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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2017.0000439784

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1029094-55.2016.8.26.0053 e código 5FF5075.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação / Reexame


Necessário nº 1029094-55.2016.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é
apelante INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS e Recorrente
JUIZO EX OFFÍCIO, é apelado DAVID JUNIOR MORAES DAMASCENO.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por NELSON PASCHOAL BIAZZI JUNIOR, liberado nos autos em 21/06/2017 às 13:22 .
ACORDAM, em 17ª Câmara de Direito Público do Tribunal de
Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte aos
recursos. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


ALBERTO GENTIL (Presidente) e RICARDO GRACCHO.

São Paulo, 20 de junho de 2017

NELSON BIAZZI
RELATOR
Assinatura Eletrônica
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São Paulo

Apelação sem revisão nº 1029094-55.2016.8.26.0053

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Apelante: Instituto Nacional do Seguro Social INSS

Apelado: David Junior Moraes Damasceno

Comarca: São Paulo 4ª Vara de Acidentes do Trabalho

Juiz de Direito: Rafael de Carvalho Sestaro

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por NELSON PASCHOAL BIAZZI JUNIOR, liberado nos autos em 21/06/2017 às 13:22 .
VOTO Nº 19.775

ACIDENTE DO TRABALHO AUXÍLIO-DOENÇA


ACIDENTÁRIO Conversão do auxílio-doença
previdenciário em seu homônimo acidentário
Inadmissibilidade Ausência de pedido expresso na inicial
Decisão ultra petita Configuração Tendinopatia dos
membros superiores – Nexo causal e incapacidade total e
temporária comprovados Indenização infortunística
devida JUROS DE MORA E ATUALIZAÇÃO
MONETÁRIA: incidência da Lei n. 11.960/09
Modulação dos efeitos do julgamento das ADIs n. 4.357 e
4.425 limitada à fase de precatório Na fase de
conhecimento e na execução antes da fase de precatório a
questão ainda se encontra pendente em incidente de
Repercussão Geral (Tema n. 810 RE n. 870.947/SE)
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS: fixação na fase de
execução, consoante o disposto no art. 85, § 4º, inciso II, do
CPC/2015 Recurso autárquico e reexame necessário
parcialmente providos.

Adoto, inicialmente, o relatório da r. sentença


(fls. 85/88) e acrescento que a presente ação acidentária foi julgada parcialmente
procedente para condenar a autarquia a converter os auxílios-doença previdenciários
em seus homônimos acidentários, bem como a pagar: auxílio-doença acidentário, a
partir do dia seguinte à última alta médica; abono anual; juros de mora e atualização
monetária de acordo com a Lei n. 11.960/09; honorários advocatícios de R$

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1.000,00; despesas processuais; reajuste da renda mensal inicial observando-se os

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mesmos índices previdenciários aplicados aos benefícios em manutenção. Concedeu
a tutela de urgência para imediata implantação do benefício. Determinou o reexame
necessário.

O INSS recorreu (fls. 71/78), pleiteando a


inversão do julgado, ao argumento de que: as manobras realizadas no exame físico

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por NELSON PASCHOAL BIAZZI JUNIOR, liberado nos autos em 21/06/2017 às 13:22 .
possuem caráter subjetivo e dependem da participação do segurado; a lesão mínima
não é amparável, sendo indispensável a efetiva redução da capacidade laborativa;
houve retorno ao labor; não realizada vistoria no local de trabalho; ausente emissão
de CAT pelo empregador; o afastamento foi concedido na espécie previdenciária.
Subsidiariamente, requereu a suspensão do benefício nos períodos de trabalho, bem
como a observância da Lei n. 8.213/91 no tocante à renda mensal inicial.

O autor apresentou resposta (fls. 87/89).

É O RELATÓRIO.

