Você está na página 1de 9

ANÁLISE DE FALHA EM PALHETAS DE

TURBINAS DE USINA TERMELÉTRICA


Bruno R. Cardoso1, Fernanda F. M. dos Santos2,
Roberta M. Santana3, Heloisa C. Furtado4, Luiz H. de Almeida5

Copyright 2019, ABCM, ABENDI, ABRACO eIBP


Este Trabalho Técnico foi preparado para apresentação na Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos, realizada no período de
27 a 30 de maio de 2019, na cidade do Rio de Janeiro. Este Trabalho Técnico foi selecionado para apresentação pelo Comitê Técnico
do evento, seguindo as informações contidas no trabalho completo submetido pelo(s) autor(es). Os organizadores não irão traduzir ou
corrigir os textos recebidos. O material conforme, apresentado, não necessariamente reflete as opiniões das instituições ABCM,
ABENDI, ABRACO, IBP, Sócios e Representantes. É de conhecimento e aprovação do(s) autor(es) que este Trabalho Técnico seja
publicado nos Anais da Conferência de Tecnologia e Equipamentos - COTEQ.

Resumo

Palhetas de turbinas são componentes críticos de usinas de geração, especialmente às pertencentes


aos estágios de baixa pressão. Este artigo apresenta os resultados da análise de falha ocorrida em
duas palhetas de uma usina termelétrica. As palhetas, produzidas em liga SAE 15-5 PH, foram
submetidas a inspeções visuais, análises químicas, ensaios de dureza, microdureza e análises
metalográficas que buscaram identificar características do modo de falha. Além disso, foi feita uma
análise pelo método dos elementos finitos para estimar a distribuição de tensões nas palhetas
durante a operação da turbina. Não foram encontradas alterações de composição química, estrutura
metalográfica e dureza das amostras. Esses resultados indicam que a causa raiz da falha não está
relacionada ao material, mas sim à operação (e seus parâmetros) das palhetas. A análise da
superfície de fraturas das amostras (visual e microscopia eletrônica de varredura) indicou que o
mecanismo principal da falha é a fadiga. A presença de depósitos de silício em ambas as palhetas
indica contaminação do vapor por SiO2. A colisão de partículas de SiO2 pode gerar ranhuras nas
palhetas que se tornam locais preferenciais para iniciação de trincas.

Palavras-chave: Turbinas a vapor, análise de falha, palhetas, fadiga

Abstract

Turbine blades are critical components of power plants, especially those belonging to the low
pressure stages. This paper presents the results of the failure analysis of two blades of a
thermoelectric power plant. The, blades, manufactured in SAE 15-5 PH alloy, were subjected to
visual inspection, chemical analysis, hardness tests, microhardness tests and metallographic
analyzes that sought to identify characteristics of the failure mode. In addition, a finite element
analysis was performed to estimate the stress distribution on the blades during turbine operation. No
changes were found in the chemical composition, metallographic structure and hardness of the
samples. These results indicate that the root cause of the failure is not related to the material but to
the operation (and its parameters) of the blades. Fracture surface analysis of the samples (visual and
scanning electron microscopy) indicated that the main mechanism of failure is fatigue. The presence
of silicon deposits on both blades indicates SiO2 steam contamination. The collision of SiO2
particles can generate grooves in the blades which become preferred locations for cracking.

Keywords: Steam turbine, failure analysis, blades, fatigue

____________________________________________________________________________________________
1
DSc., Engenheiro Metalúrgico–CEPEL, 2MSc., Engenheira Metalúrgica – CEPEL, 3MSc., Matemática – CEPEL
4
DSc., Engenheira Metalúrgica – CEPEL, 5DSc., Engenheiro Metalúrgico – COPPE/UFRJ
Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos - COTEQ

