Você está na página 1de 22

Meu Herói és Tu

A produção de “Meu Herói és Tu”

Este livro foi um projeto desenvolvido pelo Grupo de Referência sobre Saúde Mental e Apoio Psicossocial
em Emergências Humanitárias do Comitê Permanente Interagências (IASC GR SMAPS). O projeto foi
apoiado por especialistas de organizações globais, regionais e locais das agências integrantes do IASC GR
SMAPS, além de pais, mães, cuidadores, professores e crianças em 104 países. Realizou-se uma investigação
global em árabe, inglês, italiano, francês e espanhol para avaliar a saúde mental e as necessidades
psicossociais das crianças durante o surto de COVID-19. Os resultados desta pesquisa foram utilizados para
desenvolver uma estrutura de tópicos a serem abordados através da história contada neste livro. O livro foi
compartilhado através da narração para crianças em vários países afetados pelo COVID-19. Assim, o
feedback de crianças, pais, mães e cuidadores foi utilizado para rever e atualizar a história.

Mais de 1.700 crianças, pais, mães, cuidadores e professores de todo o mundo compartilharam conosco como
estavam a lidar com a pandemia do COVID-19. Agradecemos a essas crianças, seus pais e mães, cuidadores
e professores por responderem nossas pesquisas e influenciarem esta história. Esta é uma história
desenvolvida para e por crianças de todo o mundo.

O IASC GR SMAPS agradece a Helen Patuck por escrever o roteiro da história e ilustrar este livro.

©IASC, 2020. Esta publicação foi publicada sob a licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-
ShareAlike 3.0 IGO (CC BY-NC-SA 3.0 IGO; https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/igo). Sob
os termos desta licença, você pode reproduzir, traduzir e adaptar esta Obra para fins não comerciais, desde
que a Obra seja citada adequadamente.
Introdução
“Meu Herói és Tu” é um livro escrito para crianças de todo o mundo afetadas pela pandemia do COVID-19.

“Meu Herói és Tu” deve ser lido pelo pai, mãe, cuidador ou professor para uma criança ou para um pequeno
grupo de crianças. Não é recomendável que as crianças leiam este livro independentemente, sem o apoio dos pais,
mães, cuidador ou professor. O guia complementar chamado “Ações para Heróis” (a ser publicado
posteriormente) oferece suporte para abordar tópicos relacionados ao COVID-19, ajudando as crianças a gerenciar
sentimentos e emoções, além de atividades complementares para as crianças, com base no livro.

Traduções
O próprio Grupo de Referência é responsável pela tradução para árabe, chinês,
francês, russo e espanhol. Entre em contato com o Grupo de Referência sobre Saúde
Mental e Apoio Psicossocial em Emergências Humanitárias (SMAPS) do IASC
(mhpss.refgroup@gmail.com) para coordenação de traduções em outros idiomas.
Todas as traduções concluídas serão publicadas no site do Grupo de Referência do
IASC.

Esta tradução não foi criada pelo Comitê Permanente Interagências (IASC). O IASC
não é responsável pelo conteúdo ou precisão desta tradução. A edição original em
inglês “Inter-Agency Standing Committee. My Hero is You: How Kids Can Fight
COVID-19! Licença: CC BY-NC-SA 3.0 IGO é a edição vinculativa e autêntica.”

Tradução em Língua Portuguesa e Revisão Técnica: Márcio Gagliato, PhD –


Consultor Sênior em Emergências Humanitárias e Diretor (Operações) da Rede
Internacional de Saúde Mental e Apoio Psicossocial – MHPSS.net; Inês Carolina
Brás Ribeiro (Cruz Vermelha Portuguesa); Joana Soares Cordeiro Lopes
(ACNUR) e Giovanna Monteiro Sidney (ACNUR)
A mãe de Sara é a sua heroína porque ela é a
melhor mãe e a melhor cientista do mundo. Mas
até a mãe de Sara não consegue encontrar uma
cura para o coronavírus.

“Como é o COVID-19?”, Sara perguntou à sua


mãe.

“O COVID-19, ou o coronavírus, é tão pequeno


que não conseguimos ver”, disse a mãe. “Mas ele
espalha-se em tosses e espirros de pessoas
doentes, e quando elas tocam pessoas ou coisas
ao seu redor. As pessoas doentes têm febre e
tosse e podem ter problemas para respirar.”

“Então, não podemos combater o coronavírus


porque não conseguimos vê-lo?”, Sara
perguntou.

“Nós podemos combatê-lo”, disse a mãe de Sara.


