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Apostila Orgânica II

Química Orgânica II (Universidade Federal de Lavras)

A Studocu não é patrocinada ou endossada por nenhuma faculdade ou universidade


Baixado por Yabakoji (yabakoji17@gmail.com)
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Departamento de Química

Apostila de
GQI 109 – QUÍMICA ORGÂNICA 2
Aula 01 - Reações de eliminação (E1, E2) – Parte 1
Aula 02 - Reações de eliminação (E1, E2) – Parte 2.
Aula 03 - Alcoóis, fenóis e éteres – Parte 1
Aula 04 - Alcoóis, fenóis e éteres – Parte 2
Aula 05 - Aldeídos e cetonas – Parte 1
Aula 06 - Aldeídos e cetonas – Parte 2
Aula 07 - Aldeídos e cetonas – Parte 3
Aula 08 - Ácidos carboxílicos e derivados - Parte 1
Aula 09 - Ácidos carboxílicos e derivados – Parte 2
Aula 10 - Síntese e reações dos compostos β-dicarbonílicos
Aula 11 - Aminas– Parte 1
Aula 12 - Aminas – Parte 2
MATERIAL SUPLEMENTAR DA AULA 12 – Introdução à Bioquímica

Prof. Sérgio Scherrer Thomasi


e-mail = sergio.thomasi@dqi.ufla.br
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GQI 109 – Química Orgânica 2 – Prof. Sérgio Scherrer Thomasi

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GQI 109 – Química Orgânica 2.


Prof. Sérgio Scherrer Thomasi
Aula 01 - Reações de eliminação (E1, E2) – Parte 1.

PARTE 1. Reações de β-eliminação (ou eliminação 1,2)

O termo eliminação pode ser definido como a remoção do átomo eletronegativo ou de um grupo
abandonador junto com um átomo de hidrogênio de carbonos adjacentes na presença de ácidos fortes, bases fortes ou
altas temperaturas. Os alcenos podem ser preparados a partir de alcoóis (que serão estudados posteriormente nesta
disciplina) ou haletos de alquila por reações de eliminação. Os dois métodos mais importantes para preparo de alcenos
são a desidratação (-H2O) de alcoóis e a desidroalogenação (-HX) de haletos de alquila. Essas reações são o inverso da
adição eletrofílica de água e haletos de alquila aos alcenos – reações estudadas em GQI 106 – Química Orgânica 1.
Abaixo está apresentado um exemplo de desidroalogenação.

carbono  carbono 

KOH alcoólico
CH3-CH2-Cl CH2=CH2 + H-Cl
aquecimento

Na eliminação 1,2, por exemplo, desidroalogenação de haleto de alquila, os átomos são removidos de
carbonos adjacentes, isso também é chamado de β-eliminação, porque um próton (hidrogênio) é retirado de um β-
carbono. O carbono a que o grupo funcional está ligado é chamado de α-carbono. Um carbono adjacente α-carbono é
chamado de β-carbono. Veja o esquema abaixo:

H
- -
C C + B C C + H-B + X
aquecimento
X
carbono  carbono 

Dependendo do momento relativo da quebra da ligação e da formação da ligação, são possíveis diferentes
vias: reação E1 ou eliminação unimolecular e reação E2 ou eliminação bimolecular.

1.a) Reação E1 ou eliminação de primeira ordem

A reação E1 ou eliminação de primeira ordem resulta da perda de um grupo abandonador para formar um
carbocátion intermediário, seguido pela retirada de um próton (hidrogênio) para formar a ligação C=C. Essa reação é
mais comum com bons grupos abandonadores, carbocátion estáveis e bases fracas. Por exemplo, o 3-bromo-3-
metilpentano reage com água para produzir 3-metilpent-2-eno à altas temperaturas. Essa reação é unimolecular, isto é,
a etapa determinante da velocidade usa uma molécula que é a ionização lenta para gerar um carbocátion. A segunda
etapa é a retirada rápida de um próton pela base (geralmente o próprio solvente da reação) para formar a ligação dupla
C=C. Na verdade, qualquer base na mistura da reação (ROH, H 2O, HSO 4-...) pode retirar um próton na reação de
eliminação E1. A E1 não é muito útil do ponto de vista de síntese e compete com a reação S N1 dos haletos de alquila
terciários. Os haletos de alquila primários e secundários geralmente não reagem com esse mecanismo.

H CH3 H CH3
H2 O - +
H 3C C C CH2-CH3 H3C C C CH2-CH3 + Br + H 3O
aquecimento
H Br
3-bromo-3-metilpentano 3-metilpent-2-eno

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O mecanismo dessa reação ocorre em duas etapas separadas. Primeira etapa: ionização lenta para formar o
carbocátion. Segunda etapa: rápida para formar o alceno. Acompanhe:

H CH3 H CH3
H 2O -
1) H3C C C CH2-CH3 H3C C C CH2-CH3 + Br
etapa lenta
H Br H
carbocátion terciário = estável

H CH3 H CH3
+
2) H3C C C CH2-CH3 H3C C C CH2-CH3 + H 3O
etapa rápida
H

H2 O

1.b) Reação E2 ou eliminação de segunda ordem

A eliminação E2 ou eliminação de segunda ordem ocorre mediante a retirada de um próton e perda


simultânea de um grupo abandonador para formar a ligação C=C. Essa reação é mais comum com alta concentração de
bases fortes, grupos abandonares bons e carbocátions menos estáveis. Por exemplo, o 2-cloro-2-metilbutano reage
com o metóxido de sódio para produzir 2-metilbuteno. Há perda simultânea de cloreto e do próton para formar o
alceno. A reação E2 é a mais eficaz para síntese de alcenos a partir de haletos de alquila primários e secundários.

H CH3 -+
CH3
CH3O Na
H C C CH2-CH3 H C C CH2-CH3 + CH3OH + NaCl
CH 3OH, aquecimento
H Cl H
2-cloro-2-metilbutano 2-metilbuteno

O mecanismo dessa reação ocorre em uma etapa única (processo concertado) em que a captura do próton
pela base ocorre simultaneamente com a quebra da ligação C-H, formação da ligação dupla C=C e quebra da ligação C-
GRUPO ABRANDONADOR. Veja:

CH3OH
-
CH3O CH3O H
CH3 CH3
H CH3
H C C CH2-CH3 H C C CH2-CH3
H C C CH2-CH3
H H
H Cl
Cl
-
Cl
Estado de transição (E.T.)

1. As reações apresentadas abaixo ocorrem por um mecanismo E2. Desenhe esses mecanismos, indicando como seria o
estado de transição dessas reações. Explique porque essas reações não poderiam se processar por um mecanismo E1.

Cl
NaOH
H2C CH2 H2 O NaCl
H3C CH2 o
a) 90 C

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Br
NaNH2
H3C C CH3 H2C C CH3 NH3 NaBr
o
90 C
CH3 CH3
b)
- +
O Na
I OH NaI

OH
c)

NaOH
Br o H2 O NaBr
d) 90 C

Br
NaOH
H2 O NaBr
o
e) 90 C

- +
O Na
N N OH NaCl

OH
f) Cl

2. As reações apresentadas abaixo ocorrem por um mecanismo E1. Desenhe esses mecanismos mostrando a estrutura
do carbocátion intermediário. Explique porque essas reações não poderiam se processar por um mecanismo E2.
Br
H 2O H2C C CH3
+ -
H3C C CH3 H 3O Br
o
80 C
CH3
a) CH3

H3C Br H3C
CH3-NH2 + -
CH2 C CH2 CH C CH2 CH3-NH3 Br
o
80 C
CH3 CH2 CH3
CH2
H3C H3C
b)
Cl
CH3-OH + -
CH3-OH2 Cl
o
60 C
c)
Br
OH + -
OH2 Br
o
d) 70 C

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O
S
O O
O H2 O +
-S H 3O
o O
90 C O
e)

PARTE 2 - ELIMINAÇÃO VS SUBSTITUIÇÃO

Muitas vezes, as reações de eliminação e substituição competem entre si e, dependendo de como estão as
condições do meio reacional, um produto pode ser favorecido em relação ao outro.
Vamos analisar primeiro que condições irão favorecer a SN2 ou a E2, uma vez que elas podem competir
diretamente, de acordo com o que você está vendo na figura a seguir:

E2 C -
B-H + + X
C
- H C
B
C X H C -
+ X
SN2 B C

1º) A estrutura do substrato.

O uso de bases fortes com haletos de alquila com severo impedimento estérico (terciários) leva quase que
exclusivamente a produtos de eliminação E2. Já o uso de bases fortes com haletos de alquila primários, favorece a S N2,
uma vez que o congestionamento espacial em torno do carbono, que sustenta a carga positiva no substrato, é
relativamente pequeno. Veja alguns dados coletados em laboratório:

O
- +
+ Br +
O Na

Etóxido de sódio Substrato primário S N2 (95%) E2 (5%)

O
- +
+ +
O Na
Br
Etóxido de sódio Substrato terciário SN2 (~0%) E2 (~100%)

2º) Volume da base utilizada.

Impedimento estérico não é coisa exclusiva do substrato. A base/nucleófilo também pode conter uma cadeia
carbônica volumosa que impede a aproximação espacial necessária para uma substituição nucleofílica. Portanto, o uso
de bases fortes e volumosas, tende a favorecer os produtos de eliminação, uma vez que um hidrogênio é espacialmente
muito mais acessível. Veja alguns exemplos de laboratório:

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O
- +
+ Br +
O Na

Etóxido de sódio Substrato primário SN2 (95%) E2 (5%)

O
- +
+ Br +
O Na

Etóxido de sódio Substrato primário SN2 (~20%) E2 (~80%)

3º) Temperatura.

A temperatura também tem forte influência no resultado de uma competição entre SN2 e E2. Quando as
condições reacionais (estrutura do substrato e do nucleófilo/base) estiverem em um meio termo (substrato secundário
e base mais ou menos impedida), à menores temperaturas pode-se obter uma mistura de produtos, mas à
temperaturas mais altas, o produto de eliminação é sempre favorecido.

O
+
50ºC
SN 2 (40%) E2 (60%)
- +
O Na + O
Br +
Etóxido de sódio Substrato secundário 110ºC
SN2 (~0%) E2 (~100%)
4º) Basicidade.

O uso de bases muito fortes (cargas localizadas em átomos pequenos, pouco polarizáveis) tendem a
aumentar os produtos de eliminação. Portanto, NH 2-, OH-, CH3O-, (CH3)2CHO-..., favorecem a eliminação. Bases fortes
procuram átomos de hidrogênios para poder formar seu ácido fraco correspondente. Já o uso de bases mais fracas
(cargas localizadas em átomos maiores, mais polarizáveis, cargas localizadas em átomos menores, mas deslocalizadas
por ressonância, ou bases neutras como H2O, CH3OH, CH3CH2OH..) tendem a aumentar produtos de substituição.
Portanto, Cl-, Br-, I- , CH3COO-, CH3S-, HS-..., favorecem a substituição.

 E a respeito da diferença entre SN1 e E1?

Tanto para SN1 quanto para E1 são necessários o uso de bases fracas e substratos terciários, pois ambas
passam pela formação de um carbocátion. O único fator que governa por qual caminho a reação irá seguir é a
temperatura. Maiores temperaturas favorecerão E1. Menores temperaturas favorecerão SN1. Veja o esquema a seguir:

OH

20ºC

H 2O
SN 1 (100%)

Br
Substrato terciário
100ºC
E 1 (100%)

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3. Você tem a tarefa de sintetizar o composto apresentada abaixo:

Essa síntese deve ser feita por desidroalogenação (eliminação) de um dos dois reagentes abaixo com KOH em etanol.
Br
Br

(A) (B)
Qual haleto [(A) ou (B)] você escolheria como material de partida para fornecer o melhor rendimento do alceno?
Justifique.

4. a) Considere o problema geral de converter um haleto de alquila terciário em um alceno. Por exemplo, a conversão
de cloreto de terc-butila em 2-metilpropeno. Quais condições experimentais você escolheria para ter certeza que a
eliminação é favorecida sobre a substituição?
b) Considere o problema oposto, aquele de realizar uma reação de substituição em um haleto de alquila terciário. Use o
exemplo da conversão de cloreto de terc-butila em éter etil terc-butílico. Quais condições experimentais você
empregaria para ter certeza do mais alto rendimento possível do éter?

5. Qual produto (ou produtos) você espera obter a partir de cada uma das reações a seguir? Dê o mecanismo (E1, E2,
S N1 ou S N2) pelo qual cada produto é formado e faça uma previsão de qual produto é o majoritário e qual produto é o
minoritário.

50º C
50º C -
- Br O
Br O
a) OH b) OH

50º C
- 50º C -
H 3C-O Br O
Br H 3C-OH OH
c) d)

Cl Cl
- 50º C 25º C
I O
e) f) H 3C-OH

O
50º C
- 50º C CH3 O
H3C-O -
H 3C-OH Cl O CH 3
g) Cl h) OH

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GABARITO
-
Cl Cl
Cl

CH2 CH2 CH2 CH2 H2 C CH2


H
- H
HO
- H 2O
1. a) HO

-
Br
Br
Br

CH2 C CH 2 C H2 C CH 2 CH3
CH3 CH 3
H
- CH 3 H
H 2N CH3
- NH3
b) H2 N H3C

-
I
I - I
O
-
H O H OH

c)

-
Br
Br - Br
HO H HO H H 2O
d)

-
Br

Br - Br
HO H HO H
H2 O
e)

f) Tente este sozinho! 

Obs.: As reações apresentadas na primeira questão, não podem se processar por um mecanismo E1 devido ao uso de
bases fortes (cargas negativas em átomos de oxigênio e nitrogênio). Essas bases acabam promovendo outra reação
antes que qualquer carbocátion tenha tempo de se formar.

2. Todas as reações que se passam por um mecanismo E1 seguem o mecanismo geral apresentado abaixo.
1ª etapa = Com o auxílio de um solvente polar prótico, forma-se o carbocátion. Este carbocátion precisa ser terciário
(estável) ou ser vizinho a algum grupamento funcional doador de densidade eletrônica para que ele se estabilize.
Grupos abandonadores em carbonos secundários e principalmente primários, não formam carbocátion. Esta é a etapa
lenta do processo.
X
1 3 1 3 -
R C R
Solvente polar prótico
R C R X
2 2
R R
Carbocátion
X = grupo abandonador
2ª etapa = Na segunda etapa (a etapa rápida do processo) um hidrogênio do carbono vizinho ao carbocátion (chamado
de carbono beta) é removido por uma base fraca para formar o alceno final.

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B H B-H
3 3
C C R C C R
2 2
R R

Baseado nisso, proponha mecanismos individuais para cada um doa itens da questão 2. Neste caso, as reações
apresentadas não podem se processar por um mecanismo E2 pois não é utilizado nenhuma base forte, apenas bases
neutras. Além disso, a estrutura do substrato em todos os casos permite a formação de um carbocátion suficientemente
estável.

3. O melhor haleto para essa reação é o (B). O haleto (A) não tem tanto impedimento estérico como o (B), isso pode
facilitar a substituição nucleofílica diminuindo a quantidade de alceno obtida.

4. a) Base forte e volumosa, alta temperatura.


b) Bases fracas (neutras – etanol, neste caso) e baixas temperaturas.

O O

Minoritário (E2) Majoritário (E2)


5. a) Majoritário (S N 2) b) Minoritário (S N 2)

c) Produto único (E2) d) Produto único (E2)

I O

Minoritário (E2)
e) Majoritário (S N 2) f) Minoritário (S N1)

g) Produto único (E2)

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Aula 02 - Reações de eliminação (E1, E2) – Parte 2. Regra de Zaitsev e Hoffman. Estereoespecificidade. Desidratação de
alcoóis. Rearranjo de carbocátions.

A regra de Zaitsev: A formação do alceno mais substituído é favorecida com base pequena.

A desidroalogenação de muito haletos de alquila produz mais de um produto. Por exemplo, a


desidroalogenação do 2-bromo-2-metilbutano pode produzir dois produtos: o 2-metilbut-2-eno e o 2-metilbuteno,
como mostrado aqui pelos caminhos (a) e (b), respectivamente:

CH3
-
(a) H3C CH C + H-B + Br
-
B H
CH3
(b)
2-metilbut-2-eno
H (a)
CH2

H3C CH C Br CH2
(b) -
CH3 H3C CH2 C + H-B + Br

CH3
2-metilbuteno

Se utilizarmos uma base pequena, tal como o íon etóxido, metóxido ou hidróxido, o produto principal da
reação será o alceno mais estável. O alceno mais estável tem a ligação dupla mais substituída!

CH3 CH2
CH3
70ºC
- H3C CH C + H3C CH2 C
H3C-CH2-O + H3C CH2 C Br
H3 C-CH2 -OH

CH3 CH3
CH3
2-metilbut-2-eno 2-metilbuteno
(70% - mais estável) (30% - menos estável)

A formação do alceno menos substituído usando uma base volumosa – A regra de Hofmann.

A realização de desidroalogenação com uma base volumosa como o terc-butóxido em álcool terc-butílico
favorece a formação do alceno menos substituído:

CH3 CH2
CH3 CH3
70ºC
- H 3C CH C + H3C CH2 C
H3 C C O + H3C CH2 C Br
H3 C-CH2 -OH

CH3 CH3
CH3 CH3
2-metilbut-2-eno 2-metilbuteno
(26% - mais substituído) (74% - menos substituído)

As razões para esse comportamento estão relacionadas, em parte, ao volume estérico da base e ao fato de
que no álcool terc-butílico a base estar associada com moléculas de solvente e, assim, tornar-se ainda maior. O grande
íon terc-butóxido parece ter dificuldade em remover um dos átomos de hidrogênio internos (secundário) por causa do
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maior impedimento naquele sítio no estado de transição. Então, ele remove um dos átomos de hidrogênio mais
expostos (primário) do grupo metila. Quando uma eliminação produz o alceno menos substituído, dizemos que ela
segue a regra de Hofmann.

1. Desenhe as estruturas dos produtos majoritários e minoritários que serão obtidos a partir dos seguintes esquemas
reacionais. Este é um exercício de aplicação direta das regras de Zaitsev e Hoffman.

Br - + 50ºC Br 50ºC
H3C-O Na - +
CH3OH O Na (CH3)3COH
a) b)

80ºC 50ºC
- + - +
O Na CH3CH2OH Br O Na (CH3) 3COH
c) Cl d)
Br
O
50ºC 90ºC
- + NaOH
O Na CH3CH2OH
e) f) Cl
Br F Cl
50ºC - + 50ºC
- + H3C-O Na
O Na (CH3) 3 COH CH3OH
g) h)

A estereoquímica das reações E2: A orientação dos grupos no estado de transição – Estereoespecificidade!

Evidência experimental considerável indica que os cinco átomos envolvidos no estado de transição de uma
reação E2 (incluindo a base) devem estar no mesmo plano. A exigência de coplanaridade da unidade H-C-C-L surge da
necessidade de uma superposição apropriada dos orbitais no desenvolvimento da ligação π do alceno que está sendo
formado. Existem duas maneiras em que isso pode ocorrer:

- -
B B
H H L
C C C C

L
Estado de transição Estado de transição
anti coplanar sin coplanar
(preferencial) (apenas com determinadas
moléculas rígidas)

A evidência indica que desses dois arranjos para o estado de transição, o arranjo chamado de conformação
anti coplanar é o arranjo preferido. O estado de transição sin coplanar ocorre apenas com moléculas rígidas incapazes
de assumir o arranjo anti. A razão: O estado de transição anti coplanar é alternado (e conseqüentemente de mais baixa
energia), enquanto o estado de transição sin é eclipsado.

2. Desenhe a estrutura dos produtos que serão obtidos a partir das seguintes reações. Todas as reações ocorrem via E2
e você deve especificar a estereoquímica do produto que será obtido.

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H CH3 H CH3
CH2CH3 CH 3O Na
- + CH2CH3 -
CH 3O Na
+
C C C C
H3CH2C H3C
CH 3 OH, 90ºC CH 3 OH, 90ºC
a) H3C Br b) 3CH2C
H Br

H Cl CH2CH3
CH3 -
CH 3O Na
+
CH(CH3) 2 - +
C C C C CH 3O Na
CH 3 OH, 90ºC
H3CH2C
H3C Br H3C H CH 3 OH, 90ºC
c) d)
H CH2CH3
CH3 - +
C C CH 3O Na
(H3C)2HC
Br CH 3 OH, 90ºC

e)

3. Preveja os produtos das reações a seguir. Leve em consideração a estereoquímica.


Br Br
- + - +
CH 3O Na CH 3O Na
CH 3 OH, 60ºC CH 3 OH, 60ºC
a) b)
Br Br
- + - +
CH 3O Na CH 3O Na
CH 3 OH, 60ºC CH 3 OH, 60ºC

c) d)

Desidratação de alcoóis para obtenção de alcenos.

Na desidratação de álcoois, o H e o OH são perdidos de carbonos adjacentes. Um catalisador ácido é


necessário.

+
H
H C C OH C C + H 2O

Álcool Alceno Água

Os alcoóis secundários sofrem eliminação a temperaturas mais baixas do que os alcoóis primários. E os
alcoóis terciários desidratam a temperaturas mais baixas do que os alcoóis secundários. O ácido sulfúrico (H2SO4) e o
ácido fosfórico (H3PO4) são os ácidos mais empregados nas desidratações de alcoóis. O hidrogenossulfato de potássio
(KHSO4) também é muito utilizado.

Regiosseletividade na desidratação de alcoóis: Um pouco mais sobre a regra de Zaitsev.

A eliminação nos alcoóis, como o 2-metilbutan-2-ol, no qual a desidratação pode ocorrer em duas direções
diferentes resulta em alcenos que são isômeros constitucionais. Aqui, uma ligação dupla pode ser gerada entre C-1 e C-2
ou entre C-2 e C-3. Ambos os processos podem ocorrer, mas nem de perto na mesma medida. Sob as condições normais
de reação, o 2-metilbut-2-eno é o produto principal e o 2-metilbuteno é o secundário.

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OH H CH2CH3 H3 C H
H2SO 4 C C
1 2 3 4 C C +
H3 C C CH2CH3
80ºC H3 C CH3
H CH3
CH3
1

2-metilbutan-2-ol 2-metilbuteno (10%) 2-metilbut-2-eno (90%)

A desidratação deste álcool é seletiva em relação à sua direção. A eliminação ocorre na direção que leva à
ligação dupla entre C-2 e C-3 mais do que entre C-2 e C-1. As reações que podem ocorrer em mais de uma direção, mas
nas quais uma direção tem preferência, são chamadas de regiosseletivas.
Em 1875, Alexander M. Zaitsev, da Universidade de Kazan (Rússia), estabeleceu uma generalização que
descreve a regiosseletividade das eliminações β. A regra de Zaitsev resume os resultados de inúmeros experimentos
nos quais misturas de alcenos foram produzidas por eliminação β. Em sua forma original, a regra de Zaitsev declarava
que o alceno formado em maior quantidade é aquele que corresponde à remoção do hidrogênio do carbono β que tem o
menor número de hidrogênios.
A regra de Zaitsev aplicada à desidratação catalisada por ácido dos alcoóis quase sempre é expressa de
maneira diferente: as reações de eliminação β de alcoóis fornecem o alceno mais altamente substituído como produto
principal. Como já discutido, isso ocorre pelo fato de o alceno mais altamente substituído também ser normalmente o
mais estável. A regra de Zaitsev também é expressa como uma preferência pela formação predominante de alceno mais
estável que poderia surgir pela eliminação β.
Observe abaixo os produtos formados na desidratação do 2-metilcicloexanol.

H H
H C C CH3
C CH H 2C C
CH2 CH2
OH
o
~160 C

H 2SO 4

MINORITÁRIO MAJORITÁRIO
alceno menos alceno mais
substituído substituído

Veja outro exemplo de desidratação feita em laboratório:

OH
O o O O
~160 C

H 2SO 4

O O O

MINORITÁRIO MAJORITÁRIO
alceno menos alceno mais
substituído substituído

O mecanismo da desidratação de alcoóis em meio ácido.

A desidratação de alcoóis tem dois detalhes importantes:


1. É promovida por ácidos.
2. A reatividade relativa dos alcoóis aumenta na ordem primário, secundário e terciário.

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Esses aspectos sugerem que os carbocátions são os principais intermediários das desidratações dos álcoois.
O Mecanismo apresentado a seguir descreve um processo em três etapas para a desidratação catalisada por ácido do
álcool terc-butílico. As Etapas 1 e 2 descrevem a geração do cátion terc-butila (carbocátion terciário).
A etapa 2, na qual o íon terc-butiloxônio se dissocia em (CH3)3C+ e água, é a etapa determinante da
velocidade da reação. Como a etapa determinante da velocidade de reação é unimolecular, o processo global de
desidratação é chamado de eliminação unimolecular e recebe o símbolo E1.
A Etapa 3 é uma reação ácido-base na qual o carbocátion age como um ácido de Brønsted, transferindo um
próton para uma base de Brønsted (a água). Essa é a propriedade dos carbocátions que tem maior significado para as
reações de eliminação. Os carbocátions são ácidos fortes. Eles são os ácidos conjugados dos alcenos e perdem
facilmente um próton para formar os alcenos. Até mesmo as bases fracas como a água são suficientemente básicas para
retirar um próton de um carbocátion.

1ª etapa: protonação do álcool 2ª etapa: formação do carbocátion

CH3 CH3 CH3


H rápido + lento
H 3C C OH + H 3C C OH2 H 3C C
+ O
H H
CH3 H2 O CH3 H 2O CH3

3ª etapa: formação do alceno

H
CH2
H 2C H
rápido +
H 3C C + O
H 3C C O H H
H H
CH3
CH3

4. Preveja a estrutura dos alcenos que serão obtidos majoritariamente nas reações de desidratação dos alcoóis
terciários apresentados a seguir. Lembre-se da regra de Zaitsev. Apresente o mecanismo de cada uma delas.
OH
H 2SO 4, H 2O H 2SO 4, H 2O

a) OH 85ºC
b)
85ºC

OH
H 3PO 4, H 2O H 3PO 4, H 2O
85ºC 85ºC

c) d) OH

Rearranjos na desidratação de alcoóis

Alguns alcoóis sofrem desidratação produzindo alcenos que têm esqueletos carbônicos diferentes dos
alcoóis iniciais. Além de a eliminação ocorrer, a organização dos átomos no alceno é diferente da organização do álcool.
Ocorreu um rearranjo. Um exemplo de desidratação de álcool acompanhada de um rearranjo é o caso do 3,3-
dimetilbutan-2-ol (ou 3,3-dimetil-2-butanol). Esse é um dos muitos experimentos realizados por F. C. Whitmore e seus
alunos da Universidade do Estado da Pensilvânia, na década de 1930, como parte de um estudo geral de reações de
rearranjo.

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CH3 OH CH3 H3 C CH3 H 2C CH3


H3PO 4
H3 C C CH CH3 + C C + C CH CH3
H3 C C CH CH3
80ºC CH3
CH3 H3 C H 3C
CH3

3,3-dimetilbutan-2-ol 3,3-dimetilbuteno 2,3-dimetilbut-2-eno 2,3-dimetilbuteno


3% 64% 33%

Uma mistura de três alcenos foi obtida com rendimento de 80% na composição mostrada. O alceno de
mesmo esqueleto carbônico que o álcool inicial, o 3,3-dimetil-1-buteno, constitui apenas 3% da mistura de alcenos. Os
dois alcenos presentes em maior quantidade, o 2,3-dimetil- 2-buteno e o 2,3-dimetil-1-buteno, têm esqueletos
carbônico diferentes do esqueleto do álcool inicial.
Whitmore propôs que o rearranjo do esqueleto carbônico ocorre em uma etapa separada depois da
formação do carbocátion. Depois de o álcool ter sido convertido no carbocátion correspondente, esse carbocátion pode
perder um próton para dar um alceno com mesmo esqueleto carbônico ou ser rearranjado a um carbocátion diferente.
Os alcenos rearranjados se formam pela perda de um próton do carbocátion rearranjado.
Por que os carbocátions se rearranjam? Na verdade, a resposta é direta quando nos lembramos de que os
carbocátions terciários são mais estáveis que os secundários. Isso deve ser automático se você fez a disciplina GQI 106
consciente do que estava estudando! Assim, o rearranjo de um carbocátion secundário para um carbocátion terciário é
energeticamente favorável. O carbocátion formado em primeiro lugar na desidratação do 3,3-dimetil-2-butanol é
secundário; o carbocátion rearranjado é terciário. Rearranjos ocorrem, e quase todos os alcenos produzidos vêm do
carbocátion terciário.
Como os carbocátions se rearranjam? Para entender precisamos examinar a mudança estrutural que ocorre
no estado de transição. No caso do intermediário carbocátion inicia (secundário), o rearranjo ocorre quando um grupo
metila muda do C-2 do carbocátion para o carbono carregado positivamente. O grupo metila migra com o par de
elétrons que formava sua ligação σ original com o C-2. Na notação de seta curva para essa migração da metila, a seta
mostra o movimento do grupo metila e dos elétrons na ligação σ.

CH3 CH3 CH3


+ +

H3 C C CH CH3 H3 C C CH CH3 H 3C C CH CH3


3 2 1

CH3 CH3 CH3


carbocátion secundário Estado de transição carbocátion terciário
(menos estável) (mais estável)

No estado de transição para o rearranjo, o grupo metila está ligado parcialmente tanto ao se ponto de
origem quanto ao carbono que será seu destino.
Lembre-se: rearranjos também ocorrem sempre que um sistema cíclico mais tensionado puder ser
convertido em um sistema cíclico menos tensionado (teoria da tensões de Bayer – GQI 106).

