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LAUDO PERICIAL

Ação Civil Pública Nº 037/1.04.0002993-4

Comarca de Uruguaiana

Artur Renato Albeche Cardoso – Perito


João Paulo Steigleder - Auxiliar do Perito
Nilo Barbosa – Auxiliar do Perito
LAUDO PERICIAL

AÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 037/1.04.0002993-4

COMARCA: URUGUAIANA

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO


SUL

RÉU: VISATEC – CONSTRUÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA

PARTICIPANTES:

Químico Artur Renato Albeche Cardoso – SEMA - Perito


Biólogo João Paulo Steigleder – DEFAP/SEMA – Auxiliar do Perito
Geólogo Nilo Barbosa – FEPAM/SEMA – Auxiliar do Perito

OBSERVAÇÃO: Conforme já identificado pelo Juízo (fl. 106): “No


presente caso não há elementos nos autos que comprovem os danos
causados à região.”
Assim, como os dados disponíveis na Ação Civil Pública não caracterizam
suficientemente a degradação ambiental decorrente da atividade, buscou-se
o apoio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, com a designação de
dois profissionais, um de geologia e outro de biologia, especialistas em
suas áreas de atuação, para melhor caracterizar os impactos ocorridos.

1 – QUANTO À PERÍCIA:

1.1 - Data da realização: 07.04.2008.

1.2 - Local: Rua Setembrino de Carvalho, Vila Júlia.

1.3 – Município: Uruguaiana.

1.4 - Hora de início: 15h 45min.


1.5 - Hora do término: 17h.

1.6 - Contatos mantidos:

1.6.1 - no local:
- Sr. Luiz Telechea: proprietário da área vizinha àquela
que foi periciada;
- Sr. Gladimir: morador (inquilino) do novo proprietário
da área periciada;
1.6.2 – fora do local:
- Sra. Patrícia Castilla Braccini: Gerente-Administrativa
da empresa Johrmann Mineração e Terraplanagem, atual
proprietária da área periciada.

1.7 - Comunicação prévia: Este perito comunicou ao 3º Cartório


Cívil por telefone e via e-mail que a perícia seria realizada no dia 7
de abril de 2008 por volta das 16h, sem que tenha havido resposta do
contato mantido. No momento da perícia só estavam presentes o
perito e seus auxiliares.

1.8 - Equipamentos utilizados:

1.8.1 – GPS:
Aparelho marca Garmin, modelo GPSMAP 76C, com 12
canais de recepção, n.º fabricação 74033528, n.º patrimônio
FEPAM 8660-4.
1.8.2 - Máquina fotográfica:
Aparelho marca Sony, modelo DSC-S600, 6,0 mega pixels de
resolução, n.º fabricação 6115654, n.º patrimônio FEPAM
8619-5.

1.9 – Outros recursos/ferramentas de apoio utilizados:

1.9.1 – Google Earth:


Utilização das imagens do programa Google Earth para
apresentar as características da área sob perícia.
2 – PERÍCIA PROPRIAMENTE DITA:

2.1 - Considerações iniciais:


Inicialmente cabe chamar a atenção que o perito e seus auxiliares optaram
pela não utilização da expressão “dano ambiental” uma vez que há
inúmeras interpretações quanto ao seu conceito e alcance, não havendo
uma conceituação legal propriamente dita. Por esta razão será utilizado o
termo degradação ambiental1, cujo conceito está consignado no inciso II do
artigo 3º da lei federal nº 6.938/81 e que, por esta razão, admite uma faixa
mais restrita de interpretação.
O critério adotado por este perito em ter como auxiliares um biólogo e um
geólogo prende-se ao fato de que não há nos autos a descrição, com
clareza, da degradação ambiental decorrente da atividade e seus impactos.

2.2 - proprietário da área:


Ao chegarmos nas proximidades do local a ser periciado contatamos com o
Sr. Luiz Telechea, proprietário de uma saibreira adjacente àquela que seria
periciada, que nos informou que o Sr. Rui Bitencourt Charão havia vendido
a sua área para o Sr. Johannes Fuhrmann (Rua dos Andradas nº 829,
Uruguaiana).
Já, no local da perícia existe uma casa com uma família de moradores
sendo que o Sr. Gladimir informou que aluga a casa do Sr. Johannes
Fuhrmann.
Solicitamos autorização para adentrar a área, o que nos foi concedida.

