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A NOVA CONFIGURAÇÃO FAMILIAR: A FAMÍLIA

CONTEMPORÂNEA USUÁRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS


THE NEW FAMILY CONFIGURATION: THE CONTEMPORARY FAMILY USER OF
PUBLIC POLICIES

Camila Pacheco Gomes1


Priscila Alves da Silva2
Maria Adelaide Pessini3

GOMES, C. P.; SILVA, P. A.; PESSINI, M. A. A nova configuração


familiar: a família contemporânea usuária das políticas públicas.
Akrópolis Umuarama, v. 19, n. 2, p. 101-114, abr./jun. 2011.

Resumo: O presente artigo conta com uma reflexão acerca da configu-


ração familiar, a partir da situação de vulnerabilidade social, em acor-
do com os moldes da intervenção em rede, para promover a inclusão
dessas famílias a partir do Centro de Referência da Assistência Social
– CRAS. A pesquisa se dá a partir de uma investigação bibliográfica,
utilizando-se da Psicologia Social Comunitária como base norteadora
para essa reflexão. Problematizamos no decorrer do texto, as dificul-
dades em definir uma práxis psicológica na área da Assistência So-
1
Estudante do quarto ano do curso de Psi-
cial, tendo o profissional a necessidade de buscar uma atuação mais
cologia da Universidade Paranaense – UNI-
PAR, campus de Umuarama/PR. Endereço:
compromissada com a atual demanda, centralizada na nova configu-
Guilherme Tissiano, nº 2143, Iporã/PR CEP: ração familiar decorrente da crise sócio-cultural familiar. Apresentamos
87560-000.E-mail: camilapacheco_go- neste artigo, a Psicologia atuante nas Políticas Públicas ao encontro
mes@hotmail.com. com a família vulnerável socioeconomicamente, vindo a ser usuária
dos direitos assistenciais. Com essa investigação, consideramos que
2
Estudante do quarto ano do curso de Psi- a prática profissional precisa se adequar aos novos arranjos familiares
cologia da Universidade Paranaense – UNI- existentes nos atendimentos socioassistenciais, visto que as famílias
PAR, campus de Umuarama/PR. Endereço:
estão compostas cada vez mais por mulheres, provedoras do lar e do
Rua Ministro Oliveira Salazar, 5206, Ap:
103. Umuarama/PR, CEP: 87502-070.
sustento familiar.
E-mail: pri_pho@hotmail.com Palavras-chave: Família;Assistência Social; Psicologia Social Comuni-
tária; Redes Sociais.
3
Docente do Curso de Psicologia da Uni-
par/sede, Mestre em Psicologia Social e da Abstract: The present article includes a reflection about the family con-
Personalidade pela Puc-rs. Endereço: Av. figuration, from the social vulnerability situation in accordance with the
Brasil, 4522 ap. 204 Umuarama-pr. cep:
network intervention terms to promote the inclusion of these families
87501-000. E-mail: pessini@unipar.br.
through the Reference Center for Social Assistance – CRAS. The re-
search is based on a bibliographical research, using the Community
Social Psychology as guiding basis to this reflection. We problematize
throughout the text the difficulties in defining a psychological praxis in
the Social Assistance area with the professional necessity to seek a
more committed action with the current demand, centered on the new
family configuration resulting from the family socio-cultural crisis. We
present in this article the active Psychology in the Public Policies in
accordance with the socio-economically vulnerable family, becoming a
user of the assistance rights. With this investigation, we consider that
the professional practice needs to adapt to the new family arrange-
ments existent in the Social Assistance attendances, since the families
are more and more composed by women providers of home and live-
Recebido em fevereiro/2011
lihood.
Aceito em maio/2011 Keywords: Family; Social Assistance; Community Social Psychology;
Social networks.

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GOMES, C. P.; SILVA, P. A.; PESSINI, M. A.

INTRODUÇÃO Com esse artigo, pretende-se conhecer


a nova família vigente, buscando um novo olhar
Compreender não somente a família con- para essa família atendida pelo psicólogo no pla-
temporânea, mas entendê-la em seu processo no das políticas públicas, e dessa forma possa
histórico de evolução de seus papéis, arranjos ser inserida dentro das políticas de assistência
familiares, suas funções de criar vínculos sociais de acordo com o momento que esteja vivendo e
do indivíduo contribui para uma nova forma de assim usufruir plenamente dos seus direitos só-
pensar sobre a atual condição das famílias as- cioassistenciais.
sistidas pelos serviços de assistência social.
A família, como instituição, corresponde A Psicologia Comunitária
a essa estruturação social, afetiva e econômica
do sujeito, já que é a partir dela que o mesmo Atualmente, quando abordamos em
se constrói nas relações. O grupo familiar, dessa Psicologia Comunitária, focalizamos contínuas
forma, apresenta-se na maioria das vezes como mudanças das políticas públicas brasileiras; e
sendo o primeiro em que o indivíduo irá iniciar a dentro dessas novas configurações, um cresci-
vida social e afetiva. Contudo, a família será a mento das modalidades de atuação do psicólo-
primeira instância que lhe transmitirá valores e go no “campo público do bem-estar social”. (Ya-
ensinamentos sobre questões de papéis, forma- mamoto apud Ximenes; PAULA; BARROS,
ção pessoal, moralidade e conceitos de mundo, 2009)
ensinando as maneiras de se portar diante das De acordo com Freitas (2007) desde
dificuldades entre outras situações, que deposi- meados da década de 60, no Brasil, vem sen-
tará a família como referência para os indivíduos do utilizadas as teorias e métodos de Psicologia,
em sua formação pessoail e social. em trabalhos direcionados às comunidades que
A Psicologia Comunitária direciona sua se encontram em vulnerabilidade social. Peran-
prática para as comunidades, tentando dessa te essa prática a Psicologia tenta deselitizar a
forma deselitizar a profissão, sobre o modo de profissão, ampliar novos saberes, possibilitando
aplicação de novos saberes, olhando o sujeito melhores condições de vida para essas pessoas
de um novo prisma, que se entremeiam em si- inseridas na comunidade. Diante dos fatos es-
tuação de vulnerabilidade sócioeconômica. Pe- sas ações passam a ser nominadas de Psicolo-
rante essa perspectiva, tem-se uma família num gia Comunitária, ou Psicologia na Comunidade.
modelo nuclear que origina outras possibilidades De acordo com Moré (2006) a Psicologia
de arranjos familiares, diante de uma base teó- deixa de ter uma área específica de referência
rica da Psicologia Comunitária, que objetiva um para obter novas demandas sobre novos con-
trabalho de métodos e processos de conscienti- textos devido à maior inserção política social e
zação nas comunidades, explanando sobre as econômica, envolvida num espaço de ação his-
tomadas de papéis dentro da família na socieda- tórica que determina a passagem do privado ao
de, bem como as decorrências das mudanças a público, evidenciando a perda da eficácia e sua
respeito desses papéis. atuação.
Pautado sobre as políticas públicas da Com ampliação do sistema de saúde,
assistência social, é que o profissional de Psi- educação e um aumento significativo de psicó-
cologia irá desenvolver sua prática, de forma a logos trabalhando em hospitais, creches, insti-
minimizar a normatização do conceito de sujeito tuições de promoção de bem-estar social, área
em situação vulnerável, sendo assim, propondo jurídica e voltada aos cuidados da família e dos
a condição de protagonista, capacitando-o para menores, obteve-se uma Psicologia Comunitária
o desenvolvimento de sua transformação social Social visando desenvolver os instrumentais de
e de sua família, dentro de suas possibilidades. análise e intervenção relevantes para as novas
Entretanto, sabe-se que os questionamentos demandas que se apresentavam a esses psicó-
com relação à prática psicológicas nas ques- logos como nos mostra Freitas (2007).
tões sociais já foram propostos há algum tempo, Os trabalhos comunitários principiaram
atualmente busca-se desenvolver uma prática por meio de levantamento das necessidades
compromissada com o público-alvo, que seja vividas pela população, voltando-se para as
condizente com a proposta inclusiva das políti- condições de saúde, educação e saneamento
cas públicas assistenciais. básico. O profissional da área de Psicologia tra-

