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Grécia antiga

Pré-História 45000 a 2800 a.C.


Proto-história grega 2800 a 1200 a.C.
Período medievo-helênico 1200 a 900 a.C.
Período Arcaico 900 a 510 a.C.
Período Clássico 510 a 338 a.C.
Período Macedônico 338 a 323 a.C.
Período Helenístico 323 a 146 a.C.
Aristóteles
384-322 a.C.

Aristóteles ensinando Alexandre, o Grande


Gravura de Charles Laplante, 1866
Com dezessete anos de idade,
Aristóteles chegou a Atenas para
estudar na Academia do grande
filósofo Platão, que, na época com
sessenta anos, já tinha delineado
sua teoria das Formas.

Detalhe de Academia de Atenas


Rafael Sanzio, 1510-11
Afresco, 10,55m de largura
Aristóteles escreveu uma série de trabalhos definitivos,
com grande preocupação literária e em forma de diálogos,
à maneira de Platão. Mas só se tem notícia disso pelas
citações feitas por autores posteriores, como Cícero,
Plutarco, Diógenes Laércio, Jâmblico e outros.
Isso porque o que resta da vasta obra aristotélica
limita-se praticamente a notas que o filósofo
preparava para seus ensinamentos no Liceu.
Como tais, tinham caráter resumido, apenas indicativo
e muitas vezes só compreensíveis para o próprio autor.

As obras que sobreviveram ao tempo – precisamente


as notas às quais se acrescentam outras, anotadas
por seus discípulos – foram primeiramente organizadas
por Andronico de Rodes, no século I a.C., e formam um
conjunto conhecido pelo nome latino Corpus Aristotelicum.
Dele fazem parte tratados lógicos, sobre a física e a
concepção do universo, psicológicos e biológicos,
metafísicos, ético-políticos, sobre linguagem e estética.

Os primeiros textos, de que se


conhecem alguns fragmentos,
são de forte influência platônica
até no título (como O Banquete, O Sofista, O Político),
e tratam de temas como a imortalidade da alma (em Eudemo)
e a exortação da ―verdadeira filosofia‖ (em Protréptico).

A ruptura com o pensamento do mestre ocorre após


a saída da Academia: a obra Sobre a Filosofia, Aristóteles
desse período, contém a crítica da teoria das ideias. 384-322 a.C.
A partir daí Aristóteles desenvolveria seu próprio caminho.
Aristóteles tinha dezessete anos quando chegou a Atenas
para estudar na Academia do grande filósofo Platão,
que, na época, com sessenta anos, já tinha delineado
sua teoria das Formas. De acordo com ela, todos os
fenômenos da Terra (da justiça à cor verde, por exemplo)
são sombras de correlatos ideais, ou Formas, que conferem
identidades particulares a seus modelos mundanos.
Estudioso, Aristóteles sem dúvida aprendeu muito com o
mestre, mas tinha um temperamento muito diferente.

Onde Platão era brilhante e intuitivo, Aristóteles era


erudito e metódico.

Contudo, havia um óbvio respeito mútuo e Aristóteles


permaneceu na Academia, como aluno e professor,
até a morte de Platão, vinte anos depois.

Como surpreendentemente não foi


escolhido como sucessor do mestre, deixou
Atenas e fez uma viagem para
a Jônia que se provaria fértil.

A ruptura com o ensino deu a Aristóteles


a oportunidade de satisfazer sua paixão
pelo estudo da vida selvagem, o que Aristóteles
384-322 a.C.
intensificou a impressão de que a teoria das
Formas de Platão estava errada.
O que Aristóteles propôs mudou
completamente a teoria de Platão.
Sem desconfiar dos nossos sentidos, Aristóteles contava
com eles na busca de evidência para apoiar suas teorias.

Ao estudar o mundo natural, ele aprendeu que, ao


observar as características de cada exemplo de planta
ou animal específico, podia construir um retrato completo
sobre o que o distinguia de outras plantas e animais.
Tais estudos confirmaram o que Aristóteles já acreditava:
não nascemos com a capacidade inata para
reconhecer Formas, como defendia Platão.
Cada vez que uma criança encontra um cão, por exemplo,
ela nota o que existe em comum entre esse animal e outros
cães, de modo que pode consequentemente reconhecer as
coisas que tornam algo um cão.

A criança então forma uma ideia do ―aspecto canino‖


(ou ―forma‖, como dizia Aristóteles) que define um cão.
A partir de nossa experiência do mundo, aprendemos
quais as características compartilhadas que tornam
as coisas aquilo que elas são. Ou seja, para Aristóteles

a única maneira de
experimentar o mundo é Aristóteles
384-322 a.C.
por meio dos sentidos.
Para Aristóteles, a partir de
nossa experiência do mundo
aprendemos quais as
características compartilhadas
que tornam as coisas
aquilo que elas são.
Depuramos a matéria e chegamos às formas,
descobrimos as qualidades universais.
Para Aristóteles, os sentidos que
captam as coisas individuais
constituem assim o ponto de partida.
A percepção dessas coisas produz, no intelecto,
imagens a elas correspondentes (de diversos cavalos,
por exemplo).
A atividade do intelecto consiste em separar dessas
imagens os aspectos acidentais, como o tamanho e
a cor, para ficar com o que lhes é comum e essencial.

O resultado dessa operação, que é a


abstração, é o conceito de cavalo.
A abstração pode avançar mais e, comparando,
por exemplo, cavalos, homens e pássaros, chegar
ao conceito genérico de animal.
Para Aristóteles, o conhecimento é esse processo
de abstração pelo qual o intelecto produz conceitos
universais que, ao contrário das ideias de Platão,
não existem separadamente das coisas e do intelecto.
Para Aristóteles, o conhecimento racional provém
inicialmente dos sentidos.

Da sensação, o intelecto abstrai


a individualidade das coisas,
depurando-lhe a matéria.
O resultado são as formas.
Como Platão, Aristóteles preocupou-se em
encontrar algum fundamento imutável e eterno
num mundo caracterizado pela mudança.

Mas concluiu que não há necessidade


de procurar por esse lastro num mundo
de formas perceptíveis apenas à alma.

A evidência estaria aqui,


no mundo à nossa volta,
perceptível pelos sentidos.
Aristóteles acreditava que as coisas no mundo
material não são cópias imperfeitas de alguma
forma ideal de si mesmas, mas que
a forma essencial de uma
coisa é, na verdade, inerente
a cada exemplo dessa coisa.
Por exemplo, ―o aspecto canino‖ não é apenas uma
característica compartilhada pelos cães – é algo
inerente a todo e qualquer cão. Ao estudar coisas
particulares, portanto, conseguimos alcançar um
insight sobre sua natureza universal e imutável.

O que é verdadeiro em relação aos exemplos no mundo


natural, raciocinou Aristóteles, também é verdadeiro
acerca dos conceitos relacionados aos seres humanos.
Noções como ―virtude‖, ―justiça‖, ―beleza‖ e ―bom‖
podem ser examinadas da mesma forma.