2.3 - descrição da área no momento da perícia:


Trata-se de uma área de aproximadamente 2 ha a qual se encontra bastante
modificada da sua condição original pela realização da atividade de
extração mineral.
Houve períodos em que tal atividade foi realizada sob a guarda da Licença
de Operação fornecida pela Fundação Estadual de Meio Ambiente -
FEPAM. Houve outros períodos em que a atividade se manteve, porém,
sem o respectivo instrumento autorizativo. Atualmente, a atividade
encontra-se licenciada, porém, a área foi vendida.

1
Degradação da qualidade ambiental: A alteração adversa das características do meio ambiente; Lei
Federal. Nº 6.938/81, art. 3º, inciso II
De acordo com a Sra. Patrícia Castilla, Gerente-Administrativa da empresa
Johrmann Mineração e Terraplanagem Ltda (atual proprietária da área), a
licença ainda em nome de Rui Bittencourt Charão encontra-se em processo
de renovação através do processo administrativo FEPAM n.º 12330-
0567/07-9. Deve ser transferida a responsabilidade ambiental para o novo
proprietário.
Independentemente da situação da área em termos das licenças ambientais,
o local não apresenta sinais do cumprimento das licenças concedidas ao seu
tempo, ou seja, não foram implantadas as medidas de recuperação cabíveis
durante a fase de exploração mineral, razão pela qual, fica evidenciada a
extração dos recursos minerais2 e a respectiva degradação ambiental
decorrente.

2.3.1 – Quanto ao ambiente físico:

2.3.1.1- ar: no momento da perícia não foi possível


constatar qualquer sinal de que o ar tenha sido afetado
pela realização da atividade, portanto, considerado sem
impacto.

2.3.1.2 - água:
Não foi constatada durante a vistoria exposição do
lençol freático nem corpos hídricos dentro da área. Não
se verificou indícios ou vestígios de contaminação por
quaisquer materiais provenientes da extração.

2.3.1.3 - solo:
Como em quaisquer atividades de lavra, o solo é o
primeiro material a ser removido. Por tal, esta camada
superior ao minério deveria ter sido acumulada em
locais próprios para a recomposição e recobertura nos
processos de recuperação do local exaurido. Foram
constatadas algumas pequenas pilhas de material
superior da coluna de solo, mas insuficiente para uma

2
Recurso mineral: Elemento ou composto químico formado, em geral, por processos inorgânicos, o qual
tem uma composição química definida e ocorre naturalmente, podendo ser aproveitado economicamente;
Lei Estadual nº 11.520/00 art.14, inciso XLVI
recuperação adequada bem como se entende que não
corresponde ao volume da área decapeada.

2.3.2 - ambiente biótico:

2.3.2.1 – Fauna: mesmo no momento da realização da


presente, em que não estava em andamento qualquer
atividade que pudesse ser considerada como
degradatória, indiscutível é o fato de que houve uma
interferência, sim, sobre os constitutivos faunísticos
naturalmente ocorrentes no local. Por se tratar de uma
gleba que resguarda características de área rural, é
natural que a fauna anteriormente ocorrente no local
dizia respeito a essa condição em particular.Foram
encontradas evidências, no momento de realização da
presente, da ocorrência de mamíferos de porte médio no
local, como da lebre (Lepus europaeus), por exemplo,
através de restos fecais observados em mais de um
ponto em particular ao longo do terreno percorrido. Pela
tipologia florística residual disponível, característica da
área em que ocorreu a intervenção ensejadora desta
atividade, comparável com a área limítrofe com
intervenções antrópicas não tão pronunciadas e
causadoras de uma significativa alteração da biota local,
é possível afirmar que ali ocorriam exemplares
representativos da fauna nativa, tais como graxaim-do-
campo (Pseudalopex gymnocercus), preá (Cavia aperea) e
zorrilho (Conepatus chinga). Decorrente de observação
direta, a avifauna local tem como expoentes espécimes
de anu-branco (Guira guira), tico-tico (Zonotrichia caoensis),
calhandra (Mimus saturninus), quero-quero
(Vanellus Chilensis), perdiz (Nothura maculosa)
Conveniente ser salientado que os animais componentes
de grupos taxonômicos mais evoluídos e de
comportamento terrestre, não foram predados ou
levados a uma situação de perecimento imediato. Como
o avanço impactante à área em questão não se deu de
forma imediata ao início das atividades, estes espécimes
tiveram plena oportunidade de migrarem para outros
remanescentes adjacentes, e gradualmente se adaptarem
a essa situação de alteração do seu habitat, logrando,
assim, plenas condições de sobrevivência ao longo do
tempo.
Não restaram elementos e sequer se dispunham de meios
no momento da presente, para que fosse avaliado o
eventual impacto sobre a microfauna superficial e sub-
superficial do solo existente e impactada por ocasião do
decapeamento prévio necessário a propiciar o acesso à
jazida objeto de exploração.

