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Apostila Metalurgia Do Aço Inox PDF
Apostila Metalurgia Do Aço Inox PDF
2011
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
2. CONCEITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
3. RESISTÊNCIA A CORROSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
6. FENÔMENO DA CORROSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
A sensitização e a corrosão intergranular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 .
Solução para o problema da sensitização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 .
Corrosão sob tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 .
Corrosão por pites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 .
Corrosão localizada em frestas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 ..
Corrosão galvânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20 .
Métodos para a prevenção e combate da corrosão galvânica . . . . . . . . . . . .21 .
Corrosão em temperaturas elevadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 .
7. MANUSEIO E ESTOCAGEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Manuseio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Estocagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
8. CONFORMAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Traçagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
.
Processos de conformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 .
Processos de corte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
Processos de furação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34
Processos de dobramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Processos de curvamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40
Estampagem dos aços inoxidáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
9. UNIÃO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Junção por rebites e parafusos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47 .
Cola estrutural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47.
Fitas adesivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47.
Soldagem do aço inox . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 ..
12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
1. INTRODUÇÃO
A demanda de produtos e serviços que englobam o logia utilizado pelas empresas transformadoras do
Aço Inox, cresce a cada dia e abrangem um mundo aço inox no Brasil ainda é muito baixo. As dificulda-
cada vês mais diversificado. Atualmente em gran- des de mão de obra e o desconhecimento do cor-
des centros existe uma concentração de pequenas reto manuseio têm onerado desnecessariamente os
industrias transformadoras que utilizam com sua custos de fabricação e comprometido a qualidade
principal matéria prima o Aço Inox. Resultado de final do produto, com isso notou-se a necessidade
desmembramento de pequenos fabricantes de pias de se estabelecer métodos e informações de ativi-
e cubas. Estes serviços são basicamente artesanal, dades de forma geral, visando o desenvolvimento
executados em equipamentos obsoletos com re- da mão de obra, pois, as mesmas são as primeiras
sultados desastrosos quando se busca qualidade, abordagens dos parâmetros a serem levados em
impondo desafios aos seus processos de transfor- consideração para a correta especificação, manu-
mação, sendo capazes de gerar preocupações, cui- seio e conformação dos Aços Inoxidáveis.
dados e constante busca de informações, capazes
de ajudar o processo.
Estas atividades realizadas de forma coerente com
um conhecimento básico das atividades citadas
Com o crescimento continuo e constante evolução acima são capazes de trazer maior produtividade,
do parque manufatureiro do Aço Inox no cenário com uma qualidade final do produto satisfatório
nacional, alem de se observar que o nível de tecno- para o cliente.
2. CONCEITOS
Os Aços inoxidáveis surgiram de estudos realizados quela época de reduzir a quantidade de carbono (C),
em 1912, tanto na Inglaterra como na Alemanha. O fizeram abandonar, durante muitos anos, o estudo
aço estudado na Inglaterra era uma liga de Fe + Cr, destas ligas.
com cerca de 13% de Cr. Na Alemanha se tratou
de uma liga que, alem de Fe e Cr, continha também
níquel (NI). No primeiro caso era um aço inoxidá- As Ligas de Ferro Cromo (17% de cromo) e ferro-
vel muito próximo do que hoje chamamos de 420 e cromo-níquel (18% de cromo e 8% de níquel) foram
no segundo outro aço inoxidável bastante parecido amplamente utilizados nos anos de 1920/1930 nos
com que hoje conhecemos como 302. estados Unidos e Alemanha, em fabricas de amônia
e ácidos.
Anteriormente, na primeira metade do século XIX, Os Aços Inoxidáveis são ligas de ferro (Fe) e cor-
foram feitas ligas de Fe – Cr. Nessa época, o con- mo (Cr) com um mínimo de 10,50% de Cr. Outros
ceito predominante considerava que um material elementos metálicos também integram estas ligas,
era resistente à corrosão se resista ao mais popular mas o Cr é considerado o elemento mais impor-
e conhecido dos ácidos inorgânicos: o ácido sulfú- tante por proporcionar uma elevada resistência à
rico. Este fato, aliado a incapacidade de aciaria da- corrosão.
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METALURGIA DO AÇO INOX
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Figura 3
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Aços ferritícos são ligas de ferro-cromo, contendo Outra alternativa (que é utilizada na prática) é a de
12 a 17% de cromo com baixo teor de carbono. adicionar, como elemento de liga estabilizadores
Não são endurecíveis por tratamento térmico. São como Titânio e Nióbio.
magnéticos e apresentam boa resistência a corro-
são em meios menos agressivos, boa ductibilidade,
razoável soldabilidade. O trabalho a frio o endurece Os elementos estabilizadores têm uma grande afini-
moderadamente. dade química com o carbono, formando então car-
bonetos destes elementos. Ataca-se desta maneira,
Diferente dos aços martensitícos, os ferritícos (Figu- principalmente, a formação de martensita (fase rica
ra 2) contém, em geral, uma quantidade de cromo em carbono) e a precipitação de carboneto de cro-
superior, aumentando sua resistência a corrosão, mo. O crescimento de grãos das regiões soldadas
mas ao mesmo tempo sacrifica outras proprieda- é também, em partes, limitando pela presença de
des, como a resistência ao impacto. elementos estabilizadores.