5. Apresente o mecanismo que explica a formação dos produtos nas reações apresentadas a seguir.

OH H 2SO 4, H 2O
H 2SO 4, H 2O 80ºC
80ºC
a) b) OH

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HO

OH H2SO 4, H 2O
H2SO 4, H 2O 80ºC
80ºC
c) d)

OH
H 2SO 4, H 2O
80ºC
e)

GABARITO

1. a) Majoritário Minoritário b) Minoritário Majoritário c) Minoritário Majoritário

O O

d) Minoritário Majoritário e) Minoritário Majoritário f) Minoritário Majoritário

F F

g) Minoritário Majoritário h h) Minoritário Majoritário

CH3
C C
H3CH2C CH2CH3 H3C CH2CH3
C C C C H3C

2. a) H3C CH3 b) H3CH2C CH3 c)


(H3C)2HC CH3
C C
H3CH2C CH(CH3) 2
C C CH2CH3

d) H3C CH2CH3 e)

3. a) b) c) d)

4. a) b) c) d)

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H H H 2O
+
O H
Rearranjo
- H 2O
5. a)

Rearranjo
+ - H 2O
O H
H 2O
b) H H
H
H
+
O Rearranjo
H 2O
- H 2O

c)
H
H
+
O H2 O
Rearranjo

- H 2O H

d)
H 2O
H H
+
O H Redesenhando
Rearranjo
- H 2O

e)

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Aula 03 – Álcoois, fenóis e éteres – Parte 1
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Parte 1 – Reconhecimento das funções álcool, fenol e éter. Nomenclatura sistemática IUPAC para álcool e éter.

1) O grupo funcional de um álcool é o grupo -OH (uma hidroxila) ligado a um átomo de carbono tetraédrico (sp3 – que
faz 4 ligações simples – σ). Ter uma hidroxila conectada diretamente a um anel aromático não caracteriza mais a função
álcool. Nesse caso temos a função fenol. O grupo funcional éter é um átomo de oxigênio ligado a dois átomos de
carbono. Não importa se esses átomos de carbono têm hibridização sp, sp2 ou sp3. Abaixo podemos ver a diferença
entre as funções álcool, fenol e éter.

hidroxila
3 carbono carbono
Carbono sp
OH
O
OH anel aromático

hidroxila Oxigênio

Propanol Benzenol Éter dietílico


(ÁLCOOL) (FENOL) (ÉTER)

Baseado nisso, reconheça as funções orgânicas presentes nas estruturas químicas abaixo.

OH
OH
O
HO O
OH O
O OH O

OH OH
OH

2) A nomenclatura sistemática oficial IUPAC para alcoóis utiliza o prefixo indicativo da quantidade de carbonos na
cadeia principal, os intermediários indicativos do tipo de ligações carbono-carbono e a terminação ol. Quando
necessário, a numeração dos carbonos deve ser iniciada na extremidade mais próxima do grupo –OH. Veja alguns
exemplos:
OH
OH 1 2 OH
3 1 6
3 5
4 2 2 4 6 4 3
4
OH 1 5
7
6 5 3
2
1
OH
butan-1-ol
ou butanol hexan-2,3-diol 3,4-dimetilcicloexanol 4-isopropilept-6-en-2-ol

Os éteres são compostos que apresentam um átomo de oxigênio ligado a dois radicais orgânicos (duas cadeias
carbônicas): R-O-R1. A nomenclatura IUPAC manda escrever o nome do radical alcoxi (oxi) com menor número de
átomos de carbono, seguido do nome do hidrocarboneto correspondente ao outro radical ligado ao oxigênio. Veja
alguns exemplos:

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H3C O CH3 O O

(radical alcoxi) (hidrocarboneto metoxipropano


metoxi correspondente)
metano etoxibenzeno

metoximetano

Baseado nessas informações dê a nomenclatura sistemática oficial IUPAC para os compostos apresentados a seguir.
Para os éteres cíclicos, faça uma pesquisa bibliográfica nos livros-texto.

OH
OH OH HO
OH

OH
OH
HO OH
OH OH

O O O

O O O O

Parte 2 – Propriedades físicas.

A propriedade física mais importante dos álcoois é a polaridade dos grupos -OH. Por causa da grande
diferença de eletronegatividade entre o oxigênio e o carbono e entre o oxigênio e o hidrogênio, tanto a ligação C-O
como a ligação O-H dos álcoois são covalentes polares, e os álcoois são moléculas polares (desde que a cadeia carbônica
não seja muito grande – mais do que 5 carbonos).
Os álcoois têm pontos de ebulição mais altos que os alcanos, alcenos e alcinos de massa molecular
semelhante porque as moléculas de álcool se associam entre si no estado líquido através da ligação de hidrogênio. A
força de ligação de hidrogênio entre moléculas de álcool é de aproximadamente 2 a 5 kcal/mol, o que significa que é
necessária uma energia adicional na separação entre álcoois devido à existência das ligações de hidrogênio
intermoleculares. Veja no esquema abaixo como as moléculas de etanol interagem entre si por ligações de hidrogênio:

CH2-CH3
- O
-
H3C-H2C
O H +

+ H

ligação de hidrogênio

O +
H3C-H2C - H

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O aumento da cadeia carbônica faz aumentar a temperatura de ebulição dos álcoois pois as forças de London
(dipolo induzido ou forças de Van der Waals) aumentam conforme aumenta-se a superfície de contato entre as cadeias
carbônicas. Observe a tabela esquematizada abaixo.

OH OH OH
Composto
Pentano Butanol Pentanol Hexanol

o o o o
Temp. de ebulição 36 C 117 C 138 C 158 C

Álcoois são muito mais solúveis em água do que os hidrocarbonetos de massa molecular semelhante, pois as
moléculas de álcool interagem com as moléculas de água por meio da ligação de hidrogênio. Metanol, etanol e propanol
são solúveis em água em todas as proporções. À medida que aumenta a massa molecular, a solubilidade dos álcoois
torna-se mais parecida com a de hidrocarbonetos de massa molecular semelhante. Álcoois de massa molecular mais
alta são muito menos solúveis em água porque o tamanho da porção hidrocarboneto de suas moléculas (que diminui a
solubilidade em água) torna-se muito grande em relação ao tamanho do grupo -OH (o que aumenta a solubilidade em
água). Abaixo um esquema de como metanol se solubiliza na água e por que álcoois com grandes cadeias carbônicas
não se solubilizam em água.

Álcool Água

-
H3 C O
O H - H moléculas de água não conseguem
H
+ + se aproximar para fazer lig. de hidrogênio
OH O -
+ H FORMAM-SE FASES DISTINTAS
H
ligação de hidrogênio +

Água O Cadeia carbônica muito grande


H H Grande porção HIDROFÓBICA
+ +

Éteres são compostos polares em que o oxigênio apresenta uma carga parcial negativa, e cada carbono a ele
ligado apresenta uma carga parcial positiva. Existem, no entanto, apenas forças de atração mais fracas (dipolo
permanente ou dipolo-dipolo) entre moléculas de éter no estado líquido quando a gente compara com álcoois.
Conseqüentemente, os pontos de ebulição dos éteres são mais próximos aos dos hidrocarbonetos de massa molecular
similar.

+ H -
H 3C - O
O C+ CH3
H  +
 + CH H
3
Interação dipolo-dipolo (dipolo permenente)
Mais fraca que uma ligação de hidrogênio
Mais forte que a interação dipolo induzido

O efeito da ligação de hidrogênio nas propriedades físicas é ilustrado de modo contundente, comparando-se
os pontos de ebulição do etanol (CH3CH2OH – P.E. = 78o C) e seu isômero constitucional, o dimetil-éter (CH3-O-CH3 – P.E.
= -24o C). A diferença no ponto de ebulição entre esses compostos deve-se à presença no etanol de um grupo -OH polar,

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capaz de formar ligações de hidrogênio. Essa ligação de hidrogênio intensifica as associações intermoleculares,
conferindo assim ao etanol um ponto de ebulição mais alto do que o do dimetil-éter.
Os éteres são mais solúveis em água do que hidrocarbonetos de massa e formato molecular semelhantes,
mas bem menos solúveis em água do que álcoois isoméricos. Sua maior solubilidade reflete o fato de que o átomo de
oxigênio de um éter apresenta pares de elétrons livres e podem formar ligações de hidrogênio com a água.

3) Explique, em termos de interações intermoleculares, por que os álcoois de baixa massa molecular são solúveis em
água, mas os hidrocarbonetos de baixa massa molecular não.

4) Explique, em termos de interações intermoleculares, por que os álcoois de baixa massa molecular são mais solúveis
em água do que éteres de baixa massa molecular.

5) Por que a solubilidade em água dos álcoois de baixa massa molecular diminui à medida que a massa molecular
aumenta?

6) Mostre a ligação de hidrogênio entre metanol e água nos seguintes exemplos:


a) Entre o oxigênio do metanol e um hidrogênio da água.
b) Entre o hidrogênio da hidroxila do álcool e o oxigênio da água.

7) Mostre a ligação de hidrogênio entre o oxigênio do dietil-éter (CH3CH2OCH2CH3) e um dos hidrogênios da água.

8) Coloque os seguintes compostos em ordem crescente de ponto de ebulição. Os valores em º C são-42, 78, 117 e 198.
a) CH3CH2CH2CH2OH b) CH3CH2OH c) HOCH2CH2OH d) CH3CH2CH3

9) Coloque os seguintes compostos em ordem crescente de ponto de ebulição. Os valores em º C são 0, 35 e 97.
a) CH3CH2CH2OH b) CH3CH2OCH2CH3 c) CH3CH2CH2CH3

10) Selecione, de cada par, o composto mais solúvel em água.


a) CH3OH ou CH3OCH3 b) CH3CH(OH)CH3 ou CH3CH(CH3)CH3 c) CH3CH2CH2SH ou CH3CH2CH2OH

11) Coloque os compostos de cada grupo em ordem decrescente de solubilidade em água.


a) Etanol, butano e etóxietano b) Hexanol, hexan-1,2-diol, hexano.

Parte 3 – Reações.

Os álcoois são facilmente convertidos em haletos de alquila pelo tratamento com HX (X = Cl, Br, I...). O
esquema geral dessa reação é:

R-OH + HX R-X + H2 O

Álcoois terciários costumam reagir mesmo à temperatura ambiente para fornecer o produto. Na seqüência
será apresentado o mecanismo da reação que ocorre entre álcool terc-butílico e ácido clorídrico para formar o cloreto
de terc-butila. Na primeira etapa ocorre a protonação da hidroxila do álcool. Na segunda etapa a hidroxila protonada se
desconecta da cadeia carbônica. Como a hidroxila sai na forma de uma molécula de água neutra e o carbocátion que
fica é terciário (muito estável) esse é um processo termodinamicamente favorável. Na terceira e última etapa o íon Cl -
atua como nucleófilo e ataca o carbono positivo do carbocátion formando o cloreto final. Esse é um mecanismo SN1.

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H 3C H 3C
H
(1) H 3C C O H Cl H 3C C O Cl
H H
H 3C H 3C
Álcool terc-butílico Álcool protonado

H 3C H 3C
H H
(2) H 3C C O H 3C C O
H H
H 3C H3 C
Carbocátion terciário

H 3C H 3C

(3) H 3C C Cl H 3C C Cl

H 3C H 3C
Cloreto de terc-butila

Para álcoois primários, a reação costuma exigir aquecimento. A primeira etapa da reação, onde ocorre a
protonação da hidroxila, é exatamente igual. Entretanto, na segunda etapa, a água não pode atuar como um grupo
abandonador para formar um carbocátion, uma vez que um carbocátion que seria produzido é primário e um
carbocátion primário não é estável o suficiente para ser formado. Dessa maneira, o ataque do nucleófilo ocorre
simultaneamente à saída do grupo abandonador (água). Esse é um mecanismo SN2 e ele só é possível porque o álcool
primário não tem impedimento estérico muito grande.

H H
H
(1) H C O H Cl H C O Cl
H H
H 3C H 3C
Álcool etílico Álcool protonado

H H
H SN 2 H
(2) Cl H C O Cl C H O
H H
H3 C H 3C
Cloreto de etila
12) a) Que fator explica a observação de que alcoóis terciários reagem com H-X mais rapidamente do que alcoóis
secundários? b) Que fator explica a observação de que o metanol reage com H-X mais rapidamente do que um álcool
primário?

13) Mostre quais serão os produtos obtidos nas reações abaixo, e indique se elas ocorrerão por um mecanismo S N1 ou
S N2.
OH
OH HCl HBr
HBr
HCl
a) OH b) c) OH d)

HI

HI
e) OH f) OH

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14) O tratamento do 3-metilbutan-2-ol (esquema apresentado abaixo) com HBr produz 2-bromo-2-metilbutano
praticamente como único produto. Esboce um mecanismo para a reação.

H-Br
OH Br

15) Mostre o mecanismo de como a reação abaixo acontece. Indique se ela ocorre por um mecanismo S N1 ou SN2 e
justifique.

O Cl OH
H-Cl

16) Dê o mecanismo de como a reação abaixo ocorre. Esse é um mecanismo S N2 ou SN1? Justifique.

H-Br OH
O
Br

HALETOS DE ALQUILA A PARTIR DA REAÇÃO DE ALCOÓIS COM PBr3 OU SOCl2.

Outro método para o preparo de haletos de alquila consiste no tratamento de alcoóis com cloreto de tionila
(SOCl2), tribrometo de fósforo (PBr3). Em todos esses casos, a reação se processa sem o envolvimento de carbocátions e,
conseqüentemente, não se observam rearranjos no esqueleto carbônico, como acontece com o uso de H +.
No caso do cloreto de tionila, o álcool reage formando o intermediário éster clorossulfito, o qual pode ser
isolado se necessário. Contudo, sob aquecimento, esse éster reage com o íon cloreto, produzindo SO 2, HCl e o haleto de
alquila. Abaixo, um exemplo de propanol sendo convertido à cloropropano com cloreto de tionila (SOCl 2).

éster clorossulfito

H
H + H
H Cl + O O
O Cl S O O
O S O S S
- Cl Cl
Cl Cl O - Cl
Propanol Intermediário com S tetraédrico
Cl Cloropropano Decompõe em HCl e SO 2

Uma vez que essa reação produz HCl, normalmente ela é feita na presença de alguma base (geralmente uma
amina terciária, Et3N), a qual neutraliza o ácido formado.
O mecanismo da atuação do PX3 é semelhante ao do SOCl2. Nesse caso, três moléculas do álcool podem
reagir com uma molécula de PX3.

3 ROH + PX 3 3 RX + H 3PO 3

Veja alguns exemplos feitos em laboratório de alcoóis com esses reagentes:

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OH Br
PBr 3
+ H3PO 3
Et 2O, 35ºC
(90%)

O
PBr 3
Br
Et 2O, 35ºC
O (80%)
OH
SOCl 2
O
piridina
Cl
(75%)

TOSILATOS, MESILATOS E TRIFLATOS: GRUPOS ABANDONADORES DERIVADOS DE ALCOÓIS.

O grupo hidroxila de um álcool pode ser convertido em um bom grupo abandonador através da conversão
para um derivado de éster sulfonato. Os ésteres sulfonatos mais comuns para esse propósito são os ésteres
metanossulfonato (“mesilatos”), ésteres p-toluenossulfonatos (“tosilatos”) e trifluormetanossulfonatos (“triflatos”).

O O O
ou Ms- H3 C S ou Ts- F 3C S ou Tf-
H 3C S
O O O

Grupo mesila Grupo tosila Grupo trifila

O éster sulfonato desejado é normalmente preparado pela reação de um álcool com o cloreto de sulfonila
apropriado, isto é, o cloreto de metanossulfonila (cloreto de “mesila”) para um mesilato, o cloreto de p-
toluenossulfonila (cloreto de “tosila”) para um tosilato, ou o cloreto de trifluormetanossulfonila [ou anidrido
trifluormetanosulfônico (anidrido “tríflico”)] para um triflato. O etanol, por exemplo, reage com o cloreto de
matanossulfonila para formar metanossulfonato de etila e com cloreto de p-toluenossulfonila para formar o p-
toluenossulfonato de etila:

O O
base
H3C S Cl + H-OCH 2CH3 H3C S OCH 2CH3
-HCl
O O

Cloreto de Etanol Metanossulfonato de etila


metanossulfonila (mesilato de etila)

O O
base
H3C S Cl + H-OCH 2CH3 H3C S OCH 2CH3
-HCl
O O

Cloreto de Etanol p-toluenossulfonato de etila


p-toluenossulfonila (tosilato de etila)

A seguir, o mecanismo de como essa transformação ocorre:

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(uma base)
-
B
H
- O
O OCH CH O H
O 2 3
S Cl H-OCH 2CH3 H3C S H3C S OCH 2CH3 H3C S OCH 2CH3
H3C -
Cl - Cl - HB
O O O O

17) Mostre qual seria o produto obtido para cada uma das reações apresentadas a seguir. Desenhe o mecanismo de
todas elas.
O
Cl S
O OH O

OH SOCl 2 N
PBr 3 O
OH
a) b) c)
O
O Cl S CF 3 OH Br
OH Cl S O
O Ts-Cl
N
N OH Piridina
d) e) f) N

OH OH
OH O Ms-Cl
Ms-Cl Tf-Cl
OEt O Piridina
Piridina
g) Piridina h) O i) OH

ÉTERES ATRAVÉS DA DESIDRATAÇÃO INTERMOLECULAR DE ALCOÓIS.

Os alcoóis podem se desidratar para formar alcenos. Isso já foi estudado na AULA 02 – GQI 109. Os alcoóis
primários também podem desidratar para formar éteres:

HA
R-OH + HO-R R-O-R
(-H 2 O)

A desidratação a um éter geralmente ocorre a uma temperatura mais baixa que a desidratação a alceno, e a
desidratação a éter pode ser auxiliada pela destilação do éter à medida que ele é formado. O éter dietílico é preparado
comercialmente pela desidratação do etanol. O éter dietílico representa o produto predominante a 140 oC; o eteno é o
produto principal a 180oC.

H2SO 4
H2C=CH2
180ºC
Eteno
CH3CH2OH
H 2SO 4
CH3CH2OCH2CH3
140ºC
Éter dietílico

A formação do éter ocorre através de um mecanismo S N2 com uma molécula de álcool agindo como
nucleófilo e a outra molécula protonada do álcool agindo como o substrato. Veja o mecanismo de desidratação do
álcool etílico, catalisada por HCl, apresentado a seguir:

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H H
H
(1) H C O H Cl H C O Cl
H H
H 3C H 3C
Álcool etílico Álcool protonado

H H H
H H
H S N2 H
(2) H C O H
H C O C O C H O
H H H
H 3C H3C H3C H 3C
Álcool etílico

H H H H
H H
H
H C O C H H O
(3) H C O C H O H
H H3C H3C
H 3C H3C
Éter dietílico

18) Preveja a estrutura dos éteres que serão obtidos a partir dos seguintes esquemas reacionais.

O OH
OH H 2SO 4 H 2SO 4

a) 140ºC b) O 140ºC

O H 2SO 4
O H 2SO 4
HO HO
140ºC 190ºC
c) d)

A SÍNTESE DE ÉTERES DE WILLIAMSON

Uma rota para os éteres assimétricos (uma vez que não é possível prepará-los de forma satisfatória por
desidratação intermolecular de alcoóis) é uma reação de substituição nucleofílica conhecida como síntese de
Williamson. Essa síntese consiste em uma reação S N2 de um alcóxido de sódio com um haleto de alquila, com sulfonato
de alquila, ou com um sulfato de alquila.

- + + -
R-O Na + R'-L R-O-R' + Na L

Alcóxido de Haleto de alquila, Éter


sódio sulfonato de alquila assimétrico
(ou de potássio) ou sulfato de alquila

-L = -Br, -I, -OSO 2R", -OSO 2OR"...

O íon alcóxido reage com o substrato em uma reação S N2, com a resultante formação de um éter. O
substrato deve ser desimpedido e conter um bom grupo abandonador. Os substrato típicos são haletos de alquila
primários (ou no máximo, secundários), sulfonatos de alquila e sulfatos de dialquila, conforme representado na figura
anterior (L).

19) Preveja a estrutura do eter assimétrico que será obtido a partir de cada uma das sínteses de Williamson
esquematizadas a seguir.

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Br - +
O Na
- + OSO 2CH3
O Na + N +
a) b)

- +
- + O Na O
O Na I Br
+ +
c) O d)

20) Na teoria, existem duas maneiras possíveis de sintetizar os éteres apresentados abaixo utilizando a síntese de
Williamsom. Entretanto, uma das duas maneiras possíveis produz muito pouco do éter, ou simplesmente nem o produz.
Indique quais são as duas maneiras e explique porque uma delas falha na produção do composto desejado.

O
O

GABARITO

1.
Éter
OH Fenol Álcool
Fenol Éter OH
O
HO O Éter
OH O
O Fenol OH O Éter
Éter
Álcool

OH OH
OH Fenol Álcool

Álcool
2.
OH
OH OH HO
OH

propan-1-ol
3-metilbutanol 7-metilnonan-2,5-diol
(3E)-2-isopropil-3-metilpent-3-enol

OH
OH
HO OH
OH OH

2-isopropil-3-metilcicloexanol cicloocta-4,6-dien-1,2-diol
(3E, 7E)-6-butil-7-metilnon-3,7-dien-2,5-diol (2E)-4-metilept-2-enol

O O O

etóxi-3-metilbutano propóxi-3-metilbut-3-eno
propóxi-(1E, 2E)-6-ciclopentil-3-isopropilex-1,3-dieno

O O O O

2,5-epóxinonano
2,3-epóxi-2,4-dimetilexano
1,4-epóxi-4-metilexano 2,6-epóxi-9-fenil-2,7-dimetilnonano
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3. A cadeia carbônica (porção hidrofóbica) não é suficientemente grande para impedir a formação da ligação de
hidrogênio entre a hidroxila do álcool e os hidrogênios da água (ou hidrogênio da hidroxila do álcool com o oxigênio da
água). Já hidrocarbonetos apolares não podem interagir com a água por ligação de hidrogênio e nem por qualquer outra
interação intermolecular.
4. Álcoois tem mais possibilidades de formas de ligações de hidrogênio com a água do que os éteres.
5. A cadeia carbônica (porção hidrofóbica) não é suficientemente grande para impedir a formação da ligação de
hidrogênio entre a hidroxila do álcool e os hidrogênios da água (ou hidrogênio da hidroxila do álcool com o oxigênio da
água). Cadeia carbônica grande (mais de 5 carbonos) representam uma porção hidrofóbica grande o suficiente para
impedir a aproximação das moléculas de água.
H H
H O H O H O
O O O
6. a) H b) H H 7.
8) d ˂ b ˂ a ˂ c 9) c ˂ b ˂ a 10) a) CH3OH b) CH3CH(OH)CH3 c) CH3CH2CH2OH
11. a) butano, etóxietano, etanol
b) hexano, hexanol, hexan-1,2-diol

12) a) Alcoóis terciários regem por S N1. Dessa forma, dão origem à carbocátions muito mais estáveis do que alcoóis
secundários. b) Metanol e alcoóis primários reagem via S N2. Quanto menor o impedimento especial mais rápida a
reação será.
Br
Cl
SN 1 SN 1
13) a) Cl SN 2 b) c) Br SN 2 d)

SN 1
e) I SN 2 f) I

+ H - Br
O Br
14) H H
15.
-
Cl
H H H
H Cl + -
O O Cl O Cl O

Carbocátion terciário!!!
A reação se processa por um caminho SN1

16.

H Br
+ H OH
O O

Br
-
Carbono primário! Não pode formar carbocátion!!! Br
Como não há impedimento estérico deste lado, a reação é SN2.

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O O
O O
S S
Cl
O
O O O
17) a) Br b) c) d)
OTs Br OMs
O OTf OMs
O
O
S OEt O
F3C O N O OMs
e) f) g) h) i)

O O O
O
18) a) b) O O

O O O
O

c) d)

O
O O
N O
19) a) b) c)
O
O

d)

20) A forma mais eficiente seria utilizando um haleto de alquila menos impedido para evitar produtos de eliminação.

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Aula 04 – Álcoois, fenóis e éteres – Parte 2
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REAÇÕES DE ÉTERES: QUEBRA DE ÉTERES POR ÁCIDOS FORTES.

Dentre as várias classes de compostos orgânicos, os éteres encontram-se entre as menos reativas. Éteres
acíclicos simples são bastante resistentes a ataques por bases e freqüentemente usados como solventes em inúmeras
reações orgânicas.

Nu
Dificilmente ocorre!
Nu O O
Éter dietílico Alcóxido
Grupo abandonador com
carga negativa em oxigênio

Essa reação não ocorre quando o nucleófilo Nu:- é -OCH3, OH-, Cl-, Br-, I- etc. Isso se deve ao fato de que o
próprio grupo abandonador é RO - ser um nucleófilo muito forte.
Na presença de ácidos, entretanto, os éteres são clivados facilmente. Por exemplo, tratando-se o dietil éter
(éter dietílico) com HBr (HCl ou HI), ocorre formação de brometo de etila e de etanol. Nas condições da reação, o álcool
reage com HBr em excesso, sendo convertido em brometo de etila, conforme o mecanismo mostrado a seguir:

(1) O H Br O Br

H
íon oxônio

Br
Br O

(2) O H
brometo de etila álcool etílico
H

H Br
H
O Br
(3) O

H H

H Br
H O
O Br
(4)
H brometo de etila
H água

O mecanismo dessa reação envolve incialmente a protonação do átomo de oxigênio. Na segunda etapa, o
íon brometo (Br-) ataca o carbono ligado ao oxigênio, com o deslocamento simultâneo (SN2) de uma molécula de etanol
neutra. HOCH2CH3 é um grupo abandonador melhor do que -OCH2CH3.
Dependendo da natureza dos grupos R ligados ao átomo de oxigênio, o íon oxônio pode sofrer uma quebra
da ligação carbono-oxigênio com formação de carbocátion e uma molécula de álcool. O carbocátion reage com o íon X-,
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levando à formação do haleto de alquila correspondente, conforme ilustrado para a reação do terc-butil etil éter com
HCl. Essa é uma reação S N1.

(1) O H Br O Br

H
íon oxônio

(2) O O
carbocátion terciário
H H

(3) Br Br

O etanol formado na segunda etapa pode reagir com uma molécula de HBr, sendo transformado em
brometo de etila, conforme mecanismo apresentado na etapa (4) para a reação do éter dietílico com HBr.

1) Baseado nas informações que você acabou de ler, mostre quais serão os produtos obtidos quando cada um dos
seguintes éteres for submetido ao tratamento com o ácido indicado. Você deverá mostrar o mecanismo da reação,
explicando se ele se processou por um caminho S N1 ou SN2.

HCl HCl HCl


a) O b) O c) O

O HBr
HCl HBr
O
d) O e) f)

PREPARO DE EPÓXIDOS.

Os alcenos sofrem diversas reações de oxidação nas quais a dupla C=C é oxidada. O epóxido mais simples,
óxido de etileno, é preparado por oxidação catalítica de etileno com Ag em altas temperaturas (250 oC):

O2, Ag
H 2C CH2
H2 C CH2
250ºC
O
Óxido de etileno

Os alcenos são também oxidados em epóxidos por perácidos ou peroxiácidos (RCO3H), por exemplo, ácido
peróxibenzoico (C6H5CO3H). Um peroxiácido contém um átomo adicional de oxigênio em comparação com ácido
carboxílico, e esse átomo extra é acrescentado à ligação dupla de um alceno para produzir o epóxido. Por exemplo, o
cicloexeno reage com ácido peroxibenzóico para produzir óxido de cicloexano.

C 6H 5CO3H
O

Cicloexeno Óxido de cicloexano

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A adição de oxigênio a um alceno é estereoespecífica. Portanto, um cis-alceno produz um cis-epóxido, e um


trans-alceno produz um trans-epóxido.

O O
R R H R
C6H5CO3H C6H5CO3H
R R H R
H H H H R H R H

cis-alceno cis-epóxido trans-alceno trans-epóxido

2) Preveja a estrutura (levando em consideração a estereoquímica, quando houver formação de carbonos quirais) do
produto que será obtido a partir de cada uma das reações esquematizadas a seguir.
O
O Cl
H O
O
O
H
O
O
Cl
H
O
O
Cl HO
a) b) c) OH

O
O O
O Cl

O H
O
O
Cl
O H O
O
O Cl
H O

d) Cl e) O f)

3) Quando o alceno bicíclico I, um derivado da trans-decalina, reage com um peroxiácido, II é o produto principal. Qual
fator favorece a formação de II em preferência ao III? (Você pode achar útil construir modelo molecular de mão.)

CH3 O CH3 O CH3


RCO2OH +

I II III

CLIVAGEM DE EPÓXIDOS CATALISADAS POR ÁCIDOS E BASES.

Os epóxidos são facilmente clivados por meio aquosos ácido. A água reage como o nucleófilo, e isso é
denominado hidrólise. Por exemplo, a hidrólise do óxido de etileno na presença de um catalisador ácido produz etano-
1,2-diol:

H-A H H H
O H O H O
O H H
H H -A
- H H H -H3O
+
H
H H H H O H H O H
H
H
O O
H H H H

A abertura de epóxido é uma reação regiosseletiva. Se o epóxido utilizado for assimétrico e possuir um
carbono primário e um terciário, o ataque nucleofílico ocorre em regiões distintas dependendo do nucleófilo utilizado.
Por exemplo, nucleófilos fracos atacam o carbono mais próximo ao terciário (o que se assemelha mais a um carbocátion
estável), enquando nucleófilos fortes atacam o carbono mais próximo à primário por possuir menor impedimento
estérico. Veja o modelo a seguir.

