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índice
Apresentação ................................................06
Sigmund
FREUD .................................................10
Carl Gustav
JUNG.................................................... 30
Eric
BERNE ................................................. 50
Abraham
MASLOW ........................................... 64
4
A Psicologia possivelmente é um dos campos
científicos mais instigantes para os leigos
e também um dos campos com maior possibilidade
de más interpretações. Digamos que boa parte das
pessoas desconhece o real objetivo da Psicologia
e o que realmente fazem os seus profissionais.
Por: Gabriel Callari
A
o pensar em Psicologia, o conceito popular remete à pro-
cura de um psicólogo ao tratamento de loucura, como se
isso em si fosse um diagnóstico preestabelecido, único e
indissociável, e, então, uma parte das pessoas associará imedi-
atamente a indivíduos com jalecos brancos tentando dominar a
mente de algum paciente em uma clínica (manicômio) na qual
os pacientes estão amarrados em camisas de força, com enfer-
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apresentação
“ O que nós somos é o que fazemos, e o que
”
ambiente nos faz fazer.
fazemos é o que o
John B. Watson
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
“
ca. Na Europa, seu início foi com raízes
O objetivo da psicologia científicas, explorando os processos
mentais. Quando, na década de 1890,
é nos fornecer uma ideia o fisiologista Ivan Pavlov começou a
completamente diferente conduzir experimentos que provaram
que animais poderiam ser condicio-
sobre as coisas que
”
nados a responder e a reagir median-
conhecemos melhor. te estímulos, deu origem a uma linha
de pesquisa conhecida até hoje como
behaviorismo.
Os behavioristas focavam suas pesquisas na forma e nos
motivos pelos quais a interação com o ambiente moldava o com-
portamento dos animais e das pessoas.
Contudo, enquanto o behaviorismo se desenvolvia e começa-
va a tomar forma nos Estados Unidos, na Europa um jovem neu-
rologista seguia uma abordagem completamente diferente e por
meio da observação de pacientes desenvolveu a teoria psica-
nalítica, que marcou de vez o curso do comportamento contem-
porâneo. Esse jovem chamava-se Sigmund Freud e focava-se
na infância, no inconsciente, nas memórias esquecidas e como
elas influenciam o comportamento das pessoas. Essa teoria foi
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A P R E S E N TA ÇÃ O
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Sigmund
FREUD
A trajetória de vida de Freud foi no mínimo instigante. O
psicanalista era um homem obstinado pela busca da ver-
dade e da transformação dos métodos utilizados em sua
época. Foi considerado o criador da Psicanálise e um dos
maiores pensadores de todos os tempos.
10
“
Somos feitos de carne, mas temos
de viver como fôssemos de ferro.
”
Sigmund Freud
N
ascido em 1856, em Freiburg, Morávia (atual Pribor, na
República Tcheca), sob o registro de Sigismund Schlomo
Freud, filho de Jacob Freud e Amalie Nathansohn, foi o
primogênito de cinco filhos. No entanto, em 1859 sua família se
mudou para a cidade Lípsia (Leipzig em alemão) e no ano se-
guinte, para Viena, cidade em que realmente se desenvolveu e
onde Sigismund tornou-se Sigmund.
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
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Sigmund F R E U D
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
dada por Freud nas origens e nos conteúdos sexuais das neuro-
ses culminou no rompimento da parceria.
Em sua “Autobiografia (1925)”, Freud afirma ter utilizado a
hipnose desde o início de sua prática a fim de obter a origem
dos sintomas dos pacientes e que, em seguida, passou a utilizar
o método catártico e aos poucos o abandonou conforme modi-
ficava a técnica de Breuer e passou a utilizar a “concentração”,
na qual as lembranças surgiam por meio da conversação com
os pacientes. Afirma ainda que por meio de sugestão de uma
paciente, abandonou as perguntas e passou a confiar a direção
da sessão à fala desordenada do paciente.
Somente após a morte de seu pai, em 1896, Freud come-
çou a trabalhar no livro “A interpretação dos sonhos”, durante
um longo período de intensa reflexão, estudos e autoanálises.
Sua publicação ocorreu apenas em 1900. Meses após sua pu-
blicação, saiu também o livro “Sobre a psicopatologia da vida
cotidiana”, que abordava os “atos falhos”, revelando, por fim,
a mente inconsciente.
