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Artigo de Roger Dale e Susan L. Robertson (2012) publicado pelo Centro de Globalização, Educação e Sociedades,
Universidade de Bristol, Reino Unido
Os autores
Susan L. Robertson formada em sociologia atua como pesquisadora na área da educação em diferentes partes do mundo.
O foco de sua pesquisa vai ao encontro das questões que aborda sobre os fenômenos ocorridos apartir dos anos 80. Seu
trabalho é baseado nas disciplinas que abordam o social, da geografia à politica e à economia. Além disto, é diretora
fundadora, juntamente, com Roger Dale do Centro de Globalização, Educação e Sociedades da Universidade de Bristol.
Roger Dale é professor da Universidade de Bristol no Reino Unido e tem uma contribuição ímpar no estudo sociológico
da educação. Possui vários textos publicados em português em revistas como Educação & Realidade e Educação e
Sociedade. Juntamente com Susan Robertson, ele co-fundou a revista Globalização, educação e sociedades, o primeiro
volume desta revista foi publicado em 2003. Áreas de pesquisa globalização, europeização e governação da educação,
política de educação, organizações internacionais, metodologia crítica política.
Susan Roberton e Roger Dale buscam neste artigo buscaram analisar algumas das consequências analíticas das
mudanças na topologia, geografia e geologia dos debates em relação às mudanças trazidas ao mundo e ao estudo das
políticas educacionais e sua transferência advinda da globalização. A estratégia dos autores para debater sobre a
transferência de políticas é trazer a luz o Processo de Bolonha, o qual foi assinado em 1999 inicialmente pelos Ministros
da Educação dos 29 países europeus.
Cabe destacar que a opção pelo Processo de Bolonha é o mais extenso e bem-sucedido modelo de "transferência de
políticas" na educação, para pensar sobre a globalização da política educacional e prática de forma mais geral.
Os autores destacam que neste artigo primeiramente analisam as mudanças na educação trazidas pela Globalização, que
alterou o papel do Estado, o reescalonamento da governança da educação, o papel no tocante a concepção de nacional e
a mudança nas agendas que moldam a educação. Num segundo momento eles abordam a política ortodoxa de
transferência em oposição a crítica dos movimentos políticos, com relação a globalização da educação, via Processo de
Bolonha. E por último eles buscam trazem uma gramática conceitual critica para servir de base para analisar as políticas
educacionais.
Os autores lançam luzes sobre as mudanças ocorridas mundo a fora e nas formas de educação advindas de um mundo
globalizado e as implicações dessas mudanças para a forma de olharmos e teorizarmos essas relações.
Um dos efeitos da globalização na educação é uma evidente mudança de um sistema de educação predominantemente
nacional a um sistema mais fragmentado, multi-escalar e multi-sectorial
Ulrich Beck argumenta que a globalização exige repensarmos as ciências humanas e sociais devido ao questionamento
do que seja “nacional”, para isto precisamos de um novo léxico.
Globalizar a política europeia de ensino superior - o desafio intrigante de como explicar o processo de Bolonha?
Bolonha pode ser vista como possivelmente o meio mais amplo e efetivo de produzir níveis convergência da política
educacional atualmente, ainda que compartilhe poucos mecanismos associados a estudos existentes de transferência de
políticas. Essa diferença é devida em grande parte às circunstâncias em mudança - especialmente aquelas que nós nos
referimos globalização - em que Bolonha surgiu e se desenvolveu.
Muitas pesquisas, livros, artigos foram/são elaborados sobre Bolonha, porém muitas análises estão baseadas numa
literatura de transferência de políticas convencionais.
PorOs autores destacam que aprenderam muito com tais trabalhos sobre a natureza dos sistemas nacionais de ensino
superior, e suas respostas às tentativas de "modernizá-los" em base comum, e sobre como as concepções da
'Universidade' também estão sendo submetidas Mudanças radicais.
Porém, tais estudos vão refletir os “ismos”, a fixidez, o reducionismo, o que dificulta capturar com a mesma eficácia
que poderia o que é distintivo sobre as relações entre globalização e ensino superior.
Segundo Susan e Roger, “ A base da nossa problematização encapsulada no conceito 'transferência de políticas' é que
ele assume e é baseado em concepções do mundo que estão perdendo sua validade como os avanços da globalização”.