Como Aristóteles observou, quando No entanto, quando encontramos exemplos de justiça


nascemos nossas mentes são como ao longo de nossas vidas, aprendemos a reconhecer
―folhas em branco‖, e quaisquer ideias as qualidades que tais exemplos têm em comum e,
aos poucos, construímos e refinamos a compreensão
que alcançamos só podem ser recebidas do que é justiça.
por meio dos nossos sentidos.
Em outras palavras, a única maneira com a qual
podemos vir a conhecer a ideia eterna e imutável de
Ao nascer, não temos ideias inatas, justiça é observando como ela se manifesta no mundo
então não podemos ter noção de à nossa volta.
certo ou errado.
Outro fato que se tornou óbvio para Aristóteles enquanto E conhecer a finalidade de algo implica,
ele classificava o mundo natural é que a ―forma‖ de uma
criatura não se limita a características físicas (tais como também, saber o que é uma versão
pele, pelo, pena ou escamas), mas inclui uma questão ―boa‖ ou ―má‖ de algo:
acerca do que essa criatura faz e como ela se comporta o olho bom, por exemplo, enxerga bem. No nosso caso,
– o que, para Aristóteles, tem implicações éticas. uma vida ―de bem‖ é, portanto, uma vida na qual
cumprimos nosso objetivo ou usamos ao máximo
Para entender a ligação com a ética, precisamos todas as características que nos tornam humanos.
primeiro ter em conta que, para Aristóteles, tudo no
mundo era explicado por quatro causas inteiramente Uma pessoa pode ser considerada ―virtuosa‖ ou ―de
responsáveis pela existência de algo: bem‖ se usa as características com as quais nasceu,
(1) a causa material, ou de que algo é feito; e só pode ser feliz ao usar toda a sua capacidade
(2) a causa formal, ou a disposição ou forma de algo, na busca da virtude – a forma mais elevada do que,
(3) a causa eficaz, ou como algo é levado a existir, e para Aristóteles, é a sabedoria.
(4) a causa final, ou a função ou o objetivo de algo.

E é esse último tipo de causa, a O que nos leva de volta à


―causa final‖, que se relaciona à ética, questão sobre como
um tópico que, para Aristóteles, não está podemos reconhecer aquilo
separado da ciência, mas é essencial-
mente uma extensão lógica da biologia. que chamamos virtude
Aristóteles forneceu o exemplo de um olho: a causa final
– e, segundo Aristóteles,
do olho (sua função) é ver. Essa função é a finalidade, a resposta é, novamente,
ou telos do olho (telos é a palavra grega da qual deriva
―teleologia‖, ou o estudo da finalidade na natureza). por meio da observação.
Uma explicação teleológica sobre algo é, Compreendemos a natureza da ―vida virtuosa‖ ao vê-la
nas pessoas à nossa volta.
portanto, uma explanação sobre a
finalidade de algo.
Tão convencido estava Aristóteles
de que a verdade do mundo deve
ser encontrada na Terra – e não
numa dimensão mais elevada –, que
ele começou a colecionar espécimes
de fauna e flora e classificou de
acordo com suas características.

A partir dessa classificação biológica,


montou um sistema hierárquico
– o primeiro do gênero, e tão bem
construído que forma até hoje base
da taxonomia.

A classificação dos seres vivos de Aristóteles


é a primeira investigação detalhada sobre o
mundo natural.
Ela origina-se na observação geral das características
compartilhadas por todos os animais e, então, subdivide-se
em categorias mais específicas.
Primeiro, ele dividiu o mundo natural
em coisas vivas e não vivas.
Então, voltou sua atenção para classificar o mundo vivo.

Sua divisão classificatória seguinte foi entre plantas e


animais, o que envolveu o mesmo tipo de pensamento
que sustenta sua teoria de qualidades universais;
conseguimos ser capazes de distinguir entre uma
planta e um animal quase sem pensar,
mas como sabemos o modo de fazer essa distinção?

A resposta, para Aristóteles, está nas características


compartilhadas. Todas as plantas compartilham a forma
―planta‖ e todos os animais compartilham a forma ―animal‖.
Uma vez que entendemos a natureza dessas formas,
conseguimos reconhece-las em todo e qualquer espécime.

Esse fato se torna mais visível quanto mais Aristóteles


subdivide o mundo natural.
A fim de classificar uma espécie, como um peixe,
por exemplo, temos de reconhecer o que é que o torna
um peixe – o que, mais uma vez, pode ser
conhecido pela experiência e não
requer conhecimento inato.

Conforme Aristóteles desenvolveu uma


completa classificação dos seres vivos,
dos organismos mais simples até os seres
humanos, essa tese foi confirmada.
Talvez pelo fato de seu pai ter sido
médico, os interesses científicos de
Aristóteles se voltaram para o que
hoje chamamos de ciências
biológicas, enquanto a formação de
Platão tinha sido firmemente
baseada na matemática.
Essa diferença de formação ajuda a explicar
as distintas abordagens.

Aristóteles é considerado por muitos


o primeiro cientista da história.

Aristóteles
Francesco Hayez, 1811
A matemática, especialmente a
geometria, lida com conceitos abstratos
distantes do mundo cotidiano, ao passo
que a biologia trabalha com o mundo à
nossa volta e baseia-se quase
unicamente na observação.
Platão buscou a confirmação de um reino das
formas a partir de noções como o círculo perfeito
(que não pode existir na natureza).

Aristóteles considerava que certas constantes podem


ser descobertas investigando-se o mundo natural.
A maneira pela qual Platão e Aristóteles chegaram a
suas teorias nos diz muito sobre seus temperamentos.

A teoria das formas de Platão


é grandiosa e relaciona-se
ao outro mundo,
o que é refletido no modo como ele discute sua
questão, usando criativos diálogos ficcionais
entre Sócrates e seus contemporâneos. Em contraste,

a teoria de Aristóteles é
mais prática, apresentada
em linguagem prosaica,
acadêmica.
Aristóteles
384-322 a.C.
Aristóteles vs. Platão
É tentador imaginar que os argumentos de Aristóteles
já tivessem exercido alguma influência sobre Platão,
que em seus diálogos finais reconheceu falhas nas
teorias mais antigas, mas é impossível ter certeza.

Sabe-se, no entanto, que Platão conhecia o


argumento do ―terceiro homem‖ usado por
Aristóteles para refutar a teoria das Formas.
Tal argumento diz: se no reino das formas existe
uma perfeita forma do homem a partir da qual
os homens da Terra são moldados, essa forma,
para ter qualquer essência concebível, teria de ser
baseada em uma ―forma da forma do homem‖
– que também teria de ser baseada numa forma mais
elevada, na qual as ―formas das formas são baseadas‖,
e assim por diante, ad infinitum.

O argumento posterior de Aristóteles contra


a teoria das Formas foi mais simples
e diretamente relacionado com estudos sobre o
mundo natural. Ele percebeu que era simplesmente
desnecessário assumir que há um mundo hipotético
das formas, quando a realidade das coisas já pode
ser vista aqui na Terra, inerente das coisas cotidianas.

Aristóteles
Paolo Veronese, 1560 .
Aristóteles Platão
Paolo Veronese, 1560 Paolo Veronese, 1560

Salão da Biblioteca Nacional


de São Marcos
Salão da Biblioteca Nacional
de São Marcos
Empirismo vs.
racionalismo

Detalhe de Academia de Atenas


Rafael Sanzio, 1510-11
Afresco, 10,55m de largura
Empirismo vs.
racionalismo

Racionalismo Empeiria
Modo de pensar que atribui valor somente à Experiência.
razão, ao pensamento lógico.

