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1. INTRODUÇÃO
A pergunta de Jesus aos seus discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt.
16.15); muito embora seja uma pergunta simples é muito profunda e de grande
importância para fé cristã. Pedro respondeu ao Senhor: “Tu és o Cristo, o Filho
do Deus vivo” (Mt.16.18). De acordo com Jesus, nenhuma outra resposta seria
satisfatória, porque a esta redeu seu elogio: “Bem-aventurado és, Simão
Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que
está nos céus” (Mt. 16.17).
Esta resposta de Pedro a pergunta de Jesus continua ser de estrema
importância a nós hoje; e digo por que: ainda “não existe nenhum outro nome,
dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At. 4.12). Jesus
Cristo ainda é “o caminho, a verdade e a vida, (e) ninguém vem ao Pai, exceto
através (dele) (Jo. 14.6). O próprio Jesus declarou que o destino eterno de todos
os homens depende da crença deles nele: “se não crerdes que EU SOU (o nome
pactual para Deus, Jeová), morrereis nos vossos pecados” (Jo. 8.24).
Em se tratando da importância do estudo da doutrina de Cristo (“Cristologia”)
dificilmente pode ser super-enfatizada. O estudo a pessoa e da obra de Cristo é
fundamental por causa da relação vital que Ele tem com o cristianismo. Uma
relação que nenhum outro fundador de religião tem com suas respectivas
religiões. Pode-se existir budismo sem Buda; islamismo sem Maomé;
mormonismo sem Joseph Smith; Kardecismo sem Kardec, mais não pode haver
cristianismo sem Jesus Cristo! Poder- mos-ia até dizer: Cristo é a nossa Religião!
(Cl. 1.27b).
Sendo assim, a Cristologia é uma das disciplinas fundamentais da Teologia
Sistemática. Os teólogos normalmente subdividem o estudo da Cristologia em
duas partes: a Pessoa de Cristo (ontologia: quem ele é) e a obra de Cristo
(função: o que ele faz). Essas duas; nunca devem ser separadas, mas devem ser
distinguidas. E começaremos estudando a Pessoa de Cristo; e após obra de
Cristo.
2 – A PESSOA DE CRISTO
Com a morte dos apóstolos não demorou, para que a Igreja se sentisse
ameaçada pelas várias doutrinas que surgiam a respeito de Jesus Cristo. A
doutrina que mais foi atacada ou que mais trouxe confusão se refere ao que
chamamos na teologia de união hipostática. União hipostática, também
conhecida como união mística ou dupla natureza de Cristo; é a doutrina clássica
da Cristologia que afirma ter Jesus Cristo duas naturezas, sendo homem e Deus
ao mesmo tempo. (Hypostasis = subsistência).
2.2.1 – Ebionitas
Surgiram no início do segundo século. O nome Ebionitas é derivado de uma
palavra hebraica que significa pobres, indigentes. Eram judeus crentes que não
conseguiam deixar as cerimônias do Judaísmo. Eram um tipo de sucessores dos
judaizantes do tempo de Paulo. Na busca de defender o monoteísmo negavam a
divindade de Cristo. Eles o consideravam como um simples homem, filho de
José e Maria, qualificado em seu batismo para ser o Messias, pela descida do
Espírito Santo sobre Ele. Quando recebeu o Espírito Santo conscientizou-se de
que era o messias. Afirmavam que era necessário obedecer todos os
mandamentos da Lei de Moisés, inclusive a circuncisão. Esta é do Unitarianismo,
e de alguns liberais e teólogos da libertação de hoje.
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2.2.2 – Alogianos
Rejeitavam os escritos de João por que entendiam que sua doutrina do Logo
estava em conflito, com o restante do Novo Testamento. Acreditavam que o
Evangelho de João e o Apocalipse tivessem sido escrito por Cerinto, fundador da
escola gnóstica. Também viam em Jesus apenas um homem, nascido
miraculosamente de uma virgem e que no batismo recebera o espírito do Cristo,
recebendo poder sobrenaturais. Surgiram por volta do ano 200 d.C.
2.2.3 – Monarquismo
Enfatizavam a unidade absoluta de Deus, que conflitava com a doutrina da
trindade, que vê Deus em uma unidade composta pelo Pai, Filho e Espírito
Santo. Dividia-se em Monarquismo Dinâmico e Modalista.
