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SUMÁRIO

1. REVISÃO DO ART. 29, II, DA LEI 8.213/91 pag.4


O que é a Revisão do art. 29, II, da Lei 8.213/91?

2. DA REVISÃO DAS ATIVIDADES CONCOMITANTES pag. 7


O que é a Revisão das Atividades Concomitantes?

3. DA INCLUSÃO DO AUXÍLIO-SUPLEMENTAR E AUXÍLIO-ACIDENTE NO CÁLCULO DA RMI pag. 10


O que é a Revisão da inclusão do auxílio-suplementar e auxílio-acidente no cálculo da RMI?

4. DA REVISÃO DO BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO pag. 13


O que é a Revisão do Benefício mais vantajoso?

5. DA REVISÃO DO BURACO NEGRO pag. 16


O que é a Revisão do Buraco Negro?

6. DA REVISÃO DO BURACO VERDE pag. 19


O que é a Revisão do Buraco Verde?

7. DA REVISÃO DAS ECs 20/98 E 41/03 pag. 22


O que é a Revisão das ECs 20/98 e 41/03?

8. DA REVISÃO DA EXCLUSÃO DO FATOR PREVIDENCIÁRIO DA APOSENTADORIA DO PROFESSOR pag. 25


O que é a Revisão da exclusão do fator previdenciário da aposentadoria do professor?

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9. DA REVISÃO DO IRSM DE FEVEREIRO DE 1994 pag. 30
O que é a Revisão do IRSM?

10. DA REVISÃO DA MELHOR DIB pag. 33


O que é a Revisão da melhor DIB?

11. DA REVISÃO DA ORTN-OTN pag. 37


O que é a Revisão da ORTN-OTN?

12. DA REVISÃO DO PRIMEIRO REAJUSTE APÓS A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO pag. 39


que é a Revisão do primeiro reajuste após a concessão do benefício?

13. DA REVISÃO DO SUB-TETO pag. 42


O que é a Revisão do sub-teto?

14. DA SÚMULA 260 DO EXTINTO TFR pag. 45


O que é a Revisão da Súmula 260 do TFR?

DO RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL – INCLUSÃO NA APOSENTADORIA POR


15. TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO OU CONVERSÃO EM APOSENTADORIA ESPECIAL pag. 48
O que é esta Revisão?

16. DA REVISÃO DA INCLUSÃO DO 13º SALÁRIO E ADICIONAL DE FÉRIAS NA BASE DE CÁLCULO pag. 50
O que é a da inclusão do 13º salário e adicional de férias na base de cálculo?

17. DA REVISÃO DO ADICIONAL DE 25% A TODAS AS APOSENTADORIAS pag. 53


O que é a Revisão do adicional de 25% a todas as aposentadorias?

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REVISÃO DO ART. 29, II, DA LEI 8.213/91

O que é a Revisão do art. 29, II, da Lei 8.213/91?

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A Revisão do art. 29, II, da LBPS trata-se de questionamento envolvendo o cálculo
da RMI do auxílio-doença, da aposentadoria por invalidez, e consequentemente
da pensão por morte, não derivada, a fim de que seja observado o art. 29, II da
Lei de Benefícios.

Segundo o dispositivo, a RMI deve ser calculada com base na média aritmética
simples dos 80% maiores salários de contribuição, e não com base na média de
todos os salários de contribuição (100%).

Nesse sentido, a TNU editou a Súmula 57, confirmando a exegese


normativa:
O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez não precedida de
auxílio-doença, quando concedido.

O INSS editou o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de


15/04/2010, passando a efetuar administrativamente a revisão.

Considerando a edição do memorando, a TNU fixou entendimento


de que houve interrupção do prazo prescricional, de forma que este
somente voltou a correr os na vigência da Lei n. 9.876/1999, devem
ter o salário de benefício apurado com base na média aritmética
simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a
80% do período contributivo, independentemente da data de filiação
do segurado ou do número de contribuições mensais no período
contributivo.

A partir do momento da publicação do Memorando, ainda, para pedidos


administrativos ou judiciais formulados dentro do prazo prescricional de cinco
anos da publicação do memorando, os efeitos financeiros retroagem à data de
concessão do benefício revisado.

Ainda, em face da decisão proferida na ACP nº 0002320-59.2012.4.03.6183, o


INSS propôs um calendário de pagamentos. Todavia, ainda que exista tal acordo
judicial para cumprimento da liminar deferida na ACP, os segurados podem
pleitear desde logo os valores devidos em ação individual.

Quem tem direito à Revisão?


Segurados que não tiveram a sua RMI calculada com base nos 80% maiores
salários de contribuição. Em regra todos os que possuem direito à revisão já
estão inseridos no calendário de pagamentos do acordo feito na ACP, porém
podem buscar os valores desde já via ação individual.

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Qual a linha argumentativa?
A linha argumentativa funda-se justamente na literalidade do art. 29, II, da
LBPS que estabeleceu que o salário-de-benefício consiste na média aritmética
simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por
cento de todo o período contributivo. Tal entendimento resta corroborado pelo
entendimento consolidado pela Turma Nacional de Uniformização.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim, inclusive já sumulado pela TNU (Súmula 57):

O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez não precedida de


auxílio-doença, quando concedidos na vigência da Lei n. 9.876/1999,
devem ter o salário de benefício apurado com base na média aritmética
simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a
80% do período contributivo, independentemente da data de filiação
do segurado ou do número de contribuições mensais no período
contributivo.

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DA REVISÃO DAS ATIVIDADES CONCOMITANTES

O que é a Revisão das Atividades Concomitantes?

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A Revisão das atividades concomitantes funda-se quando o segurado exerce
sua atividade em mais de um estabelecimento ou exerce atividades distintas.
No momento do custeio, a contribuição é calculada sobre o somatório da renda,
entretanto, na concessão do benefício cada vínculo é tratado separadamente.
Tal situação feriria o princípio da isonomia, ao tratar o segurado como único
contribuinte nas normas de custeio e tratá-lo de forma diferente na concessão
de benefícios.

Assim, a revisão objetiva que o segurado tenha o direito de ter todos os seus
salários somados, formando um único salário-de-contribuição para fins de
cálculo do salário-de-benefício.

Quem tem direito à Revisão?


Segurados que contribuem em mais de um atividade econômica simultaneamente,
desde que não façam contribuições sobre o teto em uma delas.

Qual a linha argumentativa?


A linha argumentativa funda-se na ofensa ao princípio da isonomia, na medida em
que há tratamento diferenciado ao segurado quando está contribuindo (norma
de custeio) e quando é agraciado com o benefício (norma de benefícios). Naquele
momento o segurado é tratado como único contribuinte, e neste cada vínculo
seu é tratado separadamente, sendo os benefícios calculados na proporção do
tempo de atividade em cada vínculo (principal e secundário[s]).

Existe precedente jurisprudencial?

Sim:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS INFRINGENTES. LIMITES DA
INFRINGÊNCIA. PREVIDENCIÁR IO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. ATIVIDADES
CONCOMITANTES. ART. 32 DA LEI Nº 8.213/91.

1. O salário de benefício do segurado que contribuía em razão


de atividades concomitantes era calculado nos termos do art. 32 da
Lei 8.213/91, somando-se os respectivos salários-de-contribuição
quando satisfizesse, em relação a cada atividade, as condições do
benefício requerido. No caso de o segurado não haver preenchido
as condições para a concessão do benefício em relação a ambas as
atividades, o salário-de-benefício correspondia à soma do salário-
de-benefício da atividade principal e de um percentual da média do
salário-de-contribuição da atividade secundária.

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2. O sentido da regra contida no art. 32 da Lei 8.213/91 era o de
evitar que, nos últimos anos antes de se aposentar, o segurado
pudesse engendrar artificial incremento dos salários-de-contribuição
que compõem o período básico de cálculo (PBC), 36 meses dentro de
um conjunto de 48 meses, e assim elevar indevidamente o valor da
renda mensal inicial da prestação.

3. Todavia, modificado o período básico de cálculo pela Lei


9.876/1999, apurado sobre todas as contribuições a partir de 1994
(as 80% melhores), já não haveria sentido na norma, pois inócua
seria uma deliberada elevação dos salários-de-contribuição, uma vez
ampliado, em bases tão abrangentes, o período a ser considerado.

4. No cálculo de benefícios previdenciários concedidos após abril de


2003, devem ser somados os salários-de-contribuição das atividades
exercidas concomitantemente, sem aplicação do art. 32, inclusive
para períodos anteriores a 1º de abril de 2003, e com observação,
por óbvio, do teto do salário-de-contribuição (art. 28, §5º, da Lei
8.212/91).

5. No caso concreto, em face dos limites da infringência, fica


assegurado o direito da parte autora, de adicionar os salários-de-
contribuição das atividades concomitantes, a partir da competência
abril/2003, inclusive. ((TRF4,5ª Turma, AC 5006447-58.2010.404.7100/
RS, relator Desembargador Federal Ricardo Teixeira do Valle Pereira,
julgado em 29/08/2012), destaco o julgamento realizado pela 3º
Seção, nos Embargos Infringentes n.º 5007039-68.2011.4.04.7003).