Edson Souza e Paulo Endo (2012), no livro intitulado “Sig-
mund Freud”, elucidam sobre o lançamento do livro “A interpre-
tação dos sonhos”:
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Sigmund F R E U D
Buscando a explicação
sobre os sonhos e os disfarces mentais
Os sonhos despertaram o interesse de Freud enquanto ele
trabalhava com pessoas com sintomas de psicose. Sua percep-
ção era de que os sonhos eram mais alguns sintomas a serem
somados no momento do entendimento das condições dos pa-
cientes, e eles identificavam sua saúde mental
Segundo Freud, “A interpretação dos sonhos é a principal via de
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
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Sigmund F R E U D
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
Sexo,
o início de tudo
Durante as investigações sobre as causas e sobre o funcio-
namento das neuroses, Freud concluiu que grande parte dos
pensamentos e dos desejos reprimidos referia-se a conflitos de
origem sexual, que estariam localizados nos primeiros anos de
vida do indivíduo, ou seja, experiências traumáticas reprimidas
na fase infantil surgiam como sintomas na fase adulta, marcan-
do de vez a estruturação da pessoa.
Afirmar a existência da função sexual desde o princípio da
vida, logo após o nascimento, assim como afirmar que o pro-
cesso de desenvolvimento da sexualidade é longo, até chegar
à fase adulta, contrariava as ideias predominantes da época de
que o sexo estava ligado única e exclusivamente à reprodução e
causou muita repercussão na sociedade puritana, que caracte-
rizava a fase infantil como “inocente”, mesmo que efetivamente
uma coisa não excluísse a outra. Ainda segundo Freud, nos pri-
meiros anos de vida os indivíduos têm sua função sexual liga-
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Sigmund F R E U D
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
A origem
do Tabu do incesto
Por meio do livro “Totem e tabu” (1917), o criador da psica-
nálise revelou ao mundo sua própria explicação sobre a origem
do tabu do incesto. Segundo definição do dicionário Michae-
lis, incesto é a união sexual entre parentes (consanguíneos ou
afins), condenada pela lei, pela moral e pela religião. Freud de-
senvolveu sua hipótese baseado num suposto modelo original
da sociedade humana, a horda, comparando-o a uma horda de
chimpanzés ou de babuínos, ou seja, um conjunto autorreprodu-
tivo de homens, mulheres e filhos, dominado por um ou poucos
homens, representando machos dominantes que detêm o con-
trole da sexualidade dos demais membros, inclusive dos filhos
e das filhas.
Mércio Pereira Gomes (2009), no livro “Antropologia”, descre-
ve a origem do tabu do incesto proposto por Freud:
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Sigmund F R E U D
Inconsciente,
pulsões biológicas e o id, o ego e o superego
Segundo Freud, o consciente é apenas uma fração de tudo
o que existe em nossa realidade psicológica, existindo em um
nível mais superficial, de acesso fácil. Sob o consciente estão
as dimensões de armazenamento do inconsciente, que abrange
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Sigmund F R E U D
As manifestações do inconsciente:
atos falhos e a associação livre
Os atos falhos e o processo de associação livre são ou-
tras formas bastante conhecidas de manifestações do nosso
inconsciente.
O primeiro trata-se de um erro verbal que demonstra um pen-
samento reprimido, algo que a pessoa estava pensando naquele
momento, mas não pretendia dizer, ou seja, a substituição de
uma palavra por outra parecida que revela total ou parcialmente
o que a pessoa queria dizer. Por exemplo, uma pessoa que está
atraída pela outra e quer dizer que está com saudades, em vez
de dizer “quero muito te ver”, no momento de um ato falho pode-
ria dizer “quero muito te ter”, revelando o que seu inconsciente
realmente pensa ou sente.
Buscando uma tentativa de impedir que o consciente detives-
se o inconsciente, Freud utilizava a técnica de associação livre
(desenvolvida por Carl Jung, que apresentaremos mais à fren-
te), na qual os pacientes deveriam dizer exatamente o que lhes
vinha à mente ao ouvir uma palavra qualquer dita por Freud.
Assim, os pensamentos ocultos poderiam surgir livremente, sem
a censura do consciente.
As emoções não digeridas frequentemente tentam emergir
e fazem com que as pessoas tomem cada vez mais medidas
extremas para mantê-las bem longe do consciente. A análise
permite que elas venham à tona e comumente pacientes que
passam por esse tipo de situação se emocionam com sentimen-
tos e emoções que julgavam estar mais do que resolvidas, su-
peradas, e ainda assim se mostram muito vivas internamente,
de forma recalcada e prejudicial para os seus desenvolvimentos
pessoal, profissional e social saudáveis.
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
Fragmentos
de uma vida sentida
Grande e impulsivo colecionador, apaixonado por antigui-
dades, Freud era capaz de fazer diversos sacrifícios para con-
cretizar a aquisição de determinado objeto. Algumas coleções
podem ser vistas no Museu Freud, localizado na casa em que
morou em Londres.
O próprio Freud descreveu como três as principais humilha-
ções da humanidade: a descoberta de Galileu de que a Terra
não é o centro do Universo, a descoberta de Darwin sobre os
humanos não serem o centro da criação, mas sim originados
dos macacos, e sua própria descoberta sobre o inconsciente
e de não estarmos sobre o comando pleno de nossas mentes
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Sigmund F R E U D
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Sigmund F R E U D
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
O avanço desconstruído.
