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Ana Costa
Ana Costa
Novembro de 2013
“O corpo que a criança vai
progressivamente dominando desde o nascimento e de cujas potencialidades vai tomando
consciência, constitui o instrumento de relação com o mundo e o fundamento de todo o processo
de desenvolvimento e aprendizagem” (Ministério da Educação, 1997, p.58).
i
AGRADECIMENTOS
- à minha parceira e amiga de estágio Ana Sofia, por todo o trabalho e companheirismo
que me proporcionou nesta etapa da minha vida. Foram muitas as horas de dedicação e
amizade que passamos juntas, ao longo de todo este percurso. É importante mencionar
todo o saber que me proporcionou e sobretudo a confiança que me depositou. Aqui deixo
o meu obrigado, por juntas ultrapassarmos esta longa caminhada;
- à Educadora cooperante Ana Luísa Silva, por toda a sabedoria e confiança que transmitiu
no meu trabalho e que me fizeram crescer tanto a nível pessoal como profissional;
- aos meus pais, que fizeram com que concretizasse um dos meus sonhos, pois sem eles
não poderia vivenciar esta experiência fantástica. A eles devo-lhes muito, sobretudo o
esforço que fizeram para eu realizar este meu objetivo;
- à minha amiga de curso, Renata Dias, por todo o apoio e ajuda que me prestou ao longo
deste trabalho, mostrou sempre disponibilidade e gosto em me acompanhar;
ii
- a todas as crianças que vivenciaram comigo esta experiência, pois sem elas este trabalho
não seria possível.
iii
RESUMO
iv
ABSTRACT
The present report was elaborated for the curricular unit of Supervised Teaching
Practice II (PST II) of the Master’s degree in Preschool Education, at the higher School of
Education of Viana do Castelo.
During this practice, an intervention program was developed aiming to improve
fine motor skills of preschool children. In order to assess this intervention’s efficiency, a
quantitative and descriptive study was conducted with the following goal: to describe and
compare the children’s fine motor performance before and after the motor intervention.
A total of twenty two children (14 boys and 8 girls) between ages of three and four
participated in this study. The fine motor skills were assessed by the Peabody
Developmental Motor Scales-2 (Folio & Fewell, 2000), before and after the intervention.
Overall, the results indicate that children showed improvements in grasping and
visual-motor integration skills, but this progress was only statistically significant in visual-
motor integration skills (Z=0,001). The highest rates were registered in the following
motor tests: Building tower (100%), bridge (100%), wall (95,5%) and copying circle
(95,5%). The lower rates were registered in the building steps (54,5%), pyramid (54,5%),
coloring between lines (54,5%), folding paper (9,1%) and grasping marker (27,3%).
This study emphasizes that it is essential to provide fine motor activities
(structured and unstructured activities) in preschool age.
v
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS..............................................................................................................................ii
RESUMO ............................................................................................................................................. iv
ABSTRACT ............................................................................................................................................v
PARTE I ............................................................................................................................................... 1
PARTE II ............................................................................................................................................ 17
Amostra ........................................................................................................................................ 29
vi
Procedimentos da análise de dados ............................................................................................ 56
Enfiamentos ............................................................................................................................. 63
Recortar .................................................................................................................................... 64
Taxas de sucesso nas habilidades de preensão fina de acordo com o género após a intervenção
pedagógica ................................................................................................................................... 65
Taxas de sucesso nas habilidades de integração visuomotora de acordo com o género após a
intervenção pedagógica ............................................................................................................... 66
Enfiamentos ............................................................................................................................. 68
Recortar .................................................................................................................................... 69
ANEXOS ............................................................................................................................................ 83
ANEXO I ........................................................................................................................................ 84
vii
LISTA DE FIGURAS
viii
Figura 32. Ajudar o colega ............................................................................................................... 39
Figura 33. Abotoar a própria bata.................................................................................................... 39
Figura 34. Marcação de presenças .................................................................................................. 40
Figura 35. Marcação de presenças com uma cruz ........................................................................... 40
Figura 36. Desabotoar botões .......................................................................................................... 42
Figura 37. Abotoar botões ............................................................................................................... 42
Figura 38. Pega do marcador ........................................................................................................... 43
Figura 39. Tocar dedos ..................................................................................................................... 43
Figura 40. Enfiar contas.................................................................................................................... 44
Figura 41. Construir torre ................................................................................................................ 45
Figura 42. Construir uma ponte ....................................................................................................... 45
Figura 43. Copiar um círculo ............................................................................................................ 46
Figura 44. Construir um muro .......................................................................................................... 46
Figura 45. Cortar papel .................................................................................................................... 47
Figura 46. Enfiar o cordel ................................................................................................................. 47
Figura 47. Cortar numa linha com tesoura ...................................................................................... 48
Figura 48. Copiar uma cruz .............................................................................................................. 48
Figura 49. Colocar contas num frasco .............................................................................................. 49
Figura 50. Desenhar numa linha ...................................................................................................... 50
Figura 51. Copiar um quadrado ....................................................................................................... 50
Figura 52. Cortar um círculo ............................................................................................................ 51
Figura 53. Construir escadas ............................................................................................................ 52
Figura 54. Ligar pontos..................................................................................................................... 52
Figura 55. Cortar um quadrado........................................................................................................ 53
Figura 56. Construir pirâmide .......................................................................................................... 53
Figura 57. Dobrar folha ao meio ...................................................................................................... 54
Figura 58. Colorir entre linhas.......................................................................................................... 55
Figura 59. Dobrar folha em quatro .................................................................................................. 55
Figura 60. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de preensão fina antes e após a intervenção
pedagógica. ...................................................................................................................................... 60
Figura 61. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de construção com cubos antes e após a
intervenção pedagógica. .................................................................................................................. 61
ix
Figura 62. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de pintar e desenhar antes e após a intervenção
pedagógica. ...................................................................................................................................... 62
Figura 63. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de enfiamentos antes e após a intervenção
pedagógica. ...................................................................................................................................... 63
Figura 64. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de recorte antes e após a intervenção pedagógica.