O aço mais comum da família dos ferritícos é o Entre os aços inoxidáveis ferritícos estabilizados,
Aço 430. Este apresenta certas limitações em sua pode-se mencionar o 439 (com aproximadamente
utilização como sua soldabilidade. As soldas nes- 17% de cromo), o 441 (semelhante em cromo ao
te aço são frágeis e de menor resistência à anterior mas com um excesso de nióbio), o 409
corrosão. A formação parcial da martensita (mes- (com 11% de cromo) e o 444 (com 18% de cromo
mo com baixo teor de carbono), a precipitação de e aproximadamente 2% de molibdênio).
carboneto de cromo e o crescimento excessivo do
tamanho do grão nas regiões soldadas são as prin-
Todos estes podem ser soldados pelo fato de serem
cipais causas que acarretam o mau desempenho
aços inoxidáveis ferritícos estabilizados.
deste material na soldadegem. As aplicações do
430 se restringem à aquelas que não precisam de
O aço 439 também apresenta um melhor compor-
soldagem, ou quando as soldas não são considera-
tamento que o 430 na estampagem e uma melhor
das operações de alta responsabilidade. Por exem-
resistência à corrosão (devido ao Ti, o enxofre se 9
plo, uma pia de cozinha pode ser soldada a mesa,
precipita como sulfeto de titânio e não como sulfeto
mas não pode construir um tanque para escoar
de manganês, inclusões estas que são perfeitamen-
ácido nítrico (mesmo que o 430 apresente ótimas
te atacadas na corrosão por pites).
resistências a este ácido).
Uma solução para este problema de soldabilidade O aço 444 possui uma excelente resistência à cor-
seria fazer o recozimento depois de soldar. Porém rosão graças à presença de 2% de molibdênio em
isto aumenta os custos e, muitas vazes, pelas ca- sua composição.
racterísticas da estrutura soldada, o recozimento
não é possível. O aço 441, semelhante ao 439, possui uma melhor
resistência a fluência em altas temperaturas devido
a maior quantidade de nióbio.
Os Martensitícos
Aços Martensitícos: São ligas e ferro-cromo de 12 combinam para formar carboneto de cromo. Cr23C6,
a 14% de cromo e com alto teor de carbono. São que precipita.Cada molécula de Cr23C6 precipitada
endurecivéis por tratamento térmico e magnéticos. possui, em peso, aproximadamente 95% de cromo.
Quando temperados são muito duros e pouco dúteis, Como o aço 420 tem muito carbono e pouco cromo
e é nesta condição que são resistentes à corrosão. (quando comparado com outros aços inoxidáveis),
Quando recozidos não apresentam bom comporta- praticamente, a metade de cromo do aço 420 aca-
mento frente à corrosão atmosférica.
10
Nos aços inoxidáveis martensitícos (Figura 2) o car- ba, sendo precipitado e retirado da solução sólida.
bono está em uma determinada concentração que Nesta condição, o material não resiste a corrosão
permite a transformação de ferrita em austenita em atmosférica (não existe um mínimo de 10,5% de
altas temperaturas. Durante o resfriamento a auste- cromo em sua estrutura). Assim, o aço inoxidável
nita se transforma em martensita. 420 e todos os martensitícos têm que sofrer a
operação de têmpera, que transforma a ferrita em
austenita e esta última em martensíta durante o
A martensita é uma fase rica em carbono, frágil e
resfriamento.
muito dura.
Os Austeníticos
Aços Austeníticos são ligas não magnéticas de fer- Os aços inoxidáveis austeníticos são utilizados em
ro-cromo e níquel contendo 8% de níquel, com bai- aplicações em temperaturas ambiente, em altas
xo teor de carbono. Apresentam boas propriedades temperaturas (até 1150°C) e em baixíssimas tem-
mecânicas, boa soldabilidade, trabalhabilidade a frio peraturas, uma série de alternativas que dificilmen-
e resistência a corrosão. Podem ser endurecidos te são conseguidas com outros materiais.
por deformação e, neste estado, são ligeiramente
magnéticos. A adição de elementos de liga como O aço 304 é um material com grandes possibilida-
molibdênio e a redução do teor de carbono melhora des em suas aplicações, a tal ponto que o podemos
sua resistência a corrosão encontrar em nossas casas (em um garfo ou em
panelas, por exemplo) e também na industria, em 11
aplicações de grande responsabilidade.
A adição de níquel como elemento de liga, em de-
terminadas quantidades, permite transformar a
estrutura ferritíca em austenítica e isso tem como Dempendendo do meio ambiente, o 304 não é aus-
conseqüência uma grande mudança em muitas tenitíco mais utilizado.
propriedades.
Um dos problemas enfrentados pelo aço 304 (e o
Os aços inoxidáveis austeníticos (Figura 3), dos mesmo ocorre com os outros tipos de aços inoxi-
quais o aço 304 (18%Cr – 8%Ni) é o mais popu- dáveis) é o da ação corrosiva provocada pelo ânion
lar têm excelente resistência à corrosão, excelente cloreto, Cl (-). Dependendo da concentração do clo-
ductibilidade (existe aqui uma grande mudança nas reto no meio, na temperatura e do pH, três formas
propriedades mecânicas se os compararmos com de corrosão podem ocorrer, por pites, em frestas
os ferritícos) e excelente soldabilidade. e sob tensão. Destas três formas de corrosão, os
15
Figuras 4
16 Alguns aços inoxidáveis austeníticos, quando aque- para os contornos de grão (Figura 5). Dessa forma,
cidos na faixa de temperatura compreendida entre uma grande quantidade de cromo é removida de
420 e 870ºC, então sujeitos ao fenômeno conheci- uma faixa relativamente estreita e a conseqüência
do como sensitização. é uma fragilização desta região que pode ficar com
até 2% de cromo.
Nessa temperatura, pela grande afinidade, o cromo
e o carbono se combinam formando o carboneto de
Essas regiões descromizadas, desde que tenham
cromo (Cr23C6), que se precipita preferencialmente
menos de 10,5% de cromo, não são mais inoxidá-
veis e deixam de resistir ao ataque de determinados
meios agressivos. Como conseqüência, tem-se um
ataque localizado nos contornos de grãos, razão
Região Descromizada
(Cr < 11%)
pela qual a corrosão assim promovida é conhecida
como corrosão intergranular.
