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Lisbon Revisited

1.

1.1. O sujeito poético inicia o poema com uma atitude de recusa e negação, porque este sente-se o
oposto do mundo, isto é, não gosta de estratégias e das soluções que o mundo sempre apresenta. O
eu recusa os aspetos do mundo (anterior referidos), pois não gosta de ser influenciado e recusa
opiniões para que possa ser ele próprio “Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade. /
Assim, como sou, tenham paciência!”.

2. O tom utilizado pelo sujeito poético difere ao longo do poema. Primeiramente, o sujeito poético
usa um tom de agressividade onde se torna quase insultuoso “vão para o Diabo sem mim”. De
seguida, vemos um sujeito poético com uma tonalidade no seu discurso de revolta, fazendo com que
as suas palavras assumam uma dimensão de desilusão e de desânimo “que mal fiz eu aos deuses
todos?”

3. A primeira parte, do verso 1 ao 16, é demonstrado pelo sujeito poético desespero, só espera a
morte, recusa tudo e todos. O “eu” recusa o modo de pensar dos outros e todos aqueles que o
rodeiam e acha os outros um “problema” pelo facto de serem todos iguais. A segunda parte,
presente do verso 17 ao 27, em que o sujeito poético rejeita a vida quotidiana, demonstrando não
querer seguir padrões, nem o que a sociedade aparentemente exige, como por exemplo, trabalhar,
casar e ter filhos. A terceira parte, do verso 28 ao 33, o poeta recorda a infância, como um tempo de
harmonia que nunca mais irá recuperar e revela tristeza por isso. Por fim, a quarta parte, sendo ela
os dois últimos versos o poeta apresenta um profundo estado de abolia, quer estar sozinho e em
paz, afirmando assim querer morrer sozinho.

4.

4.1. O sujeito poético, diz-se doido, pois recusa a estética, a moral, a metafísica, as ciências, as artes,
a civilização moderna e todas as coisas que a sociedade moderna tem para oferecer:” não me
tragam estéticas! Não me falem em moral! Tirem me daqui a metafísica! ...” Álvaro de Campos quer
marcar-se pela diferença recusando tudo e todos, porém mostra-se consciente da sua loucura “fora
disso sou doido com todo o direito a sê-lo. Com todo o direito a sê-lo ouviram?”

5. Através da interrogação < Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?>, o sujeito poético
nega os valores e ironiza sobre o modo de vida burguês, com as suas instituições e rotinas, como o
casamento, a futilidade, o apego aos costumes rotineiros e o pagamento de impostos.

6. Na penúltima estrofe vemos o afastamento total ao sujeito poético face à realidade, uma vez que
revê a Lisboa da sua infância “Ó céu azul- o mesmo da minha infância”, como se nenhuma memória
pudesse devolver o passado “Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje! / Nada me dais, nada
me tirais, nada sois que eu me sinta”.

7. Na última estrofe, o sujeito poético da continuidade ao sentimento de revolta que esteve


presente durante todo o poema, pede novamente solidão e, mesmo enquanto espera por está, só
anseia estar sozinho. Neste momento, para o sujeito poético, Lisboa não é reconhecida por si, Lisboa
não é mais lugar que lhe dá ou tira alguma coisa, não é nada que o faça sentir tudo até mesmo nada.
O sujeito poético tenta mostrar se indiferente à civilização que observa e à Lisboa que lhe
apresentam.

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