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H3 C C C H
H 3C H

+-
H2 O / HA Na OH
H2O

H3 C OH HO H
H3 C H
C C H3 C C C
H
HO H H3 C OH

base fraca (água) atacou o carbono base forte (íon hidróxido) atacou o carbono
mais substituído (terciário) menos substituído (primário)
com menor impedimento estérico

4) Proponha estruturas para cada um dos seguintes produtos derivados do oxirano (óxido de etileno):

HA
Oxirano C 3H 8 O 2 (um solvente industrial de Metil Celosolve)
a) CH3 OH
HA
Oxirano C 4H10O 2 (Etil Celosolve)
b) CH3 CH2 OH
KI
Oxirano C2H5IO
c) H 2O
NH3
d) Oxirano C2 H7 NO
-+
CH3 O Na
Oxirano C 3 H 8O 2
e) CH3 OH

5) Preveja a estrutura dos produtos (lembre de evidenciar a estereoquímica) que serão obtidas a partir das seguintes
condições experimentais:

? ?
O CH 3O Na
-+
HBr
CH 3OH
CH3OH

6) Dê o mecanismo de como a reação a seguir provavelmente ocorre. Explique porque o nitrogênio da amina (H 2N-R)
promoveu um ataque nucleofílico no carbono 1 e não no carbono 2.

HO
H2N
O
2 1
2 1 N
H

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7) BAMETANO é um fármaco utilizado pela medicina como simpaticomimético, agonista dos receptores beta, que
produz vasodilatação. Comercialmente é encontrado com o nome de Vasculat. A síntese industrial dessa substância
envolve uma série de reações que estão apresentadas na figura a seguir.

Br

B
-+
O Na

OH , 80ºC
A R-CO3H

HO
C8H 8O C8H 8O 2
C 8H9 BrO

BAMETANO
H 2N

D +
C
C 12H 19NO2 C12H19NO2
Majoritário Minoritário

a) Sabendo que uma amina neutra (H2N-R) com cadeia carbônica longa ataca preferencialmente pelo lado com menor
impedimento estérico em um epóxido, desenhe as estruturas dos intermediários A, B e dos produtos C e D.
b) Mostre o mecanismo que converte o intermediário B no produto D.

OXIDAÇÃO DE ÁLCOOIS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS.

Um álcool primário pode ser oxidado, formando um aldeído (muito difícil parar a reação nesta etapa) ou um ácido
carboxílico. A seguir, vemos uma série de transformações em que um álcool primário é oxidado, formando primeiro um
aldeído e depois um ácido carboxílico. Na seqüência, as reações envolvendo alcoóis secundários e terciários.

OH O O
[O] - oxidação [O] - oxidação

H H OH
H [H] - redução [H] - redução

Álcool primário Aldeído Ácido carboxílico

OH O
[O] - oxidação [O] - oxidação
NÃO REAGE
H [H] - redução

Álcool secundário Cetona

OH
[O] - oxidação
NÃO REAGE
Agentes oxidantes [O] - K2 Cr 2 O 7 / H2 SO 4 e KMnO4 / H2 SO 4
Álcool terciário Agentes redutores [H] - NaBH4 e LiAlH4

A letra O, entre colchetes, acima da seta da reação indica que cada transformação envolve uma oxidação, em que se
usa algum agente oxidante de laboratório. A letra H, entre colchetes, indica a transformação contrária: redução.
Lembre-se que na química orgânica, um carbono que sofre oxidação aumenta o número de ligações com oxigênio
enquanto diminui o número de ligações com hidrogênio. A redução é exatamente o contrário.

8) De acordo com o que foi informado, preveja a estrutura do produto das reações indicadas a seguir. Se a reação
indicada não fornecer produtos, você deverá explicar o motivo.

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OH
KMnO4/H2SO 4
OH KMnO4 /H2 SO4
K2 Cr2 O 7/H2SO4
H2O H2O
a) OH H2O b) c)

HO K 2Cr 2O 7/H2SO4
KMnO4/H2SO4

H2 O H2O
K 2Cr 2O 7 /H2 SO4

d) e) OH H2O
f) HO
OH
K2Cr2O 7/H2SO4 OH K 2Cr 2O 7/H2SO4

h) S
H2O H2O
g)

A ACIDEZ DOS FENÓIS.

A principal propriedade que diferencia os alcoóis dos fenóis é a acidez, pois estes são bem mais ácidos do
que aqueles. Os fenóis podem se ionizar parcialmente em solução aquosa. Eles também reagem com solução diluída de
hidróxido de sódio, formando o íon fenóxido. Já os alcoóis reagem pouco com NaOH, uma vez que íons alcóxidos são
bases muito mais fortes que o íon OH-.

-+
OH O Na
+ NaOH + H2 O

-+
OH NaOH O Na + H2 O
+

Conforme estudado em GQI 106 – Química Orgânica 1, a acidez de um composto é medida pela seu pKa, que
é basicamente uma medida de sua constante de ionização. Quanto menor o pKa, mais ácido o composto será. A
extensão da ionização de um ácido está intimamente ligada à estabilidade da base conjugada. No caso dos alcoóis, a
ionização levaria à formação de alcóxido RO -, com carga negativa localizada sobre o átomo de oxigênio. No caso dos
fenóis, contudo, a ionização resulta na formação do íon fenóxido, o qual é mais estável que o alcóxido, pois a carga
negativa pode ser dispersa sobre o anel aromático, conforme ilustrado a seguir:

- O
O O O O

Contribuintes de ressonância Híbrido de ressonância

O íon fenóxido pode ser ainda melhor estabilizado se houver grupos retiradores de elétrons conectados ao
anela aromático (-NO2, -C=O, -CN...). O efeito é ainda mais pronunciado se esses substituintes estiverem em posições
orto e para, pois a carga negativa vai poder, então, se localizar sobre eles, conforme esquematizado no modelo a seguir.

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-
O O O O

O O O O

Já a presença de grupos doadores de densidade eletrônica desestabiliza o íon fenóxido, diminuindo,


portanto, a acidez do fenol. Compare alguns valores de pKa apresentados na próxima tabela.

Substância pKa Substância pKa


Ácido acético 4,75 p-iodofenol 9,20
2,4,6-trinitrofenol 0,38 o-bromofenol 8,42
2,4-dinitrofenol 4,00 m-bromofenol 8,87
p-nitrofenol 7,15 p-bromofenol 9,26
o-nitrofenol 7,22 o-flúorfenol 8,81
m-nitrofenol 8,39 m-flúorfenol 9,28
p-cianofenol 7,95 p-flúorfenol 9,81
o-clorofenol 8,48 fenol 9,89
m-clorofenol 9,02 o-metilfenol 10,29
p-clorofenol 9,38 m-metilfenol 10,09
o-iodofenol 8,46 p-metilfenol 10,26
m-iodofenol 8,88 etanol 16,00

No quadro apresentado anteriormente, apresentam-se em destaque os valores de pKa para o ácido acético,
o fenol e o etanol, para fins de comparação. Observe que a presença de três grupos nitro no anel aromático torna o
fenol um ácido mais forte que o ácido acético. Por causa de sua forte acidez, o 2,4,6-trinitrofenol é conhecido na
indústria como ácido pícrico.

9) Classifique as substâncias apresentadas a seguir em dois grupos distintos: GRUPO A – Mais ácido do que o fenol.
GRUPO B – Menos ácido do que o fenol.
N

OH NO2
OH
OH OH
O
a) b) c) d) N N

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O O
OH
OH OH OH

e) O f) g) h) HO

10) Analisando a tabela de pKa vemos que o m-nitrofenol é menos ácido do que o p-nitrofenol. Como você explica isso
desenhando estruturas de ressonância para a base conjugada desses dois ácidos?

11) Você recebeu a tarefa de converter o álcool apresentado à esquerda (substância 1) no composto apresentado à
direita (substância 2):

OH O
Reações orgânicas para converter em...
OH

Substância 1 Substância 2

No almoxarifado você tem disponíveis os seguintes reagentes:

-+ -+
O Na O Na OH OH

O
Cl O
O H O
NH2

H 2O H2 SO4 NH3 NaCl NaBr HClO 3 KMnO 4 K2Cr2O 7

Mostre que você é um bom químico / engenheiro químico e apresente uma proposta de como você faria a conversão
apresentada acima utilizando somente reagentes que estejam entre os apresentados nesta questão. Você poderá
utilizar aquecimento, se ele for necessário em alguma etapa.

GABARITO

H2 O H2 O SN 2 SN 2
1. a) 2 Cl SN 2 b) 2 Cl c) 2 Cl H2 O

Cl
2 H2 O SN 1 Cl SN2 H2 O
Cl S N1
d) e)

Br S 1 Br SN 2 H2 O
N
f)

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H O
O
O H O
O
H HO
H H
2) a) H b) c) OH d) Cl
O
O
O
O
e) O f)

3) Impedimento estérico.
OH OH OH OH OH

4) a) H3CO b) H3C-H2CO c) I d) H2N e) H3CO

HO
OH O CH3O Na
-+
HBr
CH3OH
CH3 OH
OCH3
5) H3CO

6)
-
O HO
O H
2 1
2 1
2 1 +
H N N
N H H
H

O ataque nucleofílico ocorre preferencialmente no carbono 1 pois o nucleófilo (a amina) trás um grupo volumoso
grande que a impede de se aproximar do carbono 2. Na verdade, aminas, com cadeias carbônicas maiores do que 3
carbonos geralmente atacam o carbono menos impedido nas reações de abertura de anel epóxido.

7) a.
BAMETANO
H
N OH H
O
OH N

HO HO HO HO

A B C D
C8H8O C8H8O 2 C12H19NO2 C12H19NO 2
Minoritário Majoritário

b.
- H H OH H
O O
+ N
N
H2N
HO HO HO

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O O O
O OH

8) a) OH b) c) d)

OH
e) Não ocorre f) O g) Não ocorre h) S

9) GRUPO A – a, c, d, e, g. GRUPO B – b, f, h

10) Quando o grupo nitro está em posição para, a carga negativa do íon fenóxido pode ser também deslocalizada sobre
o grupo nitro. Isso não acontece quando o grupo nitro está em posição meta. Compare as estruturas de ressonância
apresentadas a seguir:
-
O O O O

+ + + +
N - N - N - N -
O O O O O O O O

Carga negativa deslocalizada


no grupo nitro

+
N -
O O

-
O O O O

- - - -
O + O + O + O +
N N N N
O O O O

11)
O
Cl O
OH O H
H2 SO 4
O
desidratação de álcool
com rearranjo de carbocátion
ALÍVIO NA TENSÃO DO ANEL

Álcool secundário oxida

H 2O OH KMnO4 O
O
H2 SO4 OH
OH

Álcool terciário não oxida

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Aula 05 - Aldeídos e cetonas - PARTE 01.
Prof. Sérgio Scherrer Thomasi

Parte 1 – Reconhecimento das funções orgânicas aldeído e cetona e nomenclatura sistemática oficial IUPAC.

1) O grupo funcional aldeído é um grupo carbonila (C=O) ligado a um átomo de hidrogênio. No metanal, o aldeído mais
simples que existe, o grupo carbonila está ligado a dois átomos de hidrogênio. Em outros aldeídos, o grupo carbonila
está ligado a um átomo de hidrogênio e a um átomo de carbono. O grupo funcional cetona é um grupo carbonila ligado
a dois átomos de carbono. A acetona é a cetona mais simples.

O O O

H H H
Metanal Etanal Propanona
(Formaldeído) (Acetaldeído) (Acetona)

Pelo fato de que os aldeídos sempre conterem ao menos um hidrogênio ligado ao grupo C=O, eles são freqüentemente
escritos da seguinte forma: RCH=O ou RCHO. Por sua vez, as cetonas são frequentemente escritas como RCOR’. Baseado
nessas informações reconheça as funções orgânicas presentes nas moléculas a seguir.

OH
HO CHO
O OH OH OH
HO O
HO O OH

OH OH OH
HO
OH O

OH O O O
OH
HO H3CO OH
O
O
H
H HO O
O O O O

2) Os nomes IUPAC para aldeídos e cetonas seguem o padrão de selecionar a cadeia principal do alcano de cadeia mais
longa que contém o grupo funcional (C=O, para aldeído ou cetona). Para nomear um aldeído, substituímos o sufixo –o
da cadeia principal do alcano por –al. Como o grupo carbonila de um aldeído aparece somente no final da cadeia, a
numeração deve começar pelo carbono 1, e não há necessidade de usar número para especificar o grupo aldeído. Veja
alguns exemplos de nomes de aldeídos:

O O O O
1 3 5
2 4
4 3 2 1 5 1
CH3CH2CH2CHO 5 3 1 H 3 1 O 4
3
2
6 4 2 4 2

Butanal Hexanal 3-metilbutanal Pent-4-enal Pentan-1,5-dial


ou

Pentanodial

No sistema IUPAC, nomeiam-se as cetonas selecionando a cadeia principal do alcano de cadeia mais longa que contém o
grupo carbonila, e então é indicada a presença desse grupo substituindo o –o da cadeia principal por –ona. A cadeia é
numerada na direção que resulta no menor número para o carbono da carbonila. Enquanto o nome sistemático da
cetona mais simples é propan-2-ona, o sistema IUPAC conserva o nome mais comum: acetona. Veja alguns exemplos:

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O 8
O 1
O 7 3

O 6
1
2 5
2 4

2 4 6
1 3 5 5 3 1 3
2 4 6
4 O
O 5

Acetona 5-metilexan-3-ona 2-metilcicloexanona 4,4,6-trimetiloctan-2,5-diona 4-etilpent-4-en-2-ona

Baseado nas informações que você acabou de ler, dê a nomenclatura sistemática IUPAC para cada um dos compostos a
seguir.

O O O O
O

O O
O
O O
O O
O

O
O O
O

O O O
O

Parte 2 – Propriedades físicas de aldeídos e cetonas.

O oxigênio é mais eletronegativo que o carbono. Portanto, uma ligação dupla carbono-oxigênio é polar: o
oxigênio com uma carga negativa parcial e o carbono com uma carga positiva parcial. Em aldeídos e cetonas líquidos, a
atração intermolecular ocorre entre a carga positiva no carbono carbonílico de uma molécula e a carga parcial negativa
no oxigênio carbonílico da outra molécula. Não há possibilidade de ligação de hidrogênio forte entre moléculas de
aldeído ou cetona, o que explica por que esses compostos têm pontos de ebulição menores que os álcoois de massa
molecular comparável. Veja a seguir um modelo de como duas moléculas de acetona interagem. O nome dessa
interação é dipolo-dipolo ou dipolo permanente.

+ - + -
O O

Dipolo-dipolo ou dipolo permanente

A tabela a seguir lista as fórmulas estruturais e os pontos de ebulição de cinco compostos de massa
molecular próxima. Entre eles, pentano e éter dietílico têm os menores pontos de ebulição. O ponto de ebulição do
butanol, o qual pode se associar através da formação de ligações de hidrogênio intermoleculares, é mais alto que a do
butanal ou da butanona.

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O O

O OH
Composto
Pentano Éter dietílico Butanal Butanona Butanol

o o o o o
Temp. de ebulição 36 C 34 C 76 C 80 C 117 C

Pelo fato de o átomo de oxigênio de cada carbonila ser um aceptor de ligação de hidrogênio, os aldeídos e as
cetonas de baixa massa molecular são mais solúveis em água do que em solventes apolares de comparável massa
molecular. Formaldeído, acetaldeído ou acetona são infinitamente solúveis em água. À medida que a porção
hidrocarbônica da molécula aumenta em tamanho, os aldeídos e as cetonas tornam-se menos solúveis em água.

H
Ligação de hidrogênio entre acetona e água
O - moléculas de água não conseguem
H
H + -
O
se aproximar para fazer lig. de hidrogênio
O -
+ -
+ FORMAM-SE FASES DISTINTAS
H
O +

+
H Cadeia carbônica muito grande
O - Grande porção HIDROFÓBICA
H
3) Indique se a afirmação é verdadeira ou falsa e justifique.
a) Aldeídos e cetonas são compostos polares.
b) Aldeídos apresentam pontos de ebulição menores do que álcoois com comparável esqueleto carbônico.
c) Aldeídos de baixa massa molecular e cetonas são muito solúveis em água.
d) Não há possibilidade de formação de ligação de hidrogênio entre moléculas de aldeídos e cetonas.

4) Em cada par de compostos, selecione aquele com maior ponto de ebulição. Pesquise as estruturas se for necessário.
a) Acetaldeído ou etanol.
b) Acetona ou pentan-3-ona.
c) Butanal ou butano.
d) Butanona ou butan-2-ol.

5) A acetona é completamente solúvel em água, mas a heptan-4-ona é completamente insolúvel em água. Explique.

6) Explique por que a acetona tem um maior ponto de ebulição (56º C) que o etil metil éter (11º C), embora sua massas
moleculares sejam aproximadamente as mesmas.

7) Pentano, butanol e butanal têm aproximadamente as mesmas massas moleculares mas diferentes pontos de
ebulição. Arranje esses compostos na ordem crescente de seus pontos de ebulição. Explique no que se baseia a sua
classificação.

8) Mostre como acetaldeído (etanal) pode formar ligações de hidrogênio com a água.

9) Por que duas moléculas de acetona não podem formar ligações de hidrogênio entre si?

Parte 3 – Reações de aldeídos e cetonas.

10) Observe o esquema de reação dado a seguir:

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OH O O
[O] - oxidação [O] - oxidação

H H OH
H [H] - redução [H] - redução

Álcool primário Aldeído Ácido carboxílico

OH O
[O] - oxidação [O] - oxidação
NÃO REAGE
H [H] - redução

Álcool secundário Cetona

OH
[O] - oxidação
NÃO REAGE
Agentes oxidantes [O] - K2 Cr 2 O 7 / H2 SO 4 e KMnO4 / H2 SO 4
Álcool terciário Agentes redutores [H] - NaBH4 e LiAlH4

Sabendo que o composto NaBH4 é considerado um agente redutor fraco (capaz de reduzir à função álcool somente as
funções aldeído e cetona) e que o composto LiAlH4 é um agente redutor forte (capaz de reduzir à função álcool as
funções ácido carboxílico, aldeído e cetona), preveja a estrutura dos produtos das reações abaixo. Caso a reação não
ocorra você deverá indicar e explicar o porquê. Deixe explícito a estereoquímica dos produtos que serão obtidos.

K 2Cr 2O 7 / H 2SO 4 K2Cr2O7 / H 2SO 4

H2O O H2 O
a) O b)

O
O
KMnO 4 / H 2SO 4 KMnO 4 / H 2SO4
H2O H2 O
c) d)

O
O
1) NaBH 4
1) NaBH 4 +
2) H 3O
+
e) 2) H 3O f)

O O
1) NaBH 4 1) LiAlH 4
OH OH
+ +
2) H 3O 2) H 3O
g) O h) O

ADIÇÃO DE ÁGUA A COMPOSTOS CARBONÍLICOS: HIDRATAÇÃO CATALISADA POR ÁCIDO E BASE. PREPARO DE DIÓIS.

Aldeídos e cetonas reagem com água na presença de ácido ou base aquosa para formar hidrato. Hidrato é
uma molécula com dois grupos hidroxila no mesmo átomo de carbono. Também é chamado de gem-diol. A hidratação
ocorre por meio de dois mecanismos clássicos de adição nucleofílica com água em condições ácidas ou hidróxido em
condições básicas. Em geral, os hidratos de aldeídos ou cetonas são instáveis para serem isolados.

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O + HO OH
H3O ou NaOH
+ H 2O
R R' R R'
R e R' = H ou alquil Hidrato ( gem-diol)

Condições ácidas:

H
H H
O
H H + O HO OH
O H O O H HO O H +
H + H 3O
H
R R' R R' R R' R R'
Hidrato ( gem-diol)
R e R' = H ou alquil

Condições básicas:

O HO OH
O
- O OH H H -
OH H 2O + OH
R R' R R'
R R' Hidrato ( gem -diol)

Atente para o fato de que quando R e/ouR’ são (ou possuem) grupos retiradores de densidade eletrônica,
eles aumentam a carga positiva do carbono da carbonila, o que favorece o ataque nucleófilo inical da água e desloca o
equilíbrio para a formação do hidrato.

11. Dentre os pares de compostos carbonílicos apresentados a seguir, decida qual deles é mais suscetível a formar
hidrato quando em solução aquosa. Explique suas respostas e desenhe os mecanismos, supondo meio aquoso ácido e
básico, dessa reação para exercitar sua química orgânica.
O O O O

a) H H b) H
O O
O O

c) d) O 2N NO 2
O O
O O

e) MeO OMe f)
O O O O
Cl Cl

g) Cl Cl h) F Br
O O

i) OMe F

A ADIÇÃO DE ÁLCOOIS A COMPOSTOS CARBONÍLICOS: PREPARO DE ACETAL E CETAL.

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De modo semelhante à formação de hidrato com água, o aldeído e a cetona reagem com álcool para formar
acetal e cetal, respectivamente. Na formação de um acetal, duas moléculas de álcool são adicionadas ao aldeído e uma
molécula de água é eliminada. Um álcool, da mesma forma que a água, é pouco nucleofílico. Portanto, a formação de
acetal só ocorre na presença de um catalisador ácido anidro. A formação de acetal ou cetal é uma reação reversível e
segue o mesmo mecanismo. O equilíbrio é voltado para a formação do acetal (ou cetal) quando se usa excesso de
álcool. Em solução ácida aquosa quente, os acetais ou cetais são hidrolisados de volta nos compostos carbonílicos e
alcoóis.

O + HO O-R'' +
H / HO-R''
R''-O O-R''
H / HO-R''
+ HO-R'' + HO-R''
R H R H R H
Aldeído Hemiacetal Acetal

O + HO O-R'' +
H / HO-R''
R''-O O-R''
H / HO-R''
+ HO-R'' + HO-R'' R R'
R R' R R'
Cetona Hemicetal Cetal

Mecanismo. A primeira etapa é adição típica catalisada por ácido ao grupo carbonila. Em seguida, o álcool nucleofílico
ataca o carbono do grupo carbonila e forma um intermediário tetraédrico carregado positivamente. A transferência de
próton para uma base de Lewis qualquer (outra molécula de álcool, por exemplo) produz um intermediário tetraédrico
hemiacetal (se for a partir de um aldeído) ou hemicetal (se for a partir de uma cetona). O grupo hidroxila é protonado,
seguido pela saída como água para formar um intermediário oxônio que reage com mais uma molécula de álcool para
formar o acetal (ou cetal). Veja:

R''
H R''
O
R'' H H
+ O HO O-R'' R''
O H O O HO O R''
H + H O
H
R R' R R' R R' R R' H
Hemiacetal ou
R e R' = H ou alquil Hemicetal

H R''
H H R'' O
R'' R'' R''-O O-R''
+ O R''-O O-R'' R''
HO O-R'' H O H O O-R'' O H
H O
H + R R R' R R' + H O
R R' R R' R' H
Acetal ou H
Hemiacetal ou Cetal
Hemicetal

Com freqüência usa-se um diol em vez de duas moléculas de alcoóis. Isso produz acetais (e cetais) cíclicos. O
etan-1,2-diol (etilenoglicol) geralmente é o diol de escolha, e os pordutos são chamados de acetais de etileno.

O O O
+
OH H , seco + H2 O
+ HO

ACETAL (CETAL) COMO GRUPO PROTETOR

Um grupo protetor converte um grupo funcional reativo em um grupo diferente que é inerte às condições
em que ocorre a reação. Mais tarde, o grupo protetor é removido. Os acetais (cetais) são hidrolisáveis em condições
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ácidas, mas são estáveis na presença de bases fortes e nucleófilos em geral. Essas características tornam os acetais
(cetais) em grupos protetores ideiais para aldeídos e cetonas. Também são formados com muita facilidade a partir de
aldeídos e cetonas e são reconvertidos facilmente nos compostos carbonila originais.
Usando um exemplo da literatura, sabemos que aldeídos são mais reativos que cetonas. Portanto, os
aldeídos reagem com etilenoglicol para formar acetais preferencialmente às cetonas. Assim, pode haver proteção
seletiva dos aldeídos. Esse é uma forma útil de realizar reações nos grupos funcionais cetonas em moléculas que contêm
ambos os grupos, aldeído e cetona.

O O O O O
O

+ +
OH H , seco LiAlH 4 H3 O
+ HO
O O OH OH

12. Quais seriam as estruturas do hemi(a)cetais e (a)cetais obtidos a partir dos seguintes esquemas reacionais? Os
(a)cetais são formados quando um composto carbonílico é submetido ao tratamento com álcool e um ácido forte.
Desenhe o mecanismo de cada uma dessas reações para treinar.
O O
O HO HO HO

a) H2SO4 b) H2SO4 c) H2SO 4

O Cl
HO OH O HO
HO
OH

H2SO4 Br H2SO 4 O H2SO 4


d) e) f)

13. Sabendo que a formação do (a)cetal ocorre preferencialmente na carbonila mais reativa, qual seria a estrutura dos
(a)cetais que seriam obtidos quando as seguintes moléculas fossem submetidas à um meio ácido (como HCl por
exemplo) e etanol?

O
O O O
O

a) b) O c) O2N

COMPOSTOS CONTENDO GRUPO HIDROXILA (OH) E CARBONILA (C=O) NA MESMA ESTRUTURA.

Os hemiacetais (ou hemicetais) de cadeia aberta geralmente não são estáveis o suficiente para serem
isolados. Os hemiacetais cíclios com anéis de cinco ou seis membros, entretanto, são em geral muito mais estáveis. A
ciclização pode ocorrer espontaneamente, ou ainda mais rápida se pequenas quantidades de ácido protonarem a
carbonila para a ciclização acontecer. Veja na figura a seguir.

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O
3 3 2 3 2
5 4 2
1 Redesenhar para mostrar
4 1
que -OH e -C=O se 4 1

O fecham entre si
5
O O 5
O O
H H
H
4-hidróxipentanal Um hemiacetal cíclico

O mecanismo da reação não difere do que você já vem estudando até agora. Vamos mostrar o mecanismo da
ciclização anterior, catalisada por ácido clorídrico.

3 2 3 2
3 2
3 2
- 4 1
1 - Cl 4 1
H 4 1 - - H-Cl 5
4
5
O
+ 5
OH Cl O OH
5
O H-Cl O O
O
H H H hemiacetal cíclico

14. Preveja quais serão os produtos das reações que levam à formação de hemiacetais cíclicos nos esquemas
apresentados a seguir.

O
ciclização - hemiacetal
OH O
ciclização - hemiacetal
a) b) OH

O
HO ciclização - hemicetal HO ciclização - hemiacetal

c) O d)

15. Uma vez que glicose (aldose ou cetose) tem carbonila e hidroxila na mesma cadeia carbônica, esses grupamentos
funcionais podem reagir para formar os carboidratos de estruturas cíclicas – Glicose cíclica e frutose cíclica. Essa reação
ocorre através do mecanismo de formação de hemiacetal. No exemplo dado abaixo, a aldose sofre ciclização para
formar uma unidade cíclica de glicose e a cetose sofre ciclização para formar uma unidade cíclica de frutose.

HO 6
HO 6
Hemiacetal
HO
4
5
OH HO
OH OH 4
5
O
6 Redesenhando para mostrar que
5 3 3 1
-OH e CHO se fecham entre si 3 2
HO 4 2 1
2
1
HO OH
HO O
OH OH O OH
OH
Unidade cíclica da glicose
ALDOSE
Hemiacetal
H
OH O O OH
6
Redesenhando para mostrar que
6 O 1
6
O
5 3 5 1
HO 4 2 1 -OH e CO se fecham entre si
HO 5 2 HO 4 3
2
OH
4 3 OH
OH OH OH HO OH HO OH
CETOSE Unidade cíclica da frutose

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A frutose é uma substância que se cristaliza com dificuldade em forma de agulhas incolores solúveis em água e de sabor
doce, encontra-se na forma livre no mel de abelhas e em todos os frutos doces, e na forma condensada em alguns
oligossacarídeos e polissacarídeos. A frutose apresente fórmula C 6H12O 6 e recebe também o nome de levulose, por
ocorrer somente na forma levogira.
Baseado no que você acabou de ler, qual seria a estrutura cíclica formada se:
a) a hidroxila do carbono 4 da aldose formasse um hemiacetal com a carbonila do carbono 1?
b) a hidroxila do carbono 6 da aldose formasse um hemiacetal com a carbonila do carbono 1?
c) a hidroxila do carbono 6 da cetose formasse um hemiacetal com a carbonila do carbono 2?
d) a hidroxila do carbono 4 da cetose formasse um hemiacetal com a carbonila do carbono 2?

GABARITO

1.
fenol aldeído
cetona álcool álcool álcool fenol OH fenol
HO CHO éter
O OH OH OH
HO O
HO O OH fenol
álcool aldeído
OH OH OH enol
HO fenol OH O cetona
álcool álcool álcool

álcool aldeído cetona


álcool O
álcool OH O éter O
OH cetona
HO H3CO OH álcool
O
éter O
H
H HO O
O aldeído O fenol O O
cetona cetona aldeído cetona

2.
O O O O
O

pentan-2-ona O O
3-metilbutanal 4,4-dimetilpentan-2,3-diona
3,4-dimetilpentan-2-ona 4-etil-5,7-dimetilnonan-3,6-diona
O
O O
O O
O

O
3-isopropil-2-metilcicloexanona hex-2-en-5-inal 2-terc-butilcicloexan-1,3-diona
hex-5-enal 3-propilciclopentanona prop-2-enal
O
O O O

O O
O
O
2-sec-butil-5-heptiloct-3,5-dien-1,8-dial 5-terc-butilcicloexan-1,2,3,4-tetrona
7-isopropil-3,4,8-trimetildec-9-en-2,5-diona

3. a) FALSO. Depende do tamanho da cadeia carbônica. b) VERDADEIRO. c) VERDADEIRO. d) VERDADEIRO

4. a) etanol. b) pentan-3-ona. c) butanal. d) butan-2-ol


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5. A porção hidrofóbica (cadeia carbônica apolar) da molécula de heptan-4-ona é muito grande e portanto afasta as
moléculas de água, impedindo a formação de ligações de hidrogênio entre os hidrogênios da água e o oxigênio da
carbonila da cetona.