.......................................................................................................................................................... 64
Figura 65. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de preensão fina de acordo com o género após a
intervenção pedagógica. .................................................................................................................. 65
Figura 66. Taxas de sucessos (%) nas habilidades de construção com cubos de acordo com o
género após a intervenção pedagógica. .......................................................................................... 66
Figura 67. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de pintar e desenhar de acordo com o género
após a intervenção pedagógica. ....................................................................................................... 67
Figura 68. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de enfiamentos de acordo com o género após a
intervenção pedagógica. .................................................................................................................. 68
Figura 69. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de recorte de acordo com o género após a
intervenção pedagógica. .................................................................................................................. 69
x
LISTA DE QUADROS
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
xii
PARTE I
1
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
2
Numa terceira parte deste estudo, elaborou-se uma reflexão final acerca da
Prática de Ensino Supervisionada I e II (PES I e II), mencionando todo o trabalho
desenvolvido durante a prática profissional e também uma breve reflexão sobre o
trabalho de investigação deste relatório.
Estrutura do trabalho
3
CAPÍTULO II - APRESENTAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO EDUCATIVO
Caracterização do meio
4
serviços aí existentes. Esta freguesia dispõe também de algumas coletividades ligadas ao
desporto e à cultura, inclusive o artesanato.
Caracterização do Jardim-de-Infância
5
Quadro 1. Horário Letivo do Jardim-de-Infância
Horário Atividades
8h-9h Receção
12h-13.30h Almoço
Recursos Humanos
Características Estruturais
6
Globalmente, as crianças podiam usufruir de diversos espaços, tanto a nível
interior como exterior onde ambos apresentavam ótimas condições para o bem-estar de
todas as crianças.
Na figura 1 podemos observar um dos espaços exteriores do Jardim, sendo ele a
entrada da escola, onde tem um espaço bem amplo e com boa acessibilidade. Este
espaço é comum ao 1ºCiclo do Ensino Básico.
7
Figura 2. Jogo da macaca
No exterior da Escola também existia uma horta pedagógica (fig. 4), na qual os
pais e as educadoras cultivavam algumas hortícolas e leguminosas juntamente com as
crianças.
8
Figura 4. Horta Pedagógica
Figura 5. Biblioteca
9
Figura 6. Polivalente
10
Figura 7. Planta da sala de atividades
Relativamente aos cantinhos das áreas, esta sala estava dividida em 4, sendo
estas: a área da casinha (figura 8), área da biblioteca (figura 9), área dos jogos de chão
(figura 10) e área dos jogos de mesa (figura 11). Cada cantinho tinha regras de
funcionamento bem explícitas, por exemplo, as crianças na área da biblioteca e dos jogos
de chão não podiam estar mais de 5 elementos simultaneamente, já na área da casinha e
dos jogos de mesas apenas podiam permanecer 4 crianças simultaneamente.
11
Figura 9. Área da Biblioteca
12
Caracterização das Crianças da Sala
13
A área de expressão e comunicação abrange todas as aprendizagens relacionadas
com o desenvolvimento psicomotor e simbólico que contribuem para a compreensão e
aquisição de diferentes formas da linguagem (DEB, 1997).
De acordo com DEB (1997), nesta área estão agrupados vários domínios que se
relacionam entre si, pois todos eles se referem à aquisição de códigos de aprendizagem
que são um meio fundamental para as crianças se relacionarem consigo próprias e com o
mundo que as rodeia. Assim, é importante que a criança vá dominando o seu corpo e
contactando com diferentes materiais. Esses domínios são: domínio da expressão motora,
dramática, plástica, musical, da linguagem oral e abordagem à escrita e o domínio da
matemática.
No Domínio da Expressão Motora, DEB (1997) refere que “ (…) a educação pré-
escolar deverá proporcionar ocasiões de exercício da motricidade global e também da
motricidade fina, de modo a permitir que todas e cada uma aprendam a utilizar e a
dominar melhor o seu próprio corpo” (p.58).
Segundo Papalia (2001), é esperado que as crianças dos 3 aos 6 anos apresentem
grandes progressos no que se refere à expressão motora, nomeadamente nas
competências finas como abotoar e desenhar (p.286). Em relação à motricidade fina, a
maioria das crianças apresentavam ainda dificuldades em realizar algumas tarefas
motoras como: recortar, abotoar botões e dobragens. Relativamente ao recorte verificou-
se uma distinta performance entre as crianças de 3 e 4 anos de idade. Relativamente à
pega do marcador, aqui algumas crianças ainda apresentavam dificuldades na forma
como manipulavam o instrumento de escrita.
