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CARLOS SCHOBBENHAUS
Chefe do Departamento de Geologia
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE
GOIÂNIA
MARIA ABADIA CAMARGO
Superintendente
Escala :1:1.000.000
COORDENAÇÃO TEMÁTICA
Tectônica: Inácio de Medeiros Delgado, Joffre Valmório de Lacerda Filho, Marcos Luiz do Espírito Santo
Quadros, Cipriano Calvacante de Oliveira Augusto Soares Frasca
Geologia de Bacias: Ricardo da Cunha Lopes e Augusto José Pereira da Silva
Sensoriamento Remoto: Cidney Rodrigues Valente e Marcos Antônio Soares Monteiro
Metalogenia: Maria da Glória da Silva, Inácio de Medeiros Delgado, Joffre Valmório de Lacerda Filho, Cipriano
Calvacante de Oliveira, Waldemar Abreu Filho, Mário Cavalcanti de Albuquerque e Marcos Luiz do Espírito
Santos Quadros
Banco de Dados GEOBANK: José Domingos Alves de Jesus
Geofísica: Maria Laura Vereza de Azevedo, Roberta Mary Vidotti
Base de Dados Geoquímica: Valmir Rodrigues da Silva
Geocronologia e Base de Dados Geocronológicos: Waldemar Abreu Filho, Mário Cavalcanti de Albuquerque,
Josué Antônio da Silva e Josenuza Brilhante Rodrigues
Base de Dados Paleontológicos: Norma Maria da Costa Cruz e Sônia da Cruz Cantarino
Geoprocessamento: José Domingos Alves de Jesus, Maisa Bastos Abram, Marcos Luiz do Espírito Santo
Quadros, Marcos Antônio Soares Monteiro, Elias Bernard da Silva do Espírito Santo
Base Cartográfica: Felicíssimo Rosa Borges, Elias Bernard da Silva do Espírito Santo
Desenvolvimento Software ArcExibe: João Henrique Gonsalves
Modelo Digital do Terreno: Mônica Mazzini Perrotta
EQUIPE EXECUTORA Luiz Carlos de Melo
Serviço Geológico do Brasil Gilsemar Rego de Oliveira
Joffre Valmório de Lacerda Filho Gessy Cristina Gomes Silva Brenner
Waldemar Abreu Filho Glaucia de Fátima Oliveira Afonso
Cidney Rodrigues Valente
Ricardo da Cunha Lopes REVISÃO FINAL
Mário Cavalcanti de Albuquerque Serviço Geológico do Brasil - CPRM
Gilmar José Rizzotto GEREMI-GO
Cipriano Cavalcante de Oliveira Joffre Valmório de Lacerda Filho
José Domingos Alves de Jesus João Olímpio Souza
Marcos Luiz do Espírito Santo Quadros Cipriano Cavalcante de Oliveira
Maísa Bastos Abram Waldemar Abreu Filho
Luiz Carlos Moreton GIGEOB/DGM
Marcos Antônio Soares Monteiro Inácio de Medeiros Delgado
Felicíssimo Rosa Borges Augusto José Pedreira
Nelson Custódio da Silveira Filho
Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM Reginaldo Alves dos Santos
Nilson Batista de Souza Maria da Glória da Silva
DEGEO
Companhia Matogrossense de Mineração – Carlos Schobbenhaus
METAMAT/SICME
Rogério Roque Rubert EDITORAÇÃO: GERIDE-GO
Josué Antônio da Silva
COLABORADORES
Serviço Geológico do Brasil - CPRM
Amaro Luiz Ferreira
Andréa Sander
Antônio Augusto Soares Frasca
Armínio Gonçalves Vale
Edson Gaspar Martins
Gilberto Scislewski
Humberto Alcântara Ferreira Lima
Isao Shintaku
João Henrique Gonçalves
João Olímpio Souza
Joseneusa Brilhante Rodrigues
Luis de Gonzaga Oliveira e Silva
Marcos Eduardo Silva Soares
Maria Laura Vereza de Azevedo
Maria Telma Lins Farraco
Mônica Mazzini Perrotta
Norma Maria da Costa Cruz
Pedro Sérgio Estevam Ribeiro
Ivan Wilson Brandão de Oliveira
Roberta Mary Vidotti
Ruy Benedito Calliari Bahia
Sônia da Cruz Cantarini
Valmir Rodrigues da Silva
CONSULTORES
Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
Amarildo Salinas Ruiz
Francisco Egídio Pinho
Gerson Souza Saes
Jaime Alfredo Dexheimer Leite
Márcia Aparecida Santana Barros Pinho
Ricardo Kalikowski Weska
APOIO TÉCNICO
Serviço Geológico do Brasil - CPRM
Nair Dias
Maria Gasparina de Lima
Pedro Ricardo Soares Bispo
Claudionor Francisco de Souza
Divino Francisco de Paula
João Rocha de Assis
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SECRETARIA DE MINAS E METALURGIA
CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL
GEOLOGIA E RECURSOS
MINERAIS DO ESTADO
DE MATO GROSSO
ESCALA 1:1.000.000
Organizado por
Cuiabá, 2004
CONVÊNIO CPRM/SICME-MT
CRÉDITOS DE AUTORIA
INTRODUÇÃO 1: CAPÍTULO 4: Recursos Minerais e Metalogenia
Joffre Valmório de Lacerda Filho (JVL) Alvaro Pizzato Quadros (APQ)
Maísa Bastos Abram (MBA) Amarildo Salinas Ruiz (ASR)
Carlos J. Fernandes (CJF)
CAPITULO 2: Compartimentação Geotectônica Carlos Humberto da Silva (CHS)
Augusto José Pedreira (AJP) Cipriano Cavalcante de Oliveira (CCO)
Carlos Schobbenhaus (CS) Francisco Egídio Cavalcante Pinho (FECP)
Cidney Rodrigues Valente (CRV) Marcos Eduardo Silva Soares (MESS)
