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Sociologia:

Uma entrevista a um jovem que vive numa aldeia num país africano e que não pode ir à escola
porque tem de cuidar das irmãs e/ou dos irmãos mais novas/os:

Jéssica: Bem-vindo e desde já obrigada pela disponibilidade!

Pedro:

Jéssica: Qual é o teu nome completo?

Pedro:

Jéssica: O que significa Akía?

Pedro:

Jéssica: Quantos anos tens?

Pedro:

Jéssica: Quantos irmãos tens?

Pedro:

Jéssica: Quais as suas idades? Sabes me dizer o nome de cada um?

Pedro:

Jéssica: És de onde?

Pedro:

Jéssica: Acreditas em Deus, isto é, tens alguma religião?

Pedro:

Jéssica: Quando se vive num contexto de pobreza dá-se valor a quê?


Pedro:

Jéssica: O que te faz sorrir? Ao que agarras para esse processo acontecer?

Pedro:

Jéssica: O que é que tu nunca contas-te a ninguém?

Pedro:

Jéssica: Essa mulher tinha que idade?

Pedro:

Jéssica: E já conseguiste por fim a isso?

Pedro:

Jéssica: Isso marcou a tua vida sexual, por exemplo, com a tua namorada?

Pedro:

Jéssica: Qual foi o momento mais difícil da tua vida?

Pedro: (tens de falar que tomas conta dos teus irmaos e que um dia o teu irmão tava muito
chatinho e so chorava e então pegavas em tachos e chocavas um com o outro e assim começas a
perceber que ele perdeu a audição)

Jéssica: O que sentiste nesse momento?

Pedro: (muita culpa, tristeza…)

Jéssica: O que é que tu achas que te impede neste contexto de pobreza, que não se semeie em ti
ódio mas sim amor?

Pedro: (Graças à tua avó porque foi a única que sempre cuidou de ti e que te educo/ ensinou a
escrever e a ler e que aos meus 8 anos disse que me amava…)
Jéssica: Achas que os teus irmãos percebem porque é que o teu pai tem de ir trabalhar?
Pedro: (sim para termos o que comer e o que vestir/calçar)

Jéssica: Frequentas a escola?


Pedro: (não)

Jéssica: Isso é muito mau… mas alguém da tua família te ensina a ler ou a escrever?
Pedro: (a minha avó)

Jéssica: Comes bifes, fiambre…?


Pedro: (interrompe e diz não impensável)

Jéssica: O que costumas comes?


Pedro:

Jéssica: O que comes-te de mais especial?


Pedro: carapau

Jéssica: Como é que vocês cozinham?


Pedro:

Jéssica: Comes todos os dias?


Pedro: (sim, o que a minha avo tras do campo)

Jéssica: Quantas refeições?


Pedro: (2 tarde e noite)

Jéssica: Já alguma vez fizeste 3 refeições, isto é porque é que nunca comem de manhã?
Pedro: Não porque a pobreza não nos permite.
Jéssica: Desculpa esta pergunta, mas os teus irmãos ou irmãs tem anemia devido à má
alimentação? Vocês têm consciência do que é uma anemia?
Pedro:

Jéssica: O que vocês comem na altura do Natal? O que há de diferente?


Pedro: maçã, contar a historia da coca cola

Jéssica: O que gostavas de provar?


Pedro: Presunto, queijo, laranja

Jéssica: Quando vês pessoas de outras nacionalidades/ culturas que venham visitar a tua
terra/ cidade, quais são as primeiras coisas em que reparas?
Pedro:

Jéssica: Se fosse possível o que darias aos teus irmãos de diferente?


Pedro:

Jéssica: O que tentas transmitir aos teus irmãos para eles/elas se tornarem pessoas humildes?
Pedro:

Jéssica: O que vocês mais gostam de fazer nos tempos livres?


Pedro: futebol, macaca, esconde-esconde

Jéssica: O que fazes para o teu irmão que é surdo se sentir bem e feliz?

Pedro: simplesmente abraço-o

Jéssica: Do que são feitos os vossos momentos felizes?

Pedro: Um simples sorriso dele é tudo, os abraços... o que me faz superar os maus momentos que
possa ter vivido minutos antes.
Jéssica: O que mais pedes a Deus?

Pedro: peço que o meu irmão dure muitos anos para ele continuar a observar a beleza da natureza,
por exemplo, a praia do moreno graças à transqualidade que o local transmite.

Jéssica: (SUSPIRO) Até agora não me falas-te da tua mãe...

Pedro: Ela faleceu quando eu tinha 2 anos durante a guerra.

Jéssica: Como é que tu vês a tua família?

Pedro: é uma família unica, unida e humilde.

Jéssica: Qual é o teu maior sonho?

Pedro: (28:43)

Jéssica: Preciso de te fazer uma pergunta... Aqui sentes-te em perigo?

Pedro: Sim, tenho um trauma ate aos dias de hoje tenho medo que tudo volte. Ainda me lembro
de ser pequeno e me esconder durante três dias num búncaro com fezes e ao sairmos de lá só
viamos pessoas mortas no chao, isto tudo em tempo de guerra, segundo o que a minha avó e o
meu pai me contam... e tambem foi nesse dia que perdi a minha mãe. A paz em Angola foi
anunciada em 2002 e graças a Deus os meus irmão não passaram pelo que eu passei...

Jéssica: Na tua opinião qual foi a maior festa de Angola?

Pedro: Foi quando a seleção foi jogar contra no ruan, a kigali para o mundial da Alemanha. Que foi
a primeira vez que tiveram aquela oportunidade, e o aqua marca golo de cabeça. Aquele golo fez-
nos estar no primeiro lugar no grupo. O país saiu à rua... houve uma festa enorme no país todo, só
aí é que nos caiu a ficha de que realmente estavamos em paz

Jéssica: O que gostavas que os teus irmãos mais velhos te dissessem daqui a uns anos?
Pedro: O meu irmão foi um lutador por ter deixado a sua vida de lado para se dedicar a nós.

Jéssica: Se tivesses que escrever uma frase para ser lida daqui a 100 anos, o que escreverias?

Pedro: Eu ja tinho escrito... onde esta o nosso coração está a nossa verdadeira riqueza.

Jéssica: És feliz?

Pedro:sim, mas gostava que houvesse mais sinceridade e humildade no mundo para que a
felicidade se espandisse. E, tambem tenho uma vontade enorme de ver o mundo menos egoísta.

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