Freud e o nazismo
Freud acompanhou a ascensão de Adolf Hitler e do Partido
Nacional-Socialista alemão, que disseminou as práticas antisse-
mitas em todos os lugares. A violência contra os judeus tornou-
-se uma política de Estado na Alemanha e posteriormente nos
demais países aliados e invadidos, como no caso da Áustria,
onde Freud viveu grande parte de sua vida.
Em 1933, Hitler se tornou chanceler e imediatamente deter-
minou a incineração pública de livros na Alemanha. Claro que os
alvos principais eram os livros de políticos e intelectuais judeus e
de esquerda. Dentre eles, estavam os livros de Freud, Einstein,
Marx, Kafka, dentre muitos outros. Foi neste momento que o
humor peculiar de Freud se manifestou em um conhecido co-
mentário direcionado a Ernst Jones: “Que progresso está acon-
tecendo! Na Idade Média teriam queimado a mim, hoje em dia
contentam-se em queimar meus livros.” Ainda nesse ano, Freud
negou os apelos de seus amigos para que ele deixasse Viena,
como tantos outros judeus e intelectuais de esquerda fizeram.
Mas Freud não queria saber de deixar sua cidade.
Conforme o regime nazista se alastrava, Freud registrou em
cartas o receio de não sobreviver por muito mais tempo, princi-
palmente após a implantação do programa de extermínio ocorri-
do na Segunda Guerra Mundial.
Em 1938, a Áustria foi finalmente tomada pelos alemães e as
práticas nazistas estavam mais presentes do que nunca. Viena
não era mais um lugar seguro para Freud e seus familiares, que
contaram com a ajuda de manobras de seus amigos, discípulos
e admiradores que trabalharam para transformar sua segurança
em um assunto internacional. Sua casa era vigiada 24 horas por
dia e chegou a ser invadida mais de uma vez por saqueadores
que sempre eram tratados com muita ironia por Freud e sua es-
posa, Martha.
Neste mesmo ano, o primogênito de Freud, Martin, foi deti-
do e levado por soldados nazistas para prestar esclarecimentos
por ter sido encontrado destruindo os comprovantes na editora
criada por Freud que tratava de periódicos de psicanálise, o que
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Sigmund F R E U D
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Carl Gustav
JUNG
A trajetória da vida de Jung, pai da psicologia analítica,
foi marcada pela busca do objetivo mais nobre da psico-
terapia: possibilitar ao paciente firmeza e paciência para
suportar os sofrimentos da vida.
“Nós precisamos entender melhor a natureza
humana,porque o único perigo real que realmente
”
existe é o próprio homem.
Carl Gustav Jung
Conhecendo Jung
N
ascido em 1875, em Kesswil, pequena vila da Suíça, no
Cantão Turgóvia, foi muito próximo da depressiva mãe,
Emilie Preiswerk Jung, que nasceu em 1848 e faleceu
em 1923. Excêntrica e com distúrbios emocionais, chamada
por muitos de endemoninhada e incoerente, por diversas vezes
foi internada durante a infância do filho. O biógrafo Ellenberger
(1978) chegou a comentar que todo o lado da família materna de
Jung parecia apresentar traços de insanidade. Jung afirmava ter
herdado da mãe a capacidade de ver homens e coisas. O inte-
resse pela filosofia e ocultismo deu-lhe o título de místico.
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Carl Gustav J U N G
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
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Carl Gustav J U N G
Psicologia analítica
Jung justificou o surgimento da psicologia apenas na moder-
nidade, afirmando que o vazio espiritual do ser humano antes
era preenchido pela mitologia e religiões.
A psicologia analítica, também conhecida como teoria sobre a
personalidade, psicologia junguiana ou psicologia complexa, foi
desenvolvida a partir de 1914, depois do rompimento da amiza-
de com Freud. Na psicologia analítica, encontramos uma noção
mais alargada da libido, criação dos conceitos de inconsciente
coletivo, sincronicidade e individuação. Esses são os grandes
pilares que distinguem a psicologia analítica da psicanálise ini-
ciada por Freud. Jung a desenvolveu com base na experiência
psiquiátrica, estudos de Freud e no conhecimento de alquimia,
mitologia, história das religiões.
Teoria da libido
Ampliando a teoria de libido de Freud, Jung caracteriza-
va a libido como toda a energia mental de um homem, ao
contrário de Freud, que considerava libido como um poder
semelhante ao conceito do Extremo Oriente do chi ou prana,
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
Inconsciente coletivo
Analisando as sociedades espalhadas ao redor do mundo,
Jung constatou que compartilhavam dos mesmos símbolos há
milhares de anos, concluindo que o ser humano tem uma parte
que não se apoia em nossas experiências individuais: o incons-
ciente coletivo (predisposições funcionais de organização do
psiquismo, composto por memórias herdadas).