2º Movimento: Duas Perspectivas Contrastantes sobre a Globalização do Processo de Bolonha como movimento
político
Os autores buscam contrastar 2 abordagens diferente para a compreensão do Processo de Bolonha como transferência
de políticas/circulação de políticas e o tipo de explicação que elas produzem.
Com relação a teoria Robert Cox (1996) informa que “toda a teoria é para alguém e para algum propósito”. Entretanto,
o mesmo autor destaca que isto limita o foco analítico.
Roger e Susan argumentam que as contas de transferência de política do Processo de Bolonha revelam relatos parciais
da complexidade e do dinamismo de Bolonha como política. Uma economia política mais crítica conta a globalização
de Bolonha como educação levando em conta a importância de contextos e relações sociais mais amplas.
Dale argumenta que o Processo de Bolonha deve ser visto mais do que sobre o ensino superior.
Novamente, os autores trazem a questão dos “ismos”, já destacados no artigo anterior, nas pesquisas sobre globalização
e educação. São eles: 'nacionalismo metodológico', 'estatismo metodológico', 'educacionismo metodológico' e
'fetichismo espacial'
O “ismos” tendem a produzir comparações em estudos de casos nacionais convergindo para o eixo da comparação e
medição.
O exemplo é o Processo de Bolonha que vai além do que foi traçado inicialmente como uma reforma do ensino superior,
mas uma reforma que alterou o que significa falar sobre o conhecimento, a universidade, a mobilidade estudantil, um
sistema nacional de educação superior, a educação como um bem público etc.
Os autores destacam o alcance médio da pesquisa, onde os estudos que tratam de globalização e educação acabam
ficando no meio entre a análise que vai do abstrato ao concreto e o que é referido entre micro e macro. Refletido na
análise da transferência de política ou empréstimo que tende a cair na faixa média. Consequentemente, isto de acordo
com Roger e Susan urge que identifiquemos o contexto do contexto (nacional).
Roger e Susan Uma das principais características do trabalho no Processo de Bolonha é a sua base nacional, onde
grande parte dos estudos nos “efeitos deste sobre” os sistemas e instituições.
A combinação de imagens criadas por estudos de transferência de políticas, difusão e convergência é um fator que
dificulta reconhecer a possibilidade de Bolonha como uma forma de cooperação transnacional, baseada em percepções e
enquadramentos comuns dos problemas.
O termo "difusão" ocorre através de um processo de teorização, que tende a explicar processos sem agente, enfatizando a
comunicação entre estranhos, abstratos.
[...] A teorização pode ser considerada como transformando a difusão em escolha racional.
Mesaguer e Gilardi existem outras duas características dos estudos de difusão e transferência de políticas que presume
que todos os governos estão igualmente interessados em envolver-se na aprendizagem, são igualmente reativos às
pressões competitivas, ou igualmente sensíveis a pressões. A outra questão é que a ligação entre "melhorias educacionais"
e progresso e melhoria social.
Os autores, Roger e Susan, citam o exemplo da mudança curricular. Segundo eles é a lógica “do mudar o que você ensina
e você vai mudar o aluno”.
Mudanças refletidas nas lógicas de Bolonha cuja intervenção é explicitada em seus objetivos fundadores: - aumentar a
competitividade, - aumentar a mobilidade do trabalho, - aumentar a atratividade da Educação europeia, tudo com vista a
melhorar a Europa economicamente talvez aumentado por um lógica do “gotejamento” (trickle-down).
O sociólogo inglês Ray Pawson (2002) argumentou que o ponto crucial é distinguir entre o que ele chama de 'Programa' e
'Programa Ontologia'.
Pawson argumenta que nesta perspectiva, 'não é 'programas 'que funcionam são as razões ou recursos subjacentes que eles
oferecem aos sujeitos que geram mudanças. Causação também é considerado contingente. Se as escolhas ou capacidades
oferecidas em uma iniciativa são depende da natureza de seus sujeitos e das circunstâncias da iniciativa. Os ingredientes
vitais da ontologia de programa são, portanto, seus "mecanismos geradores" e seus "mecanismos contíguos" (contexto).