Qualquer doutrina que privilegia a razão como


meio de conhecimento e explicação da realidade.
Empirismo
Doutrina segundo a qual todo conhecimento
Conjunto de teorias filosóficas (eleatismo, provém unicamente da experiência, limitando-se
platonismo, cartesianismo etc.) fundamentadas ao que pode ser captado do mundo externo,
na suposição de que a investigação da verdade, pelos sentidos, ou do mundo subjetivo,
conduzida pelo pensamento puro, ultrapassa em pela introspecção, sendo geralmente descartadas
grande medida os dados imediatos oferecidos as verdades reveladas e transcendentes do
pelos sentidos e pela experiência. misticismo, ou apriorísticas e inatas do racionalismo.

Dicionário Houaiss Dicionário Houaiss

Detalhe de Academia de Atenas


Rafael Sanzio, 1510-11
Afresco, 10,55m de largura
Assim, Aristóteles afastou-se de
Platão não ao negar que as
qualidades universais existam,
mas ao questionar sua natureza e os meios
pelos quais chegamos a conhecê-las
(esta última é a questão fundamental da
epistemologia, ou teoria do conhecimento).
Assim, Aristóteles afastou-se de Platão
não ao negar que as qualidades
universais existam, mas ao questionar
sua natureza e os meios pelos quais
chegamos a conhecê-las (esta última é a
questão fundamental da ―epistemologia‖,
ou teoria do conhecimento).
Essa mesma diferença de opinião
sobre como chegamos a verdades
universais, mais tarde, dividiu
os filósofos em dois campos:
os racionalistas
(como René Descartes, Immanuel Kant e Gottfried
Leibniz), que acreditam num conhecimento a priori ou
inato, e
os empiristas
(incluindo John Locke, George Berkeley e David Hume),
que afirmam que todo conhecimento vem da experiência.
Em 335 a.C. Aristóteles funda
o seu Liceu, em Atenas
Ao contrário da Academia de
Platão, que se ocupava
sobretudo da matemática,
o Liceu era antes um centro de
estudo de ciências naturais.
Ali, Aristóteles mantinha dois tipos de cursos:
o chamado ―exotérico‖, destinado a um público
amplo, e o ―esotérico‖, ministrado a um círculo
mais restrito de discípulos.
Aristóteles não é radicalmente
antiplatônico.
Se diverge de Platão, seu pensamento supõe,
por isso mesmo, o do mestre.

Mais do que isso,


com essa divergência
Aristóteles procura “salvar”
o platonismo, depurando-lhe
os aspectos incongruentes
e fazendo-o descer ao mundo
sensível – o que Platão, apesar
das intenções proclamadas,
raramente conseguia,
por considerá-lo mera aparência.
Para Aristóteles, os sentidos que
captam as coisas individuais
constituem assim o ponto de partida.
A percepção dessas coisas produz, no intelecto,
imagens a elas correspondentes (de diversos cavalos,
por exemplo).
A atividade do intelecto consiste em separar dessas
imagens os aspectos acidentais, como o tamanho e
a cor, para ficar com o que lhes é comum e essencial.

O resultado dessa operação, que é a


abstração, é o conceito de cavalo.
A abstração pode avançar mais e, comparando,
por exemplo, cavalos, homens e pássaros, chegar
ao conceito genérico de animal.
Para Aristóteles, o conhecimento é esse processo
de abstração pelo qual o intelecto produz conceitos
universais que, ao contrário das ideias de Platão,
não existem separadamente das coisas e do intelecto.
Para Aristóteles, o conhecimento racional provém
inicialmente dos sentidos.

Da sensação, o intelecto abstrai


a individualidade das coisas,
depurando-lhe a matéria.
O resultado são as formas.
Empirismo +
Racionalismo
Por se dedicar ao estudo dos seres vivos e de tudo
o que a natureza contém, Aristóteles não despreza,
como seu mestre Platão, a observação das
coisas que se apresentam aos sentidos.

Mais do que isso, procura integrar a


percepção do mundo sensível ao
conhecimento científico e filosófico.
Isso, porém, não significa que ele tenha
sucumbido ao mundo sensível e às suas
variações e incertezas.

Aristóteles
384-322 a.C.
Lógica e classificação da linguagem
Se conhecer é formular afirmações (ou proposições)
sobre alguma coisa, é preciso examinar os modos pelos
quais essas proposições são feitas, sem o que os
sofistas, com seus hábeis jogos de palavras, serão
sempre vitoriosos.

A análise do funcionamento da
linguagem – e do próprio pensamento
que a utiliza – deve portanto ser anterior
ao próprio conhecimento, pois este
depende de certas regras bem precisas
para não se equivocar.

A essas regras Aristóteles dá o nome de


órganon (instrumento),
parte das quais constitui
o que modernamente é
denominado lógica.
Como instrumento, o organon não é
propriamente um conhecimento,
mas sua condição básica e preliminar.
Lógica e classificação da linguagem

Como o conhecimento expressa-se Outras proposições referem-se apenas a alguns


por palavras, são elas as primeiras a sujeitos: são as proposições particulares, do tipo
―alguns homens são bons‖. Outras limitam-se a uma
merecer análise. Aristóteles classifica- só substância singular e, por isso, constituem as
as em vários grupos ou categorias, proposições singulares (por exemplo, ―Platão é autor de
A República‖).
segundo sua função numa proposição.
Sob outro aspecto, as proposições podem ser
A categoria de substância indica aquilo sobre o qual classificadas de acordo com o que indicam.
se afirma algo: quando se diz, por exemplo, Assim, o gênero refere-se a algo que é comum a
―Sócrates é mortal‖, o termo ―Sócrates‖ é a substância. várias substâncias diferentes, como, por exemplo,
Gramaticalmente, portanto, a substância equivale a proposição ―o homem e o cavalo são animais‖.
ao sujeito da oração. A espécie, por outro lado, indica aquilo que diferencia as
As demais categorias, cuja enumeração não é muito substâncias de um mesmo gênero: se ―o homem é um
precisa em Aristóteles, correspondem ao predicado, animal‖ e ―o cavalo é um animal‖, homem e cavalo
isto é, aquilo que se afirma da substância: é o caso do distinguem-se em espécie porque o homem é um animal
termo ―mortal‖ no exemplo citado. Cada uma dessas racional, político. Assim, tanto o gênero como a espécie
categorias refere-se ao tipo de afirmação que se faz indicam a essência, isto é, o que a substância é.
sobre a substância. Há assim a categoria de
quantidade (por exemplo, ―o triângulo tem três lados‖), A propriedade e o acidente, ao contrário,
de qualidade (―o homem é um animal racional‖), de apontam para aspectos da substância que não
lugar (―Sócrates está na ágora‖) e assim por diante. fazem parte da essência.
Assim, a propriedade indica aquilo que é próprio
De modo análogo, Aristóteles classifica os vários tipos apenas a uma classe de substância, embora não
de proposições. A proposição universal é aquela que lhe seja essencial. É o caso da proposição
diz, por exemplo, ―todos os homens são mortais‖ ou ―o homem é capaz de aprender gramática‖.
―nenhum homem é imortal‖: o que afirma, ou nega, O acidente refere-se àquilo que pode pertencer ou
vale para todas e quaisquer substâncias da mesma não à substância, sem que esta deixe de ser ela mesma
classe – no caso, os homens, não importando as – por exemplo, ―este homem está sentado‖.
outras qualidades que este ou aquele possa ter.
Segundo Aristóteles, são essas proposições que
constituem o verdadeiro conhecimento.
Princípio da não-contradição
(ou da identidade)
Não basta, porém, classificar todos os tipos possíveis
de proposição e suas partes. Para que o conhecimento
seja possível, é necessário que as proposições afirmem
a verdade, obedecendo, para isso, a certas regras.

