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15977-Texto Do Artigo-31423-1-10-20140202
15977-Texto Do Artigo-31423-1-10-20140202
Custas pelos réus, sendo que o réu Tia- Para ser lida e publicada na audiência
go Masagão Filho pagará apenas a me- designada para hoje.
tade das custas referentes aos atos pra- São Paulo, 31 de julho de 1954. - An-
ticados de fls. tônio Gonçalves Gonzaga.
de acôrdo com o art. 44, n.O I, do Código é o motivo jurídico pelo qual o possuidor
Civil, os direitos reais expressamente começou a deter a coisa e a havê-la co-
enumerados no art. 674 do referido esta- mo própria; e justo é o título quando
tuto. oferece uma veemente aparência de legi-
Em segundo lugar, porque a transmis- Umidade.
são de posse, como simples situação de Daí a conclusão dêsse notável jurista
fato que é, não está sujeita a formalida- de que o título, para ser justo, na acepção
des sacramentais, salvo lei especial a res- possessória e para o efeito do usucapião,
peito, corno adverte Pontes de Miranda não precisa conter a legitimidade in-
(Tratado de Direito Privado, edição 1955, trínseca e extrínseca; basta que ofe-
voI. X, § 1.086, pág. 178). reça a legitimidade ideal ou aparente
Em terceiro lugar, porque a sucessão, (cf. Pedro Nunes, Do Usucapião, pág.
ainda que a título singular, é mais que 29). Não diverge dêsse entendimento o
acessão de posse, como diz o citado mes- insigne Lafayette ROdrigues Pereira (Di-
tre, porquanto, na sucessão, as posses reito das Coisas, § 68), para quem justo
ficam com~ se só uma fôssem e uma só título se diz todo ato jurídico, próprio
as pessoas dos sucessores e sucedidos em tese para transferir o domínio, mas
(Tratado de Direito Privado, voI. XI, § que, em conseqüência de obstáculo ocor-
1.195, pág. 133). rente na hipótese, deixa de produzir o
Ora, a posse pode aceder à posse de dito efeito. E a prescrição é precisa-
outrem, juntar-se a ela, de conformidade mente chamada para desfazer a dificul-
com a segunda parte do art. 496, elucida dade e operar a transmissão. E acres-
Pontes de Miranda, independentemente centa Lafayette: "Pode o obstáculo pro-
da validade do título, se se tratar de usu- vir ou de não ser o transmitente senhor
capião trintenário, fundado no art. 550 da coisa (a non domino), ou de não
do Código Civil, como é o caso dos au- ter o pOder legal de aliená-la, ou de
tos. Nessa hipótese, não se distingue a êrro no modo de aquisição". Por aí se
natureza da posse. Justa ou injusta, evidencia que, ainda que se concluísse
qualquer delas dará a final o domínio. que o Sr. Prefeito não tinha poderes
Basta que se possua como dono, embora suficientes para abrir mão da posse da
conheça o possuidor que não é seu o Prefeitura sôbre o terreno usucapiendo,
domínio, pOis a lei prescinde da boa-fé. forçoso seria convir que a transferência
O título que é anulável não influirá, efetuada pelo documento de fls., foi
em regra, no usucapião, pois a validação absolutamente hábil para gerar o usuca-
pode decorrer ou da lei, como no caso pião invocado pela apelante. Até mes-
de prescrição, ou da vontade do preju- mo em se tratando de usucapião breve,
dicado. Mas nem isso ocorre na espécie, diz Pontes de Miranda, o título anu-
uma vez que a transmissão de posse, cons- lável não obsta o seu reconhecimento,
tante do documento de fls., emana de porque, enquanto não se lhe decreta a
instrumento público, como o são as cer- anulação, produz efeitos (Tratado de
tidões tiradas dos livros das repartições Direito Privado, voI. XI, § 1.197, pág.
públicas (cf. Pedro Nunes, Do Usucapião, 141) .
pág. 31). Demais, o ato de transferên- Daí o meu desacôrdo com a maioria
cia de posse se compreende dentro do vencedora, por entender que a transmis-
poder discricionário cometido às auto- são de posse, constante do têrmo de fls.,
ridades executivas, ou seja, dentro da feita por quem tinha poderes bastantes
competência legal do Sr. Prefeito Mu- para o ato, não infringiu oS arts. 67 do
nicipal de Ubatuba, por não importar Código Civil e 38, § 2.°, da Lei Orgânica
em venda ou transferência de bens pú- dos Municípios, visto como a posse é si-
blicos dominicais, pertencentes ao Mu- tuação de fato e não bem imóvel e, por-
nicípio. Tanto mais que não se trata tanto, a sua transferência não está su-
de terreno devoluta ou de marinha. De jeita às formalidades legais que impe-
resto, cumpre lembrar que título é a cau- ram para venda ou cessão de bens pll-
sa da posse, como expõe Câmara Leal; blicos patrimoniais.