1. Introdução

Palhetas de turbinas são componentes críticos de usinas de geração, especialmente às


pertencentes aos estágios de baixa pressão. A literatura indica que essas palhetas são mais
susceptíveis à falha do que as pertencentes aos estágios de média e alta pressão (Saxena et al., 2015;
Ziegler et al., 2013).
Sohre (1975) fez uma extensa revisão sobre causas de falhas em palhetas de turbinas, na qual lista
três mecanismos possíveis: (i) tensão excessiva, (ii) ressonância e (iii) efeitos do ambiente.
As tensões primárias que atuam sobre uma palheta são decorrentes da força centrifuga (devida à
rotação) e da força de flexão (devido à passagem do vapor). Raramente a tensão centrífuga é a
principal responsável por problemas em palhetas. Ela é, entretanto, uma importante contribuição no
caso de falhas por fadiga, corrosão-fadiga e corrosão sob tensão. A força do vapor é responsável
pela maior contribuição na falha, quando esta decorre de tensões excessivas, principalmente nos
períodos transientes de operação. Em adição, as palhetas também estão expostas às forças
oscilatórias, ao fluxo não uniforme do vapor no bocal de saída e outras fontes de fluxo não
uniforme. A fadiga de baixo ciclo e a fadiga térmica são mecanismos preponderantes nesses casos
(Sohre, 1975; Viswanathan, 1989).
O fenômeno de ressonância ocorre quando há coincidência entre a frequência de funcionamento do
componente com um dos modos de frequência natural do mesmo. Do ponto de vista de vibração, a
ressonância atua como um amplificador mecânico. Quer dizer, ela aumenta a amplitude das
vibrações e tensões resultantes, o que acarreta em uma redução da vida em fadiga do material. Os
últimos estágios de turbinas de baixa pressão mostram-se mais susceptíveis à danos por fadiga,
devido ao aumento do tamanho do comprimento das palhetas, o que resulta em um maior nível de
tensão e permite uma multiplicidade de possíveis ressonâncias (Booysen et al., 2015; Bhagi et al.,
2013).
As condições de operação de uma turbina podem afetar fortemente sua vida em serviço. Com a
crescente demanda de geração de energia, maiores temperaturas e pressões de vapor vêm sendo
empregadas, o que causa um maior desgaste em seus componentes. Em adição a isso, fatores do
ambiente de operação podem afetar o bom funcionamento de uma turbina, como por exemplo,
contaminação do ar ou do combustível e a presença de partículas sólidas no vapor. Esses fatores
estão relacionados aos mecanismos de dano de corrosão sobtensão, corrosão fadiga e erosão.
No presente artigo é apresentada uma análise de falhas de duas palhetas do 11º estágio de uma
turbina a vapor de uma usina que gera energia através da combustão de biomassa, e tem capacidade
instalada de 33MW. A temperatura e a pressão do vapor na entrada da turbina são 485°C e 63 bar,
respectivamente. A usina opera com um rotor único, sem reaquecimento, com uma turbina de
condensação. Ambas as palhetas apresentaram falha na região de encaixe com o rotor (raiz da
palheta). O 11º estágio é o último antes dos estágios de condensação e possui uma bandagem
externa (tenon ou shroud) e pode ser enquadrado como um estágio de baixa pressão.
De acordo com informações fornecidas, doze das 95 palhetas apresentaram trincas. Foram enviadas
2 palhetas para análise no Cepel. Não há registro de quando as falhas ocorreram de fato, já que,
segundo informações, as mesmas só foram identificadas na ocasião da abertura dá máquina para
revisão.

2. Materiais e Métodos

Duas das doze palhetas que falharam, pertencentes ao 11º estágio da turbina, foram
analisadas e identificadas como palheta A e palheta B. Ambas apresentaram falha na região de
encaixe com o rotor (raiz da palheta), conforme pode ser verificado na Figura 1.

Trinca passante
2
Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos - COTEQ

Trinca passante

(a) (b)

(c)

Figura 1. Palhetas recebidas: (a) e (b) palheta A, com indicação da trinca passante, (c) palheta B.

A análise visual das palhetas buscou a identificação de sinais característicos do modo de