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DA INCLUSÃO DO AUXÍLIO-SUPLEMENTAR E
AUXÍLIO-ACIDENTE NO CÁLCULO DA RMI

O que é a Revisão da inclusão do auxílio-suplementar e auxílio-acidente no


cálculo da RMI?

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Esta tese revisional advoga que os valores percebidos pelo segurado a título
de auxílio-suplementar e auxílio-acidente integram o salário-de-contribuição
para elaboração do salário-de-benefício, e consequentemente no RMI das
aposentadorias.

Quem tem direito à Revisão?


Como o auxílio-suplementar foi extinto pelo PBPS, apenas as aposentadoria
requeridas em momento anterior podem ser objeto de revisão.

Quanto ao auxílio-acidente, apenas as aposentadorias concedidas a partir de


11/11/1997 (data da publicação da MP 1.596-14) podem ser revisadas.

Ainda, cabe ressaltar que a revisão é possível nas pensões por morte concedidas
até a Lei 9.032/95, caso a morte tenha se dado por motivo diverso ao que originou
a concessão do auxílio-acidente, incluindo-se este no cálculo da RMI.

Qual a linha argumentativa?


Como dito anteriormente, deve-se arguir que o auxílio-acidente/auxílio-
suplementar integra o cálculo da RMI, pois a MP 1.596-14 acabou com a
vitaliciedade do benefício, mas o integrou ao cálculo do salário-de-contribuição.
Existe precedente jurisprudencial?

Sim, existem precedentes do STJ acatando a tese, firmada em texto expresso de


lei.

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE E APOSENTADORIA. INCLUSÃO


DO PRIMEIRO NOS SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO QUE DARÃO ORIGEM
À RMI DO SEGUNDO BENEFÍCIO. POSSIBILIDADE. BIS IN IDEM. NÃO
OCORRÊNCIA.

1. Não configura bis in idem integrar o auxílio-acidente aos salários


de contribuição que darão origem à RMI relativa à aposentadoria.
Precedentes desta Corte.

2. Recurso especial não conhecido.


(REsp 182.585/SP, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, SEXTA
TURMA, julgado em 10/08/1999, DJ 20/09/1999, p. 90).

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DA REVISÃO DO BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO

O que é a Revisão do Benefício mais vantajoso?

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A Revisão do benefício mais vantajoso consiste basicamente na possibilidade
de recálculo da RMI de benefício do segurado segundo a época em que já
implementados os requisitos para a fruição do benefício mais vantajoso ou sob
condição mais vantajosa.

O segurado tem direito adquirido ao cálculo do benefício de conformidade


com as regras vigentes quando da reunião dos requisitos da aposentação
independentemente de prévio requerimento administrativo para tanto, ainda
mais considerando o dever do INSS de conceder o melhor benefício.

Esta revisão somente é cabível para os segurados que tenham implementado os


requisitos para o benefício antes da DIB, ainda que proporcionais.

Quem tem direito à Revisão?


Segurados que tenham implementado os requisitos para concessão de benefício
mais vantajoso ou sob condição mais vantajosa em momento anterior à DIB do
benefício atualmente percebido.

Qual a linha argumentativa?


O segurado possui direito adquirido ao cálculo do benefício de conformidade
com as regras vigentes quando da reunião dos requisitos da aposentação. Ainda,
é dever do INSS conceder o benefício mais vantajoso e orientar o segurado nesse
sentido.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim, o STF já se pronunciou com Repercussão Geral sobre o tema, decidindo em
sentido favorável ao segurado:

APOSENTADORIA – PROVENTOS – CÁLCULO. Cumpre observar o


quadro mais favorável ao beneficiário, pouco importando o decesso
remuneratório ocorrido em data posterior ao implemento das
condições legais. Considerações sobre o instituto do direito adquirido,
na voz abalizada da relatora – ministra Ellen Gracie –, subscritas pela
maioria.

(RE 630501, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão:


Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 21/02/2013, DJe-
166 DIVULG 23-08-2013 PUBLIC 26-08-2013 REPERCUSSÃO GERAL -
MÉRITO EMENT VOL-02700-01 PP-00057).

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DA REVISÃO DO BURACO NEGRO

O que é a Revisão do Buraco Negro?

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A Revisão do Buraco Negro consiste no recálculo da RMI de benefício, que em
um primeiro momento foi calculado conforme , agora conforme a metodologia
da Lei 8.213/9, com aplicação de correção monetária em todos os salários-de-
contribuição e que seja reajustada até junho de 1992, data em que a nova renda
mensal será substituída pela renda mensal anterior.

Quem tem direito à Revisão?


A tese é aplicável aos benefícios concedidos entre 05/10/1988 (promulgação da
CF) a 05/04/1991 (entrada em vigência da LBPS), conforme previsão expressa do
já revogado art. 144 da Lei 8.213/91. Deve-se verificar se a revisão já não fora
feita administrativamente pela Autarquia Previdenciária.

Qual a linha argumentativa?


A argumentação é baseada no revogado art. 144 da Lei 8.213/91, que determinava
a aplicação do critério de correção monetária da referida lei em todos os salários-
de-contribuição até junho de 1992, substituindo, portanto, a correção monetária
da CLPS/84, tendo em vista que esta era inconstitucional, e houve um vácuo
legislativo entre a promulgação da CF e da LBPS.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. APOSENTADORIA.


BURACO NEGRO. ART. 144 DA LEI 8.213/91.

1. Nos termos do art. 144 da Lei 8.213/91, “até 1º/06/92, todos os


benefícios de prestação continuada concedidos pela Previdência
Social, entre 05/10/88 e 05/04/91, devem ter sua renda mensal inicial
recalculada e reajustada, de acordo com as regras estabelecidas
nesta Lei”.

2. A revisão determinada pelo art. 144 da Lei 8.213/91 assegurou, no


que toca aos titulares de aposentadoria, não só o direito à atualização
de todos os salários-de-contribuição, mas também à aplicação
dos novos coeficientes de cálculo. (TRF4, AC 2005.72.05.004552-4,
SEXTA TURMA, Relator LUÍS ALBERTO D’AZEVEDO AURVALLE, D.E.
11/06/2010).

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DA REVISÃO DO BURACO VERDE

O que é a Revisão do Buraco Verde?

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A Revisão do Buraco Verde consiste na recuperação do descompasso entre os
reajustes do teto de benefícios e da renda mensal dos segurados no início dos
anos 90.

Quem tem direito à Revisão?


Possuem direito à revisão os segurados com benefícios concedidos entre
05/04/1991 e 31/12/1993, e aqueles concedidos a partir de 01/03/1994, cujo
salário de benefício tenha ficado acima do teto, e a RMI, consequentemente,
tenha sido calculada apenas sobre o teto.

Qual a linha argumentativa?


A Lei 8.870/94 previu que em abril de 1994 fosse realizada a referida revisão nos
benefícios concedidos entre 05/04/1991 e 31/15/1993, cujo salário de benefício
tivesse sido limitado pelo teto.

Ainda, a Lei 8.880/94 estendeu a revisão aos benefícios concedidos a partir de


01/03/1994, determinando que a diferença apurada seja incorporada ao valor
do benefício juntamente com o primeiro reajuste do mesmo após a concessão,
limitando-se sempre ao teto máximo do salário de contribuição vigente na
competência em que ocorrer o reajuste.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO. RENDA MENSAL


INICIAL. LEI 8.870-94. BURACO VERDE.

1. O benefício previdenciário concedido no período entre 05.04.1991


e 31.12.1993 (buraco verde), cujo valor foi reduzido por força de
imposição de valor-teto antes de apurado o valor final, mediante
aplicação do coeficiente de cálculo, deve ter sua respectiva renda
mensal inicial recalculada nos termos do art. 26 da Lei 8.870-94.

2. De acordo com as provas dos autos, observa-se erro no cálculo da


renda mensal inicial do autor, o que ensejou o reconhecimento de
diferenças.

3. Agravo interno desprovido. (TRF2 – AC 408338 RJ 2003.51.01.501293-


0, Rel. Des. Fed. André Fontes, Data de Julgamento: 13.11.2008,
Segunda Turma Especializada, Data de Publicação: DJU – Data:
24.11.2008 – Página: 60).

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DA REVISÃO DAS ECs 20/98 E 41/03

O que é a Revisão das ECs 20/98 e 41/03?

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As emendas constitucionais 20/98 e 41/03 elevaram o teto previdenciário para
R$ 1.200,00 e R$ 2.400,00, respectivamente. O INSS entendia que os novos tetos
valessem apenas para benefícios concedidos após o aumento. Nesse sentido,
a revisão busca a aplicação dos novos tetos aos benefícios concedidos em
momento anterior às emendas, quando o salário-de-benefício real ficou acima
do teto vigente na DIB.

Quem tem direito à Revisão?


A tese é aplicável aos benefícios concedidos em momento anterior à vigência das
emendas, nos quais o salário-de-benefício real ficou acima do teto previdenciário
vigente na DIB.

Qual a linha argumentativa?