Em “O Livro da Psicologia” (2012), os colaboradores afirmam
que o inconsciente individual repousa sobre uma camada mais
profunda, o inconsciente coletivo.
Tom Butler-Bowdon (2012), em “50 grandes mestres da psi-
cologia”, escreve que:
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Carl Gustav J U N G
Sincronicidade
Sincronicidade ou coincidência significativa é um concei-
to desenvolvido por Jung para definir acontecimentos que se
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Carl Gustav J U N G
Individuação
Individuação é o conceito central da psicologia analítica e do
processo central do desenvolvimento humano, no qual o indiví-
duo é capaz de integrar os opostos dentro de si.
O processo de individuação consiste em confrontar os vários
aspectos sombrios, reconhecendo-os e despindo-se da perso-
na e das imagens primordiais. Segundo Jung, o processo de
individuação nada tem de individualismo, muito pelo contrário,
é um processo que estimula o indivíduo a criar condições para
que cada um desperte o melhor de si e do outro o tempo todo,
fazendo-o sair do isolamento e empreender uma convivência
mais ampla e coletiva por estar mais próximo conscientemen-
te da totalidade, mas ainda mantendo sua individualidade. A
individuação consiste em aproximar o mundo do indivíduo. O
autoconhecimento é o caminho para promover as necessárias
quebras de padrões comportamentais que atravancam o pro-
cesso de individuação.
Tom Butler-Bowdon (2012), em “50 grandes mestres da psi-
cologia”, afirma que:
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Carl Gustav J U N G
Personalidade
extrovertida e introvertida
Atualmente tão conhecido e disseminado, mas foi Jung que
desenvolveu o conceito da personalidade extrovertida e intro-
vertida. Elvina Lessa, do Instituto Junguiano do Rio de Janeiro,
afirma que a distinção que Jung faz entre as personalidades re-
side na direção dos interesses e no movimento da libido (energia
psíquica).
Jung determina os dois principais tipos psicológicos, as duas
grandes direções da libido: a extroversão e a introversão.
Pessoas de personalidade extrovertida têm o enfoque dado
ao objeto e pessoas de personalidade introvertida têm o enfoque
dado ao sujeito. As extrovertidas encarregam-se da iniciativa, da
ação prática. As introvertidas encarregam-se da reflexão.
Na extroversão, a energia da pessoa flui de maneira natural
para o mundo externo de objetos, fatos e pessoas. Encontramos
nos extrovertidos ações realizadas antes de pensar, comunica-
bilidade, sociabilidade e facilidade de expressão oral.
Extroversão é o fluir da libido de dentro para fora.
O indivíduo extrovertido vai confiante de encontro ao objeto,
favorecendo sua adaptação às condições externas.
Na introversão, o indivíduo direciona a atenção para o seu
mundo interno de impressões, emoções e pensamentos.
Encontramos nos introvertidos ações voltadas para o interior,
o pensar antes do agir, postura reservada, retraimento social, re-
tenção das emoções, discrição e facilidade de expressão escrita.
O introvertido ocupa-se dos seus processos internos suscita-
dos pelos fatos externos.
Pessoas introvertidas têm sua orientação por fatores subjeti-
vos, dentro da realidade, e não se baseiam pelo aspecto objetivo.
Classificação
de Myers Briggs (MBTI)
A classificação de Myers Briggs (MBTI) é um instrumento utili-
zado para identificar características e preferências pessoais de-
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
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Carl Gustav J U N G
Arquétipos
Para Jung, cada um dos mitos das mitologias representa uma
faceta do ser humano. Jung era fascinado pelo fato de diferentes
sociedades espalhadas pelo mundo apresentarem os mesmos
mitos e símbolos há milhares de anos. Ele definiu as partes do
ser humano encontradas na Mitologia como Arquétipos. Arquéti-
po, do latim, “archetypum”, primeiro modelo, imagem atemporal
de alguma coisa, antigas impressões sobre algo. Jung afirmava
que utilizamos os arquétipos inconscientemente para organizar
e compreender nossas próprias experiências.
Philipp Wilhelm Adolf Bastian (1826-1905), etnólogo alemão que
desenvolveu a teoria do Elementargedanke e que propiciou o de-
senvolvimento da psicologia analítica de Jung, entendia os arqué-
tipos como pensamentos repetidamente vistos em culturas tribais
e povos. Para comprovar que os arquétipos moldam os relaciona-
mentos, Jung conheceu povos nativos da América e da África.
Na Psicologia Analítica, arquétipo é a forma imaterial à qual os
fenômenos psíquicos tendem a se moldar, estruturas inatas que
servem de matriz para a expressão e desenvolvimento da psique.