Cipriano Cavalcante de Oliveira (CCO) Nilson Batista de Souza (NBS)
Gilmar José Rizzotto (GJR) Raul M. Kuyumjion (RMK)
Inácio de Medeiros Delgado (IMD) Waldemar Abreu Filho (WAF)
Joffre Valmório de Lacerda Filho (JVL)
Luiz Carlos Moreton (LCM) CAPÍTULO 5: Economia Mineral
Marcos Luiz do Espírito Santo Quadros (MLESQ) Isao Shintaku (IS)
Luiz de Gonzaga Oliveira e Silva (LGOS)
CAPITULO 3: Descrição das Unidades Litoestratigráficas Marcos Eduardo Silva Soares(MESS)
Amarildo Salinas Ruiz (ASR)
Amaro Luiz Ferreira (ALF) CAPÍTULO 6: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
Antônio Augusto Soares Frasca (ASF) Joffre Valmório de Lacerda Filho (JVL)
Armínio Gonçalves Vale (AGV) Marcos Eduardo Silva Soares (MESS)
Andréa Sander (AS)
Cidney Rodrigues Valente (CRV) BIBLIOGRAFIA
Cipriano Cavalcante de Oliveira (CCO)
Edson Gaspar Martins (EGM) APÊNDICE 1:
Eric Santos Araújo (ESA) Mário Cavalcanti de Albuquerque (MCA)
Francisco Egídio Cavalcante Pinho (FECP)
Gilberto Scislewski (GS) APÊNDICE 2:
Gilmar José Rizzotto (GJR) Josué Antônio da Silva (JAS)
Jaime Alfredo Dexheimer Leite (JDL) Mário Cavalcanti de Albuquerque (MC)
Joffre Valmório de Lacerda Filho (JVL)
Maria Telma Lins Faraco (MTLF) ANEXOS:
Mário Cavalcanti de Albuquerque (MCA) Mapa Geológico do Estado de Mato Groso - Escala
Pedro Sérgio Estevam Ribeiro (PSER) 1:1.000.000
Ricardo da Cunha Lopes (RCL)
Ruy Benedito Calliari Bahia (RBCB) Mapa de Recursos Minerais do Estado de Mato
Waldemar Abreu Filho (WAF) Groso - Escala 1:1.000.000
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 15
1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 17
1.1 – JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS .................................................................................... 17
1.2 – MÉTODOS E PRODUTOS ............................................................................................ 18
1.3 – PRINCIPAIS FONTES DE INFORMAÇÃO ................................................................... 23
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
BIBLIOGRAFIA
ANEXOS
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
APRESENTAÇÃO
Agamenon Dantas
Diretor-Presidente do Serviço Geológico do Brasil
Alexandre Furlan
Secretário de Estado da Indústria, Comércio,
Minas e Energia do Estado de Mato Grosso-SICME-MT
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
1
INTRODUÇÃO
O Projeto Geologia e Recursos Mine- ção, análise crítica e integração das informa-
rais do Estado de Mato Grosso, cujo resulta- ções bibliográficas disponíveis, além de tra-
do é aqui divulgado, constitui uma atividade balhos adicionais de geologia de campo,
de interesse comum entre o Governo Esta- interpretação de imagens de satélite, amos-
dual e a União, concebido conjuntamente tragem e análises petrográficas e geocro-
pela Secretaria de Estado de Indústria, Co- nológicas. Os dados contidos no banco
mércio, Minas e Energia do Estado de Mato de dados GEOBANK foram gerados por
Grosso–SICME-MT e o Serviço Geológico reestruturação e realimentação das bases
do Brasil - CPRM, empresa pública vincula- já existentes no Serviço Geológico do Bra-
da à Secretaria de Minas e Metalurgia do Mi- sil-CPRM, bem como pela organização de
nistério de Minas e Energia, com o objetivo novas bases.
de dotar o estado do primeiro Mapa Geoló- Este produto traduz o estado da arte
gico e de Recursos Minerais, na escala do conhecimento geológico regional, na es-
1:1.000.000. cala 1:1.000.000, do Estado do Mato Grosso,
A execução de mapas geológicos e e a sua análise, permitirá priorizar a aplicação
de recursos minerais estaduais faz parte do de investimentos, em áreas ainda carentes de
Programa Integração, Atualização e Difusão levantamentos geológicos básicos nas esca-
de Dados da Geologia do Brasil, Subprogra- las de maior detalhe, 1:250.000 e 1:100.000 (nas
ma Mapas Geológicos Estaduais e o Mapa regiões com reais necessidades de estudos,
de Mato Grosso ficou sob a responsabilida- para solução de problemas geológicos espe-
de da Superintendência Regional de Goiâ- cíficos). Conseqüentemente, a partir destas
nia da CPRM, juntamente com a Unidade informações, poder-se-á estabelecer uma po-
Gestora de Política Mineral da SICME-MT, lítica de médio a longo prazo para o desenvol-
com o apoio do Departamento Nacional de vimento de levantamentos geológicos no Es-
Produção Mineral - DNPM. Este produto de- tado.