ZF
ZAC
MB
Para solucionar o problema da sensitização, exis- sensitização, nem sempre é possível, devido ao ta-
tem três formas distintas e com particularidades, manho e forma de certas peças e equipamentos. 17
por isso devem ser aplicadas de acordo à necessi- Nos anos 30, outra solução foi encontrada para se
dade de cada um, levando em conta sempre alguns evitar o problema de sensitização, ou seja, a utiliza-
fatores, como, a forma e dimensão da peça. ção de estabilizadores. O titânio, adicionado como
elemento de liga inibe a formação de carbonetos
de cromo devido ao fato de ter uma afinidade maior
Através da austenitização, é uma técnica utilizada pelo carbono que o cromo. Assim precipita-se o car-
para recuperar um aço inox austenítico sensitizados. boneto de titânio e o cromo permanece em solução
Deve-se aquecer o material a uma temperatura de sólida. Com a mesma finalidade pode ser utilizado
aproximadamente 1100ºC, seguida de resfriamento o nióbio. Tanto o titânio quanto o nióbio são estabi-
rápido. Em temperaturas superiores a 1050ºC, os lizadores do carbono e os aços inoxidáveis assim
carbonetos de cromo formados, por exemplo, du- obtidos (por exemplo, tipo AISI 321 e AISI 347) são
rante uma operação de soldagem são rapidamente conhecidos como aços inoxidáveis estabilizados.
dissolvidos, o carbono e o cromo ficam novamente
em solução sólida. Se o tratamento a altas tem-
Uma terceira alternativa, introduzida em 1947, atu-
peraturas é seguido de um rápido resfriamento, a
almente mais utilizada, é a redução do teor de car-
precipitação de carbonetos não acontece porque o bono nas ligas austeníticas. Quanto maior é o teor
cromo e o carbono não dispõem de tempo suficien-
de carbono do material, maior também é o teor de
te para se combinarem novamente. A técnica de se
cromo removido da solução sólida e, conseqüente-
tratar termicamente um material para eliminar as
Este tipo de corrosão afeta os aços inoxidáveis aus- vos e de uma tensão mecânica, como produzida por
tenítico submetidos a tensões e à presença de cer- uma deformação a frio.
tos elementos corrosivos, como cloretos e sais de
metais alógenos (cloro, flúor e bromo) em solução
aquosa ou mesmo em vapor. As principais características da corrosão sob tensão
são:
rapidamente.
Esse tipo de corrosão não é específico das juntas • A estrutura também contribui. Os aços austeno-
soldadas, mas a soldagem pode contribuir indireta- ferríticos resistem melhor que os austenítico.
mente, pelas tensões residuais de tração, resultante
dos diferentes ciclos térmicos dos diferentes pontos • Em caso de dúvidas é sempre aconselhável testar
de uma junta soldada. Estas tensões são, por si só, espécimes contendo soldas, nos meios onde o ma-
suficientes para provocar o fenômeno, uma vez que terial vai trabalhar, sujeitos às tensões de trabalho.
são da ordem do limite de escoamento do material.
Outra forma muito comum de se ocorrer este tipo A corrosão sob tensão pode ser reduzida ou preve-
de corrosão, por exemplo, é quando o material se nida por medidas como:
encontra sob a ação simultânea de agentes corrosi-
• Diminuição do nível de tensões, por exemplo,
através de um tratamento térmico de alivio de
FENÔMENOS DA CORROSÃO
tensões. Em aços austenítico, este tratamento é aços inoxidáveis podem ser substituídos por li-
normalmente feito entre 900 e 1000ºC; gas mais ricas em níquel ou por aços inoxidáveis
que não contenham ou que contenham menor
• Eliminação do componente ambiental crítico; quantidade de níquel;
A corrosão por frestas pode ser considerada como No entanto, a existência de uma fresta é necessá-
uma corrosão superficial por pites. O aspecto da ria para a ocorrência do fenômeno, alem de meios
corrosão por frestas é freqüentemente semelhante agressivos com cloretos (Figura 9).
ao da corrosão por pites e seu crescimento verifi- Este tipo de corrosão está associado a pequenos
ca-se também por um processo auto-sustentável. volumes de soluções agressivas (por exemplo,
Corrosão Galvânica
Os aços inoxidáveis não são aplicados somente tensidade, tornando-se anódico. A força impulsora
como elemento arquitetônico, mas também como para a circulação da corrente e, conseqüentemente
diversas outras aplicações pode ser combinado com da corrosão, é a diferença de potencial entre os dois
vários outros materiais metálicos e não metálicos, metais.
seja como revestimento de fachadas, esquadrias
para janelas, ou mesmo esculturas.
20
A relação entre as áreas catódicas e anódica de
um par galvânico é outro efeito a ser considerado.
Uma relação de área desfavorável consiste em um
As soluções envolvendo aço inox e outros metais grande catodo e um pequeno anodo. A maior den-
são possíveis, mas requerem cuidados especiais sidade de corrente na área anódica gera uma maior
para se evitar a formação de par galvânico. taxa de corrosão no anodo, para manter o equilíbrio
elétrico entre as reações catódicas (de proteção) e
anódica (de corrosão).
O par galvânico ocorre quando dois metais desse-
melhantes estão em contato na presença de um
eletrólito. A diferencia de potencial entre ambos, em
função de um meio corrosivo ou de uma solução Portanto, quando for necessário o contato de dois
condutora, produzirá um fluxo de elétrons entre eles. metais dessemelhantes, deve-se prever um isola-
O material menos resistente corroerá com maior in- mento entre ambos.
FENÔMENOS DA CORROSÃO
Métodos para a prevenção e combate à corrosão galvânica
• Selecionar os materiais metálicos de modo que aços inoxidáveis, os metais de adição de alto
estejam mais próximos na série galvânica. teor de cromo e níquel são necessários para
compensar as perdas por oxidação preferencial.
• Evitar o efeito de área desfavorável, evitando pe-
queno anodo e grande catodo. • Projetar partes anódica facilmente substituíveis
ou fazê-las mais espessas para se ter uma vida
• Isolar materiais metálicos dessemelhantes onde útil maior.
for possível, aplicando, por exemplo, revestimen-
to à base de epóxi.
• Aplicar um terceiro metal que seja anódico a
ambos os metais em contato.