2.3.2.2 – Flora: O local onde se insere a presente área objeto de


perícia, com dimensões já mencionadas anteriormente,
pode ser caracterizada botanicamente como sendo
representativa da Região da Estepe Riograndense
(Campanha), com um relevo suavemente ondulado, com
uma dominância vegetal representada por gramíneas em
geral. Por limitações impostas pela pouca profundidade
do solo no local, os esparsos exemplares de vegetais de
porte mais avantajado naturalmente ocorrentes na área
eram representados, na grande maioria, por espécimes
de Espinilho (Acacia caven) e eventualmente alguns raros
exemplares de Cina-cina (Parkinsonia aculeata), os quais
não deveriam ultrapassar o porte de arbusto, com altura
máxima situada entre 2,5m e 3,0m. Em razão das
características vegetativas destas 2 espécies, pode ser
afirmado que estas não eram imprescindíveis ou
determinantes à sobrevivência da fauna associada, por
não propiciarem uma condição alimentar diferenciada a
estes constitutivos bióticos. Sua interação está mais
intimamente associada a avifauna ocorrente,
principalmente na forma de abrigo eventual e
temporário a estes elementos faunísticos (pouseiro).

2.3.3 - Área degradada: 101m x 98m= 9.898 m2 .


2.3.4 – Estimativa da quantidade extraída
(Cubagem): 101m x 98m x 2,5 (altura)= 24.745 m3 .

2.3.5 - Valor de mercado do bem extraído: de acordo com


informações colhidas junto ao sr. Luiz Telechea e a Sra.
Patrícia Castilla o valor de mercado do produto comercial é de
R$ 8,00/m3. Desta forma os responsáveis pela degradação
ambiental se beneficiaram com, aproximadamente, a valores
de hoje: R8,00 x 24.745 m3 = R$ 197.960,00 (cento e
noventa e sete mil e novecentos e sessenta reais).

2.3.6 - Custo estimado da recuperação: o custo de


recuperação da área degradada oscila entre 8 e 10% do preço
de venda do material extraído. Adotou-se o valor médio de
9,00%, portanto, corresponde a: R$ 17.816,40 (dezessete mil
e oitocentos).

2.3.7 - Quanto a recuperação:


Os procedimentos de recuperação da área em questão são
simples, adequados e de fácil efetivação:
1. O atual piso deve ser definido como a cota de arrasamento
(profundidade final), não devendo ser aprofundado sob
nenhuma hipótese; atualmente está na cota 54 m,
aproximadamente.
2. Implantar imediatamente o cortinamento vegetal nos
limites da extração, com no mínimo duas linhas de
espécies arbóreas nativas e características da região.
3. Os taludes deverão ser recuperados estabelecendo um
ângulo em torno de 45 graus, por meio de transporte de
material a ser acostado ao talude atual, de modo a
estabilizá-lo.
4. Implantar, após a conformação dos ângulos do
taludamento, uma cobertura com uma camada de solo
orgânico (em geral, o próprio solo do local separado antes
da lavra) com espessura entre 25 a 30 centímetros.
5. Implantar cobertura vegetal para estabilizar os taludes e
evitar a ação dos processos erosivos principalmente do
escoamento superficial das águas pluviais.
6. Implantação de uma bacia de captação de águas de
escoamento superficial com capacidade adequada para a
área bem como sistema de drenagem para levar a água
para o local determinado.

2.3.8 - Situação quanto ao licenciamento:


A empresa Rui Bitencourt Charão - FI está atualmente
licenciada através da LO-4263/2004, por meio do processo
administrativo n.º 2439-0567/04-9, com validade até
22.04.2008. O histórico do licenciamento é o seguinte:

HISTÓRICO
Processo adm. Data documento vigência
protocolo
7520-2067/98-1 22.01.1998 LO-2019/99 28.05.1999 até
11.04.2000
10054-0567/00-9 03.07.2000 Indeferimento de -
Licença 024/2002
12284-0567/00-0 15.08.2000 LO-4873/01 05.11.2001até
27.10.2002
2439-0567/04-9 13.02.2004 LO-4263 23.04.2004até
22/04/2008
12330-0567/07-9 20.12.2007 Em análise -

A empresa apresentou lacunas de licenciamento durante os


períodos de 12.04.2000 a 04.11.2001 e 28.10.2002 a
23.04.2004.
3 – QUESITOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO (fl. 109: verso) E AS
RESPOSTAS DO PERITO:

1 – Se houve dano ambiental no local periciado decorrente da


extração de basalto;
RESPOSTA DO PERITO:
Toda a atividade de extração mineral produz degradação
ambiental, portanto, sim.

