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Programa de Capacitação de

Processadores de Aço Inoxidável

METALURGIA DO AÇO INOX

Instrumento de aprendizagem e ferramenta


facilitadora, em aplicações destinadas a
Trabalhabilidade do Aço Inox

Frederick Teixeira Nunes


Revisão: Everaldo Moreira de Souza

2011
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05

2. CONCEITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05

3. RESISTÊNCIA A CORROSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06

4. TIPOS DE AÇOS INOXIDÁVEIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06


Os Ferríticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
Os Martensíticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Os Auteníticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

5. TIPOS DE ACABAMENTOS EM AÇOS INOXIDÁVEIS . . . . . . . . . . . . . 14

6. FENÔMENO DA CORROSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
A sensitização e a corrosão intergranular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 .
Solução para o problema da sensitização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 .
Corrosão sob tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 .
Corrosão por pites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 .
Corrosão localizada em frestas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 ..
Corrosão galvânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20 .
Métodos para a prevenção e combate da corrosão galvânica . . . . . . . . . . . .21 .
Corrosão em temperaturas elevadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 .

7. MANUSEIO E ESTOCAGEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Manuseio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Estocagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

8. CONFORMAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Traçagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
.
Processos de conformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 .
Processos de corte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
Processos de furação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34
Processos de dobramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Processos de curvamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40
Estampagem dos aços inoxidáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
9. UNIÃO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Junção por rebites e parafusos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47 .
Cola estrutural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47.
Fitas adesivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47.
Soldagem do aço inox . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 ..

10.ACABAMENTO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50


A importância do acabamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 .
Lixamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50.
Granulometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .54 .
Esmerilhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 .
Polimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
.

11.LIMPEZA DO AÇO INOX. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
1. INTRODUÇÃO
A demanda de produtos e serviços que englobam o logia utilizado pelas empresas transformadoras do
Aço Inox, cresce a cada dia e abrangem um mundo aço inox no Brasil ainda é muito baixo. As dificulda-
cada vês mais diversificado. Atualmente em gran- des de mão de obra e o desconhecimento do cor-
des centros existe uma concentração de pequenas reto manuseio têm onerado desnecessariamente os
industrias transformadoras que utilizam com sua custos de fabricação e comprometido a qualidade
principal matéria prima o Aço Inox. Resultado de final do produto, com isso notou-se a necessidade
desmembramento de pequenos fabricantes de pias de se estabelecer métodos e informações de ativi-
e cubas. Estes serviços são basicamente artesanal, dades de forma geral, visando o desenvolvimento
executados em equipamentos obsoletos com re- da mão de obra, pois, as mesmas são as primeiras
sultados desastrosos quando se busca qualidade, abordagens dos parâmetros a serem levados em
impondo desafios aos seus processos de transfor- consideração para a correta especificação, manu-
mação, sendo capazes de gerar preocupações, cui- seio e conformação dos Aços Inoxidáveis.
dados e constante busca de informações, capazes
de ajudar o processo.
Estas atividades realizadas de forma coerente com
um conhecimento básico das atividades citadas
Com o crescimento continuo e constante evolução acima são capazes de trazer maior produtividade,
do parque manufatureiro do Aço Inox no cenário com uma qualidade final do produto satisfatório
nacional, alem de se observar que o nível de tecno- para o cliente.

2. CONCEITOS
Os Aços inoxidáveis surgiram de estudos realizados quela época de reduzir a quantidade de carbono (C),
em 1912, tanto na Inglaterra como na Alemanha. O fizeram abandonar, durante muitos anos, o estudo
aço estudado na Inglaterra era uma liga de Fe + Cr, destas ligas.
com cerca de 13% de Cr. Na Alemanha se tratou
de uma liga que, alem de Fe e Cr, continha também
níquel (NI). No primeiro caso era um aço inoxidá- As Ligas de Ferro Cromo (17% de cromo) e ferro-
vel muito próximo do que hoje chamamos de 420 e cromo-níquel (18% de cromo e 8% de níquel) foram
no segundo outro aço inoxidável bastante parecido amplamente utilizados nos anos de 1920/1930 nos
com que hoje conhecemos como 302. estados Unidos e Alemanha, em fabricas de amônia
e ácidos.

Anteriormente, na primeira metade do século XIX, Os Aços Inoxidáveis são ligas de ferro (Fe) e cor-
foram feitas ligas de Fe – Cr. Nessa época, o con- mo (Cr) com um mínimo de 10,50% de Cr. Outros
ceito predominante considerava que um material elementos metálicos também integram estas ligas,
era resistente à corrosão se resista ao mais popular mas o Cr é considerado o elemento mais impor-
e conhecido dos ácidos inorgânicos: o ácido sulfú- tante por proporcionar uma elevada resistência à
rico. Este fato, aliado a incapacidade de aciaria da- corrosão.

METALURGIA DO AÇO INOX


3. RESISTÊNCIA A CORROSÃO
Se pararmos para pensar, em qual seria a
principal característica dos Aços Inoxidáveis,
muitos iriam dizer que o “Aço Inox não oxida”, e
seria normal, pois, o mesmo tem alta resistência
a corrosão e seu brilho e durabilidade permite
se levantar estes conceitos.

A resistência a corrosão se dá pela combinação


do cromo do aço e oxigênio do ar, formando o Figura 1
óxido de cromo. Os aços Inoxidáveis estão
expostos assim como os outros metais a agentes conhecida como camada passiva. Esta camada é
capazes de oxidar o material. A diferença que se fina, resistente, aderente, invisível, e acima de tudo
destaca, é que o Aço Inoxidável possui uma regenerável, havendo apenas a necessidade de ser
camada de Óxido de Cromo, bem cuidada. Como mostra a Figura 1.

4. TIPOS DE AÇOS INOXIDÁVEIS


Os aços inoxidáveis são classificados em grupos os mesmos serão apresentados nesta apostila: A
6 e famílias, onde cada uma possui características série 400 e a série 300.

particulares, capazes de determinar qual o tipo de


aço será utilizada de acordo com a aplicação. Es- Os aços Inoxidáveis da série 400 são divididos em
tas famílias são determinadas de acordo com a dois grupos: os ferritícos que apresentam cromo
composição do aço como já foi citado. O cromo é mais alto e carbono mais baixo e os martensítico,
o elemento metálico básico, que tem por finalidade nos quais predominam um cromo mais baixo e um
aumentar a resistência a corrosão, mas existem carbono mais alto (comparado aos ferritícos).
outros elementos como o Níquel, que contribui
para a resistência mecânica do aço.

A série 300 é da família dos aços inoxidáveis aus-


Mesmo existindo diferentes classificações dos aços
tenítico, aço mais raro com níquel em sua composi-
inoxidáveis, dois grandes grupos se destacam por
ção, boa resistência a corrosão e ótima resistência
serem mais completos, por este principio somente
mecânica.
Figura 2


METALURGIA DO AÇO INOX
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Figura 3

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TIPOS DE AÇOS INOXIDÁVEIS


Os Ferríticos

Aços ferritícos são ligas de ferro-cromo, contendo Outra alternativa (que é utilizada na prática) é a de
12 a 17% de cromo com baixo teor de carbono. adicionar, como elemento de liga estabilizadores
Não são endurecíveis por tratamento térmico. São como Titânio e Nióbio.
magnéticos e apresentam boa resistência a corro-
são em meios menos agressivos, boa ductibilidade,
razoável soldabilidade. O trabalho a frio o endurece Os elementos estabilizadores têm uma grande afini-
moderadamente. dade química com o carbono, formando então car-
bonetos destes elementos. Ataca-se desta maneira,
Diferente dos aços martensitícos, os ferritícos (Figu- principalmente, a formação de martensita (fase rica
ra 2) contém, em geral, uma quantidade de cromo em carbono) e a precipitação de carboneto de cro-
superior, aumentando sua resistência a corrosão, mo. O crescimento de grãos das regiões soldadas
mas ao mesmo tempo sacrifica outras proprieda- é também, em partes, limitando pela presença de
des, como a resistência ao impacto. elementos estabilizadores.

O aço mais comum da família dos ferritícos é o Entre os aços inoxidáveis ferritícos estabilizados,
Aço 430. Este apresenta certas limitações em sua pode-se mencionar o 439 (com aproximadamente
utilização como sua soldabilidade. As soldas nes- 17% de cromo), o 441 (semelhante em cromo ao
te aço são frágeis e de menor resistência à anterior mas com um excesso de nióbio), o 409
corrosão. A formação parcial da martensita (mes- (com 11% de cromo) e o 444 (com 18% de cromo
mo com baixo teor de carbono), a precipitação de e aproximadamente 2% de molibdênio).
carboneto de cromo e o crescimento excessivo do
tamanho do grão nas regiões soldadas são as prin-
Todos estes podem ser soldados pelo fato de serem
cipais causas que acarretam o mau desempenho
aços inoxidáveis ferritícos estabilizados.
deste material na soldadegem. As aplicações do
430 se restringem à aquelas que não precisam de
O aço 439 também apresenta um melhor compor-
soldagem, ou quando as soldas não são considera-
tamento que o 430 na estampagem e uma melhor
das operações de alta responsabilidade. Por exem-
resistência à corrosão (devido ao Ti, o enxofre se 9
plo, uma pia de cozinha pode ser soldada a mesa,
precipita como sulfeto de titânio e não como sulfeto
mas não pode construir um tanque para escoar
de manganês, inclusões estas que são perfeitamen-
ácido nítrico (mesmo que o 430 apresente ótimas
te atacadas na corrosão por pites).
resistências a este ácido).

Uma solução para este problema de soldabilidade O aço 444 possui uma excelente resistência à cor-
seria fazer o recozimento depois de soldar. Porém rosão graças à presença de 2% de molibdênio em
isto aumenta os custos e, muitas vazes, pelas ca- sua composição.
racterísticas da estrutura soldada, o recozimento
não é possível. O aço 441, semelhante ao 439, possui uma melhor
resistência a fluência em altas temperaturas devido
a maior quantidade de nióbio.

O aço 409, com somente 11% de cromo (praticamen-

METALURGIA DO AÇO INOX


te no limite, portanto, do que é definido como aço ino- melhorar a resistência à corrosão. O aço 436 é a
xidável), é ferritíco estabilizado mais popular e é muito versão estabilizada do 434
utilizado no sistema de escapamento de automóveis.
Com 26% de cromo, o aço 446 é um material com
boas características para aplicações em altas tem-
Os aços inoxidáveis ferritícos podem também con-
peraturas.
ter alumínio, um estabilizador da ferrita. O aço 405
tem aproximadamente 0,20% de alumínio e é utili-
zado na fabricação de estruturas ou não podem ser
cozidas depois da operação de soldagem. A resis- A fragilidade do material, no entanto, e maior devido
tência à corrosão (o material tem 12% de cromo) é ao alto conteúdo de cromo,
semelhante a do 409.
No aço 430F, fabricado em algumas empresas side-
rúrgicas somente como produto não plano, o
O aço 434 é um 430 com 1% de molibdênio, para
conteúdo
mais alto de enxofre melhora a usinagem do mesmo.

Os Martensitícos

Aços Martensitícos: São ligas e ferro-cromo de 12 combinam para formar carboneto de cromo. Cr23C6,
a 14% de cromo e com alto teor de carbono. São que precipita.Cada molécula de Cr23C6 precipitada
endurecivéis por tratamento térmico e magnéticos. possui, em peso, aproximadamente 95% de cromo.
Quando temperados são muito duros e pouco dúteis, Como o aço 420 tem muito carbono e pouco cromo
e é nesta condição que são resistentes à corrosão. (quando comparado com outros aços inoxidáveis),
Quando recozidos não apresentam bom comporta- praticamente, a metade de cromo do aço 420 aca-
mento frente à corrosão atmosférica.
10
Nos aços inoxidáveis martensitícos (Figura 2) o car- ba, sendo precipitado e retirado da solução sólida.
bono está em uma determinada concentração que Nesta condição, o material não resiste a corrosão
permite a transformação de ferrita em austenita em atmosférica (não existe um mínimo de 10,5% de
altas temperaturas. Durante o resfriamento a auste- cromo em sua estrutura). Assim, o aço inoxidável
nita se transforma em martensita. 420 e todos os martensitícos têm que sofrer a
operação de têmpera, que transforma a ferrita em
austenita e esta última em martensíta durante o
A martensita é uma fase rica em carbono, frágil e
resfriamento.
muito dura.

Quando estão temperados, o carbono forma parte


Entre os aços inoxidáveis martensitícos o mais co-
da fase martensitíca e não está disponível para ser
nhecido é o 420, com pouco mais de 12% de Cr e
precipitado como carboneto de cromo. Somente de-
aproximadamente 0,35% de C.
pois de temperados estes materiais passam a ser
resistentes à corrosão.
No estado recozido, ferrítico, o 420 não possui boa
A alta dureza do material temperado e (estrutura
resistência a corrosão atmosférica. Isto se deve à
martensítica) faz com que estes materiais sejam
operação de recozimento que é realizada a uma
muito utilizados na fabricação de facas. A resistên-
temperatura próxima aos 760°C, temperatura na
cia do desgaste é muito forte.
qual o Carbono e o Cromo presentes no aço se

TIPOS DE AÇOS INOXIDÁVEIS


Outros aços inoxidáveis martensitícos são variantes 420. O molibdênio, como elemento de liga, melhora
do aço 420. O aço 410 possui uma quantidade a resistência à corrosão deste material.
Máxima de carbono de 0,15%. Sendo a martensíta
uma fase rica em carbono é evidente que este aço,
ao ser temperado, atingirá uma dureza menor que Existem, também os aços 440 (tipo A, B. C), com te-
a do 420. ores mais altos de carbono (maior dureza na têmpe-
ra) e valores mais elevados de cromo e molibdênio
(melhor resistência à corrosão).
O aço P498A (designação interna Acesita), similar
ao DIN 1.4110, com carbono máximo de 0,47%,
O aço 420F, fabricado normalmente na forma de
como cromo um pouco superior ao do aço 420 e
produto não plano, é uma variante de 420 no qual o
com presença de molibdênio, apresenta depois de
aumento de enxofre facilita a usinagem do material.
temperado, dureza maiores que as atingidas como

Os Austeníticos

Aços Austeníticos são ligas não magnéticas de fer- Os aços inoxidáveis austeníticos são utilizados em
ro-cromo e níquel contendo 8% de níquel, com bai- aplicações em temperaturas ambiente, em altas
xo teor de carbono. Apresentam boas propriedades temperaturas (até 1150°C) e em baixíssimas tem-
mecânicas, boa soldabilidade, trabalhabilidade a frio peraturas, uma série de alternativas que dificilmen-
e resistência a corrosão. Podem ser endurecidos te são conseguidas com outros materiais.
por deformação e, neste estado, são ligeiramente
magnéticos. A adição de elementos de liga como O aço 304 é um material com grandes possibilida-
molibdênio e a redução do teor de carbono melhora des em suas aplicações, a tal ponto que o podemos
sua resistência a corrosão encontrar em nossas casas (em um garfo ou em
panelas, por exemplo) e também na industria, em 11
aplicações de grande responsabilidade.
A adição de níquel como elemento de liga, em de-
terminadas quantidades, permite transformar a
estrutura ferritíca em austenítica e isso tem como Dempendendo do meio ambiente, o 304 não é aus-
conseqüência uma grande mudança em muitas tenitíco mais utilizado.
propriedades.
Um dos problemas enfrentados pelo aço 304 (e o
Os aços inoxidáveis austeníticos (Figura 3), dos mesmo ocorre com os outros tipos de aços inoxi-
quais o aço 304 (18%Cr – 8%Ni) é o mais popu- dáveis) é o da ação corrosiva provocada pelo ânion
lar têm excelente resistência à corrosão, excelente cloreto, Cl (-). Dependendo da concentração do clo-
ductibilidade (existe aqui uma grande mudança nas reto no meio, na temperatura e do pH, três formas
propriedades mecânicas se os compararmos com de corrosão podem ocorrer, por pites, em frestas
os ferritícos) e excelente soldabilidade. e sob tensão. Destas três formas de corrosão, os