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balha nas comunidades, embasado de métodos da igualdade, em termos políticos, as formas de


e processos de conscientização a serem realiza- opressão, buscando desenvolver nesses indiví-
dos em grupos populares, tendo como um dos duos a prática de autogestão.
objetivos a tomada de papéis dentro da família, Para Sarriera (2000), essa Psicologia
na sociedade, trabalhando ampliação de consci- Comunitária passa a participar de projetos e
ência dos fatores sócio-políticos agravados por propostas do campo das políticas públicas, com
suas condições de vulnerabilidade, tornando-os enfoque em desenvolver alternativas para di-
ativo na busca de soluções para os problemas versos problemas sociais, tais como: condição
enfrentados.(FREITAS, 2007). de trabalho; adoecimento psíquico; inclusão e
De acordo com o que apresenta Sarrie- discriminação, relativa da qual surgem necessi-
ra (2000), o desenvolvimento comunitário reali- dades de se construir uma nova rede solidária,
zado pelos psicólogos tem sido destacado por de convivência humana de um mundo marcado
um árduo processo de aceitação da sociedade e pela marginalização social, possibilitando um
das políticas de saúde pública, que vem sendo novo modo de trabalhar, um campo com uma vi-
enquadrado dentro das disciplinas do curso de são biopsicossocial.
Psicologia, tendo em vista uma evolução na for- A promoção de saúde se destaca como
mação desses indivíduos. Essas questões têm sendo uma das propostas das políticas públicas,
sido discutidas, pois esses profissionais liberais na qual possui diversas conceituações. Suther-
autônomos quebram esses paradigmas e vão land e Fulton (apud Buss, 2000) afirmam que
a campo, na busca de construir um novo saber a promoção da saúde consiste nas atividades
junto a uma nova prática para a Psicologia. transformativas dos comportamentos dos indiví-
Góis (apud Freitas, 2007) refere-se duos, tendo um olhar voltado para o seu modo
a Psicologia Comunitária como uma das áreas de vida dentro da constituição familiar e em suas
da Psicologia Social que investiga todas as ati- relações sócio-culturais. Na comunidade onde
vidades do psiquismo decorrentes ao modo de se encontram os programas ou atividades que
vida, do lugar onde se habita (comunidade) e o aponta a promoção de saúde, estão norteados
sistema de relações que são influenciados, per- em componentes educativos, relacionados com
mitindo a construção desses sujeitos em suas os riscos sociais passíveis de mudanças que fa-
representações no dia a dia, como indivíduos zem parte do controle desses indivíduos.
históricos e comunitários, num processo inter- De acordo com o pensamento de Moré
disciplinar que reflete no desenvolvimento dos (2006), as relações até um tempo atrás eram
grupos e da comunidade. pontuadas por meio das conversas nas unida-
Uma Psicologia comprometida com a des médicas, dessa forma era praxe se pergun-
transformação social toma como foco as prá- tar ao indivíduo qual era o seu problema e em
ticas psicológicas, não caracterizando e nem que poderia ser ajudado. Diante dessas situa-
diagnosticando a classe trabalhadora, porém ções, houve a necessidade de buscar alterna-
compreende os processos, estudando as parti- tivas para se repensar sobre novas formas de
cularidades e circunstâncias em que ocorrem, conversação, objetivando outras possibilidades
seguindo de forma articulada, juntamente aos de contato com essa população.
aspectos histórico-culturais da sociedade, pro- O psicólogo nesse campo necessita
duzindo a construção de significados ao lugar do estar atento de como se dá a inserção desses
sujeito-cidadão autônomo e que deve ter vez e indivíduos na comunidade, uma compreensão
voz no processo de resolução das dificuldades e do lugar que se atém a fala desse sujeito. Com
problemas vivenciados (BRASIL, 2005). isso, espera-se que o relacionamento das pes-
De acordo com a compreensão de Bon- soas seja direcionado a visualização das redes
fim (apud Freitas, 2007) a perspectiva da Psi- pessoais e sociais. A rede estando envolvida
cologia Social Comunitária enfatiza uma ética identifica o conjunto de relações significativas
da solidariedade, a busca centrada em melho- para esses indivíduos, levando-os a conhecer
res condições de vida juntamente aos direitos o contexto onde vivem, sendo esses elementos
humanos que se fazem fundamentais. Em ter- de construção, da ampliação de novos horizon-
mos éticos, pontuam-se o comprometimento tes rumo ao processo de intervenção. (MORÉ,
em estabelecer condições apropriadas para o 2006).
exercício pleno da cidadania, da democracia e Ainda em consonância com Moré (2006),

