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Resumo
A metodologia RBI é mundialmente reconhecida para a geração de planos de inspeção, sendo uma
ferramenta eficaz no processo de gestão de equipamentos industriais. Os planos são gerados a partir
dos riscos associados aos equipamentos e o risco é definido pela combinação de probabilidade e
consequência de falha. O estudo foi desenvolvido em seis vasos separadores sujeitos a mecanismos
de dano interno e externo considerando diferentes condições do lining. Os diferentes cenários
estudados revelaram que falhas esparsas no lining configura o pior cenário de risco para esses
equipamentos, mesmo quando considerado o equipamento sem revestimento interno. Dessa forma, é
necessário manter o lining em boas condições para que este possa cumprir a sua função de proteção
do metal base.
Abstract
The RBI methodology is globally recognized for inspection plans generation as an effective tool in
the industrial equipment management process. Inspection plans are generated from equipment
associated risks and the risk is defined by the combination of probability and consequence of failure.
The study was carried out in six separator vessels with internal and external damage mechanisms
considering different lining conditions. The different scenarios studied revealed that spot fails in the
lining constitute the worst risk scenario for these components, even when considering the equipment
without internal coating. In this way, it is necessary to keep the lining in good condition so that it can
perform its function of protection of the base metal.
1. Introdução
A metodologia RBI (Risk-based Inspection) é baseada nas normas API 580 - Recommended
Practice for Risk-Based Inspection e API 581 – Risk-Based Inspection Technology e vem sendo muito
______________________________
1
Engenheira de Materiais – Coordenadora de Projetos RBI, ISQ Brasil
2
Mestre, Professora - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano - IFBaiano
3 Mestre, Engenheiro Metalurgista – Diretor Técnico, ISQ Brasil
Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos - COTEQ
utilizada na definição de planos de inspeção como uma ferramenta eficaz no processo de gestão da
integridade de equipamentos industriais.
O API580 define o risco como uma combinação entre a probabilidade de um evento ocorrer
durante um período de tempo e as consequências associadas a esse evento, sendo traduzido em termos
matemáticos na equação:
2. Metodologia
O RBI foi aplicado em seis vasos separadores que fazem parte do topside de uma FPSO de
forma a verificar, além do risco associado a esses equipamentos, o efeito da condição do lining nesse
risco. Isto porque, os vasos de pressão são fabricados em aço carbono, porém possuem pintura interna
de forma a proteger o metal base do processo corrosivo. Devido aos efeitos do fluido de operação, é
observada uma degradação do lining ao longo do tempo. A Figura 1 mostra uma esquematização dos
vasos de pressão e as respectivas temperaturas e pressões de operação.
2
Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos - COTEQ
Manifold Gas
de produção
Top: 25-40°C
VS-01 Pop: 15-20 barg
Gas
Top: 60-90°C
VS-02 Pop: 6-8 barg
Top: 60-90°C
Pop: 6-8 barg
VS-03
Gas
Água
Top: 60-90°C
Pop: 1,5-2,5 barg
VS-04
Crude Oil
Manifold
Flare
de teste
VS-05
Top: 25-45°C VS-06 Top: 60-90°C
Pop: 15-20 barg Pop: 1,5-2,5 barg
Legenda:
Top: Temperatura de operação
Pop: Pressão de operação
Os vasos separadores operam com fluido de caráter ácido que apresenta contaminantes como
sulfeto de hidrogênio (H2S), cloretos e dióxido de carbono (CO2). A partir da caracterização das
correntes foi possível identificar que os vasos estão sujeitos aos mecanismos dano internos descritos
abaixo de acordo com API 571/581:
Corrosão por CO2: é uma forma de corrosão generalizada e/ou localizada que resulta da
dissolução de CO2 na água levando a formação de ácido carbônico (H2CO3). A corrosão é
fortemente afetada pela pressão parcial de CO2 que origina um decréscimo do pH.
Corrosão por HCl: ácido clorídrico pode causar corrosão localizada ou generalizada e é muito
agressivo para os materiais mais utilizados na construção de equipamentos em um amplo
range de concentrações.