METALURGIA DO AÇO INOX


ferritícos também são propensos as duas primeiras pode ocorre o problema da sensitização, possibili-
e podemos dizer que, em geral, os austenitícos pos- tando a corrosão intergranular.
suem melhor resistência que os ferritícos às corro-
sões por pites e em frestas (devido a ação de níquel, Os aços inoxidáveis 304L, 316L e 317L, com car-
que favorece a passivação do material nas regiões bono máximo de 0,03% são a versão extra baixo
onde o filme passivo foi quebrado por estas formas carbono para os aços 304, 316, 317 e são utiliza-
de corrosão. dos na fabricação de equipamentos que trabalham
com meios capazes de provocar corrosão em mate-
riais sensitizados.
A adição de 2% de molibdênio aproximadamente
transforma o 304 no aço 316, um material muito
mais resistente a corrosão por pites e em frestas. Elementos estabilizadores, como titânio e nióbio,
Podemos mencionar, como exemplo, que o aço 304 podem ser adicionados com o objetivo de evitar a
é recomendado para trabalhar em temperatura am- sensitização, pois, como já foi comentado, existe
biente, com águas que contém, no máximo, 200 uma afinidade química com o carbono, superior a
ppm (partes por milhão) de cloreto. O 316, nas mes- afinidade existente com o cromo. Exemplos deste
mas quantidades de cloreto é mais alta (ou mesmo tipo de aço são o 321 e o 347, basicamente aços
sendo mais baixa, se a temperatura é mais elevada 304 estabilizados.
ou se o meio possui características ácidas), adições
maiores de molibdênio são necessárias, como é o
A adição de elementos de liga ou controle dos mes-
caso do aço 317.
mos em determinados valores é sempre feita como
objetivos previamente determinados. Um aço inoxi-
dável como o 904L, com 20% de cromo, 25% de
níquel, 4,5% de molibdênio, 1,5% de cobre e com
A corrosão por pites e a corrosão sob tensão (cor-
rosão que envolve normalmente três fatores, meio
carbono máximo 0,02%, que entra na categoria dos
agressivo, em nosso caso, cloretos, temperatura e,
superaustenitícos possui tal composição química por
como o nome indica, tensões, sejam estas aplica-
motivos definidos, para ser utilizada em aplicações
das ou residuais do processo de fabricação).
especificas, em condições especificas, e muito agres-
sivas. Através da composição química deste material
12 podemos esperar a garantia de que o material não
será sensitizado em um processo de soldagem (bai-
As vantagens do 316 sobre o 304 nesta forma de xos valores de carbono), ótima resistência à corro-
corrosão são muito limitadas. A corrosão sob tensão são por pites e em frestas (altos valores de cromo e
é conhecida como o calcanhar de Aquiles dos aços principalmente de molibdênio), melhor resistência à
inoxidáveis austenitícos, principalmente os que con- corrosão sob tensão que o 304 e 316 ( alto conteúdo
têm entre 8 e 10% de níquel. Um grande aumento de níquel). Além disso, os valores elevados do níquel
no teor de níquel diminui o risco de corrosão sob e molibdênio (e também a presença de cobre), me-
tensão. É muito importante observar que os Aços lhoram a resistência à corrosão em meios ácidos.
inoxidáveis ferritícos são imunes a esta forma de
corrosão. (Figura 2).

A quantidade máxima de carbono nos aços 304,


316 e 317 é de 0,08%. Quando estes materiais são Para evitar problemas de corrosão associados a
submetidos a uma determinada temperatura que sensitização do material, como já foi visto, se reduz

TIPOS DE AÇOS INOXIDÁVEIS


à quantidade de carbono, mas, às vezes, quando a Mesmo que os aços austeníticos não sejam mag-
corrosão não e uma ameaça, teores mais altos de néticos, depois de um processo de estampagem, ou
carbono podem desempenhar um papel benéfico. em conformação a frio, como laminação, nas partes
Os aços 304H e 316H são semelhantes aos tipos que sofreram maior deformação, pode ser observa-
304 e 316, com a diferença, que, nos tipos H, o do um certo caráter magnético.
carbono mínimo é de 0,04%. São aços utilizados
em altas temperaturas nas quais ocorrem precipi- Isto é conseqüência da transformação parcial
tações de carbonetos de cromo. Uma fina rede de da austenita em martensita, que ocorre por de-
carboneto de cromo precipitado ajudará estes aços formação a frio. Reduções nos valores de níquel
a conservar melhor as propriedades mecânicas em (quando comparamos com o 304), diminuem a
altas temperaturas. estabilidade da austenita, permitindo uma maior
formação de martensita na laminação a frio. Isto
é utilizando para fabricação de aços inoxidáveis
Aumentos significativos de cromo e níquel, com no para aplicações estruturais, com é o caso do aço
aço 310 (25%Cr-20%Ni), aumentam consideravel- 301 (com valores aproximadamente de 17% de
mente a resistência à oxidação em altas tempera- cromo e 7% de níquel), que é fabricado vendido
turas porque a temperatura de descamação passa na condição de laminado (sem tratamento tér-
a ser maior. Trabalhando em contato com o ar, o mico posterior) com diversos graus de dureza e
aço 304 é recomendado em serviços contínuos até propriedade mecânicas.
temperaturas de 925°C, porque para temperaturas
maiores, os óxidos formados começam a se des-
prender provocando novas oxidações de material Também utilizados em aplicações estruturais, os
ficando sem uma barreira de óxido que o defendia. casos da série 200 são o resultado de uma substi-
tuição parcial de níquel por manganês. A resistência
á corrosão destas ligas (Fé-Cr-Ni-Mn) é inferior a
Eventos sucessivos de formação de uma camada
dos aços equivalentes da série 300.
de óxido e descamação da mesma, vão reduzindo
a espessura do material. Nas mesmas condições, o
Nos austeníticos, há também uma versão do 304
Aço 310 resiste a temperatura de 1.150°C. É um
com alto enxofre, para melhorar a usinagem: o aço
dos aços inoxidáveis refratários, dos quais podemos
303. É fabricado somente como produto não plano.
mencionar também o 314 que , além de altos valo- 13
res de cromo e níquel, possui também um elevado
conteúdo de silício.
Grandes aumentos de níquel nos levam ás ligas
Ni-Fe-Cr, onde o elemento em maior porcentagem
O aço 304 pe uma material com excelente ducti-
já não é ferro e sim níquel. São conhecidas como
bilidade, em alguns casos, de estampagem muito
ligas a base de níquel (não são classificadas como
profunda, um aumento no níquel permite melhorar
aços inoxidáveis) e possuem excelentes resistên-
ainda mais estas características. Com esta finalida-
cia à corrosão em muitos meios e em altas tem-
de tem sido desenvolvido o aço 305.
peraturas.

METALURGIA DO AÇO INOX


5. TIPOS DE ACABAMENTOS EM AÇOS
INOXIDÁVEIS
A norma ASTM A – 480 define os acabamentos
mais utilizados nos aços inoxidáveis. Dentro desta
Quando se especifica um aço inoxidável, o acaba- norma encontramos os seguintes acabamentos:
mento é um dos aspectos relevantes que devem ser
considerados. O acabamento possui uma importante
influencia em algumas características do material, • Laminado o quente, recozido e decapado: A
como por exemplo, na facilidade da limpeza e na superfície é um pouco rugosa e fosca. Pode ser
resistência à corrosão. Em determinadas aplicações, submetido a outras operações de acabamento,
uma superfície polida transmitirá a idéia de que os como o lixado.
aços inoxidáveis são materiais “limpos” e de que são
limpos com facilidade. Em outros, o acabamento com
maior rugosidade poderá ter um impacto estético que • Laminado a frio, recozido e decapado: Muito
favorecerá as vendas de um determinado produto. menos rugoso que o acabamento anterior, mas
tem uma superfície fosca. Não são aplicados por
exemplo nos aços 430. Conhecido como 2D.
Superfície com baixa rugosidade terão, na maioria
dos casos, um efeito favorável na resistência à cor-
rosão, mas tratando-se de corrosão sob tensão, um • Laminado a frio, recozido e decapado, segui-
jateamento da superfície poderá ser uma grande do de um ligeiro passe de laminação em la-
ajuda na resistência do material. Operações de em- minador com cilindros brilhantes (skin pass):
butimento profundo também são influenciadas pelo Apresenta um brilho superior ao acabamento 2D
acabamento do aço inoxidável. e é mais utilizado entre o acabamento de lami-
nação a frio. Conhecido como 2B.
Há grande variedade de acabamento. A definição
dada a cada um deles enfrenta certas dificuldades,
devido que, com o mesmo nome, dependendo dos
14 fabricantes, podendo ter coisas diferentes: a contami-• Laminado a frio com cilindros polidos e re-
nação química do banho de decapagem, a rugosida- cozidos em forno de atmosfera inertes: Su-
de dos cilindros de laminação, a grana e estado das perfície lisa, brilhante e refletiva. A atmosfera
lixas utilizadas, fazem com que o aspecto superficial do forno pode ser de hidrogênio ou misturas de
do material não seja o mesmo entre os diferentes fa- hidrogênio e nitrogênio. Conhecido como BA.
bricantes e inclusive entre um mesmo fabricante.

O mesmo acabamento tem um aspecto diferente


para cada tipo de aço inoxidável (o aspecto superfi- • Material lixado em uma direção: Normalmen-
cial de um 430 e de um aço 304 é diferente, mes- te o lixamento é feito com abrasivos de grana
mo tendo mesmo acabamento). E mesmo sendo o aproximadamente 100 mesh.
mesmo tipo de aço, o acabamento pode ser diferen-
te, dependendo de espessura (materiais mais finos
são sempre mais brilhantes). • Material lixado numa direção com abrasivos de
grana de 120 e 150 mesh: É acabado com rugo-
sidade menos que o acabamento citado acima.

• O material com acabamento lixado em uma


direção com abrasivos de grana 120 e 150
mesh, acabado com panos embebidos com
patas abrasivas e óleo: O aspecto é fosco, sa-
tinado, com refletividade ao acabamento ante-
rior. O acabamento não é realizado em apenas
uma direção variando o aspecto de acordo com de acabamentos como:
o tipo de pano utilizado.
• RF (Rugger Finish): Obtido com lixas, com gra-
na entre 60 e 10 mesh: A aparência é de um
• Acabamento com alto brilho: A superfície é po-
lixamento com alta rugosidade.
lida, mas conserva algumas linhas de polimento,
alem de obter um alto grau de refletividade.
• SF (Super Finish): Acabamento do material
com lixas com grana de 220 a 320 mesh. É um
• Acabamento espelho: A superfície é polida lixamento de baixa rugosidade.
com abrasivos cada vez mais finos até que to-
das as linhas de polimento desapareçam. É o • ST (Satin Finish): Acabamento com Scoth Brite,
acabamento mais fino que existe e permite que sem uso de pastas abrasivas. O material possui
os aços inoxidáveis sejam usados como espelho. rugosidade e sua aparência é fosca.
Também utilizados em refletores.
• HL (Hair Line): Material com acabamento em
linhas continuas, realizado com lixas com grana
de até 80 mesh.
• Acabamento TR: acabamento obtido por lami-
nação a frio ou por laminação a frio com recozi- • BB (Buffing Bright): Polimento feito com granas
mento e decapagem de maneira que o material que variam entre 400 e 800 mesh. É um mate-
tenha propriedades mecânicas especiais. rial muito brilhante e com pouca rugosidade.

Todos os tipos de acabamentos realizados acima


são realizados dentro do processo de fabricação
A Acesita não fabrica todos os tipos de acabamen-
do aço, ou em centros de serviços especializados,
to especificados nos aços inoxidáveis, mas seus
como mostra a Figura 4.
centros de serviços possuem uma grande gama

15

Figuras 4

METALURGIA DO AÇO INOX


6. FENÔMENOS DA CORROSÃO
A seleção de um material com resistência à corrosão Todos os metais e ligas estão sujeitos a manifestar
inadequado a uma aplicação específica pode ser um qualquer destas formas de corrosão. Os problemas
erro de alto custo. Os prejuízos diretos e indiretos que de corrosão em aços inoxidáveis em aplicações ar-
podem advir do processo corrosivo estão relacionados quitetônicas são praticamente inexistentes, pela sua
ao superdimensionamento para suportar a corrosão, à reconhecida capacidade de resistir ao ataque dos
substituição do equipamento corroído, à perda do pro- agentes poluidores existentes nos grandes centros
duto devido a vazamentos, contaminação de produtos urbanos, nas indústrias e nas proximidades da orla
e/ou ambientes, etc. marinha. Caso sejam especificados corretamente
para cada ambiente, não deverão apresentar pro-
blemas sérios de corrosão.
A corrosão pode se manifestar de duas formas
principais:
Contudo, problemas de corrosão poderão acontecer,
mesmo nos aços inoxidáveis, provenientes de proje-
Corrosão geral: É o tipo de corrosão que ocorre em
tos mal concebidos. São os casos das corrosões por
toda a superfície do metal à velocidade uniforme.
frestas e por efeito de par galvânico.

Corrosão localizada: Tipo de corrosão que ocorre


somente em uma área restrita.

A Sensitização e a Corrosão Intergranular (intercristalina)

16 Alguns aços inoxidáveis austeníticos, quando aque- para os contornos de grão (Figura 5). Dessa forma,
cidos na faixa de temperatura compreendida entre uma grande quantidade de cromo é removida de

420 e 870ºC, então sujeitos ao fenômeno conheci- uma faixa relativamente estreita e a conseqüência
do como sensitização. é uma fragilização desta região que pode ficar com
até 2% de cromo.
Nessa temperatura, pela grande afinidade, o cromo
e o carbono se combinam formando o carboneto de
Essas regiões descromizadas, desde que tenham
cromo (Cr23C6), que se precipita preferencialmente
menos de 10,5% de cromo, não são mais inoxidá-
veis e deixam de resistir ao ataque de determinados
meios agressivos. Como conseqüência, tem-se um
ataque localizado nos contornos de grãos, razão
Região Descromizada
(Cr < 11%)
pela qual a corrosão assim promovida é conhecida
como corrosão intergranular.

18% Cr Na região termicamente afetada pelo cordão de


solda, existem faixas submetidas às temperaturas
Precipitação críticas que levam à ocorrência de corrosão inter-
Cr26C6

granular em determinados meios, em duas faixas


paralelas e próximas ao cordão de solda.
Figura 5 – Empobrecimento do Cr
Nas juntas soldadas há sempre uma região da ZAC A corrosão intergranular ocorre em uma faixa pa-
(zona afetada por calor) está sujeita à faixa de sen- ralela e próxima e na região que ficou aquecida por
sitização e, dependendo da velocidade de resfria- mais tempo na faixa crítica, mas não adjacente ao
mento, o tempo de permanência pode ser suficiente cordão de solda.
para provocar a precipitação de carbonetos de cro-
mo, como mostra a Figura 6.

Zona Afetada pelo Calor Zona de Fusão Metal Base

ZF
ZAC
MB

Figura 6 – Figura esquemática de uma junta soldada.