• Nas juntas soldadas, o cordão deve ter compo-
sição química similar ao metal base. No caso de
A resistência dos aços inoxidáveis a corrosão em dos aços, pois a presença de contaminação pro-
temperaturas elevadas é condicionada por uma sé- duz um abaixamento considerável da tempera-
rie de fatores, como o meio circundante, o processo tura de oxidação.
de fabricação da peça ou equipamento, o ciclo de
operação, etc. A seguir apresentamos em linhas ge-
rais a ação de alguns agentes agressivos sobre o • Gases Redutores em Geral: A presença de ga-
aço inoxidáveis em altas temperaturas. ses redutores em temperaturas elevadas afetam
os aços inoxidáveis por diversos modos e assim 21
cada caso deve ser estudado separadamente.
22
Se existir contaminação se forma um produto de cor
• Contato direto entre aço inox e aço carbono;
azul intensa (azul de Prússia), que é o ferricianeto
de potássio.
• Utilização de equipamentos de corte ou confor-
mação que trabalham indistintamente com aço
carbono e aço inoxidável;
Figura 11 23
• Limpar os equipamentos e acessórios de manu-
seio antes de sua utilização;
Figura 13
No processo de estocagem deve-se ter cuidado, • A contaminação por óleo ou graxa também
tanto quanto com o manuseio do aço inox, levando deve ser evitada;
em consideração as formas corretas, para se adotar
o procedimento correto. • Recomenda-se cobrir o inox estocado.
24
• Manter o estoque sempre longe de outros ma-
teriais;
Figura 15
Como estocar, evitando contaminação
Prevenção contra umidade
• Depósitos de poeira na superfície das chapas podem
causar manchas de ferrugem, caso contenham par-
tículas de materiais ferrosos (ferro ou aço). O mesmo • A umidade também pode danificar o aço inox,
acontece com partículas de poeiras em suspensão originando manchas na sua superfície. Estas
resultantes do esmerilhamento de aços carbono; manchas não indicam necessariamente indícios
de comprometimento na resistência à corrosão
do aço inox, entretanto podem prejudicar a sua
aparência, além de serem de difícil remoção.
• A camada de poeira também pode absorver sais
agressivos, especialmente em atmosferas marinhas • Evite estocar em áreas vulneráveis a goteiras ou
ou industriais. A contínua absorção e evaporação de gotejamento decorrente de condensação. Caso
qualquer umidade levam ao aumento da concentra- aconteça, podem levar a manchas na superfície
ção destes sais e a camada de poeira pode vir a ser das chapas e placas: as gotas provenientes da
um meio de corrosão muito agressivo;
MANUSEIO E ESTOCAGEM
condensação formada em tetos galvanizados As chapas e bobinas saem da usina siderúrgica,
podem conter traços de zinco e as manchas embaladas com plástico de proteção, que deve ser
deste material somente são removidas da su- mantido o maior tempo possível, ajudando a preve-
perfície do aço inox por processos mecânicos nir danos no período entre a entrega e o momento
ou polimento. de uso do material. Quando o material for fornecido
com aplicação de PVC (filme para proteção de po-
lietileno) este material não deverá ser exposto dire-
tamente à luz do sol por longos períodos, podendo
ocorrer aderência do plástico à superfície do aço.
Procedimentos corretos de estocagem de chapas e
bobinas de aço inox são fundamentais para manter
inalteradas as características estéticas e de resistência
à corrosão necessária as suas aplicações finais.
8. CONFORMAÇÃO
A conformação em aços inoxidáveis é um dos proces- perfis, tubos, pias, cubas, mesas de fogão, etc.
sos no qual se deve ter muita atenção e cuidado para
que não ocorra nenhuma deformação na superfície
do material. Por isso assim como toda atividade reali- Aço inox e sua Conformação
zada deve ter cuidados e procedimentos corretos.
Cada tipo de aço inox recebe os processos de con-
formação de uma maneira diferente, ressaltando
que todos podem ser conformados.
Traçagem
A traçagem faz parte do conjunto de atividades que esquadro, transferidor de grau, etc.
antecedem as operações de conformação. Trata-se
de marcação de curvas, retas ou pontos sobre a Todos os instrumentos devem ser guardados em
chapa para visualização dos locais a serem corta- locais adequados, sempre limpos e nunca em con-
dos, furados ou dobrados. tato com aço carbono.
Para se realizar a operação de traçagem são utiliza- Quando em uso, nunca devem estar empilhados
dos os seguintes equipamentos: bancada de traba- sobre a chapa a ser traçada, para evitar acidentes e
lho, riscador, compasso, punção, régua graduada, risco desnecessários à chapa.
Bancada de trabalho
É uma mesa de trabalho onde serão executadas
as operações de traçagem. Ela deve estar sempre
limpa, ser plana e estar forrada com feltro ou bor-
racha. Suas dimensões devem estar adequadas ao
operário e superiores às dimensões das chapas que
serão traçadas. Após o uso, a bancada sempre deve
ser limpa e coberta para evitar qualquer tipo de con-
taminação. Desta forma, estará sempre pronta para
o uso futuro.
Riscador e compasso
Devem ser de aço inox temperado ou no mínimo ter
a ponta em aço inox. Em traçagem que não neces-
sitem precisão, podem ser substituídos por caneta
(caso a chapa de aço inox esteja revestida com fil-
me de polietileno).
CONFORMAÇÃO
Figura 17
27
Figura 18
Processos de Corte
Umas das principais atividades que englobam o pro- • Fusão – plasma e corte a laser.
cesso de conformação é o corte. Basicamente, os
processos de corte são operações que envolvem:
Corte por Cisalhamento
O corte por cisalhamento (Figura 19) é executado
• Cisalhamento – Guilhotina, tesouras e diversos colocando-se a chapa e/ou material a ser cortado
discos rotativos; entre duas facas de corte de aço especial. A faca
inferior é fixa e a superior é dotada de movimento
• Abrasão – Discos de corte, Serras de vários ti- ascendente/descendente. O esforço cortante é pro-
pos e corte por jato d’água;
CONFORMAÇÃO
Figura 19
duzido pelo movimento descendente da faca supe- bono, nota-se que, consegue-se cortar espessuras
rior que, ao penetrar no material a ser cortado cria:
menores que com aço carbono, devido a maior du-
Tesoura 29
Equipamentos para
Corte por Cisalhamento Nem todos os cortes são lineares de forma serem
cortados em uma guilhotina, com isso existe tesou-
ra capazes de realizar o corte, seja ele linear, curvo
Guilhotina ou até mesmo com detalhes determinados.