Relativamente à motricidade global, este grupo de crianças encontra-se na fase
das habilidades motoras fundamentais (Gallahue & Ozmun, 2005). A maioria do grupo era
capaz de realizar diversas habilidades como correr, andar, saltar, no entanto
apresentavam algumas dificuldades particularmente nas habilidades manipulativas e
posturais. No decorrer do ano letivo verificou-se uma evolução positiva na execução
destas habilidades.
Segundo Arribas (2004), “o jogo dramático é visto como um dos recursos
educativos que supõe a integração das aprendizagens, envolvendo a criança em todas as
14
suas dimensões e incrementando seu desenvolvimento global.” De acordo com DEB
(1997), nesta faixa etária a criança dá especial importância ao jogo simbólico, sendo esta
uma atividade espontânea e que conta com a interação dos outros e é realizada através
de recursos existentes.
No domínio da expressão dramática, o grupo de crianças mostrava capacidade de
recriar situações da vida quotidiana explorando assim a área da casinha, da biblioteca e
até mesmo nos jogos de chão, onde muitas vezes em grupo representavam e criavam
novas situações de comunicação. Este é um domínio bastante importante nesta faixa
etária, pois é aqui que as crianças podem recorrer ao seu imaginário e recriar situações
do quotidiano através dos momentos de brincadeira.
Segundo Ministério da Educação (2009), o Domínio da Expressão Musical “deve
ser um domínio artístico em que tenha uma prática sistemática e contínua, com
intencionalidades específicas para um desenvolvimento progressivo nas crianças, tendo
este processo início com o nascimento da criança.” (p.4) Neste domínio, o grande grupo
mostrava sempre muito entusiasmo por atividades musicais e conseguiam reproduzir
ritmos tanto através do corpo como com instrumentos.
No Domínio da Expressão Plástica, as atividades “tornam-se situações educativas
quando implicam um forte envolvimento da criança que se traduz pelo prazer e desejo de
explorar e de realizar um trabalho que considera acabado” (DEB, 1997, p.61). Neste
domínio, o grupo mostrava sempre muito entusiasmo e dedicação, tanto no desenho,
como na pintura. O grupo identificava bem as cores e alguns já identificavam as cores
secundárias.
Em relação ao Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita, de acordo com
DEB (1997), hoje em dia na educação pré-escolar tem-se vindo a dar cada vez mais
importância à aquisição e à aprendizagem oral.
Apesar das crianças ainda não saberem ler, a grande maioria mostrava muita
curiosidade pelo código escrito, nomeadamente nos livros de histórias, muitas vezes
tentavam descobrir o que estava escrito através da leitura das imagens. Nesta faixa etária
é fundamental que se vá introduzindo novo vocabulário para que a comunicação das
crianças vá sendo cada vez mais complexa. As crianças de 4 anos de idade eram já
15
capazes de reproduzir o seu nome sem qualquer dificuldade, contudo a grande maioria
reconhecia-o.
Relativamente à linguagem oral, a maioria das crianças expressava-se contando
acontecimentos, inventando e reproduzindo histórias, embora algumas crianças não se
expressavam tanto devido à sua timidez.
No Domínio da Matemática, as crianças a partir das vivências do dia-a-dia vão
espontaneamente construindo noções matemáticas (DEB, 1997). Neste domínio, a
maioria das crianças conseguia interpretar uma tabela de dupla entrada, reconhecia a
diferença entre o grande e o pequeno, fazia contagens sem grandes dificuldades e
algumas crianças conseguiam continuar e reproduzir padrões simples. Já em relação à
classificação e seriação, o grupo conseguia seriar imagens e objetos segundo alguns
atributos e reconhecia as diferenças.
Por último, na Área do Conhecimento do Mundo, a criança quando entra no pré-
escolar já apresenta alguns conhecimentos sobre o “mundo”. Neste sentido, o adulto
deve proporcionar à criança contacto direto com o Mundo, para que se desenvolva uma
aprendizagem sensorial (Peixoto, 2008). A maioria das crianças ainda apresentava muitas
dificuldades no que diz respeito a noções de espaço e localidade. Ainda nesta área, as
crianças mostravam muitos conhecimentos relativamente à reciclagem, pois diariamente
tinham que separar o lixo para a reciclagem, pois na sala de atividades existia 3 ecopontos
distintos. Nas rotinas diárias, apresentavam também algumas noções do estado do
tempo, das diferentes partes do dia (manhã, tarde e noite), embora que algumas crianças
ainda apresentavam algumas dificuldades em distinguir a manhã e a tarde. Em relação às
estações do ano, a maioria sabia identificá-las e descreve-las sem grandes dificuldades.
A maior limitação deste estudo foi sem dúvida o tempo disponível para se
proceder dois momentos de avaliação (inicial e final).
16
PARTE II
17
CAPÍTULO I - ENQUADRAMENTO DO ESTUDO
18
CAPÍTULO II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo, será efetuada uma sucinta revisão da literatura no que se refere ao
desenvolvimento motor da criança, e particularmente sobre o desenvolvimento das
habilidades de integração visuomotora e de preensão fina.
19
escolar atividades motoras (formais e não formais) de forma persistente e com
intencionalidade educativa para que haja desenvolvimento motor.