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hoje o psicólogo que trabalha com a rede social, como uma utopia nos dias de hoje, pois as difi-
tem como foco fornecer o suporte para esses culdades enfrentadas pelos profissionais de Psi-
sujeitos perante aos seus conflitos, porém o cologia são temerosas, sua inserção está focada
que acontece na maioria das vezes é que esses a cuidados primários e que são compartilhados
profissionais acabam se perdendo em meio aos por outras disciplinas, uma vez que os currícu-
seus papéis de atuação, visto que a população los de formação estão voltados ao atendimento,
que o procura possui características marcantes, ajustados a um modelo biomédico refletido de
além disso muitas são conduzidos por outros uma proposta biopsicossocial.
profissionais da saúde que desconhecem a ne- Para constituir uma Psicologia Social da
cessidade da atuação do psicólogo. Saúde coletiva, a formação é um ponto crucial,
Entretanto, essas pessoas ao conversar que precisa ser repensada nas instituições que
com o psicólogo possuem a visão de que devem formam esses profissionais. Essa formação con-
lhe contar tudo de sua vida, a fim de que seus tribuirá no processo de acúmulo das aprendiza-
problemas possam ser resolvidos de imediato. É gens e ampliação de consciência perante a luta
nesse entremeio que o psicólogo não visualiza da reforma psiquiátrica, pela desinstitucionaliza-
outras relações significantes, pois na medida em ção nas defesas dos direitos humanos, gerando
que tenta fornecer suporte, perde esse indivíduo um compromisso ético-político, envolvido com a
que está inserido a um determinado contexto produção de saúde, e a promoção da vida.
que possui uma história e que precisa de uma Hoje em dia, a área da Assistência So-
reflexão por parte da rede para se ater ao pro- cial compõe um dos maiores emblemas desse
cesso de intervenção. (MORÉ, 2006). assunto, dada as suas recentes conformações
Em presença desse desempenho social legais e a consequente existência de espaços
do psicólogo e a transcendência social, vem se destinados a psicólogos, por exemplo, nas equi-
ampliando o campo de investigação objetivando pes dos Centros de Referência da Assistência
outras formas de intervenção, diferenciando do Social (CRAS) - unidades públicas - responsá-
modelo antigo para tratamento de saúde mental, veis desde 2004 pela execução dos programas,
ponderadas de condições mais humanas, pre- projetos e serviços da Proteção Social Básica
ventivas que antecedem as doenças, caracteri- (PSB).
zada por uma melhor qualidade de vida a esse
sujeito. (VASCONCELOS apud VIZZOTTO, Políticas da Assistência Social
2003)
Com a participação sistêmica do psicó- Em 1993 com a Lei Orgânica da Assis-
logo, numa integração do campo interdisciplinar tência Social – LOAS em que a Assistência So-
na área da saúde em um contexto histórico re- cial foi reconhecida como política pública, dever
cente no Brasil, embora esses profissionais este- do Estado e direito do cidadão, sendo de caráter
jam atuando a mais de vinte anos, surgem novas não contributivo, que provê os mínimos sociais,
concepções de bem-estar refletidas de novas sendo realizada por intermédio de ações de
demandas de saúde e doença, novos campos iniciativa pública e da sociedade para que seja
de trabalho, novas ideias que se propagam so- garantido o atendimento às necessidades bási-
bre aspecto político, social e econômico, vestem cas do sujeito (Brasil, 1993). A Política Pública
a inovação de promover saúde. A comunidade de Assistência Social atualmente é realizada de
nesse feitio se diferencia de uma instituição, pois forma a considerar as desigualdades sócio-ter-
é um lugar onde desenvolve-se vidas cotidianas, ritoriais, visando garantir a universalização dos
sem objetivos definidos, pautados de aspectos direitos aos sujeitos vulneráveis sócioeconomi-
de coesão e inter-relação. (VIZZOTTO, 2003). camente. (BRASIL, 2004), é com a implantação
De acordo com Menegon e Coelho do Sistema Único de Assistência Social - SUAS
(2005) a demanda de psicólogos para atuarem que se dá o fortalecimento desse compromisso.
nessa área fez com que houvesse a busca pela O SUAS, criado a partir do modelo do
definição da área, do papel e principalmente das Sistema Único de Saúde – SUS, define as ba-
competências e os conhecimentos que devem ses e as diretrizes para a Política Nacional de
constituir o currículo para a formação desses Assistência Social – PNAS. Sua implantação foi
profissionais. Para esses autores esse modo de o marco para uma nova forma de proteção da-
se pensar sobre o cuidado com a saúde é visto queles que se enquadram em uma situação de

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vulnerabilidade social. das negligências, discriminações, explorações e


Um dos programas do SUAS é o Progra- violência. Assim é feita a tomada de responsabi-
ma de Atenção Integral à Família – PAIF, que de- lidade social dos psicólogos, sempre pautados
senvolve ações e serviços básicos continuados na ética profissional em acordo com as políticas
para as famílias em situação vulnerável, a fim públicas.
de fortalecer os vínculos familiares e em comuni- É necessário o psicólogo estar por den-
dade, estas ações são desenvolvidas dentro do tro dos planos efetivos de políticas públicas ao
espaço físico do Centro de Referência da Assis- iniciar o trabalho nas comunidades, pois estas
tência Social – CRAS (LUCENA FILHO, 2008). geralmente estão vinculadas a programas de
Lucena Filho (2008) traz que a Política assistência aos indivíduos, que visam apoiar
Nacional da Assistência Social - PNAS de 2004 esses sujeitos em situações de vulnerabilidade,
define o CRAS como uma unidade pública es- ou até mesmo em risco social. O psicólogo no
tatal de base territorial, localizado geralmente CRAS deve direcionar seu trabalho para a pre-
em áreas de maior vulnerabilidade social, que venção das situações de sofrimento advindas do
deve referenciar um dado número de famílias. processo social e econômico, em que ficam ex-
O CRAS presta serviços de proteção social postos os usuários desse serviço, são situações
básica, organizando e coordenando a rede de perversas que impõem esse sujeito como mero
serviços sócioassistenciais locais da Política da objeto (SAWAIA apud LUCENA FILHO, 2008).
Assistência Social, sendo a porta de entrada dos É de suma importância se compreender
usuários da rede de proteção básica do SUAS. a prática do psicólogo voltada à saúde pública e
São também pautadas no conceito de política as suas dificuldades em trabalhar em prol des-
pública, que vem a ser um contingente de ações sa saúde social, fazendo-se necessário a com-
implementadas nas esferas do governo (federal, preensão dos conhecimentos de saúde-doença
estadual ou municipal) em conjunto com a so- enfocadas num enlace das redes de apoio e jun-
ciedade civil, visando demandas peculiares da tamente as equipes multidisciplinares ao desen-
sociedade (LUCENA FILHO, 2008). volverem um trabalho que auxilia ao profissional
De acordo com Brasil (2005), o trabalho de Psicologia o fortalecimento de uma prática de
do psicólogo é pautado de desafios em diferen- saberes e fazeres. Para responder às deman-
tes condições, manejados da proteção e de in- das, se faz necessário que haja ações existen-
tensas desigualdades sociais, dentro dos terri- tes nas regiões, nas comunidades, por meio da
tórios de pertencimento das camadas excluídas intersetorialidade, objetivando e potencializando
do acesso a bens e serviço. os trabalhos multiprofissionais que complemen-
tem essas intervenções, que é organizado dentro
O Psicólogo nas Políticas Públicas de Assis- de uma lógica de trabalho em rede, permanente
tência Social e não ocasional, aderido dentro da realidade exi-
gida de cada local, na sua complexidade, articu-
De acordo com Lucena Filho (2008) o lados e vinculados a outros serviços que visem
psicólogo no CRAS deve priorizar a dimensão o bem estar do sujeito que se encontra em situa-
socioeducativa na efetivação dos direitos re- ção de risco ou vulnerabilidade (BRASIL, 2005).
lacionados à seguridade social, promovendo Dessa forma, a atuação do psicólogo,
ações que vão desde entrevistas individuais, como trabalhador da Assistência Social tem
oficinas, grupos e campanhas socioeducativas, como finalidade básica, o fortalecimento dos
visando sempre o fortalecimento social dos usu- usuários como sujeitos de direitos e das políticas
ários, que é a principal meta do serviço. Dessa públicas, sendo um conjunto de ações coletivas
forma, os profissionais da Psicologia assumem conduzidas pelo Estado, objetivando a garantia
e se colocam a favor da responsabilidade social dos direitos sociais, guiada pelos princípios da
desta ciência e é pautado nessa responsabilida- impessoalidade, universalidade, economia e ra-
de social que o psicólogo deverá atuar quando cionalidade.
inserido no CRAS. Para romper com os processos de ex-
A atuação profissional é re-configurada clusão, é importante que o sujeito se veja num
quando se inicia o processo da promoção da lugar, de construtor do seu próprio direito e de
saúde e qualidade de vida das pessoas e co- suas necessidades. De acordo com o Conselho
munidades, o que contribui para a diminuição Federal de Psicologia, é preciso, olhar o sujeito