Monarquistas dinâmicos acreditavam de maneira muito semelhante aos
Alogianos, Jesus se tornou o Cristo após o batismo, ao se tornar habitação do
Cristo. Paulo de Samosata era seu principal representante. Para eles Jesus
nascera de José e Maria. Deste movimento surge o adocionismo.
2.2.4 – Adocionismo
Jesus teria sido adotado por Deus. Somente se tornou Deus após a ressurreição.
Modalista surgiu no terceiro século, conhecido como “sabelianismo” (Sabélio)
concebia as três pessoas da trindade como os três modos pelos quais Deus se
manifestava aos homens. Por outro lado havia aqueles que sacrificavam a
humanidade em detrimento da divindade, como:
2.2.5 – Gnosticismo
Originou-se provavelmente na Ásia Menor entre os anos de 135-200 d.C. Estes
foram profundamente influenciados pela concepção dualista dos gregos, em
que a matéria, entendida como inerentemente má, é descrita como
completamente oposta ao espírito. Rejeitavam a ideia de uma encarnação, de
uma manifestação de Deus em forma visível, visto que isto envolveria um
contato direto do espírito com a matéria que para eles era má. Havia porem três
tipos de gnósticos.
Primeiro: negavam a realidade do corpo humano de Jesus. Eram chamados de
Docetas (de dokeo, “parecer”).
Segundo: os que afirmavam que Jesus tinha um corpo real, mas este corpo
embora real, não era material.
E em terceiro lugar, os que afirmavam que Jesus e Cristo eram duas pessoas
distintas. Jesus era um homem comum filho de José e Maria e Cristo era um
espírito que desceu sobre o homem Jesus por ocasião de Seu batismo; e na hora
da crucificação, o Cristo deixou o homem Jesus a sofrer sozinho.
2.2.7 – Arianismo
Partindo do princípio de Orígenes fez distinção entre Cristo e o Logos como a
razão divina. Cristo é apresentado como uma criatura pré-temporal, super-
humana, a primeira das criaturas, não Deus, e todavia, mais que um homem. Em
outras palavras: Jesus é Deus, mas não igual ao Pai. Ário (256-336), Presbítero
de Alexandria, ensinava que Cristo era apenas uma criatura, não o Deus eterno.
Eles usavam a linguagem ortodoxa, mesmo que não acreditassem na divindade
de Cristo. “Houve um tempo quando Cristo não era”; esta era a afirmação deles.
Atanásio contestou a Ário e defendeu vigorosamente a posição de que o Filho é
consubstancial com o Pai e da mesma essência do Pai, posição que foi
oficialmente adotada pelo Concílio de Nicéia, em 325. As Testemunhas de
Jeová, Mórmons, são os modernos arianos.
2.2.8 – Nestorianismo
Nestor era bispo de Constantinopla. Acentuava a completa humanidade de
Cristo e entendia que a habitação do Logos nele era apenas uma habitação
moral. Ele compreendia Cristo lado a lado com Deus, mas não unido a Ele numa
unidade de vida pessoal única. As duas naturezas estavam separadas uma da
outra. Jesus agia uma ora com a natureza humana e ora com a natureza divina.
Cirilo de Alexandria foi o principal oponente de Nestor, e obteve a condenação
de Nestor no Sínodo de Éfeso, em 431, d.C.
2.2.9 – Eutiquianismo
Era os seguidores de Êutico. Levaram ao extremo oposto a opinião dos
Nestorianos. Acreditava que a natureza humana de Cristo foi absorvida pela
divina, ou que as duas se fundiram resultando numa só natureza (uma terceira
natureza), posição que para muitos era a negação das duas naturezas de Cristo.
O Concílio de Calcedônia, em 451, condenou esses conceitos e manteve a
crença na unidade da pessoa, como também na dualidade das naturezas.
O Concilio de Calcedônia, em 451 foi um marco importante para a doutrina
ortodoxa.
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A posição do Concílio de Calcedônia foi preparada pela carta que Leão, bispo de
Roma, enviou a Flaviano, bispo de Constantinopla. Esta é conhecida como
Tomo, ou Epístola Dogmática. Cinco pontos são mencionados nela:
• Existem duas naturezas em Cristo, que são permanentemente distintas.
• Essas duas naturezas são unidas em uma pessoa, cada uma das quais
realizou sua própria função apropriada na vida encarnada.
