusão entre o Oiapoque e o Araguari. A disputa,
militar e diplomática, haveria de arrastar-se até depois da proclamação da República.
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