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GOMES, C. P.; SILVA, P. A.; PESSINI, M. A.

num todo, dentro do seu contexto social e políti- objeto para o lugar de sujeito.
co no qual está inserido. Os cidadãos devem ser Nos serviços de Assistência Social traba-
pensados como sujeitos que têm sentimentos, lham-se intervenções em programas e projetos,
ideologias, valores e modos próprios de interagir visando um trabalho social que atinja as famílias
com o mundo, constituindo uma subjetividade de ou alguns membros da mesma. Esses trabalhos
construção na interação contínua dos indivíduos interventivos servem de base para a construção
com os aspectos histórico-culturais e afetivo-re- e a potencialização dessas famílias inseridas
lacionais que os cercam. Essa dimensão subje- nos projetos e grupos comunitários, visando o
tiva deve ser levada em consideração quando se fortalecimento de atividades e interações dos
organizam e executam a política pública no país. membros, nos arranjos familiares e até mesmo
O indivíduo, em interação constante com na própria atuação dos grupos. Através dessas
seu contexto social (familiar, comunitário), é o práticas objetiva-se uma melhor convivência fa-
eixo da produção e utilização do conhecimen- miliar e comunitária favorecida na construção de
to psicológico numa prática comprometida com laços afetivos e colaborativos entre os mesmos.
o desenvolvimento à justiça. A capacidade de Dessa forma trabalham-se vários temas com es-
enfrentamento das situações da vida é afetada ses indivíduos, nos quais a autoestima e a es-
pelas experiências e significados construídos ao cuta são fundamentais para reelaborar e avaliar
longo do processo de desenvolvimento. Alterar suas histórias de vida, motivando-os a centra-
o lugar do sujeito nas políticas de Assistência rem com maior autonomia a mesma. Entretanto
Social, potencializando a sua capacidade de os programas de complementação de renda se
transformação, envolve a construção de novos tornam numericamente significativos, pois estão
significados para esse sujeito (MARTINEZ apud articulados a processos de apoio sócio-educa-
BRASIL, 2005). cional juntamente ao fortalecimento da autono-
Por intermédio desses planejamentos mia familiar, como pontua Brasil (2005).
de ações conduzidas pelo Estado, as políticas Esses planejamentos são derivados das
voltadas a família vem ganhando um lugar de políticas sociais, formados por meio de estudos
destaque na política pública. Devido a esses analisados a respeito da desigualdade social e a
contextos constituídos por uma diversidade cul- diversidade cultural, na qual revelam o formato
tural pode se pontuar que a família ocupe um que a sociedade apresenta suas organizações
lugar dentro da política social, pois além de ser familiares, gerando questões a serem discutidas
beneficiária é também uma mini prestadora de no âmbito educacional, modalidades de cuida-
serviços de proteção e inclusão social. Os ser- dos com a saúde e utilização dos serviços públi-
viços públicos vêm fornecendo maior escuta a cos e até mesmo em assuntos de singularidade
queixas familiares ou de algum de seus mem- das situações vividas pela população de vulne-
bros, regidos de observações e acolhimento de rabilidade, como pontua Romanelli (2001).
uma escuta humanizada, na qual obtém muitos
resultados. A família e Políticas Públicas
O psicólogo e o CRAS devem se posi-
cionar contra o que está definido e que favorece De acordo com Romanelli (2001), a fa-
para a desigualdade e afastamento da autono- mília vem se destacando como uma instituição
mia do sujeito, contando com o apoio dos profis- privada, sendo responsabilizada pela produção
sionais da assistência social, em atendimentos social, transmissora de padrões culturais e a co-
individuais e coletivos, o qual é prioridade de ordenação a vida social. Constitui-se também
atendimento nesse âmbito. Como propõe Luce- como formadora de grupos sociais, oferecendo
na Filho (2008), essa transformação social se dá afetividade e sociabilidade. Dessa forma, as mo-
a partir do momento em que ao sujeito é dada a dificações demonstram a heterogeneidade dos
oportunidade de se ouvir, de se descobrir, de en- novos arranjos domésticos, referindo-se ao ta-
tender sua própria subjetividade, esta que é pro- manho da família, ao número de filhos e ao au-
duzida pelas redes e campo social de onde ele mento de famílias mono- parentais.
está inserido. É nessa proposta que o psicólogo No âmbito do serviço social, esses índi-
deverá trabalhar para trazer a esse indivíduo a ces marcam a necessidade de construção de
sua história de vida, ajudando-o na re-significa- órgãos que encarem a família como eixo funda-
ção de sua existência, saindo da condição de mental das atuações, considerando, que é em

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A nova configuração familiar...