3 – A ENCARNAÇÃO DE CRISTO
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5 – A HUMANIDADE DE CRISTO
Ontologia é a parte da filosofia que trata do ser enquanto ser, isto é, do ser
concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada
um dos seres. Tendo-se em conta que “onto” do grego, vem a significar
indivíduo ou ser, e “logia”, significa estudo; tem-se que "ontologia" vem a ser o
estudo investigativo e comparativo do indivíduo – aqui tido como exemplar da
espécie humana – frente aos demais seres vivos, passando pela sua concepção,
criação, evolução e extinção. Busca, portanto, o conhecimento profundo acerca
da natureza do ser humano, levando em conta os aspectos fisiológicos e
espirituais, confrontando-os com aqueles que caracterizam e distinguem os
demais seres vivos. Jesus enquanto homem estava subordinado ao Pai. Contudo
essa subordinação é de ofício, operação (Jesus veio para fazer a vontade do Pai),
mas ela não é de essência-poder. Jesus Cristo não é menor que o Pai.
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5.4.1 – Impecabilidade
Ainda que o Novo Testamento seja claro em afirmar que Jesus era plenamente
humano exatamente como nós, também afirma que Jesus era diferente em um
aspecto importante: ele era isento de pecado e jamais cometeu um pecado
durante sua vida. Alguns objetam que se Jesus não pecou, então não era
verdadeiramente humano, pois todos os humanos pecam. Mas os que fazem tal
objeção simplesmente não percebem que os seres humanos estão agora numa
situação anormal. Deus não nos criou pecaminosos, mas santos e justos. Adão e
Eva no jardim do Éden eram verdadeiramente humanos antes de pecar, e nós
agora, apesar de humanos, não nos conformamos ao padrão que Deus deseja
que preenchamos quando nossa humanidade plena, impecável, for restaurada.
6 – A DIVINDADE DE CRISTO
Para completar o ensino bíblico acerca de Jesus Cristo, precisamos declarar não
só que ele era plenamente humano, mas também plenamente divino. Embora a
palavra não ocorra de maneira explícita na Bíblia, a igreja tem empregado o
termo encarnação para referir-se ao fato de que Jesus era Deus em carne
humana. A encarnação foi o ato pelo qual Deus Filho assumiu a natureza
humana. A comprovação bíblica da divindade de Cristo é bem ampla no Novo
Testamento. Vamos examiná-la sob várias categorias. Provada na sua
preexistência:
6.1 – Jesus afirma sua eternidade quando diz: “... antes que Abraão existisse,
EU SOU” (Jo. 8.58) e também quando diz: “Eu sou o Alfa e o Ômega” (Ap. 22.13).
6.2 – Provada pelo Antigo Testamento. Miquéias 5.2 – “Mas tu, Belém-Efrata,
embora pequena entre os clãs de Judá, de ti virá para mim aquele que será o
governante sobre Israel. Suas origens estão no passado distante, em tempos
antigos”. Is. 9.6 – “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o
governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso
Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz”.
6.3 – Provada pelo Novo Testamento. Jo. 1.1, em comparação com o
versículo 14 – “No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e
era Deus. Ele estava com Deus no princípio. (...) Aquele que é a Palavra
tornou-se carne e viveu entre nós...” Jo. 8.58 “Respondeu Jesus: Eu lhes afirmo
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que antes de Abrão nascer, Eu Sou! 1ª Pe. 1.20 – “Conhecido antes da criação
do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês”
6.4 – Provada por obra na criação. 1ª Cor. 8.6 – “para nós, porém, há um
único Deus, o Pai, de quem vêm todas as coisas e para quem vivemos; e um só
Senhor, Jesus Cristo, por meio de quem vieram todas as coisas e por meio de
quem vivemos”. Col. 1.16 – “pois nele (Jesus) foram criadas todas as coisas nos
céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes
ou autoridades, todas as coisas foram criadas por ele e para ele”.
6.5 – Provada por aparições. As aparições do Anjo do Senhor (Gn. 48.16; Êx.
3.2,4; Jz. 13.18). Estas eram teofanias, manifestações do verbo antes da sua
encarnação, e só ocorreram antes dela. Gn. 18 – 10; o Senhor apareceu a
Abraão (...). Abraão ergueu os olhos e viu três homens em pé, a pouca distância.
Quando os viu, saiu da entrada de sua tenda, correu ao encontro deles e
curvou-se até o chão (Abraão o adorou e o mesmo recebeu sua adoração). 10
Então disse o Senhor: voltarei a você (...).”