A Solução do Problema da Sensitização

Para solucionar o problema da sensitização, exis- sensitização, nem sempre é possível, devido ao ta-
tem três formas distintas e com particularidades, manho e forma de certas peças e equipamentos. 17

por isso devem ser aplicadas de acordo à necessi- Nos anos 30, outra solução foi encontrada para se
dade de cada um, levando em conta sempre alguns evitar o problema de sensitização, ou seja, a utiliza-
fatores, como, a forma e dimensão da peça. ção de estabilizadores. O titânio, adicionado como
elemento de liga inibe a formação de carbonetos
de cromo devido ao fato de ter uma afinidade maior
Através da austenitização, é uma técnica utilizada pelo carbono que o cromo. Assim precipita-se o car-
para recuperar um aço inox austenítico sensitizados. boneto de titânio e o cromo permanece em solução
Deve-se aquecer o material a uma temperatura de sólida. Com a mesma finalidade pode ser utilizado
aproximadamente 1100ºC, seguida de resfriamento o nióbio. Tanto o titânio quanto o nióbio são estabi-
rápido. Em temperaturas superiores a 1050ºC, os lizadores do carbono e os aços inoxidáveis assim
carbonetos de cromo formados, por exemplo, du- obtidos (por exemplo, tipo AISI 321 e AISI 347) são
rante uma operação de soldagem são rapidamente conhecidos como aços inoxidáveis estabilizados.
dissolvidos, o carbono e o cromo ficam novamente
em solução sólida. Se o tratamento a altas tem-
Uma terceira alternativa, introduzida em 1947, atu-
peraturas é seguido de um rápido resfriamento, a
almente mais utilizada, é a redução do teor de car-
precipitação de carbonetos não acontece porque o bono nas ligas austeníticas. Quanto maior é o teor
cromo e o carbono não dispõem de tempo suficien-
de carbono do material, maior também é o teor de
te para se combinarem novamente. A técnica de se
cromo removido da solução sólida e, conseqüente-
tratar termicamente um material para eliminar as

METALURGIA DO AÇO INOX


mente, maior será a susceptibilidade de ocorrer a que, eventualmente poderá precipitar, não é sufi-
corrosão intergranular. ciente para remover grandes quantidades de cromo
da solução sólida.
O limite de solubilidade do carbono na austenita é
de 0,02%. Logo, mantendo-se o carbono abaixo
desse teor, a formação de carboneto de cromo nãoHoje, os aços inoxidáveis austeníticos extra baixo
será possível. Assim, surgiu o aço inoxidável AISI carbono tem substituído os aços estabilizados em
304L e AISI 316L, com o teor máximo de carbo- muitas aplicações, com grandes vantagens em
no de 0,030%. O excedente de 0,01% de carbono muitos casos.

Corrosão sob Tensão

Este tipo de corrosão afeta os aços inoxidáveis aus- vos e de uma tensão mecânica, como produzida por
tenítico submetidos a tensões e à presença de cer- uma deformação a frio.
tos elementos corrosivos, como cloretos e sais de
metais alógenos (cloro, flúor e bromo) em solução
aquosa ou mesmo em vapor. As principais características da corrosão sob tensão
são:

• As trincas podem ser intergranulares ou trans-


gulares dependendo do tipo de material. Pode
ainda ser ramificada ou não.

• A um tempo de incubação, em que a trinca se


18 forma, mas não aparece. A seguir programa-se

rapidamente.

• O oxigênio acelera a corrosão sob tensão.

• A velocidade de corrosão é muito lenta quando


o teor de níquel vai a mais de 40% ou desce a
menos de 5%.

• Uma grande pureza de metal é um elemento fa-


Figura 7 vorável à resistência à corrosão sob tensão.

Esse tipo de corrosão não é específico das juntas • A estrutura também contribui. Os aços austeno-
soldadas, mas a soldagem pode contribuir indireta- ferríticos resistem melhor que os austenítico.
mente, pelas tensões residuais de tração, resultante
dos diferentes ciclos térmicos dos diferentes pontos • Em caso de dúvidas é sempre aconselhável testar
de uma junta soldada. Estas tensões são, por si só, espécimes contendo soldas, nos meios onde o ma-
suficientes para provocar o fenômeno, uma vez que terial vai trabalhar, sujeitos às tensões de trabalho.
são da ordem do limite de escoamento do material.

Outra forma muito comum de se ocorrer este tipo A corrosão sob tensão pode ser reduzida ou preve-
de corrosão, por exemplo, é quando o material se nida por medidas como:
encontra sob a ação simultânea de agentes corrosi-
• Diminuição do nível de tensões, por exemplo,
através de um tratamento térmico de alivio de

FENÔMENOS DA CORROSÃO
tensões. Em aços austenítico, este tratamento é aços inoxidáveis podem ser substituídos por li-
normalmente feito entre 900 e 1000ºC; gas mais ricas em níquel ou por aços inoxidáveis
que não contenham ou que contenham menor
• Eliminação do componente ambiental crítico; quantidade de níquel;

• Substituindo a liga, se não for possível atuar no


ambiente nem reduzir o nível de tensões. Os
• Aplicando proteção catódica.

Corrosão por Pites

Em determinados meios, notadamente aqueles que


contêm cloretos, os aços inoxidáveis austeníticos,
ferríticos e martensíticos mostram propensão a uma
outra forma de corrosão, chamada corrosão por pi-
tes. É um tipo de corrosão extraordinariamente lo-
calizada, na qual, em pontos discretos da superfície
dos materiais, o meio agressivo consegue quebrar
o filme passivo protetor para depois progredir em
profundidade e em volume. Conforme a Figura 8.

Ocorrendo em dois estágios, iniciação e crescimen-


to, o último é um processo auto-sustentável, isto é,
cresce continuamente independente da necessida-
de de novos ataques agressivos. Embora a perda de
massa possa ser insignificante em um processo de Figura 8 19
corrosão por pites, é uma forma de corrosão muito
grave já que muitas vezes um pite é suficiente para corrosão, é introduzido o molibdênio como elemento
paralisar um equipamento. de liga nos aços inoxidáveis. O aço AISI 316 é uma
variação do aço AISI 304, contendo um mínimo de
2% de molibdênio, cuja presença permite a forma-
ção de uma camada passiva mais resistente a es-
Para diminuir a susceptibilidade a estas formas de sas formas localizadas de corrosão.

Corrosão Localizada em Frestas

A corrosão por frestas pode ser considerada como No entanto, a existência de uma fresta é necessá-
uma corrosão superficial por pites. O aspecto da ria para a ocorrência do fenômeno, alem de meios
corrosão por frestas é freqüentemente semelhante agressivos com cloretos (Figura 9).
ao da corrosão por pites e seu crescimento verifi- Este tipo de corrosão está associado a pequenos
ca-se também por um processo auto-sustentável. volumes de soluções agressivas (por exemplo,

METALURGIA DO AÇO INOX


cloretos na orla marinha) estagnados em poros,
superfícies de vedação, juntas superpostas, fres-
tas associadas a parafusos e a cabeça de rebites.
A falta de oxigênio e a acumulação de agentes
agressores são as causas fundamentais deste
tipo de corrosão. Para evitar este tipo de corrosão,
deve-se fazer as seguintes observações:

• Juntas soldadas de topo em vez de rebites;


• Fechar as frestas existentes nas junções com
soldas contínuas;
• Evitar os ângulos vivos e áreas possíveis de es-
tagnação;

• Usar material de vedação não absorvente.


Figura 9

Corrosão Galvânica

Os aços inoxidáveis não são aplicados somente tensidade, tornando-se anódico. A força impulsora
como elemento arquitetônico, mas também como para a circulação da corrente e, conseqüentemente
diversas outras aplicações pode ser combinado com da corrosão, é a diferença de potencial entre os dois
vários outros materiais metálicos e não metálicos, metais.
seja como revestimento de fachadas, esquadrias
para janelas, ou mesmo esculturas.
20
A relação entre as áreas catódicas e anódica de
um par galvânico é outro efeito a ser considerado.
Uma relação de área desfavorável consiste em um
As soluções envolvendo aço inox e outros metais grande catodo e um pequeno anodo. A maior den-
são possíveis, mas requerem cuidados especiais sidade de corrente na área anódica gera uma maior
para se evitar a formação de par galvânico. taxa de corrosão no anodo, para manter o equilíbrio
elétrico entre as reações catódicas (de proteção) e
anódica (de corrosão).
O par galvânico ocorre quando dois metais desse-
melhantes estão em contato na presença de um
eletrólito. A diferencia de potencial entre ambos, em
função de um meio corrosivo ou de uma solução Portanto, quando for necessário o contato de dois
condutora, produzirá um fluxo de elétrons entre eles. metais dessemelhantes, deve-se prever um isola-
O material menos resistente corroerá com maior in- mento entre ambos.

FENÔMENOS DA CORROSÃO
Métodos para a prevenção e combate à corrosão galvânica

• Selecionar os materiais metálicos de modo que aços inoxidáveis, os metais de adição de alto
estejam mais próximos na série galvânica. teor de cromo e níquel são necessários para
compensar as perdas por oxidação preferencial.
• Evitar o efeito de área desfavorável, evitando pe-
queno anodo e grande catodo. • Projetar partes anódica facilmente substituíveis
ou fazê-las mais espessas para se ter uma vida
• Isolar materiais metálicos dessemelhantes onde útil maior.
for possível, aplicando, por exemplo, revestimen-
to à base de epóxi.
• Aplicar um terceiro metal que seja anódico a
ambos os metais em contato.
• Nas juntas soldadas, o cordão deve ter compo-
sição química similar ao metal base. No caso de

Corrosão em Temperaturas Elevadas

A resistência dos aços inoxidáveis a corrosão em dos aços, pois a presença de contaminação pro-
temperaturas elevadas é condicionada por uma sé- duz um abaixamento considerável da tempera-
rie de fatores, como o meio circundante, o processo tura de oxidação.
de fabricação da peça ou equipamento, o ciclo de
operação, etc. A seguir apresentamos em linhas ge-
rais a ação de alguns agentes agressivos sobre o • Gases Redutores em Geral: A presença de ga-
aço inoxidáveis em altas temperaturas. ses redutores em temperaturas elevadas afetam
os aços inoxidáveis por diversos modos e assim 21
cada caso deve ser estudado separadamente.

• Ar e Gases Oxidantes em Geral: O ataque por


gases oxidantes é provavelmente a causa mais Gases Sulfurados
freqüente de corrosão dos aços inoxidáveis em
temperaturas elevadas. O ataque provoca a • Oxidantes: estes gases são geralmente menos
partir de certa temperatura a formação de uma nocivos que os redutores. Entretanto, sua pre-
espessa crosta de óxido. Essa temperatura é sença produz um abaixamento de 100 a 200°C,
fortemente afetada pela composição de gases o eventualmente mais, na temperatura de oxi-
presentes. As temperaturas de oxidação, em dação dos aços inoxidáveis isentos de níquel ou
serviços contínuos e em serviços intermitentes, baixo teor desse elemento.
mencionadas em catálogos de aços inoxidáveis,
são normalmente determinadas em ar atmosfé-
rico praticamente puro, sobretudo isentos de ga-
ses sulfurados e devem ser considerados como • Redutores: Estes gases são altamente corro-
indicação orientativa. É muito importante levar sivos, sobretudo para os aços inoxidáveis que
este fato em consideração na fase de seleção contém níquel. Por este motivo os aços inoxi-
dáveis austenítico não são recomendados para
aplicações que envolvem a presença de gases
sulfurados redutores.

METALURGIA DO AÇO INOX


7. MANUSEIO E ESTOCAGEM
Os aços inoxidáveis assim como outros tipos de aços inoxidáveis em operações de lixamento (ou
material, exigem cuidados ao se fazer o manu- mesmo sendo adequados foram utilizados antes
seio e se estocar, observando sempre os cuidados em aço carbono).
essenciais e as particularidades existentes entre
cada tipo de material.
Em um processo de produção nem sempre é pos-
sível se evitar possíveis contaminações, com isso,
deve-se identificar se seu material está contamina-
O aço inox, no processo de manuseio e estocagem do, antes que os produtos sejam entregue ao clien-
possui particularidades mais distintas, pois pode so- te, pois a oxidação demora, dias, meses e até anos
frer danos irreparáveis em sua superfície. A principal para aparecer, com isso você estará fornecendo um
delas é a contaminação por impurezas, seja pela ma- produto de má qualidade. Para evitar que isso ocor-
nipulação do aço inox com equipamentos utilizados ra é necessário que se aplique um teste de Ferri-
no manuseio de outros aços ou estocagem em áreas cianeto de Potássio, para identificar se seu aço está
sujas, podendo assim comprometer a sua resistên- contaminado ou não.
cia a corrosão pela aderência de partículas em sua
superfície. A aderência de impureza evita o contato
Para realização de teste são necessários, água des-
do cromo do aço com o oxigênio do ar, conseqüente-
tilada, ácido nítrico e o ferricianeto de potássio, nas
mente evitando a formação da camada passiva.
seguintes proporções:

O principal agente de contaminação dos aços ino- • 100 ml de água destilada;


xidáveis é o Aço Carbono, devido sua grande quan-
• 20 ml de ácido nítrico (65%);
tidade de óxidos gerados pelos elementos de sua
composição. A contaminação pode ocorrer de va- • 30 g de ferricianeto de potássio.
rias formas, como:

22
Se existir contaminação se forma um produto de cor
• Contato direto entre aço inox e aço carbono;
azul intensa (azul de Prússia), que é o ferricianeto
de potássio.
• Utilização de equipamentos de corte ou confor-
mação que trabalham indistintamente com aço
carbono e aço inoxidável;

Para se eliminar a contaminação identificada no


• Esmerilhamento de aço carbono nas proximida- processo anterior deve-se utilizar um gel ou pasta
des de aços inoxidáveis; decapante ou de preferência deixar o material de
20 a 30 minutos em uma solução de ácido nítrico
15/20%. Depois lavar com água e sabão neutro.
• Utilização de abrasivos não adequados para os
Manuseio

Ao se fazer o manuseio do aço inoxidável deve-se


observar alguns cuidados essenciais para evitar da-
nos ao material, como:

• As chapas de aço inox não devem ser arrastadas


nem colocadas umas sobre as outras sem a de-
vida proteção.(Figura 10)

• Manuseie com cuidado e evite danificar a super- Feltro ou Papel


fície e a forma do material;
Figura 10
• As chapas devem ser separadas e calçadas com
bloco de madeira, papel ou plástico, permitindo
sua movimentação sem causar danos mecâni-
cos à superfície.(Figura 11)

Para evitar a contaminação deve-se:


• Proteger as máquinas e equipamentos com plás-
tico, madeira ou feltro nas regiões que ficam em
contato com bobinas ou chapas de aço inox (evi-
tar marcas no material);

Figura 11 23
• Limpar os equipamentos e acessórios de manu-
seio antes de sua utilização;

• Para transporte de chapas ou bobinas utilizar


cintas de material sintético no lugar de correntes
de aço. Como mostra a Figura 12.

• Materiais de pequenas espessuras, laminados


a frio apresentam um acabamento superficial
de melhor qualidade, com acabamento inerente
ao processo de produção. O manuseio destes
Figura 12
produtos exige uso de luvas limpas (Figura 13),
evitando que os dedos deixem marcas. Caso
isso ocorra, as marcas só podem ser removidas
com solvente orgânico suave, seguindo de lim-
peza com uma solução morna de detergente. A
remoção das manchas termina com enxágüe
cuidadoso, feito com água limpa e posterior se-
cagem do material.

Figura 13

METALURGIA DO AÇO INOX


Estocagem

No processo de estocagem deve-se ter cuidado, • A contaminação por óleo ou graxa também
tanto quanto com o manuseio do aço inox, levando deve ser evitada;
em consideração as formas corretas, para se adotar
o procedimento correto. • Recomenda-se cobrir o inox estocado.

O que fazer para evitar danos e


contaminação ao material:

• As chapas que forem separadas para uso posterior


devem ser mantidas afastadas do piso e isoladas por
pallets de madeira.(Figura 14)

• Use sempre luvas para desempenhar as atividades


relacionadas a operação de estocagem;

• Conservar sempre que possível a embalagem


plástica; Figura 14

• Manter o estoque sempre coberto, limpo e seco;

• Se pacotes de chapas são empilhados, empilhar no


máximo quatro pacotes (Figura 15);

24
• Manter o estoque sempre longe de outros ma-
teriais;

• Estocar chapas de aço inoxidável em prateleiras de


aço carbono colocando madeiras separadoras entre
o aço inoxidável e as prateleiras.