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
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Carl Gustav J U N G
Os sonhos
Jung analisou os sonhos e sua simbolização baseado na ob-
servação dos seus pacientes e em experiências próprias.
Jung constatou que alguém masculinizado pode sonhar com
figuras femininas que tentam demonstrar ao sonhador a neces-
sidade de uma mudança de atitude. Na busca pelo equilíbrio,
personagens arquetípicas interagem nos sonhos em um conflito
que busca levar ao consciente conteúdos do inconsciente.
Segundo Jung, encontramos nos sonhos as personagens:
Anima, Animus e Sombra. Anima é o componente feminino da
personalidade masculina. Animus é o componente masculino da
personalidade feminina. Sombra é a força que se alimenta dos
aspectos não aceitos de nossa personalidade. Quando nos tor-
namos inteiramente homem ou mulher, deixamos de explorar
metade do nosso potencial. Porém, podemos acessar a outra
metade a qualquer momento por meio de um arquétipo.
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Carl Gustav J U N G
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
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Carl Gustav J U N G
Obra de Jung
A obra de Jung influencia até os dias de hoje a psiquiatria, o
estudo das religiões e a literatura.
Já mencionamos que em 1902 Jung lançou sua tese de dou-
toramento “Sobre a psicologia e a patologia dos fenômenos ditos
ocultos”. Em 1907, escreveu “Psicologia da Demência Precoce”,
em 1911-1912 escreveu “Psicologia do inconsciente” e em 1912,
“Símbolos da transformação”.
Em 1913, Jung batizou sua psicologia de “Psicologia Analíti-
ca”. Em 1916, escreveu “Sete Sermões aos Mortos” e “A Função
Transcendente” (estudo sobre os gnósticos). Já em 1921, escre-
veu “Tipos Psicológicos”, em 1928, “O Eu e o Inconsciente”, e
em 1934, “Os arquétipos e o inconsciente coletivo”.
Em 1936, foi condecorado com o título Doutor “honoris cau-
sa” na Universidade Harvard nos Estados Unidos e em 1945 na
Universidade de Genebra.
Em 1937, escreveu “Psicologia e Religião”; em 1944, “Psi-
cologia e Alquimia”; em 1945, “On The Nature of Dreams”; em
1951, “Aion”; em 1952, “Sincronicidade” e “Resposta a Jó”. Em
1957, escreveu “Eu Desconhecido” e começou a redação de sua
autobiografia “Memórias, Sonhos e Reflexões”, com Aniela Ja-
ffé. Em 1961, dez dias antes de morrer, terminou o ensaio “O
homem e seus símbolos”.
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Eric
BERNE
O criador da Análise Transacional nasceu em 10 de maio
de 1910 no Canadá, com nome de registro Eric Lennard
Bernstein, filho de um médico e de uma escritora. Apenas
quando recebeu sua cidadania americana, em 1943, mu-
dou seu nome para Eric Berne.
“Os jogos são um compromisso entre intimidade
”
e manter a intimidade de distância.
Eric Berne
B
erne se formou em medicina na Universidade de McGill
em 1935, especializando-se em psicanálise na Univer-
sidade de Yale. Seu primeiro emprego foi como Clínico
Assistente em Psiquiatria no Hospital Mt. Zion, em Nova York
até começar a trabalhar no Corpo Médico do Exército Ameri-
cano. Retomou seus estudos, sendo supervisionado pelo ga-
nhador do Prêmio Pulitzer, Erik Erikson, no Instituto Psicana-
lítico de São Francisco.
Do desprezo
ao reconhecimento
O livro base de sua pesquisa foi lançado em 1961 sob o título
de “Análise Transacional em psicoterapia”. Apenas em 1964 ele
lançou a sequência de seu trabalho, pautada nos mesmos con-
ceitos, mas com um toque bem diferente, a começar pelo título,
que despertava a curiosidade imediata, “Os Jogos da Vida”, e
atraiu muito mais atenção do que o primeiro, em aproximada-
mente dois anos o livro já tinha alcançado a venda de 300 mil
cópias em capa dura.
O livro alcançou um marco incomum, principalmente por não
se tratar de ficção, e permaneceu dois anos na lista dos mais ven-
didos do The New York Times, permitindo que Berne, já com mais
de 50 anos, casasse de novo, comprasse uma casa e um carro.
Os psicólogos mais tradicionais na época consideravam o livro de
Berne superficial e condescendente com o público, desprezando-o.
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Eric B E R N E
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
Carícias
ou estímulos (Strokes)
Por meio de uma pesquisa, Berne pôde concluir que crianças
privadas de contato físico frequentemente sofriam algum tipo de
deterioração mental e/ou física irreversível e sugeriu que adultos
que fossem privados de contato físico pudessem desenvolver
psicose temporária.