“É por isso que eu preciso que estejas segura,
Sara. O vírus afeta muitos tipos de pessoas e toda
a gente pode ajudar-nos a combatê-lo. As
crianças são especiais e podem ajudar também.
Tu precisas de ficar segura por todos nós. Eu
preciso que tu sejas a minha heroína.”
Sara deitou-se na cama naquela noite e não se sentiu
como uma heroína de todo. Ela sentiu-se chateada.
Ela queria ir para a escola, mas a sua escola estava
fechada. Ela queria ver as suas amigas, mas não era
seguro. Sara queria que o coronavírus parasse de
assustar o seu mundo.

“Os Heróis têm superpoderes”, ela disse para si


mesma, fechando os olhos para dormir. “O que é que
eu tenho?”

De repente, uma voz gentil sussurrou o seu nome na


escuridão.

“Quem está aí?”, Sara sussurrou de volta.

“Do que é que precisas para seres uma heroína,


Sara?”, a voz perguntou-lhe.

“Eu preciso de uma forma de dizer a todas as


crianças do mundo como se podem proteger para que
elas possam proteger todas as outras pessoas...”, disse
Sara.

“Então, o que é que precisas que eu seja?”, a voz


perguntou.

“Eu preciso de algo que possa voar... algo com uma


grande voz... e algo que possa ajudar!”

Com um sopro, algo incrível apareceu sob a luz do


luar....
“O que é que tu és?”, disse Sara sobressaltada.

“Eu sou Ario”, ele disse.

“Eu nunca vi um Ario antes”, disse Sara.

“Bem, eu estive aqui o tempo todo”, disse


Ario. “Eu venho do teu coração.”

“Se eu tenho a ti... então posso falar a todas


as crianças do mundo sobre o coronavírus!”,
disse Sara. “Eu posso ser uma heroína! Mas
espere, Ario, é seguro viajar com o
coronavírus por aí?”

“Só comigo, Sara”, disse Ario. “Nada pode


machucá-la quando estamos juntos.”
Então Sara saltou para as costas de Ario e juntos eles voaram pela janela do seu
quarto, para o céu noturno. Voaram em direção às estrelas e disseram olá à lua.
Enquanto o sol nascia, eles pousaram em um
lindo deserto com pirâmides, onde um
pequeno grupo de crianças brincava. As
crianças gritaram de alegria e acenaram para
Sara e seu Ario.

“Bem-vindo, eu sou Salem!”, gritou um dos


meninos. “O que estão a fazer aqui?
Desculpa, não nos podemos chegar mais
perto, temos que estar pelo menos a um
metro de distância!”

“É por isso que estamos aqui!”, Sara gritou de


volta. “Eu sou a Sara e este é o Ario. Sabias que
as crianças podem manter seus vizinhos,
amigos, pais, mães e avós em segurança do
coronavírus? Todos nós precisamos...”

“Lavar as mãos com água e sabão!”, disse


Salem com um sorriso. “Nós sabemos, Sara.
Também tossimos nos cotovelos se
estivermos doentes – e acenamos para as
pessoas em vez de apertar as mãos.
Tentamos ficar dentro de casa, mas
moramos numa cidade com muitas pessoas
… nem toda a gente está a ficar em casa.”

“Hmm, talvez eu possa ajudar com isso”,


disse Ario. “Eles não podem ver o
coronavírus, mas... eles podem-me ver!
Venham, saltem aqui, mas, por favor,
sentem-se nos dois lados das minhas asas –
elas estão a pelo menos um metro de
distância!”
O Ario voou para o céu com
Salem e Sara em ambas as suas
asas. Voou atravessando a
cidade e começou a rugir e a
cantar! Salem gritou para as
crianças nas ruas:

“Vão, contem às suas famílias,


nós ficamos mais seguros
dentro de casa! Nós podemos
cuidar melhor uns dos outros
ficando em casa!”

As pessoas ficaram
impressionadas com o que
viram. Elas acenaram e
concordaram em ir para as
suas casas.
Ario voou bem alto até
ao céu. Salem gritou de
alegria. Lá em cima,
entre as nuvens, um
avião passou e os
passageiros olharam
com admiração.

“As pessoas terão que


parar de viajar em breve,
pelo menos por
enquanto”, disse Salem.
“Eles estão a fechar as
fronteiras pelo mundo, e
todos devemos
permanecer onde estamos
e com as pessoas que
amamos.”

“Tantas coisas parecem ter


mudado", disse Sara. “Às
vezes fico com medo disso.”

“Pode parecer assustador e confuso quando as coisas


estão a mudar, Sara”, disse Ario. “Quando sinto
medo, respiro muito lentamente – e expiro fogo!”

Ario soprou uma enorme bola de fogo!

“Como é que vocês relaxam quando se


sentem assustados?”, perguntou-lhes Ario.
“Gosto de pensar em alguém que me faz sentir
segura”, disse Sara.

“Eu também, eu penso em todas as pessoas que me


ajudam a sentir seguro, como meus avós”, disse Salem.
“Sinto falta deles. Não lhes posso dar um abraço, porque
poderia passar-lhes o coronavírus. Costumamos vê-los
todos os fins de semana, mas agora não, porque temos que
mantê-los seguros.”

