Você está na página 1de 55

Química II

MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA DO AMBIENTE

2º Semestre - 2011/2012

Doutor João Paulo Noronha


jpnoronha@fct.unl.pt

(XXV)
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
Faculdade de Ciências e Tecnologia
syn  anti

Química II 2
Alcinos: A ligação tripla C≡C
Nomes: Como nos alcenos, mas o sufixo
-eno passa a –ino.
4
1 3 6
5
4 2 2
HC CH 5 1
3 Br
Etino Pent-1-ino 5-Bromo-hex-2-ino

1
Prioridade: 2
3
OH Prop-2-in-1-ol
-ol> -ino
Química II 3
Quando o alcino contém também ligações duplas,
denomina-se enino.
2
1
3 4
2 6 3

1 5 4
5
Hex-3-en-1-ino 6 Hept-1-en-4-ino
7

Quando a ligação tripla está equidistante da


extremidade: primeiro eno (ordem alfabética)
2
1
3
Pent-1-en-4-ino
4
Química II 5 4
Substituintes:
1

Etinilo 2
2-Propinilo
(ou propargilo)

Anéis: O nome segue a regra dos hidrocarbonetos:


O R menor é um substituinte (ignorar a função)

3-Ciclobutil-hex-1-ino Etinilciclo-hexano
Química II 5
Duas ligações π perpendiculares; hibridação sp
R C C R

Química II 6
C-C C=C C≡C
d(A) 1,54 1,33 1,20
Química II H(kcal.mol-1) 83 146 200 7
7
A Ligação Tripla é Energética
ΔH ° HC CH H2C CH2 H3C CH3
Kcal mol-1 229 173 90

Calor de hidrogenação: Mais do que duas ligações duplas 


(seria ~ -60 kcal mol-1)

Química II 8
Propriedades dos alcinos

Química II 9
9
Propriedades dos alcinos

C sp3 C sp

H3CH2CC CH H3CH2CHC CH2 H3CH2CC CCH2CH3

0,8 D 0,3 D 0 D

RC CH + NH2 RC C: + NH3

pKa~25 pKa~35

HC CH H2C CH2 H3C CH3

sp sp2 sp3

pka 25 44 50

AgNO3
Química II RC CH RC CAg (pp B)
álcool 10
Maçarico de Acetileno

Soldadura metálica: elevada temperatura >2500º C (combustão do acetileno)


Química II 11
- K -
Acidez: RC C H + :B R C C: + HB

pKa ~ 25 ! CH2 CH2 44, CH3 CH3 50

Porquê ? 50% de carácter s

Os hidrogénios ficam mais acídicos (azul)


Química II 12
Uso Sintético da Acidez
+ Li ou - ++
Li Li
pKa 25 pKa 50

+ CH3MgBr MgBr + CH4


Reagente de Grignard

+ -: -: NaNH2
H H + Na NH2 H
:

1 equiv. +- - +
Na :C C : Na
+ NH3
Química II pKa 33
Espectro de IV :
picos diagnóstico para a ligação tripla e H ligado.

forte

υ~ (RC CR’) = 2120 cm-1 ;


~
υ (RC C H) = 3300 cm-1

Química II 14
Química II 15
Estabilidade dos Alcinos:
Calores de Hidrogenação Revisitados
Cat. especial
HC CH + H2 CH2 CH2 ΔH ° = -44.9
kcal mol-1

Cat.
CH2 CH2 + H2 CH3 CH3 ΔH ° = -32.7
kcal mol-1

Primeiro a ligação Π possui maior “conteúdo de


calor”, é também mais reativa. Permite:
A R2 A B
R1 C C R2 + A B C C + C C
R1 B R1 R2
Síntese estereoseletiva de alcenos 16
Reações dos Alcinos
Hidrogenação catalítica

Pt

Química II 17
Alcinos internos são mais estáveis
que os terminais

cat. ΔH ° = -69.9 kcal mol-1


+ H2

+ H2
cat. ΔH ° = -65.1 kcal mol-1

Comportamento semelhante aos alcenos.