Figura 15
Como estocar, evitando contaminação
Prevenção contra umidade
• Depósitos de poeira na superfície das chapas podem
causar manchas de ferrugem, caso contenham par-
tículas de materiais ferrosos (ferro ou aço). O mesmo • A umidade também pode danificar o aço inox,
acontece com partículas de poeiras em suspensão originando manchas na sua superfície. Estas
resultantes do esmerilhamento de aços carbono; manchas não indicam necessariamente indícios
de comprometimento na resistência à corrosão
do aço inox, entretanto podem prejudicar a sua
aparência, além de serem de difícil remoção.
• A camada de poeira também pode absorver sais
agressivos, especialmente em atmosferas marinhas • Evite estocar em áreas vulneráveis a goteiras ou
ou industriais. A contínua absorção e evaporação de gotejamento decorrente de condensação. Caso
qualquer umidade levam ao aumento da concentra- aconteça, podem levar a manchas na superfície
ção destes sais e a camada de poeira pode vir a ser das chapas e placas: as gotas provenientes da
um meio de corrosão muito agressivo;

MANUSEIO E ESTOCAGEM
condensação formada em tetos galvanizados As chapas e bobinas saem da usina siderúrgica,
podem conter traços de zinco e as manchas embaladas com plástico de proteção, que deve ser
deste material somente são removidas da su- mantido o maior tempo possível, ajudando a preve-
perfície do aço inox por processos mecânicos nir danos no período entre a entrega e o momento
ou polimento. de uso do material. Quando o material for fornecido
com aplicação de PVC (filme para proteção de po-
lietileno) este material não deverá ser exposto dire-
tamente à luz do sol por longos períodos, podendo
ocorrer aderência do plástico à superfície do aço.
Procedimentos corretos de estocagem de chapas e
bobinas de aço inox são fundamentais para manter
inalteradas as características estéticas e de resistência
à corrosão necessária as suas aplicações finais.

8. CONFORMAÇÃO
A conformação em aços inoxidáveis é um dos proces- perfis, tubos, pias, cubas, mesas de fogão, etc.
sos no qual se deve ter muita atenção e cuidado para
que não ocorra nenhuma deformação na superfície
do material. Por isso assim como toda atividade reali- Aço inox e sua Conformação
zada deve ter cuidados e procedimentos corretos.
Cada tipo de aço inox recebe os processos de con-
formação de uma maneira diferente, ressaltando
que todos podem ser conformados.

Defini-se conformação como um conjunto de téc-


nicas, procedimentos necessários para transformar Com isso, para realização de etapas do processo 25
uma superfície plana – chapa - , por exemplo, um de fabricação, são necessárias algumas atividades
produto de utilização definidas, como: cantoneiras, preliminares, a principal delas é a traçagem.

Traçagem
A traçagem faz parte do conjunto de atividades que esquadro, transferidor de grau, etc.
antecedem as operações de conformação. Trata-se
de marcação de curvas, retas ou pontos sobre a Todos os instrumentos devem ser guardados em
chapa para visualização dos locais a serem corta- locais adequados, sempre limpos e nunca em con-
dos, furados ou dobrados. tato com aço carbono.

Para se realizar a operação de traçagem são utiliza- Quando em uso, nunca devem estar empilhados
dos os seguintes equipamentos: bancada de traba- sobre a chapa a ser traçada, para evitar acidentes e
lho, riscador, compasso, punção, régua graduada, risco desnecessários à chapa.

METALURGIA DO AÇO INOX


Instrumentos para traçagem

Bancada de trabalho
É uma mesa de trabalho onde serão executadas
as operações de traçagem. Ela deve estar sempre
limpa, ser plana e estar forrada com feltro ou bor-
racha. Suas dimensões devem estar adequadas ao
operário e superiores às dimensões das chapas que
serão traçadas. Após o uso, a bancada sempre deve
ser limpa e coberta para evitar qualquer tipo de con-
taminação. Desta forma, estará sempre pronta para
o uso futuro.

Riscador e compasso
Devem ser de aço inox temperado ou no mínimo ter
a ponta em aço inox. Em traçagem que não neces-
sitem precisão, podem ser substituídos por caneta
(caso a chapa de aço inox esteja revestida com fil-
me de polietileno).

Existem dois tipos de compassos: O compasso de


centrar e o compasso de ponta.
26
Figura 16
O compasso de centrar é utilizado para determinar
centros de furos ou peças em geral, utilizando a
face da chapa como referencia. quando se puncionar o furo. É preferível utilizar pun-
ção com ponta em pirâmide triangular (Figura 17)
em vez de punção cônico.
O compasso de ponta (Figura 16), tem um formato
mais comum, e é utilizado para traçar arcos e cir-
cunferências, além de transportar medidas. Réguas, esquadros e transferidor de grau.
A régua, esquadros e transferidor de grau (Figura
18) são instrumentos que devem ser de aço inox e
limpos diariamente. Esta limpeza, como qualquer
Punção
equipamento a ser utilizado no processamento
O punção poderá ser de aço liga temperado, facil- do aço inox deve ser realizada antes de qualquer
mente encontrado no mercado, pois o local onde é atividade, visando evitar a possível contaminação
feita a marcação será eliminado com o furo. Deve- do material.
se evitar o encruamento da zona a ser perfurada

CONFORMAÇÃO
Figura 17

27

Figura 18

METALURGIA DO AÇO INOX


Processos de Conformação
Conceitos básicos
Os processos de conformação dos diversos metais ção, equipamentos mais robustos para conformar
são realizados a partir de suas respectivas carac- as mesmas espessuras.
terísticas mecânicas. Particularidades relativas ao
comportamento estrutural de cada liga metálica
definem os esforços mínimos necessários para o Porém, em grande parte dos casos, o maior grau
dimensionamento dos equipamentos e ferramentas de encruamento dos aços inoxidáveis pode ser com-
a serem utilizados. pensado pela sua excelente resistência à corrosão
atmosférica, viabilizando o emprego de espessuras
menores do que aquelas especificadas para os aços
carbono. E, com espessuras reduzidas, os compo-
nentes e peças de aço inox ficam mais leves e os es-
forços de conformação podem se aproximar daqueles
Com o aço inox não é diferente: os processos de sua
exigidos para a conformação dos aços carbono.
conformação mecânica são semelhantes aos dos
aços carbono, cuja tecnologia é de domínio geral.

As diferenças de comportamento mecânico existen-


te entre as duas ligas, aços carbono e aço inoxidá- Vale a pena enfatizar a absoluta necessidade de
vel definem diferentes parâmetros de utilização de se proceder a limpeza criteriosa dos equipamentos
equipamentos em cada caso. e ferramentas que processam simultaneamente
aços inoxidáveis e aços carbono. Neste caso, reco-
menda-se o uso de ferramentas exclusivas para a
conformação dos aço inoxidáveis,caso isto não seja
economicamente viável, é imprescindível adotar
28 a prática de limpar ferramentas antes de iniciar o
serviço. Em qualquer situação, é uma boa prática
A diferença de comportamento ao trabalho mecânico
conformar o aço inox com a película protetora de
a frio, demonstra que os esforços necessários para a
PVC ou polietileno.
conformação dos aços inoxidáveis são consideravel-
mente maiores que as exigidas para os aços carbono.

Uma das diferenças mais marcantes é o fato do


aço inox apresentar endurecimento sensível maior
que os aços carbono e exigir, para sua conforma-

Processos de Corte
Umas das principais atividades que englobam o pro- • Fusão – plasma e corte a laser.
cesso de conformação é o corte. Basicamente, os
processos de corte são operações que envolvem:
Corte por Cisalhamento
O corte por cisalhamento (Figura 19) é executado
• Cisalhamento – Guilhotina, tesouras e diversos colocando-se a chapa e/ou material a ser cortado
discos rotativos; entre duas facas de corte de aço especial. A faca
inferior é fixa e a superior é dotada de movimento
• Abrasão – Discos de corte, Serras de vários ti- ascendente/descendente. O esforço cortante é pro-
pos e corte por jato d’água;

CONFORMAÇÃO
Figura 19

duzido pelo movimento descendente da faca supe- bono, nota-se que, consegue-se cortar espessuras
rior que, ao penetrar no material a ser cortado cria:
menores que com aço carbono, devido a maior du-

• Uma zona de deformação; reza do material como mostra a Tabela 1.

• O corte por cisalhamento; Para diferentes dimensões e diferentes espessuras


dos aços inoxidáveis, existem diferentes tipos de
• Uma região fraturada com ruptura por tração; guilhotinas, como mostra na Tabela 2.
• Uma rebarba.

Tesoura 29
Equipamentos para
Corte por Cisalhamento Nem todos os cortes são lineares de forma serem
cortados em uma guilhotina, com isso existe tesou-
ra capazes de realizar o corte, seja ele linear, curvo
Guilhotina ou até mesmo com detalhes determinados.
A guilhotina é uma máquina de corte por cisalha-
mento, utilizados para cortar chapas de diferentes
espessuras e materiais. Assim como qualquer atividade existe algumas
particularidades, como o tipo de tesoura, de acor-
do com o tipo de corte necessário. Como mostra a
A capacidade de corte das guilhotinas quando se Tabela 3.
faz uma comparação entre o aço inox e aço car-

Tabela 1: Capacidade de corte: Reações entre aços carbonos e aços inoxidáveis


Material Espessuras (mm)

Aço Carbono 1,60 1,98 2,78 3,57 4,76 6,35 7,94 9,53 12,7 15,9 19,0 25,4

Aço Inox Austenítico 1,11 1,27 1,98 2,78 3,57 4,76 6,35 7,14 9,53 12,7 15,9 19,0

Fonte: Manual de Conformação dos Aços Inoxidáveis – Acesita

METALURGIA DO AÇO INOX


Tabela 2: Tipos de guilhotina

Tipo Descrição Capacidade


Para chapas
Executa corte em chapas de aço sobre um traçado ou com uso de com espessuras
limitador mecânico chamado de encosto, incorporado à máquina. O inferiores
conjunto de potência de uma guilhotina mecânica é constituído pelo a 13 mm e
Mecânica volante e uma embreagem que liga a coroa sem fim ao eixo e além de
comprimento
um mecanismo acionado pelo pedal. até 3000 mm

Apresentam cursos mais longos que a guilhotina mecânica. São


acionadas por um conjunto motor bomba que força o óleo para dentro Para capazes
do cilindro empurrando o pistão. O movimento do pistão aciona o com espessura
até 25 mm e
Hidráulica mecanismo que sustenta a faca superior. As guilhotinas hidráulicas comprimento até
são projetadas com capacidade de carga fixa. Não devem ser cortados
materiais que superem a capacidade de corte do equipamento. 4000 mm

Usadas exclusivamente para chapas finas: 1,2 mm de espessura


Pneumática x 1500 mm de comprimento

Fonte: Manual de Conformação dos Aços Inoxidáveis - Acesita

Tabela 3: Tipos de tesouras

Tipo Descrição Capacidade


30
• Largamente empregada em caldeiraria e serralharia, na execução
de
corte de chapas finas (e ≤ 1,2mm) e de pequenas dimensões (até
300mm).
Espessuras
• Para se evitar a formação excessiva de rebarbas deve-se sempre
Manual inferiores
manter
a 1,2 mm
ajustada a folga entre as facas de corte (3% da espessura da
chapa).
• Executa corte retilíneo com acabamento uniforme, com tempo e
custo de operação reduzido.
• Não deve ser utilizado em corte de barras e tubos.

• É uma máquina versátil, podendo corta peças em vários formatos,


permitindo a execução de peças especiais. Espessuras
Vibratória
manual inferiores
• Não exige esforço físico do operador, sendo necessários cuidados a 1,20 mm
e habilidade para não sair fora do traçado.

• Máquina tipo “pescoço de cisne” para corte em chapas finas


(e ≤ 3,0mm).
Espessuras
Vibratória • Corta de maneira semelhante à tesoura de uso domestico, com inferiores ou
Universal movimentos alternativos automáticos de vai e vem da faca superior. iguais a 3,0mm.
• Executa cortes pequenos ou grandes, circulares ou retilíneos em
qualquer ponto da chapa.

Fonte: Manual de Conformação dos Aços Inoxidáveis - Acesita

CONFORMAÇÃO
Corte por Abrasão

Corte por serras com espessura compreendida entre 1,60 e 6,35


mm de espessuras.
Os aços inoxidáveis podem ser cortados por todos
os tipos de serras, manuais e mecanizadas. Reco- • Para espessuras maiores, recomenda-se utilizar
menda-se o uso de lâminas de corte de aço-rápido lâmi-nas de dentes, grossos para facilitar a remoção
para qualquer tipo de equipamento. O corte é efetu- dos cavacos e prevenir entupimento.
ado em movimentos de vai e vem com amplitude e
velocidade adequadas, com o retorno em vazio para • Para garantir corte suave é necessário manter pelo
evitar um rápido endurecimento da superfície a ser menos dois dentes em contato constante com a
cortada. Recomenda-se uso de lubrificante (óleos peça a ser cortada.
para serviços pesados solúveis em água, dentre ou-
tros) para qualquer tipo de serra, exceto para o caso
de fita de fricção de alta velocidade. São os seguin-
tes tipos de serras disponíveis no mercado: Serra Mecânica
• Utilizada para cortes de seções relativamente
grossas, em trabalhos repetitivos ou não.
Serra Manual (Figura 20)
• O emprego de equipamento motorizado permite
cortes mais profundos por amplitude de corte e
• Utilizada para corte de peças finas e serviços requer o emprego de lâminas com dentes mais lar-
não repetitivos. gos, usualmente de 8 a 12 dentes por polegada.

• Recomendada-se lâmina de 32 dentes por po- • A velocidade de corte varia de 15 a 30 m/min,


legada para peças com até 1,60 mm de espes- dependendo da potência disponível e do tipo de
sura e de 24 dentes por polegada para material lâmina.

• A lâmina deve ser resfriada por mistura de óle-


os para serviços pesados solúveis em água.
31

Figura 20

METALURGIA DO AÇO INOX


Figura 21

Serra Fita (Figura 21) ser cortado (“cavacos”) com conseqüente aumento
32 de temperatura da zona cortada. Quando a espessu-
• Largamente utilizada para corte de aços inoxidá- ra da peça a ser cortada é muito grande, existe a ne-
veis. Executa cortes retos ou com contorno irregu- cessidade de serem utilizados fluidos de refrigeração.
lar tanto em chapas quanto em barras e tubos. Este tipo de corte pode ser executado por dois tipos
de equipamentos: Serras e Discos Abrasivos Para a
seleção do disco de corte mais adequado, deve-se
• O emprego de lâmina de aços, rápido possibilita considerar o tipo de material a ser cortado, a seção o
mais durabilidade e a utilização de velocidade de corte, o acabamento desejado e os equipamentos de
corte maior. corte disponíveis (corte refrigerado ou a seco).

• Nos modelos mais recentes, operam-se veloci-


dades de corte de 18 a 30 m/min para materiais
acima de 1,60 mm de espessura e de 30 a 58
m/min para materiais finos.
Aos especificar um disco abrasivo para realização
de corte, deve-se observar se os mesmos são pró-
• O corte em materiais trabalhados a frio, deverá
ser executado em velocidade menores. prios para aço inox ou se foram utilizados anterior-
mente no corte de aço carbono, devido à possibili-
dade contaminação do material utilizado.
Corte por discos abrasivos
O corte por abrasão é executado pela fricção de uma Para realizar o corte por abrasão, existem diferentes
ferramenta de corte no material a ser cortado. Neste tipos de máquinas e equipamentos de acordo com ne-
tipo de corte, são arrancadas partículas do material a cessidades estabelecidas, como mostra a Tabela 4.

CONFORMAÇÃO
Tabela 4: Máquinas de corte por abrasão

Tipo Descrição Capacidade


Discos com
Cut-off diâmetros
(Lizadeiras e São máquinas elétricas ou manuais, portáteis ou não. entre 250 e
Policorte) 400mm

Este tipo de máquina é equipada com mecanismo complementar.


Além de apresentar movimento de penetração do corte , apresenta Barras até 300
Oscilante também um movimento oscilante em outro sentido dentro de um mm
plano horizontal. Admitem uso de disco entre 350 e 850 mm de de espessura
diâmetro.

Esta máquina, além do movimento de penetração do disco sobre a Peças de


Horizontal peça, apresenta um movimento para frente e para trás ao longo do pequenas seções,
corte no plano horizontal. Admitem discos com diâmetros entre 300 menores ou
e 350 mm e servem para cortar vidro e materiais não-metalicos. iguais a 10 mm

Peças sólidas ou
Nesta máquina, ale,m de girar o disco de corte, a peça também é tubos de até 550
Rotativa
girada. Utiliza disco de dimensões pequenas entre 300 e 350 mm mm de diâmetro.
dediâmetro.