Com o mesmo entendimento, Neto (2001) refere que é essencial proporcionar à
criança experiências em que ela possa confrontar-se com o domínio do seu corpo, a
tomada de consciência da sua aptidão física e as relações sociais que estão implícitas no
trabalho de equipa. Se não houver essa estimulação, o resultado esperado será o fracasso
nos jogos, desportos e atividades recreativas, como também, a incapacidade de evoluir
nos movimentos de lançar, agarrar e rebater a bola. Se a criança não tiver aprendido
estas competências motoras fundamentais, torna-se difícil para ela vivenciar o prazer do
sucesso e da alegria que os jogos podem proporcionar (Spodek, 2002, p.49).
Neste âmbito, DEB (1997) refere que “ (…) a educação pré-escolar deverá
proporcionar ocasiões de exercício da motricidade global e também da motricidade fina,
de modo a permitir que todas e cada uma aprendam a utilizar e a dominar melhor o seu
próprio corpo.” (p.58).
Hoje sabemos que a competência motora é um importante fator para potenciar
aprendizagens em outras áreas escolares, por exemplo:
A criança só se liberta para as aprendizagens escolares tradicionais- língua, grafismo,
cálculo- a partir do momento em que domine a sua mobilidade e coordenação global. (…)
A maioria das dificuldades escolares situam-se em problemas de desenvolvimento motor,
coordenação motora, de dominância lateral, de organização espacial, de construção
práxica e da estabilidade emotiva-afetiva (…). Só a partir de um certo nível de organização
motora, de uma coordenação fina de movimentos e de uma integração espaço temporal
vivida, se pode mais firmemente caminhar para outras aprendizagens escolares (Matos,
2000, p.25).
A competência motora apresenta um papel relevante não só no que diz respeito a
benefícios na saúde, mas também no que se refere ao desenvolvimento cognitivo, afetivo
e social da criança (Gallahue, 2002, p. 49).
20
O desenvolvimento da motricidade fina da criança
21
Deitar água de um jarro (que tenha bica) num recipiente largo (coordenação olho-mão
e controlo motor fino);
Enfiar contas grandes numa linha (coordenação das duas mãos).
Todas as crianças de três anos de idade devem ser capazes de cumprir todas estas
tarefas, ainda que observadas e acompanhadas pelo adulto enquanto brincam.
De acordo com Gagliardo (2006) “a coordenação visuomotora abarca várias
funções, tais como: oculomotoras de busca e localização, fixação, seguimento e
acomodação visual, e as funções apendiculares de alcance, agarrar, controle de
movimentos dos braços, mãos e dedos, preensão e manipulação, sempre observando a
simetria da motricidade à direita e à esquerda” (p. 300). Nestas habilidades a visão é um
fator decisivo, pois exige uma relação entre a função visual e a função motora
apendicular (Gagliardo, 2006, p. 300).
O Desenvolvimento da “preensão”
22
aperta o objeto contra a palma da mão sem que o polegar se posicione. A partir dos nove
meses de idade a criança já começa a pegar nos objetos entre o polegar e um ou mais
dedos. Assim, durante o primeiro ano de vida ocorre uma transição da pega primitiva
para a pega de precisão. A preensão é vista como um comportamento adquirido em
várias etapas ao longo da idade e também dependente da maturação do córtex motor
(p. 166 e 167). De acordo com H. Nakaura, Ribeiro, & R. S. Porto (2004), a preensão
depende de vários fatores, nomeadamente da perceção visual, da capacidade motora
global da criança e da coordenação óculo-manual.
Na figura 12 podemos observar a evolução da preensão, entre o 4º e o 12º mês
(Gabbard, 1992).
Extremidade distal
Lado Lado
ulnar radial
Durante o primeiro ano de vida, a pega evolui do lado ulnar para o lado radial.
23
Na figura 13 podemos observar as fases de progressão da pega de uma forma mais
específica (Haywood & Getchell,2001).
Sem contacto 16
Somente contacto 20
Apertar primitivo 20
Pega de pressão 24
Pega da mão 28
Pega palmar 28
24
Pega de indicador 52
Figura 13. Progressão desenvolvimental do pegar (adaptado de Haywood & Getchell, 2001).
25
De acordo com Mier (2006) citado por Dias (2011), este fato deve-se em parte ao
avanço maturacional das meninas em relação aos meninos, mas também às influências
ambientais e culturais. Muitas vezes as meninas estão mais voltadas para tarefas mais
minuciosas, até mesmo a brincar, enquanto os rapazes utilizam mais os pés, exemplo a
jogar à bola.
26
último, a tripóide dinâmico, o polegar estabilizado numa completa oposição, os
movimentos são controlados ao nível dos dedos tripóides, descansando o antebraço
sobre a mesa.
De acordo com Kamm, Telen, & Jensen (1990), podemos classificar as pegas em
três categorias: pegas primitivas, pegas de transição e pegas maturas. As pegas primitivas
são caracterizadas por movimentos desorganizados e estereótipos rítmicos, as pegas de
transição apresentam movimentos instáveis e padrões motores variados, evidenciando
alguns movimentos já ao nível do pulso com apoio do antebraço, aqui o polegar assume a
oposição e a pega é executada na metade inferior do lápis, por último as pegas maturas
apresentam uma progressão com avançadas habilidades motoras, que acompanham a
exigência da tarefa, comprovando-se a estabilidade do lápis contra o radial do 3º dedo
com o polegar e o indicador na parte superior do bico do lápis.
27
finalmente, ao nível do pulso e dos dedos passando para manipulações mais dinâmicas
(Gabbard, 1992).