6. A acetona é mais polar do que o etil metil éter. Por ser mais polar, a interação por dipolo permanente é mais forte e
mais difícil de ser rompida.

7. Pentano, butanal e butanol.

8.
H H
O H H O

9. Cetonas não têm hidrogênio diretamente conectado a oxigênio (nem a qualquer outro elemento fortemente
eletronegativo) portanto não podem interagir por ligação de hidrogênio.

10.
OH

HO O
OH
O
a) O b) c) d) Não sofre oxidação

OH OH O O
HO HO
OH OH
HO HO
e) f) g)

OH OH
HO HO
h)

11.
O
O
O O O
a) H H b) H c) d) O2N NO 2 e)
O O O O
Cl Cl

f) g) Cl Cl h) F i) F

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12.

O HO O O O
HO

H2SO4
a) Hemicetal Cetal

OH O
O
HO
O O
H2SO4

b) Hemicetal Cetal

O OH O
HO

H2SO 4 O O
c) Hemiacetal Acetal

OH
O HO O
O O
HO OH

H2 SO4

d) Hemicetal Cetal

O
O HO
O
O Br
Br H2SO 4 HO Br

e) Hemicetal Cetal

Cl
Cl
Cl
OH
HO HO
O
O H2SO4
O
HO O

f) Hemiacetal
Acetal

13.
O
O
O O
O O
O O O
a) b) c) O2N

OH OH
OH OH
O O
O O
14. a) b) c) d)

OH
OH OH
6
HO OH HO 1

5
O OH
4
5
6 1
OH O 2
HO O
6 2
3
4
HO
3
2 1
O 5
4
3 6 5 4
3

2 1
HO OH OH
HO
15. a) HO OH b) HO OH c) OH d) OH

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Aula 06 - Aldeídos e cetonas – PARTE 02
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Adição de derivados da amônia à aldeídos e cetonas.

A reação de amônia e aminas primárias com aldeídos e cetonas não resulta na formação de produtos de
adição apenas. Isso ocorre pois após a adição, outras reações acontecem, levando à formação de iminas, compostos em
que a ligação C=O é substituída por uma ligação C=N, conforme ilustrado a seguir:

3
3 R
O R + N
H
1 2 N 1 2 H2 O
R R H H R R
IMINA

a. Adição de aminas primárias.

As iminas derivadas da amônia hidrolisam-se facilmente, sendo, portanto, pouco úteis sob o ponto de vista
sintético. Já as aminas derivadas de aminas primárias, conhecidas como bases de Schiff, são mais estáveis que aquelas
derivadas da amônia, todavia ainda podem ser hidrolisadas com certa facilidade.
Nos casos em que pelo menos um dos grupos ligados ao carbono ou ao nitrogênio do grupo imina for
aromático, esta será bastante estável. É o caso da imina apresentada a seguir:

O N

H2N
+
H
87% de rendimento

O mecanismo dessa reação é apresentado a seguir. O processo envolve muitas etapas, todas reversíveis. A
reação inicia-se pela protonação da carbonila por um ácido forte qualquer (H-A). Então, ocorre uma adição nucleofílica
do nitrogênio ao carbono da carbonila, que perde um próton para a base conjugada do ácido utilizado para formar um
aminoálcool. Embora o meio tenha sido acidificado ligeiramente, a amina é nucleofílica o bastante para ligar-se ao
carbono. Após formado, o aminoálcool é protonado pelo ácido, ocorrendo então a perda de água, com conseqüente
formação da ligação dupla C=N. Esse processo é auxiliado pelo par de elétrons não ligantes do nitrogênio. Finalmente o
íon imínio resultante perde um próton para formar a imina.

H H
H R''
H +
HO N R''
O O N R'' HO N
H A H H A
H-A
R R' R R' R R' R R'
R e R' = H ou alquil Aminoálcool

H H H H H R'' R''
+ N N
HO N R'' H O N-R'' O A
H A H + R + H-A
R' R R'
R R' R R' IMINA
Íon imínio
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Estudos mostraram que a velocidade de formação das iminas é dependente do pH do meio. Geralmente a
reação é muito lenta em meio fortemente ácido ou básico. A velocidade máxima é observada quando a reação é
realizada em meio com pH entre 4 e 5.
Esse valor de pH, que obviamente varia conforme a natureza dos compostos reagentes, é facilmente
entendido quando se observam as etapas do mecanismo representado na figura anterior. O ácido é requerido para
protonar a carbonila inicialmente (tornando-a um melhor eletrófilo) e também para a saída da molécula de água,
transformando o grupo OH em um melhor grupo abandonador. Por outro lado, se o meio estiver muito ácido, a amina
será protonada para formar o íon amônio (R-NH3+), de modo que o ataque nucleofílico inicial não poderá ocorrer. Dessa
forma, esse valor de pH representa um compromisso entre a necessidade de algum ácido para a etapa de protonação
da carbonila e desidratação, mas não muito, de modo que se evite a completa protonação da amina.
Outros derivados de amônia como hidroxilamina (NH2OH), hidrazina (H2NNH2), fenilidrazina (PhNHNH2), 2,4-
dinitrofenilidrazina e semicarbazida (H2NNHCONH2) também reagem com aldeídos e cetonas formando produtos
estáveis.

+ OH
H
O + H2N-OH N + H2 O

Oxima

+ NH2
H
O + H2N-NH2 N + H2 O

Hidrazona

O 2N NO2 O 2N NO 2
+
H N
O + H2N N + H2 O
N
H H
2,4-dinitrofenilidrazona

O O
+
H2N H N
O + N NH2 N NH2 + H 2O
H H
Semicarbazona

De modo geral, as fenilidrazonas e 2,4-dinitrofenilidrazonas são sólidos cristalinos amarelados, úteis na


identificação de aldeídos e cetonas.
Conforme estudado em GQI 106 – Química Orgânica 1, ácidos graxos insaturados se decompõem por meio
de um processo oxidativo (reação radicalar) formando aldeídos. O malonaldeído (propanodial), por exemplo, é um dos
compostos resultantes da degradação do ácido linolênico. O grau de rancificação de alimentos gordurosos pode ser
avaliado por meio da medida do teor de aldeídos presentes nesses alimentos, e uma das maneiras de avaliar esse teor
consiste na reação da amostras com 2,4-dinitrofenilidrazina. A quantidade da 2,4-dinitrofenilidrazona formada é
determinada por espectrofotometria e relacionada à quantidade do aldeído na amostra.

1. Qual a estrutura da imina que seria obtida a partir de cada uma das reações esquematizadas abaixo? Dê o mecanismo
de cada uma dessas reações.

O O
O H2N H2N H2N

a) H2SO4 b) H2SO4 c) H2SO 4

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O Cl
H2N O H2N
H2N

H2SO4 Br H2SO 4 O H2SO 4


d) e) f)

2. A reação da acetona com a semicarbazida leva à formação da semicarbazona correspondente, conforme mostra a
equação a seguir. Explique detalhadamente por que a reação ocorre com o átomo de nitrogênio de número 3 e não com
os demais.

3 O O
2 1 +
H2N H N
O + N NH2 N NH2 + H2 O
H H
Semicarbazona

b. Adição de aminas secundárias.

A reação de compostos carbonílicos com aminas secundárias, diferentemente de Amin as primárias, resulta
na formação de compostos denominados enaminas. O mecanismo da reação é semelhante ao apresentado para a
formação de iminas até a etapa que resulta na obtenção do íon íminio. Como o íon imínio formado a partir de aminas
secundárias não possui hidrogênio ligado ao nitrogênio, a alternativa para establizar essa espécie possitiva consiste na
perda de um próton (hidrogênio) do carbono vizinho ao carbono sp2, conforme ilustrado na figura a seguir.

O N H N
+ H O
H H
+ N - H 2O - H 3O
+

H
amina íon imínio ENAMINA
secundária não tem hidrogênio
para perder

3. Qual a estrutura da enamina que seria obtida a partir de cada uma das reações esquematizadas abaixo? Desenhe o
mecanismo de cada uma das reações.
O O H
H
N
N O N
H

H2SO4 H2 SO4
a) H2SO4 b) c)

Cl O O N

O N
N O N
H
H S H

d)
H2SO4
e) H2SO4 f) N H2SO4

Adição de ilídeos: A reação de Wittig.

Conforme nós já sabemos a essa altura do curso de GQI 109, os alcenos podem ser formados por meio de
reações de eliminação. Essas reações, apesar de bastante úteis, muitas vezes resultam na formação de misturas de

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alcenos. Talvez possamos dizer que um dos métodos mais úteis para preparar um alceno seja a reação de Wittig. Essa
reação, descoberta pelo químico Georg Wittig (vencedor do prêmio Nobel de química de 1979), consiste na reação de
uma cetona ou um aldeído com um ilídeo de fósforo, conforme ilustrado a seguir.

R R''
C O + (Ph)3P C
R' R'''
Ilídeo
Ph = Fenil

R R''
C C + (Ph)3P O
R' R'''
Óxido de trifenilfosfina

Essa reação permite o preparo de um grande número de alcenos mono, di, e trissubstituídos. Alcenos
tetrassubstituídos são mais difíceis de serem preparados por essa reação, provavelmente por questões de impedimento
espacial.
A grande vantagem da reação da Wittig em relação às reações de eliminação é o preparo de alcenos com
estrutura conhecida, ou seja, a ligação dupla sempre se formará no carbono carbonílico do material de partida. Mesmo
havendo a possibilidade de formação de isômeros E e Z, de modo geral, ilídeos estabilizados (Ph) 3P=CR1R2, em que R1
e/ou R2 são grupos retiradores de elétrons, como –COR, etc) reagem com aldeídos e cetonas, formando o alceno E como
isômero principal, enquanto ilídeos não estabilizados (nos quais R1 e/ou R2 são grupos doadores de elétrons, como
grupo alquil) produz principalmente o alqueno Z.
Os ilídeos de fósforo são facilmente preparados reagindo-se trifenilfosfina [(Ph)3P] com haletos de alquila
primários e secundários. Inicialmente se formam sais de fosfônio que, tratados com bases fortes como PhLi, BuLi, NaH,
NaCH2SOCH3, são transformados em compostos neutros denominados ilídeos. Os ilídeos podem, alternativamente, ser
representados como uma espécie em que o átomo de fósforo está ligado duplamente ao carbono, sendo nesse caso,
denominados fosforanos. Cálculos teóricos indicam que a contribuição da estrutura do tipo fosforano é pouco
significativa.
A figura a seguir ilustra a preparação de um ilídeo de fósforo utilizando um haleto de alquila e a base forte
PhLi.

1
1 R
R

(C 6H5)3P CH Cl (C 6H5)3P CH Cl
2 R2
R

1
1 R
R
Li
(C 6H 5)3P C H (C 6H5)3P C

R2 R2
Ilídeo de fósforo

O mecanismo da reação de Wittig tem sido amplamente estudado e uma proposta é apresentada na
seqüência.

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O O O
O +
H 2C P(Ph)3
H 2C P(Ph)3 H 2C P(Ph)3
H 2C P(Ph)3
Ilídeo Betaína Oxafosfetano Óxido de trifenilfosfina

De acordo com esse mecanismo, o carbono do ilídeo funciona como um nucleófilo, atacando o carbono da
carbonila, o que resulta na formação de um intermediário denominado genericamente de betaína. Em seguida o par de
elétrons do oxigênio se liga ao fósforo formando um intermediário cíclico chamado oxafosfetano. Esse intermediário,
em alguns casos, pode ser detectado na mistura reacional à -80o C, mas decompõe-se quando a temperatura é elevada
a 0o C, resultando na formação do alqueno e do óxido de trifenilfosfina. A força motriz, para a decomposição do
oxafosfetano é a formação da ligação dupla P=O, que é muito forte (ΔH = 540 KJ/mol).
Alguns trabalhos na literatura sugerem que a betaína não seja um intermediário da reação, sendo o
oxafosfetano obtido diretamente a partir do ilídeo e do composto carbonílico.

4. Baseado nisso, qual é a estrutura do haleto orgânico necessário para preparar os seguintes ilídeos de fósforo? Para
treinar, desenhe o mecanismo de como esses ilídeos seriam preparados.

(H5C6)3P
(H5C6)3P
a) b) (H5C6)3P c) (H5C6)3P d)

(H5C6) 3P
P(C6H 5) 3
O P(C6H5) 3 P(C6H5) 3
e) f) g) h)

5. Sugira um composto carbonílico e um ilídeo para preparar os seguintes alcenos. Existem duas respostas possíveis
para cada item. Para treinar, desenhe o mecanismo de como a formação do alceno ocorre quando o composto
carbonílico entra em contanto com o ilídeo de fósforo.

O
a) b) c) d)

e) f) g) h)

6. A adição de reagentes de Gringnard a compostos carbonílicos (aldeídos e cetonas) é um excelente método para o
preparo de álcoois em laboratório. Como o reagente de Gringnard tem um forte caráter nucleófilo, ele ataca o carbono
da carbonila conforme o mecanismo descrito abaixo:

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Estrutura geral de um reagente de Gringnard


R1 R1 R1
+
H 3O
R MgX O O MgX OH
R R
R2 R2 R2
R - Qualquer cadeia carbônica
X - Qualquer halogênio (Cl, Br, I...) Aldeído ou cetona Sal de alcóxido - Intermediário Álcool

Abaixo, podemos ver alguns exemplos práticos de laboratório:

1º EXEMPLO:
O OH
H C H 3O
+
C
H C MgCl H3CCH2CH2 H H3CCH2CH2 H
H H 3C

2º EXEMPLO:
O OH
MgCl H 3O
+

Baseado nas informações dadas acima mostre o mecanismo e o produto de cada uma das reações apresentadas abaixo:

O
+
H3C MgCl + H3 O
a)

+
MgCl + H3 O
b)

O
MgCl + +
H3 O

c)

O
MgCl + +
d) H3 O

O
MgCl + +
H3 O
e)

O
MgCl + +
H3 O

f)

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GABARITO

1.

O N
H2N

a) H2SO4

O N
H2N

b) H2SO 4

O N
H2N

c) H2 SO4

O N

H2N

H 2SO4
d)

O H2N
N
Br H2 SO4
Br
e)
Cl
Cl
H2N
N
O H2SO4

f)

2. O grupo NH2 correspondente ao nitrogênio 3 reage preferencialmente pois ele é o mais nucleofílico, uma vez que os
pares de elétrons não ligantes dos nitrogênios 1 e 2 entram em ressonância com a carbonila.
3.
O N
H
N

a) H2 SO4

O H N
N

H2SO4
b)

O N N
H

H2SO4
c)

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N
O N
H

H2 SO4

d)
O

Cl O O
Cl N
N
H

e) H2SO4

N
N

O N N
S H S
f) N H2 SO4 N

Cl
Cl
Cl
O
4. a) b) Cl c) Cl d) e)

Cl
Cl Cl
f) g) h)
5. O gabarito só mostra uma possibilidade, você deverá pensar numa proposta alternativa sozinho.

P(C6H5) 3 O (H5C6)3P
O
O
a) b) c) (H5 C6) 3P

S
O
O O P(C6H 5) 3
d) (H5C6)3P e) O (H5C6)3P f)

H (H5C6) 3P O
O (H5C 6) 3P
g) H h)

OH OH OH
OH

6. a) H3C b) c) d)

OH OH

e) f)

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Aula 07 - Aldeídos e cetonas - PARTE 03
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Equilíbrio CETO-ENÓLICO

As soluções de aldeídos e cetonas apresentam-se como uma mistura de duas formas isoméricas em
equilíbrio, conforme ilustrado na figura abaixo. A forma carbonílica é denominada genericamente forma ceto (pode ser
aldeído ou cetona), e a forma que apresenta uma hidroxila ligada diretamente ao carbono sp2 é denominada forma
enólica. O termo enol é utilizado para descrever a classe de compostos em que a hidroxila (ol) está ligada ao carbono da
dupla (en). No caso de compostos alifáticos simples, a porcentagem da forma enólica é muito pequena, conforme pode
ser visto pelos valores das constantes de equilíbrio (K) nos exemplos a seguir:

Forma ceto Forma enólica K = _____


[enol]
[ceto]

O OH -5
2,0.10
H H

O OH
-5
2,5.10

O OH

-5
5,0.10

A predominância da forma ceto em relação à enólica pode ser entendida examinando-se os valores de
energia das ligações C=C, C-O e O-H. A forma ceto possui ligações C-H, C-C e C=O, enquanto a enólica tem as ligações
C=C, C-O e O-H. A soma aproximada das energias das três primeiras ligações corresponde a aproximadamente 1.506
kj/mol para a forma enólica, enquanto para a forma ceto a soma fica em torno de 1.443 kj/mol, ou seja, o conteúdo da
forma ceto é menor em aproximadamente 63 kj/mol em relação à forma enólica.
Existem fatores estruturais que podem alterar a predominância entre as formas ceto e enólica. É o caso dos
compostos beta-dicarbonílicos, em que a forma enólica existe em maior proporção. No caso da pentano-2,4-diona, por
exemplo, a forma enólica predomina, existindo em aproximadamente 80%.

ligação de hidrogênio intramolecular

H
O O O O

Forma ceto (20%) Forma enólica (80%)

A maior estabilidade do enol nesse caso se deve em parte à formação de um sistema em que as ligações
duplas estão conjugadas. A formação da ligação de hidrogênio intramolecular resulta na estabilização adicional da
forma enólica. Compostos carbonílicos que podem formar enóis com ligações duplas C=C muito substituídas também
costumam deslocar o equilíbrio para a forma enólica.

1. Abaixo estão apresentados vários equilíbrios ceto-enólicos. Discuta cada um deles, analisando se você espera que
esses equilíbrios estejam deslocados para a forma carbonílica ou se eles estariam parcialmente, preferencialmente ou
completamente deslocados para a forma enólica.
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O OH
O OH
O OH

a) b) c)

O O HO OH

O O OH O

d) O OH e) f) O O OH O

2. O composto di-carbonílico apresentado abaixo (centro da figura) existe predominantemente na forma enólica. Mas,
experimentalmente, detecta-se que o enol formado à esquerda (1) predomina quando comparado com o enol formado
à direita (2). Justifique.

OH O O O O OH
Forma enólica 1 Composto di-carbonílico Forma enólica 2

Enolização catalisada por meios ácido e básico.

Os equilíbrios ceto-enólicos deslocam-se para um lado ou outro em razão do solvente e do pH do meio. A


formação do enol pode ser catalisada tanto por ácido (H+, ou qualquer ácido de Lewis) quanto por base.
Na catálise básica, a etapa lenta do processo corresponde à abstração do próton , com a conseqüente
formação de um íon intermediário denominado enolato.

O O O
-
H + H 2O
1) HO
Enolato

H
O O O
2) + O
H H H

Enol

A abstração do hidrogênio  pelo hidróxido é possível, uma vez que a constante de acidez, daquele para
aldeídos e cetonas alifáticos, é da ordem de 10-19 a 10-20, ou seja, esses hidrogênios são bem mais ácidos que os
hidrogênios dos alcanos (Ka = 10 -45) e do acetileno (Ka = 10 -25). Essa maior acidez se deve à estabilização da base
conjugada (enolato) por ressonância com o oxigênio.
Na catálise ácida ocorre inicialmente a protonação do oxigênio, seguida da etapa mais lenta que envolve a
perda de um próton do carbono .

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H H H
O + O
O O
1) H H +
H

H H
H + O
O O
2) O +
H H H H H
Enol

3. Sugira uma razão para as estabilidades observadas dos dois íons enolatos possíveis de serem formados a partir da 2-
metilcicloexanona.

O O O
NaOH
Solvente:
O
O

70% 30%

4. Em meio básico, o isômero (S) do composto talidomida se converte lentamente no isômero (R) até que uma mistura
racêmica se forma. Desenhe o mecanismo de como isso ocorre. Explique cada etapa do mecanismo.

O O
H
20% NaOH
N O o
N O
H2 O - 25 C
N H N
O O H O O H
Isômero (S) Isômero (R)

5. O composto carbonílico apresentado abaixo sofre enolização muito facilmente em meio ácido, pois o enol é um
alceno completamente substituído e em ressonância com o anel aromático. Mostre o mecanismo dessa enolização.

20% H 2 SO 4
o
O H 2O - 25 C OH

Halogenação de aldeídos e cetonas.

As cetonas que possuem um hidrogênio  reagem imediatamente com os halogênios pela substituição. As
velocidades destas reações de halogenação aumentam quando os ácidos ou bases são adicionados e a substituição
ocorre quase que exclusivamente no carbono .

O O
R ácido ou R
R + X2 R + H-X
base
H X

Esse comportamento das cetonas (e aldeídos) pode ser explicado em termos de duas propriedades
relacionadas: a acidez dos hidrogênio  dos aldeídos e cetonas e a tendência dos aldeídos e cetonas a formar enóis.

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Na presença de bases, a halogenação ocorre através da lenta formação de um ânion enolato ou um enol,
seguida por uma reação rápida do ânion enolato ou enol com halogênio (Br2, Cl2...). Veja o mecanismo de como essa
reação ocorre:

O O O
-
H + H 2O
1) HO
Enolato

O O
-
Br + Br
2) Br Br

Essa reação deve ser feita com cuidado, pois podem ocorrer halogenações múltiplas.
Já na presença de ácidos, a halogenação ocorre através da lenta formação de um enol, seguida pela rápida
reação do enol com o halogênio.

H H H
O + O
O O
1) H H +
H

H H
H + O
O O
2) O +
H H H H H
Enol

H H O
O O
-
3) Br Br Br + Br H-Br + Br

Parte da evidência que apoia esses mecanismos vêm de estudos da cinética da reação. Tanto as
halogenações das cetonas promovidas por base ou catalisadas por ácido apresentam velocidades iniciais que são
independentes da concentração de halogênio. Os mecanismos que descrevemos estão de acordo com esta observação;
em ambos os casos, a etapa lenta do mecanismo ocorre antes da intervenção do halogênio.

Condensação aldólica (ou condensação de aldol)

Na condensação de aldol, o ânion enolato de um composto carbonílico reage com um nucleófilo e ataca o
grupo carbonila eletrofílico de outro para formar uma molécula maior. Assim, a condensação do aldol é uma reação de
adição nucleofílica.
O hidrogênio (conhecido como hidrogênio ) ligado a um átomo de carbono adjacente a um carbono de
grupo carbonila (chamado de carbono ) é ácido o suficiente para ser removido por uma base forte, em geral NaOH,
para formar o ânion enolato. O ânion enolato é adicionado ao carbono do grupo carbonila de uma segunda molécula de
aldeído ou cetona por meio de reação de adição nucleofílica.

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O O O
R NaOH, H 2 O R R
R R R
H Enolato = Estável por ressonância
-
HO

A reação de condensação do aldol pode ser catalisada por ácido ou base. No entanto, a catálise básica é mais
comum. O produto dessa reação é chamado de aldol, isto é, ald de aldeído e ol de álcool. O produto é um -
hidroxicetona, dependendo do material inicial. Por exemplo, duas moléculas de acetaldeído (etanal) condensam-se
juntas na presença de uma base aquosa (NaOH), para produzir 3-hidroxibutanal (um  -hidroxialdeído).

O O OH O
NaOH, H 2 O
+
1 1 1 1
2 2 2 2

Acetaldeído Acetaldeído 3-Hidróxibutanal


Um -hidróxialdeído

Mecanismo. A retirada de um -hidrogênio do acetaldeído pelo NaOH produz um ânion enolato estabilizado por
ressonância. A adição nucleofílica do enolato ao carbono do grupo carbonila de outro acetaldeído produz um
intermediário tetraédrico alcóxido. O alcóxido formado é protonado pelo solvente, água, para produzir 3-hidroxibutanal
e regenerar o íon hidróxido.

O O O
-
H + H 2O
1) HO
Enolato

O O O O O
H H OH O -
+ OH
2)
Alcóxido 3-Hidróxibutanal
Um -hidróxialdeído

A desidratação do produto de adição aldólica.

Se a mistura básica que contém o aldol (no exemplo anterior) for aquecida levemente, ocorre desidratação e
o but-2-enal (crotonaldeído) será formado sem maiores problemas. A desidratação ocorre imediatamente devido à
acidez do restante do hidrogênio  (apesar de o grupo retirante ser um íon hidróxido) e devido ao produto ser
estabilizado, por possuir ligações duplas conjugadas. A ressonância que ocorre no produto final estabiliza o composto
formado e é uma forte razão para explicar porque mesmo uma hidroxila (grupo abandonador ruim) sai com tanta
facilidade como neste caso.

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-
OH

OH O O
As ligações duplas do alceno
e da carbonila são conjugadas
But-2-enal
H

-
HO HOH

Em algumas reações aldólicas, a desidratação ocorre tão rapidamente (a temperatura ambiente


normalmente já fornece a energia de ativação necessária para essa reação ocorrer) que não conseguimos isolar o
produto na forma do aldol; em vez disso, obtemos o derivado enal (alceno aldeído). Ocorre uma condensação aldólica,
em vez de apenas uma adição aldólica. A reação de condensação é aquela na qual as moléculas são unidas através da
eliminação intermolecular de uma pequena molécula, como a água ou um álcool. Veja alguns exemplos de reações
desse tipo:

O O
10% NaOH - H 2O
2 H
H o
20 C

O O
10% NaOH - H 2O
2 o
40 C

6. Sugira um mecanismo plausível para cada uma das seguintes reações.


O O
O O
HBr
HCl
Cl
Br2
Cl2
a) Br b)

O O
10% NaOH - H 2O
O O 2
10% NaOH - H 2O
H o
20 C
H
2 o
c) H 20 C H d)

O 10% NaOH - H 2O O
2 o
20 C

e)

Reações aldólicas cruzadas.

Uma reação aldólica que começa com dois compostos carbonilados diferentes é chamada de reação aldólica
cruzada. Reações aldólicas cruzadas, usando soluções de hidróxido de sódio aquoso, não têm grande importância
sintética se ambos os reagentes possuem hidrogênio , pois essas reações fornecem uma mistura complexa de
produtos. Caso fôssemos, por exemplo, executar uma adição aldólica cruzada, usando o acetaldeído e o propanal,
iríamos obter quatro produtos, pelo menos.
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O O OH O OH O
NaOH, H 2 O
+

Acetaldeído Propanal 3-Hidróxibutanal 3-Hidróxi-2-metilpentanal


(de duas moléculas (de duas moléculas
de acetaldeído) de propanona)
OH O OH O

3-Hidróxi-2-metilbutanal 3-Hidróxipentanal
(de uma molécula do acetaldíedo e uma molécula de propanona)

Reações aldólicas cruzadas práticas.

Reações aldólicas cruzadas são práticas, usando bases do tipo NaOH, quando um reagente não possui um
hidrogênio  e portanto não consegue sofrer uma autocondesação, pois não consegue formar um ânion enolato.
Podemos evitar outras reações colaterais colocando este componente na base e adicionando na mistura, aos poucos, o
reagente com um hidrogênio . Sob essas condições, a concentração do reagente com um hidrogênio a é sempre baixa
e grande parte dele se apresentará como um ânion enolato. A principal reação que ocorre é aquele entre este ânion
enolato e o componente que não possui o hidrogênio . O exemplo a seguir ilustra essa técnica.
Como os exemplos a seguir também mostram, a reação aldólica cruzada é sempre acompanhada pela
desidratação. Se a desidratação irá ocorrer ou não, dependerá das condições escolhidas para a reação; mas a
desidratação é especialmente fácil quando ela leva a um sistema conjugado estendido.

O O O

NaOH, H 2 O

Benzaldeído Propanal 2-metil-3-fenilprop-2-enal

O
O
O NaOH, H 2O

Benzaldeído Fenilacetaldeído 2,3-difenilprop-2-enal

O OH O
O
NaOH, H 2 O

H H

Formaldeído 2-metilpropanal 3-Hidróxi-2,2-dimetilpropanal

Reações de Claisen-Schmidt.

Quando cetonas são usadas como um dos componentes, as reações aldólicas cruzadas são chamadas de
reações de Claisen-Schmidt, em homenagem aos cientistas alemães J.G. Schmidt (que descobriu a reação em 1880) e
Ludwig Claisen (que a desenvolveu entre 1881 e 1889). Estas reações são práticas quando bases, como o hidróxido de
sódio, são usadas, pois sob estas condições as cetonas não se autocondensam apreciavelmente. (O equilíbrio é
desfavorável).
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Dois exemplos de reações de Claisen-Schmidt são os seguintes:

O O O O
O
O -
O OH
- O
OH

7. Quais seriam os produtos das seguintes reações de Claisen-Schimidt? Desenhe os mecanismos dessas reações para
treinar.
O O
O - O OH
-
OH

a) b)
O O O
O
O OH
-
-
OH

c) d)
O

O
O - OH
-
OH

O Br
e) f) O

Ciclizações via condensação aldólica.