Fonte: Manual de Conformação dos Aços Inoxidáveis - Acesita

Corte por Fusão recionado através de metal. Tanto o arco elétrico


quanto o gás são forçados a passar com uma ve- 33
Corte por fusão pode ser encontrado de duas for- locidade e alta temperatura (30.000 C). Ao atingir
mas distintas. O corte a plasma e a laser. o material base, este é fundido e removido pelo
jato de gás.

Corte a plasma
O corte a plasma é um tipo de corte que foi desen- O corte a laser é utilizado onde ha necessidade de
volvido para substituir o corte por oxiacetileno (3000 alta produtividade, levando em consideração o aca-
°C) que é inadequado aos aços inoxidáveis, além de bamento gerado no processo. O valor de aquisição
apresentar velocidade de corte muito superior. do material é muito alto, havendo necessidade de
uma demanda de produção muito alta, para que o
investimento se torne viável. Por este motivo, exis-
O processo consiste em se estabelecer um arco tem centros de serviços em todo o país, permitindo
elétrico entre um eletrodo (catodo) e o material que o corte a laser se torne cada vez mais acessível
base a ser cortado (anodo). A ponta do eletrodo às empresas em geral.
fica embutida no bocal de gás que é refrigerado
por água ou ar. O gás de plasma é ionizado e di-

METALURGIA DO AÇO INOX


Processos de Furação

O processo de furação consiste em operações que faca superior por um punção com o formato de furo
envolvem os mesmos conceitos básicos dos pro- que se quer produzir e a faca inferior por uma matriz
cessos de corte: fixa. As folgas entre o punção e matriz não devem
ser superior a 10% da espessura do material (5%
por face) para impedir um escoamento excessivo
• Cisalhamento – puncionadeiras; do material para dentro da matriz. Para espessura
• Usinagem – furadeira de broca; abaixo de 1,00 mm a folga deve estar situada entre
• Fusão – plasma. 0,03 e 0,04 mm por face.

A escolha de um detreminado processo está direta-


mente relacionada a:
Com o objetivo de se reduzir a força de cisalhamen-
• Volume de produção (seriada ou artesanal); to necessária ao corte usa-se o artifício de usinar,
• Repetitividade desejada; no punção, uma inclinação em um ângulo tala que a
distância entre a ponta do punção e a sua parte reta
• Forma e dimensão da peça; seja próxima da espessura da chapa.
• Disponibilidade de recursos.

Furação por Cisalhamento Esta inclinação no punção tem também a finalidade


de concentrar a região de deformação na parte que
O mecanismo de furação por cisalhamento é idên- vai ser descartada (parte central), mantendo a parte
tico ao dos cortes por cisalhamento, substituindo a externa sem deformação. Conforme a Figura 22.

34
A geometria da superfície furada varia de acordo
com as folgas entre a matriz e o punção. Com au-

mento das folgas, aumenta-se o ângulo de fratura


e a rebarba formada pelo corte, e diminui a parte
polida (cisalhada). De acordo com as folgas ado-
tadas, definem-se 5 tipos de furos mostrados na
Figura 23.

Para aço inox, a folga especifica produz uma super-


fície furada tipo 4.

Na operação de seqüência de furos adjacentes,


deve-se levar em contra a distância mínima entre
furos, que não deve ser inferior à metade do diâ-
metro do furo.

Caso a chapa se deforme após o processo de fura-


ção, deve-se adotar algumas destas providências:
Figura 22

CONFORMAÇÃO
Figura 23

35

Figura 24: Equipamento utilizado na furação por cisalhamento

METALURGIA DO AÇO INOX


• Substituir aço inox recozido por aço inox ¼ duro; • O puncionamento do furo deverá ser feito com
punção de ponta piramidal e não muito profun-
• Utilizar punção plano ou; do para evitar endurecimento desnecessário da
parte a ser furado.
• Reduzir a folga matriz-punção.

É importante salientar que este tipo de furação é • É preferíveis usar guias de furação dotada de fol-
recomendado para furos de boa qualidade em pe- ga suficiente entre o embuchamento (da guia) e a
ças seriadas onde o custo do equipamento pode ser peça a ser furada (mínimo uma vez o diâmetro do
uma limitante. furo) de modo a não impedir o fluxo de cavacos.

• A furadeira deverá trabalhar a baixa rotação e


Furação por Usinagem (Figuras 25 e 26) deve-se utilizar broca de aço ferramenta (HHS)
com ponta de carboneto;
Furação por broca: o processo apresenta vantagens
de baixo investimento inicial e custo operacional
compatível aos serviços limitados e de pequena re- • O avanço deve ser suficiente para penetrar em-
petitividade onde não se justifica o desenvolvimento baixo da superfície endurecida a frio. Se for ne-
de ferramental. Ideal para pequenas empresas e cessário, reduza a velocidade e avanço pleno;
artesãos.
• Brocas com ângulo de hélice maior melhoram o
Para a execução de um furo perfeito, deve-se ob- fluxo de cavacos;
servar os seguintes itens:
• A lubrificação da ferramenta deve ser feita com
óleos minerais sulforizados ou óleos emulsificador.

36 Tabela 5: Tipos de furadeiras

Tipo Descrição Capacidade

Motor ≤ 1400 W
Furadeira Apresenta alta velocidade de corte. Não é indicada
portátil para furos acima de 7 mm de diâmetro em aços inoxidáveis.

Furadeira de Máquina utilizada para furação de peças pequenas com furos


bancada de até 16 mm de diâmetro, com curso de até 75 mm, Motor ≤ 2100 W
(Figura 25) dependendo do fabricante.

Furadeira de Empregada na para execução de furos de tamanhos médio


coluna (Figura com até 25 mm de diâmetro, com curso de até 250 mm, Motor ≤ 3500 W
25) dependendo do fabricante, com até 9 velocidades diferentes.

Para peças de grande parte com furos de até 100 mm


Furadeira radial de diâmetro, com o curso de até 500 mm, com mais de 9
(Figura 25) Motor ≤ 15000 W
velocidades diferentes e com avanço automático da broca.

Fonte: Manual de Conformação dos Aços Inoxidáveis - Acesita

CONFORMAÇÃO
Figura 25: Tipos de furadeiras utilizadas na furação por usinagem.

37

Figura 26: Tipos de ferramentas utilizadas na furação por usinagem.

Furação por fusão


A furação por plasma tem todos os seus parâme- ticularmente recomendado para chapas espessas.
tros idênticos ao corte por plasma já discutido. Esse O custo dos equipamentos e a geração de rebarbas
processo é utilizado para fazer furos formatos e ta- ao longo do perímetro de corte tornam-se limitantes
manhos diversos em locais de difícil acesso. É par- do processo.

METALURGIA DO AÇO INOX


Processos de Dobramento

O dobramento é uma operação onde ocorre uma Tabela 6 ilustra a relação entre o raio de dobra e o
deformação por flexão. Quando um metal é dobra- retorno elástico para diferentes tipos de aços ino-
do, a sua superfície externa fica tracionada e a in- xidáveis austenítico. Em relação aos austenítico os
terna comprimida. Essas tensões aumentam a par- aços ferríticos apresentam menor retorno elástico,
tir de uma linha interna neutra, chegando a valores porque apresentam menor encruamento.
máximos nas camadas externa e interna.

Tabela 6: Retorno elástico em dobramento de 90º


Em outras palavras, em um dobramento a tensão
varia de um máximo negativo na camada interna
Raio de Dobramento
para zero na linha neutra e daí sobe a um máximo
positivo na camada externa, como mostra a Figura Aços inoxidáveis
27. Desta forma, uma parte das tensões atuantes 1e 6e 20 e
na seção dobrada estará abaixo do limite de esco-
amento (LE) e outra parte supera este limite, confe- AISI 304 recosido 2° 4º 15º
rindo à peça uma deformação plástica permanente.
Uma vez cessado e esforço do dobramento, a parte AISI 301 meio recosido 4º 13º 43º
da seção que ficou submetida a tensões inferiores
ao LE por ter permanecido do domínio elástico, Fonte: Manual de Conformação dos Aços Inoxidáveis - Acesita
tende a retornar à posição anterior ao dobramento.
Com resultado, o corpo dobrado apresenta um pe- A espessura do material a ser dobrado determina a
queno “retorno elástico” (springback) que deve ser abertura da matriz.
compensado durante a operação de dobramento.

Admite-se como razoável trabalhar com aberturas


38 mínimas correspondentes a 8 vezes a espessura do
O retorno elástico (eleito mola) é umas função da material a ser dobrado.
resistência do material, do raio e ângulo de do-
bra e da espessura do material a ser dobrado. A
Por outro lado a abertura da matriz, normalmente
em “V”, vai definir o raio da dobra. Para aço car-
bono, o valor do raio da dobra equivale a 15% da
abertura da matriz.

Figura 27

CONFORMAÇÃO
Para os aços inoxidáveis, devido a seu maior encru- 28). O material nunca entra em contato com o fun-
amento, o valor do raio da peça deverá ser ligeira-
do da abertura em V da matriz. O raio interno de
mente superior a este valor.
uma dobra em vazio é função da abertura da matriz:
quanto maior for a abertura da matriz, maior será o
raio interno resultante. O curso do punção determina
O ângulo de dobra é determinado pelo cursor do o ângulo da dobra final, neste tipo de dobramento,
punção regulado diretamente na prensa viradeira. é possível produzir com um único conjunto de ferra-
mentas, virtualmente qualquer ângulo de dobra, de
180° até o ângulo da matriz.
A força necessária para se proceder ao dobramento
é função da largura do material a ser dobrado (com-
primento de dobra) e da abertura da matriz. Quanto
maior o comprimento de dobra e menor abertura
da matriz, maior a força necessária para executar
o dobramento.

Tipo de dobramento

Dobramento de Fundo
O punção penetra na abertura em V da matriz até o
ponto em que o material atinge seu fundo. O ângulo
obtido no dobramento é igual ao ângulo da matriz
descontado o retorno elástico do material. O ângulo
do punção não dita o ângulo de dobra acabada e nem
o raio da ponta do punção produz o raio interno da
dobra. O raio da dobra está diretamente relaciona-
do ao tamanho da abertura em V da matriz. Quanto 39
maior a abertura, maior será o raio interno produzido.
Em casos especiais, pode-se usar elevado nível de
pressão na prensa viradeira, o que leva material a
tomar a forma do ângulo e do raio do ferramental que
está sendo empregado. Neste tipo de dobramento,
ângulo de dobramento é igual ao ângulo do punção.
O raio interno da dobra é produzido pelo raio da ponta
do punção que penetra no material.

Dobramento em vazio
Figura 28
O material é dobrado em três pontos: o raio do pun-
ção e os dois cantos da abertura da matriz (Figura
Como sugestão para uma boa prática, as chapas
de inox a serem dobradas devem estar revestidas
com à película de polietileno ou PVC como proteção
de possíveis contaminações, e as ferramentas, se
possíveis, devem ser revestidas de cromo duro.

METALURGIA DO AÇO INOX


Processo de Curvamento

O processo de curvamento consiste em operações cones, tronco de cones, bem como qualquer outra
que conferem á peça uma deformação permanente superfície de revolução, conforme a Tabela 7. Dois
em raios previamente estabelecidos. Por ser levados tipos de calandras estão disponíveis no mercado:
a efeito no regime plástico, a exemplo do dobramen- a calandra de passo e a calandra piramidal. Como
to, também neste processo observa-se o fenômeno mostra a Figura 29.
de retorno elástico. Basicamente, este processo é
adequado para curvamento de chapas, placas, bar-
ras, perfis e tubos, com emprego de equipamentos
específicos. Na calandra de passo, a folga entre os rolos alinha-
dos é ajustável para várias espessuras diferentes
e o rolo de trabalho pode se deslocar para obten-
Curvamento de chapas ção do diâmetro desejado. O diâmetro mínimo que
pode ser obtido é o rolo superior acrescido de 50
mm. Este tipo de calandra é adequada para gran-
des volumes de produção de peças de diâmetros
(raios) menores. São mais precisas que as calan-
As operações de curvamento de chapas são leva-
das a efeito em calandras. Pela calandragem, po- dras piramidais.
dem ser obtidas chapas curvas com raios de curva-
mento superiores pré-determinados como cilindros,

40

Figura 29

Tabela 7: Tipos de Calandra

Tipo Descrição Capacidade

Composta de três rolos Conforma chapas de até 50 mm de espessura


Piramidal em formam de pirâmide. por até 3000 mm de comprimento.

Composta de três rolos, sendo dois


Passo/Inicial sobrepostos no mesmo alinhamento Conforma chapa de até 50 mm de espessura
vertical e o de trabalho. por até 3000 mm de comprimento.

Fonte: Manual de Conformação dos Aços Inoxidáveis – Acesita

CONFORMAÇÃO
Na calandra piramidal o rolo superior pode ser ajus-
tado para exercer menor ou maior pressão, obten-
do-se peças de diâmetros e/ou raios menores ou
maiores. O diâmetro mínimo obtido é de cerca de
duas vezes o diâmetro do rolo superior para aços
inoxidáveis e de uma vez e meia para aços carbono.
O diâmetro máximo da peça é limitado pela estabi-
lidade da peça dobrada.

Para evitar contaminação é prudente a limpeza dos


rolos da calandra antes de curvar peças de aço ino-
xidáveis que devem estar protegidos pela película
de polietileno ou PVC.

Figura 30

uma prensa cujo punção exerce uma força que re-


flete o tubo contra dois cossinetes móveis e ajustá-
Curvamento de tubos veis, como mostra a Figura 30.

O curvamento de tubos está relacionado a deforma-


ção por flexão que induz tensões de compressão na
camada interna e de tração na camada externa ao Curvamento por rolos
curvamento.
Neste tipo de equipamento, a flexão do tubo é ob-
tida pela ação de três rolos (Figura 31), dois fixos e
um móvel regulável destinado à ajustagem do rolo
O diferencial de tensões entre a parte distendida e de curvamento. A direção de rotação é reversível.
a parte comprimida é responsável por uma redução
na seção do tubo conformado. Esta deformação de- 41
pende do diâmetro do tubo, da espessura da parede
e do raio de curvatura.

A relação diâmetro do tudo e a espessura da pa-


rede D/t são conhecidas como “estabilidade estru-
tural do tubo”, a medida que D/t cresce, menor é
a estabilidade do tubo e maior é a tendência de
achatamento na região da dobra e de enrugamento
na região côncava.

As formas de minimizar este efeito serão detalha-


dos a partir do equipamento utilizado no curvamen-
to dos tubos que podem ser de três tipos: Por com-
preensão, por rolos e por matriz rotativa.
Figura 31

Tanto neste equipamento quanto ao anterior, a


Curvamento por compressão delação entre D/t vai determinar a estabilidade e
a conseqüente tendência ao achatamento. Para
O dobramento por compressão é obtido através de

METALURGIA DO AÇO INOX


minimizar este fenômeno, utiliza-se o artifício de Curvamento por matriz rotativa
encher os tubos com material suporte, como areia,
madeira e resina. O dobramento por matriz rotativa é obtido fazendo
com que o tubo seja dobrado em torno de uma ma-
triz que pode assumir duas configurações:
Recomenda-se compactar convenientemente o ma-
terial suporte do tubo e tampar suas extremidades • O mordente solidário a matriz fixa o tubo. O con-
para evitar fuga durante a operação de curvamento.
junto mordente-matriz gira em torno do seu eixo,
conformando o tubo (Figura 33).
Tanto no curvamento por compressão quanto no
curvamento por rolos, recomenda-se um raio mí- • Mordente e matriz ficam estáticos e a guia con-
nimo de cerca de seis vezes o diâmetro para cur-
forma o tubo em volta da matriz.
vamento sem materiais de enchimento e de quatro
vezes com enchimento de material suporte. O ângu- Neste processo, se necessário, utiliza-se um man-
lo mínimo de dobra e de 120°.
dril interno ao tubo para evitar sua deformação du-
rante a operação de curvamento (Figura 32).

42

Figura 32

Figura 33 - Máquinas utilizadas no curvamento de tubos.