seu interior que os indivíduos se formam e pro- em que estão inseridos. É preciso compreender
duzem suas condições de existência (SILVA et a família em seu movimento, dentro de uma or-
al., 2004). ganização e reorganização, devido aos novos
Em consonância com Silva et al. (2004), arranjos familiares, bem como, os estigmas so-
a família sempre foi assunto de preocupação bre as formas diferenciadas, evitando a natura-
das políticas públicas. Essa justificativa é devi- lização dos grupos sociais de desorganização e
da ao núcleo familiar que simboliza a estrutura reorganização em relação a determinados con-
básica da sociedade envolvendo os objetivos do textos sócio-culturais. É preciso refletir sobre o
Estado em garantir que os direitos fundamentais significado família numa sociedade contemporâ-
de seus integrantes sejam preservados. Não nea e principalmente no lugar que a mesma ocu-
há uma única definição familiar, estática, visto pa dentro de uma política social. As expectativas
que se trata de uma instituição de transforma- em relação à família contemporânea vêm sendo
ções históricas. Todavia, essa forma de pensar direcionadas de um imaginário coletivo, passivo
implica em re-significar a representação familiar de idealizações sobre o símbolo de família nu-
em termos de organização e estrutura, tornando clear.
referência a família nuclear, embasado na diver- Osório (1996) afirma, no entanto, que
sidade. não existe conceito único a respeito de família,
Dessa maneira, como afirma Carneiro muito menos definição enquanto a sua estrutura
(2004), as políticas sociais trabalham com várias fixa perante a sociedade. Não é uma expressão
perspectivas, dentre elas a centralidade dessa passível de conceituação, porém tão somente
família, apostando em sua capacidade de cuida- de descrição, sendo possível descrever suas
dos e proteção, na qual a intervenção do Estado várias estruturas assumidas por essa família de
seja de caráter temporário. Outra perspectiva é acordo com a evolução histórica. Dessa forma,
direcionada a família em estar protegendo seus obtém-se um conceito operativo para família
membros, garantido pelo Estado por intermédio como unidade básica da integração social. En-
das políticas sociais e públicas. A família brasi- tretanto não basta apenas situar a família dentro
leira hoje quer ser reconhecida como instância desses novos arranjos do contexto sócio-históri-
de cuidados e proteção, porém a mesma precisa co, evolutivo do processo civilizatório. É impor-
ser cuidada, protegida atribuindo à responsabili- tante observar nas famílias os papéis distintos
dade pública. que cada membro exerce, sendo principal em
A proteção à família tornou-se uma es- todas as culturas.
tratégia vinculada às políticas sociais, em es- A nova constituição familiar, como propõe
pecial pela Política de Assistência Social, como Osório (1996), há três tipos de relações familia-
alvo dos programas definidos como unidades de res, sendo elas, aliança (casal), filiação (pais e
intervenção, como é o caso do Programa Bol- filhos) e consanguinidade (irmãos), do mais, há
sa Família. Porém, é de suma importância es- outros referenciais como o parentesco denomi-
clarecer que o programa Bolsa Família, assim nado de relações de pessoas que se vinculam
como, uma política social, não tem a capacida- pelo casamento, ou pela existência de filhos por
de de superar a pobreza das famílias, de forma ancestrais comuns etc.
que a pobreza é resultado de como a socieda- A família é caracterizada como modelo
de se organiza na produção de suas relações natural, na qual visa assegurar a sobrevivência
e desigualdades, fundamentadas entre o capital biológica da espécie, juntamente ao desenvol-
e o trabalho. A centralidade da família enquanto vimento psíquico dos descendentes, a aprendi-
direitos sociais devem ser efetivados pelo Esta- zagem e a interação social. Além de preservar
do, de maneira que as políticas estejam voltadas a espécie, o papel de nutrir e proteger, dentre
às unidades familiares, como propõe Carneiro outros aspectos como a transmissão de valo-
(2004). res éticos, estéticos, religiosos e culturais, po-
De acordo com Carvalho (2000), a família dendo se apresentar em nove tipos de compo-
tem como princípios estar promovendo cuidados sição familiar distintas: nuclear (incluindo duas
de proteção, aprendizado, construção de iden- gerações, com filhos biológicos); extensa (vários
tidade entre outros gerenciadores que leve me- membros com laços de parentesco, incluindo
lhor qualidade de vida a seus membros e dessa três ou quatro gerações); adotivas temporárias;
forma efetive a inclusão social nas comunidades adotivas que podem ser bi-raciais ou multicultu-

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GOMES, C. P.; SILVA, P. A.; PESSINI, M. A.

rais; casais, famílias mono parentais (chefiadas lógica e social, tornando-o habilitado para a pró-
por pai ou mãe) casais homossexuais (com ou pria constituição familiar, como pontua Osório
sem crianças) famílias reconstituídas (depois do (1996).
divórcio) e várias pessoas vivendo junto sem la- No interior dos contextos supracitados
ços legais, mais com forte compromisso mútuo. pelo Osório (1996), os indivíduos que compõem
De acordo com o autor supracitado, os uma família fazem parte de um ciclo vital evo-
papéis familiares não correspondem aos indi- lutivo. A família nasce, cresce, amadurece ha-
víduos na maioria das vezes, pois nem sem- bitualmente se reproduzem em novas famílias,
pre há uma ligação entre o sujeito e o papel a encerram o seu ciclo vital com a morte dos
ser desempenhado na família. Diante o modelo membros que a originaram e a separação das
sócio-histórico as funções da família ficam es- pessoas para a constituição de novos núcleos
tagnadas a reprodução sexual e a socialização, familiares. O ciclo vital da família é algo dinâmi-
permitindo a reprodução, acrescentados a fun- co não podendo ser retido a tamanha descrição.
ções econômicas. Os divórcios que se fazem presentes hoje na
As funções familiares são pautadas em sociedade em grandes números, não deixam de
mecanismos biológicos, psicológicas e sociais, compor uma nova estrutura familiar, bem como
tais desempenhos estão vinculados as estrutu- as alterações significativas que favorecem ao
ras familiares ao processo civilizatório, respon- ciclo vital da família obrigando a pensá-los em
sáveis pela organização dos indivíduos como novos contextos. A versão que o autor faz do ci-
agente processador das mudanças humanas, clo da família com o divórcio e com as famílias
tanto no âmbito individual como no coletivo, pro- reconstruídas não é a extinção do ciclo vital, po-
posto por Osório (1996). O desempenho bioló- rém trata-se de uma abertura para o surgimento
gico da família é dirigido não apenas para a re- de um novo ciclo.
produção, e sim a sobrevivência dos sujeitos por Pode-se afirmar então que a família é um
meio dos cuidados ministrados ao longo da vida, grupo predestinado a desenvolver funções que
porém não é descartada a idéia de que a família envolvam os indivíduos, num modelo biopsicos-
tenha uma função reprodutiva. A função biológi- social, permitindo o crescimento e a facilitação
ca da família se resigna a assegurar a sobrevi- do processo de individualização, afirma Osório
vência dos novos seres, de cuidados requeridos (1996). As exigências da sociedade contempo-
como características da espécie humana. As rânea e as condições mínimas baseadas nas re-
funções psicossociais são norteadas a questões lações de posse e poder, norteadas por aspec-
de alimento afetivo, ou seja, a importância do tos culturais ao longo do século, diferenciam-se
afeto provida pelos pais ou sob rogados a esse de acordo com cada cultura. Visto que essas
cuidado. Sem esses cuidados o ser humano não relações de dominação e posse sempre existi-
desabrocha, não desenvolve seus aspectos que ram, na qual o papel do homem aparece como
interligam o afeto, o emocional, como contextua- o provedor, e o da mulher como reprodutora e
liza Osório (2002). cuidadora da casa e dos filhos.
A função social da família frente ao pro- Contudo, essa relação de dominação vem
cesso civilizatório resigna a transmissão das tomando novos rumos acerca dos diferentes ar-
pautas culturais dos agrupamentos étnicos, en- ranjos familiares de um mesmo contexto. Essas
tre outras funções como a preparação para o mudanças podem ser observadas na transfor-
exercício da cidadania, lembrando que a família mação do modelo nuclear (pai+mãe+filho) para
constitui a principal agência formadora do indi- a família descasada (mãe+filho ou pai+filho) em
víduo, de acordo com Osório (1996) compõe o seguida re-casada (pai+esposa/madrasta+filho;
primeiro dos muitos grupos que esses sujeitos mãe+esposo/padrasto+filhos) essa passagem
irão participar ao longo da vida. Dessa forma a de um modelo a outro de família determina aos
família será o primeiro grupo que terá contato indivíduos que pertencem a novos ajustamen-
ao nascer e que servirá de base para tornar-se tos às alterações de relacionamento, papéis e
homem ou mulher contribuindo para a produção estrutura familiar e esse processo de mudança
de sua subjetividade enfocando na construção é caracterizado na maioria das vezes como um
de sua identidade. É esse grupo que fornecerá momento de crise.
a esses indivíduos os suprimentos necessários De acordo com Osório (2002) a família
em aspectos de sobrevivência biológica, psico- organiza sua história num longo processo de