Os autores tomam como exemplo o Processo de Bolonha que pode ser visto mais proveitosamente como operando como
é através de uma forma de Lei Branda, "soft law", oferecendo (aos seus membros) razões e recursos que lhes permitirão
gerar mudanças em formas individualmente distintas mas coletivamente mutuamente sintonizadas.
As Formas de comparação são centrais para a maioria dos estudos do Processo de Bolonha, especialmente a comparação
internacional.
Os pesquisadores são solicitados a fornecer dados que permitam a comparação de políticas entre as nações e que
reforçam as crenças que os formuladores de políticas em um país podem aprender com o sucesso ou fracasso da
elaboração de políticas em outro.
A análise fica prejudicada no momento que o proposito não é comparar, mas contrastar a competição.
Antonio Novoa e Tali Yariv-Mashal (2003) referem-se à educação comparada como uma forma de governança
Os autores destacam “o emprego de abordagens comparativas como forma de legitimar políticas nacionais com
base em "medidas internacionais", que resultam na criação e recriação de significantes baseados na competição e
avaliação internacional ”.
**Comparação teoricamente articulada realização do enorme potencial analítico de estudos comparativos (não
confinados ao internacional) dentro do Processo de Bolonha.
** Alguns estudos tratam a globalização como uma força externa e afetando cada estado-nação e seus sistemas de
educação.
Primeiro estágio do processo de 'comparação teoricamente articulada’ realizar uma comparação das teorias que
sustentam estudos comparativos e informar os métodos que eles usam.
Há os que vêem a globalização fundamentalmente como um discurso, estes estão menos interessado nas práticas reais que
possam estar associadas a ele, em relação aos que vêem a globalização como um processo, por exemplo.
Em segundo lugar, precisamos considerar o que poderíamos chamar de 'teorema explicativo'.
Tendo completado estas preliminares, poderíamos então começar a considerar como uma metodologia comparativa pode
ser empregada para testar e maximizar a capacidade explicativa das teorias.
3º Movimento: A caminho da conclusão - Rumo a uma gramática crítica do movimento de políticas educacionais
Uma gramática crítica do movimento político estaria atenta às maneiras pelas quais as categorias são construídas,
contidas e ordenadas, grupos e problemas sociais específicos (e não outros) tornando-os objeto ou não de intervenções e
soluções de políticas educacionais.
Jessop "seletividade estrutural" analisar o contexto de contextos que fazem com que alguns problemas políticos
tenham soluções visíveis e viáveis, e outras não.
O terceiro elemento de uma gramática crítica é a teoria da faixa média, cuja premissa é uma concepção particular da
natureza hierárquica do mundo, e dos quadros explicativos, expressos através dos dois pares, simples-complexo e
abstrato-concreto.
Em quarto lugar, uma gramática crítica focalizaria a atenção na lógica de intervenção implicada em qualquer política
definição do problema e sua solução.
Distinção entre processos, saídas e resultados, que frequentemente aparecem como se fossem idênticos.
- Cabe destacar que os processos são meios pelos quais as saídas intencionais ou não intencionais podem ou não ser
efetivamente produzidas, e os resultados são as realizações pretendidas ou não intencionais dos resultados, que podem ou
não efetivamente.
- Distinguir entre resultados e resultados é crucial, por exemplo, poderíamos tomar uma saída como objetivo específico de
uma política, melhorar o desempenho escolar na disciplina de matemática ou para aumentar o número de estudantes
estrangeiros recrutados para Universidades. Os resultados, ao contrário, são os objetivos mais amplos da política - o
objetivo final das saídas produzidas.
Um quinto elemento de uma gramática crítica problematizaria reivindicações de convergência, precisamente porque as
especificidades das estruturas institucionais históricas colocam limites à replicação.
Último elemento, uma gramática crítica poderia problematizar a comparação como uma metodologia na análise
movimentos da política educacional. Engaja-se no que chamamos de comparação teoricamente articulada (ver Dale,
2010).
A Educação Comparada teve nova vida sob a globalização, e tem buscado responder as diferenças que resultam da
globalização. Seria, por exemplo, interessante colher as respostas à pergunta "quem aprende que lições de Bolonha?"
Quais as práticas, em que níveis, outros poderiam querer imitar?
|O maior benefício a ser obtido com estudos comparativos é a geração de novas hipóteses, empregado adequadamente, é o
método que nos leva mais perto da explicação.