A guilhotina é uma máquina de corte por cisalha-
mento, utilizados para cortar chapas de diferentes
espessuras e materiais. Assim como qualquer atividade existe algumas
particularidades, como o tipo de tesoura, de acor-
do com o tipo de corte necessário. Como mostra a
A capacidade de corte das guilhotinas quando se Tabela 3.
faz uma comparação entre o aço inox e aço car-
Aço Carbono 1,60 1,98 2,78 3,57 4,76 6,35 7,94 9,53 12,7 15,9 19,0 25,4
Aço Inox Austenítico 1,11 1,27 1,98 2,78 3,57 4,76 6,35 7,14 9,53 12,7 15,9 19,0
CONFORMAÇÃO
Corte por Abrasão
Figura 20
Serra Fita (Figura 21) ser cortado (“cavacos”) com conseqüente aumento
32 de temperatura da zona cortada. Quando a espessu-
• Largamente utilizada para corte de aços inoxidá- ra da peça a ser cortada é muito grande, existe a ne-
veis. Executa cortes retos ou com contorno irregu- cessidade de serem utilizados fluidos de refrigeração.
lar tanto em chapas quanto em barras e tubos. Este tipo de corte pode ser executado por dois tipos
de equipamentos: Serras e Discos Abrasivos Para a
seleção do disco de corte mais adequado, deve-se
• O emprego de lâmina de aços, rápido possibilita considerar o tipo de material a ser cortado, a seção o
mais durabilidade e a utilização de velocidade de corte, o acabamento desejado e os equipamentos de
corte maior. corte disponíveis (corte refrigerado ou a seco).
CONFORMAÇÃO
Tabela 4: Máquinas de corte por abrasão
Peças sólidas ou
Nesta máquina, ale,m de girar o disco de corte, a peça também é tubos de até 550
Rotativa
girada. Utiliza disco de dimensões pequenas entre 300 e 350 mm mm de diâmetro.
dediâmetro.
Corte a plasma
O corte a plasma é um tipo de corte que foi desen- O corte a laser é utilizado onde ha necessidade de
volvido para substituir o corte por oxiacetileno (3000 alta produtividade, levando em consideração o aca-
°C) que é inadequado aos aços inoxidáveis, além de bamento gerado no processo. O valor de aquisição
apresentar velocidade de corte muito superior. do material é muito alto, havendo necessidade de
uma demanda de produção muito alta, para que o
investimento se torne viável. Por este motivo, exis-
O processo consiste em se estabelecer um arco tem centros de serviços em todo o país, permitindo
elétrico entre um eletrodo (catodo) e o material que o corte a laser se torne cada vez mais acessível
base a ser cortado (anodo). A ponta do eletrodo às empresas em geral.
fica embutida no bocal de gás que é refrigerado
por água ou ar. O gás de plasma é ionizado e di-
O processo de furação consiste em operações que faca superior por um punção com o formato de furo
envolvem os mesmos conceitos básicos dos pro- que se quer produzir e a faca inferior por uma matriz
cessos de corte: fixa. As folgas entre o punção e matriz não devem
ser superior a 10% da espessura do material (5%
por face) para impedir um escoamento excessivo
• Cisalhamento – puncionadeiras; do material para dentro da matriz. Para espessura
• Usinagem – furadeira de broca; abaixo de 1,00 mm a folga deve estar situada entre
• Fusão – plasma. 0,03 e 0,04 mm por face.
34
A geometria da superfície furada varia de acordo
com as folgas entre a matriz e o punção. Com au-
CONFORMAÇÃO
Figura 23
35
É importante salientar que este tipo de furação é • É preferíveis usar guias de furação dotada de fol-
recomendado para furos de boa qualidade em pe- ga suficiente entre o embuchamento (da guia) e a
ças seriadas onde o custo do equipamento pode ser peça a ser furada (mínimo uma vez o diâmetro do
uma limitante. furo) de modo a não impedir o fluxo de cavacos.
Motor ≤ 1400 W
Furadeira Apresenta alta velocidade de corte. Não é indicada
portátil para furos acima de 7 mm de diâmetro em aços inoxidáveis.
CONFORMAÇÃO
Figura 25: Tipos de furadeiras utilizadas na furação por usinagem.
37
O dobramento é uma operação onde ocorre uma Tabela 6 ilustra a relação entre o raio de dobra e o
deformação por flexão. Quando um metal é dobra- retorno elástico para diferentes tipos de aços ino-
do, a sua superfície externa fica tracionada e a in- xidáveis austenítico. Em relação aos austenítico os
terna comprimida. Essas tensões aumentam a par- aços ferríticos apresentam menor retorno elástico,
tir de uma linha interna neutra, chegando a valores porque apresentam menor encruamento.
máximos nas camadas externa e interna.
Figura 27
CONFORMAÇÃO
Para os aços inoxidáveis, devido a seu maior encru- 28). O material nunca entra em contato com o fun-
amento, o valor do raio da peça deverá ser ligeira-
do da abertura em V da matriz. O raio interno de
mente superior a este valor.
uma dobra em vazio é função da abertura da matriz:
quanto maior for a abertura da matriz, maior será o
raio interno resultante. O curso do punção determina
O ângulo de dobra é determinado pelo cursor do o ângulo da dobra final, neste tipo de dobramento,
punção regulado diretamente na prensa viradeira. é possível produzir com um único conjunto de ferra-
mentas, virtualmente qualquer ângulo de dobra, de
180° até o ângulo da matriz.