Desde logo, um princípio lógico impõe-se por sua


evidência irrefutável: o princípio da não-contradição
(ou princípio de identidade), segundo o qual uma
afirmação não pode contradizer a si mesma.

Mas esse princípio, que já havia sido


formulado por Parmênides,
significava para este antigo filósofo a impossibilidade
de afirmar algo além de ―o Ser é‖ e ―não-Ser não é‖.

Aristóteles desvencilha-se dessa Parmênides


dificuldade propondo uma nova 515-445 a.C.
formulação desse princípio:
―É impossível que o mesmo atributo pertença e não Essa contradição, no entanto, resolve-se pelo modo
pertença ao mesmo tempo ao mesmo sujeito e sob a como Aristóteles formula o princípio da não-contradição:
mesma relação‖.
Platão não é discípulo e mestre ao mesmo tempo,
Platão, por exemplo, é discípulo de Sócrates mas mas em tempos diferentes. Tampouco recebe esses
também mestre de Aristóteles. Reúne assim dois dois atributos sob uma mesma relação, pois é em
atributos que se contradizem e se excluem mutuamente – relação a Sócrates que ele é discípulo, e é mestre em
discípulo e mestre. relação a Aristóteles.
Lógica e classificação da linguagem
Regidas assim pelo princípio da
não-contradição, as proposições vão
formando o conhecimento.
premissa premissa
Mas para isso elas precisam ser
encadeadas de acordo com outra regra
da lógica, que Aristóteles denomina
silogismo (que significava,
na origem, “reunião”,
“conta”, “cálculo” e,
por extensão, “raciocínio”). conclusão

O exemplo clássico de silogismo é: ―Todo homem é


mortal; Sócrates é homem; logo, Sócrates é mortal‖. E se for afirmado, por exemplo, ―todos os centauros
têm quatro patas e dois braços; Quíron é um centauro;
Desse modo, de duas proposições cuja verdade é logo, Quíron tem quatro patas e dois braços‖?
conhecida (―todos os homens são mortais‖ e ―Sócrates Em relação à lógica, esse silogismo é incontestável
é homem‖) obtém-se uma terceira proposição, – e a lógica moderna investiga proposições desse tipo.
tão verdadeira quanto as precedentes. Para Aristóteles, porém, tal silogismo peca pela base,
pois refere-se a algo que não existe: o centauro.
Mas não basta que as duas proposições iniciais — O conhecimento deve ser sempre o conhecimento do que
denominadas respectivamente premissa maior e realmente existe, sendo a lógica apenas seu instrumento.
premissa menor — sejam verdadeiras.
É preciso que o encadeamento entre elas seja correto.
Caso se afirme, por exemplo, ―alguns animais são
ferozes‖ e ―o leão é um animal‖, disso não se pode
concluir que ―o leão é feroz‖, mesmo que cada uma das
proposições seja verdadeira em si mesma.
Aristóteles: fundador
da lógica formal
No processo de classificação, Aristóteles formulou uma
forma sistemática de lógica que aplica a cada espécime
para determinar se ele pertence a certa categoria.
Por exemplo, uma característica comum a todos os
répteis é o sangue frio. Então, se um espécime particular
tem sangue quente, não pode ser réptil.
Da mesma forma, uma característica comum a todos o
mamífero é que amamentam seus filhotes. Então, se um
espécime é mamífero, irá amamentar seu filhote.

Aristóteles observou um padrão nessa forma de


pensamento: um padrão de três proposições que
consistem em duas premissas e uma conclusão,
exemplificado na forma ―se As são Xs, e B é um A,
então B é um X‖.

Essa forma de raciocínio – o ―silogismo‖


– foi o primeiro sistema formal de lógica
concebido e permaneceu como modelo
básico para a lógica até o século XIX.
Silogismo
Mas o silogismo era mais do que simples subproduto
da classificação sistemática de Aristóteles do mundo
natural.

Ao usar o raciocínio analítico na forma de lógica,


Aristóteles compreendeu que o poder da razão
era algo que não se baseava nos sentidos,
e que deve, portanto, ser uma característica inata
– parte daquilo que é ser humano.

Embora não tenhamos ideias inatas,


possuímos essa capacidade inata,
necessária para aprender a partir da
experiência;
Quando aplicou esse fato ao
seu sistema hierárquico,
Aristóteles percebeu que o poder
inato da razão nos distingue de
todas as outras criaturas vivas,
colocando-nos no topo da hierarquia
Silogismo John Locke
1632-1704.

Mas o silogismo era mais do que simples subproduto


da classificação sistemática de Aristóteles do mundo
natural.

Ao usar o raciocínio analítico na forma de lógica,


Aristóteles compreendeu que o poder da razão
era algo que não se baseava nos sentidos,
e que deve, portanto, ser uma característica inata
– parte daquilo que é ser humano.

Embora não tenhamos ideias inatas,


possuímos essa capacidade inata,
necessária para aprender a partir da
experiência;
Quando aplicou esse fato ao No século XVII, mesmo
seu sistema hierárquico, posicionando-se contra as teorias
Aristóteles percebeu que o poder do racionalista René Descartes,
inato da razão nos distingue de o filósofo empirista John Locke
todas as outras criaturas vivas, admitiu a existência de qualidades
colocando-nos no topo da hierarquia inatas (percepção e raciocínio)
na sua explicação sobre o
mecanismo do conhecimento e
da compreensão humana.
Escola de Aristóteles
Gustav Adolph Spangenberg, 1880
Para Aristóteles, o mundo inteligível
concebido por Platão apenas
explica a imperfeição do mundo
sensível, mas nada além disso;
é incapaz de explicar o universo
dos sentidos, a diversidade e o
movimento que nele ocorrem,
a não ser pelo recurso duvidoso de
um Demiurgo fabricante do universo.
Se o mundo inteligível é uma ficção desnecessária e
inútil, só resta ao conhecimento tornar-se o
conhecimento do mundo sensível, onde existe não a
ideia de Homem ou de Cavalo, como queria Platão,
mas homens e cavalos individuais.

Arte de William Blake (1757-1827)


A percepção do mundo sensível mostra
que tudo se transforma continuamente.

Para dar conta disso, Aristóteles


elabora as noções de ato (energeia)
e de potência (dynamis).
O ato refere-se ao estado atual do ser, como existe aqui A causa material indica a matéria de que uma coisa é
e agora. A potência, por outro lado, indica aquilo em que feita, como, por exemplo, a madeira com que se fabrica
este ser se transforma, sem no entanto deixar de sê-lo. uma mesa. A causa formal dá forma a essa matéria: no
A semente de uma árvore, enquanto ato, é semente, exemplo, a forma mesa torna a matéria reconhecível
mas como potência é a árvore que dela vai germinar. como objeto mesa.