nominado de Geologia e Recursos Minerais
do Estado de Mato Grosso, contempla 01 1.1 – JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS
(um) CD-ROM contendo sistema de informa-
ções geográficas, mapa geológico, mapa A história político-econômica do Es-
integrado geologia com modelo digital do tado de Mato Grosso está intimamente vin-
terreno - SRTM e mapa de recursos mine- culada ao setor mineral. Inicialmente com a
rais, na escala 1:1.000.000, texto explicativo extração garimpeira de ouro em Cuiabá e
em formato PDF e volume texto impresso. diamante na região de Poxoréu, Alto Para-
Os dados de cartografia geológica guai e Diamantino. Posteriormente esta ativi-
foram obtidos, essencialmente por compila- dade estendeu-se para outras áreas, segui-
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
co, geofísicos e do texto explicativo. mapa foi elaborada com base nas informa-
ções geológicas disponíveis em diversas es-
Base Cartográfica - A base cartográfica do calas, condensadas no mapa geológico do
estado foi obtida a partir da Base Cartográfi- Brasil 1:2.500.000 e das Cartas do Brasil ao Mi-
ca Integrada Digital do Brasil ao Milionésimo lionésimo, recentemente elaboradas pelo Ser-
do IBGE (2003), onde foram feitas simplifica- viço Geológico do Brasil – CPRM, folhas
ções, adaptações e modificações na hidro- SB.21-Tapajós (Ferreira et al., 2004) SC.20-Porto
grafia, pela CPRM e Geoambiente Sensoria- Velho (Rizzoto et al., 2004), SC.21-Juruena (
mento Remoto S/C Ltda, utilizando imagens Rizzotto et al., 2004), SC.22-Tocantins (Faraco
LANDSAT 5, LANDSAT 7 e JERS 1, e atuali- et al., 2004), SDE.20-Guaporé (Rizzotto et al.
zações do sistema de transportes com a in- 2004), SD.21-Cuiabá (Valente et al., 2004),
serção de novas rodovias, estradas vicinais SD.22-Goiás ( Lacerda Filho et al., 2004), SE.21-
e a inclusão de novas cidades e núcleos ur- Corumbá (Lacerda Filho et al., 2004) e SE.22-
banos através do Mapa Rodoviário editado Goiânia (Valente et al., 2004)
pela SEPLAN-Governo do Estado de Mato Estas informações foram recortadas
Grosso, 2002, obedecendo-se os limites da no formato do estado e lançadas sobre a
acuidade cartográfica da escala de base cartográfica na escala 1:1.000.000.
1:1.000.000. A este mapa foram acrescidas as in-
A riqueza de informação encontrada formações de mapas geológicos de áreas es-
no material cartográfico disponibilizado pelo pecíficas, executados pela UFMT, METAMAT,
IBGE, em especial nas regiões de maior den- DNPM, empresas de mineração, além de ma-
sidade demográfica, não favorecia a inserção pas da CPRM elaborados em escala de mai-
de qualquer outra informação, além das que or detalhe.
ali já estavam representadas. Portanto, den- As áreas com pendências de informa-
tre os diversos níveis de informação foram ções geológicas foram fotointerpretadas utili-
selecionados para a composição das bases zando, inclusive, imagens de satélites, para de-
cartográficas: hidrografia, transporte, locali- terminar a localização de perfis geológicos para
dades e divisões políticas. Para possibilitar a a programação de campo.
introdução da informação geológica foi feita As verificações de campo constituíram
uma generalização e simplificação dos ele- 2.200km de perfis geológicos estratégicos e de
mentos cartográficos, selecionando aqueles análises petrográficas de algumas amostras co-
de maior relevância para a geologia, segun- letadas. A partir desses novos dados, foram im-
do critérios de estética e clareza da represen- plementadas modificações cartográficas e ela-
tação cartográfica. Procurou-se, tanto quanto borado um banco de dados geocronológicos,
possível, estabelecer um padrão uniforme na anexo, utilizado na hierarquização das unida-
densidade da representação cartográfica, fil- des geológicas.
trando mais a informação onde havia satura- A legenda representa as unidades es-
ção que comprometesse a representação da tratigráficas em box com a cor e o código da
geologia na escala de 1:1.000.000. Na corre- unidade correspondente no mapa, acrescida
ção geométrica das imagens foi utilizada a de uma breve descrição. O código está orga-
modelagem polinomial simples e foram toma- nizado na seguinte seqüência: A(s) primeira(s)
dos, em média 240 pontos de controle por ima- letra(s) corresponde(m) a representação de
gem Landsat, com erro médio de 198 metros, eras e de períodos: A para Arqueano, MP para
coletados a partir de pontos comuns entre as Mesoproterozóico, K para Cretáceo, etc. O nú-
imagens e vetores de hidrografia e sistema viá- mero que segue a letra inicial, quando presen-
rio da Carta do Brasil ao Milionésimo em meio te, representa cronologicamente a subdivisão
digital, totalizando-se 47 cenas de imagens Lan- de éon, era, período ou estágio, de 1 a 2 (Car-
dsat que cobrem o Estado de Mato Grosso. bonífero, Cretáceo, Neógeno e Quaternário),
Adotaram-se os seguintes parâmetros de 1 a 3 (a maioria das eras e períodos), e de
na elaboração desta base: Sistema de Proje- 1 a 4 (Arqueano, Paleoproterozóico e Siluri-
ção Cartográfica Policônica – Meridiano Cen- ano). As últimas letras, com dois ou três dígi-
tral 56oW e Sistema Geodésico de Referên- tos equivalem ao nome de cada unidade.