O ser humano como um todo necessita de contato físico, mas
como nem sempre o contato está disponível, pode ser subs-
tituído por outros meios. Hoje em dia podemos tratar das re-
des sociais e tenho certeza de que a maioria das pessoas que
possui perfis em redes sociais tem ao menos um amigo virtual
que constantemente posta fotos, vídeos ou textos somente para
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Eric B E R N E
Jogos emocionais
ou psicológicos
Segundo Berne, jogos são “uma série de progressos de tran-
sações ulteriores complementares que se desenvolvem até um
desfecho bem definido e previsível”.
Tendo em vista sua conclusão sobre a necessidade humana
de receber carícias, Berne definiu que para os seres humanos
qualquer tipo de estímulo é melhor do que nenhum, mesmo que
negativo. É exatamente para receber esses estímulos que mui-
tas pessoas se ocupam com os jogos, que nada mais são do que
padrões disfuncionais de comportamento, buscando substituir o
contato em si, em que a pessoa busca satisfazer uma motivação
nem sempre clara, mas que sempre envolve uma recompensa.
Os jogos podem ser comparados ao pôquer, um jogo basea-
do no blefe, ou seja, quando escondemos o motivo real e busca-
mos a recompensa, o dinheiro. A maioria das pessoas não tem
consciência de que está jogando um jogo psicológico, mesmo
que faça isso diariamente.
Muitas pessoas não conseguem manter uma relação íntima
com outra se não for baseada no jogo psicológico em que a re-
compensa envolva aumento do controle ou satisfação emocional.
Segundo Berne, os jogos são passados de geração a gera-
ção, sendo que os jogos mais praticados por um indivíduo pro-
vavelmente têm sua origem em seus pais ou avós e provavel-
mente também serão repetidos por seus filhos. Essa grande ma-
triz histórica de jogos desenvolvida nas famílias somente poderá
ser quebrada se houver uma intervenção bem-sucedida. Criar
os filhos é apenas uma forma de ensiná-los quais jogos devem
jogar, tão simples e prejudicial assim. Portanto, o conhecimento
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
2- “Perna de pau”
O jogador deste jogo atuará na defensiva o tempo todo e uti-
lizará qualquer aspecto de sua vida, por mais insignificante que
este seja, para justificar a sua falta de motivação e competência
diante de algumas situações, para se isentar da responsabilida-
de na solução dos problemas enfrentados. Geralmente, trará de
volta ao presente problemas do passado, deficiências físicas,
falta de dinheiro etc.
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Eric B E R N E
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
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Eric B E R N E
Estados do ego
e as Transações
Berne criou o termo Análise Transacional para definir a dinâmica
da interação social e melhorar a qualidade e eficácia na comunica-
ção e na interação entre as pessoas.
A criação da Análise Transacional foi baseada nos estudos
praticados por Berne sobre a psicanálise desenvolvida por Freud.
Dentre seus estudos e nos atendimentos de seus pacientes, Berne
concluiu que cada ser humano possui três estados do ego (três
selves), formados por instâncias psíquicas e caracterizados por:
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
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Eric B E R N E
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
Roteiros
de Vida (Scripts)
Plano pré-consciente, formado na primeira infância sob influ-
ência parental, que dirige a conduta do indivíduo nos aspectos
mais importantes de sua vida. Formado por injunções e estímu-
los. Em sua proposta, Berne categoriza o comportamento dis-
funcional como resultado de decisões autolimitantes tomadas
na infância, em busca de entendimento da situação e de sobre-
vivência. Essas decisões são o ‘script ou roteiro’, o plano pré-
-consciente de vida que governa os caminhos da pessoa. Mudar
esse roteiro de vida é um dos objetivos da Análise Transacional
em trabalhos individuais ou mesmo grupais.
Analistas transacionais ensinam às pessoas que é OK ser e
estar OK, podendo ser amadas, aceitas e estabelecerem relacio-
namentos saudáveis em sua vida cotidiana. Esta forma busca de-
senvolver a autoestima e cooperação entre indivíduos e grupos.
Há também o chamado Contra Script, que é o nome dado à men-
sagem verbal geralmente dada por nossos pais para nos mudar.
O papel que a pessoa desempenhará no roteiro da vida
(Script), o juízo de valor que temos sobre nós e sobre os outros,
é conhecido como Posições Existenciais ou Psicológicas. São
quatro as Posições Existenciais ou Psicológicas:
Vencedor
(eu estou OK/você está OK)
A pessoa estabelece metas alcançáveis; incorporação de
mensagens construtivas; visão realista e construtiva. Aceita as-
pectos positivos de si mesmo e dos outros. Tem consciência de
suas potencialidades. Não se sente inferior aos demais.