De acordo com Folio & Fewell (2000), por volta dos 3 anos de idade, a criança é
capaz de desenhar linhas horizontais e, eventualmente copiar um círculo. Entre os 3 e 4
anos são capazes já de progredir na imitação das linha e círculos, passando para a
imitação das cruzes. Aos 4 anos de idade, a criança segura o lápis já com os três dedos,
pega com o polegar e o dedo indicador descansando o dedo médio. Entre os 4 e 6 anos, a
criança já é capaz de permanecer dentro das linhas, bem como fazer cópias de cruzes e
linhas diagonais, usando o lápis em forma de tripé.
A preensão “matura” do lápis é uma competência que deve ser atingida na idade
pré-escolar. Para a maioria das crianças, a pega e as respostas motoras envolvidas na
escrita rapidamente ficam automatizadas. A pega torna-se importante porque permite os
movimentos finos para a escrita. Contudo, o controlo da escrita requer um treino
específico que se sobrepõe ao desenvolvimento motor e percetivo da criança (Reis,
Barreiros, & Pimenta, 2008).
28
CAPÍTULO III - METODOLOGIA
Neste capítulo será apresentada uma breve explicação e justificação das opções
metodológicas escolhidas para a concretização desta investigação.
Caracterização do estudo
Amostra
29
Quadro 2. Caracterização da amostra
Antes de iniciar o estudo foi solicitado, por escrito, aos encarregados de educação
das crianças (anexo I) o consentimento informado para participação dos seus filhos no
estudo.
Atividades Estruturadas
30
atividade, a caixa das dobragens fez parte do cantinho dos jogos de mesa para que as
crianças explorassem livremente as dobragens.
Critérios de êxito: Consegue dobrar a folha em seis partes construindo uma flor e pinta-a
no mínimo ¾ do seu espaço.
31
Figura 18. Flores em papel
32
Figura 20. Saco de rede
Atividade 3 (Recorte)
33
Figura 22. Recortar pétalas de um girassol
34
Figura 24. Cortar um molde de coração
35
Figura 26. Recortar uma revista
36
Figura 28. Construção de um boneco
37
Figura 30. Cuidados com o "Tobias"
38
Figura 32. Ajudar o colega
39
Atividade 2 (Marcar presenças)
40
Procedimentos de recolha de dados
41
Figura 36. Desabotoar botões
42
Critério de êxito: Pega com o polegar e dedo indicador (pinça). O marcador é apoiado na
primeira articulação do dedo médio.
43
A avaliação das habilidades de Integração Visuomotora antes e após a intervenção
contemplou os seguintes testes:
44
Figura 41. Construir torre
45
Critério de êxito: Desenha um círculo fechado ou aberto com as extremidades a menos
de 1.3 cm uma da outra.
46
Figura 45. Cortar papel
47
Figura 47. Cortar numa linha com tesoura
48
Habilidade motora: Colocar contas num frasco
Descrição: Colocar uma garrafa e 10 feijões na mesa. Dizer:” Coloca os feijões no frasco o
mais rápido que puderes, mas só podes colocar um de cada vez”.
Critério de êxito: Coloca 10 feijões em 30 segundos ou menos.
49
Figura 50. Desenhar numa linha
50
Habilidade motora: Cortar um círculo
Descrição: Dar à criança um papel com um círculo desenhado e uma tesoura. Percorrer o
círculo com o dedo e dizer:” Corta o círculo ao longo da linha”.
Critério de êxito: Recorta pela linha não ultrapassando uma margem de erro de 6 mm em
pelo menos ¾ do círculo.
51
Figura 53. Construir escadas
52
Critério de êxito: Recorta pela linha não ultrapassando uma margem de erro de 6 mm.
53
Habilidade motora: Dobrar a folha
Descrição: Mostrar à criança uma folha A4 que foi previamente dobrada a meio pela
largura. Deixar esta folha à vista da criança, dar-lhe outra folha e dizer:” Consegues
dobrar a tua folha como esta?”.
Critério de êxito: Dobra a folha a meio com margens paralelas e a um máximo de 3mm
uma da outra.
54
Figura 58. Colorir entre linhas
55
A avaliação decorreu numa sala do jardim-de-infância, e de acordo com o
protocolo descrito no manual das PDMS-2 (Folio & Fewell, 2000). Todos os momentos da
recolha de dados foram registados em vídeo para posterior observação e cotação das
pontuações brutas alcançadas em cada subteste. O somatório obtido em cada subteste
(preensão fina e de integração visuomotora) foi convertido num valor estandardizado de
acordo com as normas de referência do manual PDMS-2 (Folio & Fewell, 2000).
56
Cronograma do estudo
57
CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quadro 4. Valor médio e desvio padrão nas habilidades de preensão fina e de integração
visuomotora antes e após a intervenção pedagógica
Total Total
Z
Avaliação inicial Avaliação final
M (DP) Min. – Max. M (DP) Min. – Max.
Habilidades de Preensão
11,0 (2,3) 5-16 11,3 (2,1) 5-15 0,124
Fina
Habilidades de Integração
12,3 (2,8) 7-18 14,4 (3,0) 9-19 0,001
Visuomotora
58
No quadro 5 reportamos os resultados obtidos nos mesmos subtestes de acordo com o género.
Quadro 5. Valor médio e desvio padrão nas habilidades de preensão fina e nas habilidades de integração visuomotora, em função do género.