falha, e a presença ou não de algum tipo de dano na superfície de fratura, como sinais de corrosão
ou desgaste. Essa análise irá posteriormente auxiliar na avaliação metalúrgica da falha. Além do
registro fotográfico, utilizou-se o estereoscópio Olympus, modelo SZX7.
Todas as peças recebidas foram submetidas a análise química quantitativa por combustão direta
(infravermelho), gravimetria, volumetria e espectrofotometria de absorção atômica, de acordo com
o elemento especificado. Foram investigados os elementos C, S, Si, P, Mn, Mo, Cr, Ni, V, Cu, Sn e
Nb, selecionados a partir dos resultados obtidos por uma análise química inicial, feita com um
analisador portátil de ligas do fabricante Termo Niton, modelo XL3T800. As análises químicas, de
um modo geral, visaram além da caracterização do material das palhetas, à identificação de
possíveis desvios da composição que pudessem indicar efeitos deletérios sobre as propriedades
mecânicas.
Foram efetuados ensaios de dureza Rockwell, escala C, no durômetro Wilson, modelo 4TTaRB. Os
resultados obtidos foram posteriormente convertidos para valores de dureza Brinell. Foi realizado
também um perfil de microdurezas Vickers no microdurômetro Buehler, modelo micromet 5-103
nas amostras a fim de caracterizar a existência ou não de variações importantes. Grandes variações
de microdureza refletem uma estrutura heterogênea que pode agir como um concentrador de tensões
metalúrgico, favorável à nucleação de trincas por fadiga.
As estruturas metalográficas das palhetas foram avaliadas segundo procedimento interno do
laboratório de metalografia, sendo utilizadas politrizes automáticas Buehler, microscópio ótico
Olympus GX71 e software de análise de imagens Olympus Stream Motion. A análise buscou a
identificação de variações microestruturais decorrentes de processos de fabricação inadequados ou
alterações oriundas da operação em campo.
Para uma avaliação mais detalhada da microestrutura e observação das superfícies de fratura, foi
realizada análise por microscopia eletrônica de varredura, utilizando o microscópio ZEISS, modelo
EVO 40 no qual também foi realizada uma análise química semiquantitativa através do emprego de
microssonda EDS.
3
Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos - COTEQ

Com o intuito de avaliar o estado de tensões na palheta, efetuou-se um estudo pelo método dos
elementos finitos, utilizando o software ANSYS 18.1.

3. Resultados

A análise no estereoscópio mostrou uma superfície de fratura formada por marcas de praia,
em ambas as palhetas, conforme pode ser visto na Figura 2. Além disso, foram detectadas pequenas
manchas nas regiões analisadas, o que pode ser indicativo da presença de produtos de corrosão.

Ruptura final

Ruptura final

Origem Origem

Palheta A Palheta B

Figura 2. Exame visual das superfícies de fratura no estereoscópio, aumento de 0,5x: ambas as superfícies
apresentam marcas de praia.

A Tabela 1 apresenta os resultados da análise química quantitativa realizada nas palhetas.


De acordo com o resultado, pôde-se enquadrar o material da palheta na liga SAE 15-5PH.

Tabela 1. Análise química quantitativa das palhetas

ELEMENTOS (%)

Amostras C S Si P Mn Mo Cr Ni V Cu Sn Nb

Palheta A 0,050 0,001 0,30 0,008 0,72 0,13 14,6 4,5 <0,10 3,4 <0,10 <0,10

Palheta B 0,067 <0,001 0,35 0,009 0,70 0,12 14,4 4,6 <0,10 3,4 <0,10 <0,10

14,01 3,55, 2,54,


SAE 0,070 0,015 1,00A 0,030 A 1,00A 0,50A -- -- --
5,5 5 5
15-5 PH
A – Valores máximos

Os resultados dos ensaios de dureza Rockwell, escala C, estão apresentados na Tabela 2,


bem como a sua conversão para valores de dureza Brinell. Nesta tabela também estão apresentados
os valores de microdureza Vickers.
A partir dos valores de dureza Brinell (HB), foi possível estimar o valor da resistência a tração do
material, σRT, através da equação 1 (Callister, 2002):
σRT = 3,45HB (1)

4
Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos - COTEQ

Os valores obtidos foram 1080MPa e 1028MPa, para as palhetas A e B, respectivamente,


ambos valores dentro da faixa de limite de resistência a tração especificada para o aço SAE 15-5PH,
que varia entre 950MPa e 1466MPa, de acordo com o tratamento térmico.

Tabela 2. Resultados dos ensaios de dureza e microdureza das palhetas

PALHETA A PALHETA B

HRC 34 ± 1 32 ± 1
Dureza
HB 313 298

Microdureza HV 275 ± 8 267 ± 5

A avaliação micrográfica, apresentada na Figura 3, revelou estruturas metalográficas formadas por


martensita, de acordo com o esperado para a liga SAE 15-5PH.

Palheta A Palheta B

Figura 3. Estrutura metalográfica das palhetas A e B, formadas por martensita, aumento 500x.
Ataque químico: Vilela.