A argumentação é no sentido de que o STF por ocasião do julgamento do RE
564354/SE reconheceu a procedência da tese revisional.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim:

EMENTA: DIREITOS CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO


DE BENEFÍCIO. ALTERAÇÃO NO TETO DOS BENEFÍCIOS DO REGIME
GERAL DE PREVIDÊNCIA. REFLEXOS NOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS
ANTES DA ALTERAÇÃO. EMENDAS CONSTITUCIONAIS N. 20/1998
E 41/2003. DIREITO INTERTEMPORAL: ATO JURÍDICO PERFEITO.
NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DA LEI INFRACONSTITUCIONAL.
AUSÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS
LEIS. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

1. Há pelo menos duas situações jurídicas em que a atuação do


Supremo Tribunal Federal como guardião da Constituição da República
demanda interpretação da legislação infraconstitucional: a primeira
respeita ao exercício do controle de constitucionalidade das normas,
pois não se declara a constitucionalidade ou inconstitucionalidade
de uma lei sem antes entendê-la; a segunda, que se dá na espécie,
decorre da garantia constitucional da proteção ao ato jurídico
perfeito contra lei superveniente, pois a solução de controvérsia sob
essa perspectiva pressupõe sejam interpretadas as leis postas em
conflito e determinados os seus alcances para se dizer da existência
ou ausência da retroatividade constitucionalmente vedada.

2. Não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art.


14 da Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art. 5º da Emenda
Constitucional n. 41/2003 aos benefícios previdenciários limitados a

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teto do regime geral de previdência estabelecido antes da vigência
dessas normas, de modo a que passem a observar o novo teto
constitucional.

3. Negado provimento ao recurso extraordinário.

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DA REVISÃO DA EXCLUSÃO DO FATOR
PREVIDENCIÁRIO DA APOSENTADORIA DO
PROFESSOR

O que é a Revisão da exclusão do fator previdenciário da aposentadoria do


professor?

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A Revisão da exclusão do fator previdenciário da aposentadoria do professor
consiste na não incidência do fator previdenciário no cálculo da aposentadoria
do professor.

A discussão se estabelece acerca da constitucionalidade da incidência do fator


previdenciário na aposentadoria do professor, que recebe especial tratamento
na Constituição Federal.

Quem tem direito à Revisão?


Atualmente a questão não foi decidida ainda pelo STF, que se prenunciou pela
ausência de repercussão geral. Contudo, o TRF/4 recentemente julgou arguição
de inconstitucionalidade (nº 5012935-13.2015.4.04.0000/TRF) declarando
inconstitucional a aplicação do fator previdenciário aos professores, motivo pela
qual a repercussão geral deverá ser reconhecida pelo STF.
Caso a tese for aceita, terão direito à revisão todos os professores aposentados
que atuaram exclusivamente no magistério em educação infantil, ensino
fundamental e médio.

Qual a linha argumentativa.


A revisão funda-se no fato de que a garantia constitucional de aposentadoria
com tempo reduzido dos professores não é compatível com a aplicação do
fator previdenciário previsto na Lei 8.213/91. O redutor acaba por esvaziar um
direito fundamental garantido pela Constituição Federal e torna inútil a previsão
de aposentadoria com redução de tempo de contribuição, já que na prática o
mesmo se torna inviável devido à extrema redução do valor do benefício.
Além disso, destaca-se que não há compensação pela redução da idade no
cálculo do fator previdenciário, o que faz com que a aposentadoria excepcional
dos professores seja calculada de forma ainda mais prejudicial que as demais
aposentadorias por tempo de contribuição.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim, a decisão do TRF/4 reconhecendo a inconstitucionalidade da aplicação
do fator previdenciário na aposentadoria dos professores (ARGUIÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE Nº 5012935-13.2015.4.04.0000/TRF):

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. ARGUIÇÃO DE


INCONSTUCIONALIDADE. APOSENTADORIA DOS PROFESSORES DE
ENSINO INFANTIL, FUNDAMENTAL E MÉDIO. INCIDÊNCIA DO FATOR
PREVIDENCIÁRIO. ARTIGO 29, I, E § 9º, INCISOS II E III DA LEI Nº 8.213/91.
ARTS. 5º, 6º, E 201, §§ 7º E 8º DA CF. ADEQUADO TRATAMENTO DE
BENEFÍCIO DOTADO DE DENSIDADE CONSTITUCIONAL. PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. RECONHECIMENTO
DE INCONSTITUCIONALIDADE ESPECIFICAMENTE EM RELAÇÃO À

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SITUAÇÃO DOS PROFESSORES DE ENSINO INFANTIL, FUNDAMENTAL
E MÉDIO.

- Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal a aposentadoria


dos professores de ensino infantil, fundamental e médio caracteriza
modalidade de aposentadoria por tempo de contribuição.

- Também segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal,


a incidência do fator previdenciário no cálculo do salário-de-
benefício das aposentadorias por tempo de contribuição não viola a
Constituição Federal.

- O § 8º do artigo 201 da Constituição Federal, porém, ao reconhecer


ao professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no
ensino fundamental e médio, o direito à aposentadoria por tempo
de contribuição com redução de cincos anos, conferiu à categoria
e, por extensão, ao benefício, status diferenciado; agregou-lhes
valor que deve ser respeitado pela lei ordinária, não se podendo
olvidar, ademais, que a previdência social constitui direito social
(art. 6º da CF), logo fundamental, a ser prestigiado pelo legislador
infraconstitucional.

- A regulamentação, pela legislação infraconstitucional, de direito


assegurado pela Constituição Federal, e dotado de especial proteção,
deve ser feita de forma adequada, de modo a respeitar a densidade que
lhe foi conferida pelo constituinte. Assim, norma infraconstitucional
que restrinja o direito assegurado pela Constituição somente será
válida se guardar a devida proporcionalidade e o respeito às demais
cláusulas constitucionais.

- A densidade do direito fundamental à aposentadoria diferenciada


a que têm direito os professores de ensino infantil, fundamental
e médio, não foi respeitada pelo legislador ordinário na disciplina
estabelecida pelo artigo 29 da Lei 8.213/91, pois, ainda que se tenha
por hígido, genericamente, o fator previdenciário, foi-lhes impingida,
em rigor, com ofensa ao princípio da proporcionalidade, uma perda
maior no cálculo da renda mensal inicial da aposentadoria por tempo
de contribuição, e isso simplesmente porque, justamente por força
de norma constitucional, estão autorizados a se aposentar mais
precocemente.

- A sistemática estabelecida, ofende também o princípio da igualdade,

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consagrado no artigo 5º, caput, da Constituição Federal, pois, como
sabido, seu verdadeiro sentido compreende o tratamento diferenciado
aos desiguais, na medida de suas desigualdades. Deixando de tratar
o professor educação infantil e no ensino fundamental e médio na
medida da desigualdade de sua situação específica em relação aos
demais trabalhadores, a Lei 8.213/91, na redação que lhe foi dada
pela Lei 9.876/99, violou o artigo 5º, caput da Constituição Federal.

- Mesmo que o fator previdenciário, segundo a dicção do Supremo


Tribunal Federal, no plano genérico, seja constitucional, o adequado
tratamento à aposentadoria por tempo de contribuição dos
professores que comprovem exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio, pressupõe sistemática que considere não
somente a mitigação dos efeitos da variável tempo de contribuição,
mas, também, da variável idade, até porque esta tem influência mais
incisiva na apuração do índice multiplicador em discussão (fator
previdenciário).

- Ao judiciário, de regra, não é dado atuar como legislador positivo, não


se mostrando possível, assim, diante da inconsistência da sistemática
estabelecida pela legislação de regência, determinar a alteração
da fórmula do cálculo do fator previdenciário para os professores,
ou mesmo a modificação das variáveis a serem consideradas na
referida fórmula, de modo a mitigar, nos termos em que reputar mais
acertados (logo mediante juízo de discricionariedade incompatível
com a atuação judicial), os efeitos da idade no resultado final a ser
obtido. Só resta, assim, reconhecer, especificamente quanto aos
professores da educação infantil e do ensino fundamental e médio,
a inconstitucionalidade do fator previdenciário.

- Reconhecimento da inconstitucionalidade do inciso I do artigo


29 da Lei 8.213/91, sem redução do texto, e dos incisos II e III do §
9º do mesmo dispositivo, com redução de texto, pelo fato de não
terem conferido à aposentadoria do professor de ensino infantil,
fundamental e médio, direito fundamental que tem relevante
densidade constitucional, adequado tratamento, com o consequente
afastamento da incidência do fator previdenciário.

Por outro lado, as últimas decisões da Turma Nacional de Uniformização e


Superior Tribunal de Justiça estão contrárias à tese.

28
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Inicial:
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Contrarrazões de Recurso Extraordinário


e Especial:
Recurso Extraordinário:
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29
9
DA REVISÃO DO IRSM DE FEVEREIRO DE 1994

O que é a Revisão do IRSM?

30
Com o advento do Plano Real a média salarial para concessão de novos benefícios
foi calculada pela Previdência Social sem incluir nos cálculos a inflação do mês de
fevereiro de 1994, medida pelo IRSM, que foi de 39,67%. Portanto, esta revisão
visa incluir este percentual de reajuste.