A força necessária para se proceder ao dobramento
é função da largura do material a ser dobrado (com-
primento de dobra) e da abertura da matriz. Quanto
maior o comprimento de dobra e menor abertura
da matriz, maior a força necessária para executar
o dobramento.
Tipo de dobramento
Dobramento de Fundo
O punção penetra na abertura em V da matriz até o
ponto em que o material atinge seu fundo. O ângulo
obtido no dobramento é igual ao ângulo da matriz
descontado o retorno elástico do material. O ângulo
do punção não dita o ângulo de dobra acabada e nem
o raio da ponta do punção produz o raio interno da
dobra. O raio da dobra está diretamente relaciona-
do ao tamanho da abertura em V da matriz. Quanto 39
maior a abertura, maior será o raio interno produzido.
Em casos especiais, pode-se usar elevado nível de
pressão na prensa viradeira, o que leva material a
tomar a forma do ângulo e do raio do ferramental que
está sendo empregado. Neste tipo de dobramento,
ângulo de dobramento é igual ao ângulo do punção.
O raio interno da dobra é produzido pelo raio da ponta
do punção que penetra no material.
Dobramento em vazio
Figura 28
O material é dobrado em três pontos: o raio do pun-
ção e os dois cantos da abertura da matriz (Figura
Como sugestão para uma boa prática, as chapas
de inox a serem dobradas devem estar revestidas
com à película de polietileno ou PVC como proteção
de possíveis contaminações, e as ferramentas, se
possíveis, devem ser revestidas de cromo duro.
O processo de curvamento consiste em operações cones, tronco de cones, bem como qualquer outra
que conferem á peça uma deformação permanente superfície de revolução, conforme a Tabela 7. Dois
em raios previamente estabelecidos. Por ser levados tipos de calandras estão disponíveis no mercado:
a efeito no regime plástico, a exemplo do dobramen- a calandra de passo e a calandra piramidal. Como
to, também neste processo observa-se o fenômeno mostra a Figura 29.
de retorno elástico. Basicamente, este processo é
adequado para curvamento de chapas, placas, bar-
ras, perfis e tubos, com emprego de equipamentos
específicos. Na calandra de passo, a folga entre os rolos alinha-
dos é ajustável para várias espessuras diferentes
e o rolo de trabalho pode se deslocar para obten-
Curvamento de chapas ção do diâmetro desejado. O diâmetro mínimo que
pode ser obtido é o rolo superior acrescido de 50
mm. Este tipo de calandra é adequada para gran-
des volumes de produção de peças de diâmetros
(raios) menores. São mais precisas que as calan-
As operações de curvamento de chapas são leva-
das a efeito em calandras. Pela calandragem, po- dras piramidais.
dem ser obtidas chapas curvas com raios de curva-
mento superiores pré-determinados como cilindros,
40
Figura 29
CONFORMAÇÃO
Na calandra piramidal o rolo superior pode ser ajus-
tado para exercer menor ou maior pressão, obten-
do-se peças de diâmetros e/ou raios menores ou
maiores. O diâmetro mínimo obtido é de cerca de
duas vezes o diâmetro do rolo superior para aços
inoxidáveis e de uma vez e meia para aços carbono.
O diâmetro máximo da peça é limitado pela estabi-
lidade da peça dobrada.
Figura 30
42
Figura 32
CONFORMAÇÃO
Estampagem dos Aços Inoxidáveis
Punção
A0 A B B
A A0
C C
Esboço Inicial
D D
Matriz
Esboço
E F E
Figura 34
As tensões principais se desenvolvem no plano da O material que compõe a parede da peça experi-
chapa e têm direções radiais ou circunferências, menta somente solicitações de tração na direção
podendo apresentar componentes de compressão radial, deformando-se na espessura.
ou de tração dependendo da geometria do ferra-
mental e da sua localização na peça.
Caso o fluxo de material proveniente do flange seja
interrompido e havendo um aumento da força apli-
A conformação de um copo à partir de um esboço cada no punção, as solicitações biaxiais de tração
(“BLANCK”), exige a presença de uma componente progridem levando o material, sob a cabeça do pun-
de dobramento. Tais esforços ocorrem nas curvatu-
ras das matrizes (“ombro”) e também nas curvatu-
ras dos punções. ção, a estricção e posteriormente à ruptura (Figura
35). As possíveis causas para interrupções do fluxo
de material do flange do esboço para dentro da ma-
O processo de estampagem inicia-se com compres- triz podem ser:
sões circunferências e trações radiais na região do
flange, que é justamente a área que está atuando o
prensa-chapas. • Aumento excessivo de carga no prensa-chapa;
44
• Relação elevada entre diâmetro do esboço e do
punção;
Punção Punção
Antirruga Antirruga
Matriz Matriz
Local da
Fratura
Local da
Área
Área Fratura
Deformada
Deformada
Figura 35
CONFORMAÇÃO
• Raios de curvaturas da matriz pequenos; formação, mas sim para a rigidez da forma. Sendo
a deformação pequena, há ocorrência do retorno
• Raio de curvatura grande do punção.
elástico (“Spring Back”) que é mais acentuado no
aço inox do que nos aços carbono. Assim para con-
Fatores que Influenciam formar-se chapas de inox devem-se sempre consi-
a Estampabilidade derar o maior efeito mola que estas possuem.
Efeito do Retorno Elástico - “Spring Back” A lubrificação excessiva, por exemplo, na cabeça do
punção, pode favorecer a ruptura na parede (cisa-
Muitas vezes um aspecto do projeto de uma peça lhamento puro) ou ainda propiciar o aparecimento
tem-se que atentar não para a severidade da con- de rugas. A velocidade de conformação é um fa-
tor que deve ser sempre levado em consideração,
normalmente quando a velocidade aumenta o coe-
ficiente de atrito diminui, com isso levando a realçar
o papel do lubrificante.