As mudanças e o movimento são o modo como as Mas, para isso, é preciso que algo unifique a matéria e a
potencialidades do ser vão se atualizando, passando da forma: é a causa motriz ou eficiente, que, no exemplo,
potência ao ato. pode ser o artesão que trabalha a madeira, dando-lhe a
forma de mesa.
Essa passagem, porém, não se dá ao
Por fim, a passagem da potência (madeira) ao ato
acaso. Ela é causada, é efeito de uma (mesa) faz-se segundo um objetivo, uma finalidade,
causa, que pode ser uma causa final.
(1) material, No caso da mesa, a causa final pode estar em ser
(2) formal*, vendida ou usada pelo próprio artesão, e assim por
(3) motriz ou eficiente, e diante. Dentre esses quatro sentidos da causa, a final é
a mais importante: se a potência atualiza-se em ato, é
(4) final. sempre em vista de alguma finalidade.

* Forma ≠ matéria
Dois tipos de formas
Para Aristóteles, as formas (eidos, que
em Platão significam ―ideias‖) não estão
separadas das coisas do mundo sensível.

Ao contrário, são exatamente elas que lhes


dão existência efetiva, fazendo com que a
matéria — que por si só é indiferente — seja
esta ou aquela coisa. Em outras palavras,
a forma é inerente (ou imanente) às coisas.
As formas podem ser acidentais ou
substanciais.
Quando se diz, por exemplo, ―Pedro está sentado‖, o termo
―sentado‖ indica a forma atual de Pedro, a qual é apenas
acidental — sentado ou não, Pedro é Pedro. Mas, caso se
afirme ―Pedro é homem‖, a palavra ―homem‖ indica-lhe a forma ―Pedro está sentado‖:
substancial ou essencial, sem o que Pedro não poderia ser forma acidental
Pedro. Aristóteles denomina-a ―substância segunda‖ para
distingui-la dos indivíduos particulares (no caso, Pedro),
que são as ―substâncias primeiras‖.

A ciência é assim o conhecimento dessas


formas substanciais que indicam a essência
das coisas.
Mais: se as essências não
estão separadas num mundo
inteligível, imóvel e eterno,
a ciência que as estuda deve
levar em conta as mudanças
e os movimentos que ocorrem
e que os sentidos registram.
A mudança expressa-se quando se diz, por exemplo:
―O homem aprendeu a gramática‖. Supõe-se que ele
não a conhecia, mas que passou a conhecer.
Estava privado do conhecimento, e depois o possuiu.

A mudança ou o movimento, assim, é o modo pelo qual


uma substância (o homem) supre uma privação anterior
(a ignorância da gramática) para assumir a forma atual
(―aprendeu a gramática‖).

O antigo problema da existência ou não do não-Ser


é, assim, deslocado pela noção de privação:
o não-Ser propriamente não existe;
o que existe é a substância privada de uma forma,
que passa ao ato pela atualização dessa mesma
forma desde que a possua ―em potência‖.
Substância, forma e privação constituem os três
princípios internos do movimento, isto é, fazem parte
da própria coisa que se move. Mas isso não basta.

O movimento requer o
espaço para realizar-se.
Tal espaço ou lugar é distinto do vazio dos atomistas; E está presente em cada substância, fazendo-a
este é apenas a ausência do átomo, isto é, o não-ser, mover-se da privação à forma. Nesse sentido,
enquanto o lugar é o que define os sentidos physis é tanto causa formal como causa eficiente.
(esquerda, direita, acima, abaixo etc.) do movimento.
Mas a physis é também causa do repouso.
Se o movimento é o modo pelo qual a forma vai se
Além disso, o movimento atualizando na matéria,
supõe a noção de tempo, o repouso indica o momento final, quando a potência
que o decompõe em antes e depois, sem o que seria se realiza plenamente
inconcebível a passagem da potência ao ato.
Como diz Aristóteles, é por meio do tempo que se como ato.
pode definir ―o número do movimento, segundo o
antes e o depois‖. E o repouso é a finalidade de todo movimento.
Assim, se uma pedra cai é porque sua natureza, que é
a de ser ―pesada‖, tem na Terra, o ―embaixo‖, o seu
Por fim, o movimento lugar natural, o lugar do repouso. Da mesma forma,
também requer algo que o o corpo leve (como a fumaça) sobe, pois seu lugar
natural, sua finalidade, é o ―em cima‖.
impulsione.
Aristóteles denomina tal força propulsora de physis,
restaurando-lhe o significado original: physis traduz-se
por ―natureza‖, mas é natureza na medida em que
significa ―engendrar‖, ―fazer nascer‖, ―produzir‖.
Se tudo tem sua causa, é preciso pois criar ou interferir implicaria movimento. Além disso,
sendo perfeito, esse Deus deve ser também
supor uma causa primeira, que tenha conhecimento, inteligência e pensamento, mas não pode
dado início ao ciclo infindável de conhecer o mundo que lhe é exterior, pois conhecer algo
que está fora significa suprir uma privação, transformando
potência-ato-potência. a potência em ato – o que também é movimento.

Tal causa primeira, por ser a primeira, não pode ter sido Nessa medida, Deus só pode ser pensamento do
causada por alguma outra. pensamento, o conhecimento de si mesmo. E só pensa
em si próprio, numa eterna autocontemplação.
Deve ser imóvel, pois o movimento supõe uma causa,
e nesse caso ela não seria a primeira. Por tudo isso, o conceito de Deus de Aristóteles em
quase nada se assemelha ao do cristianismo – e só com
Tampouco possui potencialidades, pois se as tivesse muito custo o pensamento cristão, na Idade Média, iria
acabaria por se mover, transformando-se em ato. conseguir adaptar um ao outro.

Não pode ser material: a rigor, a matéria só existe numa Como esse Deus, satisfeito consigo mesmo, tão
forma, o que significa que uma causa eficiente a uniu; incomunicável e alheio, pode constituir-se na suprema
finalidade do mundo? Sendo imóvel e bastando-se a si
deve ser então forma pura. Imóvel, ato puro sem mesmo, a ―iniciativa‖ de pôr o mundo em movimento não
potência e pura forma, a causa primeira que pôs em pode, a rigor, ter partido dele. É antes o mundo que se
movimento o conjunto do universo. É o motor imóvel. move pela atração que a sua perfeição provoca. Tal
atração é o amor. Deus, porém, não ama o mundo – ele
não é o Deus dos cristãos. É o mundo que o ama e quer
Da teoria platônica do mundo inteligível, se assemelhar a ele, repetir sua eterna perfeição.
assim, Aristóteles conserva uma única
ideia ou forma separada (ou transcen- Assim, o movimento é a passagem da potência ao ato,
pois as coisas desejam assemelhar-se ao ato puro que é
dente), sob o nome de ―Deus‖. Deus. Se elas buscam o seu lugar natural, onde podem
encontrar repouso, é porque Deus é o eterno repouso.
As espécies reproduzem-se e conservam-se como tais
Essa separação é radical: o Deus de porque assim imitam a eternidade de Deus. Mas,
Aristóteles não cria o mundo nem interfere imperfeito, o mundo jamais alcança a perfeição plena e
no seu curso, como o Demiurgo de Platão, deve recomeçar seu eterno ciclo de movimento.
De modo geral, pode-se dizer que o sentido último do
movimento é a imobilidade.
Se tudo tem sua causa, é preciso pois criar ou interferir implicaria movimento. Além disso,
sendo perfeito, esse Deus deve ser também
supor uma causa primeira, que tenha conhecimento, inteligência e pensamento, mas não pode
dado início ao ciclo infindável de conhecer o mundo que lhe é exterior, pois conhecer algo
que está fora significa suprir uma privação, transformando
potência-ato-potência. a potência em ato – o que também é movimento.