Quem tem direito à Revisão?


Possuem direito à esta revisão os segurados que:

a) Tiveram seu benefício concedido em data posterior à 02/1994 e;

b) Em sua memória de cálculo, constarem salários em meses anteriores a março


de 1994.

A presente revisão somente poderia ser ajuizada até 23/07/2014 para os


benefícios originários (dez anos após a edição da MPV 201/04). Contudo, os
beneficiários de pensão por morte derivada de benefício que teria direito a esta
revisão podem ser ajuizados atualmente, eis que a decadência é contada da
data do primeiro dia do mês seguinte ao primeiro pagamento da pensão por
morte (STJ, REsp 1571465/RS, T2, DJe 31.05.2016).

Qual a linha argumentativa?


A linha argumentativa é no sentido de que houve defasagem nos salários de
benefício ao não ser aplicado o IRSM do mês de fevereiro de 1994. Ademais,
houve reconhecimento legislativo do direito dos segurados à revisão (MPV 201/04
convertida na Lei 10.999/04) não havendo mais discussão quanto ao mérito da
revisão.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim, inclusive entendimento sumulado pela TNU:

Súmula 19/TNU: Para o cálculo da renda mensal inicial do benefício


previdenciário, deve ser considerada, na atualização dos salários de
contribuição anteriores a março de 1994, a variação integral do IRSM
de fevereiro de 1994, na ordem de 39,67% (art. 21, § 1º, da Lei nº
8.880/94).

31
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32
10
DA REVISÃO DA MELHOR DIB

O que é a Revisão da melhor DIB?

33
A Revisão da Melhor DIB consiste na possibilidade de realização dos cálculos da
RMI do benefício com as regras/data em que o benefício for mais vantajoso. Isto,
pois o segurado ao preencher os requisitos para a aposentadoria, mas tenha
permanecido trabalhando sem requere-la, pode exercer o direito a qualquer
tempo, sendo lhe facultado escolher qual o momento mais benéfico para a
realização do cálculo da RMI.

Quem tem direito à Revisão?


Segurados que implementaram os requisitos para aposentadoria em momento
que permaneciam trabalhando sem requerer o benefício, fazendo jus ao cálculo
da RMI no momento mais benéfico para si.

Qual a linha argumentativa?


A partir do momento em que o segurado adquiriu o direito a aposentadoria,
porém optou por não requerer o benefício naquele momento, deve lhe ser
garantido o direito de optar pelas regras e pela data de cálculo que lhe alcancem
o melhor benefício.

Assim, após adquirir o direito, o segurado pode exercê-lo a qualquer tempo,


sendo lhe facultado escolher qual o momento mais benéfico para a realização
do cálculo da RMI.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim, a jurisprudência é pacífica quanto a esta matéria:

PROCESSUAL CIVIL. JULGAMENTO CITRA PETITA. NULIDADE DO


ACÓRDÃO EMBARGADO. PREVIDENCIÁRIO. DIREITO ADQUIRIDO AO
MELHOR BENEFÍCIO. RETROAÇÃO DO PERÍODO BÁSICO DE CÁLCULO.
[...]

5. Dado que o direito à aposentadoria surge quando preenchidos


os requisitos estabelecidos em lei para o gozo do benefício, e tendo
o segurado preenchido todas as exigências legais para inativar-
se em um determinado momento, não pode servir de óbice ao
reconhecimento do direito ao cálculo do benefício como previsto
naquela data o fato de ter permanecido em atividade, sob pena de
restar penalizado pela postura que redundou em proveito para a
Previdência. Ou seja, ainda que tenha optado por exercer o direito à
aposentação em momento posterior, possui o direito adquirido de
ter sua renda mensal inicial calculada como se o benefício tivesse
sido requerido e concedido em qualquer data anterior, desde que
implementados todos os requisitos para a aposentadoria.

34
6. É devida a retroação do período básico de cálculo (PBC) ainda que
não tenha havido alteração da legislação de regência, pois a proteção
ao direito adquirido também se faz presente para preservar situação
fática já consolidada mesmo ausente modificação no ordenamento
jurídico, devendo a Autarquia Previdenciária avaliar a forma de
cálculo que seja mais rentável aos segurados, dado o caráter social
da prestação previdenciária, consoante previsão contida no art. 6.º
da Constituição Federal.

7. Muito embora o art. 122 da Lei n. 8.213/91 tenha previsto a


retroação do período básico de cálculo nos casos de aposentadoria
integral (regra reproduzida nas normas regulamentadoras), é
possível a extensão desse direito aos casos de concessão de
aposentadoria proporcional, em face do princípio da isonomia e em
respeito ao critério da garantia do benefício mais vantajoso, como,
aliás, preceitua o Enunciado N.º 5 do próprio Conselho de Recursos
da Previdência Social – CRPS: “A Previdência Social deve conceder
o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor
orientá-lo nesse sentido.”

8. Os salários de contribuição que integrarão o novo período


básico de cálculo (PBC) deverão ser atualizados até a data em que
reconhecido o direito adquirido, apurando-se nessa data a renda
mensal inicial (RMI), a qual deverá ser reajustada, nos mesmos meses
e índices oficiais de reajustamento utilizados para os benefícios em
manutenção, até a Data do Início do Benefício-DIB. A data de início
de pagamento (DIP) deverá coincidir com a DER.

9. O cálculo da renda mensal inicial de benefício previdenciário


concedido a partir de março de 1994 inclui a variação integral do
IRSM de fevereiro de 1994 (39,67%). Súmula 77/TRF4.

10. Os efeitos financeiros da revisão deferida são devidos desde


a DER, respeitada a prescrição quinquenal e os limites do pedido.
(TRF4, QUOAC 5001264-85.2010.404.7204, Sexta Turma, Relator p/
Acórdão Celso Kipper, D.E. 30/11/2012)

35
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Requerimento Administrativo:
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Petição Inicial: Recurso Inominado:


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36
11
DA REVISÃO DA ORTN-OTN

O que é a Revisão da ORTN-OTN?

37
A Revisão da ORTN-OTN trata-se de pedido de correção, pelos índices de
variação da ORTN/OTN, dos 24 salários de contribuição mais distantes entre os
36 considerados para fins de cálculo do salário de benefício.

Quem tem direito à Revisão?


Considerando a incidência do prazo decadencial do art. 103 da LBPS, tal revisão
só se aplica à pensão por morte derivada dos benefícios de aposentadoria por
idade, aposentadoria especial e aposentadoria por tempo de serviço concedida
entre 06/1977 e 10/1988.

Qual a linha argumentativa?


A Lei 6.423/77 previu a variação da ORTN como critério oficial de correção
monetária. Todavia, a Previdência Social continuou a utilizar índices próprios para
atualização dos salários, de forma que houve violação do texto legal, ensejando
a revisão.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim, a matéria se encontra já sumulada (Súmula nº 2/TRF4):

Para o cálculo da aposentadoria por idade ou tempo de serviço, no


regime anterior à Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, corrigem-se
os salários de contribuição anteriores aos doze últimos meses, pela
variação da ORTN/OTN.

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Inicial:
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38
12
DA REVISÃO DO PRIMEIRO REAJUSTE APÓS A
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO

O que é a Revisão do primeiro reajuste após a concessão do benefício?

39
A Revisão do primeiro reajuste consiste no direito do segurado de incorporar, por
ocasião do primeiro reajuste, a diferença percentual entre a média dos salários
de contribuição e o limite máximo para o salário de contribuição vigente no
momento da concessão.

Quem tem direito à Revisão?


Segurados com benefícios concedidos a partir de 01/03/1994 que tiveram sua
média dos salários de contribuição reduzida em face do limite máximo para o
teto contributivo, de modo que se a redução deriva de outros elementos (ex. o
fator previdenciário), não se cogita falar na revisão.
Para esta revisão não incide a decadência, uma vez que não se trata de revisão
do cálculo da RMI, mas de um acréscimo à renda mensal por ocasião do primeiro
reajuste (art. 21, §3º, Lei 8.880/94).

Qual a linha argumentativa?


O art. 21, §3º da Lei 8.880/94 garante ao segurado, por ocasião do primeiro
reajuste, o direito de incorporar a diferença percentual entre a média dos salários
de contribuição e o limite máximo para o salário de contribuição vigente no
momento da concessão.
Nesse sentido, o salário de benefício deve ser a base de cálculo a ser observada
no primeiro reajuste a ser aplicado, antes de se aplicar o teto limitador. Após
encontrar o novo valor, deve-se incidir a limitação pelo teto vigente na data do
reajuste.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim, um excelente julgado da TNU:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.