A condensação aldólica oferece também uma maneira conveniente para sintetizar moléculas com anéis de
cinco e seis membros (e às vezes até maiores anéis). Isto pode ser feito pela condensação aldólica intramolecular
usando um dialdeído, um ceto aldeído ou uma dicetona, como substrato. Por exemplo, o seguinte ceto aldeído cicliza
para produzir 1-ciclopentenil metil cetona.
7
O - 6
O
OH
O 6 4 2 3 2
7 5 3 1 5
4 1

Ceto aldeído 1-ciclopentenil metil cetona

Mecanismo. Esta reação envolve, quase certamente, a formação de pelo menos três enolatos diferentes. Contudo, é o
enolato da parte cetona da molécula que se adiciona ao grupo aldeído que leva ao produto.

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-
O O O O
H H O - H + H 2O H O
6 7 OH 6 7
O 6 7
H H
3 2 3 2 3 2
5 5 5
4 1 4 1 4 1

Ceto aldeído

7 OH
O H O
-
6
6
OH
3 2 + H 2O 7
5 3 2
4 1 5
4 1
1-ciclopentenil metil cetona

A razão pela qual, de preferência, é o grupo aldeído que sofre a adição, pode ser a maior reatividade dos
aldeídos em relação à adição nucleofílica em geral. O átomo de carbono carbonílico de uma cetona é menos positivo (e,
portanto, menos reativo em relação ao nucleófilo), pois ele carrega dois grupos alquilas doadores de densidade
eletrônica; ele também possui maior impedimento estérico.

8. Que composto inicial você utilizaria na ciclização aldólica para preparar cada um dos compostos apresentados
abaixo?
O
O

a) b) O c)

Adição nucleofílica a compostos carbonílicos, -insaturados.

Os contribuintes de ressonância de um composto carbonílico , -insaturado mostram que a molécula tem
dois sítios eletrofílicos: o carbono carbonílico e o carbono 

sítio eletrofílico

O O O
 

R R R R R R
  

um composto carbonílico
,  insaturado sítio eletrofílico

Isso significa que, se um aldeído ou uma cetona tem uma ligação dupla nas posições , , um nucleófilo
pode ser adicionado ao carbono carbonílico ou ao carbono .
A adição nucleofílica ao carbono carbonílico é chamada de adição direta ou adição 1,2.

Adição direta

1 O O OH
+
H3 O

R 2 R R R R R
X X

-
X

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A adição nucleofílica ao carbono  é chamada de adição conjugada ou adição 1,4. Porque a adição ocorre
nas posições 1 e 4 (ou seja, no sistema conjugado). Após a adição 1,4 ocorrer, se quando o meio estiver ácido quem
sofrer a protonação (ligação com hidrogênio) for o átomo de oxigênio com carga negativa, forma-se um enol, que se
tautomeriza imediatamente para a formar cetônica, aquela que é formada quando a protonação ocorre pelo átomo de
carbono negativo.

Adição conjugada

- X O X O X O
X 1 O H 3O
+
4

R R R R R R
R 3
2 R

Os nucleófilos que são bases fracas formam produtos de adição conjugada. A reação global resulta na adição
à ligação dupla carbono-carbono, com o nucleófilo sendo adicionado ao carbono  da ligação dupla carbono-carbono e
um próton da mistura reacional adicionado ao carbono .

O Br O
+ HBr

O O

+ CH3NH2
NHCH3

Em geral, os nucleófilos que são bases fortes formam produtos de adição direta. O álcool etílico é usado na
segunda etapa para protonar o íon alcóxido.

O HO CH3
+
H 3O
+ CH3MgBr

9. Mostre qual deve ser a estrutura do produto principal de cada uma das reações esquematizadas a seguir.

O
O
HCl O NH3 CH3CH2CH2MgBr
a) b) c)

O O O
-
CH3SH OH /H 2O NaBr

d) e) O f) O

10. Mostre o mecanismo de como as reações esquematizadas a seguir acontecem.

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O
O
O
10% NaOH - H 2 O
o
20 C

a)

O N
H2N NH2 o
20 C N
b) H
O
10% NaOH - H 2 O
o
O 20 C O
c)
O O
O
10% NaOH - H 2O
o
20 C
d)

GABARITO

1. a) deslocado completamente para forma carbonílica. b) deslocado parcialmente para forma carbonílica. c) deslocado
parcialmente para forma carbonílica. d) deslocado completamente para forma enólica. e) deslocado preferencialmente
para forma enólica. f) deslocado preferencialmente para forma enolica.

2. Embora as duas formas enólicas possíveis possam se estabilizar através de uma ligação de hidrogênio intramolecular,
a forma enólica 1 tem um alceno mais substituído do que a forma enólica 2.

3. O íon enolato produzido com 70% de rendimento tem um alceno mais substituído (portanto mais estável) do que o
enolato produzido com 30% de rendimento.

O -
H H HO
O O O
H
-
N O OH N O N O
N N H N
- H 2O H
O O H O O H O O
4. ânion enolato (plano)

-
HSO4

O +
O - H 2SO 4 O
H H
5. H2SO 4

6. Reconheça cada um desses mecanismos pelo caderno de aula e se guie por lá. Eles são aplicações diretas das reações
de

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a) Halogenação de carbonos alfa-carbonílicos. b) Halogenação de carbonos alfa-carbonílicos. c) Condensação aldólica: a


adição de ânions enolatos à aldeídos e cetonas. d) Condensação aldólica: a adição de ânions enolatos à aldeídos e
cetonas.

7.
O

a)
O

b)
O
O

c)
O

d)

e) O
O

Br
f) O

O
O O
O
O
8. a) b) O c)

HO CH2CH2CH3
O
O NH2
9. a) Cl b) c)

O HO OH O

d) SCH3 e) O f) O Br

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10. a)
O
- H H
H OH O
O O

O -
O O O OH Eliminação da hidroxila
O
-
- H 2O - OH

b)

H
O + -
N O N O
H2N NH2 H2N H2N
H H

H H H
H H
N N N +
N Formação de imina, eliminação de água.
N N H
-
OH O

c)
-
O
O - O O H H OH
OH
Eliminação da hidroxila
H
O - H 2O O
O O O

d)
-
OH

O O
H - H 2O

Ânion Enolato

O
H H
-
O O O OH O O
O
Eliminação da hidroxila

O O O O
-
H OH
- H 2O

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Aula 08 - Ácidos carboxílicos e derivados – PARTE 01
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Parte 1 – Reconhecendo o grupo funcional ácido carboxílico e nomenclatura sistemática oficial IUPAC.

1. Os ácidos carboxílicos são um grupo de compostos orgânicos também derivados de carbonila (C=O). O grupo
funcional de um ácido carboxílico é um grupo carboxila, que pode ser representado em qualquer uma dessas quatro
formas:

O O

C OH OH COOH CO2H

Circule e nomeie todas as funções orgânicas presentes nas moléculas orgânicas apresentadas abaixo:

NH2 O OH
N N
O
OH
N N N N
OH
O
N NH2 O
OH
H HO O
OH N NH2
H
O
OH
OH O O
HO O H OH
OH
HO OH O O N
O
HO HO OH O
OH O
O
OH

2. Derivamos o nome IUPAC dos ácidos carboxílicos do nome da cadeia carbônica mais longa que contém o grupo
carboxila. O nome é antecedido por ácido, e o –o final da cadeia principal do alcano é substitutído por –oico. A
numeração da cadeia começa com o carbono do grupo carboxila. Como o carbono da carboxila é o carbono 1, não existe
necessidade de ser indicada no nome, embora isso não esteja errado. Veja alguns exemplos abaixo:

O O O O O 4
3
2
1 OH
5

6
5
4
3 1 OH 3 1 OH HO 5
4
3 1 OH HO 7
6
2 4 2 2

Ácido hexanoico Ácido 3-metilbutanoico Ácido pentanodioco Ácido 2-isopropil-3,4-dimetileptanodioco


(ou ácido hexan-1-oico) (ou ácido pentan-1,5-dioico)

Quando um ácido carboxílico também contém um grupo –OH (hidroxila), indicamos a sua presença pela adição do
prefixo hidróxi ao nome da cadeia carbônica principal que contém o grupo carboxila. Similarmente, quando o ácido
carboxílico contém uma amina primária, indicamos a presença do grupo –NH2 por amino.

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OH O NH2 O NH2 OH O

6
5
4
3 1 OH 4
3
2
1 OH 5 3 1 OH
2 6 4 2

Ácido 5-hidróxiexanoico Ácido 3-aminobutanoico Ácido 5-amino-3-hidróxiexanoico

Baseado nessas informações dê a nomenclatura sistemática oficial IUPAC para os compostos a seguir.

CH3(CH2)5COOH (CH3) 2CHCH2CO2H HO2CCH2CH2CH2CO2H H3CCH2CH2CH(CH3)CH2COOH

O O O O
O
OH HO OH COOH
OH
HO

O
O HO O
O
Br Cl O O HO
HO
OH
OH HO
F
Br
Cl Cl

OH
O O NH2 OH O
O O H2N
HO OH OH
OH OH
HO OH
NH2 OH O
OH OH

3. Desenhe as estruturas dos compostos a seguir.


a) Ácido pent-3-enoico
b) Ácido but-3-inoico
c) Ácido 3-metilpentanoico
d) Ácido 3-metilbut-2-enoico
e) Ácido 3,4-dimetilpentanoico
f) Ácido 3-terc-butil-2-etileptanoico
g) Ácido fenilmetanoico
h) Ácido 2,3-diisopropil-4,5,6,7-tetrametilnon-4,6-diendioico

4. Como já estudamos em química orgânica, cada composto orgânico pertence a uma determinada função orgânica.
Entretanto, existem compostos que pertencem simultaneamente a duas ou mais funções, ou seja, são de função mista.
Veja:

ácido carboxílico ácido carboxílico


O O

OH OH
OH NH2
álcool amina
Função mista = álcool e ácido Função mista = amina e ácido

Dentre esses compostos, têm grande importância os que apresentam as funções mistas amina e ácido: são os
aminoácidos. A nomenclatura dos aminoácidos deve obedecer às regras da IUPAC. Assim, a numeração dos carbonos da
cadeia principal deve iniciar pelo grupo carboxila; ou, então, devemos nomear tais carbonos com letras gregas a partir
do carbono vizinho à carboxila. Observe alguns exemplos:

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O
5 3
6 4 2
...    1 OH
 

O O O

OH OH HO OH
NH2 NH2 NH2
ácido 2-aminoetanoico ácido 2-aminopropanoico ácido 2-amino-3-hidróxipropanoico
ácido  -aminoetanoico ácido  -aminopropanoico ácido  -amino-  -hidróxipropanoico

Utilizando a nomenclatura com letras gregas, quais seriam os nomes dos seguintes compostos orgânicos?

O O O OH O OH

HO HO HO HO
a) OH b) OH c) OH d) NH2
O NH2 O O
OH O
HO OH OH HO
OH
f) NH2 NH2 NH2
e) OH g) OH OH h) O

Parte 2 – Propriedades físicas dos ácidos carboxílicos.

A principal característica dos ácidos carboxílicos é a polaridade do grupo carboxila. Esse grupo contém três
ligações covalentes: C=O, C-O e O-H. A polaridade dessas ligações determina as principais propriedades físicas dos
ácidos carboxílicos.
Ácidos carboxílicos apresentam pontos de ebulição maiores que outros tipos de compostos orgânicos de
massa molar comparável. Faça uma inspeção detalhada na tabela abaixo verificando os valores de temperatura de
ebulição.

O O
OH
OH
Composto
Propanal Propanol Ác. acético

o o o
Temp. de ebulição 48 C 97 C 118 C

Os maiores pontos de ebulição dos ácidos carboxílicos resultam da polaridade e do fato que a ligação de
hidrogênio entre grupos carboxila origina um dímero que se comporta como um composto de maior massa molar.

Ligações de hidrogênio entre


duas moléculas de ácido acético
- + -

O H O

O H O
- + -

Um dímero de ácido acético formado


por ligações de hidrogênio

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Ácidos carboxílicos são mais solúveis em água que alcoóis, éteres, aldeídos e cetonas de comparável massa
molecular. Esse aumento da solubilidade é em razão da sua forte associação com as moléculas de água através das
ligações de hidrogênio formadas tanto pelo grupo carbonila como pelo grupo hidroxila. Veja abaixo um esquema de
como uma molécula de ácido acético pode interagir por ligações de hidrogênio com moléculas de água.

- -

O O
H H+ H H+
+  + 

-
+
O H
+
H O
O - H
- +

+ + +
+
H H H H
O O
- -

Os primeiros quatro ácidos carboxílicos alifáticos (fórmico, acético, propanóico e butanóico) são
infinitamente solúveis em água. À medida que ocorre um aumento da cadeia hidrocarbônica do ácido carboxílico, a
solubilidade em água diminui. A solubilidade do ácido hexanoico (seis carbonos) em água é de, no máximo, 1g/100mL
de água.

5. Indique se as afirmações abaixo são verdadeiras ou falsas. Justifiques suas respostas.


a) Ácidos carboxílicos são compostos polares.
b) A ligação mais polar do grupo carboxila é a ligação simples C-O.
c) Ácidos carboxílicos têm pontos de ebulição significativamente mais altos que aldeídos e cetonas de esqueleto
carbônico comparável.
d) Ácidos carboxílicos de baixa massa molecular (ácidos fórmico, acético, propanoico e butanoico) são bastante solúveis
em água.

6. Desenhe a estrutura do dímero formado quando duas moléculas de ácido pent-3-enoico interagem através de ligação
de hidrogênio.

7. Ácido propanodioico forma uma ligação de hidrogênio interna na qual o H de um grupo COOH forma uma ligação de
hidrogênio com um O de outro grupo COOH. Desenhe a fórmula estrutural para mostrar essa ligação de hidrogênio
interna. (Existem duas respostas possíveis.)

8. O ácido hexanoico (caproico) tem solubilidade em água de 1g/100 mL de água. Qual parte da molécula contribui e
qual dificulta respectivamente a solubilidade em água dessa molécula?

9. O ácido propanoico e o acetato de etila são isômeros constitucionais, sendo ambos líquidos em temperatura
ambiente. Um desses compostos tem o ponto de ebulição de 141º C e o outro 57º C. Correlacione cada compostos com
os pontos de ebulição fornecidos. Explique.

10. Os seguintes compostos têm aproximadamente a mesma massa molecular: ácido hexanoico, heptanal e heptanol.
Arranje esses compostos em ordem crescente de seus pontos de ebulição.

11. Os seguintes compostos têm aproximadamente a mesma massa molecular: ácido propanoico, butanol e etóxietano.
Arranje esses compostos em ordem crescente de seus pontos de ebulição.

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12. Arranje esses compostos em ordem crescente de solubilidade em água: ácido acético, ácido pentanoico e ácido
decanoico.

13. A força de um determinado ácido pode ser estimada a partir do valor de seu pKa calculado em água. Um valor de
pKa alto, indica um ácido mais fraco, com menor tendência a perder um determinado hidrogênio. Um valor de pKa mais
baixo, indica um ácido mais forte, com maior tendência a perder um determinado hidrogênio. Abaixo estão listados os
valores de pKa para a remoção do hidrogênio conectado ao oxigênio de duas diferentes moléculas: etanol e ácido
acético. Os valores de pKa indicam que é mais fácil remover o hidrogênio da carboxila do ácido acético do que da
hidroxila do etanol. Explique essas observações experimentais.

pKa

CH3-CH2-O H3O 18,5


CH3-CH2-O-H H 2O

O O
H 3C C O H3O 4,7
H 3C C O-H H 2O

14. Substituintes altamente eletronegativos (especialmente –OH, -Cl e -NH3+) próximo ao grupo carboxílico aumentam
frequentemente a acidez dos ácidos carboxílicos em várias ordens de magnitude. Compare, por exemplo, a acidez do
ácido acético e dos ácidos acéticos substituídos com cloro na tabela abaixo.

Ácido CH3COOH ClCH2COOH Cl2CHCOOH Cl3CCOOH


pKa 4,7 2,8 1,4 0,7

Átomos (ou grupo de átomos) eletronegativos no carbono adjacente ao grupo carboxílico aumentam a acidez porque
eles atraem densidade eletrônica da ligação O-H e, portanto, facilitam a ionização do grupo carboxila, tornando-o um
ácido mais forte. Esse fenômeno é normalmente chamado de efeito indutivo e ele diminui com a distância. Baseado
nessas informações coloque os ácidos carboxílicos a seguir em ordem crescente de acidez.

O O O O
Br F Cl I
a) OH OH OH OH

O O O O
HO HS Cl
b) OH OH OH OH

O O O O
F F F Br
OH OH OH OH
F
c) F F

O O O O
Cl Cl
d) OH Cl OH OH Cl OH

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15. Triglicerídeos são biomoléculas contendo três funções éster. O triplamitato de glicerina é um exemplo de
triglicerídeo. Quando essas funções ésteres são hidrolisadas em meio alcalino, produz-se glicerol e uma mistura de sais
alcalinos de ácidos graxos, que recebe o nome de sabão; essa reação denomina-se saponificação.

O
O O

O O
Tripalmitato de glicerina
3 NaOH

O
+-
Na O
Sal sódico de ácido graxo = sabão!
OH
HO OH
-+ Glicerol +-
O Na Na O

Sal sódico de ácido graxo = sabão! O O Sal sódico de ácido graxo = sabão!

Quando a saponificação é feita com NaOH, obtemos uma mistura de sais sódicos de ácidos graxos no estados sólido,
que recebe o nome de sabão duro. Quando feita com KOH, obtemos uma mistura de sais potássicos de ácidos graxos no
estado líquido, que recebe o nome de sabão mole. Os sabões são conhecidos são conhecidos desde a Antiguidade e sua
ação detergente (limpadora) é bastante interessante. As estruturas que constituem o sabão apresentam duas
extremidades: uma polar, solúvel em água, e outra apolar, solúvel em óleos ou gorduras. Veja:

polar

apolar O polar
-+
apolar
O Na =

Baseado no que você acabou de ler, explique como o sabão se “dissolve” na água e como ele atua na remoção de
gorduras.

Parte 3 – Substituição nucleofílica acílica. (Adição-eliminação nucleofílica no carbono acílico).

Os ácidos carboxílicos podem ser convertidos em várias outras funções orgânicas. E outras funções orgânicas
podem ser convertidas em ácidos carboxílicos. Estamos falando dos derivados dos ácidos carboxílicos. Na figura abaixo
podemos ver alguns dos principais derivados dos ácidos carboxílicos.

Ácido carboxílico

O O
R' R C N
R O R OH

Éster Nitrila

O O
O O R'
R X R N
R O R' X = F, Cl, Br ou I R''
Anidrido Haleto de acila Amida
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Uma reação importante dos ácidos carboxílicos e seus derivados é a substituição nucleofílica no carbono
acílico. Nessa reação, um nucleófilo (Nu:-) ataca o carbono da carbonila, e em seguida ocorre a eliminação de um grupo
abandonador (L:-), resultando na conversão de um derivado de ácido carboxílico em outro.

O O
- -
Nu + R Nu + L
R L
Nucleófilo Mais reativo Menos reativo Grupo abandonador

No esquema anterior, o grupo R pode ser aquil, aril ou hidrogênio. O nucleófilo pode ser carregado
negativamente ou não.
De maneira geral, um derivado mais reativo é facilmente convertido em um menos reativo. Os derivados de
ácidos carboxílicos são listados a seguir em ordem decrescente de reatividade.

O O O O O O

R Cl R S-R' R O R' R O-R' R NH2


Mais reativo Menos reativo

Essa ordem geral de reatividade pode ser explicada levando-se em conta três fatores:
1. Basicidade dos grupos abandonadores. Quanto menos básico for o grupo abandonador, mais reativo será o
composto.

2. Efeitos de ressonância. Como em todos os derivados dos ácidos carboxílicos o grupo L ligado ao carbono acílico
contém pelo menos um par de elétrons não ligantes, as seguintes estruturas de ressonância podem ser escritas:

O O

R C L R C L
(I) (II)

Quanto maior for a contribuição da estrutura (II) para o híbrido de ressonância, mais forte será a ligação C-L
e, consequentemente, menos reativo será o composto.
Nos casos em que L=Cl e S, a contribuição da estrutura (II) será pequena, uma vez que ela requer a
sobreposição do orbital 2p do carbono com o orbital 3p do cloro ou do enxofre (bem maior que o 2p). Isso explica a
maior reatividade dos cloretos de ácidos e ésteres tiólicos em relação aos ésteres e amidas.

3. Efeito indutivo retirador de elétrons do grupo L. Quanto maior esse efeito, menor será a contribuição da estrutura
(II). Esse efeito explica a maior reatividade dos ésteres em relação às amidas.

O mecanismo geral desse tipo de reação de substituição, no caso de um nucleófilo não carregado, pode ser
representado da seguinte forma:

O O O O
R L R L R L H R Nu L H
H Nu Nu Nu
H

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Inicialmente ocorre um ataque nucleofílico ao carbono acílico (adição), com a formação de um intermediário
tetraédrico instável. Esse intermediário se decompõe (eliminação) posteriormente, levando à formação do produto de
substituição. Se a reação for realizada em meio ácido, ocorrerá inicialmente uma protonação da carbonila, o que
facilitará a etapa de ataque nucleofílico. Dependendo da natureza do nucleófilo, do grupo abandonador L e das
condições reacionais, o mecanismo varia ligeiramente.
A ordem de reatividade dos derivados de ácidos carboxílicos apresentada é muito útil para que possamos ter
uma idéia das transformações que são facilmente realizadas, ou seja, compostos mais reativos em geral transformam-se
diretamente em derivados menos reativos. A transformação de um derivado de ácido menos reativo, como uma amida,
em um mais reativo, como um cloreto de ácido (cloreto de acila), muitas vezes requer reagentes especiais ou deve ser
realizada em mais de uma etapa.

Cloretos de acila (Haletos de acila ou haletos de ácido)

Como os cloretos de acila (um haleto de acila) são os derivados mais reativos, geralmente são utilizados para
a obtenção de todos os demais derivados do ácido carboxílico. Eles podem ser preparados facilmente pelo tratamento
de ácidos carboxílicos com cloreto de tionila (SOCl2). Essa reação resulta na obtenção do cloreto de ácido com um bom
rendimento. A reação ocorre com formação de ácido clorídrico, e por isso geralmente se utiliza piriridina como solvente.
Piridina é uma base suficientemente forte para neutralizar todo o ácido produzindo ao longo da reação.

O O
SOCl 2
SO 2 HCl
R OH R Cl

Essas reações de obtenção de cloretos de ácidos são bastante úteis, todavia deve-se estar atento para a
presença de outros grupos funcionais (OH, por exemplo) na molécula que possam reagir com os reagentes citados.
Conforme mencionado, os cloretos de acila podem ser facilmente transformados em anidridos, ácidos carboxílicos,
ésteres e amidas, como indicado na figura a seguir.

O
H2O
R OH Ácido carboxílico
água

HO-R' O

R O-R' Éster
O álcool

R Cl O
O O
cloreto de acila HO R'
O R' Anidrido
ácido carboxílico R

HN-R'2 O
aminas primárias ou secundárias Amida
R NR'2

Na figura a seguir, está apresentado o mecanismo de como um ácido carboxílico é convertido em um cloreto
de acila através da reação com cloreto de tionila.

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O Cl O O
Cl R Cl
R S O R + - +
O O S O O S O
Cl
H Cloreto de tionila H Cl - H
Ácido carboxílico Cl

-
Cl O Cl
O
+ O S O R +
R O S O
Cl H Cl
H
Cloreto de acila (SOClOH)
decompõe em SO 2 e HCl

16. Baseado nas informações que você acabou de ler, quais serão os produtos orgânicos obtidos quando o cloreto de
benzoila (apresentado no centro da figura) reagir com cada um dos compostos indicados nas setas?

O OH
H 2O
Cl

H
N
H2N

OH

Anidridos.

O grupo funcional anidrido é composto de dois grupos carbonila ligados a um átomo de oxigênio. O anidrido
pode ser simétrico (a partir de dois grupos acila idênticos) ou assimétrico (a partir de dois grupos acila diferentes).
Abaixo um exemplo de anidrido simétrico e um assimétrico.

O O O O

O O

Anidrido simétrico Anidrido assimétrico

Os anidridos podem ser preparados pelo aquecimento severo dos ácidos carboxílicos correspondentes além
da reação de cloretos de acila com ácidos carboxílicos (conforme visto anteriormente). Duas moléculas de ácido
carboxílico reagem entre si, eliminando uma molécula de água, para produzir o anidrido. Veja a seguir um exemplo de
síntese do anidrido butanoico:

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O O O
o
230 C
2 3 H2 O
4
3
2
1 OH 4 2
1 O 1
2
3
4

Ác. butanoico Anidrido butanoico


Um anidrido simétrico

Essa reação ocorre por um mecanismo de substituição acílica. Veja abaixo o mecanismo de como duas
moléculas de ácido etanóico (ácido acético) se convertem em uma molécula de anidrido etanóico com eliminação de
uma molécula de água à 230 oC.

Molécula 2 de
ácido etanoico
O Transferência de próton
H
O O O O O O O
O
O H
O O O H
O
H O H O H Anidrido etanoico Água
H H
Molécula 1 de
ácido etanoico

17. Baseado nessas informações, quais serão os anidridos que serão obtidos quando os seguintes ácidos carboxílicos
forem submetidos à desidratação à 230o C?

OH o
230 C
O
o
230 C
O o
230 C
OH
a) b) c) OH
O
o
230 C

O o OH
230 C
O O
OH o
230 C

d) e) f) HO OH

18. Quando dois ácidos carboxílicos são aquecidos juntos, formam-se anidridos assimétricos. Pense como isso ocorre e
preveja a estrutura dos anidridos assimétricos que serão formados pela reação cruzada dos seguintes ácidos
carboxílicos. Desenhe as estruturas de todos os anidridos que serão obtidos junto com os anidridos assimétricos.

O O
o
230 C
OH OH
a)

O O
o
230 C
OH OH

b)

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GABARITO
1.
Amina Ác. carboxílico

NH2 O OH
Amina
N N Amina Álcool
O
Amina Ác. carboxílico Amina
OH
N Amina N N Amina N Aldeído
OH
Éter O
Amina N NH2 O Cetona
Amina OH
H HO Álcool O
Álcool
OH N NH2 Amina
Amina
Álcool H
Álcool O
OH Hemicetal
Ác. carboxílico
Álcool
OH O O
HO Álcool O Éster H OH
OH
HO OH O O N
Álcool
O Álcool Álcool Éster Amina
HO Hemiacetal HO OH O
Éster
OH Álcool Álcool O Cetona
O
OH
Álcool

2.
CH3(CH2) 5COOH (CH3 )2 CHCH2 CO2 H HO 2CCH2CH2CH2CO2H H3 CCH2CH2CH(CH3)CH2 COOH
Ácido heptanoico Ácido 3-metilbutanoico Ácido pentan-1,5-dioico Ácido 3-metilexanoico

O O O O
O
OH HO OH COOH
OH
HO

Ácido 2,3-dimetilbutanoico
Ácido 2,2-dimetilpropan-1,3-dioico Ácido 4-terc-butil-3-ciclopropil-2-metilex-5-enoico
Ácido 2-isopropil-3,4-dimetilpentanoico Ácido 3-sec-butil-2-fenil-5-metileptanoico

O
O HO O
O
Br Cl O O HO
HO
OH
OH HO
F
Ácido 5-bromo-3-cloroexanoico Br
Cl Cl
Ácido 6-bromo-4-isopropil-3-metil-2-octileptan-1,7-dioico
Ácido 4,6-dicloro-2-heptilnon-8-enoico Ácido 2-cicloexil-3-flúor-2-metilbutan-1,4-dioico

OH
O O NH2 OH O
O O H2N
HO OH OH
OH OH
HO OH
NH2 OH O
OH OH
Ácido 2-hidróxibutanoico Ácido 2,5,7-triidróxinonanoico Ácido 2-amino-2-cicloexilbut-3-inoico
Ácido 2-aminobutanoico Ácido 3-amino-2,5-diidróxi-4-pentilnonan-1,9-dioico
O O O O

3. a) OH b) OH c) OH d) OH

O O
O O O
OH OH
HO OH
OH
e) f) g) h)

4. a) Ácido -hidróxibutanoico b) Ácido -hidróxi--metilbutanoico c) Ácido  -diidróxibutanoico


d) Ácido -amino--hidróxibutanoico e) Ácido -amino--hidróxipentanoico f) Ácido -diaminoexanoico
g) Ácido -diidróxiexanoico h) Ácido amino--hidróxibutanodioico

5. a) FALSA. Ácido carboxílicos têm ligações polares, mas existem ácidos carboxílicos com grandes cadeias hidrofóbicas
que são classificados como apolares.
b) FALSA. A ligação dupla C=O é tão polar quanto a ligação simples C-O pois o elemento eletronegativo é o mesmo.

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c) VERDADEIRO. Ácidos carboxílicos formam dímeros de ligação de hidrogênio que exigem maiores temperaturas para
serem desfeitos.
d) VERDADEIRO. A porção hidrofílica interage com a água por ligações de hidrogênio.

O H O H H
O O O O
O H O ou
O OH HO O
6. 7.

8. A cadeia carbônica de cinco átomos de carbono dificulta a solubilidade em água, enquanto a carboxila (COOH)
contribui para a solubilidade em água.

9. Ácido propanoico – 141º C. Acetato de etila – 57º C. Ácido propanoico pode interagir entre suas próprias moléculas
com ligações de hidrogênio enquanto o acetato de etila só pode interagir por dipolo permanente (dipolo-dipolo).

10. Heptanal, heptanol e ácido hexanoico.

11. Etóxietano, butanol e ácido propanoico.

12. Ácido decanoico, ácido pentanoico e ácido acético.