CONFORMAÇÃO
9. UNIÃO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS
Para se confeccionar peças em Aço Inox, quer seja • União por rebites
em trabalhos de caldeiraria, serralheria, ou em
• União por cola estrutural
construção civil, às vezes é necessário realizar al-
guns tipos de união, e essas uniões podem ser fei- • União por fitas adesivas
tas das seguintes formas.
• União por soldagem: eletrodo revestido, TIG, MIG e
Por resistência elétrica (Ponto, Costura e Plasma)
• União por parafusos
Cola Estrutural 47
Consiste no uso de resinas sintéticas adesivas, xamento ou lixamento da superfície. É de fun-
disponíveis no mercado, que são aplicadas nas damental importância que as lixas utilizadas não
partes a se unir. Antes de se proceder a aplicação tenham sido usadas em outros materiais como
do adesivo, é necessária uma adequada prepara- aço carbono, para evitar provável contaminação
ção da superfície de aço inox com o desengra- do aço inox.
A soldagem é na verdade, uma forma de união, as- 3. Aplicação que a peça terá quando acabada.
sim como a colagem, e a fita adesiva. A diferença
é que, nela, a união pode ser feita por fusão interli- Os processos mais usados na soldagem dos aços
gando as partes. Existe a sua escolha vários proces- inoxidáveis são: Eletrodo revestido, TIG, MIG e Sol-
sos para isso. Depende de 3 fatores: dagem por resistência elétrica.
• Baixa produtibilidade
•
Necessidade de remoção de escória
• Baixo custo do equipamento
Versatilidade • Dependência da habilidade do soldador
Eletro • •
• Operações em locais de difícil acesso Fumos de soldagem
Revestido •
• Disponibilidade de consumíveis Não automatizável
•
Cordão de solda com qualidade inferior
• Posição de soldagem restrita
• Possibilidade de soldagem
Soldagem de chapas muito finas
por • Facilidade de operação • Não aceita peças de formas
resistência • Velocidade do processo complexas e pesadas.
elétrica • Facilidade para automação
• Não depende da habilidade do operador
Além dos fenômenos de fragilização de origem terísticas dos diversos processos de soldagem.
metalúrgica, outros defeitos podem ocorrer. Estes Em outras palavras, são defeitos típicos dos pro-
defeitos são classificados como: planos ou volumé- cessos de soldagem. A Tabela 11 mostra a relação
tricos (Tabela 10). Os defeitos planos necessitam entre os processos usuais de soldagem dos aços
quase sempre ser reparados. Já os defeitos volu- inoxidáveis.
métricos são reparados, dependendo do seu tama-
nho e distribuição. A tabela seguinte apresenta a
classificação de alguns defeitos mais comuns de
serem encontrados na soldagem. Os defeitos apresentados podem ser detectados
por ensaios não destrutivos como: exame visual,
líquido penetrante, partícula magnética, ultra-som
Cada um dos defeitos estão associados às carac- e ensaios radiográficos. A seguir estes defeitos se-
rão apresentados em maior detalhes.
• Poro
• Inclusão de escoria
Defeito Volumétrico • Inclusão de tungstênio 49
• Mordedura
Tipos de defeito
Processo
de soldagem Inclusão Inclusão
FDF FDP Trincas Poro de escória de tungstênio
Eletrodo Revestido X X X X X NA
TIG X X X X NA X
Plasma X X X X NA X
MIG X X X X NA NA
Resistência X NA X NA NA NA
Importância do Acabamento
Devido ao grande uso dos aços inoxidáveis como freram algumas modificações em conseqüência
matéria prima nos mais variados setores da indús- de suas etapas de fabricação como: Soldagem,
(estampagem), com o objetivo de restabelecer
tria, diversos tipos de acabamento são amplamente uma boa condição na superfície. Este tipo de aca-
utilizados com sucesso. Freqüentemente diferentes bamento será o estudado neste modulo.
aplicações exigem características superficiais tam-
bém diferentes para que a peça ou produto fabrica-
do tenha desempenho em serviços.
• Sanitariedade: São os acabamentos aplicados
quando se deseja que a superfícies do material
não apresente rugosidade, onde possam alojar
Acabamento quando sai da usina siderúrgica, é partículas ou bactérias, pois são destinados a
classificado, pois, existe um enfoque estabelecido industrias alimentícias, farmacêuticas ou de quí-
50 não pelo tipo de produto, mas sim pelas exigências, mica fina, entre outra.
ou seja, quais os benefícios que se espera que se- • Decoração: Este acabamento é o mais aberto
jam incorporados ao produto ou ao seu processo de de todos, uma vez que a beleza é um conceito
fabricação, com a escolha do acabamento correto abstrato, não pede ser medida como rugosidade
(Quadro 10): ou avaliada em termos remoção de óxidos ou
dos arranhões.
Lixamento
52 Figura 37
Resina sobre Resina: Primeira e segunda camada
de resina. Utilizadas em lixas para operações me-
cânicas, principalmente na indústria metalúrgica,
oferecendo boa resistência ao calor gerado no uso.
Figura 39.
Figura 40
Cobrimento por Gravidade
Os grãos abrasivos são lançados em queda livre de
um alimentador sobre o costado onde já está deposi-
tada a primeira camada de adesivos. Controles espe-
ciais permitem que as partes cortantes e pontiagudas
dos grãos abrasivos fiquem expostas. Figura 41.
1. Mineral
2. Reservatório de alimentação
3. Faca de ajuste de alimentação
4. Camada de adesivo sobre o costado
5. Costado
Figura 41
53
Tipos de Camadas Abrasivas
As camadas abrasivas podem ter dois aspectos teriais com tendência a empastamento, tais como
distintos, denominados Camada Aberta e Camada madeira, vernizes, etc.
Fechada.
Camada Fechada
Camada Aberta Na lixa camada fechada, cada grão abrasivo tan-
gencia o seu vizinho, não havendo espaço vazio
Neste tipo de camada, os grãos abrasivos não se
entre eles.
tangenciam, permanecendo entre eles espaços va-
zios. O costado é coberto com grãos abrasivos, na
média de 70% de sua área total.