A Figura 4 apresenta as micrografias da palheta A, obtidas com o microscópio eletrônico de


varredura (MEV). Foram encontradas microtrincas em toda a superfície analisada, assim como
depósitos ricos em silício, identificado pelo espectro de EDS.
A Figura 5 mostra as micrografias da palheta B, onde podem ser visualizadas as marcas de
propagação, que indicam a direção de avanço da trinca de fadiga. Também foram encontrados
depósitos de Si nessa palheta.

5
Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos - COTEQ

(a) (b)

(c) (d)
Figura 4. Micrografias obtidas com MEV da superfície de fratura da palheta A: (a) microtrincas na
superfície; (b) presença de dimples; (c) depósitos de silício (d) EDS da região marcada na figura (c).

Marcas de propagação

(a) (b)

Depósitos de Si

(c) (d)
Figura 5. Micrografias obtidas com MEV da superfície de fratura da palheta B: (a) marcas de propagação da
trinca; (b) aspecto de fratura frágil; (c) detalhe dos depósitos ricos em Si e (d) EDS da região marcada na
figura (c).
6
Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos - COTEQ

A Figura 6(a) apresenta o modelo de elementos finitos da palheta com a distribuição de tensões
equivalentes de Von-Mises. A Figura 6(b) apresenta a deformação plástica equivalente da palheta.
Nota-se que a região mais solicitada é justamente a raiz da palheta, região de fixação no rotor da
turbina, onde ocorreram as falhas. A 6(c) apresenta os resultados de vida através da ferramenta
Fatigue Tool do programa ANSYS. Os resultados corroboram com a conclusão de que a falha das
palhetas na região de fixação das mesmas com o rotor tenha sido por fadiga.

(a)

(b)

(c)

Figura 6.Resultados do modelo de elementos finitos da palheta: (a) distribuição das tensões equivalentes de
Von-Mises; (b) distribuição das deformação plástica equivalente; (c) análise de fadiga realizada pelo Fatigue
Tool: Nota-se que a região com menor resistência a fadiga é justamente a região que sofreu a falha..

7
Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos - COTEQ

4. Discussão

Palhetas de turbina são projetadas para operar 30 anos de forma segura e confiável. As
palhetas A e B em estudo operaram apenas por 30.460 horas (cerca de 3,5 anos).
Os resultados da análise química permitiram enquadrar o material das palhetas como aço inoxidável
SAE 15-5PH (Total Matéria, 2018). A exceção do percentual de carbono, não foram encontradas
diferenças marcantes entre a composição química das palhetas. A avaliação metalográfica indicou
estrutura martensítica, já esperada para este aço. Os resultados de dureza e microdureza estão de
acordo com os valores especificados. Não foram identificadas alterações deletérias que pudessem
interferir no processo de falha das palhetas. Esse resultados descartam que a causa raiz da falha
esteja relacionada ao material.
A análise visual das palhetas mostrou uma superfície de fratura com pouquíssima deformação
plástica macroscópica, o que levou a classificar como fratura frágil, característica típica de uma
falha por fadiga.
A análise no estereoscópio indicou diferenças importantes na superfície de fratura das palhetas. A
palheta A apresentou uma superfície mais rugosa, com as chamadas marcas de praia – característica
de falha por fadiga – mais finas, apenas no lado direito. Esse fato pode indicar que mais de um
mecanismo tenha causado a falha nessa palheta.
A palheta B apresentou uma superfície da fratura clássica de fadiga, na qual podem ser visualizados
os pontos de iniciação da trinca e de ruptura final, além da direção de propagação da mesma.
É importante ressaltar que ambas as superfícies apresentaram manchas de coloração marrom,
mesmo após a limpeza, fato que indica a presença de produtos de corrosão.
A literatura indica a fadiga como sendo uma das principais causas de falhas em palhetas de turbina,
especialmente às pertencentes aos estágios baixa pressão. No caso específico deste tipo de palheta,
há um aumento no nível de tensão devido às elevadas vibrações na turbina (Viswanathan, 1989;
Booysenet al., 2015).
As trincas associadas a falhas por fadiga quase sempre se iniciam sobre a superfície de um
componente, em algum ponto de concentração de tensões, ditos sítios de nucleação de trincas (por
exemplo: riscos superficiais, cantos vivos, soldas, fios de roscas e etc). O carregamento cíclico pode
também produzir descontinuidades superficiais microscópicas que podem também atuar como
fatores de concentração de tensões e, portanto, como sítios de iniciação de trincas.
A avaliação da superfície de fraturas das palhetas por microscopia eletrônica de varredura
evidenciou algumas diferenças entre as superfícies de fratura das duas palhetas. A superfície da
palheta A estava repleta de microtincas. A análise das manchas de coloração marrom relatadas a
priori revelou a presença de inúmeros depósitos de silício na superfície, que muito provavelmente
são oriundos do SiO2. Normalmente a fonte de SiO2 é o vapor (Das et al., 2003).
Durante a rotação da turbina sob a pressão do vapor, a colisão de partículas de SiO2 pode gerar
ranhuras nas palhetas (Das et al., 2003). Dependendo da freqüência com que isso ocorre, a palheta
pode sofrer sérios danos por erosão; além de essas ranhuras tornarem-se locais preferenciais para
iniciação de trincas.
A análise em MEV da palheta B confirmou o diagnóstico de falha por fadiga. As marcas de
propagação indicam a direção de avanço da trinca, corroborando a avaliação visual feita na Figura
2, onde estão demarcados os pontos de iniciação e ruptura final. O mapeamento da superfície desta
palheta também indicou a presença de silício, confirmando a suspeita de contaminação do vapor por
SiO2.
Os resultados da análise de elementos finitos confirmaram a causa da falha como fadiga. A raiz da
palheta, local onde ocorreu a fratura, apresentou valores mais elevados de tensão e até mesmo
deformação plástica localizada.
A falha de uma palheta por fadiga pode ter gerado o desbalanceamento do 11º estágio e, como
consequência, alterou as frequências naturais do conjunto, acelerando o processo de fadiga nas
8
Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos - COTEQ