13. No íon etóxido (formado pela retirada do hidrogênio da hidroxila do álcool) a carga formada se localiza em um único
átomo de oxigênio. No íon acetato (formado pela retirada do hidrogênio da carboxila do ácido orgânico) a carga
negativa formada se deslocaliza por ressonância nos dois átomos de oxigênio.

14.
O O O
O
F
I < Br < Cl OH < OH
a) OH OH

O O O O
< HS < Cl < HO
b) OH OH OH OH

O O O O
Br < F < F F
OH OH OH < OH
F
c) F F

O O O O
< Cl < Cl
d) Cl OH OH < Cl OH OH

15. Suponhamos então, que se queira limpar um objeto que contenha óleo ou gordura como “sujeira”. Ao fazermos a
mistura do sabão com água, inicialmente formam-se as chamadas micelas. As micelas são agregados moleculares em
que a cadeia carbônica se orienta para o interior da estrutura. Essas cadeias se aproximam e passam a interagir por
dipolo induzido, ou forças de Van der Waals. A parte polar das moléculas se orienta para a parte externa do agregado e
interage com a água por ligação de hidrogênio. Na mistura de sabão, água e óleo (ou gordura), a parte apolar de várias
estruturas do sabão dissolve-se numa gotícula de óleo ou gordura, enquanto a parte polar dessas estruturas projeta-se
para o exterior da gotícula, ou seja, para o meio aquoso. Desse modo, a gotícula fica rodeada de cargas negativas, ou

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seja, adquire carga negativa. Isso ocorre com todas as gotículas, que são arrancadas do objeto, pois tornam-se, desse
modo, “solúveis” em água. Observe o esquema a seguir.

Estrutura do sabão Formação da micela Micela

parte polar

GORDURA
parte apolar

A parte apolar que interage


A parte polar que interage com as moléculas da gordura
com as moléculas de água fica voltada para o interior, como
fica voltada para o exterior que "aprisionando a gordura"

Logo, o sabão limpa ao “solubilizar”, ou melhor, emulsionar a gordura ou o óleo que constitui a “sujeira” ou que contém
a “sujeira”. Essa propriedade emulsionante (e, portanto, detergente) não é exclusiva dos sais de ácidos carboxílicos de
cadeia longa, mas de qualquer estrutura formada por uma longa parte apolar e outra polar
16.
O OH O
O
H2O O
Cl
OH
H
N
H2N

OH
O O

N NH

17.
O O O

OH o
O
O O O 230 C

o
230 C
OH O
a) b)

O O O
O o O O
o
230 C
230 C
OH O
c) OH O d)

O O O
o
230 C O
OH O O O
o
230 C
O
HO OH
e) f) O

O O O O

O O

18. a) b)

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Aula 09 - Ácidos carboxílicos e derivados – PARTE 02
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Parte 1 – Reconhecimento das funções orgânicas derivadas de ácido carboxílico.

1. Reconheça as funções orgânicas presentes em cada uma das moléculas apresentadas a seguir. Use o caderno e as
listas anteriores caso sinta necessidade.

OH
HO HO
O O O NH2
HO O O O
O
HO NH2 O HO O
OH O HO OH

OH
N
O O O
NH2 O
N HO
H NH2
OH

NH2 O
O
N N NH2 H
N
N N N
O N
O O OH
OH HO
HO O O
P OH
HO O OH O
O OH OH HO P
P O
O OH OH HO

Parte 2 – Continuação das reações de substituição nucleofílica acílica.

Esterificação. A síntese de ésteres.

O tratamento de um ácido carboxílico com um álcool na presença de um catalisador ácido, de forma mais
geral, ácido sulfúrico concentrado, resulta na formação de um éster. Esse método de obter um éster recebe o nome
especial de esterificação de Fisher, em homenagem ao químico alemão Emil Fisher (1852-1919). Um exemplo de
esterificação de Fisher é o tratamento de ácido acético com etanol na presença de ácido sulfúrico concentrado,
resultando em acetato de etila e água. Veja:

ESTERIFICAÇÃO

O O
H 2SO 4
HO HOH
OH O

Ácido etanoico Etanol Acetato de etila Água


(Ácido acético) (Álcool etílico) UM ÉSTER

HIDRÓLISE DO ÉSTER

Outro exemplo de esterificação de Fisher está apresentado a seguir. Repare no padrão que a reação segue.
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O H 2SO 4 O
HOH
OH HO O
Ácido carboxílico Álcool UM ÉSTER Água

Abaixo, está apresentado um mecanismo plausível de como ocorre a reação de esterificação catalisada por
meio ácido. No mecanismo utilizaremos um ácido forte qualquer, H-A.

Ácido forte

H A + H
+ H H H O
O O O O H
- T.P.*
H + H A H H O O
O O O O H
Ácido carboxílico
O H Éster protonado
- O
H
O
H
Álcool

+ H
O O
-
A H-A
O O
Éster protonado Éster Ácido recuperado

Inicialmente a carboxila do ácido carboxílico é protonada pelo ácido forte, H-A. Isso torna a carboxila mais
eletrófila do que o normal, e, portanto, disponível para aceitar um par de elétrons de outra molécula. Em seguida, um
dos pares de elétrons livre do oxigênio do álcool promove um ataque nucleófilo no carbono da carboxila, uma vez que
esse carbono sustenta uma carga parcial positiva grande. O carbono do grupo –COOH tem carga parcial positiva grande
pois está ligado simultaneamente à dois átomos de oxigênio (átomos muito eletronegativos) além de ter um oxigênio
com carga formal positiva. Quando o oxigênio do álcool se liga ao carbono da carboxila, o par de elétrons da dupla vai
em direção ao átomo de oxigênio da carbonila, o que neutraliza a carga formal positiva desse átomo. O oxigênio do
álcool, agora ligado ao carbono da carboxila, adquire uma carga parcial positiva, pois ele ainda continua ligado à cadeia
carbônica e ao hidrogênio. Se um dos pares de elétrons da hidroxila do ácido carboxílico remover o hidrogênio que está
conectado ao oxigênio do álcool, a carga parcial positiva passa para o oxigênio dessa hidroxila. Essa etapa, chamada de
transferência de próton (T.P.*) normalmente é feita com o auxílio de uma base de Lewis. Uma molécula de água, por
exemplo. Quando o par de elétrons do oxigênio da “hidroxila” neutra retorna a formar uma ligação dupla, o oxigênio da
hidroxila com carga parcial positiva se comporta como grupo abandonador e sai como uma molécula de água neutra,
resultando em um éster protonado.
A esterificação catalisada por ácido é reversível e, no equilíbrio, as quantidades remanescentes de ácidos
carboxílicos e alcoóis são geralmente consideráveis. Pelo controle das condições experimentais, entretanto, podemos
usar a esterificação de Fisher para preparar ésteres com alto rendimento. Caso o álcool seja barato se comparada com o
ácido carboxílico, podemos usar um grande excesso do álcool (um dos reagentes de partida) para direcionar o equilíbrio
para a direita e conseguir uma alta conversão do ácido carboxílico no respectivo éster. Alternativamente, podemos
remover água (um dos produtos da reação) à medida que ela se forma na reação e direcionar o equilíbrio para a direita.
Toda essa discussão é fundamentada no princípio de Le Chatelier, que você estudou em GQI 101 ou 144 – Química
geral.

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2. Dê a estrutura do éster que será obtido a partir das reações de esterificação entre os seguintes ácidos carboxílicos e
alcoóis. Escreva o mecanismo de cada uma delas.
O +
HO H
+
H OH
H3CCH2CH2COOH (CH3)2CHCH2CH2CH2OH
a) b)

O OH O +
+ H
HO H
OH
c) d) OH

3. Desenhe as fórmulas estruturais dos ácidos carboxílicos e dos alcoóis que seriam necessários para preparar os
seguintes ésteres.

O O
O
O O
O
a) b) c)

O O

d) O e) O f) (CH3)2CHCH2CH2CH2OOCCH 2CH2CH(CH3) 2

Ésteres cíclicos. Lactonas.

Os ácidos carboxílicos cujas moléculas possuem um grupo hidroxila em um carbono  ou sofrem uma
esterificação intramolecular para fornecer ésteres cíclicos conhecidos como -lactona ou -lactona. A reação é
catalisada por ácido.

H
H +
+ O H O H +
OH OH R O R O R O O - R O O
O O  H A
     H-A
    H   H 

  
R O H-A   

Uma -lactona

Veja abaixo alguns exemplos de outras lactonas.

O
O
O Cl O

Br
Uma -lactona Uma  -lactona

4. De acordo com o que você acabou de ler, Ésteres cíclicos são chamados de lactonas. Em química orgânica, o carbono
vizinho à carboxila (ácido carboxílico) é chamado de alfa (), o próximo é chamado de beta(), na sequencia gama () e
depois sigma (). Se a formação da lactona ocorre entre a hidroxila do carbono beta () e o ácido carboxílico, a lactona é
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chamada de -lactona. Baseado nessas informações analise o esquema apresentado abaixo e conclua se a lactona
formada é, ,  ou .
O
HO O O O
O HO
HO OH +
H OH
O O
HO OH Calor HO
HO HO

Ácido clorogênico LACTONA

5. Desenhe a estruturas dos ésteres cíclicos que você espera obter a partir dos seguintes esquemas reacionais.

OH O +
O +
H
H OH
a) HO OH b)

OH
+ O +
H H
OH
HO
c) O d) OH

Transesterificação.

As reações de transesterificação são aquelas em que se obtém um éster por meio de outro éster. Esse
método é bastante viável porque, visto que ocorre em apenas uma etapa, ele se processa de modo rápido na presença
de um catalisador, é simples, barato e se realiza em pressão ambiente. A transesterificação pode ser realizada em meio
ácido ou básico e também se trata de um equilíbrio. De uma forma geral, a reação de transesterificação pode ser
representada por:

O O
HO-R' HO-R
O-R O-R'

Éster 1 Álcool 1 Éster 2 Álcool 2

Veja a seguir alguns exemplos de reações de transesterificações feitas em laboratório.

Exemplo 1:

O O
H 2SO 4

O HO
O HO

Exemplo 2:
O
O
HO
H 2SO 4 O HO
O

6. Dê a fórmula estrutural dos ésteres e dos alcoóis que serão obtidos a partir das seguintes reações de
transesterificações. Desenhe o mecanismo de cada uma dessas reações.

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O OH
O + H
+
H

O HO O
a) b)

OH O
+ O O H
+

O H CH3OH
O
c) O d) N

7. Quando um álcool reage com um anidrido, obtém-se um éster e um ácido carboxílico. Quando uma amina reage com
anidrido, uma amida e um ácido carboxílico são os produtos. Baseado na informação dada preveja os produtos das
seguintes reações.

O O
O O
O O
OH O
OH O
OH O
a) b) c)

O O
O O NH2 O O
O
O O
NH2 N
H
d) e) f)

8. Quando um composto contendo uma hidroxila e uma amina é colocado pra reagir com um anidrido, o produto é uma
amida e não um éster, de acordo com o esquema a seguir:

NH2 O
H
O O NH2 O O N

O O

O OH OH

Produto NÃO observado Produto observado

Explique esse resultado.

9. Quando peptídeos sofrem hidrólise, a ligação peptídica é rompida, dando origem ao ácido carboxílico e a amina
correspondente de acordo com o esquema a seguir:

O O
Hidrólise R2
R2 H2N
R1 N Meio aquoso ácido
R1 OH
H
Ligação peptídica Ácido carboxílico Amina

Preveja as estruturas dos aminoácidos que serão formados quando os seguintes peptídeos forem submetidos à hidrólise
ácida. Pesquise o nome dos aminoácidos formados.

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H
N NH2
NH2 O
N
OH NH
O O
O OH NH H O O O NH
N OH H O
O NH N NH
O H O
H2N HO NH2
a) b) c) O OH

10. A APAZONA é um fármaco com atividade anti-inflamatória, antipirética e analgésica. A planta industrial de produção
de um derivado da APAZONA, a BETA-APAZONA, está apresentada a seguir:

KMnO4 SO2
H2SO4 SOCl 2 HCl

REATOR 1 Intermediário 1 REATOR 2


OH
C6H10O 4
OH

Intermediário 2
C6H8Cl2O 2

BETA-APAZONA REATOR 3
HCl
C13H 15N 3O 2

H
N
N
H N

Após examinar o esquema, desenhe a estrutura molecular do Intermediário 1, do intermediário 2 e da BETA-APAZONA.


Dê uma sugestão do que fazer com o resíduo dessa indústria pensando no processo de descarte.

11. Por causa da importância especial dos anidridos fosfóricos em sistemas bioquímicos, eles serão aqui discutidos para
mostrar a similaridade que apresentam com os anidridos carboxílicos. O grupo funcional de um anidrido fosfórico é
composto de dois grupos fosforila (P=O) ligados ao mesmo átomo de oxigênio. A seguir, são mostradas as fórmulas
estruturais de dois anidridos fosfóricos e os íons derivados da ionização dos hidrogênios ácidos de cada um deles:

O O O O O O O O O O
- - - -
HO P O P OH O P O P O HO P O P O P OH O P O P O P O
- - - - -
OH OH O O OH OH OH O O O

Ácido difosfórico Íon difosfato Ácido trifosfórico Íon trifosfato

O ácido fosfórico possui três grupos –OH e forma ésteres mono, di e trifosfóricos, os quais são assim nomeados: atribui-
se o(s) nome(s) do(s) grupo(s) alquila ligados ao oxigênio, seguido da palavra “fosfato” (por exemplo, dimetil fosfato).
Nos ésteres fosfóricos mais complexos, nomeia-se, em geral, a molécula orgânica e indica-se a presença do éster
fosfórico, incluindo a palavra “fosfato” ou o prefixo fosfo-. A diidroxiacetona fosfato é uma das formas metabólicas
ativas da vitamina B6. Esses dois últimos fosfatos são aqui mostrados ionizados, uma vez que é essa a forma encontrada
em pH 7,4, o pH do plasma sanguíneo.

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O
O
O O
O HO P
O
H3CO P OH O O
HO O
P N
OCH3 O
O
Dimetil fosfato Diidroxiacetona fosfato Piridoxal fosfato

Baseado nas informações que você acabou de ler, responda as questões propostas a seguir.
a) Que tipo de característica estrutural os anidridos do ácido fosfórico e dos ácidos carboxílicos tem em comum?
b) O 1,3-diidroxipropan-2-ona (diidroxiacetona) e ácido fosfórico formam um monoéster chamado de diidróxiacetona
fosfato, que é um intermediário na glicólise. Desenhe a fórmula estrutural da diidroxiacetona e desse éster
monofosfato.

GABARITO

1.
OH Álcool
Álcool
Hemiacetal HO
HO Álcool O
Éster Aldeído
O O NH2 O O
HO O
Álcool Amida
O Enol Enol
HO Éster NH2 O HO O
HO OH Amina Ác. Carboxílico Éster
OH O
Álcool

OH Cetona
Ác. Carboxílico
N O O
O Amida

NH2 O HO
Amina N Amina NH2 Ác. Carboxílico
H Amina OH
Fenol

Amina

NH2 O
Amida
Amina
O
N N Amina NH2 Amida
H
N
Amina N
N N Amônio Amida
Amina

O
Éter Éter OH O N
OH O
HO
Álcool HO Éter
O Álcool Álcool O
Fosfato P O OH OH
O OH HO O
OH Álcool P Álcool HO P
O OH Álcool O
Fosfato OH HO Fosfato
Álcool

O O
O O
2. a) H3CCH2CH2COOCH2CH2CH2CH(CH3) 2 b) c)
O
O
O O
O
O
d) e) f)

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O O
O
OH OH
OH
HO
3. a) b) HO c) HO

HO OH
HO
d) OH O e) O f) (CH 3) 2CHCH 2CH 2CH 2OH + HOOCCH 2CH 2CH(CH 3) 2

4. sigma ()

O O
O O
O
O O

5. a) b) c) O d)

O OH
O

O HO O
6. a) b)

O
OH
O OCH3 HO O

O O
c) d) N

O O
O
O
OH O O
HO
7. a)

O O O
O
OH O O
b) HO

O O O
O
OH O O
HO
c)

O O
O O
O
NH2 N HO
H
d)

O O O
NH2 O
O
HO
N
H
e)
92

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O O O
O
O
N HO
N
H
f)

8. Uma vez que o nitrogênio é um elemento químico menos eletronegativo do que o oxigênio, o seu par de elétrons está
mais disponível para reagir com a carbonila do anidrido etanóico.

OH
OH O OH
O OH NH2
Hidrólise
O NH
O OH
H2N
H2N
9. a)
NH2 H O NH2
HN
NH OH
NH H O Hidrólise OH
N OH OH
N HN
O
O H O H O

b)

H
N NH2
H O
N NH2 N HO
NH2
O O
N O
NH O NH2
O O H
O O NH Hidrólise O
H O
HO
NH
O
OH H2N
HO NH2
O OH
HO NH2
c) O OH

10.
O O
O
OH N
Cl
OH N
Cl N
O O
O
Intermediário 1 Intermediário 2 BETA-APAZONA
C6H10O4 C6H8 Cl2O 2 C13H15N3 O2

Uma vez que o descarte contém HCl (um ácido forte) seria interessante neutralizar esse efluente antes de lançá-lo na
natureza. Ou, alternativamente, pensar na reutilização desse subproduto em outras reações. Por exemplo,
hidroalogenação de alcenos.
11. a) Nos anidridos dos ácidos carboxílicos, os grupos funcionais são dois grupos carbonila (C=O) ligados a um átomo de
oxigênio. Num anidrido de ácido fosfórico, os grupos funcionais são dosi grupos fosforila (P=O) ligado a um átomo de
oxigênio.
O O
O
HO OH HO O
P
O
O
b) Diidroxiacetona Diidroxiacetona fosfato

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Aula 10 - Síntese e reações dos compostos β-dicarbonílicos
Prof. Sérgio Scherrer Thomasi

Compostos beta-dicarbonílicos.

Os compostos que possuem dois grupos carbonila, separados por um átomo de carbono intermediário, são
chamados de compostos β-dicarbonílicos, e estes compostos são reagentes altamente versáteis para a síntese orgânica.
Iremos explorar, nesta aula, alguns dos métodos para a preparação e utilização de compostos β-dicarbonílicos.

O O O O O O

R R' R OR' RO OR'

Sistema Sistema Éster malônico


 -dicarbonila  -cetoéster

O mais importante para a química dos compostos β-dicarbonílicos é a acidez dos prótons localizados entre os
dois grupos β-carbonila. O pKa está na faixa de 9-11, acídico o suficiente para ser facilmente removido por uma base
alcóxido para formar o ânion enolato. O pKa baixo pode ser explicado porque a base conjugada formada depois da saída
do hidrogênio pode ser estabilizada por ressonância.

O O O O O O O O

R R' - HOEt R R' R R' R R'


H
ânion enolato ( estabilizado por ressonância )
OEt

1. Indique o hidrogênio mais ácido em cada composto apresentado abaixo.

O O O O

O H
a) b) c)

O O O O O

d) O e) O O f)

A condensação de Claisen. Síntese de β-cetoéster.

Quando duas moléculas de éster sofrem uma reação de condensação, a reação é chamada de condensação
de Claisen, que, como a condensação de aldol, requer uma base forte. No entanto, o NaOH aquoso não pode ser usado
na condensação de Claisen, porque o éster pode ser hidrolisado por base aquosa. Portanto, as bases mais usadas são
bases não aquosas, por exemplo, etóxido de sódio (NaOEt) na presença de EtOH e metóxido de sódio (NaOMe) na
presença de MeOH. O produto da condensação de Claisen é um β-cetoéster. Como na condensação do aldol, uma
molécula do composto carbonila é convertida em um ânion enolato quando um próton  é removido por uma base
forte, por exemplo, NaOEt.
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Éster com
próton 

O O
R R
OR' - HOEt OR'
H
ânion enolato
(estabilizado por ressonância )
OEt

O ânion enolato ataca o carbono do grupo carbonila de uma segunda molécula de éster e produz o enolato
de β-cetoéster. A reação termina após a adição de um ácido ao sistema, que protona o enolato e produz o β-cetoéster
final. Assim, a condensação de Claisen é uma reação de substituição nucleofílica acílica.

O
Enolato de  -cetoéster
R
OR' O O O O
O O O
R R R
R OR' OR' OR'
OR'
R H R
OR' R
OR' HOR'

Por exemplo, duas moléculas de acetato de etila condensam-se para formar o enolato de acetoacetato de
etila, que, após a adição de um ácido, produz aceto-acetato de aetila (um β-cetoéster).

O +- O O
1) Na OC2H5
2 NaCl
O 2) HCl / H2O O HO

Acetato de etila Acetoacetato de etila

2. Preveja quais serão os produtos das seguintes reações. Desenhe os mecanismos para treinar seus conhecimentos de
química orgânica.

O + O +
1) Na O 1) Na O
2 2
a) O 2) HCl / H2O
b) O 2) HCl / H2 O

O +-
1) Na OC2H5
O +-
1) Na OC2H5
2 2
2) HCl / H2O
c) O
2) HCl / H2O
d) O

3. O éster abaixo não sofre condensação de Claisen (formação de β-cetoéster). Explique essa observação experimental.

O
+-
1) Na OC2 H5
Não reage para formar beta-cetoéster
O 2) HCl / H2 O

Condensação de Claisen intramolecular. A CONDENSAÇÃO DE DIECKMANN.

Quando adipato de dietila é aquecido com etóxido de sódio, a acidificação subseqüente da mistura de reação
fornece o 2-oxociclopentanocarboxilato de etila.

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O OEt
O
1
1) NaOEt
5 3 1 OEt 5
6
2
EtO 6 4 2
+ 4 3 O
2) H 3O
O
adipato de dietila 2-oxociclopentano
carboxilato de etila

Essa reação, chamada de condensação de Dieckmann, é uma condensação de Claisen intramolecular. O


átomo de carbono alfa () e o grupo éster para a condensação procedem da mesma molécula. Em geral, a condensação
de Dieckmann só é útil para a preparação de anéis de cinco e seis membros.

OEt
EtO O OEt O OEt
O H O
+
OEt H 3O
OEt EtO O O
EtO - HOEt - HOEt
O O

4. Quais produtos cíclicos seriam obtidos das seguintes reações de condensação de Dieckmann?

O O
+- +-
1) Na OC2H5
O O 1) Na OC2H5
O 2) HCl / H2O O 2) HCl / H2O

a) O b) O

O O +-
1) Na OC2 H5
O O +-
O O 2) HCl / H2 O
1) Na OC2 H5

c) O O 2) HCl / H2 O
d)

5. Explique porque o pentanodioato de etila não sofre condensação de Dieckmann.

O O +-
1) Na OC2 H5
Não forma um composto cíclico
O O 2) HCl / H2 O

Condensações de Claisen cruzadas.

Condensações de Claisen cruzadas (assim como as condensações aldólicas cruzadas) são possíveis quando
um éster não possui hidrogênios , e portanto, não conseguem formar um íon enolato e não sofrem uma
autocondensação. O benzoato de etila, por exemplo, condensa com o acetato de etila para fornecer o benzoilacetato de
etila.

O O O O
+-
1' O 1 O
1) Na OC2H5 1'
2
1 O
2
2) HCl / H2O

Como havíamos aprendido anteriormente, os ésteres que possuem apenas um hidrogênio , não podem ser
convertido em β-cetoésters pelo etóxido de sódio. Eles podem, contudo, ser convertido em β-cetoésteres por reações
que usam bases muito fortes. A base forte converte o éster em seu ânion enolato com rendimentos quase quantitativos.
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Isso nos permite acilar o ânion enolato, tratando-o com um cloreto de acila ou um éster. Um exemplo dessa técnica,
que utiliza uma base muito poderosa do trifenilmetaneto de sódio, é mostrada a seguir.

C(C6H 5) 3 O O O
H O O Cl
O
O O
-
Cl

6. Quais seriam as estruturas dos produtos orgânicos das seguintes condensações de Claisen cruzadas? Mostre todos os
mecanismos para treinar seus conhecimentos de química orgânica.

O O O O
+- +-
1) Na OC2H5 1) Na OC2H5
O O Cl O
2) HCl / H2O 2) HCl / H2O

a) b)

O O O O
+- +-
1) Na OC2H5 1) Na OC2 H5
O O O O
2) HCl / H2O 2) HCl / H2 O
c) d)

7. β-cetoésteres podem ser utilizados no aumento de cadeia carbônica através de uma série de 3 reações. Observe o
esquema a seguir:

O O O
O O +-
1) Na OC2 H5
O O +
3) H 3 O Descarboxilação!
OH
OEt 2) Br OEt
-
Br CO 2(g)

Baseado no esquema apresentado anteriormente preveja as estruturas dos produtos que serão obtidos a partir das
reações apresentadas a seguir.
+-
1) Na OC 2 H5
+- O O
O O
+-
1) Na OC 2 H5 O O 1) Na OC 2 H5

OEt 2) Br
OEt 2) Br OEt 2) Cl O
+ + +
a) 3) H 3 O b) 3) H 3 O c) 3) H 3 O

+-
1) Na OC 2 H5 +-
O O O O
1) Na OC 2 H5
O O

OEt 2) Cl
OEt 2) Cl
+ +
d) 3) H 3 O e) 3) H 3O

8. β-cetoésteres ciclizam assim como di-ésteres (condensação de Dieckmann). Escreva mecanismos que expliquem como
os produtos a seguir foram formados.

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O O O
O
O 1) Na OEt
+-
+-
OEt 1) Na OEt
OEt 2) H 3 O
+
+
2) H 3O

a) O O b) O

9. Proponha uma maneira adequada de promover as seguintes sínteses em laboratório.

O O O O
O O

OC2H5
? ?
a) b)

10. Em uma reação orgânica publicada na literatura científica, o composto pentanoato de 2-acetil-3-benzildietila foi
submetido, primeiro, ao tratamento com etóxido de sódio (NaOEt), seguido do tratamento com meio aquoso ácido. No
final da reação, os químicos orgânicos responsáveis pelo experimento conseguiram produzir a substância 5-
benzilcicloexano-1,3-diona. Veja o esquema a seguir:

Ph 7
Ph
O 7
O
+-
1) Na OEt 4

EtO OEt
6 4 5 3
5 3
+
2 2) H3 O 6 2

O O
1
1
O
Pentanodioato de 2-acetil-3-benzildietila 5-benzilcicloexano-1,3-diona

Proponha um mecanismo completo (e plausível) de como essa reação orgânica ocorre. Explique cada passo do
mecanismo que você propor. Obs.: Ph = fenil (um anel aromático).

GABARITO

O O O O

O H O O

1. a) b) c) d) O

O O O

e) O O f)

O O

O O O
O O
O O
O
O
O
2. a) b) c) d)

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3. Para entender este problema, precisamos analisar o mecanismo de como essa reação aconteceria. Em uma primeira
etapa, o íon etóxido removeria um hidrogênio do carbono α-carbonílico. Na segunda etapa ocorreria a condensação na
cabonila do éster de uma segunda molécula. O problema dessa reação é a terceira etapa. Para que o íon etóxido seja
eliminado ele tem que quase que imediatamente remover um hidrogênio que esteja entre duas carbonilas (um
hidrogênio β-dicarbonílico). Neste caso em específico, o carbono entre as duas carbonilas não tem hidrogênios, é
quaternário. Como conseqüência, mesmo que o ataque na segunda etapa ocorra, quando a carbonila volta a ser
formada, o grupo abandonador é novamente o íon enolato e não o alcóxido.

O O
+-
1) 1) Na OC2H5
O
O

O O O O
2) O
O O O

O O O
3) O O
O
O

Carbono quaternário!!!!!
O íon etóxido não pode remover nenhum protón!

O O
O O
O O O
O O O
O
O
4. a) b) c) d)

5. A estrutura do composto formado seria a seguinte:

O
O O

Além do sistema cíclico de 4 membros ser extremamente tensionado, existe um agravante. Um dos átomos de carbono
do sistema cíclico é uma carbonila. Os ângulos das ligações de um carbono sp 2 deveriam ser de 120o. Neste caso as
ligações estão a 90 o.

O O O O

O O

6.a ) b)
O O O O

O O
c) d)

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O O
O
O O

7. a) b) c) O d) O e) O
8. a)
O O O O
+
OEt OEt H3 O

H O O
O O
OEt
OEt
b)
O O O O O
O OEt OEt
H H3O
+

OEt
OEt
O
O
9. a)
O O O O O O O
+- +
3) H3 O Descarboxilação!
OC2H5 1) Na OC2 H 5 OC2H5 OH
2) Br

CO 2(g)

b.
O O O O O
+- +-
1) Na OC 2 H5 3) Na OC 2H 5

O
4) Br
2) Cl

10.
Ph
Ph Ph 7
O
O 7
O O 7
O
OEt
4
5
EtO OEt
6 3
(1) EtO OEt
6 4 4
5 3 5 3
6 2
2
EtO
2
O
1
- HOEt O
1
O 1
O
-
EtO H

Ph
Ph
7
O
7
O
OEt
4
5 3

OEt
4

EtO-H 5 3 6 2

O O
1
6 2

O O
1
- H
EtO

(2)
Ph Ph Ph 7
Ph
7
O 7
O 7
O
+ + 4

5
4
3 OEt H3O 5
4
3 OEt H 3O 5
4
3 OH Descarboxilação 5 3

6 2
6 2 6 2
Hidrólise do 6 2
O O
1

O O O O O
1 1
O
1
éster

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Aula 11 – Aminas – Parte 01
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Parte 1 – Reconhecimento da função amina e nomenclatura sistemática oficial IUPAC.