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6.7 – A verdadeira doutrina da Kenosis.
A doutrina da “kenosis” envolve: O encobrimento de Sua glória pré-encarnada.
Sua condescendência em assumir a semelhança de carne pecaminosa (a forma
humana) durante a encarnação. O não uso voluntário de alguns de Seus
atributos durante Sua vida terrena; mais isto não quer dizer que ele perdeu os
atributos divinos. Cristo continuou em Sua encarnação plenamente divino.
“Aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” (Cl. 1.19) e “nele, habita,
corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2.9).
A importância da divindade de Cristo para nossa salvação: Na seção anterior
alistamos alguns motivos pelos quais era necessário que Jesus fosse plenamente
humano para obter nossa redenção. Aqui cabe reconhecer que é também
crucialmente importante insistir na plena divindade de Cristo, não só porque ela
é ensinada de maneira clara nas Escrituras, mas também porque:
• Só alguém que fosse Deus infinito poderia arcar com toda a pena de
todos os pecados de todos os que cressem nele — qualquer criatura finita não
seria capaz de arcar com tal pena;
• A salvação vem do Senhor (Jn. 2.9), e toda a mensagem das Escrituras é
moldada para mostrar que nenhum ser humano, nenhuma criatura, jamais
conseguiria salvar o homem — só Deus mesmo poderia;
• Só alguém que fosse verdadeira e plenamente Deus poderia ser o
mediador entre Deus e homem (1ª Tm. 2.5), tanto para nos levar de volta a
Deus como também para revelar Deus de maneira mais completa a nós (Jo.
14.9).
• Assim, se Jesus não é plenamente Deus, não temos salvação e, por fim,
nenhum cristianismo. Não é por acaso que ao longo da história os grupos que
abandonaram a crença na plena divindade de Cristo não têm permanecido
muito tempo na fé cristã, desviando-se logo para um tipo de religião
representada pelo unitarismo nos Estados Unidos e em outros lugares. “Todo
aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus;
o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho” (2ª Jo. 9).
“O fato de o Filho de Deus, infinito, onipresente e eterno tornar-se homem e
unir-se para sempre a uma natureza humana, de modo que o Deus infinito se
tornasse uma só pessoa com o homem finito, permanecerá pela eternidade
como o mais profundo milagre e o mais profundo mistério em todo o universo.”
(Wayne Gruden)
7 – A OBRA DE CRISTO
7.1 – A Expiação
O amor de Deus como uma das causas da expiação é descrito na passagem mais
conhecida da Bíblia: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna” (Jo. 3.16).
Mas a justiça de Deus também exigia que ele encontrasse um meio pelo qual a
pena pelos nossos pecados fosse paga (pois ele não podia aceitar-nos em
comunhão consigo mesmo a menos que a penalidade fosse paga).
Algumas passagens das Escrituras falam do fato de que Cristo morreu por seu
povo. “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo. 10.11).
“Dou a minha vida pelas ovelhas” (Jo. 10.15). Paulo fala da “igreja de Deus, a
qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At. 20.28). Ele também diz:
“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou,
porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm. 8.32).
Passagens bíblicas empregadas para sustentar a concepção não-reformada
(redenção geral ou expiação ilimitada).
Algumas passagens das Escrituras indicam que em algum sentido Cristo morreu
por todo o mundo. João Batista disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo” (Jo. 1.29). E Jo. 3.16 nos diz que “Deus amou ao mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna”. Jesus disse: “O pão que eu darei pela vida do
mundo é a minha carne” (Jo. 6.51).
Alguns pontos pacíficos e algumas conclusões sobre textos polêmicos. Seria
bom primeiro alistar os pontos sobre os quais ambos os lados concordam:
1) Nem todos serão salvos.
2) É correto que se ofereça gratuitamente o evangelho a todas as pessoas. É
completamente verdadeiro que “quem desejar” pode chegar a Cristo e obter a
salvação, e ninguém que chegar a ele será lançado fora. Essa oferta gratuita do
evangelho é estendida em boa-fé para todas as pessoas.
3) Todos concordam que a própria morte de Cristo, por ser ele o infinito
Filho de Deus, possui mérito infinito, sendo em si suficiente para pagar a
penalidade dos pecados dos muitos ou dos poucos que o Pai e o Filho
decretaram. A questão não está nos méritos intrínsecos dos sofrimentos e da
morte de Cristo, mas no número de pessoas pelas quais o Pai e o Filho
entenderam, no momento da morte de Cristo, que sua morte seria pagamento
suficiente.