Habilidades de Preensão Fina 10,2 (2,9) 5-13 10,7 (2,2) 5-14 0,07 12,3 (2,3) 9-16 12,3 (1,6) 10-15 0,739
Pela leitura do quadro 5 podemos concluir que nas habilidades de preensão fina os meninos e as meninas não apresentaram
melhorias estatisticamente significativas entre os dois momentos de avaliação. Já nas habilidades de integração visuomotora foi notório um
progresso estatisticamente significativo em ambos os géneros (rapazes, Z=0,004; raparigas, Z=0,011).
59
Taxas de sucesso nas habilidades de preensão fina
100
90
80 *
70
60
50
%
40
30
20
10
0
Desabotoar Abotoar Pega do Tocar
Botões Botões Marcador Dedos
Avaliação Inicial 68,2 40,9 22,7 63,6
Avaliação Final 77,3 72,7 27,3 72,7
*
p ≤ 0,05
Figura 60. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de preensão fina antes e após a
intervenção pedagógica.
Pela leitura da figura 60 podemos verificar uma evolução entre a avaliação inicial e
a avaliação final em todas as habilidades (desabotoar botões, abotoar botões, pega do
marcador e tocar dedos). No entanto, este progresso apenas teve uma expressão
estatisticamente significativa na habilidade abotoar botões (p=0,016). Nesta habilidade a
taxa de sucesso progrediu de 40,9% (9 crianças) para 72,7% (16 crianças).
60
Na habilidade desabotoar botões a taxa de sucesso apenas progrediu de 68,2% (15
crianças) para 77,3% (17 crianças).
Relativamente à pega do marcador, este foi um critério onde se verificou uma
menor taxa de progressão (de 22,7% para 27,3%). Nesta habilidade verificamos que a
maioria das crianças (16) ainda não consegue pegar no marcador com o polegar e dedo
indicador (pinça) No entanto, importa referir que este critério normalmente é alcançado
entre os 4 e os 6 anos (Folio & Fewell, 2000).
*
100
90
80
70
60
50
%
40
30
20
10
0
Construir Construir Construir Construir Construir
torre ponte muro escadas pirâmide
Avaliação Inicial 68,2 95,5 81,8 36,4 45,5
Avaliaçaõ Final 100 100 95,5 54,5 54,5
*
p ≤ 0,05
Figura 61. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de construção com cubos antes e após
a intervenção pedagógica.
61
Após a intervenção verificamos que as crianças conseguem realizar com facilidade
uma torre (100%), uma ponte (100%) e um muro (95.5%). Um progresso estatisticamente
significativo entre os dois momentos de avaliação foi registado na construção da torre
(p=0,016). Menores taxas de sucesso foram alcançadas na construção das escadas e na
pirâmide. Estas duas últimas habilidades são um pouco mais complexas, pois segundo
Folio & Fewell (2000) só entre os 63-71 meses (5/6 anos), é que é esperado que a criança
alcance esta capacidade.
Pintar e desenhar
100 *
90
80
70
60
50
%
40
30
20
10
0
Copiar Colorir
Ligar Desenhar Copiar Copiar
um entre
pontos linha círculo uma cruz
quadrado linhas
Avaliação Inicial 59,1 72,7 86,4 59,1 45,5 50
Avaliação Final 86,4 86,4 95,5 90,9 68,2 54,5
*
p ≤ 0,05
Figura 62. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de pintar e desenhar antes e após a
intervenção pedagógica.
62
estatisticamente significativo na tarefa de copiar uma cruz (p=0,016). A maioria das
crianças atingiu os critérios de êxito nas seguintes tarefas motoras: ligar pontos (86,4%),
desenhar uma linha horizontal (86,4%), desenhar um círculo (95,5%) e uma cruz (90,9%).
Menores taxas de sucesso foram registadas nas tarefas em que se solicitou copiar um
quadrado (15 crianças, 68,2%) e colorir entre linhas (12 crianças, 54,5%). Relativamente à
tarefa de copiar um quadrado verificamos que 14 crianças (68,2%) desenharam lados que
se desviam entre 16 e 30 graus da vertical/horizontal ou com um canto aberto. Já na
tarefa de colorir entre linhas, 12 crianças (54,5%), pintaram apenas ¾ do espaço saindo 3
a 4 vezes das linhas. Contudo, importa referir que em certa parte estes resultados eram
esperados pois, normalmente estas competências apenas são alcançadas entre os 63 e os
71 meses (Folio & Fewell, 2000).
Enfiamentos
100
90
80
70
60
50
%
40
30
20
10
0
Enfiar Colocar
Enfiar 4
cordel em 3 contas num
contas
buracos frasco
Avaliação Inicial 100 59,1 100
Avaliação Final 100 77,3 100
Figura 63. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de enfiamentos antes e após a
intervenção pedagógica.
63
Pela leitura da figura 63, verifica-se que todas as crianças antes da intervenção já
realizavam com sucesso algumas das tarefas solicitadas, nomeadamente enfiar quatro
contas e colocar dez feijões num frasco em 30 segundos ou menos. Na habilidade enfiar o
cordel em três buracos, a taxa de sucesso apenas progrediu de 59,1 % (13 crianças) para
77,3% (17 crianças).