Carbono, hidrogênio e oxigênio são os três elementos mais comuns nos compostos orgânicos. Por causa da
ampla distribuição das aminas nos sistemas biológicos, o nitrogênio corresponde ao quarto elemento mais abundante
encontrado nos compostos orgânicos. A propriedade mais importante das aminas é a sua basicidade.
As aminas são classificadas como primárias (1ª), secundárias (2ª) ou terciárias (3ª), dependendo do número
de carbonos ligados ao nitrogênio.

H CH3 CH3
H3 C N H H3 C N H H3C N CH3

Metilamina Dimetilamina Trimetilamina


(uma amina 1ª) (uma amina 2ª) (uma amina 3ª)

As aminas são ainda classificadas como alifáticas ou aromáticas. Uma amina alifática é aquela na qual todos
os carbonos ligados ao nitrogênio são grupos alquílicos (cadeia carbônica com carbono sp3). Uma amina aromática é
aquela na qual um ou mais grupos ligados ao nitrogênio são grupos arila (anela aromático).

H CH3
NH2 N

Anilina N-metilanilina Benzildimetilamina


(uma amina aromática 1ª) (uma amina aromática 2ª) (uma amina alifática 3ª)

Uma amina na qual o átomo de nitrogênio faz parte do anel é classificada como amina heterocíclica. Quando
o anel é saturado, a amina é classificada como amina alifática heterocíclica. Quando o nitrogênio faz parte de um anel
aromático, a amina é classificada como amina aromática heterocíclica. Duas das mais importantes aminas aromáticas
heterocíclicas são a piridina e a pirimidina nas quais o átomo de nitrogênio substitui um e dois grupos CH do anel
benzênico, respectivamente. Pirimidina e purina constituem as bases amínicas do DNA e RNA que você estudará em GQI
120 – Bioquímica 1 (ou GNE 342 – Engenharia Bioquímica).

H H H
H N
N N N N N N

N N N
N N H
Pirrolidina Piperidina Piridina Pirimidina Imidazol Purina Pirrol
(aminas alifáticas heterocíclicas) (aminas aromáticas heterocíclicas)

Os nomes IUPAC para aminas alifáticas são derivados como no caso dos alcoóis. O –o final (indicativo de
hidrocarboneto) da cadeia principal do alcano é excluído e substituído por –amina. A localização do grupo amina na
cadeia carbônica é indicada por um número. Veja os exemplos a seguir.

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NH2
3 1 NH2 NH2 NH2
4 2
6 1 2
NH2 2 4 5 6 2
1 3 5 4 3 4
5 3 1

butan-1-amina
ou butanamina pentan-2-amina 3-metilcicloexanamina hexan-2,4-diamina

Aminas secundárias e terciárias assimétricas são comumente nomeadas como aminas primárias. O maior
grupo ligado ao nitrogênio assume a designação amina. Os grupos menores ligados ao nitrogênio são nomeados como
radicais (ramificação) e indicados pelo prefixo N (ressaltando que se encontram ligados ao nitrogênio). Veja alguns
exemplos a seguir:

radical etil

N N
N
4 2
radical propil 5 3 1
cadeia principal (maior)

N-etil- N-propilcicloexanamina N,N-dimetilbenzenamina N-terc -butil- N-isopropilpent-4-enamina

1) Sobre aminas responda:


a) Qual a diferença estrutural entre uma amina alifática e uma aromática?
b) De que maneira a piridina e a pirimidina são relacionadas com o benzeno? (Pesquise as estruturas).
c) Dê a nomenclatura sistemática (IUPAC) para cada uma das aminas apresentadas abaixo.

NH2
NH2 NH2
NH2
NH2
NH2 NH2
H
N H H
N N

N
N N

2) Desenhe a fórmula estrutural de cada uma das aminas.


a) butan-2-amina
b) octanamina
c) 2,2-dimetil-propanamina
d) pentan-1,5-diamina
e) 2-bromoanilina
f) Tributilamina

3) Classifique cada grupo amina com primário, secundário ou terciário, e se é alifático ou aromático.

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NH2
O N H N
O N
HO
O

N H2N
Cl N
H
Serotonina (um neurotransmissor) Benzocaína (um anestésico) Difenidramina (anti-histamínico) Cloroquina (uma droga antimalárica)

Parte 2 – Propriedades físicas das aminas.

Assim como a amônia (NH3), aminas de baixa massa molecular apresentam odores intensos e
penetrantes. Trietilamina, por exemplo, é o composto responsável pelo odor pungente do peixe podre. Duas outras
aminas que apresentam odores pungentes são a butan-1,4-diamina (putrescina) e a pentan-1,5-diamina (cadaverina).
Aminas são compostos polares decorrentes da diferença de eletronegatividade entre o nitrogênio e o hidrogênio. Tanto
as aminas primárias como as secundárias tem ligações N-H e podem formar ligações de hidrogênio intermoleculares
entre si. Aminas terciárias não têm um hidrogênio conectado ao nitrogênio, portanto não formam ligações de
hidrogênio entre si.

-
+ H
- N
N H R
R + R'
R'
ligação de hidrogênio entre
duas moléculas de uma amina secundária

Uma ligação de hidrogênio N-H---N é mais fraca do que uma ligação de hidrogênio O-H---O, pelo fato de a
diferença de eletronegatividade entre o nitrogênio e o hidrogênio ser menor do que a diferença de eletronegatividade
entre o oxigênio e o hidrogênio. Dessa forma, um átomo de hidrogênio conectado a nitrogênio não tem uma carga
parcial positiva tão grande quanto um hidrogênio conectado a oxigênio. Para averiguar o efeito da ligação de
hidrogênio entre álcoois e aminas de comparável peso molecular, compare os pontos de ebulição do etano (T.e. = -88,6 o
C), metanamina (T.e. = -6,3o C) e metanol (T.e. = 65,0o C). O etano é um hidrocarboneto apolar, e as únicas forças
atrativas entre suas moléculas são as fracas forças de Van der Waals (dipolo induzido). Tanto a metanamina quanto o
metanol têm moléculas polares que interagem no estado líquido por intermédio de ligações de hidrogênio. O metanol
tem o maior ponto de ebulição dos três compostos, porque a ligação de hidrogênio entre suas moléculas é mais forte do
que entre as moléculas de metanamina.
Todas as classes de aminas formam ligações de hidrogênio com a água e são mais solúveis em água do que
hidrocarbonetos de comparável esqueleto carbônico. A maioria das aminas de baixa massa molecular é completamente
solúvel em água, mas as aminas de alta massa molecular são apenas moderadamente solúveis ou completamente
insolúveis em água. A grande cadeia carbônica (porção hidrofóbica) impede as moléculas de água de se aproximarem do
grupo polar para interagir por ligações de hidrogênio. Para aminas com grandes cadeias carbônicas, a solubilidade delas
é maior em solventes apolares, como hexano, por exemplo.

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+ +
H H
O
-

Porção HIDROFÓBICA muito grande


Impede moléculas de água de se aproximarem
+ H -
- O
N H H NH2
H 3C + +

H3 C Porção HIDROFÍLICA

dimetilamina se solubiliza em água


porque pode fazer ligações de hidrogênio intermoleculares

4) Indique se a afirmação é verdadeira ou falsa.


a) A ligação de hidrogênio entre aminas secundárias é mais forte que entre álcoois secundários.
b) Aminas primárias e secundárias geralmente têm maiores pontos de ebulição que hidrocarbonetos de comparável
esqueleto carbônico.
c) O ponto de ebulição das aminas aumenta com o aumento de sua massa molecular.

5) Propanamina (p.e. 48º C), N-metil-etanamina (p.e. 37º C) e N,N-dimetil-metanamina (p.e. 3º C) são isômeros
constitucionais com fórmula molecular C 3H9N. Explique detalhadamente essas diferenças nas temperaturas de ebulição
dos compostos apresentados.

6) Explique por que a butanamina (p.e 78º C) tem um menor ponto de ebulição que o butanol (p.e. 117º C).

7) O 2-metilpropano (p.e. -12º C), o propan-2-ol (p.e. 82º C) e a propano-2-amina (p.e. 32º C) têm aproximadamente a
mesma massa molecular, embora seus pontos de ebulição sejam bem diferentes. Explique essas diferenças.
8) Explique por que a maioria das aminas de baixa massa molecular é muito solúvel em água, enquanto os
hidrocarbonetos de baixa massa molecular não são solúveis em água.
9) Ordene estes três compostos em ordem decrescente de suas tendências em formar ligações de hidrogênio
intermoleculares: CH 3OH, CH3SH, e (CH3)3NH.

10) Arranje estes compostos em ordem crescente de seus pontos de ebulição: CH3CH2CH2CH3, CH3CH2CH2OH e
CH3CH2CH2NH2. Os valores dos pontos de ebulição do menor para o maior são -0,5º C, 7,2º C e 77,8º C.

11) Explique por que as aminas apresentam aproximadamente a mesma solubilidade em água que os álcoois de massa
molecular similar.

Parte 3 – Principais reações de aminas.

Sais ou hidróxidos contendo nitrogênio tetravalente são denominados sais de amônio. Esses compostos são
nomeados como sal ou hidróxidos de amônio. O nome do ânion é citado, seguido da preposição de e dos nomes dos
grupos ligados ao nitrogênio acrescidos da terminação amônio. Veja alguns exemplos:

CH3
+ -
H3 C N CH3 Br Brometo de tetrametilamônio
CH3

CH3
+ -
H3CCH2CH2 N CH2CH3 Cl Cloreto de etildimetilpropilamônio
CH3
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Quando o composto for considerado derivado de uma base cujo nome não termina em amina, sua natureza
quaternária será indicada pela substituição da terminação a da base por io, antecedida do nome do ânion. Os dois
exemplos que se seguem são derivados da anilina:

+ -
[C6H5NH3] Cl Cloreto de anilínio

+ -
[C6H5NH3] HSO4 Hidrogenossulfato de anilíneo

12) Escreva a fórmula estrutural para cada sal de amônio dado.


a) Hidróxido de etiltrimetilamônio
b) Iodeto de dimetilamônio
c) Cloreto do tetrametilamônio
d) Brometo de anilíneo

13) Nomeie estes sais de amônio.

H
- +H -
H Cl N HSO4
H - + H
H + Cl N H
a) N b) c)
H

As reações ácido-base das aminas.

As aminas são suficientemente básicas para reagir quantitativamente com ácidos orgânicos e inorgânicos,
formando sais de amônio. Veja alguns exemplos:

H
H + H -
N N Cl
H-Cl

+ H -
N N NO3
HNO3

Os sais de aminas são sólidos e, sendo compostos iônicos, são bastante solúveis em água e pouco solúveis
em solventes menos polares, como hexano, benzeno e éter dietílico. O tratamento dos sais de amônio com bases fortes,
como NaOH, é também uma reação ácido-base e resulta na regeneração da amina. Essa reação também produz um sal
e água (H2O).

H
+ H - H
N Cl N
NaOH HOH NaCl

+ H -
N NO3 N
NaOH HOH NaNO3

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A transformação de aminas em sais, bem como sua regeneração por meio de tratamento desses sais com
uma base forte, é um procedimento muito comum utilizado na purificação dessa classe de compostos.

14) Complete as equações para as seguintes reações ácido-base.

NH2
O + HCl
+
OH N

a) Ácido acético Pirimidina b) 1-fenil-propan-2-amina (Anfetamina)

H
N
+ H 2SO 4

c) Metanfetamina

15) Mostre a estrutura da amina que será formada quando cada um dos cloridratos abaixo reagir com hidróxido de
sódio (NaOH). Faça o mecanismo da reação.

OH
OH H + OH H
- -
+ - NH3 Cl +H Cl +
N H Cl HO N Cl- N
a) H b) c) d) H

16) Suponha que você tenha dois tubos de ensaio – um contendo 2-metilcicloexanol e outro contendo 2-
metilcicloexanamina (ambos são insolúveis em água) – e não saiba dizer qual dos tubos contém cada uma das
substâncias. Descreve um teste químico simples que poderia dizer qual composto é a amina e qual é o álcool.

17) Mostre a estrutura do cloridrato que será formado quando cada uma das aminas abaixo reagir com ácido clorídrico
em meio aquoso. Faça o mecanismo da reação.

NH2
HO NH2
HN N
a) b) NH2 c) d) e)

18) Aminas podem reagir não apenas com ácido clorídrico, mas com muitos outros ácidos fortes e moderados. Dê a
estrutura dos sais de aminas que serão obtidos a partir das seguintes reações.

O
HO N H HNO3
N HO NH2 H2SO 4
a) b) c)

19) Complete os quadros vazios com reagentes, solventes e substâncias que sejam necessários no esquema de
separação de uma mistura de anilina e tolueno.

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NH2 CH3

Fase orgânica - Anilina + tolueno, dissolvidos em éter de petróleo

Fase aquosa - H 2 O + HCl


Funil de separação

Béquer

Adicionar à fase aquosa


FASE AQUOSA

FASE AQUOSA
FASE ORGÂNICA

FASE ORGÂNICA
Evaporar o éter de petróleo

Interpretando melhor a basicidade das aminas.

Conforme já aprendemos, aminas em contato com ácido clorídrico formam cloridratos. Quando uma
molécula contendo mais de um nitrogênio é colocada em contato com quantidade equimolar de ácido clorídrico, o
cloridrato é formado preferencialmente no nitrogênio que tem um caráter básico maior. Por exemplo, veja o esquema
apresentado a seguir:

HCl
H NH2 H + NH2
N - N
Cl
H

Repare que a formação do cloridrato ocorreu na amina secundária, não na amina primária. Em fase gasosa,
aminas terciárias formam cloridrato mais facilmente do que aminas secundárias, que formam mais facilmente do que
aminas primárias. A explicação para esse fato se deve ao efeito indutivo (hiperconjugação) das cadeias carbônicas que
aumentam a basicidade do par de elétrons livre das aminas.
A hibridização do átomo de nitrogênio também tem efeito pronunciado na sua basicidade. O nitrogênio,
assim como o carbono, pode apresentar os três tipos de hibridização: sp3, sp2 e sp. Quando o nitrogênio faz três ligações

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e tem um par de elétrons livre ele está hibridizado em sp3. Quando ele faz uma ligação simples, uma ligação dupla e tem
um par de elétrons livre ele está hibridizado em sp2. Por fim, quando ele faz somente uma ligação tripla e tem um par de
elétrons livre ele está hibridizado em sp. O esquema abaixo mostra isso:

3 2
sp sp sp

N N N

Átomos de nitrogênio com hibridização sp são mais eletronegativos do que átomos de nitrogênio com
hibridização sp2 que são mais eletronegativos que átomos de nitrogênio com hibridização sp3. Portanto, átomos de
nitrogênio com hibridização sp costumam “prender” mais o par de elétrons livre do que átomos de nitrogênio com
hibridização sp3. Assim, nitrogênio com hibridização sp3 forma cloridrato com mais facilidade do que átomos de
nitrogênio com hibridização sp.
Por fim, observe o esquema de formação de cloridrato a seguir:

NH2 NH2

HCl

+ -
NH2 NH3 Cl

A formação do cloridrato ocorre preferencialmente na amina alifática, mesmo que primária, e não na amina
aromática (conectada diretamente ao anel aromático). Isso ocorre porque em aminas aromáticas, o par de elétrons livre
da amina está em ressonância com o anel aromático (veja esquema a seguir) e portanto menos disponível para uma
reação ácido-base do que um par de elétrons de uma amina alifática que tem seu par de elétrons lozalizado.

H + H
H H H H H H H H N
N N N N
- -

-

20) Baseado nisso, preveja a estrutura do cloridrato que será formado quando cada uma das moléculas abaixo reagir na
proporção estequiométrica 1:1 com H-Cl.

NH2 N
H
Cl HO H
N OH
N
N N
N
N HN
Piridoxamina
a) Epibatadina b) (vitamina B 6 ) c) Nicotina d) Substância sintética

21) Quando um composto contendo dois ou mais átomos de nitrogênio reage com quantidade equimolar de ácido
clorídrico, o átomo de nitrogênio mais básico da molécula é aquele que forma o cloridrato. Observe o esquema a seguir.

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Átomo de nitrogênio menos básico

NH2 NH2

HCl / H 2 O
- +
N Cl N
H H H
Átomo de nitrogênio mais básico

Baseado nessas informações, preveja a estrutura do cloridrato que será formado quando cada um dos compostos
abaixo reagir com quantidade equimolar de ácido clorídrico.

H
N
NH2 H
HCl / H 2O H2N N HCl / H 2O
a) b)

NH2 NH2

HCl / H 2O HCl / H 2O

O N O
c) H d) HO NH2

O H
HCl / H 2O HCl / H 2O
H2N N
e) H2N NH2 f)

N
NH2 O
HCl / H 2O
HCl / H 2O
N N
g) OH h) HO

N HCl / H 2 O

NH2
i)

GABARITO

1. a) Aminas alifáticas têm nitrogênio conectado diretamente a carbono sp 3. Aminas aromáticas têm nitrogênio
conectado diretamente a carbono sp 2 de sistema cíclico e aromático.
b) São todos compostos cíclicos e aromáticos. A única diferença é que no benzeno todos os átomos são carbonos.
c)
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NH2
NH2 NH2
NH2
NH2
Butanamina NH2 NH2
2-metilpentan-3-amina 4-etil-6-metiloctan-3,4,5-triamina
1-terc-butil-3-metilciclobutan-2-amina
3-terc-butilciclopentanamina
H
N H H
N N

N-fenil-(1E, 3E, 5E)-7,8-dimetilnon-1,3,5-trienamina


N-isopropil-4-metilpentanamina
N-sec-butil-(2E)-5-isopropil-2,3,4-trimetilept-2,6-dienamina

N
N N

N,N-dietiletanamina N-sec-butil-N-ciclopentilbenzenamina
N-fenil-N-metil-3-isopropil-6-metilept-4-inamina

NH2
H2N
2. a) b) H2N c) d) H2N NH2
NH2
Br
N
e) f)
primária terciária
alifática alifática secundária
NH2 aromática terciária
O N H N alifática
O N
HO O

N H2N
H primária Cl N
secundária aromática secundária
3. aromática aromática

4. a) FALSA. b) VERDADEIRA. c) VERDADEIRA.


5. Propanamina é uma amina primária que pode fazer três ligações de hidrogênio simultaneamente, o que explica sua
temperatura de ebulição mais alta. N-metil-etanamina é uma amina secundária que pode fazer apenas duas ligações de
hidrogênio simultâneas, o que diminui a força de interação intermolecular, diminuindo a temperatura de ebulição. Por
fim, N,N-dimetil-metanamina é uma amina terciária que não tem hidrogênio diretamente conectado ao nitrogênio e
portanto não interage por ligação de hidrogênio tendo uma temperatura de ebulição bem menor.
6. As ligações de hidrogênio formadas entre moléculas de aminas são mais fracas do que as ligações de hidrogênio
formadas entre moléculas de álcool.
7. 2-metilpropano interage através da formação de dipolo induzido (força de Van der Waals) que é uma interação muito
fraca, isso justifica sua baixa temperatura de ebulição. A propano-2-amina, embora possa interagir por ligação de
hidrogênio, ela é mais fraca do que no caso do propan-2-ol. Isso explica porque a temperatura de ebulição do álcool é
maior do que a da amina.

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8. As aminas de baixa massa molecular têm o grupo amina (-NH2) que é uma porção hidrofílica, que pode interagir com
a água por ligação de hidrogênio. O mesmo não ocorre com os hidrocarbonetos que tem apenas uma porção
hidrofóbica apolar.
9. CH3OH ˃ (CH3)3NH ˃ CH3SH.
10. CH3CH2CH2CH3 ˂ CH3CH2CH2NH2 ˂ CH3CH2CH2OH
11. Porque ambos os compostos podem interagir com a água por ligação de hidrogênio.
H
H H
+ -
N Cl
H
+ - + - + -
N OH N I N Cl
12. a) b) H c) d)
13. a) cloreto de propilamônio b) cloreto de dietilamônio c) hidrogenossulfato de anilíneo
14.
O O
+ - +
OH N O N

Ácido acético Pirimidina H


a) Acetato de piridíneo
+ -
NH2 NH3 Cl
+ HCl

b) 1-fenil-propan-2-amina (Anfetamina) cloreto de 1-fenil-propan-2-amônio


H H -
+
N N HSO 4
+ H2SO4
H

Metanfetamina Hidrogenossulfato de metanfetamônio


c)

OH OH OH
H
NH2
N H HO N
15. a) H b) c) d) N

16. Adicionar aos dois compostos água acidificada com qualquer ácido forte. A amina formará um sal solúvel em água e
o sistema terá uma fase única. O álcool não irá formar um sal e não se solubilizará em água, mantendo o sistema em
duas fases distintas.
H
-
H N
+ H Cl- H Cl -
H H + H Cl
- - HO N H
+ Cl H N+ Cl +
N H N
H
17. a) b) H c) d) e)

O H
+ - + HO + H 1-
N 1- N NO3
18. a) H O b)
NH3 HSO4
c)

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19.

+ -
NH3 Cl Adicionar à fase aquosa
FASE AQUOSA NaOH

FASE AQUOSA NaCl


FASE ORGÂNICA

FASE ORGÂNICA
Evaporar o éter de petróleo

NH2
CH3

20.
+
N
-
H H NH3 Cl
+ - H
Cl N Cl -
HO + -
Cl
OH N Cl N
H H +
N
N N N
a. b. c. d. H

NH2 NH2
H
-H +
Cl N
+ H -
NH2 H - O N O Cl
+ +
H2N N H Cl H HO N
H- H
21. a) b) c) Cl d) H
N
H
- + O
- O Cl H N H
Cl H
+ H
H N NH2 + - + -
H2N N H Cl N Cl
N
e) H f) g) OH h) HO H
N

N H -
+ Cl
N H
i) H

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Aula 12 – Aminas - Parte 02
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Parte 01 - Preparação de aminas.

1.1 – Aminas primárias.

Alquilação de amônia. Sais de aminas primárias podem ser preparados a partir de amônia e haletos de
alquila mediante reações de substituição nucleofílica. Tratamento subseqüente dos sais de amônio resultantes com
base fornece a amina primária. Veja o modelo geral apresentado a seguir:

+ - NaOH
R-Br NH3 R-NH3 Br R-NH2 H 2O NaBr
sal de amônio amina

Este método é muito limitado na aplicação sintética, porque alquilações múltiplas ocorrem. Quando
brometo de etila reage com amônia, por exemplo, o brometo de etilamônio que é produzido inicialmente pode reagir
com amônia para liberar etilamina. Etilamina, pode então competir com a amônia e reagir com o brometo de etila para
produzir brometo de dietilamínio. As repetições de alquilação e reações de transferência de prótons levam, no final,
algumas aminas terciárias a até alguns sais de amônio quaternários, se o haleto de alquila está presente em excesso.
Veja a seguir um mecanismo de como esse processo ocorre.

+
NH3
-
NH3 + Br + Br
Amônia Brometo de etilamônio

H
H + H H H
N N +
+
NH3 NH4
+
Etilamina

NH2 + -
N + Br
+ Br H H
Etilamina Brometo de dietilamínio

As alquilações múltiplas podem ser minimizadas pelo uso de um grande excesso de amônia (proporção 1:70).
Um exemplo desta técnica pode ser visto na síntese da alanina a partir de ácido 2-bromopropanoico.

O excesso
O
1) NH
3
OH OH
2) NaOH
Br NH2
Ácido 2-bromopropanoico Alanina (70%)

1. Acabamos de ver que aminas primárias podem ser preparadas por substituição nucleofílica de amônia (NH 3) em
grande excesso com haletos orgânicos (normalmente utiliza-se a proporção 70:1 de amina:haleto). O sal de amônio
formado pode ser convertido na amina correspondente pelo tratamento com NaOH. Baseado nisso, preveja a estrutura

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das aminas primárias que serão obtidas quando os seguintes haletos forem tratados com grande excesso de amônia,
seguida de neutralização do sal de amônio com NaOH. Faça os mecanismos de como essa reação ocorre.

Cl
excesso
1) NH Br excesso
1) NH
3 Cl excesso
1) NH 3
3
2) NaOH 2) NaOH
a) b) 2) NaOH c)
Cl

Br O 1) NH
excesso excesso
1) NH
excesso
1) NH 3 3
3
2) NaOH 2) NaOH
d) 2) NaOH e) O f) Cl
Cl excesso
excesso 1) NH
N Br 1) NH3 3

2) NaOH
g) 2) NaOH h)

2. Se a reação estudada no exercício 1 não for feita com grande excesso de amônia, o que às vezes pode gerar uma série
de inconvenientes, ocorrem alquilações múltiplas levando à formação de aminas secundárias e terciárias. Preveja qual
seria a estrutura da amina primária, da amina secundária e da amina terciária que seriam obtidas quando as seguintes
reações fossem realizadas.

Cl
Br 1) NH3 O 1) NH3
Br 1) NH3 1) NH3
2) NaOH
c) O
2) NaOH
a) 2) NaOH b) d) N Cl 2) NaOH

Aminas primárias através da SÍNTESE DE GABRIEL.

Ftalimida de potássio (veja reação a seguir) também pode ser usada para preparar aminas primárias através
de um método conhecido como síntese de Gabriel. Esta síntese também evita as complicações das alquilações múltiplas
que ocorrem quando haletos de alquila são tratados com amônia:

O O O
- +
KOH
N K R-X N R
N H
(-KX)

O O O
Ftalimida N-Alquilftalimida

O
O
H2N-NH2 NH H2N-R
N R +
Etanol NH amina primária

O O
N-Alquilftalimida ftalazina-1,4-diona

Ftalimida é muito ácida (pKa = 9); ela pode ser convertida em ftalimida de potássio por hidróxido de potássio.
O ânion ftalimida é um nucleófilo forte e reage com um haleto de alquila através de um mecanismo S N2 para fornecer
uma N-alquilftalimida. Neste ponto, a N-alquilftalimida pode ser hidrolisada com solução ácida ou básica de, mas a
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hidrólise é geralmente difícil. Normalmente é mais conveniente tratar a N-alquilftalimida com hidrazina (H2N-NH2) em
etanol sob refluxo para obter uma amina primária e ftalazina-1,4-diona. A seguir, será apresentado um mecanismo
plausível de como a N-alquilftalimida reage com hidrazina para fornecer a amina primária e ftalazina-1,4-diona.

H H
- -
O + NH2 O NH2 O
O N N
H H NH2
NH
H2N-NH2 +
N R N N
Etanol R R NH
R
O O O O

O O O O
NH2 NH
NH NH NH + H2N-R
+ NH
NH N H NH amina primária
R H - H
- O
O O O +
NH R NH R ftalazina-1,4-diona

Sínteses de aminas usando a síntese de Gabriel são, como se pode esperar, limitadas aos haletos de metila
e aos haletos de alquila primários e secundários. O uso de haletos de alquila terciários leva quase exclusivamente a
eliminações.

3. A síntese de Gabriel é um método extremamente eficiente para produzir aminas primárias. Abaixo está apresentado
um esquema geral de como essa reação é feita e que produtos ela gera.

O
-+
1) N K
O
O
R-X ftalimida de potássio
R-NH2 NH
haleto orgânico 2) NH 2 -NH 2 (hidrazina) amina primária NH

O
ftalazina-1,4-diona

Baseado nesse esquema preveja as estruturas das aminas primárias que serão obtidas nos seguintes esquemas
reacionais. Desenhe os mecanismos dessas reações.

O Cl O
-+ -+
1) N K 1) N K

O O
Cl ftalimida de potássio ftalimida de potássio

2) NH 2-NH 2 (hidrazina) 2) NH 2-NH 2 (hidrazina)


a) b)

O
-+
1) N K

O
ftalimida de potássio
Br 2) NH 2-NH 2 (hidrazina)
c)

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4. A reação abaixo era uma tentativa de sintetizar uma amina primária utilizando a síntese de Gabriel. Entretanto, ela
falhou. O produto principal dessa reação foi um alceno. Explique porque a reação foi por esse caminho.

O
-+
1) N K

O
Cl ftalimida de potássio

2) NH 2-NH 2 (hidrazina)
ALCENO

1.2 Aminas secundárias.

A produção de aminas secundárias utilizando o método da aminação redutiva é extremamente útil. Abaixo,
um esquema geral de como essa reação ocorre. Na primeira etapa, o aldeído ou cetona reage com uma amina primária
para produzir uma imina, conforme já foi estudado na AULA 06. Na segunda etapa, a imina é reduzida à amina.

R3 H R3
N Etapa 2
O N
Etapa 1 [H]
R1 H2N-R3 R1 R2
R2 LiBH 3CN ou NaBH 3CN R1 R2
H
Aldeído / cetona Amina primária Imina Amina secundária

5. Baseado nessas informações preveja as estruturas das aminas secundárias que serão obtidas após os seguintes
planejamentos sintéticos.

O 1)
H2N

a) 2) LiBH 3CN ou NaBH 3CN

O 1)
H2N

b) 2) LiBH 3CN ou NaBH 3CN

O O 1)
H2N

c) O 2) LiBH 3CN ou NaBH 3CN

H NH2

1)
O
d) O 2) LiBH 3CN ou NaBH 3CN

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Parte 2 – Reações de aminas.

Encontramos um número de reações importantes de aminas nos tópicos discutidos anteriormente. Já


sabemos que aminas primárias, secundárias e terciárias atuam como bases. Já sabemos que elas também atuam como
nucleófilos, promovendo substituições nucleofílicas nas reações alquilação. Já sabemos, da Orgânica 1, que o grupo –
NH2 em um anel aromático age como um grupo ativante poderoso e como orientador orto-para. A característica das
aminas que fundamente todas essas reações e que forma uma base para nossa compreensão da maior parta da química
das aminas é a capacidade do nitrogênio de compartilhar um par de elétrons.

