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REARRANJOS MOLECULARES

Relevância do Assunto:

Exemplos:
• O problema da não biodegradabilidade de detergentes
aniônicos a base de tetrâmero de propeno.
• Processos industriais para a produção de acetona e
fenol, a partir de cumeno, e para a produção de Nylon-6 a
partir de caprolactama.
• Produção de gasolina a partir de óleos pesados (330 a
550oC), pelo processo de craqueamento catalítico usando
zeolitos (isomerização, craqueamento, e transferência de
hidreto):

Resultados típicos de craquemaneto a 500-520oC

Gases (C1 a C4) 21%

Gasolina (número de octano  90) 50%

Óleos pesados (p.e. > 220o) 22%

“coke” 5%
Envolve movimento de algum grupo de um
átomo, ou grupo para outro na molécula
(normalmente rearranjo 1,2):
G

origem da A B B A término da
migração migração
G grupo migrante

Tipos de Rearranjo:
Nucleofílico: G migra com o par de elétrons, tipo comum.
..
G
A B B A
G
..
Radicalar: G migra com um elétron.
.G
A B B A

.
G

Eletrofílico: G migra como cátions, raro.


+
G

A B B A
G
+
Mecamismos do Rearranjo Nucleofílico

As etapas deste mecanismo são:

1. Criação de um sexteto de elétrons em B.


2. Migração de G.
3. Completar o octeto eletrônico de A.

A etapa 1 pode ser feita via a formação de carbocátion


(C.C.),
H
R1 H+ R1 + R1 +
OH O2H H
R2 R3 R2 R3 R2 R3 SEXTETO

ou via a formamação de nitrogênio deficiente em elétrons.


Exemplo: decomposição térmica de azotetos de acila

O O O
R R .. + .. R .. + N 2
Cl N N N
.. ..
N
NITRENO
As etapas 2 e 3 podem ocorrer simultaneamente.

O
R .. O C N R
..
N ISOCIANATO

Evidências para este mecanismo porvém de análise dos


produtos:
Quais são os produtos das reações (muito lentas?)

de (Me)3C-CH2Br com:

(i) EtO-Na+/EtOH;
(ii) EtOH?

Natureza da Migração:

INTERMOLECULAR X INTRAMOLECULAR

É possível determinar o tipo de rearranjo a partir do

seguinte dado: No rearranjo tipo pinacol-picolona da

mistura de Ph2C(OH)-C(OH)-Me2 e Ph2C(OH)-C(OH)-Et2

obtêm-se somente uma mistura de Ph2CMe-COMe e

Ph2CEt-CO-Et ? (experiência de cruzamento, cross-over)


Estereoquímica da Migração:

É possível usar os seguintes resultados para


determinar a estereoquímica do grupo migrante em

rearranjos tipo Hofmann (amida + Br2/OH-  Amina)?

R(+)PhC*HMeCONH2  R (-) PhCH*MeNH2


É possível explicar porque a seguinte reação é fácil, embora
inversão e/ou racemização não podem ocorrer?
Me Me
Me Me
CONH2 NH2

Existem duas possibilidades para a estereoquímica no término


da migração:
i- Se um C.C. estável pode se formar no B, a reação é do

tipo SN1, a primeira etapa é limitante, ocorre racemização:

G
lenta 1-Racemização de B
A BX A B+ A B+A B
2-Migração de G
G G G
ii- Ocorre inversão de configuração se G participa como

grupo vizinho na saída de X (porém não ocorre uma 2a.

inversão!):

X G
lenta racemização de B
A B A B +A B P
+
G
G

Aptidão de Migração: Qual grupo migra?

i- Em alguns casos esta dúvida não existe (só existe um

grupo que pode migrar):


Hofmann:
R
O RNH 2
N-
Br

Curtius:
R
O
N-
+
N N
ii- Em outros a estereoquímica controla o grupo que migra:
+
R OH2
N
R' ANTI

iii- Em alguns casos, ex: o rearranjo pinacol-pinacolona de


R2C(OH)-C(OH)R´2 as dúvidas são: qual OH sai, e qual
grupo (R ou R´) migra.
O OH que sai é aquele que dá origem a C.C. mais
estável, independente da aptidão de migração:
Ph H
Ph H

HO OH

Ph H Ph H
Ph H H
Ph
HO O 2H H2 O OH
+ +

Ph H H
Ph Ph H
+ +
OH H Ph OH

Ph H
Ph
H OH
+

Ph H Ph
PH H
Ph
O H H O
Para decidir qual grupo que migra, precisamos usar RR

´C(OH)-C(OH)RR´(dando RCO-CRR´2, ou R´CO-CR2R´.

Porém, a situação é complexa porque:

i- A estabilidade do segundo C.C. depende do grupo que não

migrou!