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A nova configuração familiar...

construção de significados para as experiências frente em diversas situações, que de acordo


vividas dentro das demarcações da sua cultura. com o autor traz como exemplo: em casa, no
A família parece estar mais viva do que nunca, trabalho, destacando-se numa atitude igualitá-
sua vitalidade é derivada dessa contempora- ria ao homem. O poder nesse feitio passa a ser
neidade em buscar saída para os maus estares exercido com mais igualdade nas relações fami-
vigentes da aldeia global que habitamos, por liares, destaca Osório (2002). É notório nos dias
isso perde sua estrutura multifuncional, sendo de hoje a participação mais efetiva das mulheres
unidade de produção e consumo, depositário do no mercado de trabalho. Antes toda atividade fe-
mecanismo de transmissão cultural de valores e minina consistia no cuidado com o lar, afazeres
normas, de integração social de seus membros. domésticos e educação dos filhos enquanto o
O que se percebe perante a sociedade moderna prover financeiro era responsabilidade do ho-
é que a família tende a reduzir a família nuclear, mem, em seu papel paterno.
limitando o número de papéis desempenhados, O número de mulheres que trabalham
dessa forma considera-se importante a ação que fora de casa e que respondem pela manutenção
a família desempenha na sociedade contempo- dos lares tem se tornado cada vez mais expres-
rânea. Porém, essa família que vem se transfor- sivo, garantindo na maioria das vezes a sub-
mando de acordo com a evolução histórica, vem sistência das famílias integralmente. De acor-
ganhando nova forma, novos membros, assu- do com Fleck e Wagner (2003), atualmente as
mindo novos papéis na família e na sociedade, mulheres são as responsáveis pela manutenção
como propõe Osório (2002). econômica do lar. As transformações do mer-
A questão da sexualidade vem adotando cado de trabalho, o modelo clássico familiar da
um novo rumo, a mulher que antes tinha a fun- classe média brasileira, que consistia na divisão
ção de cuidadora, passa agora ser provedora e clara dos papéis já não vigora nos dias de hoje
através deste origina-se à crise familiar, ou seja, como antes.
a mudança, pois a nuclearização não é unívoca Essas mães, quando nas muitas vezes
de perda de centralidade da família. De acordo também avós que assumiram o papel materno,
com Osório (1996), há uma expectativa em rela- se tornam as responsáveis e não tendo renda
ção a essa família tendo como símbolo a família suficiente se desdobram em busca da manuten-
nuclear, pois é essa que irá produzir cuidados, ção da casa. Como vemos em Fleck e Wagner
proteção, aprendizados capazes de promover (2003), o trabalho feminino passa então a garan-
melhor qualidade de vida a seus membros. A tir inúmeras vezes a subsistência das famílias.
família vive num contexto, que pode ser fortale- Essa situação tem amplitude e atinge basica-
cedora ou esfalecedora de suas possibilidades mente as famílias das camadas menos favoreci-
e potenciais. das, entretanto esses dados são alertadores da
Devemos estar atentos que a família cir- importância das transformações sociais contem-
cula, num modo particular, criando uma cultura porâneas, juntamente com os novos arranjos fa-
familiar própria, para comunicar-se e interpretar miliares, alterando a estrutura e os padrões de
comunicações, com suas regras, ritos e jogos. funcionamento familiar derivado dessa inserção
Essa crise na família contemporânea é decor- das mulheres no contexto atual do mercado de
rente das transformações familiares dos surgi- trabalho.
mentos de novas famílias com outros acervos de Uma das dificuldades para essa classe
constituição na qual ao se falar em crise se aten- seria possivelmente, a conciliação do trabalho
ta a questões ostentada de papéis familiares. e da criação dos filhos, como apresentam Fleck
Essas mudanças na família advêm de movimen- e Wagner (2003), muitas pesquisas têm revela-
tos feministas, o reconhecimento dos direitos da do como esse papel assumido pelas mulheres
criança, do adolescente e a desvinculação do repercutem na dinâmica familiar, vida conjugal
ato sexual da função de procriar, alterando os e educação dos filhos. Os estudos também in-
paradigmas da sociedade. Com a crise dá-se o formam a respeito dos papéis e funções dele-
nascimento à revolução sexual, antes vinculada gados a homens e mulheres que possuem uma
à reprodução, e hoje com as intervenções gover- carreira profissional, que se dedicam a profissão
namentais faz se uso de anticonceptivos como e precisam continuar educando e criando seus
forma de controle social. filhos. Esses novos papéis desempenhados pela
A independência da mulher assume a mulher na família têm resultado em mudanças

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GOMES, C. P.; SILVA, P. A.; PESSINI, M. A.