Corrosão sob tensão por H2S (HIC SOHIC H2S + SSC H2S): ocorre devido à ação combinada
do ataque do ácido sulfídrico (H2S) na presença de água e de tensões residuais em aço carbono
ou baixa liga. Estes mecanismos de degradação resultam na absorção, pela matriz metálica,
de hidrogênio atômico produzido pelo processo de corrosão que ocorre na superfície metálica,
quando existe H2S na presença de água livre. Este fato é agravado por tensões residuais e
dureza elevadas e pode originar fissuras ou bolhas.
3
Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos - COTEQ
Externamente os vasos não apresentam isolamento térmico. Além disso, eles estão localizados
em uma atmosfera marítima que apresenta taxas de corrosão mais elevadas quando comparada a
outros ambientes externos, como temperado e árido (API 581, 2016).
Como o intuito era obter o risco dos equipamentos associados a diferentes condições de lining
o estudo do RBI foi conduzido em quatro diferentes cenários:
Caso 1: lining em perfeitas condições, consideração ideal. Nesse caso não foi ativado nenhum
mecanismo de dano interno;
Caso 2: lining em boas condições, sendo considerado que o lining se degrada com o tempo.
Dessa forma, foram ativados os mecanismos associados a perda de espessura (corrosão por
HCl e por CO2) e essa perda foi considerada generalizada;
Caso 3: lining apresenta algumas falhas isoladas e, portanto, em algumas regiões o metal base
entra em contato direto com o fluido. Dessa forma, além dos mecanismos de perda de
espessura considerados no Caso 2, foi ativada a corrosão sob tensão por H2S. Nesse caso, foi
considerado que a perda de espessura seria localizada;
Caso 4: equipamento não possui lining (100% removido) estando submetido aos mecanismos
de perda de espessura de forma generalizada (corrosão por HCl e por CO2) e a corrosão sob
tensão por H2S.
3. Resultados e discussão
5 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 0
4 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 1 4 0 0 0 0 0
3 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 5 3 0 0 0 0 6
2 0 0 0 0 5 2 0 0 0 0 5 2 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0
1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
Risk Rank Totals 6 Risk Rank Totals 6 Risk Rank Totals 6 Risk Rank Totals 6
High 0 0,0% High 0 0,0% High 1 16,7% High 0 0,0%
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Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos - COTEQ
5 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 3 5 0 0 0 0 4 5 0 0 0 0 3
4 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 2 4 0 0 0 0 2 4 0 0 0 0 3
3 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 1 3 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0
2 0 0 0 0 6 2 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0
1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
Risk Rank Totals 6 Risk Rank Totals 6 Risk Rank Totals 6 Risk Rank Totals 6
High 0 0,0% High 5 83,3% High 6 100,0% High 6 100,0%
Figura 3 - Risco futuro dos vasos separados após a implementação das ações de inspeção.
A análise das matrizes de risco mostra que o caso 1 seria a melhor condição, pois todos os riscos estão
abaixo do limite estabelecido e, portanto, nenhuma ação de inspeção seria necessária. Em
contrapartida, o caso 3 seria o pior, mesmo comparando com o caso 4 (sem pintura interna), pois ao
apresentar falhas no lining a corrosão seria localizada e levaria a criação de pequenas regiões anódicas
que potencializam o poder corrosivo do fluido.
O caso 2 é o melhor de todos, considerando as condições possíveis, já que o caso 1 é ideal. Nele é
considerado que o lining pode se degradar e é observado um aumento do fator de dano com o passar
do tempo, sendo necessárias ações de inspeções para controlar o risco.
4. Conclusão
O risco dos vasos separadores foi calculado considerando diferentes cenários de degradação do
revestimento interno. O caso 1 representa um caso ideal e os demais representam diferentes condições
que podem ser verificadas em campo. Danos esparsos do lining promovem uma corrosão localizada
e representam o pior caso simulado. O melhor cenário, dentre os possíveis, é manter o lining em boas
condições de forma a proteger o metal base.
8. Referências