PRIMEIRO REAJUSTE. PRETENSÃO DE INCIDÊNCIA SOBRE O SALÁRIO-
DE-BENEFÍCIO AINDA NÃO REDUZIDO AO TETO LEGAL. ACOLHIMENTO
DA PRETENSÃO. MODIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO DESTA TURMA A
PARTIR DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 564.354,
AO QUAL SE IMPRIMIU REGIME DE REPERCUSSÃO GERAL. INCIDENTE
PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Acórdãos paradigmas oriundos de Tribunais Regionais Federais


não se prestam a autorizar caracterização de divergência apta
a autorizar o conhecimento do incidente de uniformização.
Existindo, no entanto, paradigma oriundo desta Turma Nacional
de Uniformização, que apresenta similitude fático-jurídica com o
acórdão recorrido, bem como a divergência necessária, impõe-se,
em princípio, o conhecimento deste incidente.

40
2. O ato de concessão do benefício previdenciário é ato único, regido
pela legislação então em vigor, não compreendendo, no entanto, a
aplicação de teto limitador previsto em normas constitucionais ou
infra-constitucionais, elemento extrínseco ao seu cálculo.

3. O salário-de-benefício, antes da aplicação do teto limitador, deve


ser a base de cálculo a ser observada no primeiro reajuste a ser
aplicado ao benefício após a sua concessão, sendo que o novo valor
encontrado deverá sofrer limitação pelo novo teto vigente na data
do reajuste, situação que poderá, a partir de então, gerar o direito à
percepção de diferenças.

4. Pedido de Uniformização de Jurisprudência a que se dá parcial


provimento, com julgamento da procedência parcial do pedido.
(PU 200772510014642, Rel. Juíza Federal Simone dos Santos Lemos
Fernandes, DOU 1º, 6, 2012).

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41
13
DA REVISÃO DO SUB-TETO

O que é a Revisão do sub-teto?

42
A Revisão do Sub-teto, ou revisão do limitador do art. 29, §10 consiste na
declaração de inconstitucionalidade do referido dispositivo normativo, instituído
pela MP 664/14.

O art. 29, §10 da LBPS alterou o critério de cálculo do valor do auxílio-doença.


Anteriormente à edição da medida provisória o cálculo da RMI do auxílio-doença
não incluía a limitação do cálculo aos últimos 12 salários-de-contribuição, sendo
calculado sobre os 80% maiores salários-de-contribuição de todo o período
contributivo desde julho de 1994.

Ocorre que existe inconstitucionalidade formal e material no referido dispositivo.


Ressalte-se que esta tese ainda não encontrou aceitação nos Tribunais Superiores
e não teve seu mérito apreciado.

Quem tem direito à Revisão?


Beneficiários de auxílio-doença que tiveram seu cálculo da RMI limitado aos
últimos 12 salário-de-contribuição, segundo o art. 29, §10 da LBPS.

Qual a linha argumentativa?


A inconstitucionalidade formal se verifica uma que o art. 246 da Constituição é
claro ao vedar a adoção de MP para regulamentar artigo que tenha sido alterado
entre 01/01/1995 até a promulgação da EC 32/2001.

Nesse sentido, o art. 201 da CF/88 foi alterado pela EC 20/1998 para incluir o
critério de “equilíbrio financeiro e atuarial” no sistema previdenciário.

E a MP visava discutir justamente o equilíbrio financeiro e atuarial do art. 201 da


CF/88. Assim, fica claro que não poderia ter sido adotada medida provisória para
regular matéria instituída entre 01/01/1995 até a promulgação da EC 32/2001,
sendo a MP 664/2014 inconstitucional.

Materialmente, a MP 664/2014 é inconstitucional na medida em que viola o


princípio da isonomia, pois cria tratamento diferenciado entre segurados que
tenham vertido contribuições em valor inferior nos últimos meses antes da
concessão do benefício e segurados que tenham mantido a média contributiva
nos últimos meses.

Por fim, viola o princípio da vedação do retrocesso social, na medida em que


suprime parcialmente o direito ao benefício, restringindo (sem nenhuma
justificativa plausível) a renda dos segurados que por algum motivo tiveram seu
salário-de-contribuição diminuído nos últimos 12 meses.

43
Existe precedente jurisprudencial?
A tese ainda não encontra guarida na jurisprudência. Contudo, existe voto do Juiz
Daniel Machado da Rocha nos autos do processo nº 5001756-48.2017.4.04.7102
acolhendo a tese.

De todo modo, entendo que o dispositivo é inconstitucional, por violar


o preceito insculpido no § 11 do art. 201 da Constituição Federal,
segundo o qual ‘Os ganhos habituais do empregado, a qualquer
título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição
previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos
e na forma da lei’.
[...]

Por esses motivos, o voto é no sentido de dar provimento ao recurso


da parte autora, para determinar a revisão da RMI do auxílio-doença
de sua titularidade desde a DIB, para que seja calculado de acordo
com o art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/91, sem a incidência da limitação
prevista no § 10 acrescido pela MP nº 664/2014.

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Recurso Inominado: Recurso Extraordinário:


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44
14
DA SÚMULA 260 DO EXTINTO TFR

O que é a Revisão da Súmula 260 do TFR?

45
A Súmula 260 do extinto Tribunal Federal de Recursos estabelecia que “No
primeiro reajuste do benefício previdenciário deve-se aplicar o índice integral do
aumento verificado, independentemente do mês da concessão, considerando,
nos reajustes subsequentes, o salário-mínimo então atualizado”.

A primeira parte da súmula determina que no primeiro reajuste deve-se aplicar


a integralidade do reajuste, e não apenas a proporcionalidade dos meses
decorridos desde a concessão do benefício.

Já a segunda parte diz respeito ao enquadramento de faixas salariais. A Lei


6.708/79 estabeleceu que o salário mínimo deveria ser ajustado semestralmente
pelo INPC, com aplicação variada conforme a faixa salarial, da seguinte forma:

a) 110% da variação semestral do INPC, para os que recebessem até


03 (três) vezes o maior salário mínimo;

b) 100% da variação semestral do INPC para os que recebessem de


3 (três) a 10 (dez) salários mínimos de forma cumulativa;

c) 80% da variação semestral do INPC para os que recebessem valor


superior a 10 (Dez) salários mínimos de forma cumulativa.

Ocorre que a Autarquia Previdenciária utilizava-se do salário mínimo sem


correção para o enquadramento nas faixas salariais, o que poderia fixar o valor
do benefício em faixas superiores, ensejando reajuste menor, surgindo assim o
motivo à revisão judicial do benefício.

Quem tem direito à Revisão?


A Súmula só se aplica aos benefícios concedidos anteriormente a Constituição
Federal de 1988.

Contudo, ainda que o benefício tenha sido concedido anteriormente à CF/88, a


revisão só é cabível em três limitadas hipóteses:

a) Caso de aposentadoria por invalidez precedida de auxílio-doença,


ou pensão por morte derivada de aposentadoria, desde que a
aposentadoria por invalidez tenha sido concedida antes da CF/88;

b) Benefício com DIB não coincidente com o mês de reajuste, para


fins de aplicação da primeira parte do verbete sumular;

c) Benefício com DIB entre 01/11/1979 a 13/11/1984, para fins de


aplicação da segunda parte da súmula;

46
Qual a linha argumentativa?
Como dito anteriormente, a Autarquia Previdenciária utilizava-se do salário
mínimo sem correção para o enquadramento nas faixas salariais, o que poderia
fixar o valor do benefício em faixas superiores, ensejando reajuste menor,
surgindo assim o motivo à revisão judicial do benefício.

Assim, deve-se argumentar que tanto o primeiro reajuste deve-se dar pela
integralidade do reajuste, e não apenas de forma proporcional, e que, portanto
o enquadramento se dá em faixa salarial diversa, ensejando o reajuste a maior
do benefício.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim, um excelente julgado da TNU em 08.02.2010

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - AUXÍLIO-


DOENÇA REAJUSTE PROPORCIONAL – SÚMULA 260 DO TFR –
OBSERVÊNCIA DA INTEGRALIDADE DO ÍNDICE DO PRIMEIRO
REAJUSTE – NECESSIDADE DE REVISÃO DA RENDA MENSAL INICIAL
DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – RECURSO PROVIDO. 1) O
benefício do auxílio-doença do autor, concedido em 01/07/1987,
sofreu o primeiro reajuste de modo proporcional, sem observância da
interpretação da Súmula 260 do TFR, que determinava que qualquer
que tivesse sido o mês de concessão do primeiro benefício, o índice do
primeiro reajuste deveria ser integral. 2) A não observância do reajuste
integral do auxílio-doença repercutiu na RMI da aposentadoria por
invalidez, determinando defasagem que somente é passível de
correção mediante a aplicação da Súmula 260 do TRF no primeiro
reajuste do benefício de auxílio-doença. 3) Pedido de Uniformização
de Jurisprudência conhecido e provido. (PEDIDO 200563020120361
– Juiz Federal Ricardo Almagro Vitoriano Cunha – 08.02.2010)

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Inicial:
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47
15
DO RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO
ESPECIAL – INCLUSÃO NA APOSENTADORIA POR
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO OU CONVERSÃO EM
APOSENTADORIA ESPECIAL

O que é esta Revisão?

48
Por (diversas) vezes o INSS não reconhece tempo de serviço em que o trabalhador
laborou em condições especiais, o que pode fazer com que o mesmo faça jus
à concessão de aposentadoria especial ou da conversão do tempo de serviço
especial em comum (caso o mesmo não preencha o tempo de serviço especial
da aposentadoria especial), com consequente aumento da RMI do benefício.