na estrutura familiar (Fleck; Wagner, 2003). condições de uma vida independente ou ao sa-
De acordo com essas autoras, fica evi- írem da casa dos pais por motivo de casamento
dente que os novos arranjos familiares exigem ou em função de trabalho, retornam. Muitas ve-
uma nova organização na questão dos papéis e zes os que separam retornam, com seus filhos,
divisão de tarefas, a organização das finanças aumentando o número de pessoas na casa e
e é na convivência familiar que se cria o espa- ampliando a família, como propõe Osório (2009).
ço para discutir e redimensionar esses padrões. Desse modo, percebemos o movimen-
Portanto, de acordo com Fleck e Wagner (2003) to familiar em suas complexidades e heteroge-
parece fundamental essa reavaliação desses neidade, podendo assim refletir em torno dessa
conceitos, fazendo uma ampliação no canal de família e não apenas de uma família estática e
comunicação das famílias, principalmente no fechada. Entretanto, as conversações em famí-
que diz respeito às mudanças nas atribuições lia proporcionaram inventar a vida privada acar-
delegadas socialmente como papéis para ho- retada de sentimentos individualizados, caracte-
mens e mulheres. rizados pela transmissão de tradições e valores.
Diante os fatos, cada família organiza sua his-
A forma de organização da família é um ele- tória para construir significados e experiências
mento relevante no modo como ela conduz dentro dos limites da sua cultura, como contex-
o processo de socialização dos imaturos, tualiza Szymanski (2005).
transmitindo-lhes valores, normas e mode- Ainda referindo-se ao mesmo autor as
los de conduta e orientando-os no sentido
tendências globais refletem significativas mu-
de tornarem-se sujeitos de direitos e deveres
no universo doméstico e no domínio público. danças no contexto familiar, a exemplo disso,
(Romanelli, 2000, p. 73) percebemos que as famílias tendem a serem
menores, vistos que as famílias sempre foram
Diante desse enfoque, renasce uma fa- mais numerosas, a disponibilizar menos mobili-
mília do futuro, na qual a sociedade evolui para dade para as crianças, as famílias ficam menos
o surgimento de novas idéias, novas vivências, tempo juntas, ou seja, houve um aumento nos
favorável a diferentes estruturas familiares e aos membros das famílias que passaram a trabalhar.
novos arranjos que ocorrem na família contem- Perante os fatos as crianças passam mais tem-
porânea. De acordo com o pensamento de Osó- po em creches, nas escolas, diminuindo o conta-
rio (2009) os meios de comunicação em geral, to entre adultos e crianças e assim ocorre maior
juntamente com o governo e outros órgãos não interação com grupos de amigos do que com a
governamentais como igreja entre outros, estão própria família. A família tende a ser menos es-
voltados a um processo de prevenção para a tável socialmente, esse evento é percebido atra-
família nessa última década, em mudanças, re- vés do declínio das uniões formais, junto com
cuados atentamente a estudos sobre esse perfil os divórcios como também o aumento de novas
familiar, os desejos e as necessidades dessas uniões.
famílias. Estão preocupados em saber quem são E consonância com o autor supracitado,
esses homens e essas mulheres e seus com- a diversidade faz com que haja mudança no foco
portamentos em diversas etapas da vida, sendo da estrutura familiar nuclear como modelo de or-
preciso lembrar que para se obter uma compre- ganização familiar, passando a ser considerada
ensão precisa é valido considerar as etapas do como novas demandas em relação à convivên-
ciclo de vida que está passando cada família. cia entre as pessoas na família e sua relação
Hoje em dia para cada classe social se com a comunidade e com a sociedade. Diante
tem uma demanda, exemplo disso são as famí- de todas essas proposições teóricas sobre famí-
lias de classe média que estão priorizando cada lia, ela se destaca como rede de apoio e solida-
vez mais a educação dos filhos, o plano de saú- riedade perante a sociedade moderna.
de, obtendo-se cada vez mais as reduções do
número de filhos, além de mudanças que atin- Redes de Apoio e a Família
gem o gênero feminino. É de grande importância
estar atentos enquanto profissionais da área das De acordo com Romanelli (2001) o grupo
ciências sociais, sobre essa geração contempo- familiar é o primeiro grupo que o indivíduo tem
rânea, os filhos de hoje tendem a ficarem mais ao iniciar a vida, ensinando questões de papéis,
tempo na casa de seus pais, mesmo tendo eles do tornar-se pessoa para o mundo, tendo por

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A nova configuração familiar...

base para sua formação e socialização realiza- visando a capacidade de ajustamento de uma
das através de valores culturais, concepção de crise. (SLUZKI, 1997).
mundo, maneira de se portar diante das dificul- De acordo com Sluzki (1997) são ca-
dades entre outras constituições que depositara racterísticas estruturais das redes as funções
a família como referência para os indivíduos em de vínculos e dos atributos de cada vínculo, ou
suas formações tanto pessoais como sociais. Os seja, o tamanho-número de pessoas que com-
valores absorvidos pelos sujeitos são tomados põem a rede; densidade - conexão entre pes-
como culturais, favorecendo a formação de sua soas (que se conhece, se encontra e troca in-
identidade grupal que podem vir a ser de poder formações) composição – se a rede é composta
e saber, na qual a convivência com todos ser- por familiares, amigos, conhecidos ou se é mais
virá para a construção da subjetividade desses heterogênea, dispersão – refere-se à distância
sujeitos. geográfica, a facilidade, homogeneidade/hetero-
O mundo familiar apresenta-se numa di- geneidade – todo tipo de funções a respeito das
versidade de formas e organizações, destaca- diferenças sócio culturais, de idade, de sexo, de
dos a crenças, valores e práticas que em con- cultura e de nível socioeconômico dos membros.
sonância com o autor supracitado é ampliada As funções da rede são bem claras, visando os
a vivência moderna. Contudo, a família aborda aspectos predominantes de intercâmbio inter-
uma perspectiva de várias configurações tan- pessoal sendo: a companhia social - estar jun-
to no espaço cultural como nos grupos sociais, to, conversar, apoio emocional - compreensão,
tornando-se um espaço privilegiado onde apren- apoio, guia cognitiva e conselho – expectativas,
demos a ser e a conviver. modelos e papéis, regulação social – reafirma-
Szymanski (2005) considera a família ção de responsabilidade e papéis, ajuda material
enquanto mediadora das relações entre sujeitos e de serviços e acesso a novos contatos. Pode-
e agrupamento, num plano de vida fundamenta- -se considerar que existem diversos aspectos do
do na solidariedade, gerado por formatos comu- relacionamento da rede entrelaçando, com suas
nitários, na qual se pode dizer que essa família é características, produzindo maior ou menor pos-
uma espécie de associação de pessoas que se sibilidade de apoio.
ajuntam por características incomuns ou não, e Já para Feijó (2006), as funções das re-
que escolhem conviver por razões efetivas assu- des são mencionadas por meio das relações dos
mindo compromissos de cuidados mútuos. Se- indivíduos para com elas. Algumas redes são
guindo o pensamento do autor acima, articula-se voltadas aos cuidados pessoais, incentivando
que com as novas configurações familiares, se que essas pessoas se cuidem ao ponto de irem
faz necessário mudar o foco da estrutura vigente procurar um médico. Outras redes incentivam o
de família nuclear, para que dessa forma sejam crescimento profissional, de forma geral. Dessa
pensadas novas questões referentes à convi- forma, as redes acabam por exercer várias fun-
vência de pessoas dentro de uma família, sua ções.
relação com a comunidade e com a sociedade. As temáticas das redes sociais correla-
Contudo, ao tentar compreender essa cionam a varias ideias, juntamente a diversas
família é necessário entender as redes sociais, práticas, considerada por abordagem socioedu-
como forma de associação dessas pessoas que cativa enquanto família, definindo a função de
se identificam e compartilham de problemas rede social como desenvolvimento e transforma-
semelhantes, como contextualiza Szymanski ção de cada um dos seus membros. As conse-
(2005). Os modelos da rede social são emba- qüências do fortalecimento comuns das redes
sados em contextos culturais e subculturais, caracterizam o desenvolvimento da capacidade
na qual estamos imersos aos contextos históri- autoreflexiva, implicada em modificações em
cos, políticos, econômicos, religiosos, de meio seu meio social. Dessa maneira, o processo ten-
ambiente, de essência e de serviços públicos. de a aperfeiçoar as relações sociais viabilizando
Dessa forma, a rede social pessoal é explicada a construção coletiva na ação de cada indivíduo
através das relações individuais. Essa rede con- de acordo com o seu contexto social, propõe
tribui para seu próprio reconhecimento como in- Feijó (2006).
divíduo na construção de sua autoimagem, iden- Sluzki (1997) articula que a rede social
tidade, bem estar, competência e promoção que pessoal ou a rede de pessoas, acaba sendo
favoreçam os hábitos de cuidados de saúde, caracterizada como um conjunto de seres com