Não vencedor
(eu não estou OK/você está OK)
A pessoa estabelece metas parcialmente alcançáveis. Não
perde, mas também não ganha. Reconhece apenas as suas limi-
tações, e não as dos outros, colocando aspectos negativos ape-
nas em si mesmo. Mensagens que recebeu provavelmente quan-
do criança: “você não é capaz”, “não tenha sucesso”, “os outros
são melhores do que você”, “para quem você é, está bom”.
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Eric B E R N E
Carreirista/manipulador
(eu estou OK/você não está OK)
A pessoa estabelece metas alcançáveis com métodos nem
sempre éticos. Usa outras pessoas para conseguir seus obje-
tivos. Visão projetiva e egocêntrica. Tendência a atribuir aspec-
tos negativos apenas nos outros. Uma pessoa nessas posições
existenciais tende a ter sido muito maltratada ou muito mimada.
Costuma não assumir responsabilidade sobre seus erros. Men-
sagem que provavelmente recebeu quando criança: “primeiro
VOCÊ”, “o mundo é dos espertos”, “o sucesso a qualquer preço”.
Perdedor
(eu não estou OK/você não está OK)
A pessoa se desculpa a toda hora. Estabelece metas inal-
cançáveis. Visão pessimista e fútil, só enxerga aspectos negati-
vos em si e nos outros. Mensagens que provavelmente recebeu
quando criança: “você é imprestável”, “você não merece”, “por
que você nasceu?”. Geralmente pessoas nessa situação têm
um final dramático.
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Abraham
MASLOW
A vida do psicólogo humanista Abraham Maslow foi marca-
da por pesquisas que permitiram a criação da hierarquia das
necessidades humanas, mundialmente utilizada e conhecida
simplesmente por “pirâmide das necessidades de Maslow”.
“Se a única ferramenta que você tem é um
”
parecer com um prego.
martelo, tudo começa a
Abraham Maslow
Conhecendo Maslow
N
asceu em 1º de abril de 1908 em Nova York, Estados Uni-
dos, filho de imigrantes russo-judaicos semianalfabetos
que trocaram a Rússia pelos Estados Unidos para fugir
da confusa situação política russa. O pai tornou-se próspero ho-
mem de negócios e influenciou o filho mais velho a ser advogado.
Maslow iniciou o curso de Direito na Faculdade de Nova Iorque.
Em 1928, casou-se com sua prima em primeiro grau, Bertha Goo-
dman, e mudaram-se para Wisconsin, onde conheceu Harry Mar-
low, psicólogo, behaviorista, pesquisador de primatas, responsá-
vel pelos estudos do comportamento de filhotes de macaco.
Pirâmide
de Maslow
Para Maslow, o estado máximo de ser do ser humano é a au-
torrealização e a autotranscendência. Autorrealização é a satis-
fação da necessidade de autossatisfação. Autotranscendência é
a necessidade de superação e conexão com algo maior, como
Deus, ou ajudar outros a alcançarem seus potenciais.
Maslow adverte que se um indivíduo não está fazendo aquilo
para o qual foi talhado na vida, não fará a menor diferença se to-
das as suas necessidades forem satisfeitas. Encontramos aqui
aquele indivíduo eternamente inquieto e insatisfeito.
Para atingir o grau mais alto da satisfação das necessidades,
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Abraham S L OW
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Abraham S L OW
Autorrealização
Autorrealização, termo de origem inglesa, self actualisation,
significa a tendência de um ser humano em desenvolver todas
as suas possibilidades de crescimento como pessoa. O termo foi
criado pelo psicólogo Kurt Goldstein (nasceu em 1878 e faleceu
em 1965) e desenvolvido por Maslow e Carl Rogers (nasceu em
1902 e faleceu em 1987).
Os despertar do interesse de Maslow pela autorrealização é
influência de seus professores Ruth Benedict (nasceu em 1887
e faleceu em 1948), antropóloga americana, e Max Wertheimer
(nasceu em 1880 e faleceu em 1943), psicólogo checo.
Maslow afirma que sujeitos autorrealizados haviam alcança-
do a humanidade completa escutando suas próprias vozes, acei-
tando responsabilidades, sendo honestas e trabalhando duro,
portanto uma mistura de saúde mental e devoção ao trabalho.
Eles descobriram quem são não só em relação à sua missão
na vida, mas também pelo modo como seus pés doem quando
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Manual Básico de P S I C O L O G I A
Psicologia
humanista
Conforme nos ensinam os autores em “O Livro da Psicolo-
gia”, a psicologia humanista, por meio de seu fundador, Maslow,
analisa a experiência humana investigando as coisas mais im-
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Terapia
Gestalt
A abordagem humanista da terapia Gestalt, também conhe-
cida por Gestalt-Terapia, é absorvida pela psicologia humanista,
que considera o homem sempre em três esferas indivisíveis e
inter-relacionadas: física, mental e psíquica. Gestalt é uma pala-
vra de origem alemã sem tradução para o português que signifi-
ca estrutura ou configuração e envolve a ideia de totalidade, or-
ganização, correlação, integração e interdependência. A terapia
Gestalt é uma nova abordagem psicológica com uma visão de
homem e de mundo pautada na doutrina holística, na fenome-
nologia e no existencialismo. Basicamente, tem o foco de levar
o indivíduo a restabelecer o contato consigo mesmo, com os ou-
tros e com o mundo, tudo pautado na capacidade do ser huma-
no em se autorrealizar e no desenvolvimento do seu potencial.