2 – Se a área explorada é considerada de preservação


permanente3;
RESPOSTA DO PERITO:
Não, uma vez que o “recurso hídrico” mais próximo encontra-
se a aproximadamente 200 m de distância e consiste na lagoa
de tratamento de esgotos da CORSAN. O arroio do Salso
encontra-se a cerca de 550 metros. A área de extração também
não está em topo de morro.

3
Áreas de preservação permanente: Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei,
as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja
largura mínima seja:
1) de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura;
2) de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinqüenta) metros de
largura;
3) de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de
largura;
4) de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos)
metros de largura;
5) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600
(seiscentos)metros;
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;
c) nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados "olhos d'água", Qualquer que seja a sua
situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de largura;
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;
e) nas encostas, ou partes destas, com declividade superior a 45o, equivalente a 100% na linha de maior
declive;
f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior
a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação.
Parágrafo único - No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos
definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o Território
abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os
princípios e limites a que se refere este artigo.
3 – Se é possível reparar o dano, caso constatado;
RESPOSTA DO PERITO:
Sim, é possível a reparação da degradação ocorrida através da
implementação das medidas estabelecidas nos procedimentos
de licenciamento ambiental as quais são expressas no corpo da
licença.

4 – Se não for possível a reparação, se é cabível alguma


medida compensatória e qual o custo estimado;
RESPOSTA DO PERITO:
Há que se fazer uma diferença entre a degradação ambiental
ocorrida em um processo regular (com observância absoluta
das imposições da licença) e a situação encontrada no presente
caso, em que nada foi feito. Na segunda situação apresentada,
a recomposição topográfica terá de ser obrigatoriamente
exercida pela mão humana em prazo que pode ser curto, ou
seja, em questão de dias. Já a reconstituição dos processos
ecológicos no formato da regeneração natural da fauna e flora,
por mero abandono da área, certamente durará muitos anos até
alcançar o estágio que se encontrava antes da atividade de
extração.
O custo da reparação, estimado no item 2.3.6 deste documento,
é diferente do valor econômico associado à degradação
ambiental, o qual será expresso no item 4.

5 – Se não for possível a reparação do dano e tampouco a


adoção de medida compensatória, qual o valor do prejuízo
ambiental experimentado?
RESPOSTA DO PERITO:
A monetarização do prejuízo ambiental causado por quem lhe
deu causa será descrita no item nº 4 da presente perícia.

4 – VALOR ESTIMADO DE REFERÊNCIA PARA À


DEGRADAÇÃO AMBIENTAL - VERD4:

4
Cardoso, Artur Renato Albeche. A degradação Ambiental e seus Valores Econômicos Associados.
Sérgio Fabris editor. Porto Alegre, 2003. 96p.
Inicialmente cabe destacar que existem inúmeras formas de monetarizar a
degradação ambiental sendo que, em última análise todas se constituem em
métodos empíricos5 de cálculos, pois não há como matematizar a todos os
processos ambientais e suas inter-relações complexas.
Por esta razão este perito utiliza o chamado método VERD por entender
que este talvez seja o único que agrega fatores ambientais agredidos de
forma associada aos econômicos.

Há que se considerar, preliminarmente aqueles elementos e conceitos


fundamentais para a aplicação da metodologia, onde destacamos:

- meio ambiente6: O conjunto de condições, elementos, leis,


influências e interações de ordem física, química, biológica, social e
cultural que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

- poluição/degradação7: A degradação da qualidade ambiental


resultante de atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos;

- passivo ambiental8: Pode ser conceituado como toda a agressão


que se praticou/pratica contra o meio ambiente e consiste no valor
dos investimentos necessários para reabilitá-lo, bem como multas e
indenizações em potencial.

- biota9: Conjunto de seres vivos que habitam um determinado


ambiente ecológico, em estreita correspondência com as
características físicas, químicas e biológicas deste ambiente.

5
Menos empírico que o mero arbitramento.
6
Lei Estadual nº 11.520/00 art.14, inciso XXX.
7
Lei Federal nº 6.938/81, art. 3º, inciso III.
8
NPA 11 - Normas e Procedimentos de Auditoria, pág. 4, 5 e 6. Ibracon - Instituto Brasileiro de
Contadores.
9
NBR 10703/89, pág. 09.
- Licença ambiental10: Ato administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas
de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo
empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar,
ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos
recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental.

O método VERD fundamenta-se na percepção conceitual daqueles termos


consagrados na legislação brasileira, onde o alcance dos mesmos –termos-
é que estabelece a amplitude da aplicação do método.