Quem tem direito à Revisão?


Segurados que tenham tempo de serviço laborado sob condições especiais, não
reconhecidos pelo INSS por ocasião da concessão da aposentadoria por tempo
de contribuição.

Qual a linha argumentativa?


Ao conceder a aposentadoria ao segurado, o INSS por vezes não reconhece tempo
de serviço laborado pelo segurado em condições especiais, o que poderia gerar
o direito à aposentadoria especial, caso preenchido o tempo necessário, ou a
conversão do tempo reconhecido, ensejando o aumento da RMI do benefício.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim, a questão é pacífica nos tribunais, bastando que o segurado comprove no
decorrer do processo a especialidade das atividades exercidas:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.


REQUISITOS PREENCHIDOS. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL.
CONVERSÃO. POSSIBILIDADE. Uma vez exercida atividade
enquadrável como especial, sob a égide da legislação que a ampara,
o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao
acréscimo decorrente da sua conversão em tempo de serviço comum
no âmbito do Regime Geral de Previdência Social. (TRF4 5042621-
55.2017.4.04.9999, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC, Relator
PAULO AFONSO BRUM VAZ, juntado aos autos em 18/12/2017)

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Incidente Nacional de Uniformização de


Inicial: Interpretação da Lei Federal:
https://goo.gl/DFNk5z https://goo.gl/XHqjY5

49
16
DA REVISÃO DA INCLUSÃO DO 13º SALÁRIO E
ADICIONAL DE FÉRIAS NA BASE DE CÁLCULO

O que é a da inclusão do 13º salário e adicional de férias na base de cálculo?

50
A Revisão da inclusão do 13º salário e adicional de férias na base de cálculo, como
o nome já antecipa, visa garantir que os valores pagos à título de 13º salário
(até o advento da Lei 8.870/1994) e adicional de férias, sejam considerados na
apuração do salário de benefício.

Quem tem direito à Revisão?


Considerando a incidência da decadência que trata o art. 103 da LBPS, somente
os benefícios de pensão por morte, derivados de benefício anteriores à edição
da Lei 8.870/94. Todavia, quem contribuiu no teto nos meses de dezembro não
terá direito ao aumento, posto que a limitação máxima de contribuição.

O STJ ao julgar o tema nº 904 no sistema de repetitivos firmou a seguinte tese:

O décimo terceiro salário (gratificação natalina) somente integra o


cálculo do salário de benefício, nos termos da redação original do §
7º do art. 28 da Lei 8.212/1991 e § 3º do art. 29 da Lei n. 8.213/1991,
quando os requisitos para a concessão do benefício forem
preenchidos em data anterior à publicação da Lei n. 8.870/1994,
que expressamente excluiu o décimo terceiro salário do cálculo da
Renda Mensal Inicial (RMI), independentemente de o Período Básico
de Cálculo (PBC) do benefício estar, parcialmente, dentro do período
de vigência da legislação revogada.

Qual a linha argumentativa?


Anteriormente à Lei 8.870/94 a gratificação natalina e o adicional de férias (a
depender da forma e época, e que não se confunde com o abono pecuniário)
incluíam o salário de contribuição, sobre o qual incidia contribuição previdenciária,
devendo ser considerado para fins de cálculo do salário de benefício, respeitando-
se o limite máximo de contribuição mensal.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim, a tese firmada pelo STJ n Tema 904 (REsp 1546680/RS):

O décimo terceiro salário (gratificação natalina) somente integra o


cálculo do salário de benefício, nos termos da redação original do §
7º do art. 28 da Lei 8.212/1991 e § 3º do art. 29 da Lei n. 8.213/1991,
quando os requisitos para a concessão do benefício forem
preenchidos em data anterior à publicação da Lei n. 8.870/1994,
que expressamente excluiu o décimo terceiro salário do cálculo da
Renda Mensal Inicial (RMI), independentemente de o Período Básico
de Cálculo (PBC) do benefício estar, parcialmente, dentro do período
de vigência da legislação revogada.

51
O Previdenciarista possui peças disponíveis?

Inicial:
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52
17
DA REVISÃO DO ADICIONAL DE 25% A TODAS AS
APOSENTADORIAS

O que é a Revisão do adicional de 25% a todas as aposentadorias?

53
Em síntese, a revisão do adicional de 25% do art. 45 da LBPC a todas as
aposentadorias consiste na interpretação extensiva da majoração concedida aos
aposentados por invalidez que necessitem de acompanhamento permanente
de terceiros.

Os aposentados por idade e por tempo de contribuição que por ventura vierem
a ficar inválidos e necessitarem do acompanhamento permanente de terceiros
não possuiriam – pela literalidade do art. 45 da Lei de Benefícios – o direito ao
adicional de 25% em seu benefício.

Todavia, em face do princípio da isonomia, o adicional de 25% é devido a todos


os aposentados, independente da modalidade da aposentadoria.

A TNU já se posicionou de forma favorável à tese, mas o STJ suspendeu a


tramitação de todos processos relativos ao tema para que seja julgado sob o
rito dos Recursos Repetitivos o REsp 1.648.305/RS (Tema 982).

Quem tem direito à Revisão?


Aposentados que necessitem de acompanhamento permanente de terceiros.

Qual a linha argumentativa?


O art. 45 da Lei 8.213/91 cria discriminação desarrazoada entre os aposentados
do RGPS, violando o princípio da isonomia, diferenciando segurados que
eventualmente necessitarem de auxílio permanente de terceiros em face do seu
estado de saúde.

O elemento norteador da concessão do adicional é a invalidez e a necessidade


da assistência permanente de terceiros, e não a modalidade do benefício.

Existe precedente jurisprudencial?


Sim, um excelente julgado da TNU:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL INTERPOSTO PELA


PARTE AUTORA. TEMA AFETADO COMO REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA. PREVIDENCIÁRIO. ADICIONAL DE 25% PREVISTO NO
ART. 45 DA LEI 8.213/91. EXTENSÃO À APOSENTADORIA POR IDADE E
POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. CABIMENTO. APLICAÇÃO AO CASO
CONCRETO. QUESTÃO DE ORDEM 20. PROVIMENTO PARCIAL DO
INCIDENTE. RETORNO À TR DE ORIGEM PARA ADOÇÃO DA TESE E
CONSEQUENTE ADEQUAÇÃO.

1. Trata-se de Incidente de Uniformização suscitado por particular

54
pretendendo a reforma de acórdão oriundo de Turma Recursal
dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Rio Grande
do Sul que, mantendo a sentença, rejeitou pedido de concessão do
acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento) previsto no art. 45 da Lei
nº 8.213/91para o benefício de aposentadoria por idade.

2. O aresto combatido considerou que, sendo a parte-autora titular


de aposentadoria por idade, não há amparo legal à concessão do
acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento), previsto no art. 45 da Lei
nº 8.213/91, a não ser para aquele expressamente mencionado no
dispositivo legal (aposentadoria por invalidez).

3. A parte-autora sustenta o cabimento do pedido de uniformização


por entender que o acórdão recorrido estaria contrário a julgado
paradigma que, em alegada hipótese semelhante, que entendeu
cabível a extensão do adicional previsto no art. 45 da Lei 8.213/91 à
aposentadoria por idade.

4. Na decisão de admissibilidade, proferida pela Presidência desta


TNU, apontou-se que “há a divergência suscitada”, porquanto o
acórdão recorrido e os paradigmas teriam tratado da questão de
forma contrastante. Na mesma decisão, o eminente Presidente
da TNU decidiu pela “afetação do tema como representativo da
controvérsia”.

5. O Ministério Público Federal opinou, nos termos do art. 17, V, do


RI/TNU, no sentido do provimento do incidente de uniformização
para considerar “possível a extensão do adicional de 25% para outras
modalidades de aposentadorias diversas da concedida por invalidez,
desde que se comprove que a incapacidade do requerente, bem
como a necessidade de assistência permanente de terceiros”.

6. A Lei nº 10.259/2001 prevê o incidente de uniformização quando


“houver divergência entre decisões sobre questões de direito
material proferidas por Turmas Recursais na interpretação da lei”
(art. 14, caput). Caberá à TNU o exame de pedido de uniformização
que envolva “divergência entre decisões de turmas de diferentes
regiões ou da proferida em contrariedade a súmula ou jurisprudência
dominante do STJ” (art. 14, § 4º).

7. Do cotejo entre o acórdão combatido e o julgado paradigma,


observo que está caracterizada a divergência de entendimento
quanto ao direito material posto em análise nos autos, em razão

55
da ocorrência de similitude fática entre os julgados recorridos e
paradigma.

