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Aterro sobre solos moles

Dimensionamento de drenos

Profª Jéssica Flesch Novaes


Drenos verticais
• Quando a espessura do solo argiloso é de tal ordem que o tempo
necessário para o adensamento desejado é incompatível com os
prazos da obra, ou quando há necessidade de acelerar a ocorrência dos
recalques, como nos casos de aterro com sobrecarga temporária e de
aterro construído em etapas, podem ser empregados drenos verticais.
• Durante a construção do aterro são gerados excessos de pressão na água
dos poros da camada argilosa, a qual migra das regiões de alta pressão
para as fronteiras drenantes. No caso de uma camada argilosa com duas
faces drenantes, o caminho da drenagem é igual à metade da espessura
da camada.

Altura drenante (Hd) é metade da espessura (H) da camada de argila


• A presença de drenos verticais com espaçamento
relativamente pequeno entre si (da ordem de 1 a 3 m) diminui
esse caminho, fazendo com que a dissipação dos excessos de
pressão se dê em um tempo muito menor.

• Como os tempos de adensamento são proporcionais ao


quadrado do caminho da drenagem, se este for dividido por
dois o tempo de adensamento será quatro vezes menor.

cv  t
T 2
Fator Tempo
Hd
• O cálculo da instalação de drenos verticais é feito através da
teoria desenvolvida por Nabor Carillo em 1942 e descrita por
Richart (1957).
MÉTODO 1:
• Para dimensionar uma rede de drenos que permita obter um grau de
adensamento de U% em um tempo t desejado, deve-se proceder da
seguinte maneira (Magnan, 1983):

1. determinar, a partir do perfil geotécnico do terreno, a espessura H e a


distância de drenagem vertical Hd da camada compressível; através de
ensaios de adensamento obtém-se os valores dos coeficientes de
adensamento para os fluxos nas direções vertical e horizontal,
respectivamente;
2. calcular o grau de adensamento vertical Uv que se pode atingir no tempo
t desejado, através da teoria do adensamento unidimensional de
Terzaghi, com os parâmetros Hd e de adensamento e utilizando os ábacos
da figura a seguir:
3. calcular o grau de adensamento horizontal Uh necessário para alcançar no
tempo t o grau de adensamento global, através da fórmula de Carillo , na qual os
graus U são expressos em decimais;
4. determinar os diâmetros d e
D dos drenos e de suas
zonas de influência, de
modo a se obter por
adensamento horizontal um
grau de adensamento U ao
fim do tempo t; utiliza-se o
ábaco da figura 32, que
fornece diretamente a
relação entre d e D, desde
que Ch, Uh e t sejam
conhecidos;
Em cálculos preliminares
é comum adotar um
diâmetro de 30 cm.
5. Através do diâmetro D a zona de influência de cada dreno, calcular o
espaçamento L dos drenos pelas fórmulas:

L = D/ 1,13 no caso de malha quadrada;


L =D/ 1,05 no caso de malha triangular.

Obs: No caso de alguns drenos é indispensável levar em conta a reduzida


permeabilidade na direção vertical e calcular um diâmetro de dreno circular
equivalente. Cada fabricante fornece características de seu dreno e indica a maneira de
efetuar esses cálculos.
EXEMPLO
Considere-se uma camada argilosa com 20 m de espessura,
drenada ambos os lados e com coeficientes de adensamento
vertical Cv = 2,0 x 10-8 m2/s e horizontal Ch = 5 x 10-8 m2/s, para
a qual se deseja dimensionar uma rede triangular de drenos
com 30 cm de diâmetro, que permita obter uma porcentagem
de adensamento de 80% em três meses.
- o grau de adensamento vertical, ou seja, Uv = 5% ;

3 meses

Cv=2x10^-8
- o grau de adensamento horizontal necessário, ou seja, Uh = 79% = 80% ;
- o diâmetro da zona de influência de drenos com 30 cm de diâmetro, ou seja, D =
1,50 m, e o espaçamento dos drenos para malha triangular, ou seja, L = 1,50/1,05 =
1,43 m.
• Os cálculos de drenos verticais assim efetuados são simplificados, pois
desprezam o efeito do amolgamento e da diminuição da
permeabilidade do solo ao redor do dreno, decorrentes da cravação
( smear)

SMEAR (AMOLGAMENTO)
• É influenciado diretamente pela área do mandril (envolve os drenos);
• Pode-se admitir que a área amolgada é igual à área do mandril;
• O mandril tem em geral forma retangular;
MÉTODO 2:

1. Calcular a porcentagem média de adensamento vertical (Uv) atráves de:

2. Considerando a porcentagem média de adensamento que se deseja em um


tempo (t) e a porcentagem de adensamento vertical (Uv) é possível determinar
o percentual de adensamento horizontal (Uh):

Uh, nec
3. Agora sabendo qual a porcentagem média de adensamento horizontal
necessária (Uh,nec), serão dimensionados os drenos verticais e comparados
com este. Com o espaçamento (l) estimado pode-se calcular o diâmetro
equivalente dos drenos, que para uma malha triangular é:

l no brasil = 1 a 3m

4. Também se precisa calcular um dw, que é uma adaptação, já que os drenos são
retangulares e a teoria dos drenos e o equacionamento foram desenvolvidos para
drenos circulares:

Obs: em geral a =10 cm e b = 0,5 cm


5)

s= 1,5
6. Para o cálculo da porcentagem média de adensamento horizontal
(Uh) precisa-se saber do fator tempo horizontal (Th):

Ch/Cv = 2

7. O percentual de adensamento horizontal é dado por:

8. Comparar se Uh> Uh, nec.


Se sim, os drenos adotados serão suficientes para que os
recalques estabilizem no tempo determinado.
EXERCÍCIO:

De acordo com os dados abaixo, dimensionar os drenos verticais para


que 95% dos recalques ocorram em 2 anos.

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