Fundada na década de 1940, entre os fundadores podemos ci-
tar Friederich Salomon Perls, conhecido simplesmente por Fritz
Perls (psicoterapeuta e psiquiatra nascido em Berlim em 1893
e falecido em 1970), Laura Perls (esposa de Fritz Perls) e Paul
Goodman (escritor americano, dramaturgo, poeta e psicotera-
peuta, nascido em 1911 e falecido em 1972).
Como já dissemos, a terapia Gestalt possui um visão holís-
tica de homem e de mundo, portanto pretende compreender
o homem, a natureza, o planeta, cada ser vivo, cada objeto
ou fenômeno do Universo enquanto uma totalidade, indivisível
corpo/mente, um todo que é muito maior do que a soma das
partes e é compreendido pelas interações interdependentes
entre as partes.
A terapia Gestalt é utilizada para atendimento individual de
adultos e crianças. Sua visão holística também permite o atendi-
mento de grupos, como famílias, casais e organizações.
O terapeuta Gestalt precisa livrar-se de todas as suas pre-
concepções, teorias, explicações universais sobre o ser huma-
no e apenas observar o fenômeno, por isso o importante papel
que a fenomenologia ocupa no tratamento. A fenomenologia, o
estudo das essências, propõe um modelo de compreensão do
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Psicologia
Transpessoal
Maslow, utilizando-se da teoria de Stanislav Grof, acrescen-
tou à sua teoria o aspecto da espiritualidade e as características
da consciência alterada. Utilizando-se das ideias de Jung, incor-
porou os aspectos transcendentais da consciência. E assim está
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Críticas
Manfred Max-Neef, economista, filósofo e ecologista, nasceu
no Chile em 1932, hoje com 81 anos. Contrariando Maslow, en-
tende que as necessidades do ser humano não são passíveis
de hierarquização, pois são ontologicamente universais e invari-
áveis em sua natureza.
Outros autores discordam de Maslow ao encontrar indivíduos
que chegaram à autorrealização sem cumprir todas as etapas
da pirâmide e indivíduos realizados, bem-sucedidos, felizes, que
sentem falta de algo ou de alguma coisa. Para esses autores, a
personalidade, a motivação e o meio social de cada um influen-
ciam a autorrealização.
Liderar é identificar
e satisfazer necessidades
No best-seller “O monge e o executivo” (2004), uma história
sobre a essência da liderança, James O. Hunter afirma que um
líder se preocupa com as necessidades dos liderados, e não
com as suas vontades. Por meio do personagem Simeão, o es-
critor apresenta a diferença entre necessidade e vontade. Ne-
cessidade é uma legítima exigência física ou psicológica para o
bem-estar do ser humano, enquanto vontade é um anseio que
não considera as consequências físicas ou psicológicas daquilo
que se deseja. Alerta para a questão de que os indivíduos são
diferentes uns dos outros, portanto têm diferentes necessida-
des, por isso um líder deve constantemente perguntar a si mes-
mo quais são as necessidades das pessoas que lidera.
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“ O que nós somos é o
que fazemos, e o que
ambiente
fazemos é o que o
”
nos faz fazer.
John B. Watson
‘O objetivo da Psicologia é nos fornecer uma ideia completamente
diferente sobre as coisas que conhecemos melhor.’
(Paul Valéry, poeta)
A
Psicologia favorece não somente más interpretações em
relação àquilo que ela realmente é e representa no cam-
po da ciência, como suscita, por parte dos leigos, uma
coleção de estereótipos.
Este Almanaque da Psicologia vem dirimir dúvidas e desfazer os
conceitos equivocados, fornecendo resumos das linhas de pesquisa
dos principais mestres da Psicologia, a começar pelo ‘pai’ dessa ci-
ência, Sigmund Freud, e seus colegas de profissão, Carl Jung, Eric
Berne e Abraham Maslow.
Também são abordadas as histórias de vida desses ícones e suas obras,
a repercussão de suas ideias nos meios acadêmico, filosófico, científi-
co e intelectual; a influência que tiveram sobre os demais psicólogos e
psicanalistas, as polêmicas despertadas pelas suas descobertas.
Além de trazer conhecimento, Almanaque da Psicologia vai aguçar
sua curiosidade, possibilitando que você encontre formas novas de
enxergar aquilo que acha conhecer por inteiro.