8. Explico:

9. No acórdão recorrido, a Turma Recursal de origem, mantendo a


sentença, rejeitou pedido de concessão à aposentado por idade do
acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento) previsto no art. 45 da Lei
nº 8.213/91, sob o seguinte fundamento (da sentença, acolhido sem
acréscimo): “Deste modo, o acréscimo de 25% previsto no art. 45 da
Lei nº 8.213/91 e no art. 45 do Decreto nº 3.048/99 está expressamente
vinculado ao benefício de aposentadoria por invalidez, não alcançado
outros benefícios, como, in casu, o benefício de aposentadoria por
idade, mesmo que o beneficiário necessite de assistência de outra
pessoa. É verdade que a mera extensão do referido acréscimo,
previsto para o aposentado por invalidez, aos que percebem outras
espécies de benefícios implicaria a atuação do magistrado como
legislador positivo, o que não se pode admitir, ainda mais ao arrepio
da exigência constitucional de indicação de fonte de custeio para a
majoração ou extensão de benefício previdenciário. Tal óbice, porém,
não se sustenta quando há reconhecimento de inconstitucionalidade
da norma legal, ainda que de forma parcial. Por óbvio que a atuação
do legislador infraconstitucional está sujeita à sindicabilidade
judicial, não se admitindo que a seletividade na distribuição dos
benefícios se dê em desrespeito às disposições constitucionais. No
caso, é indispensável verificar se a restrição analisada não ofende
ao princípio da isonomia ... Com efeito, ainda que à primeira vista
possa se pensar que um aposentado por invalidez e um aposentado
por idade (ou por tempo de contribuição) que necessitem de auxílio
de terceiros estejam em situação idêntica, não se pode esquecer
a diversidade entre as causas pretéritas que os fizeram merecer a
tutela do sistema previdenciário. Não há dúvida de que o risco social
da invalidez é tratado de forma diferente da idade avançada, uma
vez que no primeiro caso é ceifada a possibilidade de o segurado
desenvolver suas atividades de acordo com sua própria vontade.
Apenas neste caso, para as situações extremas de necessidade
de auxílio de terceiros, também chamadas de ‘grande invalidez’, o
legislador previu o direito ao recebimento do acréscimo. Assim, ainda
que a opção legislativa possa ser alvo de críticas, não se pode negar
que haja um fator juridicamente relevante para a diferenciação.”
(grifei).

10. No caso paradigma (PEDILEF nº 0501066-93.2014.4.05.8502, TNU,

56
sob minha relatoria, j. 11/02/2015), concedeu-se o adicional previsto
no art. 45 da Lei 8.213/91, não obstante a parte autora naquele feito
seja titular de aposentadoria por idade.

11. Portanto, há a similitude fática a permitir o conhecimento do


presente incidente de uniformização, uma vez que se partiu do mesmo
fato (de mesma natureza/titularidade de aposentadoria que não
seja por invalidez) para se chegar a conclusões jurídicas divergentes
(substrato do incidente): no caso recorrido entendeu que não fazia
o segurado jus ao adicional previsto no art. 45 da Lei 8.213/91; no
paradigma concedeu-se o acréscimo de 25% sobre o benefício.

12. Assim, presente a divergência de interpretação, passo ao exame


do mérito do pedido de uniformização de interpretação.

13. A controvérsia centra-se no cabimento da extensão do adicional


previsto no art. 45 da Lei nº 8.213/91 para a aposentadoria por
idade, no caso de o segurado aposentado “necessitar da assistência
permanente de outra pessoa”.

14. Dispõe a Lei nº 8.213/91: “Art. 45. O valor da aposentadoria por


invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de
outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento). Parágrafo
único. O acréscimo de que trata este artigo: a) será devido ainda
que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal; b) será
recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado;
c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao
valor da pensão.”

15. Portanto, de acordo com a Lei 8.213/1991, o valor da aposentadoria


por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de
outra pessoa será acrescido de 25%. A legislação prevê textualmente
sua concessão apenas para os beneficiários da aposentadoria por
invalidez.

16. Entretanto, aplicando-se o princípio da isonomia e se utilizando de


uma análise sistêmica da norma, conclui-se que referido percentual,
na verdade, é um adicional previsto para assistir aqueles segurados
aposentados que necessitam de auxílio de terceira pessoa para
a prática dos atos da vida diária. O seu objetivo é dar cobertura
econômica ao auxílio de um terceiro contratado ou familiar para
apoiar o segurado nos atos diários que necessite de guarida, quando

57
sua condição de saúde não suporte a realização de forma autônoma.

17. O que se pretende com esse adicional é prestar auxílio a quem


necessita de ajuda de terceiros, não importando se a invalidez é
decorrente de fato anterior ou posterior à aposentadoria. A aplicação
da interpretação restritiva do dispositivo legal, dela extraindo
comando normativo que contemple apenas aqueles que adquiriram
a invalidez antes de aperfeiçoado o direito à aposentadoria por idade
ou tempo de contribuição, por exemplo, importaria em inegável
afronta ao direito de proteção da dignidade da pessoa humana e
das pessoas portadoras de deficiência.

18. Ademais, como não há na legislação fonte de custeio específico


para esse adicional, entende-se que o mesmo se reveste de natureza
assistencial. Assim, a sua concessão não gera ofensa ao art. 195, §
5º da CF, ainda mais quando se considera que aos aposentados por
invalidez é devido o adicional mesmo sem o prévio custeamento do
acréscimo, de modo que a questão do prévio custeio, não sendo óbice
à concessão do adicional aos aposentados por invalidez, também
não o deve ser quanto aos demais aposentados.

19. Sobre este ponto, importante registrar que o Estado brasileiro é


signatário e um dos principais artífices da Convenção Internacional
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgado pelo
Decreto Presidencial n. 6.949, de 25 de agosto de 2009, após aprovação
pelo Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo n.186, de
9 de julho de 2008, conforme o procedimento do § 3º do art. 5º da
Constituição, detendo, portanto, força de emenda constitucional.

20. A referida Convenção, que tem por propósito “promover,


proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas
com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente”,
reconhece expressamente a “necessidade de promover e proteger
os direitos humanos de todas as pessoas com deficiência, inclusive
daquelas que requerem maior apoio”, em flagrante busca de minorar
as diferenças existentes nos mais diversos ramos da atuação
humana em detrimento dos portadores de deficiência, revelando-
se inadmissível, portanto, que a lei brasileira estabeleça situação
de discriminação entre os próprios portadores de deficiência, ainda
mais num campo de extremada sensibilidade social quanto o é o da
previdência social.

58
21. Em seu artigo 5.1, o Diploma Internacional estabelece que “Os
Estados Partes reconhecem que todas as pessoas são iguais perante e
sob a lei e que fazem jus, sem qualquer discriminação, a igual proteção
e igual benefício da lei”. Por sua vez, o art. 28.2.e, estabelece que os
“Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência
à proteção social e ao exercício desse direito sem discriminação
baseada na deficiência, e tomarão as medidas apropriadas para
salvaguardar e promover a realização desse direito, tais como:
Assegurar igual acesso de pessoas com deficiência a programas e
benefícios de aposentadoria”.

22. Temos, portanto, comandos normativos, internalizados com força


de norma constitucional, que impõem ao art. 45 da Lei n. 8213/91 uma
interpretação à luz de seus princípios, da qual penso ser consectário
lógico encampar sob o mesmo amparo previdenciário o segurado
aposentado por idade/tempo de contribuição que se encontra em
idêntica condição de deficiência.

23. Assim, o elemento norteador para a concessão do adicional


deve ser o evento “invalidez” associado à “necessidade do auxílio
permanente de outra pessoa”, independentemente de tais fatos,
incertos e imprevisíveis, terem se dado quando o segurado já se
encontrava em gozo de aposentadoria por idade.

24. Ora, o detentor de aposentadoria não deixa de permanecer ao


amparo da norma previdenciária. É o que dispõe o art. 15, inciso I, da Lei
n. 8.213/91 (Mantém a qualidade de segurado, independentemente
de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de
benefício). Conceder a cobertura previdenciária ao aposentado por
idade ou tempo de contribuição quando do advento de incapacidade
qualificada que lhe exija o auxílio permanente de outra pessoa
afigura-se-nos encontrar respaldo também naquele dispositivo legal.

25. Logo, não se apresenta justo nem razoável restringir a concessão


do adicional apenas ao segurado que restou acometido de invalidez
antes de ter completado o tempo para aposentadoria por idade ou
contribuição e negá-lo justamente a quem, em regra, mais contribuiu
para o sistema previdenciário.

26. Seria de uma desigualdade sem justo discrímen negar o adicional


ao segurado inválido, que comprovadamente carece do auxílio de
terceiro, apenas pelo fato de ele já se encontrar aposentado ao

59
tempo da instalação da grande invalidez.

27. Aponte-se, ainda, que aqui não se está extrapolando os limites


da competência e atribuição do Poder Judiciário, mas apenas
interpretando sistematicamente a legislação, bem como à luz dos
comandos normativos de proteção à pessoa portadora de deficiência,
inclusive nas suas lacunas e imprecisões, condições a que está sujeita
toda e qualquer atividade humana.