cia - South American Datum of 1969 - SAD69. Quando a unidade é constituída por rochas
ígneas são inseridos entre os códigos alfa-
Mapa Geológico - A primeira versão deste numéricos iniciais (cronoestratigrafia) e as
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
letras finais (nome da unidade), símbolos que base de dados de Recursos Minerais do es-
representam o tipo de magmatismo predo- tado, constitui um acervo total cadastrado de
minante: 428 jazimentos e representa diferentes subs-
Plutonismo félsico - γ (gamma) tâncias minerais, agrupadas de acordo com
Vulcanismo félsico - α (alfa) a sua classificação utilitária: gemas, rochas e
Vulcanismo máfico - β(beta) minerais industriais e minerais energéticos.
Plutonismo máfico - δ (delta) Inclui informações sobre a tipologia do mi-
Plutonismo ultramáfico - µ (Mu) nério e metalogenia, segundo a biblioteca do
Vulcanismo ultramáfico - σ (teta) Sistema Classificatório de Metalogenia do
Plutonismo e vulcanismo alcalino - ε (epislon) Serviço Geológico do Brasil.
Quando há mais de um magmatismo, A possibilidade de se superpor os re-
geralmente aplicado para rochas plutônicas fél- cursos minerais com a geologia, aliados aos
sicas (γ), são introduzidos números para re- seus ambientes tectônicos, é uma das ferra-
presentar as idades relativas (γ1, γ2, γ3, etc.). mentas mais úteis para as interpretações me-
Exemplo: Em PP3γ1vr, PP significa Pa- talogenéticas, sendo de grande utilidade, tan-
leoproterozóico 3(Orosiriano); γ indica rocha to para pesquisadores acadêmicos, quanto
plutônica félsica; e vr representa o nome da para usuários interessados na seleção de áre-
unidade Suíte Intrusiva Vila Rica. as potenciais para investimentos em pesquisa
Os arquivos shape, de litoestratigrafia e mineral.
de estruturas, contêm informações sobre as
idade, litotipos, metamorfismo, magmatismo, Mapa Geotectônico - É resultado do recorte
sedimentação, tipo e atitude das estruturas. da compartimentação geotectônica propos-
ta no Mapa Tectônico do Brasil, escala
Mapa de Recursos Minerais - Os jazimen- 1:5.000.000 elaborado pela CPRM (Delgado
tos minerais do Estado de Mato Grosso foram et al., 2003 - inédito) e dados da PETROBRAS
obtidos a partir das bases de dados da CPRM (Siqueira et al.,1998), acrescido observações
(GEOBANK), e DNPM (SIGMETA), devidamen- de campo e de dados geocronológicos re-
te atualizadas e consistidas, acrescidos de in- centes, que permitiram estabelecer uma pro-
formações levantadas neste trabalho, totali- posta preliminar da compartimentação geo-
zando 428 jazimentos minerais, cuja listagem tectônica do estado.
simplificada é apresentada como apêndice A legenda do Encarte Tectônico mos-
no final desta nota explicativa. Estes jazimen- tra, em cores, as unidades litotectônicas, ob-
tos foram plotados sobre a base geológica, tidas por reclassificação das unidades litoes-
e agrupados segundo uma classificação uti- tratigráficas e, em letras-símbolo, em negri-
litária, nos seguintes tipos: substâncias mi- to, a identificação e denominação usual dos
nerais metálicas; metais nobres; rochas e domínios e bacias sedimentares que com-
minerais industriais; rochas e materiais para põem as Províncias Tectonoestruturais de
a construção civil e insumos para a agricul- Mato Grosso.
tura; rochas carbonáticas; rochas ornamen- Excetuando-se as bacias sedimentares,
tais; gemas e água mineral e termal. os limites mais prováveis entre os diversos do-
Estes jazimentos, estão representados mínios tectonoestruturais estão realçados, no
em destaque no mapa por símbolos que ca- mapa, por um traço mais espesso, em cor preta
racterizam a classe/morfologia, tamanho e sta- ou vermelha, dependendo se o mesmo está
tus, com destaque para as minas dos princi- assinalado por feições estruturais ou geofísi-
pais bens minerais em exploração. cas, respectivamente.
Com base nas relações entre as mi- Estas informações estão mais detalha-
neralizações e contexto geológico e geotec- das e armazenadas em tabelas relacionais que
tônico, foram selecionadas áreas com poten- foram utilizadas na elaboração do mapa geo-
cial prospectivo para descoberta de novos de- tectônico do Estado em ambiente ArcView.
pósitos, e delimitadas áreas correspondentes
a províncias e distritos mineiros de determina- Mapas Geofísicos - Os dados aeromagnéti-
dos bens minerais, com destaque as provín- cos, radiométricos e gravimétricos foram com-
cias auríferas e diamantíferas. pilados na escala 1:1.000.000 e disponibiliza-
dos em meio digital. Estes dados, foram com-
Base de Dados de Recursos Minerais - A pilados e tratados visando contribuir na delimi-
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2.