A mesma razão: hiperconjugação.
Química II 18
H H
Pd/BaSO4
C2H5 C C C2H5 + H2 C C
C2H5 C2H5
N
cis
catalizador de Lindlar
Química II Adição syn 19
Reações dos Alcinos
Redução

Química II Adição syn: H2, Lindlar ≠ Adição anti: Na, NH3(liq) 20


Reações dos Alcinos
Adição Y(Z) Z(Y)
Y-Z
C C + Y-Z C C C C
Y Z
Y Z
cis ou trans

Ácido-Base

C C-H + B: C C: + BH

acetileto
Química II 21
Preparação
1.Eliminação E2 de Dihaloalcanos

X X
-B: H -B:
C C C C C C
X
H H
NaNH2 H+, H2O
excesso work-up
Br NH3 liq.
Br Na 75%

Química II 22
Aplicação em síntese:
RCH CHR R C C R

Br
Br2 Br
Br
Br
NaNH2
NH3 liq

Hexa-1,5-diino

Química II 23
Mecanismo:
Na dissolvido em amónia, origina eletrões “solvatados”

1ºPasso: transferência de um eletrão 3ºPasso: 2ª transferência de um eletrão

anião alceno

Radical anião alcino


4ºPasso: 2ª protonação
2ºPasso: 1ª protonação

alceno trans

radical alceno

Equilibrio entre
cis e trans (mais estável)
C2H5 H
Na NH4OH
C2H5 C C C2H5 C C
NH3 liq.
Química II H C2H5 24
trans
Reações
1. Reduções a. Hidrogenação completa
H2, Pt
100%
b. Hidrogenação parcial: Catalisador de Lindlar
“Envenenado”: cis ! O
Pd-CaCO3, Pb(OCCH3)2, quinolina
N
H2, Lindlar H H
100% cis-Hept-3-eno

c. Redução Na: trans ! Via transferência de 2e


NH3 liq. H
+ Na°
86%
Química II Htrans-Hept-3-eno
2.Adições eletrofílicas. Como nos alcenos.
a. HX:
Alcinos internos + -
R X
R R + H+ C C R Anti ao H;
sp
H sp
2
empurra R
trans

R X
Ressonância com X
X -
H+ + X
C C Markovnikov RCH2 C RCH2CX2R
H R R Dihaleto geminal

HX X H HX
RC CH C C RCX2CH3
R H
Química II Dupla adição Markovnikov 26
Exemplos: Br Br
HBr

I I
HI + I I

Cl Cl
HCl

Nota:
Br2 NaNH2 HBr
Br
NH3 Br Br
Br
Vicinal Geminal
Química II 27
b. X2: Adição anti, como nos alcenos
Br CH3
Br2
CH3
Br
Br Br
Br2
Br Br

c. Cat. HgSO4, hidratação H2O, Markovnikov


O
Cat. HgSO4 H R Tautomerização
RC CR H2O C C RCH2CR
H+ ou -OH
Não R OH catalisada
necessita
Química II NaBH4 Instável 29
Sistemas π Deslocalizados
Relembrar a ligação dupla
Trigonal
A ligação π é rica
em e-: E+ ataca,
R∙ adiciona)

Os lobos das orbitais p :


Perpendiculares aos das
orbitais sigma e paralela
a cada um.
Química II 37
Dienos Conjugados
Acumuladas C C C (Alenos)

Conjugadas
C C
C C

Isoladas C C nC C n1
Hh (kcal.mol-1) Hh

- 30,3 -

- 60,3 ~0

- 57,1 3,5

CH2=CH-CH=CH2 CH2-CH=CH-CH2 CH2-CH=CH-CH2

Química II 38
2-Propenilo (Alilo)
H

Questão: E a adição da 3ª orbital p.


adjacente à ligação dupla?
Tal é algo especial?
ou: Exite alguma reatividade especial
nos carbonos adjacentes à ligação
dupla?
Química II 39
Substituindo um dos hidrogénios do eteno por
outro carbono de hibridação sp2 origina um
sistema alílico.
Posição alílica

Observações:

a. H H
87 kcal mol-1: fraca! 101 kcal mol-1

L Reatividade SN1 do carbono alílico


b.
SN1 carbono tipo RsecX, apesar de ser
primário !
H H
c. B B
pKa ~ 40: Acídico ! 50
Química II 40
Claramente: os Alílico+-· estão estabilizados.
Porquê? Ressonância !

CH2 H2C

CH2 H2C

CH2 H2C

Notação: linhas tracejadas

Química II 41
OM do 2-Propenilo (Alilo)
3 p Os 3 OMs
Relembrar: as ligações obtêm-se
por sobreposição
.
H + H
. H H E

H + + H + Em fase + H H+ Ligante

H+ + H- Fora de
+H H - Anti-ligante
fase
Nodo
Sinal da função de onda,
Não carga ! 42
σ*
π*
π
E
σ
CH 2 C H2

O que acontece quando


interage com outra orbital p ?
Interações da orbital desemparelhada p com cada
uma das orbitais moleculares π
1) As interações com a orbital
ligante π causa troca de π* sobe
OM não
ligante
energia : o nível energético
da orbital p sobe e o nível da
π*
orbital ligante π desce.
0 p