Preliminarmente, observo que a inicial não


veicula qualquer pleito de conversão de benefício em seu homônimo acidentário, de
tal sorte que a condenação da autarquia nesse particular configurou decisão ultra
petita, sendo de rigor sua anulação parcial, reduzindo-se a abrangência da prestação
jurisdicional ao pleito concessivo.

Conforme relatado, cuida-se de ação acidentária


movida por trabalhador contra o INSS, alegando que durante o vínculo empregatício
mantido com a empresa mencionada na inicial, desempenhando a função de pintor
de autos, sujeitava-se a condições agressivas de trabalho, experimentando
tendinopatia dos membros superiores e consequente diminuição de sua capacidade
laboral. Requer benefício acidentário.

Compulsando os autos, verifica-se a emissão de


Comunicação de Acidente de Trabalho CAT (fls. 17) e a concessão administrativa
de auxílio-doença previdenciário (n. 31/615.973.302-1 fls. 57), com cessação

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programada para 08.11.2016.

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Realizada perícia médica judicial (fls. 41/48), em
anamnese clínica, concluiu o perito (in verbis):
“Incapacidade total e temporária para o
desempenho das atividades de pintor decorrente
de patologia inflamatória em ombros. Concausa
estabelecida. Passível de tratamento e pleno

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restabelecimento.” (fls. 48)

O laudo pericial foi bem fundamentado e não


combatido cientificamente por assistente técnico indicado nos autos, prestando-se
como prova técnica hábil à formação do livre convencimento do juízo.

O nexo causal/concausal e a incapacidade total e


temporária restaram demonstrados pelo mencionado trabalho, asseverando o expert
que o periciando é portador de síndrome do impacto agravada pelo exercício do
trabalho, devendo evitar tarefas braçais que demandem movimentos de elevação e
abertura do braço acima da linha média dos ombros e com emprego de força, os
quais se fazem presentes na atividade costumeira.

Saliento que o grau da lesão, elemento que nem


sequer foi abordado no trabalho pericial, não impede o amparo infortunístico,
bastando para tanto o cumprimento dos requisitos elencados na Lei de Benefícios,
como ocorreu no presente caso.

O fato de o autor haver retornado ao trabalho


não tem o condão de afastar a incapacidade laboral, visto que não é plausível exigir-
se que o obreiro permanecesse durante todo o processo de conhecimento sem
perceber remuneração, aguardando o desfecho da ação acidentária.

Não se pode olvidar que o segurado, embora


acometido de incapacidade total, necessitava de uma remuneração mensal para sua
sobrevivência e de sua família, obrigando-se, mesmo adoentado, a exercer atividade
laborativa ainda que mediante grande esforço físico e sofrimento.

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Cumpridos, pois, os requisitos legais, a

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reparação infortunística é de rigor.

Todavia, deve ser determinada a suspensão do


benefício nos casos de concessão de auxílio-doença pelo mesmo fato gerador, até a
efetiva implantação da benesse ora deferida.

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A apuração dos juros de mora e da correção
monetária dos atrasados dar-se-á na forma do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a
redação introduzida pela Lei n. 11.960/09, ainda em vigor, considerando-se que a
questão relativa à sua eficácia encontra-se pendente de decisão de Repercussão
Geral (Tema n. 810 RE n. 870.947/SE) e que a recente modulação dos efeitos nas
ADIs n. 4.357 e 4.425, pelo Plenário do C. STF, restringiu-se a feitos com
precatório já expedido.

As questões relacionadas ao período posterior ao


da homologação da conta de liquidação (índice de atualização do precatório,
incidência de juros, dentre outras) deverão ser apreciadas na fase de execução.

Por fim, os honorários advocatícios deverão ser


fixados em execução, tendo em vista o disposto no art. 85, § 4º, inciso II, do NCPC.

Destarte, pelo meu voto, dou parcial provimento


ao reexame necessário e recurso autárquico, nos termos deste acórdão, mantendo, no
mais, a r. sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos.

Nelson Paschoal Biazzi Júnior


Relator

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