Tal causa primeira, por ser a primeira, não pode ter sido Nessa medida, Deus só pode ser pensamento do
causada por alguma outra. pensamento, o conhecimento de si mesmo. E só pensa
em si próprio, numa eterna autocontemplação.
Deve ser imóvel, pois o movimento supõe uma causa,
e nesse caso ela não seria a primeira. Por tudo isso, o conceito de Deus de Aristóteles em
quase nada se assemelha ao do cristianismo – e só com
Tampouco possui potencialidades, pois se as tivesse muito custo o pensamento cristão, na Idade Média, iria
acabaria por se mover, transformando-se em ato. conseguir adaptar um ao outro.

Não pode ser material: a rigor, a matéria só existe numa Como esse Deus, satisfeito consigo mesmo, tão
forma, o que significa que uma causa eficiente a uniu; incomunicável e alheio, pode constituir-se na suprema
finalidade do mundo? Sendo imóvel e bastando-se a si
deve ser então forma pura. Imóvel, ato puro sem mesmo, a ―iniciativa‖ de pôr o mundo em movimento não
potência e pura forma, a causa primeira que pôs em pode, a rigor, ter partido dele. É antes o mundo que se
movimento o conjunto do universo. É o motor imóvel. move pela atração que a sua perfeição provoca. Tal
atração é o amor. Deus, porém, não ama o mundo – ele
não é o Deus dos cristãos. É o mundo que o ama e quer
Da teoria platônica do mundo inteligível, se assemelhar a ele, repetir sua eterna perfeição.
assim, Aristóteles conserva uma única
ideia ou forma separada (ou transcen- Assim, o movimento é a passagem da potência ao ato,
pois as coisas desejam assemelhar-se ao ato puro que é
dente), sob o nome de ―Deus‖. Deus. Se elas buscam o seu lugar natural, onde podem
encontrar repouso, é porque Deus é o eterno repouso.
As espécies reproduzem-se e conservam-se como tais
Essa separação é radical: o Deus de porque assim imitam a eternidade de Deus. Mas,
Aristóteles não cria o mundo nem interfere imperfeito, o mundo jamais alcança a perfeição plena e
no seu curso, como o Demiurgo de Platão, deve recomeçar seu eterno ciclo de movimento.
De modo geral, pode-se dizer que o sentido último do
movimento é a imobilidade.
A forma e a matéria equivalem,
no caso dos seres vivos, à alma
e ao corpo, respectivamente.
Assim, a alma, segundo Aristóteles, é ―a forma de um
corpo natural tendo a vida em potência‖. Significa que
a alma atualiza no corpo todo
o movimento da vida,
que vai do nascimento à morte e à geração de um
novo ser. Esse movimento, do qual a alma é o princípio,
assegura a conservação da espécie, que, em última
instância, é a grande finalidade da vida.

Aristóteles distingue três tipos de alma:


1. Alma vegetativa: primeira, comum a todos os seres
animados, é o princípio da nutrição e da reprodução.
2. Alma sensitiva: dela participa o gênero animal; os
animais (inclusive os homens) possuem a
sensibilidade pela qual sentem, o que não acontece
com as plantas.
3. Alma racional: a razão, é exclusiva da espécie
humana.

Por isso, não há em Aristóteles a noção Além disso, se a alma só existe no


de evolução das espécies. corpo, também se conclui que ela
Cada uma persegue a sua finalidade, que é a de
conservar-se enquanto tal. Assim, não pode haver
não pode ser imortal,
passagem de uma espécie para outra. a não ser como forma comum a uma espécie.
O resultado é a ideia de ser, que engloba todas
as coisas existentes.
E quanto ao homem? Que conduta deve adotar,
O universo é classificado por Aristóteles uma vez que vive no mundo sublunar, marcado pela
em duas grandes regiões: o mundo imperfeição e pela violência?
supralunar e o mundo sublunar.
Para Aristóteles, a causa final do homem,
O primeiro é a região onde se situam os corpos celestes, seu objetivo supremo, é a felicidade.
cujo movimento circular, perfeito e eterno,
sem começo nem fim, assemelha-os ao motor imóvel. Ela não é um forte prazer que se esvai logo em seguida;
ao contrário, deve ser algo perene e tranquilo, sem
O que está abaixo dessa região é o mundo sublunar, excessos, pois o excesso faz com que uma boa ação
composto, segundo Aristóteles – que aí retoma torne-se seu oposto. Uma pessoa amável em demasia,
Empédocles –, de quatro elementos: água, ar, terra por exemplo, não passa de um incômodo bajulador.
e fogo. São eles a causa material de tudo o que existe
neste mundo, desde as coisas inanimadas, como
pedra e mar, até os seres vivos (vegetais e animais), Atingir a felicidade depende então de uma
dependendo da forma que assumem. conduta moral moderada, sem excesso,
baseada no que Aristóteles denomina ―meio-termo‖
O mundo sublunar caracteriza-se pela (equivalente à justa medida dos pitagóricos).
imperfeição, o que equivale a dizer que Tal conduta deve ser forjada pelo hábito, de modo
as coisas que o compõem estão sujeitas análogo ao atleta que se forma por repetidos exercícios.
à geração e à corrupção, isto é, ao Habituar-se a uma boa conduta é ter bons costumes,
e isso vale muito mais do que praticar uma série de boas
nascimento, à degenerescência e à morte. ações isoladas.
A imperfeição também significa violência:
o nascimento de uma coisa implica a morte de outra. Tal hábito é adquirido, sobretudo, pelo
Além disso, os movimentos físicos também são uma
violência. Para Aristóteles, os elementos do mundo exercício do intelecto, que, no campo
sublunar só saem de seu ―lugar natural‖ mediante a moral, aspira ao que é razoável.
violência. É o caso, já citado, da pedra (―pesada‖) atirada
(modo violento) para o alto: ela volta ao chão, pois retornar A felicidade, em suma, obtém-se por meio da vida
é sua causa final. Do mesmo modo, como também já se contemplativa, uma vida intelectual sossegada,
viu, os corpos ―leves‖ tendem para o alto, que é seu lugar longe das perturbações do cotidiano.
natural, e é por isso que sobe a fumaça de uma fogueira.
Metafísica
Para Aristóteles, o conhecimento do ser é
imprescindível para fornecer bases sólidas às ciências
(física, astronomia, biologia etc.), que se ocupam de
aspectos particulares da realidade.