2) As interações com a orbital inalterado


antiligante π faz com que o E π
nível de energia da orbital p
desça para o nível de energia π desce
inicial e o da orbital
antiligante π suba. Os dois
efeitos na orbital p anulam-
se e as duas orbitais π são
afastadas.
Eteno Alilo Orbital p
# de e
depende
de +,·,-

π* e
localização
0 p terminal
E π

H
C

H2 C CH2
Química II 45
Reatividade da Posição Alílica
A. Halogenação Radicalar
CH2 CHCH3 + Br2 CH2 CH CH2Br + HBr
Bx conc. Mais rápido que a adição !
Mecanismo:

Iniciação: 1. Br2
hυ ou Δ
2 Br
. .
CH2 CH CH
.
2

Propagação: 2. CH2 CHCH3 + Br .CH CH CH2


2

CH2 CH CH
. + HBr
2
Br2 .
.CH CH CH2
CH2 CH CH2Br + Br
2
Terminação:

. .
Br + CH CH CH2 BrCH2CH CH2
2

3. Br
. + Br
. Br2
.
2 CH CH CH2 CH2 CHCH2 CH2CH CH2
2

Qualquer coisa que armadilhe radicais, incluindo o “lixo” das


paredes do balão reacional , contribuem para a terminação.

Química II 47
B. SN1: O Catião Alílico é Estabilizado
+
CH3CH CH CH2
H2O
CH3CH CHCH2Cl -
- Cl +
CH3CH CH CH2

lento rápido

CH3CH CHCH2OH CH3CHCH CH2


Produto OH
Termodinâmico
Produto
Cinético
Catião
E Cinético

Termodinâmico
48
Química II
C. SN2: O ET Alílico está estabilizado


Cl δ-

CH3CH CHCH2Cl + NaI CH3CH CH C

100 x mais rápido I δ-


que Cl

-
CH3CH CHCH2I + Cl
Química II 49
Propa-1,2-dieno
É um Aleno (duplas acumuladas) - Duas ligações  perpendiculares

Química II 51
Ligações Duplas Conjugadas

C C C C C C C C ?

Nomenclatura: cis /trans E /Z

Química II 52
Estabilidade: Calores de hidrogenação
ΔH˚

CH3(CH2)3CH CH2 + H2 -30.3

+ 2 H2 -60.5
Hexa-1,5-dieno

Mas: + 2 H2 -57.1
Buta-1,3-dieno

Energia de ressonância do butadieno ~ 3.5


Química II 53
Estrutura
Buta-1,3-dieno

Curta! (normal/ 1.54 Å)

Química II 54
Buta-1,3-dieno

Química II 55
A conjugação é estabilizada termodinamicamente, mas também
aumenta a reatividade, por exemplo em adições eletrofílicas

CH3 CH3
+ HCl

O catião intermédio é também estabilizado

Adição 1,2- - -
Cl Cl Adição 1,4-
(Cinético) (Termodinâmico)
Cl C H3
C H3 + cis
Cl

Química II
Controlo Cinético vs Termodinâmico
Reações dos Dienos Conjugados
Adição radicalar

HBr BrCH2-CH-CH=CH2
CH2=CH-CH=CH2
ROOR

BrCH2-CH=CH-CH2

radical alilo

BrCH2-CH2-CH=CH2 + BrCH2-CH=CH-CH3 + Br.

1,2 1,4
Química II 62
Polimerização de dienos conjugados
HC CH2
H
* C C * 1,2
H n

H H
n CH2=CH-CH=CH2 C C 1,4 cis
* CH2 C *
H2 n

H H2C *
C 1,4 trans
* CH2 H
n

* Copolímero
*
n n Poliisobutileno/isopreno

Terpenos Terpenóides
H3C CH3
(C5H8)n

mentol OH
cânfora
H3C
a-pineno b-pineno H3C
CH
CH3 O
Química II 63
limoneno
Conjugação Extensa
CH 3
+ HBr Termod/ 1

Bastante reactivo CH 3
- Cinético
Br
Três produtos
CH 3
Termod/ 2

Maior # de ligações duplas, mais sensível (reativo)


é o polieno.
Química II 64
Ciclo-hexatrieno é Especial - Benzeno

O sistema cíclico com 6 electrões possui


estabilidade especial, denominada aromaticidade.

O Benzeno é relativamente inerte a H2-catalítica,


eletrófilos, oxidantes, em comparação com o
hexatrieno.
Química II 65
Conjugação Extensa em Produtos
Naturais e Artificiais

Cor laranja das cenouras

Degradação
Biológica

Visão

Química II 66
Condutores Orgânicos

Primeiro polímero orgânico condutor


Heeger, MacDiarmid, Shirakawa, Prémio Nobel 2000
Química II
Díodos Emissores de Luz (LEDs)

Você também pode gostar