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Resumo
Abstract
Turbine blades are critical components of power plants, especially those belonging to the low
pressure stages. This paper presents the results of the failure analysis of two blades of a
thermoelectric power plant. The, blades, manufactured in SAE 15-5 PH alloy, were subjected to
visual inspection, chemical analysis, hardness tests, microhardness tests and metallographic
analyzes that sought to identify characteristics of the failure mode. In addition, a finite element
analysis was performed to estimate the stress distribution on the blades during turbine operation. No
changes were found in the chemical composition, metallographic structure and hardness of the
samples. These results indicate that the root cause of the failure is not related to the material but to
the operation (and its parameters) of the blades. Fracture surface analysis of the samples (visual and
scanning electron microscopy) indicated that the main mechanism of failure is fatigue. The presence
of silicon deposits on both blades indicates SiO2 steam contamination. The collision of SiO2
particles can generate grooves in the blades which become preferred locations for cracking.
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DSc., Engenheiro Metalúrgico–CEPEL, 2MSc., Engenheira Metalúrgica – CEPEL, 3MSc., Matemática – CEPEL
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DSc., Engenheira Metalúrgica – CEPEL, 5DSc., Engenheiro Metalúrgico – COPPE/UFRJ
Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos - COTEQ
1. Introdução
2. Materiais e Métodos
Duas das doze palhetas que falharam, pertencentes ao 11º estágio da turbina, foram
analisadas e identificadas como palheta A e palheta B. Ambas apresentaram falha na região de
encaixe com o rotor (raiz da palheta), conforme pode ser verificado na Figura 1.
Trinca passante
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Trinca passante
(a) (b)
(c)
Figura 1. Palhetas recebidas: (a) e (b) palheta A, com indicação da trinca passante, (c) palheta B.
Com o intuito de avaliar o estado de tensões na palheta, efetuou-se um estudo pelo método dos
elementos finitos, utilizando o software ANSYS 18.1.
3. Resultados
A análise no estereoscópio mostrou uma superfície de fratura formada por marcas de praia,
em ambas as palhetas, conforme pode ser visto na Figura 2. Além disso, foram detectadas pequenas
manchas nas regiões analisadas, o que pode ser indicativo da presença de produtos de corrosão.
Ruptura final
Ruptura final
Origem Origem
Palheta A Palheta B
Figura 2. Exame visual das superfícies de fratura no estereoscópio, aumento de 0,5x: ambas as superfícies
apresentam marcas de praia.
ELEMENTOS (%)
Amostras C S Si P Mn Mo Cr Ni V Cu Sn Nb
Palheta A 0,050 0,001 0,30 0,008 0,72 0,13 14,6 4,5 <0,10 3,4 <0,10 <0,10
Palheta B 0,067 <0,001 0,35 0,009 0,70 0,12 14,4 4,6 <0,10 3,4 <0,10 <0,10
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PALHETA A PALHETA B
HRC 34 ± 1 32 ± 1
Dureza
HB 313 298
Palheta A Palheta B
Figura 3. Estrutura metalográfica das palhetas A e B, formadas por martensita, aumento 500x.
Ataque químico: Vilela.
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(a) (b)
(c) (d)
Figura 4. Micrografias obtidas com MEV da superfície de fratura da palheta A: (a) microtrincas na
superfície; (b) presença de dimples; (c) depósitos de silício (d) EDS da região marcada na figura (c).
Marcas de propagação
(a) (b)
Depósitos de Si
(c) (d)
Figura 5. Micrografias obtidas com MEV da superfície de fratura da palheta B: (a) marcas de propagação da
trinca; (b) aspecto de fratura frágil; (c) detalhe dos depósitos ricos em Si e (d) EDS da região marcada na
figura (c).
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A Figura 6(a) apresenta o modelo de elementos finitos da palheta com a distribuição de tensões
equivalentes de Von-Mises. A Figura 6(b) apresenta a deformação plástica equivalente da palheta.
Nota-se que a região mais solicitada é justamente a raiz da palheta, região de fixação no rotor da
turbina, onde ocorreram as falhas. A 6(c) apresenta os resultados de vida através da ferramenta
Fatigue Tool do programa ANSYS. Os resultados corroboram com a conclusão de que a falha das
palhetas na região de fixação das mesmas com o rotor tenha sido por fadiga.
(a)
(b)
(c)
Figura 6.Resultados do modelo de elementos finitos da palheta: (a) distribuição das tensões equivalentes de
Von-Mises; (b) distribuição das deformação plástica equivalente; (c) análise de fadiga realizada pelo Fatigue
Tool: Nota-se que a região com menor resistência a fadiga é justamente a região que sofreu a falha..
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4. Discussão
Palhetas de turbina são projetadas para operar 30 anos de forma segura e confiável. As
palhetas A e B em estudo operaram apenas por 30.460 horas (cerca de 3,5 anos).
Os resultados da análise química permitiram enquadrar o material das palhetas como aço inoxidável
SAE 15-5PH (Total Matéria, 2018). A exceção do percentual de carbono, não foram encontradas
diferenças marcantes entre a composição química das palhetas. A avaliação metalográfica indicou
estrutura martensítica, já esperada para este aço. Os resultados de dureza e microdureza estão de
acordo com os valores especificados. Não foram identificadas alterações deletérias que pudessem
interferir no processo de falha das palhetas. Esse resultados descartam que a causa raiz da falha
esteja relacionada ao material.
A análise visual das palhetas mostrou uma superfície de fratura com pouquíssima deformação
plástica macroscópica, o que levou a classificar como fratura frágil, característica típica de uma
falha por fadiga.