R' H
R H + R R
+H R'
+
HO OH - H 2O OH
R'

R R
HO HO
R' R'
+ +
R' R R R'

migração de R migração de R'

Qual dos dois C.C. é mais estável?


ii- As vezes, o grupo que migra é aquele que participa como

grupo vizinho:

Me H Ph
Me Me
Me refluxo
* *
Ph OTs Me Me

migração de fenila (desloca o Tosilato)

H
H Ph Me Me Ph
Me H+
Me * + *
* Me Me Me Me
Ph H
migração de metila migração de fenila

Explicar a seguinte seqüência de aptidão de migração para a

rearranjo pinacol-pinacolona de XPhCH(OH)-CH2OH. São

dados de relação estrutura/reatividade? É possível calcular ?

X p-MeO p-Me m-Me H p-Cl

Valor 500 15,7 1,95 1 0,7


REAÇÕES

I- Rearranjos Moleculares para Carbono


Deficiente em Elétrons

1- Sem mudança do Esqueleto Carbônico

Exemplo 1: Rearranjo com deslocamento 1,2 de hidreto

H3C CH3
H
H + H
H
+
H H

HH H
OH
FSO 3H CH 3 H
Ph Ph Ph +
CH 3 +
SbF 5
H3C CH 3 H3C CH 3

C.C. Terciário C.C. Benzílico


Exemplo 2: Rearranjo Alílico: Mecanismos SN1’ e SN2’

Questão: Explicar os seguintes resultados:

1. Enquanto a reação de MeCHCl-CH=CH2 com EtONa/EtOH

produz somente MeCH(OEt)-CH=CH2, a solvólise do

mesmo haleto, ou de MeCH=CH-CH2-Cl pelo etanol produz

mistura de

MeCH(OEt)-CH=CH2 e MeCH=CH-CH2-OEt

2. A reação de nucleofílos (Nu) com CH2=CH-CH(R)-Cl, R é

grupo volumoso, produz Nu-CH2-CH=CHR, e não CH2=CH-

CH(R)-Nu

2- Com mudança do Esqueleto Carbônico

2.1. Rearranjos tipo Wagner-Meerwein

Explicar os seguintes resultados:

i- A hidrólise de brometo de neopentila por OH-/H2O é

muito mais lenta que a hidrólise de C2H5Br.


ii- A seguir são os resultados da hidrólise em água:

Reagente Produtos

(CH3)3C-CH2Br (CH3)2C(OH)CH2CH3 +

(CH3)2C=CHCH3
(CH3)3C-CH(C6H5)Br (CH3)3C-CH(C6H5)OH

2.2. Rearranjo Pinacol-Pinacolona:

CH3 CH3 H3C CH3


OH H+
H3C CH3
HO
CH3 CH3 O
PINACOL PINACOLONA

H+

CH 3 CH3 CH3
OH -H2O + CH3
H2 O+ H3C
CH3 CH3 H3C O H
Rearranjo de semi-pinacol de compostos com

heteroátomo em  (iodo-álcoois, iodo-hidrinas)

Questão: Explicar o seguinte resultado: (Rearranjo retro-

pinacol):

O OH

H3O+

R
R R R

Aspectos Estereoquímicos:

Após o rearranjo, quais são as configurações de:

(1) Origem de migração;

(2) Término de migração;

(3) Grupo Migrante, se este for quiral.


Os seguintes resultados (exper. De cruzamento) mostram qual

é o tipo de rearranjo, intra- ou inter-molecular?


(C6H5)2COH-C(CH3)2COH + (C6H5)2COH-C(C2H5)2COH

C6H5)2C(CH3)-COCH3 + (C6H5)2C(C2H5)-CO(C2H5)

Nos rearranjos com deslocamneto 1,2 de hidreto, na

presença de solventes deuterados, não se obtém

produtos deuterados.

A retenção de configuração do grupo migrande foi

mostrado por:

H H
Bu Me Bu
Bu Me OH H
NaNO2 H2O
H H
H NH2 HCl
H 3C H 3C Me
H 3C
N N

Os resultados experimentais mostram predominância de

inversão de configuração na origem, e no término de

migração, devido a formação de íons cíclicos tipo, por

exemplo, o íon fenônio:


H3C
O Me
O 

SbF 5 /SO 2

 SbF 5 Cl -
-70 o C

H H H
Cl
H H H
H H

A inversão é quase completa nos sistemas cíclicos, onde

não há rotação em volta da ligação C1-C2.

Questão: Os seguintes resultados mostram que houve 100%

de inversão de configuração via íon cíclico?