H
+ -
N N A
+ H A +
Uma amina atuando como uma base.

N+
-
N + R Br + Br
R

Uma amina atuando como um nucleófilo em uma reação de alquilação.

-
O O O

N + R Cl R Cl R N
+ (-HCl)
H N
H

Uma amina atuando como um nucleófilo em uma reação de acilação.

Reações de aminas com ácido nitroso.

Ácido nitroso (HONO) é um ácido fraco, instável. É sempre preparado in situ, geralmente pelo tratamento de
nitrito de sódio (NaNO2) com uma solução aquosa de um ácido forte:

HCl(aq) + NaNO2(aq) → HONO(aq) + NaCl(aq)

H2SO4 + 2 NaNO2(aq) → 2 HONO(aq) + Na2SO 4(aq)

Ácido nitroso reage com todas as classes de aminas. Os produtos que obtemos dessas reações depende de a
amina ser primária, secundária ou terciária e se a amina é alifática ou aromática.

Reações de aminas alifáticas primárias com ácido nitroso.

Aminas alifáticas primárias reagem com ácido nitroso através de uma reação chamada diazotação para levar
a sais de diazônio alifáticos altamente instáveis. Mesmo em baixas temperaturas, sais de diazônio alifáticos
decompõem-se espontaneamente pela perda de nitrogênio para formar carbocátions. Os carbocátions reagem para
produzir misturas de alcoóis, alcenos e haletos de alquila pela reação com H 2O, perda de um próton e reação com X -.

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sal de diazônio alifático


altamente instável
(HONO) + -
R-NH2 + NaNO2 + 2 HX R N N X + NaX + 2 H2 O
H2 O
Amina
alifática - N 2(g)
primária
+ -
R + X

Alcenos, alcoóis, haletos de alquila...

Diazotação de aminas alifáticas primárias são de pouca importância para as sínteses porque levam a uma
mistura de pordutos complexa. Diazotações de aminas alifáticas primárias são usadas em alguns procedimentos
analíticos, entretanto, porque a evolução de nitrogênio é quantitativa. Também podem usadas para gerar e então
estudar o comportamento de carbocátions em água, ácido acético e outros solventes.

Reações de arilaminas primárias com ácido nitroso.

A reação mais importante das aminas com ácido nitroso, até agora, é a reação de arilaminas primárias.
Arilaminas primárias reagem com ácido nitroso para levar a formação de sais de arenodiazônio. Embora sais de
arenodiazônio sejam instáveis, eles são muito mais estáveis do que sais de diazônio alifáticos; eles não se decompõem
com uma velocidade apreciável em solução quando a temperatura da mistura reacional é mantida abaixo de 5oC.

sal de arenodiazônio
o
estável abaixo de 5 C
(HONO) + -
Ar-NH2 + NaNO2 + 2 HX Ar N N X + NaX + 2 H2 O
H2 O
Amina
aromática
primária

Diazotação de uma amina primária ocorre através de uma série de etapas. Em presença de ácido forte, ácido
nitroso se dissocia para produzir íons NO +. Estes íons então reagem com nitrogênio da amina para formar um íon N-
nitrosoamônio instável como um intermediário. Este intermediário então perde um próton para formar N-nitrosamina,
que, por sua vez, tautomeriza para um diazoidróxido em uma reação que é semelhante à tautomerização ceto-enólica.
Então, em presença de ácido, o diazoidróxido perde água para formar o íon diazônio.

- + +
+
+ A H2O NO + H2O 2 H2O + N O
HONO + H3O

OH2
H H
+ +
N N O N N O N N O
H + H-A
H - H3 O
+ H

Arilamina Íon N-nitrosamônio N-nitrosamina

+ H +
+ N N O - HA N N O N N
N N O - HA
H + H2O
H
H
H + HA
+ HA

Íon diazônio
-
A
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Reações de diazotação de arilaminas primárias são de considerável importância nas sínteses porque o grupo
diazônio pode ser substituído por uma variedade de outros grupos funcionais. Veja o próximo esquema sobre como sais
de diazônio podem ser convertidos em uma série de outros compostos orgânicos.

CuX X
o
20-100 C

NaNO 2 / HCl + - CuCN


NH2 N N Cl o CN
90-100 C

Arilamina sal de arenodiazônio H 3PO 4 / H 2O

H 2O
OH

6. Preveja a estrutura dos produtos orgânicos que serão obtidos das reações a seguir.

O
NH2 O H2N NaNO 2 / HCl
NaNO 2 / HCl
NaNO 2 / HCl H2O
NH2 CuCN
CuCl
a) b) c)

7. Você recebeu a tarefa de sintetizar em seu laboratório a seguinte amina secundária:

H
O N

Para essa síntese, você verifica no almoxarifado e descobre que tem disponível a seguinte lista de reagentes:

KCl H2O2 KOH LiBH 3CN H2SO 4 HClO 4 NaOH NaCl H2N-NH2

O
O HO O
O O
Br N H
O HO
N
H O

Utilizando apenas reagentes que estejam entre os listados acima, mostre como você faria para sintetizar o composto
que lhe foi solicitado. Não é necessário desenhar mecanismos nesta questão. Apenas deixe indicada a rota sintética
que você utilizaria.
Obs.: Não necessariamente você utilizará todos os reagentes que foram apresentados.

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GABARITO

NH2
NH2
NH2 NH2 O
NH2
1. a) b) c) d) e) O f)

H2N

H2N
N NH2
g) h)

Br NH2 NH N
2. a)

Br NH2 HN N

b)
O
O

Cl NH2 N
NH
O O O O
O O
O O O O
c) O O

N Cl N NH2 N NH N N N N

d) N

NH2

3. a) NH2 b) c) H2N

4. O problema foi o haleto que foi utilizado como material de partida. É um haleto terciário com severo impedimento
estérico. A ftalimida de potássio é uma base forte e também impedida. Como nesse caso, nucleófilo e substrato tem alto
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impedimento estérico, a reação acaba se processando via eliminação E2, com produção de alceno menos substituído,
de acordo com a regra de Hoffman.

NH
HN
5. a) b)

O
NH O NH
c) d) H

Cl

6. a)

O
O

CN
b)

HO

c)

7. Uma das propostas de rota sintética que podem ser feitas está apresentada abaixo. Nesta rota não estão indicados os
subprodutos que acompanham a produção do produto principal em cada reação orgânica.

O
O
N H KOH
H2N-NH2
Br O
N H2N

O
O O

O NH O N
LiBH 3CN

O O

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MATERIAL SUPLEMENTAR DA AULA 12 - Uma rápida introdução à Bioquímica
Prof. Sérgio Scherrer Thomasi e Profa. Luciana Lopes Silva Pereira

1. GLICÍDEOS

Chamamos de glicídeos, glucídeos ou glúcides os compostos sintetizados pelos organismos vivos


pertencentes à função mista poliol (poliálcool) e aldeído ou poliol e cetona, bem como os compostos que, por hidrólise,
produzem esses compostos de função mista. Veja:

OH OH OH O

HO HO
OH OH O OH OH OH

Função mista = álcool e aldeído Função mista = álcool e cetona

Esses compostos receberam também as denominações: açúcar (porque a maioria possui sabor doce) e
hidrato de carbono (porque a maioria possui fórmula Cn(H2O)x)). Assim:

C6H 12O 6 C6 (H2 O)6 e sabor doce (glicose e frutose)

C12H22O 11 C12(H2O) 11 e sabor doce (sacarose)

Os representantes mais simples são o aldeído glicérico e a diidroxiacetona:

OH O
HO O HO OH

Aldeído glicérico Diidroxiacetona

Não se considera como representantes mais simples o hidroxietanal (aldeído glicólico) porque os glicídeos,
por definição, são poliol e aldeído ou poliol e cetona, e esse composto, embora tenha sabor doce, só apresenta um
grupo –OH.

OH
O
Hidróxietanal

Os glicídeos podem ser classificados segundo critérios que se baseiam na ocorrência ou não de hidrólise.
Assim, eles podem ser divididos em monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos, ou em oses e osídeos.
a) Monossacarídeos: não sofrem hidrólise; por exemplo, glicose, frutose, manose e galactose (isômeros de fórmula
molecular C6H12O6).

b) Oligossacarídeos: sofrem hidrólise e cada molécula produz um número pequeno de moléculas de monossacarídeos.
Veja:

1 C12H22O11 + 1 H 2O 1 C6H12O6 + 1 C 6H12O6

Sacarose glicose frutose


(oligossacarídeo) duas moléculas de monossacarídeos

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Note que a sacarose é um dissacarídeo, pois produz duas moléculas de monossacarídeos.

c) Polissacarídeos: sofrem hidrólise e cada molécula produz um número elevado de moléculas de monossacarídeos

(C12H22O11)n + n H 2O n C6H12O6

Amido glicose
(polissacarídeo)

d) Oses: não sofrem hidrólise e se subdividem em aldoses (poliol e aldeídos) e cetoses (poliol e cetona).

OH OH OH O

HO HO
OH OH O OH OH OH

Função mista = álcool e aldeído Função mista = álcool e cetona


ALDOSE CETOSE

e) Osídeos: sofrem hidrólise originando oses; se a hidrólise fornece somente oses, temos um holosídeo; se fornece oses
e outros compostos, temos um heterosídeo.

C12H22O 11 + H 2O C6H12O 6 + C 6H 12O6


Sacarose glicose frutose
(holosídeo) (ose) (ose)

(C12H22O11) n + n H 2O n C6H12O6
Amido glicose
(holosídeo) (ose)

C20H27O11N + 2 H 2O 2 C 6H12O6 + HCN + C 7H6O


Amidalina glicose cianidreto benzaldeído
(heterosídeo) (ose)
outras moléculas

1.1 GLICOSE

Sólido constituído por cristais incolores solúveis em água e de sabor doce, encontra-se na forma livre no mel
de abelhas, nos frutos de muitas plantas, como uva e o figo, no sangue (na porcentagem de 0,1%), etc. Em casos
patológicos (diabete), passa a ocorrer no sangue em porcentagens maiores, sendo eliminada pela urina, na qual é
pesquisada através do reativo de Fehling (a glicose reduz os reativos de Fehling e de Tollens).
Ocorre na forma condensada em quase todos os oligossacarídeos e polissacarídeos, sendo que em alguns casos ela é a
única constituinte (por exemplo, o amido e a celulose).
A glicose apresenta fórmula molecular C6H12O6 e recebe também o nome de dextrose, por ocorre somente na forma
dextrogira.
Uma vez que glicose (aldose ou cetose) tem carbonila e hidroxila na mesma cadeia carbônica, esses
grupamentos funcionais podem reagir para formar os carboidratos de estruturas cíclicas – Glicose cíclica e frutose
cíclica. Essa reação ocorre através do mecanismo de formação de hemicetal (quando a carbonila que reage é uma
cetona) e hemiacetal (quando a carbonila que reage é um aldeído). No exemplo dado abaixo, a aldose sofre ciclização
para formar uma unidade cíclica de glicose e a cetose sofre ciclização para formar uma unidade cíclica de frutose.

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HO 6
HO 6 Hemiacetal
HO
4
5
OH HO
OH OH 4
5
O
6 Redesenhando para mostrar que
5 3 3 1
-OH e CHO se fecham entre si 3 2
HO 4 2 1
2
1
HO OH
HO O
OH OH O OH
OH
Unidade cíclica da glicose
ALDOSE
Hemicetal
H
OH O O OH
6
Redesenhando para mostrar que
6 O 1
6
O
5 3 5 1
HO 4 2 1 -OH e CO se fecham entre si
HO 5 2 HO 4 3
2
OH
4 3 OH
OH OH OH HO OH HO OH
CETOSE Unidade cíclica da frutose

A frutose é uma substância que se cristaliza com dificuldade em forma de agulhas incolores solúveis em água
e de sabor doce, encontra-se na forma livre no mel de abelhas e em todos os frutos doces, e na forma condensada em
alguns oligossacarídeos e polissacarídeos. A frutose apresente fórmula C 6H12O 6 e recebe também o nome de levulose,
por ocorrer somente na forma levogira.
A carbonila é um grupamento funcional plano. Essa reação pode ocorrer tanto pela face superior da
carbonila, como pela inferior. A conseqüência direta disso é a estereoquímica. Por exemplo, se na ciclização da aldose, o
ataque ocorrer pela face inferior da carbonila, forma-se um dos possíveis diastereoisômeros da glicose, neste caso a β-
glicose. Se o ataque ocorrer pela face superior, forma-se o da α-glicose. Observe o esquema apresentado a seguir e veja
qual a diferença estrutural das moléculas de α e β-glicose.

OH
6
O
HO 4
HO
5
2 1 OH Hidroxila do hemiacetal em equatorial

OH
3
OH
6
4

HO OH Ataque pela face inferior da carbonila


-glicose
HO
5
2
O
1
3
OH Ataque pela face superior da carbonila

OH
6

HO 4 O
5
HO 2 1
3
OH
OH Hidroxila do hemiacetal em axial
-glicose

1.2 SACAROSE

Sólido formado por cristais incolores solúveis em água e de sabor doce, encontra-se em numerosas plantas,
principalmente na beterraba e na cana-de-açúcar. Constitui o açúcar comum, que na Europa é extraído da beterraba.
Nas regiões de clima tropical, como no Brasil, é extraída da cana-de-açúcar. Nessa reação, uma molécula de água é
liberada.

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OH OH
OH
OH
O O OH HO O
HO HO
HO O O OH
HO OH
OH OH
HO OH
HO OH
-glicose (C 6H12O 6) -frutose (C 6H 12O 6) Sacarose (C 12H22 O 11)

1.3 AMIDO

O amido é um polissacarídeo de fórmula (C 6H10O5)n que constitui a substância de reserva dos vegetais.
Ocorre armazenado na forma de grãos nas raízes, sementes, caules, etc., de várias plantas: trigo, arroz, milho, batata,
mandioca, feijão, etc. Por hidrólise, na presença de ácido, origina como produto final a glicose. Quimicamente, podemos
dizer que o amido é formado pela condensação de moléculas de α-glicose com eliminação de água:

Hidroxila do hemiacetal em axial


OH
O
OH HO
4
O HO -glicose
O
HO OH
1

OH OH OH
4
O
O
HO 1

OH 4
OH
ligação  (1 ---> 4) O
O
HO 1

OH 4
OH
O
O
HO 1

Parte da estrutura de um polímero de amido OH


O

No organismo humano, a hidrólise do amido começa na boca (saliva), por intermédio da amilase, e continua
no estômago, também através da amilase do suco pancreático.
Como vimos, o amido ocorre na natureza sob a forma de grão; o grão é formado por 80% de amilopectina
(polissacarídeo), que constitui a parte externa, e 20% de amilose (polissacarídeo), que constitui a parte interna. O amido
é muito utilizado na alimentação, na fabricação de glicose e álcool etílico, na preparação de cola, goma, pó facial
(cosméticos), etc.

1.4 CELULOSE

A celulose é um polissacarídeo natural de fórmula (C6H10O 5)n e constitui a substância mais difundida no reino
vegetal. Ocorrem dois tipos de celulose: a inulina (celulose de reserva) e a comum (celulose de sustentação do vegetal),
que contribui com um terço para a formação da madeira. A celulose comum é acompanhada de uma substância de
grande resistência à tração chamada lignina (polissacarídeo).
A celulose comum hidrolisa-se em meio ácido, originando glicose, enquanto a inulina produz frutose.
Quimicamente, podemos dizer que a celulose comum é formada pela condensação de moléculas de β-glicose com
eliminação de água.

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Hidroxila do hemiacetal em equatorial


OH
O
HO
HO OH -glicose
ligação  (1 ---> 4) OH

4
OH
O OH
O 4
OH
O
HO O 4
OH
1
O
HO 1 O 4
OH O
HO O
OH 1
O
OH HO 1

OH
Parte da estrutura de um polímero de celulose

Dos produtos vegetais, o algodão é o que contém a maior quantidade de celulose. Dentre as aplicações da
celulose, a principal sem dúvida é na fabricação de papel. Existem alguns derivados da celulose de grande importância
industrial, como por exemplo, os nitratos de celulose.
Os nitratos de celulose são obtidos pela nitração da celulose, utilizando-se uma mistura sulfonídrica
(HNO3/H2SO4); nessa nitração podemos obter mono, di ou trinitratos. O trinitrato de celulose é utilizado na produção de
explosivos (pólvora sem fumaça ou algodão-pólvora e gelatina explosiva). A celulose, por meio de uma nitração branda,
conduz a uma mistura de mono e dinitratos de celulose que recebe o nome de piroxilina, bastante empregada na
produção de seda artificial ou raiom, celofane, celulóide, etc.

O2N
O 2N
O O 2N
O O O2N
O O
O
O O O
O
O O
O 2N O O
O O
O 2N O 2N O O
O O
O 2N O 2N
O 2N O 2N O
trinitrato de celulose ou trinitrocelulose O 2N

2. LIPÍDEOS

Os lipídeos são materiais elaborados por organismos vivos que, por hidrólise, produzem ácidos graxos. Na
constituição desses materiais há predominância de ésteres de ácidos graxos (ácidos monocarboxílicos de cadeia normal,
que geralmente contém um número par de átomos de carbono). Abaixo a estrutura de um ácido graxo:

Primeira ligação dupla começa no sexta carbono


Ácido graxo ômega 6

1 3 5 8 11 13 15 17
2 4 18 OH
6 7 9 10 12 14 16

Veja os ácidos graxos mais freqüentes que aparecem esterificados nos lipídeos.

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Cadeia Nome Fórmula


Saturada Láurico H3C-(CH 2)10-COOH
Saturada Mirístico H3C-(CH 2)12-COOH
Saturada Palmítico H3C-(CH 2)14-COOH
Saturada Esteárico H3C-(CH 2)16-COOH
Insaturada (uma dupla) Oléico H3C-(CH 2)7-CH=CH-(CH2)7-COOH
Insaturada (duas duplas) Linoléico H3C-(CH 2)5-CH=CH-CH=CH-(CH 2)7-COOH
Saturada Cerótico H3C-(CH 2)24-COOH
Saturada Melíssico H3C-(CH 2)29-COOH

Os lipídeos são materiais brancos, insolúveis em água, untuosos ao tato e deixam mancha translúcida no
papel. Conforme sua constituição, os lipídeos classificam-se em glicerídeos, cerídeos, fosfatídeos e cerebrosídeos.

2.1 Glicerídeos

São materiais constituídos por uma mistura de ésteres de ácidos graxos e glicerol. Podem ocorrer no estado
líquido e no sólido. No estado líquido recebem o nome de óleos, havendo predominância de ésteres de ácidos graxos
insaturados, como, por exemplo, os ácidos oléico e linoléico. No estado sólido recebem o nome de gordura, com
predominância de ácidos graxos saturados, como o palmítico e o esteárico. Observe, a seguir, um éster que pode
aparecer na constituição de um glicerídeo.

HO
Ácido palmítico

OH
OH HO OH HO

Ácido palmítico O Glicerol O Ácido palmítico


propan-1,2,3-triol

Reação de esterificação

O
O O 3 H 2O
O O

Tripalmitato de glicerina

Os óleos são líquidos viscosos incolores ou levemente amarelados, de origem animal ou vegetal. São
divididos em:
a) Óleos comestíveis: óleo de algodão, de oliva, de amendoim, de dendê, de capivara, de baleia, de fígado de bacalhau,
etc.
b) Óleos secativos: são óleos de origem vegetal que apresentam alta porcentagem de ésteres de ácidos graxos
insaturados, como, por exemplo, o ácido linoléico. Possuem a propriedade de, em contato com o ar, se polimerizar,
produzindo resinas. Devido a essa propriedade são empregados em vernizes e tintas para alvenaria, pois, assim são
películas finas e resistentes. Os principais são: óleo de linhaça, de cânhamo, de oiticica e de rícino (mamona).

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As gorduras são sólidos brancos ou levemente amarelados, de origem animal ou vegetal, como a manteiga
de cacau, a manteiga de coco, a manteiga (leite), o sebo e a banha.
Os glicerídeos apresentam duas propriedades importantes:
a) Hidrogenação: os óleos submetidos à hidrogenação catalítica transformam-se em gorduras e recebem o nome de
margarinas.
b) Hidrólise alcalina: os óleos e gorduras sofrem hidrólise em meio alcalino, produzindo glicerol e uma mistura de sais
alcalinos de ácidos graxos, que recebe o nome de sabão; essa reação denomina-se saponificação.

O
O O

O O
Tripalmitato de glicerina
3 NaOH

O
+-
Na O
Sal sódico de ácido graxo = sabão!
OH
HO OH
-+ Glicerol +-
O Na Na O

Sal sódico de ácido graxo = sabão! O O Sal sódico de ácido graxo = sabão!

Quando a saponificação é feita com NaOH, obtemos uma mistura de sais sódicos de ácidos graxos no estados
sólido, que recebe o nome de sabão duro. Quando feita com KOH, obtemos uma mistura de sais potássicos de ácidos
graxos no estado líquido, que recebe o nome de sabão mole.
Os sabões são conhecidos são conhecidos desde a Antiguidade e sua ação detergente (limpadora) é bastante
complicada. Uma explicação simplificada pode ser dada da seguinte maneira: as estruturas que constituem o sabão
apresentam duas extremidades: uma polar, solúvel em água, e outra apolar, solúvel em óleos ou gorduras. Veja:

polar

apolar O polar
-+
apolar
O Na =

Suponhamos então, que se queira limpar um objeto que contenha óleo ou gordura como “sujeira”. Ao
fazermos a mistura do sabão com água, inicialmente formam-se as chamadas micelas. As micelas são agregados
moleculares em que a cadeia carbônica se orienta para o interior da estrutura. Essas cadeias se aproximam e passam a
interagir por dipolo induzido, ou forças de Van der Waals. A parte polar das moléculas se orienta para a parte externa do
agregado e interage com a água por ligação de hidrogênio. Na mistura de sabão, água e óleo (ou gordura), a parte
apolar de várias estruturas do sabão dissolve-se numa gotícula de óleo ou gordura, enquanto a parte polar dessas
estruturas projeta-se para o exterior da gotícula, ou seja, para o meio aquoso. Desse modo, a gotícula fica rodeada de
cargas negativas, ou seja, adquire carga negativa. Isso ocorre com todas as gotículas, que são arrancadas do objeto, pois
tornam-se, desse modo, “solúveis” em água. Observe o esquema a seguir.

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Estrutura do sabão Formação da micela Micela

parte polar

GORDURA
parte apolar

A parte apolar que interage


A parte polar que interage com as moléculas da gordura
com as moléculas de água fica voltada para o interior, como
fica voltada para o exterior que "aprisionando a gordura"

Logo, o sabão limpa ao “solubilizar”, ou melhor, emulsionar a gordura ou o óleo que constitui a “sujeira” ou
que contém a “sujeira”. Essa propriedade emulsionante (e, portanto, detergente) não é exclusiva dos sais de ácidos
carboxílicos de cadeia longa, mas de qualquer estrutura formada por uma longa parte apolar e outra polar. É o que
ocorre com as agentes de limpeza conhecidos simplesmente por detergentes, cujas estruturas são de sais sódicos de
ácidos sulfônicos e que possuem cadeia longa. Veja:

O
-+
O S O Na
O

3. AMINOÁCIDOS

Como já estudamos na química orgânica, cada composto orgânico pertence a uma determinada função
orgânica. Entretanto, existem compostos que pertencem simultaneamente a duas ou mais funções, ou seja, são de
função mista. Veja:

ácido carboxílico ácido carboxílico


O O

OH OH
OH NH2
álcool amina
Função mista = álcool e ácido Função mista = amina e ácido

Dentre esses compostos, têm grande importância os que apresentam as funções mistas amina e ácido: são
os aminoácidos.
A nomenclatura dos aminoácidos deve obedecer às regras da IUPAC. Assim, a numeração dos carbonos da
cadeia principal deve iniciar pelo grupo carboxila; ou, então, devemos nomear tais carbonos com letras gregas a partir
do carbono vizinho à carboxila. Observe alguns exemplos:

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O
4 2
5 3 1
...  OH
   

O O O

OH OH HO OH
NH2 NH2 NH2
ácido 2-aminoetanoico ácido 2-aminopropanoico ácido 2-amino-3-hidróxipropanoico
ácido -aminoetanoico ácido -aminopropanoico ácido -amino-  -hidróxipropanoico

O O O
HO
OH OH H2N OH
NH2 O NH2 NH2
ácido 2-amino-3-metilpropanoico ácido 2-aminobutanoidioico ácido 2,5-diaminopentanoico

Os aminoácidos se classificam em essenciais e não-essenciais. Os essenciais, ou indispensáveis, são aqueles


que o organismo humano não consegue sintetizar. Desse modo, eles devem ser obrigatoriamente ingeridos através de
alimentos, pois, caso contrário, ocorre a desnutrição. Assim, a alimentação deve ser o mais variada possível para que o
organismo se satisfaça com o maior número desses aminoácidos.
Dentre os aminoácidos essenciais, podemos citar: leucina, valina, isoleucina, lisina, triptofano, fenilalanina,
metionina e treonina.
As principais fontes desses aminoácidos sãoi a carne, o leite e o ovo.
Os aminoácidos não-essencias, ou dispensáveis, são aqueles que o organismo humano consegue sintetizar a
partir dos alimentos ingeridos.

3.1 Características físicas

Com relação aos α-aminoácidos, podemos dizer que são todos compostos sólidos incolores, sendo a maioria
de sabor adocicado, alguns insípidos e outros amargos. Com excessão da glicina, que é solúvel em água, os demais
apresentam solubilidade variável.
Analisando as fórmulas estruturais, percebemos que os α-aminoácidos, com exceção da glicina, apresentam
carbono assimétrico; assim, esses compostos apresentam atividade óptica, aparecendo quase sempre na forma
levogira.

Carbono assimétrico

O O

OH OH
NH2 NH2
Glicina Alanina

3.2 Proteínas

As proteínas, também chamadas de prótides, são compostos orgânicos de estrutura complexa e massa
molecular elevada (entre 15 000 e 20 000 000), e são sintetizadas pelos organismos vivos através da condensação de um
número grande de moléculas de α-aminoácidos, por meio de ligações denominadas ligações peptídicas. Essa estrutura
foi esclarecida pelo cientista Emil Fischer. Veja:

130

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pode reagir com o grupo ácido de outra molécula

pode reagir com o grupo amino de outra molécula


H H
H N H N O O
O H O
OH + H2 O
1
N 1 N
OH H OH R 2
R 2 H R
R

ligação peptídica

Assim, temos:
 duas moléculas de α-aminoácidos = dipeptídeo.
 Três moléculas de α-aminoácidos = tripeptídeo.
 ...
 Muitas moléculas de α-aminoácidos = polipeptídeo.

Evidentemente, as proteínas, por hidrólise, originam uma mistura de α-aminoácidos. Assim, aquecendo uma
proteína (por exemplo, a albumina existente no ovo), durante um tempo prolongado (24 horas), na presença de ácido
ou base fortes diluídos, ele se desdobra em seus α-aminoácidos.
As proteínas são substâncias sólidas, incolores, insolúveis em solventes orgânicos; algumas são solúveis em
água enquanto outras são solúveis ou e soluções aquosas diluídas de sais, ou em soluções aquosas de ácidos, ou em
soluções aquosas de bases, produzindo sempre coloides. Elas são essenciais à estrutura, ao funcionamento e à
reprodução de todas as células vivas e, juntamente com os glicídeos e lipídeos, consitutem a alimentação básica dos
animais. No organismo humano, durante a digestão, elas se hidrolisam cataliticamente no estômago sob a ação da
pepsina (suco gástrico) e da tripsina (suco pancreático) e no intestino (duodeno) sob ação da erepsina.
São muitas as fontes de proteínas, e o número desses polipeptídeos existentes na natureza é praticamente
infinito, embora o número de α-aminoácidos seja apenas cerca de 25.

Proteína Onde se encontra


Insulina Pâncreas
Pepsina Suco gástrico
Hemoglobina Sangue dos vertebrados
Albumina Ovo, leite, sangue
Caseína Leite
Queratina Chifre, unha, casco de animais
Amandina Amêndoas
Hemocianina Sangue de invertebrados
Clorofila Vegetais verdes

3.3 Enzimas

Chamamos de enzimas as proteínas complexas (heteroproteínas ou proteínas derivadas) que atuam como catalisadores
biológicos. Assim, as reações que ocorrem nos organismos vivos são catalisadas pelas enzimas. Em muitos casos, as enzimas atuam
na própria célula em que são formadas, daí serem chamadas de enzimas intracelulares ou endoenzimas. Em outros casos, atuam
fora da célula em que são produzidas, daí serem chamadas de enzimas extracelulares ou exoenzimas. Elas são compostos facilmente
o
destruídos pelo calor (temperatura acima de 70 C), por agitação intensa, por ondas ultravioleta e ultra-sonoras, por substâncias
como o cianeto de sódio, o fluoreto de sódio, traços de metais pesados, ácidos, bases, etc.
Quanto à ação, a teoria mais aceita é a de que a enzima e a substância sobre a qual vai agir (chamada substrato)
formam um composto intermediário que, posteriormente, sofre um desdobramento, regenerando a enzima. Elas são catalisadores
altamente específicos, ou seja, para cada substrato devem existir poucas (ou apenas uma) enzimas. A nomenclatura é feita a pa rtir
do nome do substrato sobre o qual a enzima atua, seguida da terminação ase. Por exemplo, urease, que catalisa a hidrólise da
ureia; maltase, que catalisa a hidrólise da maltose.

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GQI 109 – Química Orgânica 2 – Prof. Sérgio Scherrer Thomasi

Baixado por Yabakoji (yabakoji17@gmail.com)

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