É por meio desse conhecimento – a


metafísica ou ―filosofia primeira‖, como
ele a denominava – que as ciências se
unificam em um todo coerente, sem o
que só haveria explicações particulares
de coisas particulares.
O ser, para Aristóteles, não é uma coisa única e
eterna como o ser de Parmênides.

É um ―quê‖ presente em cada coisa que existe,


e que faz com que esta coisa seja precisamente
esta e não outra.
Poética
Aristóteles também se ocupa da estética,
que é o estudo da arte, embora de suas
reflexões nesse domínio só tenha restado
um texto fragmentado: Poética.
Nessa obra, ele examina as várias formas de
poesia, como a epopeia, a comédia e a tragédia
(que considera a forma superior).
Todas elas têm em comum o fato de imitar a
realidade, mas distinguem-se porque a imitação se
faz de modos diversos.

Para Aristóteles, a poesia é o gênero literário que mais


se aproxima da filosofia. Isso porque o poeta,
diferentemente do historiador, não imita o que aconteceu,
mas o que poderia acontecer de modo necessário.

Em outras palavras, o historiador narra fatos particulares e


acidentais, enquanto a poesia encadeia os acontecimentos
imaginados segundo suas causas necessárias.
Nesse sentido, a poesia tende para o conhecimento
do universal, que é o objetivo máximo da filosofia
O homem é um animal político – zoón politikón –,
que vive naturalmente em sociedade.

Ao tratar do tema, em Política, Aristóteles, ao contrário


de Platão, não se interessa por idealizar uma cidade justa.
Nisso revela a marca do seu tempo,
em que o ideal da pólis já é letra
morta, perante a expansão militar
da vizinha Macedônia.
Aristóteles, então, classifica as formas de governo
em três: o governo de um só indivíduo (monarquia e
despotismo), de alguns (aristocracia e oligarquia) e de
todos (democracia). Cada um desses regimes políticos
apresenta vantagens e desvantagens, formas boas ou
corrompidas, de modo que Aristóteles é bastante
Senado romano reticente em apontar a forma de governo que prefere.
Grécia antiga
Pré-História 45000 a 2800 a.C.
Proto-história grega 2800 a 1200 a.C.
Período medievo-helênico 1200 a 900 a.C.
Período Arcaico 900 a 510 a.C.
Período Clássico 510 a 338 a.C.
Período Macedônico 338 a 323 a.C.
Período Helenístico 323 a 146 a.C.
Aristóteles nasceu na cidade de Estagira (daí ser
conhecido também por O Estagirita), na Calcídica,
que se encontra sob a dependência da Macedônia.

Mas sua relação com este reino – que logo mais seria um
grande império, subjugando a Grécia e, depois, a Pérsia –
não se limita ao local de nascimento.

Nicômaco, seu pai, era médico da corte


de Filipe, rei da Macedônia.

O filho deste, o célebre Alexandre Magno,


teve o próprio Aristóteles como preceptor,
entre 343 e 340 a.C.
(As relações do filósofo com Alexandre são motivo de
suspeitas: em 323 a.C., quando morre este, Aristóteles
é levado ao tribunal de Atenas sob pretextos religiosos.
Condenado, prefere não seguir o exemplo de Sócrates,
para que, segundo suas palavras, os atenienses
―não pequem uma vez mais contra a filosofia‖.
Desterrado, morre no ano seguinte.) Aristóteles (384-322 a.C.)
e Alexandre, o Grande (356-323 a.C.)
O alcance das ideias de Aristóteles e
o modo revolucionário pelo qual ele subverteu
a Teoria das Formas de Platão deveriam ter
assegurado que sua filosofia tivesse impacto
bem maior do que ele pôde verificar com vida.
Isso não quer dizer que sua obra não tivesse falhas.
Sua geografia e sua astronomia eram imperfeitas, sua ética
apoiava o uso de escravos e considerava as mulheres inferiores;
sua lógica era incompleta para os padrões modernos.
No entanto, seu pensamento deflagrou uma revolução
tanto na filosofia quanto na ciência.

Aristóteles, contudo, viveu no fim de uma era.


Alexandre, o Grande, a quem ele instruiu, morreu pouco antes
dele, e então começou o período helenístico da história grega,
que viu o declínio da influência de Atenas. O Império Romano,
que adotou da filosofia grega as ideias dos estoicos, estava se
tornando o poder dominante no Mediterrâneo.
A Academia de Platão e a escola rival fundada por Aristóteles
em Atenas, o Liceu, continuaram a funcionar, mas tinham perdido
sua antiga proeminência.
Aristóteles
Como resultado, muitos dos textos de 384-322 a.C.
Aristóteles foram perdidos.
Acredita-se que ele escreveu várias centenas de tratados e
diálogos que explicavam suas teorias, mas tudo o que restou
foram fragmentos de sua obra, principalmente na forma de
palestras e notas de professor. Felizmente para a posteridade,
esses textos foram preservados por seus seguidores, e restou o
suficiente para dar uma visão geral da amplitude de sua obra.
Helenismo
A perda da autonomia das cidades gregas sob o
domínio dos macedônios e do Império Romano
significou não o aniquilamento de sua cultura, mas,
ao contrário, a sua expansão e difusão para além
das fronteiras da Grécia clássica e do seu tempo.

Foram três as principais correntes filosóficas do


período:

Ceticismo e Cinismo
De filósofos como Antístenes, Diógenes,
Pirro de Élida e Tímon.
Epicurismo
Do filósofo grego Epicuro.
Estoicismo
Fundado por Zenão de Cítio e seus discípulos. Zenão de Cítio
336-263 a.C.

Diógenes
412-323 a.C
250 d.C.
Plotino funda a escola neoplatônica

386 d.C.
Santo Agostinho integra
as teorias de Platão à doutrina cristã.

Santo Agostinho
354-430

Plotino
205-270
Expansão Islâmica (632–750)
ou expansão do Império Árabe Muçulmano

Expansão dos califados árabes


Expansão até à morte de Maomé, 622-632
Expansão durante o Califado Ortodoxo, 632-661
Expansão durante o Califado Omíada, 661-750
Expansão Islâmica (632–750)
ou expansão do Império Árabe Muçulmano

Com o florescimento do Islã


no século VII, as obras de
Aristóteles foram traduzidas para
o árabe e se espalharam pelo
mundo islâmico, tornando-se leitura
essencial para sábios do Oriente
Médio como Avicena e Averróis.

Expansão dos califados árabes


Expansão até à morte de Maomé, 622-632
Expansão durante o Califado Ortodoxo, 632-661
Expansão durante o Califado Omíada, 661-750
Século VIII
Califado de Córdoba
Na Andaluzia (Espanha muçulmana), surge um
califado independente, com sede em Córdoba.
Era um sintoma de desagregação do Império Islâmico,
que se aceleraria a partir do século IX. O califado de
Córdoba, no entanto, prosperou, tornando-se logo o
principal centro cultural do mundo islâmico, contando
com uma importante universidade e várias bibliotecas.

Século IX
Textos de Aristóteles são traduzidos para o árabe
Córdoba foi a porta pela qual a ciência e a filosofia árabes
ingressaram no Ocidente. Ali nasceu Ibn Ruchd, mais
conhecido como Averróis, cujo pensamento e influência de
certo modo simbolizam a passagem do Oriente ao Ocidente.
Enquanto os filósofos árabes do Oriente produzem, não
sem originalidade, uma mescla do aristotelismo e do
neoplatonismo, Averróis esforça-se em restaurar fielmente
o pensamento do fundador do Liceu [Aristóteles].
Escreve numerosos comentários sobre a obra de
Aristóteles, o que lhe valeria o título de O Comentador.