CONFORMAÇÃO
Estampagem dos Aços Inoxidáveis

A estampagem é um conjunto de operações de con- do a suas características, um alto índice de utiliza-


formação a frio (corte, furação, dobramento e repu- ção da matéria prima.
xo), realizadas nas regiões plásticas de deformação
dos materiais, pela imposição de uma deformação
permanente de uma chapa, com o objetivo de pro- Como fatores desfavoráveis à utilização da confor-
duzir peças com determinada forma. mação de chapas por estampagem podemos citas
os elevados custos envolvidos na aquisição de ma-
trizes e punções, sendo que cada ferramenta se
adequa somente e uma etapa de conformação e em
peças complexas o fator custo pode acentuar-se.
As ferramentas que permitem a obtenção da forma
desejada são denominadas estampos e as máquinas
que fornecem a energia e os movimentos necessá-
rios para conformação são denominadas prensas.
As operações de estampagem exigem grandes pre-
cauções de segurança devido à velocidade em que
se processam e o risco a que estão expostos os
De maneira geral, os aços inoxidáveis podem ser es- operadores de prensas.
tampados de forma semelhante aos aços carbono.
Pequenas adaptações no processo são necessárias
em função de particularidades nas suas propriedades
mecânicas, conforme mencionados anteriormente. Outra atenção que deve ser dada na conformação
em prensas é o nível de ruído e vibração produzidos
no processo.

A estampagem é uma conformação plástica realiza-


da com o objetivo de conseguir um perfil desejado
Deformações e Tensões
a partir de uma deformação permanente de uma 43
Envolvidas na Estampagem
chapa usando um punção, uma matriz e um pren-
sa-chapa (anti-rugas).
A Figura 34 nos mostra o modelo típico de um ar-
ranjo de ferramental para estampagem de um copo
É um processo altamente eficiente, que assegura de fundo plano, que é um esquema básico para a
uma uniformidade nos produtos, propiciando, devi- representação da conformação por estampagem.

Punção
A0 A B B
A A0
C C
Esboço Inicial
D D
Matriz
Esboço
E F E

Figura 34

METALURGIA DO AÇO INOX


A conformabilidade de uma chapa envolve, princi- Sob estas condições de solicitações mecânicas; o
palmente dois modos de deformação: flange diminui de diâmetro e dobra-se no raio de
curvatura do ferramental, fazendo com que haja um
• Embutimento ou estampagem profunda e; fluxo de material para dentro da garganta da matriz.
Este material compõe gradativamente a parede la-
• Estiramento. teral da peça. Até aqui, tem-se o que se denomina
de deformação de encolhimento do flange.
Estes dois modos de deformação podem ser visua-
lizados na Figura 35.

As tensões principais se desenvolvem no plano da O material que compõe a parede da peça experi-
chapa e têm direções radiais ou circunferências, menta somente solicitações de tração na direção
podendo apresentar componentes de compressão radial, deformando-se na espessura.
ou de tração dependendo da geometria do ferra-
mental e da sua localização na peça.
Caso o fluxo de material proveniente do flange seja
interrompido e havendo um aumento da força apli-
A conformação de um copo à partir de um esboço cada no punção, as solicitações biaxiais de tração
(“BLANCK”), exige a presença de uma componente progridem levando o material, sob a cabeça do pun-
de dobramento. Tais esforços ocorrem nas curvatu-
ras das matrizes (“ombro”) e também nas curvatu-
ras dos punções. ção, a estricção e posteriormente à ruptura (Figura
35). As possíveis causas para interrupções do fluxo
de material do flange do esboço para dentro da ma-
O processo de estampagem inicia-se com compres- triz podem ser:
sões circunferências e trações radiais na região do
flange, que é justamente a área que está atuando o
prensa-chapas. • Aumento excessivo de carga no prensa-chapa;
44
• Relação elevada entre diâmetro do esboço e do
punção;

Punção Punção

Antirruga Antirruga

Matriz Matriz

Local da
Fratura

Local da
Área
Área Fratura
Deformada
Deformada

Figura 35

CONFORMAÇÃO
• Raios de curvaturas da matriz pequenos; formação, mas sim para a rigidez da forma. Sendo
a deformação pequena, há ocorrência do retorno
• Raio de curvatura grande do punção.
elástico (“Spring Back”) que é mais acentuado no
aço inox do que nos aços carbono. Assim para con-
Fatores que Influenciam formar-se chapas de inox devem-se sempre consi-
a Estampabilidade derar o maior efeito mola que estas possuem.

Além das propriedades mecânicas que têm influ-


ência sobre a estampabilidade das chapas existem
outras características do material e condições do Efeito do Prensa-Chapas
processo que também afetam a performance das
chapas na prensa. O prensa-chapas, também denominado de ferra-
menta anti-ruga, tem como objetivo principal con-
trolar a quantidade de material que entra na gar-
ganta da matriz durante o processo de conformação
na prensa, assim controlando o aparecimento de
Influência do Tamanho de Grão
rugas. É imprescindível um ajuste no prensa-chapa
O tamanho de grão deve ser controlado pois a granu- caso contrário, rugas e até mesmo, trincas surgirão
lação grosseira em peças estampadas pode levar ao nas peças.
defeito denominado “casca de laranja” que traduz-se
em um aspecto rugoso da superfície estampada.

Presença do Patamar de Escoamento Influência da Lubrificação


e Velocidade de Conformação
No teste de tração estabelece-se a tensão de esco-
amento, também conhecida como limite de escoa-
Os lubrificantes desempenham papel relevante
mento, que é a tensão onde se inicia a deformação
quando deseja-se conformar peças próximas ao li-
plástica e finda a deformação elástica. Os aços ino- 45
mite de conformação da chapa. O lubrificante
xidáveis normalmente não apresentam o patamar
deve ser avaliado quanto a viscosidade, aderência,
de escoamento acentuado. Os aços inoxidáveis fer-
sua distribuição local e o modo de conformação.
ríticos, no entanto revelam um patamar diminuto,
que leva a ocorrência de Linhas de Luder na peça
quando estampada. Estes defeitos são linhas de
distensão finas e paralelas posicionadas a 45º com
a direção de laminação. A ocorrência das Linhas Quando temos a estampagem profunda ou embuti-
de Luder nos aços inoxidáveis ferríticos é evitada mento há a necessidade de maior lubrificação na re-
através da utilização de um passe de encruamento gião entre o esboço e o ombro da matriz que é a
(“SKIN PASS”) no material após o tratamento tér- área de incidência de maior atrito. Já no modo de
mico final, ainda na usina siderúrgica. Os aços inox conformação com predominância de estiramento a
austeníticos não são susceptíveis a ocorrência de região mais crítica de lubrificação é entre o punção e
Linhas de Luder. o material.

Efeito do Retorno Elástico - “Spring Back” A lubrificação excessiva, por exemplo, na cabeça do
punção, pode favorecer a ruptura na parede (cisa-
Muitas vezes um aspecto do projeto de uma peça lhamento puro) ou ainda propiciar o aparecimento
tem-se que atentar não para a severidade da con- de rugas. A velocidade de conformação é um fa-
tor que deve ser sempre levado em consideração,
normalmente quando a velocidade aumenta o coe-
ficiente de atrito diminui, com isso levando a realçar
o papel do lubrificante.

METALURGIA DO AÇO INOX


Nas conformações com predomínio do estiramento Brasil é usado diluído em água, na proporção de 1
o aumento da velocidade de conformação piora o parte de óleo para 20 a 80 partes de água.
desempenho da estampabilidade, devido a ocorrên-
cia de deformações localizadas e melhora a per-
formance quando há predomino do modo estampa- Filmes plásticos - São utilizados quando da estam-
gem profunda (embutimento), por causa da redução pagem de material de acabamento superficial muito
do atrito entre a matriz e o material. dedicado, a fim de proteger a chapa e executar sua
ação lubrificante; em geral utiliza-se, além do filme
plástico, o óleo químico diluído em água.

Podemos ainda mencionar a importância da tem-


peratura do ferramental e mesmo dos “BLANKS”,
que normalmente com seu aumento otimizam a es- OBSERVAÇÕES
tampabilidade.
Quando uma peça estiver rompendo numa
operação de estampagem, um teste prático
para avaliar a eficiência do lubrificante, do
Vários outros fatores poderiam ser analisados (re- ferramental e do material estampado
barbas, folgas das matrizes, alinhamentos do ferra- consiste em colocar um pedaço de
mental, efeito da espessura, etc.), mas mesmo uma papel fino (lenço de papel) sobre a região
abordagem detalhada não cobriria a vastidão de onde está havendo a ruptura do material, e
variáveis que influenciam na estampabilidade das realizar a estampagem. Se o material não
romper fica confirmado que o aço tem boa
chapas.
qualidade e o problema não é
com ele e sim com as outras variáveis
(lubrificante
É imprescindível a observação constante das con- ou ferramental).
dições do ferramental, do material, do processo de
operação visando detectar-se variáveis que influen-
cia a performance da estampabilidade das chapas O papel é um lubrificante
46 de aço inox. Assim procedendo muitos problemas de muita eficiência para tais casos.
podem ser evitados ou eliminados.
Um outro método de se avaliar a causa de
uma fratura é o seguinte: Em dois esboços
Lubrificantes - podem ser de três tipos:
anota-se qual a direção de laminação; em
mecânicos, químicos e plásticos. seguida estampa-se um a um fazendo com
que as direções de laminação
fiquem perpendiculares entre um estampo e
Mecânicos - têm uma composição química basea- outro.
da no cloro, na ordem de 5 a 28% e outros elemen-
Se as rupturas se dão no mesmo local em
tos como C, Mo, Zn, Si, Mn, todos em concentração
relação ao ferramental em ambas operações,
aproximadamente igual a 0,5%. São muito usados
significa que a prensa tem problemas;
no Japão: o Hangsterfar J-2 e Johnson Max nº 22. entretanto, se as rupturas
acompanham a rotação do esboço, significa
que o material tem problemas.
Químicos - São os mais usados, pois, são normal-
mente solúveis em água os que não ocorre com os
O objetivo é dar diretrizes iniciais, para indicar
mecânicos que são de remoção difícil. Exemplos a tendência e as diferenças à serem
mais largamente difundidos no Japão são: CAS- esperadas dos diferentes tipos de aço inox,
TROL PS nº 158 (similar ao ILOFORM 242) e JOHN- nos vários processos de usinagem. Devem-se
SON WAX nº 150. O ILOFORM, muito difundido no fazer ajustes como tentativa e a experiência
deverá ser observada a fim de
maximizar a taxa de produção, vida útil da
ferramenta e qualidade do acabamento
superficial.

CONFORMAÇÃO
9. UNIÃO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS
Para se confeccionar peças em Aço Inox, quer seja • União por rebites
em trabalhos de caldeiraria, serralheria, ou em
• União por cola estrutural
construção civil, às vezes é necessário realizar al-
guns tipos de união, e essas uniões podem ser fei- • União por fitas adesivas
tas das seguintes formas.
• União por soldagem: eletrodo revestido, TIG, MIG e
Por resistência elétrica (Ponto, Costura e Plasma)
• União por parafusos

Junção por Rebites e Parafusos

Os problemas que podem ocorrer neste tipo de Tabela 8: Problemas na junção


união (Tabela 8) são resultantes da superposição por rebites e parafusos
das duas peças a serem unidas e do material de
que são feitos os rebites e/ou parafusos.
Problemas Procedimento
Limpar e desengraxar as
Corrosão em Fresta superfícies a serem unidas
Observação:
tanto os rebites quanto os parafusos devem Usar parafusos e/ou rebites
ser de Aço Inox. Corrosão Galvânica de aço inox

Cola Estrutural 47
Consiste no uso de resinas sintéticas adesivas, xamento ou lixamento da superfície. É de fun-
disponíveis no mercado, que são aplicadas nas damental importância que as lixas utilizadas não
partes a se unir. Antes de se proceder a aplicação tenham sido usadas em outros materiais como
do adesivo, é necessária uma adequada prepara- aço carbono, para evitar provável contaminação
ção da superfície de aço inox com o desengra- do aço inox.

Fitas Adesivas (Dupla Face) VHB


Consiste num sistema de adesivos em rolo que pode-se evitar os problemas de distorção. A flexi-
melhoram o rendimento, a estética e os processos bilidade da fita compensa os efeitos de dilatação e
de produção. A resistência da fita permite substi- contração provocados pelos efeitos das mudanças
tuir rebites, pontos de solda e outros sistemas de da temperatura.
fixação mecânica. As propriedades viscoelásticas
ajudam a absorver impactos e distribuir esforços,
permitem também utilizar materiais mais leves, fi-
nos, flexíveis e menos dispendiosos. O adesivo flui através das irregularidades micros-
copias das superfícies proporcionando um elevado

nível de adesão, suportando os mais diferentes es-


Sem o uso de rebites, soldas ou métodos similares, forços, melhorando os índices de produtividade e
ajudam a reduzir custos.

METALURGIA DO AÇO INOX


Soldagem do Aço Inox

A soldagem é na verdade, uma forma de união, as- 3. Aplicação que a peça terá quando acabada.
sim como a colagem, e a fita adesiva. A diferença
é que, nela, a união pode ser feita por fusão interli- Os processos mais usados na soldagem dos aços
gando as partes. Existe a sua escolha vários proces- inoxidáveis são: Eletrodo revestido, TIG, MIG e Sol-
sos para isso. Depende de 3 fatores: dagem por resistência elétrica.

1. Tipo do Aço; Cada um desses processos tem suas vantagens e


desvantagens tais como mostra a Tabela 9.
2. Formato do objeto, ou equipamento a ser soldado;

Tabela 9: Vantagens e desvantagens dos processos de soldagem


Processos Vantagens Desvantagens

• Baixa produtibilidade

Necessidade de remoção de escória
• Baixo custo do equipamento
Versatilidade • Dependência da habilidade do soldador
Eletro • •
• Operações em locais de difícil acesso Fumos de soldagem
Revestido •
• Disponibilidade de consumíveis Não automatizável

Cordão de solda com qualidade inferior
• Posição de soldagem restrita

48 • Qualidade metalúrgica do cordão


de solda • Dificuldade de utilização em presença
Melhor acabamento de corrente de ar

Menor aquecimento da peça de soldada Inadequada para chapas com espessura

TIG • Soldagem em todas as posições maior que 6 mm
• Baixa produtividade
• Baixa sensibilização à corrosão
Ausência de respingos. • Depende da habilidade do soldador.

• Facilidade de operação • Complexidade do processo


• Alta produtividade • Não deve ser usado em presença
Baixo custo de corrente de ar

MIG • Não forma escória • Posição de soldagem limitada

Bom acabamento • É suscetível a porosidade
• Baixa geração de fumos • Manutenção mais trabalhosa

• Possibilidade de soldagem
Soldagem de chapas muito finas
por • Facilidade de operação • Não aceita peças de formas
resistência • Velocidade do processo complexas e pesadas.
elétrica • Facilidade para automação
• Não depende da habilidade do operador

UNIÃO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS


Defeitos introduzidos
durante a soldagem

Além dos fenômenos de fragilização de origem terísticas dos diversos processos de soldagem.
metalúrgica, outros defeitos podem ocorrer. Estes Em outras palavras, são defeitos típicos dos pro-
defeitos são classificados como: planos ou volumé- cessos de soldagem. A Tabela 11 mostra a relação
tricos (Tabela 10). Os defeitos planos necessitam entre os processos usuais de soldagem dos aços
quase sempre ser reparados. Já os defeitos volu- inoxidáveis.
métricos são reparados, dependendo do seu tama-
nho e distribuição. A tabela seguinte apresenta a
classificação de alguns defeitos mais comuns de
serem encontrados na soldagem. Os defeitos apresentados podem ser detectados
por ensaios não destrutivos como: exame visual,
líquido penetrante, partícula magnética, ultra-som
Cada um dos defeitos estão associados às carac- e ensaios radiográficos. A seguir estes defeitos se-
rão apresentados em maior detalhes.