Recortar
100
90
80
*
70
60
50
%
40
30
20
10
0
Cortar Cortar Cortar Dobrar Dobrar
Cortar o
numa um um folha a folha em
papel
linha círculo quadrado meio 4 partes
Avaliação Inicial 68,2 68,2 68,2 54,5 13,6 9,1
Avaliação Final 81,8 86,4 68,2 63,6 63,6 9,1
*
p ≤ 0,05
Figura 64. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de recorte antes e após a intervenção
pedagógica.
64
Apenas um ligeiro progresso foi registado nas tarefas de cortar o papel (68,2%
para 81,8%), cortar numa linha (68,2% para 86,4%) e cortar um quadrado (54,5% para
63,6%). Não se verificaram progressos nas tarefas de recortar um círculo e dobrar a folha
em quatro partes.
A taxa de sucesso na dobragem da folha em quatro partes foi realmente muito
baixa (9,1%), apenas 2 crianças conseguem dobrar a folha em quatro com margens
paralelas e a um máximo de 3 mm umas das outras, o que de certa forma era esperado,
pois esta destreza manual apenas é alcançada por volta dos 5 anos (63-71 meses) (Folio &
Fewell, 2000).
Taxas de sucesso nas habilidades de preensão fina de acordo com o género após a
intervenção pedagógica
100
90
80
70
60
50
%
40
30
20
10
0
Desabotoar Abotoar Pega do Tocar
botões botões marcador dedos
Meninos (n=14) 64,3 57,1 28,6 71,4
Meninas (n=8) 100 100 25 75
Figura 65. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de preensão fina de acordo
com o género após a intervenção pedagógica.
65
Analisando a figura 65 pode-se constatar que as raparigas apresentam um melhor
desempenho nas habilidades de abotoar (raparigas: 100%; rapazes: 57,1%) e desabotoar
(raparigas: 100%; rapazes: 64,3%). Na pega do marcador e na tarefa de “tocar dedos” não
se registaram diferenças. A pega do marcador foi a habilidade que registou menor taxa de
sucesso quer nos rapazes (28,6%) como nas raparigas (25%).
100
90
80
70
60
50
%
40
30
20
10
0
Construir Construir
Construir Construir Construir
uma uma
muro escadas pirâmide
torre ponte
Meninos (n=14) 100 100 92,9 50 57,1
Meninas (n=8) 100 100 100 62,5 50
Figura 66. Taxas de sucessos (%) nas habilidades de construção com cubos de
acordo com o género após a intervenção pedagógica.
66
Pela análise da figura 66, podemos referir que as raparigas apresentam uma taxa
de sucesso ligeiramente superior à dos rapazes (raparigas: 100%; rapazes 92,9%) na
construção do muro e de uma escada (raparigas: 62,5%; rapazes: 50%). Já os rapazes
evidenciaram uma pequena superioridade na construção de uma pirâmide (raparigas:
50%; rapazes 57,1%). Semelhantes taxas de sucesso foram encontradas na construção de
uma torre e de uma ponte (100%).
Globalmente podemos concluir que nas construções com cubos não se registaram
diferenças com grande valor expressivo entre os rapazes e as raparigas.
Pintar e desenhar
100
90
80
70
60
50
%
40
30
20
10
0
Colorir
Ligar Desenhar Copiar um Copiar Copiar um
entre
pontos linha círculo uma cruz quadrado
linhas
Meninos (n=14) 78,6 78,6 92,9 85,7 57,1 42,9
Meninas (n=8) 100 100 100 100 87,5 75
Figura 67. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de pintar e desenhar de acordo com o
género após a intervenção pedagógica.
67
avaliação (ligar pontos, desenhar linha, copiar um círculo e copiar uma cruz), as raparigas
apresentam uma taxa de sucesso de 100%.
As diferenças entre géneros foram mais expressivas nas tarefas de copiar um
quadrado (raparigas: 87,5%; rapazes: 57,1%) e colorir entre linhas (raparigas: 75%;
rapazes: 42,9%).
Enfiamentos
100
90
80
70
60
50
%
40
30
20
10
0
Enfiar Colocar
Enfiar 4
cordel em 3 contas num
contas
buracos frasco
Meninos (n=14) 100 78,6 100
Meninas (n=8) 100 75 100
Figura 68. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de enfiamentos de acordo com
o género após a intervenção pedagógica.
68
Recortar
100
90
80
70
60
50
%
40
30
20
10
0
Cortar Dobrar Dobrar
Cortar Cortar um Cortar um
numa folha ao folha em
papel círculo quadrado
linha meio 4 partes
Meninos (n=14) 78,6 78,6 64,3 64,3 57,1 14,3
Meninas (n=8) 87,5 100 75 62,5 75 0
Figura 69. Taxas de sucesso (%) nas habilidades de recorte de acordo com o género após
a intervenção pedagógica.
69
De uma forma global podemos referir que as raparigas tendem apresentar uma
melhor performance em algumas habilidades de preensão fina (desabotoar e abotoar
botões) e nas habilidades de integração visuomotora (construir escadas, ligar pontos,
desenhar linha, copiar quadrado, colorir entre linhas, cortar numa linha e dobrar a folha
ao meio). Estes resultados reforçam a literatura que aponta uma superioridade das
raparigas no desempenho das habilidades de motricidade fina (Saraiva, Rodrigues,
Cordovil, & Barreiros, 2013).