Ph Ph Ph Ph
HO Ph NaNO2 Me O H O
H ou H
Ph Me HO Me HCl H + Me
NH2 NH2 Ph Ph
12%(-) 88%(+)
2.3. Síntese de Arndt-Eistert é Rearranjo de Wolf (para

carbenos) e a

Rearranjo de Wolff

O O R
R + R .. O C
H
CH N N CH ceteno
-

A síntese de Arndt-Eistert é empregada para aumentar

a cadeia carbônica de derivados funcionais de ácidos

carboxílicos por um carbono) O


O O CH2N2
SOCl2 R
R R
Cl CHN2
OH

H 2O O
RCH2
OH

O O
R'OH
R RCH2
CHN 2 OR'

NH4OH O
RCH2
NH2
Rearranjo de Wolff

2.3. Rearranjo Benzil-Ácido Benzílico

Tratamento de -dicetonas com base produz

-hidroxiácidos:

O O Ar'
OH-
CO2-
HO
Ar Ar' Ar

O O O- O O OH
OH-
HO Ar'
Ar Ar' Ar HO Ar
Ar'
II- Rearranjos Moleculares para Nitrogênio
Deficiente de Elétrons

Rearranjo de Hofmann; Curtius; Lossen e Schmidt


A característica comum destas reações é a presença no
composto, de um bom grupo de partida que facilita o
rearranjo. Os mecanismos (para derivados de ácidos
carboxílicos) são semelhantes, e seguem uma das duas
possibilidades:

R N
- X O C N R

O
ou

+
R NH
.. O C NH R
X
O

Evidências para este mecanismo são:

(i) A configuração do grupo migrante, R, é retido;

(ii) A cinética é de 1a. Ordem no composto;

(iii) Não ocorre rearranjo no grupo migrante, ex.:

neopentila;

(iv) Não existem produtos de cruzamento.


Rearranjo de Hofmann
R R
O- .. O O
RCONH2
OH- Br Br OH- ..
Br-N Br-N
R NH
-
ISOLADO H
ISOLADO
R
+
O .. O
.. R N -
Br-N + Br
- -
+
.. O
..
R N
.. R N C O
- R H
.. H2 O HO OH- . -O
R N C O N N. + O
O
.. H
R
HO
ISOLADO
H

R OH-
Lossen O O C N R
HN OCOR'

R
Curtius O NaNO2
HN NH2
R
HCl
O
-
N
R
Schmidt HN3
O N N
HO
+
Rearranjos de Beckmann (oxima para amida)

H+ ou PCl5 RC=O
RR'C O + NH 2OH RR'C NOH
NHR'
O grupo que migra é o grupo anti ao OH:

R OH R R'
H+, 
N NH
R' O

Existe uma troca direta entre R’ e OH-?

AR OH H2O*,  AR Me
N NH
H+
Me O
*

Qual a conclusão da incorporação de O* no produto?

No rearranjo de Beckmann:
• a experiência de cruzamento, e o uso de grupos quirais
demonstram a natureza intramolecular.
• a velocidade da reação depende do grupo ligado ao
oxigênio da oxima (O-X):

PhSO3 > ClCH2CO2 > MeCO2

• a velocidade da reação aumenta com a polaridade do


solvente.
Mecanismo:

H+ R OH2+
N
R OH R'
+
N RC N R'
PCl5 ou R Cl
R'
N
SOCl2
R'

+ R
H2O R R
RC N R' N N NH
+H2O
R' HO R' R'
O

Aplicação Industrial do Rearranjo de Beckmann:


A Síntese do Nylon 6
OH
OH OH O N

H2/Ni Cu NH2OH
250oC

OH OH2+
N N
N + N OH
C
H+ H2O

N OH N O O
BASE
NH NH

CAPROLACTAMA POLIAMIDA, NYLON 6


II- Rearranjos Moleculares para Oxigênio
Deficiente de Elétrons

Rearranjo de Baeyer-Villiger (inserção de oxi)


Tratamento de cetonas simples, ou cetonas cíclicas com
H2O2 ou perácidos (RCO-OOH) produz ésteres, e
lactonas, respectivamente:

R O R O
R'CO3H

R O
R

O O O
H2O2

R O R OH HO R
H+ R'CO3H
+ R
H+ O O
R O
R O
R'

R O H R O
R'CO2- + +
H+
R OR
Questão: Explicar o significado mecanístico dos seguintes

resultados experimentais:

1. Oxidação de A produz somente B, e não C:

*
O *
O O

O *
O

A B C

2. Para o catalisador G-C6H4-CO3H o valor de  de Hammett

é positivo; para (G-C6H4)2C=O o valor de  de Hammett é

negativo.

3. Para (R)2C=O, a configuração de R é retida


Rearranjo de Hidroperóxido
Produção Industrial de Acetona e Fenol

catalisador?
+?
cumeno

O2 O-OH
H+

O
+
O-OH 2 +

O O OH
H2O
+
-H +

O OH OH O
H3O+
+

Me

 Me

Ph
O 

OH 2 +

para G-C6H4-CH(CH3)2 o valor de  de Hammett é negativo.

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