Note-se que a expressão biota não estabelece exclusão de espécies, já,


passivo ambiental inclui, não apenas o valor da reabilitação, mas, das
multas e das indenizações em face da degradação propriamente dita.

Todos esses conceitos se fundem no quadro que será usado posteriormente.

São utilizados dois grupos de variáveis, as chamadas economicamente


quantificáveis (qn) e as economicamente intangíveis (in) que podem
variar de “1” ao “α”.
Variáveis Economicamente Quantificáveis (qn): são aquelas associadas à
degradação ambiental e que podem ser dimensionadas.

- Custo estimado da recuperação: Descrito no item 2.3.6.


q1: R$ 17.816,40

- Vantagem econômica auferida com a atividade:


q2: R$ 197.960,00
OBS.: Foi considerado o valor integral uma vez que não houve
investimentos na recuperação da degradação ocorrida.

- Custo do estado para a realização da perícia (item 5):


q3: R$ 6.754,88

Assim,
10
R. CONAMA Nº 237/97, art. 1º, inciso II
3
Σ qn = R$ 17.816,40 + R$ 197.960,00 + R$ 6.754,88= R$ 222.531,28
n=1

Variáveis Economicamente Intangíveis (in): são aquelas associadas à


degradação ambiental e que não podem ser dimensionadas diretamente.

Impacto ambiental/Risco
Curto prazo* Médio e longo
prazo**
Ambiente In Sem Baixo Médio Alto
0 1 2 3 4

Ar i1 0
Físico Água i2 0
Solo/sedimento i3 2
Biótico i4 0
Reino monera Bactérias e
cianobactérias
Reino protista Protozoários i5 0
(ameba, paramécio)
Fungos i6 0
Invertebrados i7
(Planária, minhoca, 1
lesmas, caramujos,
insetos, aranha,
Animal ácaros)
Vertebrados i8
( peixes, anfíbios,
répteis, aves, 1
mamíferos)
Vegetais Superiores i9 1
Plantas Vegetais i10 2
intermediários
Vegetais inferiores i11 0
Risco Social i12 0
Ambiente antrópico Paisagístico i13 2
Perdas econômicas i14 0
intangíveis
Bem-estar i15 0
Total 3 6

15
Assim, Σ in = 3 + 6 = 9
n=1

Desta forma, aplicando-se a expressão que determina o valor estimado de


referência para a degradação ambiental, tem-se:
α α 3 15
VERD= Σ qn x Σ in = Σ qn x Σ in =
n=1 n=1 n=1 n=1
VERD= R$ 222.531,28 X 9 = R$ 2.002.781,52 (dois milhões e dois mil e
setecentos e oitenta e um reais e cinqüenta e dois centavos).

5 – QUANTO AOS HONORÁRIOS:


A presente perícia ocorreu pelo fato de que o estado, através da SEMA,
disponibilizou ao juízo um perito juntamente com seus auxiliares técnicos,
eis que na Ação Civil Pública não havia os elementos necessários para
atender aos quesitos apresentados pelo Ministério Público.
Ao agir assim, o estado impôs a si os custos decorrentes da perícia que,
salvo melhor juízo, devem ser ressarcidos à sociedade, por esta razão,
submetemos à vossa elevada consideração a possibilidade de que isto
venha a acontecer e por esta razão apresentamos a tabela a seguir, com a
planilha dos custos institucionais:

Químico Geólogo Biólogo SEMA


Combustível X X X 264,28
Óleo X X X 35,00
Pedágios X X X 21,60
Diárias 82,00 82,00 82,00 246,00
Nº horas 25h 25h 25h X
utilizadas
Custo da R$ 82,25 x R$ 2.056,25 R$ 2.056,25 TOTAL:
hora/técnico 25h = R$ 6.168,00
(salário bruto R$ 2.056,25
+ 40%/160h)
Material de X X X R$ 20,00
expediente
(fotos,
imagens,
papel, tinta)
TOTAL X X X R$ 6.754,88
GERAL

Os valores poderão ser creditados no banco nº 041, agência nº 0060, conta


corrente nº 0303260903 em nome do Fundo Estadual de Meio Ambiente-
FEMA.

Valor Ressarcível: R$ 6.754,88 (seis mil e setecentos e cinqüenta e quatro


reais e oitenta e oito centavos).

6 – ANEXOS:
6.1 – Anexo fotográfico
6.2 – Relatório Complementar com cópias das licenças.

Porto alegre, 15 maio de 2008.

Artur Renato Albeche Cardoso.


Perito

João Paulo Steigleder. Nilo barbosa.


Biólogo - Auxiliar do Perito Geólogo - Auxiliar do Perito

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