A camada fechada é destinada a lixamento de mate-
riais com baixo índice de empastamento, tais como
metais e outros.
A camada aberta é destinada ao lixamento de ma-
...150-180-220-240-280-320-360-400-500-600-800-1000
Pela norma FEPA são divididos 12 diferentes ta-
manhos que vai do P240 ao P2500. No grão abra-
sivo da norma FEPA usa - se a letra P antes do
PIOR – ACABAMENTO – MELHOR número.
Todos os abrasivos fabricados no Brasil e nos Esta- Quando for indicar um abrasivo revestido, fabrica-
dos Unidos obedecem a duas normas técnicas de do no Brasil ou nos Estados Unidos, para substituir
classificação do tamanho do grão abrasivo: a norma um outro produto fabricado na Europa, a correla-
ANSI (CAMI) estabelecida por um instituto normali- ção correta de grão deve ser seguida de acordo
zador norte americano, e a norma FEPA estabeleci- com a Tabela 12 para que o rendimento e o acaba-
da pela federação européia. mento dos dois produtos sejam equivalentes.
220 A100 1µ
P220 A90 0,5 µ
0,3 µ
60 µ
P240 A80
240
P280 A65
Norma: ANSI – Americana
FEPA – Européia
Óxido de alumínio
Abrasivos Carboneto de silício
Esmerilhamento
58
Definição devido a sua capacidade de serem auto-afiáveis. Os
abrasivos, normalmente óxido de alumínio ou car-
Esmerilhamento é o processo de remoção de material bureto de silício, são classificados de acordo com
de uma superfície com uma ferramenta abrasiva. seu tamanho (granulometria) por processos de pe-
neiramento e/ou sedimentação em meio liquido. Os
grãos grossos são recomendados para grandes re-
Objetivos moções de material, mas em contrapartida originam
um acabamento superficial muito rugoso. Por isso, a
A utilização de rebolos na industria é bastante am- determinação do abrasivo a ser utilizado deve repre-
pla, como por exemplo: afiação de serras, desbaste sentar um balanço entre a maior ou menor remoção
em retificas, afiação de ferramentas, rebarbação de de material pretendida e a rugosidade desejada na
peças, etc. Mas trataremos apenas de atividade de peça. O aglutinante (liga), que tem a função de sus-
esmerilhamento relacionada à remoção rápida de tentar os grãos abrasivos, deve ter uma resistência
grandes quantidade de material da superfície de especificada de forma a romper com aumento da
peças, como em cordões de solda. pressão que ocorre naturalmente quando a peça
entra em contato com grãos de abrasivos quebra-
dos ou sem poder de corte. Desta forma estes grãos
Conceitos
As ferramentas abrasivas, que são constituídas ba-
sicamente por grãos abrasivos ligados por um aglu-
tinante, diferem das demais ferramentas de corte
• Limpeza;
Cuidados
• Acabamento;
• Os rebolos e discos abrasivos são frágeis e sen-
síveis aos impactos, batidas e vibrações. Devem • Rebarbação;
ser estocados em locais secos, a temperaturas
• Desbaste;
moderadas e em condições que evitem o atrito
entre si ou contra outros objetos;
• Polimento.
• Alumínio;
• Nunca ultrapasse a velocidade máxima de ope-
ração recomendada pelo fabricante; • Aço inoxidável, etc.
• Pressão.
Polimento
Objetivos
mos é que os resultados dessas operações podem
• Diminuir a rugosidade;
variar de acordo com o abrasivo empregado. De
• Conferir um acabamento brilhante e uniforme ao fato, existem vários tipos de abrasivos com caracte-
rística e comportamentos diferentes, desde os na-
longo de toda superfície do inox.
60 turais até os sintéticos que, embora mais caros que
os naturais, têm atualmente lugar de destaque pela
Conceitos garantia de resultados que apresentam.
A aplicação dos abrasivos nas rodas ou discos pode nificativa economia de tempo do operados, uma vez
se dar de duas maneiras diferentes: através de que não tem que interromper o polimento periodica-
massas ou por colagem.
mente para aplicar a massa sólida no disco ou roda.
61
2. Massas líquidas: devem ser aplicadas com o au- • Não gera afluente nocivo a natureza.
xilio de pistolas especialmente desenvolvidas para
que jato de massa consiga quebrar de ar formado
Desvantagens
quando os discos estão em movimento, permitin-
do sua penetração neles por cerca de 30mm. • Alta geração de poeira no local de trabalho, sen-
do por veses recomendada sua separação física
das outras etapas de fabricação;
Resultados Esperados
• Dificuldade em geometrias complexas;
• Superfície isenta de riscos;
• Gera tensões superficiais e deformações mecâ-
• Acabamento uniforme ao longo de toda a superfície; nicas nas camadas mais externas da superfície;
• Eliminação dos vestígios de etapas anteriores de • É um processo que pode apresentar variações
processamento (estampagem, tratamento térmi-
de resultados, principalmente quando não auto-
co, soldagem);
matizados;
• Eliminação de arranhões por manuseio inadequado.• O trabalho é todo realizado a partir de elementos
62
consumíveis (abrasivos pastas ou pó, disco e ro-
Vantagens das, etc).
• Adapta-se muito bem a formas variadas, desde
que não muito complexas; Cuidados
• Os trabalhos em peças seriados podem ser au- • O setor de polimento deve ser montado em local
tomatizados com relativa facilidade; ventilado e os polidores deverão ser orientados a
• Panelas;
• Nos trabalhos com aço inox não empregar como
abrasivos o óxido de ferra, pois partículas resi- • Pias e cubas;Corrimãos soldados.
LUCAS, Léo; MESQUITA, Álvares; RUGANI, Eduardo Luiz. (1997). Aço inoxidável: Aplicação e
Especificação.
_____, (1997) . Conformação dos Aços Inoxidáveis.
Sites:
www.metalica.com.br
www.aperam.com
www.nucleoinox.org.br
65