COMPARTIMENTAÇÃO
GEOTECTÔNICA
mas Santos (2003), op. cit., Bizzi et al., 2003, 1.795 e 1.724 Ma., enquanto os terrenos vizi-
interpreta-os como relacionados a dois arcos nhos se formaram no Mesoproterozóico, a
magmáticos distintos. Esta segunda interpre- partir de 1.500 Ma. O terreno está envolvido
tação se baseia nas diferenças de idades de nas orogêneses do Ciclo Orogenético Sun-
grau de deformação entre esses dois seg- sás, na extremidade sul, pelo Cráton Ama-
mentos crustais e estabelece as condições zonas.
para explicar o cavalgamento do segmento O Terreno Jauru é caracterizado por uma
norte por sobre o segmento sul, num pro- associação de rochas plutônicas do tipo TTG
cesso de underthrusting. e rochas metavulcanossedimentares.
Segundo Souza et al. (2004) o Arco A associação plutônica é constituída
Magmático Juruena foi desenvolvido em di- por ortognaisses, migmatito e intrusões to-
ferentes regimes deformacionais progressivos nalíticas, granito e monzogranito sin a tardi-
e em duas modelagens tectônicas: a primeira cinemáticos, além de granitos não deforma-
relacionada a subducção/colisão oblíqua de dos mais jóvens e sills máficos que fazem
alta temperatura e a segunda relacionada a parte dos complexos Alto Guaporé e Serra
transcorrências. do Baú com idades U-Pb distribuídas no in-
tervalo de 1,79 a 1,75Ga.
O Arco Magmático Juruena inclui, ain- A associação metavulcanossedimen-
da, diversos fragmentos do embasamento tar é representada pelos litótipos do Grupo
que correspondem às unidades mais antigas Alto Jauru estruturados segundo um trend
(complexos Bacaerí-Mogno e Cuiú-Cuiú), NW-SE e consistem de metabasaltos toleiíti-
que preservam o registro de estruturas dúc- cos, com níveis de rochas vulcânicas félsi-
teis reliquiares de direção NE-SW. A imbrica- cas a intermediárias, formações ferríferas
ção crustal dessas unidades no domínio do bandadas e chert, afetados por intrusões de
arco magmático decorre do fechamento de peridotitos e gabros. Essa associação é in-
uma bacia oceânica e provável colisão com terpretada, por alguns autores, como uma
uma crosta continental mais antiga referida seqüência tipo greenstone belt. As rochas
como Arco Magmático Cuiú-Cuiú (Vasquez vulcânicas máficas foram caracterizados geo-
et al., 2002). Santos et al. (2000) advogam quimicamente como basaltos de cadeia
que uma sucessão de arcos magmáticos fo- meso-oceânica, algumas com tendência a
ram formados no Domínio Juruena, a partir basaltos de arco, enquanto que os tonalitos
da subducção de crosta oceânica sob a são derivados de arco (Pinho et al., 1997).
crosta pretérita Tapajós-Parima, que inclui o Os ortognaisses e migmatitos que ocorrem
arco magmático Cuiú-Cuiú. Esta proposta é como núcleos em estrutura tipo domo, nos
suportada por idades-modelo Sm-Nd de flancos e interior das seqüências vulcanos-
1,94 a 2,28Ga. e valores de ånd(t) de –1,37 a + sedimentares são tidos como resultantes da
0,55, indicativos de retrabalhamento crustal deformação e metamorfismo das porções
de rochas da Província Tapajós-Parima. mais profundas desses cinturões vulcanos-
Souza et al. (2004) complementam sedimentares.
que o metamorfismo de alto grau do segmen- O Terreno Jauru está seccionado por
to sul do arco, anatexia, espessamento crus- vários corpos intrusivos de composição to-
tal sin-colisional e delaminação crustal, foram nalítica a granítica. Esses corpos possuem
fenômenos responsáveis pela gênese de idades U-Pb que variam de 1.567 a 1.536 Ma.,
grande parte dos granitos calcioalcalinos com TDM de 1,88 a 1,77Ga., sugerindo que os
pós-colisionais do Arco Juruena. magmas foram derivados provavelmente das
Associado a este domínio ocorre uma rochas do embasamento do Terreno Jauru.
serie de depósitos auríferos que compõem a Os dados geoquímicos são indicativos de
Província Aurífera Alta Floresta. magmas calcialcalinos derivados de arco
magmático e esse alinhamento de corpos
Domínio Jauru graníticos tem sido relacionados ao desen-
volvimento de um orógeno (Orógeno Cacho-
O domínio Jauru corresponde a um ter- eirinha ) de idade pré-Sunsás (Tassinari et al.,
reno tectono-estratigráfico, localizado no ex- 2000).
tremo sudeste do Cráton Amazonas. Sua evo- Relacionado a este domínio são en-
lução ocorreu no Paleoproterozóico entre contrados importantes mineralizações de
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
tins, 2004) forma um batólito constituído por di- e TDM de 1,52 a 1,63Ga., sugerindo que o
versos litofácies granitóides, enquantos os litóti- magma foi derivado de uma fonte juvenil.