Alguns autores Liu et al. (2011) e Piek et al. (2012) apontam que esta
superioridade se deve em certa parte a um avanço maturacional das raparigas
comparativamente aos rapazes. Parece que elas nascem com maior controlo e sincronia
manual, logo desempenham melhor as tarefas de motricidade fina (Dias, 2011). Por outro
lado, as influências socioculturais podem explicar esta diferença entre os rapazes e as
raparigas. Culturalmente os rapazes são mais estimulados a brincar com bolas e
carrinhos, enquanto as meninas são mais estimuladas a brincar com bonecas e ursinhos
(Nunes, 2009). Sabe-se que as meninas estão mais voltadas para tarefas mais minuciosas,
até mesmo a brincar, enquanto os rapazes utilizam mais os pés (Dias, 2011).
70
CAPÍTULO V - CONCLUSÕES
Conclusões do estudo
71
- as raparigas apresentaram uma melhor performance em algumas
habilidades de preensão fina (desabotoar e abotoar botões) e nas
habilidades de integração visuomotora (construir escadas, ligar pontos,
desenhar linha, copiar quadrado, colorir entre linhas, cortar numa linha e
dobrar a folha ao meio).
Limitações do estudo:
Atendendo ao reduzido tempo para a realização deste relatório, não foi possível
incluir um grupo de controlo neste estudo de modo a distinguir se os progressos
conseguidos foram de facto devido às atividades estruturadas e não estruturadas e/ou à
maturação da própria criança. Apesar desta limitação, importa realçar que a natureza
descritiva e comparativa deste estudo permitiu-nos realmente refletir sobre o que uma
criança pode e deve atingir em termos motores finos na idade pré-escolar.
72
PARTE III
73
REFLEXÃO FINAL SOBRE A PES
74
As planificações foram, sem dúvida, uma ferramenta essencial ao longo de todo
este percurso, juntamente com o meu par pedagógico, o que proporcionou a partilha de
ideias e saberes, promovendo assim a planificação de atividades e experiências mais
enriquecedoras para o grupo. Ao longo das sessões foi sempre nossa preocupação que as
atividades fossem articuladas com as diferentes áreas e domínios, ou seja, que o trabalho
surgisse sempre com naturalidade e com um fio condutor.
O educador deve planear o seu trabalho e avaliar o processo e os seus efeitos no
desenvolvimento e na aprendizagem das crianças (Ministério da Educação, 1997). Neste
âmbito, todas as planificações foram vistas pelo educador cooperante e posteriormente
pelo professor orientador da ESE, que com as suas opiniões e sugestões permitiram que
eu crescesse como futura educadora.
Outro elemento de avaliação, que acho importante mencionar, foram as reflexões
que tivemos que realizar após cada semana de intervenção. Estas foram uma mais-valia
para o meu desenvolvimento tanto a nível profissional como pessoal, pois refletir
permitiu-me reconhecer os meus erros e valorizar as minhas competências, para crescer
como futura profissional. Assim, a reflexão proporciona aos profissionais da educação
oportunidades para o desenvolvimento, tornando-os profissionais mais responsáveis e
conscientes (Oliveira & Serrazina, 2002).
Em relação à educadora cooperante foi um dos elementos mais importantes
durante esta etapa, foi com ela que aprendi muito daquilo que é ser Educador de
Infância, foi com ela que aprendi como lidar com um grupo de 22 crianças entre os 3 e os
4 anos de idades, aprendi a resolver os problemas que podem aparecer dentro e fora da
sala de atividades e aprendi como lidar com os pais das crianças. Por último, durante a
PES aprendi a viver todos os dias no Jardim como se fossem únicos e sempre com um
sorriso.
Todos os professores da Prática de Ensino Supervisionada também foram muito
importantes para mim, pois acompanharam todo o meu percurso, através das
observações e estimulando sempre para o aperfeiçoamento corrigindo os aspetos menos
positivos e sobretudo incentivando a refletir sobre as nossas ações.
75
Em relação ao trabalho de investigação, este foi sem dúvida, uma grande
aprendizagem para mim. Foi a primeira vez que me deparei com um trabalho tão
complexo e que requer muita investigação, pesquisa e análise. Este foi uma mais-valia
para mim, tanto a nível pessoal como profissional, pois assim pude aprofundar os meus
conhecimentos relativamente ao contexto Pré-Escolar.
Fazendo um balanço geral, esta experiência foi muito gratificante e
enriquecedora, pois fizeram-me crescer como pessoa e como profissional nesta área. Tive
oportunidade de conhecer melhor o contexto de Pré-Escolar e sobretudo oportunidade
de planificar e de aplicar os meus conhecimentos.
Não posso deixar de mencionar o grupo de crianças com que trabalhei ao longo
deste percurso, elas foram sem dúvida um grande apoio que tive para toda esta
dedicação e entusiasmo que vive durante esta etapa da minha vida. Sem elas o trabalho
que foi desenvolvido não tinha o mesmo resultado, pois mostraram-se sempre
interessadas e muito empenhadas em todas as tarefas que eram propostas. O
envolvimento e a relação que fui estabelecendo ao longo deste percurso foi um aspeto
muito importante para mim, pois daí resultou um grande trabalho.
Termino assim esta longa etapa da minha vida, que foi fruto de uma enorme
satisfação e dedicação, pois tive experiências fantásticas que me fizeram crescer e que de
certeza me vão marcar na minha vida profissional. Aprendi muito, e sem dúvida ganhei
coragem para enfrentar o meu futuro.
76
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82
ANEXOS
83
ANEXO I
---------------------------------------------------------------------------------------------------
_______________________________________________
84
85