“Podes ligar-lhes?”, Sara perguntou a seu amigo.

“Ah sim!” disse Salem. “Eles ligam-me todos os dias e eu


conto-lhes todas as coisas que estamos a fazer em casa.
Isso faz-me sentir melhor e a eles também.”

“É normal sentir falta das pessoas que amamos que não


podemos ver agora”, disse Ario. “Isso mostra o quanto nos
importamos. Sentias-te melhor se conhecesses outros
heróis?”

“Sim, por favor!”, gritaram Sara e Salem.

“Ótimo, a minha amiga Sasha tem um superpoder muito


especial”, disse Ario. “Vamos lá!”
E assim eles voaram em direção à terra e pousaram
em uma pequena vila. Uma menina estava do lado
de fora da sua casa a colher flores. Quando ela viu o
Ario e as crianças sentadas nas asas dele, riu-se.

“Ario!”, ela exclamou. “Temos que ficar a pelo


menos um metro de distância, por isso vou-te
mandar um abraço! O que estão todos aqui a
fazer?”

“Eu senti o teu abraço quando tu me disseste isso,


Sasha”, disse Ario. “Adoro como podemos usar
palavras para mostrar que nos importamos, e ações
também. Queria que meus amigos aprendessem sobre
o teu superpoder.”

“Qual é o meu superpoder?”, disse Sasha.

“Desde que alguém da sua família ficou doente, estás


a ficar em casa para garantir que não vais passar o
coronavírus para mais ninguém”, disse Ario.

“Sim, é o meu pai e ele está a ficar no quarto dele até


ficar completamente bem”, disse Sasha.
“Mas isso não é assim tão mau! Nós jogamos jogos,
cozinhamos, passamos um tempo no jardim e
fazemos as refeições juntos. Eu e os meus irmãos,
tocamos nos dedos dos nossos pés e dançamos.
Lemos livros e posso continuar a aprender porque
às vezes sinto falta da escola. No início, foi estranho
ficar em casa, mas agora parece normal.”

“Isso nem sempre é fácil, Sasha”, disse Ario. “Tu


estás a encontrar maneiras de te divertires e de
estar bem com os teus entes queridos em casa. Isso
faz com que sejas minha heroína!”

“Tu nunca discutes com a sua família?”


perguntou Salem.

“Às vezes discutimos”, disse Sasha. “Temos que ter


paciência e compreensão adicionais e ser ainda
mais rápidos a pedir desculpa. Isso é um
verdadeiro superpoder, porque pode fazer nós
mesmos e os outros se sentirem melhor. Eu
também preciso de algum tempo sozinha. Eu amo
dançar e cantar comigo mesma! E posso ligar aos
meus amigos às vezes...”

“Mas, Ario, e as pessoas que estão longe de casa


ou que não têm casa?”, perguntou Sara.

“Essa é uma ótima pergunta, Sara”, disse


Ario. “Vamos descobrir.”
E então, eles despediram-se de Sasha e partiram mais
uma vez. O clima ficou mais quente quando
aterrissaram numa ilha rodeada pelo mar.
Lá eles viram um acampamento cheio de pessoas.

Uma menina os viu e acenou à distância.

“Olá, Ario, estou muito feliz por te ver


novamente!” ela gritou. “Estamos a tentar ficar a
pelo menos um metro de distância, então eu vou
falar contigo daqui. Mas adoraria conhecer os teus
amigos! Meu nome é Leila.”

“Oi, Leila! Eu sou Sara e este é o Salem”, Sara


respondeu de volta. “Parece que te estás a proteger
do coronavírus. O que mais estás a fazer?”

“Estamos a lavar as mãos com água e sabão!”,


Leila respondeu.

“Tu também tosses para o teu cotovelo?”,


perguntou Salem.

“Pode mostrar-nos como?” Leila perguntou de


volta. Então Salem mostrou-lhes.

“Estamos todos a tentar ser corajosos, mas eu estou


preocupada com uma coisa”, disse Leila. “Posso
falar sobre isso convosco? Eu ouvi dizer que
alguém ficou doente e morreu, e isso deixou-me
com muito medo. É verdade que as pessoas podem
morrer de coronavírus?”
Ario deu um longo suspiro e sentou-se no seu
traseiro enorme.

“Sim, pequenos heróis, é estranho”, disse Ario. “Algumas


pessoas não se sentem doentes de todo, mas outras
podem ficar muito doentes e algumas podem morrer. É
por isso que todos nós temos que ter um cuidado especial
com as pessoas mais velhas e com aquelas que têm outras
doenças, porque elas tendem a ficar mais doentes. Às
vezes, quando estamos com muito medo ou inseguros,
pode ajudar imaginar um lugar seguro nas nossas
mentes. Gostariam de tentar fazer isso comigo?”