pos básicos a intermediários da Suíte Intrusiva Neste trabalho o Domínio Santa He-
Flor da Serra têm sua distribuição em forma de lena é semelhante ao proposto por Tassinari
arco, próximo ao núcleo dessa estrutura. et al. (op cit.) tendo limite a oeste com a Ba-
cia/Faixa Aguapeí (1.100-900 Ma.) e Bacia
O arranjo das unidades lito-tectônicas
Guaporé (Cenozóica) e a leste com o Domí-
internas e externas ao Inlier de Matupá, sugere
nio Jauru (1.795-1.724 Ma.) e Bacia dos Pa-
que essa estrutura representa um antigo cen-
recis (Fanerozóica); a norte limita-se com a
tro félsico, dômico, que se manteve ativo mes-
Faixa Colorado (1.370-1.300 Ma.) e ao sul é
mo durante as manifestações magmáticas re-
encoberto por sedimentos cenozóicos da
lacionadas à formação do Arco Juruena.
Bacia do Pantanal.
Neste terreno são encontrados importan-
Este domínio/orógeno engloba as seguin-
tes depósitos auríferos que constituem o distrito
tes unidades: Complexo Metavulcanosedimentar
aurífero Peixoto de Azevedo / Matupá.
Rio Galera: composto por anfibolito, quartzo
micaxisto com intercalções de gnaisse mon-
2.1.3 - PROVÍNCIA SUNSÁS (1,45-0,90 Ga.)
zogranítico a granodiorítico; Suíte Intrusiva
(GJR, MLESQ, ASR)
Santa Cruz (1.587 Ma.): monzogranito folia-
do; Complexo Metamórfico rio Novo (1.552
A Província Sunsás é a unidade cro-
Ma.): ortognaisse tonalítico a granodiorítico;
no-tectônica mais jovem do extremo sudo-
Suíte Intrusiva Córrego Dourado: metagabro
este do Cráton Amazonas. Ela se formou no
e serpentinito; Complexo Metavulcanossedi-
intervalo de 1.500 a 900 Ma., durante o Ciclo
mentar Rio Alegre (1.503-1.517 Ma.): meta-
Orogênico Sunsás, cronologicamente corre-
basalto, metadacito, metariolito, piroclástica,
lato ao Ciclo Orogênico Greenville na Lau-
metachert e formação ferrífera bandada; Gru-
rencia e Báltica (Santos, 2003, in Bizzi et
po Pontes e Lacerda: anfibolito, magnetita
al.,2003). É composta pelos terrenos/domí-
quartzito, micaxisto, grafita filito e sericita fili-
nios: Santa Helena, Faixa Colorado e Bacia/
to; Complexo Granulítico Santa Bárbara
Faixa Aguapeí.
(1.494 Ma.): granulitos enderbítico e norítico
Na evolução tectônica da província
e ortoanfibolito; Suíte Intrusiva Água Clara
Sunsás estão inseridos os episódios tectono-
(1.485 Ma.): granito e granodiorito; Suíte In-
magmáticos e de sedimentação concomitan-
trusiva Pindaítuba (1.436-1.462 Ma.): monzo-
tes que se encontram amplamente distribuídos
granito, sienogranito e granodiorito; Suíte In-
no sudoeste de Mato Grosso, prosseguimen-
trusiva Santa Helena (1.422-1.456 Ma.): sie-
to para Rondônia (Faixa Colorado e magma-
nogranito e monzogranito com tonalito e gra-
tismo Alto Candeias) e parte oriental da Bolívia.
nodiorito subordinados; Suíte Intrusiva Rio
Branco (1.423-1.542 Ma.): rochas básicas
Domínio Santa Helena – DSH
(olivina gabro, gabro, quartzo gabro) e ro-
(JVL, GJR, MLESQ)
chas ácidas(quartzo sienito, riodacito, granó-
firo e quartzo monzonito).
Compreende uma ampla faixa de ro-
Estas rochas foram afetadas pela oro-
chas de composição, principalmente, graní-
gênese mais precoce do ciclo Sunsás, em
tica, posicionadas segundo a direção NW-
SE na região sudoeste do estado, que ante- torno de 1.450 Ma, em regime dúctil-rúptil e
riormente eram tidas como pertencentes ao exibem uma foliação planar dada por mine-
embasamento proterozóico (Saes et al., rais quartzo-feldspáticos alongados e mine-
1984). A evolução dos conhecimentos nesta rais micáceos com direção NW e mergulhos
região através de estudos geocronológicos preferenciais para NE, variando de 30 a 60°.
e litoquímicos propiciaram a Tassinari et Estudos litoquímicos (Geraldes, 2000)
al.(2000) propor a designação de Orógeno indicam que estas rochas variam de quartzo
Santa Helena. O batólito granítico Santa He- monzogabro a tonalito até granodiorito e gra-
lena, que dá nome a este orógeno/domínio, nito. Os resultados químicos indicam ambi-
é oriundo de um magmatismo granítico mul- ência de arco vulcânico granítico para as ro-
tifásico de idade entre 1,45 a 1,38Ga. Os da- chas mais primitivas de composição interme-
dos isotópicos desses granitos indicam va- diária enquanto os granitos plotam nas vizi-
lores de ÎNd(t) que variaram de +2,60 a +4,00 nhanças do limite entre granitos de arco e
37
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
zóica de forma alongada, constituindo um deste de Mato Grosso, na maior parte enco-
sinclinório com direção geral aproximada berta pelos sedimentos quaternários da Ba-
WNW-ESE e com áreas isoladas a oeste do cia do Bananal.