Tabela 10: Defeitos de Solda

• Falta de fusão (FDF)


Defeito plano • Falta de penetração
• Trincas

• Poro
• Inclusão de escoria
Defeito Volumétrico • Inclusão de tungstênio 49
• Mordedura

Tabela 11: Relação entre defeitos de soldagem e tipos de solda

Tipos de defeito
Processo
de soldagem Inclusão Inclusão
FDF FDP Trincas Poro de escória de tungstênio

Eletrodo Revestido X X X X X NA

TIG X X X X NA X

Plasma X X X X NA X

MIG X X X X NA NA

Resistência X NA X NA NA NA

Legenda: NA = não aplicável

METALURGIA DO AÇO INOX


10. ACABAMENTO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS
A importância do Acabamento dos produtos em aço As etapas de acabamento podem ser realizadas em
inox é muito grande. É conhecido que a resistência à vários momentos da cadeia produtiva: quando o aço
corrosão dos aços inoxidáveis se deve à formação de ainda está na usina siderúrgica (jateamento, deca-
uma película protetora na superfície do material, re- pagem, esmerilhamento de placas), em prestadores
sultante da combinação entre o oxigênio do ambiente de serviço após a fabricação do aço.
e o cromo existente na composição química do aço.

Importância do Acabamento

Devido ao grande uso dos aços inoxidáveis como freram algumas modificações em conseqüência
matéria prima nos mais variados setores da indús- de suas etapas de fabricação como: Soldagem,
(estampagem), com o objetivo de restabelecer
tria, diversos tipos de acabamento são amplamente uma boa condição na superfície. Este tipo de aca-
utilizados com sucesso. Freqüentemente diferentes bamento será o estudado neste modulo.
aplicações exigem características superficiais tam-
bém diferentes para que a peça ou produto fabrica-
do tenha desempenho em serviços.
• Sanitariedade: São os acabamentos aplicados
quando se deseja que a superfícies do material
não apresente rugosidade, onde possam alojar
Acabamento quando sai da usina siderúrgica, é partículas ou bactérias, pois são destinados a
classificado, pois, existe um enfoque estabelecido industrias alimentícias, farmacêuticas ou de quí-
50 não pelo tipo de produto, mas sim pelas exigências, mica fina, entre outra.

ou seja, quais os benefícios que se espera que se- • Decoração: Este acabamento é o mais aberto
jam incorporados ao produto ou ao seu processo de de todos, uma vez que a beleza é um conceito
fabricação, com a escolha do acabamento correto abstrato, não pede ser medida como rugosidade
(Quadro 10): ou avaliada em termos remoção de óxidos ou
dos arranhões.

• Recuperação: São classificados desta forma os


materiais em que os acabamentos superfícies so-

Lixamento

Definição outros materiais, modificando sua forma, dimensão e


rugosidade, como: Rebolos, Lixas, Limas, Abrasivos
Lixamento é uma das operações em que a superfí-
não tecidos, Talco, Chips de tamboreamento, etc.
cie do inox e modificada mecanicamente pelo atrito
de abrasivos.
O que são Abrasivos revestidos?
O que é abrasivo? Os abrasivos revestidos são minerais abrasivos e
adesivos aplicados sobre uma base flexível. São
Material capaz de provocar alterações na superfície de
51

METALURGIA DO AÇO INOX


aplicados sobre a manta não tecida, mais conheci- Cobrimento com abrasivos
da como lixa.
Toda lixa passa por um processo de tratamento de
costado e de impressão de sua identificação e ca-
Os abrasivos revestidos são compostos basicamente racterísticas antes do cobrimento com abrasivos.
por abrasivos fixados por adesivos em um costado. Este cobrimento pode ser feito de duas maneiras:

Costado: é à base de fixação do grão mineral,


composta de pano, papel, combinação pano + pa-
pel, fibra, filme e manta não tecida. Cobrimento Eletrostático
Os grãos abrasivos entram num campo elétrico,
Adesivos: É responsável pela fixação do grão mi- sendo sempre atraídos ao costado da lixa (com ade-
neral no costado, através de resina e cola, em dife- sivo) por sua base maior, permitindo que as partes
rentes combinações como: pontiagudas e cortantes dos grãos fiquem expostas
de uma maneira mais eficientes. Figura 40.

Cola sobre Cola: Primeira e segunda camada de


cola. Utilizadas em lixas para operações manuais,
oferecendo baixa resistência ao calor gerado no uso.
Figura 37.

Resina sobre Cola: Primeira camada de cola e se-


gunda camada de resina. Utilizadas em lixas para
operações mecânicas, principalmente na indústria
moveleira, oferecendo boa resistência ao calor ge-
rado no uso. Figura 38.

52 Figura 37
Resina sobre Resina: Primeira e segunda camada
de resina. Utilizadas em lixas para operações me-
cânicas, principalmente na indústria metalúrgica,
oferecendo boa resistência ao calor gerado no uso.
Figura 39.

Abrasivos: São responsáveis pelo trabalho de cor-


te da lixa. Seus tipos mais comuns são:

Óxido de Alumínio: Mineral de alta dureza e de


alto poder de corte, amplamente utilizado na indús- Figura 38
tria. Utilização geral em metais ferrosos e em ma-
deira dura.

Carbureto de Silício: Mineral de alto poder de cor-


te, por fraturar-se em cunhas pontiagudas. Utilizado
em metais não ferrosos e em madeiras macias.

Óxido de Alumínio Cerâmico: Altamente resis-


tente à fratura e ao desgaste, próprio para trabalhos
sobre alta pressão de lixamento.
Figura 39

ACABAMENTO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS


1. Mineral
2. Reservatório de alimentação
3. Faca de ajuste de alimentação
4. Camada adesiva sobre o costado
5. Costado
6. Placa eletrostática negativa
7. Placa eletrostática positiva
8. Campo eletrostático
9. Correia alimentadora

Figura 40
Cobrimento por Gravidade
Os grãos abrasivos são lançados em queda livre de
um alimentador sobre o costado onde já está deposi-
tada a primeira camada de adesivos. Controles espe-
ciais permitem que as partes cortantes e pontiagudas
dos grãos abrasivos fiquem expostas. Figura 41.

1. Mineral
2. Reservatório de alimentação
3. Faca de ajuste de alimentação
4. Camada de adesivo sobre o costado
5. Costado
Figura 41

53
Tipos de Camadas Abrasivas
As camadas abrasivas podem ter dois aspectos teriais com tendência a empastamento, tais como
distintos, denominados Camada Aberta e Camada madeira, vernizes, etc.
Fechada.

Camada Fechada
Camada Aberta Na lixa camada fechada, cada grão abrasivo tan-
gencia o seu vizinho, não havendo espaço vazio
Neste tipo de camada, os grãos abrasivos não se
entre eles.
tangenciam, permanecendo entre eles espaços va-
zios. O costado é coberto com grãos abrasivos, na
média de 70% de sua área total.
A camada fechada é destinada a lixamento de mate-
riais com baixo índice de empastamento, tais como
metais e outros.
A camada aberta é destinada ao lixamento de ma-

METALURGIA DO AÇO INOX


Granulometria

Classificação Granulométrica para Abrasivos


grossos sedimentam mais rápido em um meio líqui-
+ CORTE – do. Pela norma ANSI (CAMI) os grãos são divididos
em 7 tamanhos diferentes, do 240 ao 600.
12-16-20-24-30-36-40-50-60-80-100-120...

...150-180-220-240-280-320-360-400-500-600-800-1000
Pela norma FEPA são divididos 12 diferentes ta-
manhos que vai do P240 ao P2500. No grão abra-
sivo da norma FEPA usa - se a letra P antes do
PIOR – ACABAMENTO – MELHOR número.

Todos os abrasivos fabricados no Brasil e nos Esta- Quando for indicar um abrasivo revestido, fabrica-
dos Unidos obedecem a duas normas técnicas de do no Brasil ou nos Estados Unidos, para substituir
classificação do tamanho do grão abrasivo: a norma um outro produto fabricado na Europa, a correla-
ANSI (CAMI) estabelecida por um instituto normali- ção correta de grão deve ser seguida de acordo
zador norte americano, e a norma FEPA estabeleci- com a Tabela 12 para que o rendimento e o acaba-
da pela federação européia. mento dos dois produtos sejam equivalentes.

De acordo com as duas Normas, os grãos de mine-


ral são divididos em dois grupos: Classificação Granulométrica
para Abrasivos
54 No primeiro grupo os grãos são classificados atra-
vés de peneiramento, e tanto na norma ANSI e FEPA + CORTE –
os grãos são divididos em 14 diferentes tamanhos,
desde o grão P16 até o P220. Estes números sig-
12-16-20-24-30-36-40-50-60-80-100-120...
nificam o número por polegada linear que a peneira
usada na classificação possui. ...150-180-220-240-280-320-360-400-500-600-800-1000

PIOR – ACABAMENTO – MELHOR

Por exemplo, o grão 16 é classificado em uma pe-


neira que possui 16 malhas por polegada. Como o
espaço vazio entre as malhas é inversamente pro-
porcional ao número de malhas, temos que o grão SEQUÊNCIA DE LIXAMENTO:
16 é muito mais grosso que o grão 220 (aproxima-
damente 14 vezes mais grosso). A segunda lixa tem que remover
os riscos da primeira.

A prática ensinou que não devemos


No segundo grupo os grãos são classificados por ultrapassar “100”
processo de sedimentação, portanto os grãos mais

ACABAMENTO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS


Tabela 12: Granulometria Mineral
Micron ANSI-USA FEPA Europa Trizact 3M Micron ANSI-Usa FEPA Europa Trizact 3M
12 50 µ
P12 P320 A60
P16 280
16 P360
P20 40 µ
20 320
P24 P400 A45
24 P500
30 30 µ
P30 360
36 P600
P36 400
40 P800
P40 20 µ
50 500 A20
P50 P1000
60 600 A16
P60 P1200
P80 P1500
80 15 µ
160 µ 12 µ 800
P100 P2000
100 1000 A6 55
130 µ 9µ
P120 A160 P2500
120 1200
100 µ
P150
150 A130
80 µ 3µ
180 P180 A110

220 A100 1µ
P220 A90 0,5 µ
0,3 µ
60 µ
P240 A80
240
P280 A65
Norma: ANSI – Americana
FEPA – Européia

METALURGIA DO AÇO INOX


O lixamento é conseqüência do efeito da ação pe- Muitas lixadeiras utilizam uma roda de contato re-
netrante de grãos abrasivos na superfície da peça, vestida com borracha para pressionar a lixa contra a
removendo matéria e produzindo cavidade orienta- superfície da peça. Algumas particularidades devem
da no sentido da movimentação da lixa. A lixa usada ser observadas para que o trabalho seja executado
pode apresentar variações quanto ao tipo e granu- com uma boa qualidade e produtividade. O formato
lometria dos abrasivos, sua disposição no costado, da roda de contato implicará diretamente no tipo de
ao tipo do costado e ao tipo dos adesivos usados corte que exercerá a correia abrasiva (agressiva),
para fixar os grãos abrasivos. Porem ainda recebe assim como sua dureza.
tratamento específico para determinados tipos de
trabalhos, como mostra a Tabela 13.

As lixas podem ser usadas com as extremidades


Quanto maior o diâmetro da roda e contato maior
unidas formando uma correia ou Manta abrasiva
será a área de contato da lixa com a peça, conferin-
sendo que as emendas, feitas por processos espe-
do um melhor acabamento superficial.
ciais, podem apresentar várias configurações con-
forme a aplicação.
Durante o processo de lixamento, podem ser utili-
zadas lubrificantes para controlar a velocidade de
corte, auxiliar e produzir um acabamento mais fino,
absorver calor e reduzir o empastamento.

Tabela 13: Tipos de lixa

Óxido de alumínio
Abrasivos Carboneto de silício

56 Óxido de alumínio zinconado

Quanto maior a numeração, menor o tamanho dos grãos.


Granulometria
A granulometria varia entre 16 (grãos maiores) e 1000 grãos
menores
Pano = lolita, jeans, drills ou poliester
Papel = variam entre papéis leves e pesados, conforme a gramatura.
Costado Fibra = é o costado que apresenta maior resistência mecânica. Muito usado no
formato
de disco para equipamentos portáteis
Combinação = consiste na união entre um papel e um tecido

Fechada = os grãos abrasivos cobrem toda a superfície do costado


Camada
Abrasiva Aberta = os grãos abrasivos estão eqüidistantes,
cobrindo parcialmente o costado (até aproximadamente 70%)

Natural = chamado de cola animal, é usado em operações manuais


e mecânicas de baixa geração de calor.
Adesivos
Sintético = construído a base de resina, é usado em operações manuais
e mecânicas em geral.

Impermeabilização = executado no costado da lixa para permitir sua utilização em


operações com fluidos refrigerantes.
Tratamento
Autolubrificação = recobrimento do adesivo com um produto que se funde com o
calor gerado no trabalho, atuando como lubrificante.

ACABAMENTO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS


Na interface entre o lixamento e o escovamento, • Pode haver variação no acabamento entre um lote
existem ainda mantas não tecidas de fibras sinté-
e outro de peças devido ao uso de lixa no início,
ticas impregnadas por abrasivos. São as chama-
no meio e no fim da vida útil.
das escovas sintéticas, utilizadas para processo de
acabamento e limpeza, sendo comercializadas em
várias formas e tipos. Estas escovas atuam mais su- Cuidados
perficialmente na matéria, diminuindo a rugosidade
sem reduzir a espessura. • Superfície decapada e passivada após o lixamento
apresentam melhor resistência à corrosão;

• Não use correias abrasivas com corte nas bor-


das, dobras, rugas ou cortes na extremidade da
Resultados esperados emenda;
• Acabamento uniforme ao longo de toda a su-
• Usar dispositivos de fixação das peças a serem
perfície;
lixadas sempre que possível;
• Recuperação de superfícies arranhadas por ma-
• A correia abrasiva deve sempre cobrir totalmen-
nuseio inadequado;
te a roda de contato. Evitando que a peça seja
• Eliminação dos estágios de etapas anteriores de arrancada da mão do operador ou dispositivo de
fixação;
processamento, inclusive pontos de soldas;

• Acabamento esteticamente muito agradável e • Antes da utilização e montagem nos equipa-


homogêneo. mentos, verificar sempre a seta de indicação
de direção da correia abrasiva (deve ser igual
Vantagens a direção de giro da roda de contato), evitando
assim ruptura da emenda
• Pode ser aplicado em qualquer tipo de aço inox, 57
tanto recozido quando temperando;
• Excesso de tensão (esticamento) pode romper a
• Pode produzir uma gama variada de rugosidade
correia abrasiva;
e acabamento, inclusive decorativos;
• Trabalhar sempre na velocidade periférica ade-
• Não gera efluente nocivo a natureza;
quada;
• Adapta-se muito bem a formas variadas, desde
• Executar o lixamento em instalações ventiladas
que não muito complexas;
ou com sistema de exaustão;
• O lixamento pode ser realizado tanto na indústria
• Certificar-se dos equipamentos de proteção in-
quanto no campo.
dividual (EPI) que devem ser utilizados nos pro-
cessos de lixamento;
Desvantagens

• Apresentar muita influência da habilidade do • As lixas, principalmente as de abrasivos reves-


tidos, podem deformar com a umidade ficando
operador; côncavas ou convexas. Procure manter estoque
sempre em umidade de 50 a 60% e temperatu-
• Geração de poeira no local de trabalho; ra entre 20 e 25 ºC. Além disso, baixa umidade
reduz flexibilidade do costado, deixando-o duro
• Dificuldade em peças de geometria complexa; e quebradiço;
• Gera tensões superficiais e deformações mecâ-
nicas na superfície;

METALURGIA DO AÇO INOX


• Nos estoques de correias abrasivas, evite empilhar • Efeito do diâmetro da roda de contato;
muitas caixas, o que pode acarretar na quebra das
cintas acondicionadas nas caixas inferiores. • Efeito da dureza da roda de contato;
• Efeito da superfície da roda de contato;

Aplicações Tradicionais • Efeito da lubrificação na lixa;


• Programação do lixamento / pressão;
• Painéis de elevadores;
• Painéis para revestimento de interiores e exte- • Seqüência de grão de lixa.
riores;
• Equipamentos para industria alimentícia e far-
macêutica (acabamento sanitário);
• Corrimãos, portas e peças em geral para cons-
trução civil;

• Caixas eletrônicos de bancos.