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8 – TEORIAS ERRONIAS SOBRE A MORTE DE CRISTO
10 – RESSURREIÇÃO DE CRISTO
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10.2 – A natureza da ressurreição de Cristo
A ressurreição de Cristo não foi simplesmente um retorno da morte, à
semelhança daquela experimentada por outros antes dele, como Lázaro (Jo.
11.1-44), porque senão Jesus teria se submetido à fraqueza e ao
envelhecimento, e por fim teria morrido outra vez, exatamente como todos os
outros seres humanos morrem.
Cristo subiu para um lugar: Após a ressurreição de Cristo, ele esteve na terra por
quarenta dias (Atos 1.3) e depois conduziu os discípulos para Betânia, fora de
Jerusalém, e “erguendo as mãos, os abençoou. Aconteceu que, enquanto os
abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o céu” (Lc. 24.50).
11.1 – Cristo recebeu mais glória e honra como Deus-Homem: Quando Jesus
subiu ao céu recebeu glória, honra e autoridade que não tinha antes, enquanto
era Deus e homem. Antes de sua morte, Jesus orou: “... glorifica-me, ó Pai,
contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse
mundo” (Jo. 17.5). Em seu sermão em Pentecostes Pedro disse que Jesus fora
exaltado à destra de Deus (At. 2.33). Paulo declarou que Deus o exaltou
grandemente (Fp. 2.9), e que fora recebido em glória (1ª Tm. 3.16; Hb. 1.4).
Cristo está agora no céu, e coros angelicais cantam-lhe louvor com as palavras:
“Digno é o cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e
força, e honra, e glória, e louvor” (Ap. 5.12).
11.2 – Cristo assentou-se à destra de Deus: Um aspecto específico de Cristo
ter subido para o céu e recebido honra é o fato de que ele assentou-se à destra
de Deus. Isso é às vezes chamado sua sessão à destra de Deus.
11.3 – O Antigo Testamento predisse que o Messias sentar-se-ia à direita de
Deus: “Disse o Senhor ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu
ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés” (Sl. 110.1). Quando Cristo
ascendeu de volta ao céu ele recebeu o cumprimento daquela promessa: “...
depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da
Majestade, nas alturas” (Hb. 1.3).
11.4 – A ascensão de Cristo tem importância doutrinária para nossa vida:
Assim como a ressurreição tem implicações profundas para a nossa vida, do
mesmo modo a ascensão de Cristo tem implicações significativas. Em primeiro
lugar, visto que estamos unidos a Cristo em cada aspecto da obra de redenção,
a ascensão de Cristo ao céu prefigura nossa ascensão futura com ele. “Nós, os
vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre
nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre
com o Senhor” (1ª Ts. 4.17).
11.5 – Os estados de Jesus Cristo: Ao comentar sobre a vida, a morte e a
ressurreição de Cristo, os teólogos muitas vezes aludem aos “estados de Jesus
Cristo”. Com isso eles se referem às diferentes relações que Jesus mantinha com
a lei de Deus para a humanidade, com a posse de autoridade e com a honra que
se lhe deve. De forma geral distinguem-se dois estados (humilhação e
exaltação). Assim, a doutrina do “estado duplo de Cristo” é o ensino de que ele
experimentou primeiramente o estado de humilhação para depois passar ao
estado de exaltação.
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12 – OS OFÍCIOS DE CRISTO
Os três cargos mais importantes que poderiam existir para o povo de Israel no
Antigo Testamento eram: o profeta (como Natã, 2º Sm. 7.2), o sacerdote (como
Abeatar, 1º Sm. 30.7) e o rei (como Davi, 2º Sm. 5.3). Esses três ofícios eram
distintos. O profeta falava as palavras de Deus ao povo; o sacerdote oferecia
sacrifícios, orações e louvores a Deus em favor do povo; e o rei governava o
povo como representante de Deus. Esses três ofícios prefiguravam a própria
obra de Cristo de várias maneiras.