rio Tapajós, representadas pelas rochas sedi- Trata-se de um segmento crustal ne-
mentares do Grupo Caiabis (Formação Dar- oproterozóico formado durante a orogêne-
danelos e máficas da Formação Arinos). A se mais precoce do ciclo Brasiliano, entre 900
idade máxima de sedimentação dessa bacia e 800 Ma. Estas rochas apresentam assinatu-
é de 1,3 Ga., obtida pelo método Pb-Pb em ras geoquímicas e isotópicas similares às asso-
zircões detríticos (Leite e Saes, 2002). ciações de arcos magmáticos intraoceânicos,
constituindo um segmento de crosta conti-
Suas bordas são marcadas por zonas
nental juvenil na região central do Brasil (Pi-
de cisalhamento transcorrente e subordinada-
mentel et al., 1991; Fuck, 1994)
mente por contatos erosivos.
Alguns corpos de granitos tardi a pós-
Os sedimentos da Formação Dardane- tectônicos (590-480 Ma.) sucede a justaposi-
los foram reunidos em quatro unidades (Sou- ção de diferentes segmentos destes terre-
za et al., 2004) discriminadas como segue: Uni- nos de arco, geralmente controlados por
dade 1, inicia-se geralmente por conglomera- zonas de cisalhamentos transcorrentes re-
dos polimíticos (sustentado por clastos) com gionais (Fuck, 1994).
clastos de vulcânicas, arenitos, argilitos e quart-
zo; encimados por camadas de arenito grosso 2.2.2 - FAIXA ALTO PARAGUAI
a médio, com níveis de argilito; Unidade 2 for- (JVL e LCM)
mada por uma seqüência de siltitos e argilitos
avermelhados com níveis de arenitos finos de A Faixa Alto Paraguai é uma entidade
cor clara; aflorando na forma de estreita faixa tectônica Neoproterozóica edificada na bor-
orientada NW-SE paralela ao rio Apiacás; Uni- da sul do Cráton Amazonas. É caracterizada
dade 3, composta predominantemente por por uma seqüência de rochas metassedi-
arenitos arcoseanos e arenitos de granulação mentares (grupos Cuiabá, Alto Paraguai e for-
fina a média, às vezes intercalam-se níveis de mações Puga, Bauxi e Urucum) e rochas me-
conglomerados intraformacionais com seixos, tavulcanossedimentares da Unidade Nova Xa-
semelhantes aos da Unidade 1 e, finalmente vantina. Estas rochas foram deformadas en-
no topo tem-se a Unidade 4, representada por tre 550-500 Ma. e foram afetadas por mag-
uma seqüência de arenitos argilosos e areni- matismo granítico pós-orogênico (Suíte São
tos arcoseanos com intercalações de faixas Vicente) de idade 504 ± 5 Ma.(Pinho, 2004).
conglomeráticas ocorrendo sob a forma de
“ilhas” sobre a unidade anterior. A Faixa Alto Paraguai exibe-se na for-
Na Serra do Caiabís ocorrem interca- ma de arco com concavidade para SE, ori-
ladas nos segmentos da Formação Darda- entando na direção NE-SW no seu ramo
nelos, sill de rochas máficas da Formação norte e N-S no seu segmento sul, com ex-
Arinos, representados por basaltos amigda- tensão de 1.500 km e largura média de 300
loidais, diabásios, olivina-noritos e gabros. Os km. Estende-se desde a região de Nova Xa-
dados geoquímicos atestam um caráter al- vantina, passando pelas regiões de Cuiabá
calino com tendência a sub-salcalino para as e Província Serrana no Mato Grosso e se-
rochas máficas da Formação Arinos. Data- guindo até Bonito e Corumbá, no Mato Gros-
ções radiométricos (K-Ar) indicam duas ida- so do Sul. Outro ramo de direção NW-SE
des uma de 1.225 Ma. E outra de 1.416 Ma. ocorre desde Corumbá ao interior da Bolí-
via, onde recebe a denominação de Cintu-
2.2 - PROVÍNCIA TOCANTINS rão Tucavaca e é interpretado como um au-
lacógeno (Alvarenga et al., 2000). (Figura 03)
2.2.1 - FAIXA BRASÍLIA Em trabalhos anteriores esta faixa foi
subdividida em zona intena (Grupo Cuiabá)
Domínio do Arco Magmático de Goiás metamorfisada e dobrada e tida como mais
(JVL) antiga e zona externa que engloba as forma-
ções Bauxi, Puga, Araras, Raizama e Diaman-
Esta entidade tectônica, definida no tino (Almeida, 1974, Figueiredo e Olivatti,
estado de Goiás (Pimentel et al., 1996), se ex- 1974; Ribeiro Filho e Figueiredo, 1974; Ribei-
põe de forma muito restrita, na porção su- ro Filho et al., 1975; Luz et al., 1980; Schob-
40
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
benhaus Filho e Oliva, 1979; Barros et al., 590 Ma.; Alvarenga et al., 2000), associados
1982 e Alvarenga, 1984). a importantes concentrações de fosfatos (mi-
Neste trabalho a Faixa Alto Paraguai é crofosforitos e brechas intraformacionais)
apresentada como uma entidade geotectô- nas formações Bocaina e Tamengo no Mato
nica neoproterozóica dividida em dois prin- Grosso do Sul (Boggiani,1997).