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GOMES, C. P.; SILVA, P. A.; PESSINI, M. A.

quem interatuamos de maneira regular, com porânea, deve-se levar em consideração o mo-
quem se conversa, com quem altera sinais que delo nuclear como hegemônico, que tem papéis
verbalizam e que nos tornam autênticos. Rela- claramente definidos e estabelecidos em uma
ta que as relações dos sujeitos pensadas como estrutura familiar, modelo este que deu origem
relevantes contribuem para o seu reconheci- aos outros vigentes.
mento pessoal, visto que as relações eram de- Dessa forma, é necessário re-valorizar
terminadas por seus familiares, sendo que hoje a família diante do novo ciclo e como propõe
se reconsidera toda e qualquer medida em que Silva et. al (2004), faz-se necessário a criação
outras pessoas podem ser muito significativas e de órgãos que encarem a família como o todo
proeminentes ao fato de serem parentes. fundamental, na qual os indivíduos se formam
De acordo com Giddens (1991), os re- e produzem a sua condição de existência. É im-
sultados das redes macros sociais da sociedade portante olhá-la no seu momento, enquanto ins-
moderna juntamente com as perdas de signifi- tituição, que permite a vinculação dos indivíduos,
cados dos contextos a esses indivíduos estaria a criação dos padrões sociais e culturais e o de-
produzindo sensações de desamparo da rede. senvolvimento da autogestão dos seus compo-
Isso seria explicado por meio do esgotamento nentes. Esses fatores decorrem de um processo
das relações afetivas entre os indivíduos, con- evolutivo da história, na qual os profissionais de
traposta ao plano político, do enfraquecimento Psicologia introduziram um novo olhar para co-
da cidadania. munidade e o social, originando uma Psicologia
Perante a atualidade, percebe-se que há Social Comunitária.
uma aproximação dos efeitos prejudiciais para a Ao atentarmos para a atual questão da
saúde da população devido o enfraquecimento configuração familiar constatamos estar diante
das redes, diante as estruturas sociais de países de novos moldes, para uma família antes nuclear
subdesenvolvidos, exemplo disso é o desempre- que hoje se sustenta de muitas outras versões,
go entre outros fatores, que expõem cada vez com novos arranjos de papéis familiares e em
mais informações de pessoas em situações de outros contextos socioeconômicos, que se apre-
risco. Diante de tal concepção, evidencia-se a senta necessitando de políticas e programas em
compreensão de saúde direcionada como resul- consonância com as mudanças no olhar para
tados de entrecruzamento de fatores sociais e essa família, que deve ser re-pensada enquanto
emocionais, devido à problemática econômica, convivência, relação intra-familiar e na comuni-
que reflete por vezes as ações de promoção a dade, como propôs Szymansky (2005).
saúde cada vez mais incipientes diante as com- Osório (2002) destaca a importância de
plexidades de muitos fatores, como articula Gi- se entender o ciclo vital da família, pois o esse
ddens (1991). Diante a essas articulações as ciclo se faz dinâmico, levando a pensar sobre
redes sociais contribuem oferecendo sentido a novas estruturas familiares e dessa maneira
vida de seus integrantes potencializando e orga- obter-se uma reflexão sobre as famílias recons-
nizando as identidades por meio das ações dos truídas, pois elas não estão fora do ciclo, ao con-
outros, e tendo como conseqüência as experiên- trário, é um novo ciclo que se inicia com novos
cias através de cuidados do viver. membros.
Mediante essas contextualizações faz-
CONSIDERAÇÕES FINAIS -se importante analisar como os profissionais
das políticas públicas trabalham com essas fa-
Com base no que foi apresentado no ar- mílias, direcionando a atenção para o trabalho
tigo sobre o tema da nova configuração familiar do psicólogo, com essa nova estrutura familiar,
e suas várias estruturas, destacamos que não reestabelecendo a importância e poder para
existe família certa ou errada, o que existe são essa estrutura, sob a orientação e acompanha-
famílias, diferentes em seus papéis e contextos mento dos programas e órgãos sociais compe-
econômicos histórico-sociais. O profissional in- tentes para fornecer apoio a essa família. Diante
serido nas políticas públicas precisa trabalhar de tais acontecimentos, essa família tornou-se
com esses novos arranjos familiares, de acordo organizadora de sua própria história na constru-
com o contexto de cada indivíduo e o meio que ção e definição de papéis vividos dentro de uma
está inserido. diversidade cultural.
Antes de compreender a família contem- Portanto, destacamos neste estudo a im-

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A nova configuração familiar...

portância de compreender essa família na con- contemporânea em debate. São Paulo: Cortez,
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menos de definição, que ao olhar das políticas FEIJÓ, M. R. Família e rede social. In:
públicas precisa ser repensada como algo que Cereveny, C. M. O. (Org.). Família e. São
vá ampliar a qualidade de vida dos indivíduos, Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.
propiciando o desenvolvimento individual e gru-
pal das famílias e como dever principal do Esta- FLECK, A. C.; WAGNER, A. A mulher como a
do e das políticas públicas, garantir os direitos principal provedora do sustento econômico
dos cidadãos, aos quais são negados e omitidos. familiar. Psicologia em Estudo, v. 8, n. esp. p.
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propõe a acrescentar na vida desses sujeitos o
protagonismo, permitindo que esses tenham au- FREITAS, H. C. Psicologia social comunitária:
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Resumen: En este artículo se incluye un análisis de


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usjt.br/proex/produtos_academicos/285_38. zada en la nueva configuración familiar debido la cri-
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lo la Psicología actuante en las Políticas Públicas al
SLUZKI, C. A rede social na pratica sistêmica. encuentro con la familia vulnerable socioeconómica-
São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. mente, donde ha sido usuaria de los derechos asis-
tenciales. Con esa investigación, consideramos que
Sutherland, R. W.; Fulton, M. J. Health la práctica profesional necesita adecuarse a nuevos
promotion. In: Sutherland; Fulton. Health familiares existentes en el atendimiento socio-asis-
Care in Canada. Ottawa: CPHA, 1992. p. 161- tenciales, visto que las familias están compuestas
cada vez más por mujeres proveedoras de lar y del
181.
sustento familiar.
Palabras clave: Familia;Asistencia Social; Psicología
SZYMANSKI, H. Teorias e ‘’teorias’’ de famílias. Social Comunitaria; Redes Sociales.
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