outras palhetas. Esse fato, aliado ao resultado da análise de elementos finitos que indicou elevado
nível de tensão na raiz da palheta, justificam a presença de trincas em doze palhetas de um mesmo
estágio.

5. Conclusões

A análise de duas palhetas de turbinas de uma usina termelétrica, que utiliza biomassa como
combustível, que apresentaram ruptura prematura, permitiu concluir que:
• Os resultados de análise química, dureza e metalografia mostram que o material das
palhetas está de acordo com o especificado.
•A ruptura das palhetas ocorreu através do mecanismo de fadiga.
• A presença de SiO2 no vapor pode ter acelerado ainda mais o processo de nucleação das
trincas de fadiga.
• Os resultados da análise de elementos finitos mostraram que a raiz da palheta, local onde
ocorreu a fratura, apresentou valores mais elevados de tensão e até mesmo deformação plástica
localizada, o que justifica a presença de trincas em doze palhetas de um mesmo estágio.

6. Referências

BHAGI, L.K., GUPTA, P., RASTOGI, V. Fractographic investigations of the failure of L-1 low
pressure steam turbine blade. C. St. in Eng. Fail. Anal., v. 1, pp. 72-78, 2013.
BOOYSEN, C., HEYNS, P.S., HINDLEY, M.P., SCHEEPERS, R. Fatigue life assessment of a low
pressure steam turbine blade during transient resonant conditions using a probabilistic approach.
Int. J. of Fat., v. 73, p. 17-26, 2015.
CALLISTER, W.D. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução.LTC, 5ª edição, 2002.
DAS, G., CHOWDHURY, S.G., RAY, A.K., DAS, S.K. BHATTACHARYA, D.K. Turbine blade
failure in a thermal power plant. Eng. Fail.Anal., v.10, pp.85-91, 2003.
SAXENA, S., PANDEY, J.P., SOLANKI, R.S., GUPTA, G.K., MODI, O.P. Coupled mechanical,
metallurgical and FEM based failure investigation of steam turbine blade. Eng. Fail.Anal.,
v.52.pp.35-44, 2015.
SOHRE, J.S. Steam turbine blade failures, causes and correction. In: 4th
TurbomachinerySymposium, 1975. Disponível em:
http://turbolab.tamu.edu/proc/turboproc/T4/T4pg9-30.pdf. Acessado em julho/2015.
VISWANATHAN, R. Damage Mechanisms and Life Assessment of High-Temperature
Components .ASM International, Metals Park, Ohio, 1989.
www.totalmateria.com.Acessado em janeiro/2019.
ZIEGLER, D., PUCCINELLI, M., BERGALLO, B. PICASO, A. Investigation of turbine blade
failure in a thermal power plant. C. St. in Eng. Fail. Anal., v.1, pp.192-199, 2013.

Você também pode gostar