Diretrizes para Lixamento


de Alto Desempenho (Figura 42)
• Efeito do tamanho do grão de lixa;
• Efeito da velocidade da correia de lixa; Figura 42

Esmerilhamento
58
Definição devido a sua capacidade de serem auto-afiáveis. Os
abrasivos, normalmente óxido de alumínio ou car-
Esmerilhamento é o processo de remoção de material bureto de silício, são classificados de acordo com
de uma superfície com uma ferramenta abrasiva. seu tamanho (granulometria) por processos de pe-
neiramento e/ou sedimentação em meio liquido. Os
grãos grossos são recomendados para grandes re-
Objetivos moções de material, mas em contrapartida originam
um acabamento superficial muito rugoso. Por isso, a
A utilização de rebolos na industria é bastante am- determinação do abrasivo a ser utilizado deve repre-
pla, como por exemplo: afiação de serras, desbaste sentar um balanço entre a maior ou menor remoção
em retificas, afiação de ferramentas, rebarbação de de material pretendida e a rugosidade desejada na
peças, etc. Mas trataremos apenas de atividade de peça. O aglutinante (liga), que tem a função de sus-
esmerilhamento relacionada à remoção rápida de tentar os grãos abrasivos, deve ter uma resistência
grandes quantidade de material da superfície de especificada de forma a romper com aumento da
peças, como em cordões de solda. pressão que ocorre naturalmente quando a peça
entra em contato com grãos de abrasivos quebra-
dos ou sem poder de corte. Desta forma estes grãos

Conceitos
As ferramentas abrasivas, que são constituídas ba-
sicamente por grãos abrasivos ligados por um aglu-
tinante, diferem das demais ferramentas de corte

ACABAMENTO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS


são destacados, deixando expostas novas partículas • Tenha certeza que o rebolo e a máquina onde
cortantes na superfície do rebolo (propriedade de
será empregado são compatíveis;
auto-afiação). Conforme o aglutinante selecionado,
os rebolos podem se apresentar mais duros, resis- • No recebimento e antes da utilização faça sem-
tindo mais ao arrancamento dos grãos abrasivos,
ou mais macios. Porém este comportamento de re- pre uma inspeção visual e somente libere para
bolo também será influenciado pelo tipo de material uso os rebolos e discos abrasivos que não apre-
que será trabalhado, se foi tratado termicamente sentarem nenhuma trinca ou quebra, mesmo
ou não, etc. Também é importante que a estrutu- que pequenas;
ra do rebolo apresente porosidade, espaços vazios
que facilitaram a eliminação de cavacos durante o
trabalho. A obstrução destas porosidades, chamada • Só permita a operação e permanência no local
comumente de “empastamento”, acarreta a perda
de corte da ferramenta. de trabalho com óculos de segurança;

• Selecione, com auxilio dos fornecedores, o pro-


duto adequado ao seus equipamentos tipo de
trabalho;

• Nunca utilize os lados do rebolo ou disco de


corte que não são projetados para isso, nem
Resultado Esperado exerça pressões excessivas ou impactos du-

Rápido desbaste de sobremetal rante a operação;

• Evite utilizar rebolos com mais de dois anos de


Vantagens
fabricação.
• É um processo rápido e barato

• Pode ser utilizado em qualquer tipo inox


Aplicações Tradicionais 59
• Remoção de cordões de solda;
Desvantagens
• Confecção de chanfros para soldagem.
Se não for utilizado com cautela pode introduzir ar-
ranhões de difícil remoção em processos posterio-
Como Escolher uma Ferramenta Abrasiva
res de lixamento, escovamento e polimento.
• Identificar a operação

• Limpeza;
Cuidados
• Acabamento;
• Os rebolos e discos abrasivos são frágeis e sen-
síveis aos impactos, batidas e vibrações. Devem • Rebarbação;
ser estocados em locais secos, a temperaturas
• Desbaste;
moderadas e em condições que evitem o atrito
entre si ou contra outros objetos;
• Polimento.

Material a ser trabalhado


• Use somente rebolos e discos abrasivos devida-
mente identificados pelo fabricante; • Aço;

• Alumínio;
• Nunca ultrapasse a velocidade máxima de ope-
ração recomendada pelo fabricante; • Aço inoxidável, etc.

METALURGIA DO AÇO INOX


Equipamento disponível Forma do abrasivo

Escolha do abrasivo • Folha, roda, escova, disco, etc.

• Óxido de Alumínio; Condições da operação


• Carbureto de Silício; • Rotação;
• Óxido de Alumínio Cerâmico. • Velocidade;

• Pressão.

Polimento

Definição Nas operações de afinamento e polimento estão en-


volvidas muitas variáveis a serem controladas para
Polimento é uma das operações na qual a superfície
que se consiga o aspecto superficial desejado na
do aço inox é mecanicamente modificada pelo atrito
peça ou chapa de aço inox. Como ambas as etapas
de abrasivos.
são obtida através da ação de partículas abrasivas
sobre a superfície, a primeira associação que faze-

Objetivos
mos é que os resultados dessas operações podem
• Diminuir a rugosidade;
variar de acordo com o abrasivo empregado. De
• Conferir um acabamento brilhante e uniforme ao fato, existem vários tipos de abrasivos com caracte-
rística e comportamentos diferentes, desde os na-
longo de toda superfície do inox.
60 turais até os sintéticos que, embora mais caros que
os naturais, têm atualmente lugar de destaque pela
Conceitos garantia de resultados que apresentam.

O polimento não deve ser encarado como uma úni-


ca operação e sim como a união de duas operações
complementares, que podem ser assim definidas:
Embora sejam muito importantes, os abrasivos por
si só não têm como polir uma superfície. É neces-
Afinação: promove a remoção de quantidades sário que sejam pressionados contra a superfície
consideráveis de material eliminando riscos profun- da peça ou chapa com uma força adequada. Para
dos e outros defeitos superficiais, proporcionando isso, os abrasivos são utilizados com os discos e
um alisamento preliminar da superfície; as rodas, que são basicamente, tecidos cortados e
montadas sobre os eixos das politrizes.

Polimento propriamente dito: esta etapa remove


Um fator de muita importância na escolha do disco
muito pouco material, buscando apenas melhorar ou roda, é a seleção do tecido adequado ao trabalho
a aparência, indo desde um aspecto final semibri- a ser executado, conforme a Tabela 14.
lhante até o espelhado.

ACABAMENTO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS


Tabela 14: Tipos de tecido
Tecido Descrição
É o tecido mais utilizado. Podem apresentar variadas texturas,
Algodão tela asperezas, dureza e resistência conforme a trama e o fio empregado.

Também de algodão, é um tecido mais pesado, grosso e áspero


Sarja usado quando se deseja alto poder de abrasão.

Devido à sua maciez e flexibilidade são usadas em casos


Flanela onde outros tecidos falham na obtenção de brilho.

Fibra de cânhamo extremamente dura, eficiente na remoção de defeitos de


Sisal superfície. Podem ser usados combinados com tecido (conhecido como transisal).

A aplicação dos abrasivos nas rodas ou discos pode nificativa economia de tempo do operados, uma vez
se dar de duas maneiras diferentes: através de que não tem que interromper o polimento periodica-
massas ou por colagem.
mente para aplicar a massa sólida no disco ou roda.

As massas utilizadas para afinação são misturas de Processos


cola, grãos abrasivos e produtos químicos para secar
Antes que seja iniciado qualquer processo de remo-
e endurecer. No caso de polimento, também podem
ção de riscos, polimento ou lustração, é interessan-
ser empregadas massas líquidas, com um sistema de
te que as peças tenham suas rebarbas inerentes ao
pulverização montado atrás dos discos, trazendo sig-
processo de fabricação removidas (Figura 43).

61

Figura 43: Montagem das rodas e discos

METALURGIA DO AÇO INOX


Aplicação dos abrasivos – massa • Produz um acabamento espelhado melhor do que
de polimento (Tabela 15) o obtido por eletropolimento, embora não tenha a
mesma capacidade de reflexão de luz (brilho);
1. Massas sólidas: fricciona-se as barras no disco
ou rodas em movimento. O atrito causará um • Pode ser usado com sucesso em qualquer tipo
aquecimento que fundirá o composto, fixando-o
nas fibras dos tecidos. de aço inox nos estados recozidos, endurecidos,
por deformação a frio ou temperados;

2. Massas líquidas: devem ser aplicadas com o au- • Não gera afluente nocivo a natureza.
xilio de pistolas especialmente desenvolvidas para
que jato de massa consiga quebrar de ar formado
Desvantagens
quando os discos estão em movimento, permitin-
do sua penetração neles por cerca de 30mm. • Alta geração de poeira no local de trabalho, sen-
do por veses recomendada sua separação física
das outras etapas de fabricação;
Resultados Esperados
• Dificuldade em geometrias complexas;
• Superfície isenta de riscos;
• Gera tensões superficiais e deformações mecâ-
• Acabamento uniforme ao longo de toda a superfície; nicas nas camadas mais externas da superfície;
• Eliminação dos vestígios de etapas anteriores de • É um processo que pode apresentar variações
processamento (estampagem, tratamento térmi-
de resultados, principalmente quando não auto-
co, soldagem);
matizados;

• Eliminação de arranhões por manuseio inadequado.• O trabalho é todo realizado a partir de elementos
62
consumíveis (abrasivos pastas ou pó, disco e ro-
Vantagens das, etc).
• Adapta-se muito bem a formas variadas, desde
que não muito complexas; Cuidados
• Os trabalhos em peças seriados podem ser au- • O setor de polimento deve ser montado em local
tomatizados com relativa facilidade; ventilado e os polidores deverão ser orientados a

Tabela 15: Polimento de superfícies de aço inox

Acabamento Acetinado Polimento de Desbaste Alto Brilho

• Massas de afinação de • Massa sólida ou líquida com • Massa sólida ou líquida


carbureto de silício ou óxido alumina ou com bauxita; de alumina calcinada;
de alumínio;
• Disco de sisal costurado, • Roda de tecido com uma
• Roda de tecido com uma disco ventilados, rodas de costura ou disco com uma
costura ou disco ventilado; sisal costuradas; costura ou disco ventilado;

• Velocidade periférica • Velocidade periférica • Velocidade periférica


de 1.400 a 2.000 m/min. de 2.400 a 2.700 m/min. de 2.100 a 2.700 m/min.

ACABAMENTO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS


utilizar máscaras, principalmente quando estive- duais deste óxido que fiquem aderidas na super-
rem sendo empregados com abrasiva sílica, Trí- fície do aço inox podem desencadear os proces-
poli ou terra diatomácea, A inalação do pó des- sos corrosivos;
tes produtos por períodos longos pode resultar
em um problema denominado silicone (doença
pulmonar); • Nunca utilizar os mesmos discos ou rodas de
polimento para polir aço comum e inox, preve-
nindo a “contaminação” da superfície do aço
inox com partículas do aço comum que poderão
• Os discos de polimento necessitam de flanges iniciar processos corrosivos.
para uma operação segura. Se os flanges não
forem bem projetados e fabricados, as forças
geradas pelas altas velocidades e os coques du-
rante a execução dos trabalhos podem causar Aplicações Tradicionais
colapso das garras de fixação, rompimento dos
grampos, pondo em risco os operadores; • Talheres e baixelas;

• Panelas;
• Nos trabalhos com aço inox não empregar como
abrasivos o óxido de ferra, pois partículas resi- • Pias e cubas;Corrimãos soldados.

11. LIMPEZA DO AÇO INOXIDÁVEL


63
O aço inox é um material de fácil conservação. Limpeza de rotina
Através da limpeza adequada e rotineira é possível
manter inalteradas as características originais do Os melhores produtos para conservar o aço inox
produto, preservando sua resistência à corrosão, são a água, o sabão os detergentes suaves e neu-
aparência e higiene. Mesmo no caso de sujeirinhas tros e os removedores a base de amônia, diluídos
mais resistentes, experimente começar a limpeza em água mornos, aplicados com um pano macio ou
com o método mais suave. Repita a operação um esponja de náilon. Depois, basta enxaguar e secar
número razoável de vezes, antes de recorrer aos com pano macio. A secagem é extremamente im-
métodos de limpeza mais severos. portante para evitar o aparecimento de manchas na
superfície do produto.

Utensílios de aço inox também podem ser lavados


em máquinas de lavar pratos. A pré-lavagem só é
aconselhada em casos de sujeira muito aderente.
Ácido Nítrico: Um amigo do Aço Inox
Ácido Nítrico HNO3 é o único ácido mineral que pode
ser usado na limpeza do aço inox. Entretanto, evite
Essa limpeza rotineira remove facilmente as sujei-
seu contato com outros metais, especialmente os
ras mais comuns e seu uso constante quase sem-
feitos a base de alumínio e cobre que são comuns
pre remove as sujeiras mais intensas.
nos utensílios de cozinha.

METALURGIA DO AÇO INOX


Sujeira moderada / Manchas leves Manchas de ferrugem
No caso de sujeira moderada, quando a limpeza de Se a limpeza de rotina não for suficiente para remo-
rotina não for suficiente, aplique uma mistura feita ver as manchas de ferrugem, proceda da maneira
com gesso ou bicarbonato de sódio dissolvida com indicada para a remoção de manchas leves. Se con-
álcool de uso doméstico, até formar uma pasta, tudo, as manchas de tonalidades marron persistirem
usando um pano macio ou uma bucha de náilon é porque algum fragmento de aço comum ficou im-
para passar na superfície do aço inox. Se preferir, pregnado na superfície do aço inox. Com um cotone-
use também uma escova de cerdas macias, toman- te embebido em ácido nítrico a 10% faça aplicações
do cuidado para não esfregar: faça-o sempre da tópicas, mantendo o local umidecido durante 20 a
maneira mais suave possível, utilizando passadas 30 minutos. Repita este procedimento até a comple-
longas e uniformes, no sentido do acabamento po- ta remoção. No caso de manchas muito resistentes,
lido, caso houver. esfregue o local com uma bucha de polimento e uma
pasta feita com abrasivo doméstico fino e ácido ní-
trico a 10%. O tratamento com ácido deve ser neu-
tralizado enxaguando-se a área com uma solução de
a amônia ou bicarbonato de sódio. Imediatamente
Evite esfregar com movimentos circulares. Depois depois, proceda a limpeza de rotina.
enxágüe com bastante água, preferencialmente
morna e seque com pano macio.

Sujeira intensa / Manchas acentuadas


Faça uma pré-imersão em detergente morno ou Rótulos ou etiquetas adesivas
quente, ou numa solução de um removedor a base
de amônia (removedores caseiros) e água. Se isso Descole o máximo que puder. Mergulhe a peça em
64 não for suficiente para amolecer alimentos quei- água morna e esfregue com um pano macio. Se
mados ou depósitos carbonizados, recorra a pro-
dutos mais agressivos como removedores a base o adesivo persistir, seque e esfregue suavemen-
de soda cáustica empregados na limpeza domés- te com álcool ou solvente orgânico. Mas cuidado:
tica. Siga o procedimento indicado para remover nunca raspe a superfície do aço inox com lâminas,
sujeira moderada, repita se necessário, e só se espátulas ou abrasivos grossos.
a sujeira persistir utilize um método mais severo,
com o emprego de produtos mais abrasivos como
os sapólios. Lembre-se, entretanto, que estes mé-
todos podem afetar levemente a superfície do aço Marcas de dedos
inox. Por fim enxágüe e siga as etapas da limpeza Remova com um pano macio ou toalha papel
de rotina. umedecidos em álcool isopropílico encontrado em
farmácias de manipulação ou solvente orgânico
(éter-benzina).

Reduza ao mínimo as chances de uma nova


ocorrência, aplicando um polidor doméstico à base
de cera ou vaselina líquida sobre a superfície limpa
se seca.

LIMPEZA DO AÇO INOXIDÁVEL


12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LUCAS, Léo; MESQUITA, Álvares; RUGANI, Eduardo Luiz. (1997). Aço inoxidável: Aplicação e
Especificação.
_____, (1997) . Conformação dos Aços Inoxidáveis.

_____, (1997). Estampagem dos Aços Inoxidáveis.

INOX, Instituto. Apostila de Aço Inoxidável.

TEBECHERANI, Ciro de Toledo Piza. Artigo : “Aços


Inoxidáveis”.

Sites:

www.metalica.com.br

www.aperam.com

www.nucleoinox.org.br

65

METALURGIA DO AÇO INOX

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