A análise no estereoscópio indicou diferenças importantes na superfície de fratura das palhetas. A
palheta A apresentou uma superfície mais rugosa, com as chamadas marcas de praia – característica
de falha por fadiga – mais finas, apenas no lado direito. Esse fato pode indicar que mais de um
mecanismo tenha causado a falha nessa palheta.
A palheta B apresentou uma superfície da fratura clássica de fadiga, na qual podem ser visualizados
os pontos de iniciação da trinca e de ruptura final, além da direção de propagação da mesma.
É importante ressaltar que ambas as superfícies apresentaram manchas de coloração marrom,
mesmo após a limpeza, fato que indica a presença de produtos de corrosão.
A literatura indica a fadiga como sendo uma das principais causas de falhas em palhetas de turbina,
especialmente às pertencentes aos estágios baixa pressão. No caso específico deste tipo de palheta,
há um aumento no nível de tensão devido às elevadas vibrações na turbina (Viswanathan, 1989;
Booysenet al., 2015).
As trincas associadas a falhas por fadiga quase sempre se iniciam sobre a superfície de um
componente, em algum ponto de concentração de tensões, ditos sítios de nucleação de trincas (por
exemplo: riscos superficiais, cantos vivos, soldas, fios de roscas e etc). O carregamento cíclico pode
também produzir descontinuidades superficiais microscópicas que podem também atuar como
fatores de concentração de tensões e, portanto, como sítios de iniciação de trincas.
A avaliação da superfície de fraturas das palhetas por microscopia eletrônica de varredura
evidenciou algumas diferenças entre as superfícies de fratura das duas palhetas. A superfície da
palheta A estava repleta de microtincas. A análise das manchas de coloração marrom relatadas a
priori revelou a presença de inúmeros depósitos de silício na superfície, que muito provavelmente
são oriundos do SiO2. Normalmente a fonte de SiO2 é o vapor (Das et al., 2003).
Durante a rotação da turbina sob a pressão do vapor, a colisão de partículas de SiO2 pode gerar
ranhuras nas palhetas (Das et al., 2003). Dependendo da freqüência com que isso ocorre, a palheta
pode sofrer sérios danos por erosão; além de essas ranhuras tornarem-se locais preferenciais para
iniciação de trincas.
A análise em MEV da palheta B confirmou o diagnóstico de falha por fadiga. As marcas de
propagação indicam a direção de avanço da trinca, corroborando a avaliação visual feita na Figura
2, onde estão demarcados os pontos de iniciação e ruptura final. O mapeamento da superfície desta
palheta também indicou a presença de silício, confirmando a suspeita de contaminação do vapor por
SiO2.
Os resultados da análise de elementos finitos confirmaram a causa da falha como fadiga. A raiz da
palheta, local onde ocorreu a fratura, apresentou valores mais elevados de tensão e até mesmo
deformação plástica localizada.
A falha de uma palheta por fadiga pode ter gerado o desbalanceamento do 11º estágio e, como
consequência, alterou as frequências naturais do conjunto, acelerando o processo de fadiga nas
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outras palhetas. Esse fato, aliado ao resultado da análise de elementos finitos que indicou elevado
nível de tensão na raiz da palheta, justificam a presença de trincas em doze palhetas de um mesmo
estágio.
5. Conclusões
A análise de duas palhetas de turbinas de uma usina termelétrica, que utiliza biomassa como
combustível, que apresentaram ruptura prematura, permitiu concluir que:
• Os resultados de análise química, dureza e metalografia mostram que o material das
palhetas está de acordo com o especificado.
•A ruptura das palhetas ocorreu através do mecanismo de fadiga.
• A presença de SiO2 no vapor pode ter acelerado ainda mais o processo de nucleação das
trincas de fadiga.
• Os resultados da análise de elementos finitos mostraram que a raiz da palheta, local onde
ocorreu a fratura, apresentou valores mais elevados de tensão e até mesmo deformação plástica
localizada, o que justifica a presença de trincas em doze palhetas de um mesmo estágio.
6. Referências
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pressure steam turbine blade. C. St. in Eng. Fail. Anal., v. 1, pp. 72-78, 2013.
BOOYSEN, C., HEYNS, P.S., HINDLEY, M.P., SCHEEPERS, R. Fatigue life assessment of a low
pressure steam turbine blade during transient resonant conditions using a probabilistic approach.
Int. J. of Fat., v. 73, p. 17-26, 2015.
CALLISTER, W.D. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução.LTC, 5ª edição, 2002.
DAS, G., CHOWDHURY, S.G., RAY, A.K., DAS, S.K. BHATTACHARYA, D.K. Turbine blade
failure in a thermal power plant. Eng. Fail.Anal., v.10, pp.85-91, 2003.
SAXENA, S., PANDEY, J.P., SOLANKI, R.S., GUPTA, G.K., MODI, O.P. Coupled mechanical,
metallurgical and FEM based failure investigation of steam turbine blade. Eng. Fail.Anal.,
v.52.pp.35-44, 2015.
SOHRE, J.S. Steam turbine blade failures, causes and correction. In: 4th
TurbomachinerySymposium, 1975. Disponível em:
http://turbolab.tamu.edu/proc/turboproc/T4/T4pg9-30.pdf. Acessado em julho/2015.
VISWANATHAN, R. Damage Mechanisms and Life Assessment of High-Temperature
Components .ASM International, Metals Park, Ohio, 1989.
www.totalmateria.com.Acessado em janeiro/2019.
ZIEGLER, D., PUCCINELLI, M., BERGALLO, B. PICASO, A. Investigation of turbine blade
failure in a thermal power plant. C. St. in Eng. Fail. Anal., v.1, pp.192-199, 2013.