Averróis
1126-1198
Entretanto, na Europa ocidental,
a tradução latina de Boécio do
tratado aristotélico de lógica,
realizada no século VI,
permaneceu como única obra do
filósofo disponível até o século IX,
quando todos os textos de
Aristóteles começaram a ser
traduzidos do árabe para o latim.
Também foi nessa época que suas ideias foram
reunidas nos livros que conhecemos hoje, como Física,
Ética a Nicômaco e Organon.

Anaximandro
ou Beócio

Detalhe de
Academia de Atenas
Rafael Sanzio, 1510-11
Afresco, 10,55m de largura
No século XIII os estudiosos
Robert Grosseteste e
Roger Bacon acrescentam a
experimentação à abordagem
indutiva de Aristóteles ao
conhecimento científico.

Robert Grosseteste Roger Bacon


1561-1626 1214-1292
Abordagem: Aristotélica cristã
Santo Tomás de Aquino (1225-1274)
Tomás de Aquino desafiou a censura à obra de
Aristóteles e a integrou à filosofia cristã, da mesma
forma que Santo Agostinho tinha adotado Platão.

No período final da Idade Média, a versão cristã do


pensamento de Aristóteles tornou-se praticamente
a doutrina oficial da Igreja.

Segundo Tomás de Aquino, ―o que quer que


esteja em nosso intelecto deve ter existido
previamente nos sentidos".

Apoteose de Santo Tomás de Aquino


Francisco de Zurbarán, 1631
Grande Cadeia do Ser
A influência de Aristóteles na história
do pensamento é vista na Grande Cadeia
do Ser, descrição medieval cristã da
vida como uma hierarquia em que Deus
reina acima de tudo.

A sua classificação dos seres vivos


dominou o pensamento ocidental durante
toda a Idade Média, tornando-se a scala
naturae (―escada da natureza‖) cristã –
ou Grande Cadeia do Ser (que descreve
toda a criação dominada pelo homem,
que fica atrás apenas de Deus).

Didacus Valades
Rhetorica Christiana, 1579
Academia de Atenas
Rafael Sanzio, 1510-11
Afresco, 10,55m de largura
Ésquines ou Ésquines ou
Xenofonte Xenofonte

Alcibíades ou Sócrates
Alexandre,
o Grande Antístenes,
Xenofonte
ou Tímon

Zenão
de Cítio
Averróis

Fornarina,
Epicuro,
Hipátia ou
Heráclito ou
Francesco Maria
Demócrito
della Rovere

Parmênides

Anaxágoras
Anaximandro,
Boécio ou
Empédocles Pitágoras Heráclito ou
Michelângelo
Platão ou
Aristóteles ou
Leonardo
Papa Julio II
da Vinci

Peripatético

Diógenes
Plotino
Apeles
de Cós

Rafael
Estrabão,
Zaratustra ou
Baldassare
Castiglione

Protógenes,
Il Sodoma,
Timoteo Viti
ou Perugino

Ptolomeu

Euclides,
Arquimedes
ou
Bramante
Academia de Atenas
Rafael Sanzio, 1510-11
Afresco, 10,55m de largura
Antístenes,
Xenofonte
Ésquines ou ou Tímon Ésquines ou
Xenofonte Xenofonte

Alcibíades ou
Alexandre, Platão ou Plotino Apeles
o Grande Sócrates Leonardo Peripatético de Cós Rafael
da Vinci
Estrabão,
Aristóteles ou Zaratustra ou
Zenão Fornarina, Papa Julio II Baldassare
de Cítio Hipátia ou Castiglione
Francesco Maria
Epicuro, della Rovere
Heráclito ou Averróis
Demócrito Ptolomeu Protógenes,
Parmênides Il Sodoma,
Diógenes Timoteo Viti
ou Perugino
Anaxágoras
Anaximandro, Euclides,
Boécio ou Heráclito ou Arquimedes
Pitágoras
Empédocles Michelângelo ou
Bramante

Academia de Atenas
Rafael Sanzio, 1510-11
Afresco, 10,55m de largura
Durante a Renascença, as
pessoas tinham se tornado mais
céticas acerca da ciência e da
possibilidade do conhecimento
genuíno em geral.
A ciência moderna que
nasce no Renascimento
desenvolve-se em meio
a acirrado combate contra o
aristotelismo (ou a imagem
que se criou a seu respeito).

Rosa Ursina
Chistophoro Scheiner, 1630
O pensamento de Aristóteles
deflagrou uma revolução tanto
na filosofia quanto na ciência.

Aristóteles
Jusepe de Ribera, 1637
Durante a Renascença, o método
empírico de investigação de
Aristóteles teve grande importância.

Gabinete de curiosidades do médico,


e antiquário dinamarquês
Ole Worm (1588-1654).

Worm usava sua coleção de espécies


de animais, plantas e minerais em
suas aulas de medicina.
No século XVII, o debate
entre empiristas e
racionalistas alcançou o
ápice depois que René
Descartes publicou seu
Discurso sobre o Método,
Descartes – e, depois dele, Leibniz e Kant – escolheu
o caminho racionalista. Em resposta, Locke, Berkeley e
Hume se alinharam como a oposição empirista.

Novamente, as diferenças entre os filósofos eram tanto


em relação ao temperamento quanto em relação à
substância – o continental versus o insular, o poético
versus o acadêmico, o platônico versus o aristotélico.

René Descartes
1596-1650
Em 1690 John Locke
funda a escola de
John Locke
empirismo britânico 1632-1704.
Em 1735 o zoólogo
Carl Lineu lança as bases da
moderna taxonomia em
Systema naturae, baseado
no sistema de classificação
biológica de Aristóteles.

Carolus Linnaeus
1707-1778
Charles Darwin
1809-1882
As notas sobre lógica de
Aristóteles (expostas no
Órganon) permaneceram
como o texto padrão
sobre o tema até o
surgimento da lógica
matemática no século XIX.
Pensadores como Kant, no século XVIII,
Hegel e Marx, no século XIX, fazem
de Aristóteles uma fonte de inspiração,
e até hoje se discutem as questões
lógicas por ele propostas.

Immanuel Kant Georg Wilhelm Friedrich Hegel Karl Marx


1724-1804 1770-1831 1818-1883
Embora o debate tenha
definhado no século XIX,
houve um renascimento do
interesse em Aristóteles
em épocas recentes e uma
reavaliação de seu significado.
Sua ética, em particular, tem tido grande apelo
para os filósofos modernos, que viram em sua
definição funcional de ―bom‖ uma chave para
entender o modo como usamos a linguagem ética.

Tamanha influência presta-se também a equívocos.


Muitos, simplificadamente, opõem Aristóteles a seu mestre
Platão, e outros, mesmo séculos após assentada a poeira
das lutas contra o aristotelismo, continuam a considerá-lo o
grande inimigo do desenvolvimento científico, ignorando as
marcas que ele deixou na própria ciência.

Aristóteles
384-322 a.C.

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