Todos disseram que sim e então Ario pediu às crianças


que fechassem os olhos e imaginassem um lugar onde se
sentissem seguras.

“Concentrem-se numa memória ou num momento em


que se sentiram seguros”, disse Ario.

Então, ele perguntou o que é que as crianças


conseguiam ver, o que conseguiam sentir e que aromas
conseguiam cheirar nos seus lugares seguros.
Perguntou se existia alguém especial que gostariam de
convidar para o local seguro e sobre o que poderiam
conversar juntos.

“Vocês podem ir para o vosso lugar seguro sempre que


estiverem tristes ou com medo”, disse Ario. “Este é o
vosso superpoder, e podem partilhá-lo com os vossos
amigos e familiares. E lembrem-se que eu importo-me
convosco, e muitas pessoas se importam. Isso vai ajudar
também.”
“Leila disse: “Podemos cuidar uns dos outros”.

“É verdade, Leila”, disse Ario. “Podemos cuidar uns dos outros, onde quer que estejamos. Gostarias de vir conosco na nossa última
jornada?”.

Leila decidiu viajar com Ario e os seus novos amigos. Sara ficou feliz por Leila se ter juntado a eles porque sabia que por vezes
precisamos de nos apoiar uns aos outros. Eles voaram em silêncio, sem palavras, mas Leila sabia que os seus amigos novos se
importavam muito com ela.
Montanhas nevadas apareceram lentamente e Ario
pousou numa cidade pequena. Algumas crianças
estavam a brincar perto de um riacho.

“Ario!” um deles gritou, acenando para ele.

“Olá, Kim!”, disse Ario. “Pessoal, eu queria que


vocês conhecessem alguns amigos meus que
tiveram o coronavírus e que ficaram melhor.”

“Como foi pra ti?” Salem perguntou.

“Eu tossia e às vezes sentia-me muito quente.


Também ficava muito cansado e não quis
brincar durante alguns dias”, disse Kim. “Mas
dormi bastante e a minha família cuidou de
mim. Alguns dos nossos dos pais e avós tiveram
que ir ao hospital. As enfermeiras e os médicos
foram muito cuidadosos com eles e as pessoas
da nossa comunidade ajudaram-nos em casa.
Depois de algumas semanas, estávamos bem
novamente."
“Sou amigo de Kim”, disse uma das outras crianças. “Só porque Kim tinha o
coronavírus, não paramos de ser amigos – mesmo que eu não pudesse vê-lo. Eu nunca
deixei de me importar com ele e estamos felizes por podermos brincar juntos
novamente!”
“Às vezes, a coisa mais importante que podemos fazer como amigos é proteger um ao
outro”, disse Ario. “Mesmo que isso signifique estar longe um do outro por um
tempo.”
“Podemos fazer estas coisas um pelo outro”, disse Leila.

“E um dia, poderemos brincar novamente e voltar à escola como antes”, disse Salem.

Era hora de ir para casa e hora de Sara despedir-se de seus novos amigos. Eles prometeram um ao outro que nunca esqueceriam a
aventura juntos.

Sara ficou triste por eles não se verem durante algum tempo. Mas ela sentiu-se melhor quando se lembrou do que o seu amigo Kim tinha
dito. Só porque não podes ver as pessoas, isso não significa que as deixes de amar.
Ario deixou-os de volta às suas
casas, e esperou que Sara
adormecesse antes de sair.

“Podemos fazer o mesmo


amanhã?”, Sara perguntou-lhe.

“Não, Sara, agora é hora de ficares


com a tua família”, disse Ario.
“Lembra-te da nossa história. Tu
podes manter aqueles que amas em
segurança lavando as mãos e ficando
em casa. Eu nunca estou longe. Tu
podes estar sempre comigo quando
fores ao teu lugar seguro.”

“Tu és o meu herói”, ela sussurrou.

“Tu também és a minha heroína,


Sara. Tu és uma heroína para todos
os que te amam”, disse ele.
Sara adormeceu e, quando acordou no dia
seguinte, o Ario já tinha ido embora. Então,
ela foi para o seu lugar seguro para
conversar com ele, e depois desenhou tudo o
que viram e o que aprenderam na aventura.
Ela correu para a sua mãe com o desenho
para contar as novidades.

“Todos nós podemos ajudar as pessoas a


ficarem seguras, Mãe”, disse ela. “Eu
conheci tantos heróis na minha aventura.”

“Oh Sara, tu estás certa!”, disse a sua mãe.


“Existem muitos heróis a manter as pessoas
a salvo do coronavírus, como médicos e
enfermeiros maravilhosos. Mas tu lembras-
me que todos nós podemos ser heróis, todos
os dias, e a minha maior heroína és tu.”

Você também pode gostar