12.1 – Cristo como profeta: Os profetas do Antigo Testamento transmitiam a
palavra de Deus ao povo. Moisés foi o primeiro grande profeta e escreveu os
cinco primeiros livros da Bíblia, o Pentateuco. Depois vieram outros que falaram
e escreveram as palavras de Deus. Mas Moisés predisse que um dia viria outro
profeta como ele. (Dt. 18.15-19)
12.2 – Cristo como sacerdote: No Antigo Testamento, os sacerdotes eram
designados por Deus para oferecer sacrifícios. Eles também ofereciam orações e
louvores a Deus em favor do povo. Ao agir assim “santificavam” as pessoas, ou
tornavam-nas aceitáveis à presença de Deus, se bem que de forma limitada
durante o período do Antigo Testamento. No Novo Testamento, Jesus tornou-se
nosso grande sumo sacerdote. Esse tema é bem desenvolvido na carta aos
Hebreus, na qual vemos que Jesus atua como sacerdote de duas maneiras. (Hb.
4.14-5.5) Jesus ofereceu um sacrifício perfeito pelo pecado. O sacrifício que
Jesus ofereceu pelos pecados não foi o sangue de animais como touros ou
bodes: “... porque é impossível que o sangue de touros e bodes remova
pecados” (Hb. 10.4). Em vez disso, Jesus ofereceu a si mesmo como sacrifício
perfeito: “... ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para
aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hb. 9.26). Jesus nos aproxima
continuamente de Deus. Os sacerdotes do Antigo Testamento não apenas
apresentavam sacrifícios, mas também compareciam de modo representativo
na presença de Deus, de tempos em tempos, em favor do povo. Mas Jesus faz
muito mais do que isso. Como nosso perfeito sumo sacerdote, ele
continuamente nos conduz à presença de Deus, de forma que não temos mais a
necessidade de um templo em Jerusalém nem de um sacerdócio especial que se
coloque entre nós e Deus.
Como sacerdote, Jesus ora continuamente por nós. Outra função sacerdotal no
Antigo Testamento era orar a favor das pessoas. O autor de Hebreus nos diz que
Jesus também cumpre essa função: “... também pode salvar totalmente os que
por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb. 7.25).
Paulo afirma a mesma coisa quando diz que Cristo Jesus é aquele que intercede
por nós (Rm. 8.34).
12.3 – Cristo como rei: No Antigo Testamento o rei tinha autoridade para
governar a nação de Israel. No Novo Testamento, Jesus nasceu para ser o Rei
dos judeus (Mt. 2.2), mas recusou todas as tentativas feitas pelo povo para fazê-
lo um rei terreno com um poder militar e político terreno (Jo. 6.15). Ele disse a
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Pilatos: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os
meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos
judeus; mas agora o meu reino não é daqui” (Jo. 18.36).
CONCLUSÃO
É de fundamental importância para o servo do Senhor que foi chamado ao
ministério da Palavra, o conhecimento correto da Pessoa e da obra de Cristo.
Como já fiz menção no início deste trabalho, o cristianismo é Cristo; e uma
deficiência no conhecimento da pessoa e obra de Cristo gera deficiência direta a
nossa fé cristã. É obvio que não podemos explicar os mistérios de Deus; o
sobrenatural nascimento virginal de Cristo, a Trindade, as duas naturezas de
Cristo, os pormenores do “kenosis”; mas a nós que lidamos com a ministração
da Palavra, pesa a responsabilidade de investigar a Escritura para chegar a uma
definição da doutrina bíblica, solida e organizada.
Olhando para a pré-existência de Cristo, Sua eternidade, Sua coexistência com o
Pai na eternidade, e sua imutabilidade; temos a convicção de termos um
Salvador Divino. O fato miraculoso do nascimento virginal de Cristo é um elo
doutrinário, para a compreensão tanto da Cristologia, como da Soteriologia. O
nascimento virginal de Jesus Cristo, e todos os mistérios que o envolve, respalda
nossa fé não apenas num Salvador Divino, mas também em um Salvador
humano capaz de compadecer de nossas fraquezas, e efetuar através da Sua
morte a salvação perfeita; e pela Sua ressurreição e ascensão a garantia
inquestionável dessa salvação.
Passando por estes parâmetros da Cristologia chegamos a uma definição
doutrinaria biblicamente coerente.
Cremos em um Cristo Divino, pré-existente, mas que se manifestou em carne,
nascendo da virgem sem pecado. Que morreu, mas ressuscitou dentre mortos,
e que, glorificado está a destra do Pai. Por esta razão “nós pregamos a Cristo
crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que
foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder e
sabedoria de Deus” (1ª Cor. 1.23,24).
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