28. Neste sentido, entendo que a indicação pelo art. 45 da Lei n º


8.213/91 do cabimento do adicional ao aposentado por invalidez,
antes de ser interpretada como vedação à extensão do acréscimo
aos demais tipos de aposentadoria, pela ausência de menção aos
demais benefícios, deve ser entendida como decorrente do fato de
ser o adicional devido em condições de incapacidade, usualmente
associada à aposentadoria por invalidez, porém, não exclusivamente,
tal como na hipótese em que a invalidez se instale após a concessão
do benefício por idade ou por tempo de contribuição.

29. Segurados que se encontram na mesma situação de invalidez


e necessidade não podem ser tratados de maneira distinta pelo
legislador (caráter relativo da liberdade de conformação do legislador
ADPF-MC 45/DF), sob pena de se incorrer em inconstitucionalidade
por omissão parcial, em sua feição horizontal (Sarlet, Marinoni,
Mitidiero, Curso de Direito Constitucional, RT, 1ª Ed. p. 793), onde
se tutela, por força de uma mesma condição de invalidez, apenas
parcela dos segurados.

30. A mesma essência de entendimento foi aplicada pelo STF


quando do julgamento do RE 589.963-PR, no qual foi declarada a
inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34,
parágrafo único, da Lei n. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), onde se
reconheceu a inconstitucionalidade parcial por omissão do legislador,
ante a “inexistência de justificativa plausível para a discriminação dos
portadores de deficiência em relação aos idosos, bem como dos idosos
beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares
de benefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo”.
Neste caso, entendeu a Suprema Corte que o legislador não poderia
ter autorizado, para fins de percepção de benefício assistencial, a
desconsideração da renda mínima assistencial de outro idoso,
deixando de fora do comando normativo a desconsideração da renda
mínima assistencial de pessoa deficiente ou de idoso detentor de
benefício previdenciário também de um salário mínimo. Reconheceu,

60
portanto, a situação de omissão legislativa inconstitucional, ao se
deixar de fora do amparo normativo pessoas que se encontram em
idêntica condição de proteção constitucional ou legal.

31. Pela mesma razão, não se de deve interpretar o art. 45 da Lei


n. 8.213/91 e entender que sua norma de proteção social ampara
exclusivamente o segurado cuja invalidez já se encontrava instalada
ao tempo da concessão do benefício, exatamente por ter sido a razão
de sua concessão. Tal restrição hermenêutica implicaria em flagrante
inconstitucionalidade por omissão do dispositivo legal, assim como
incorreu o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso, ao tratar
de maneira diferenciada pessoas que devem se encontrar dentro
do mesmo espectro protetivo da norma, sendo ainda de se invocar
o princípio da proibição da proteção insuficiente (ARE 745745 AgR,
Relator (a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em
02/12/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-250 DIVULG 18-12-2014
PUBLIC 19-12-2014).

32. Na esteira da doutrina pátria, “a interpretação restritiva do art. 45


da Lei n. 8.213/91 implica interpretação que viola, a um só tempo, o
princípio da vedação da proteção insuficiente de direito fundamental
(Rcl 4374, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, j. 18/04/2013, DJ
04/09/2013), e o princípio da isonomia (RE 580963, Rel. Min. Gilmar
Mendes, Tribunal Pleno, j. 18/04/2013, DJ 14/11/2013). Por essas
razões, operando-se interpretação conforme à Constituição, deve-
se compreender que o adicional de que trata o art. 45 da Lei n.
8.213/91 tem como pressuposto de concessão o fato de o segurado
se encontrar incapacitado de modo total e permanente, necessitando
ainda da assistência contínua de outra pessoa, independentemente
da espécie de aposentadoria de que seja titular” (Savaris, Direito
Previdenciário, Problemas e Jurisprudência, Alteridade, 2ª Ed. p. 134).
No mesmo sentido: Castro e Lazzari, Manual de Direito Previdenciário,
Gen, 17ª Ed.

33. Nesse mesmo sentido, torno a valer-me da Excelsa Corte, que,


no recente julgamento do RE 778889, sob o rito da Repercussão
Geral, deu-lhe provimento para “reconhecer o direito da recorrente
ao prazo remanescente da licença parental, a fim de que o tempo
total de fruição do benefício, computado o período já gozado, seja
de 180 dias de afastamento remunerado, correspondentes aos 120
dias de licença, previstos no art. 7º, XVIII, da Constituição Federal,
acrescidos dos 60 dias de prorrogação, tal como permitido pela
legislação, fixando a seguinte tese: ‘Os prazos da licença adotante

61
não podem ser inferiores aos prazos da licença gestante, o mesmo
valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença
adotante, não é possível fixar prazos diversos em função da idade
da criança adotada’”.

34. Na oportunidade, analisando a diferenciação legal existente no


serviço público federal, quanto à duração da licença-maternidade
entre a mãe-gestante e a mãe-adotante, prevista na Lei nº 8.112/90,
a Suprema Corte a considerou “ilegítima”, apontando, após
considerações de várias ordens (quanto ao histórico próprio das
crianças adotadas, sua maior suscetibilidade à doença, dificuldades
na adaptação à nova família, autonomia da mulher, etc.), que “não
existe fundamento constitucional para a desequiparação da mãe
gestante e da mãe adotante, sequer do adotado mais velho e mais
novo”, fugindo da mera literalidade do dispositivo legal e assentando
o julgamento na norma jurídico-valorativa que está subjacente no
texto legal.

35. No referido recurso extraordinário, o STF reconheceu a natureza


constitucional da questão quanto ao estabelecimento de prazo
diferenciado para a licença-maternidade concedida às gestantes
e às adotantes, questão esta semelhante a dos presentes autos,
quanto ao tratamento diferenciado conferido a aposentados que se
encontram em uma mesma situação de invalidez.

36. Note-se que o caso posto sob a análise da Corte Suprema, em


suma, versou sobre situações fáticas distintas (maternidade biológica
e por adoção), tendo, diante de tal distinção fática, o STF decidido pelo
direito constitucional da adotante a ter tratamento legal igualitário ao
dispensado à mãe-gestante, levando em consideração dificuldades
próprias dos filhos adotados, a necessidade de estímulo à adoção e
aspectos culturais que oneram a mulher na maternidade adotiva.

37. Portanto, interpretando-se o julgado do STF (ainda não


publicado, mas noticiado no seu Informativo nº 817), conclui-se que
a Excelsa Corte entendeu por rejeitar a possibilidade de tratamento
diferenciado estabelecido pelo legislador quanto às licenças-
maternidade destinadas à gestante e à adotante.

38. Trazendo o raciocínio para o caso dos presentes autos, entendo


que com maior força descabe o tratamento diferenciado entre o
aposentado por invalidez e aquele que, após aposentar-se por tempo
de contribuição ou idade, tornou-se inválido, necessitando de ajuda

62
de terceiro.

39. Aqui, além de superar a mera literalidade da lei, como no caso do


julgamento proferido pelo STF, em que se buscou a sua exegese sob o
prisma isonômico, trata-se de hipótese em que há a mesma situação
fática: ambos (tanto o originalmente aposentado por invalidez quanto
o aposentado por idade ou tempo de contribuição) são segurados que
estão inválidos e precisando da assistência permanente de terceiro.

40. Ora, está-se falando de segurados que se encontram na mesma


situação fática de aposentação e dependência da assistência
permanente de terceiro, donde o tratamento diferenciado quanto
à concessão do adicional centra-se não no cotejo de situações
materiais atuais, mas, sim, da supervaloração da classificação formal
do benefício concedido ao segurado.

41. Neste sentido, ou seja, no de que não se deve supervalorizar a


situação fática existente à época da concessão do benefício, tome-se
o exemplo da possibilidade da concessão a posteriori do adicional se,
supervenientemente, o aposentado por invalidez passar a depender
da assistência de outra pessoa.

42. Isso porque, para a concessão do acréscimo de 25% em favor


do aposentado por invalidez, não se exige que a necessidade de
assistência permanente de outra pessoa já esteja instalada quando
da concessão da aposentadoria, podendo ser requerida e concedida
se tal necessidade surgir em momento posterior à concessão do
benefício.

43. Logo, não encontro razão plausível para se conceder o adicional ao


aposentado inválido que somente passou a depender de assistência
de terceiro após a concessão do benefício e negar ao aposentado
que apenas supervenientemente ficou inválido, precisando da ajuda
de terceiro.

44. Ressalto apenas que a questão fática (incapacidade e necessidade


de assistência de terceiros) não foi enfrentada pelo julgado recorrido,
de modo que, implicando o provimento do presente incidente,
quanto à matéria de direito, na necessidade de reexame da matéria
de fato, devem os autos retonar à TR de origem para reapreciação
das provas (conforme a Questão de Ordem nº 20/TNU).

63
45. Incidente conhecido e provido, em parte, para firmar a tese de que
é extensível às demais aposentadorias concedidas sob o regime geral
da Previdência Social, que não só a por invalidez, o adicional de 25%
previsto no art. 45 da Lei 8.213/91, uma vez comprova a incapacidade
do aposentado e a necessidade de ser assistido por terceiro. (TNU
- PEDILEF: 50008904920144047133, Relator: JUIZ FEDERAL SÉRGIO
MURILO WANDERLEY QUEIROGA, Data de Julgamento: 12/05/2016,
Data de Publicação: 20/05/2016)

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