cipais domínios: Margem Passiva (FAPmp) Bacia de Ante-Pais (FAPba)
e Bacia de Ante-País (FAPba), com o primei- Com o fechamento oceânico e a con-
ro domínio envolvendo remanescentes de seqüente formação de uma cadeia de mon-
Crosta Oceânica (FAPco). tanhas dobradas, transformada em área fon-
Esta faixa é caracterizada pela presen- te de sedimentos, inicia-se a deposição de
ça de importantes depósitos de rochas car- uma seqüência de rochas siliciclásticas. Es-
bonáticas principalmente no domínio da tas pertencem ao Grupo Alto Paraguai, de-
Bacia da Ante-Pais e de mineralizações aurí- positadas em ambiente de bacia de antepa-
feras relacionadas na margem passiva e re- ís que afogaram a plataforma carbonática.
manescente de Crosta Oceânica. É constituída predominantemente por are-
nitos com estratificação cruzada e arcósios
Remanescente de Crosta Oceânica (FAPco) finos a grosseiros da Formação Raizama ten-
do folhelhos vermelhos, siltitos e arcósios da
É o terreno que registra o estágio inici- Formação Diamantino, no topo. Sua idade
al rifte de abertura da bacia, evidenciado pela Rb-Sr de 568 ± 20 Ma., é interpretada como
presença de rochas vulcânicas máficas da a idade da diagênese (Bonhomme et
Unidade Metavulcanossedimentar Nova al.,1982),
Xavantina e por litótipos componentes do
Zonas Estruturais da Faixa Alto Paraguai
Grupo Cuiabá na região sudeste de Mato
A estruturação da Faixa Alto Paraguai
Grosso, marcando o inicio ou tentativa de
segundo Alvarenga e Trompette (1992) é o
uma abertura oceânica.
produto da atuação progressiva de esforços
com um incremento da intensidade do strain
Margem Passiva - (FAPmp)
da zona externa para a zona interna, onde
Este domínio é marcado por uma se- observam-se registros desta progressividade
dimentação que se inicia por sedimentos quí- estampados na foliação, dobramentos, cliva-
micos e camadas de filitos carbonosos, in- gens, etc. culminando com rochas do fácies
dicando ambientes redutores e profundos, xisto verde na zona interna. A deformação
possivelmente em posição de talude e distal mais tardia está associada a dobras amplas
à margem da plataforma, correspondente ao de expressão regional.
Grupo Cuiabá. Esta faixa exibe uma zonação sedimen-
Nas áreas proximais da plataforma a se- tar, tectônica e metamórfica, caracterizada
dimentação inicia-se sob um ambiente gla- pela seguinte compartimentação (Alvarenga
cial, desenvolvida durante a glaciação Varan- et al., 2000): 1 - Zona cratônica, com estratos
giana (~610-590 Ma.; Alvarenga e Trompet- horizontais; 2 - Zona pericratônica, com do-
te, 1992) com equivalentes laterais na zona bras holomórficas de grande amplitude e ex-
de talude retrabalhados por fluxos de gravi- tensão; e 3 - Zona bacinal profunda, meta-
dade a leste da plataforma com a deposição mórfica, com dobras e empurrões com ver-
de turbiditos distais e pelitos bacinais, repre- gência para oeste (Almeida, 1945, 1964, 1974;
sentados pela porção superior dos sedimen- Alvarenga & Trompete, 1992, 1993; Boggia-
tos do Grupo Cuiabá ni, 1990, 1997; Alvarenga et al., 2000; Darde-
A esta seqüência segue-se a deposi- ne & Schobbenhaus, 2001). Estas três zo-
ção transgressiva de uma unidade carboná- nas foram referidas por Alvarenga (1984) e
tica, representando o final da influência gla- Alvarenga & Trompette (1993) como: cober-
cial, com desenvolvimento de uma platafor- tura sedimentar de plataforma; zona externa
ma carbonática formada pelas camadas de não dobrada, com pouco ou sem metamor-
calcários e dolomitos da Formação Araras, fismo; e zona interna metamórfica com in-
Grupo Cuiabá (Fácies da Guia) e do Grupo trusões graníticas, respectivamente.
Corumbá no Mato Grosso do Sul com mi- As rochas do Grupo Cuiabá ocupam
crofósseis de idade Vendiana superior (650- a zona interna e exibem uma estruturação
41
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Itararé, Guatá e Passa Dois. De acordo com a funda, de subsidência prolongada, marcante
interpretação de Milani (1997), esta superse- influência marinha no Paleozóico e dotada de
qüência compreende uma parte basal trans- prospectividade para hidrocarbonetos, realça-
gressiva, correspondente aos Grupos Itararé da por indícios de gás detectados em subsu-
(Formações Lagoa Azul, Campo Mourão, Ta- perfície e superfície. Também importante, é a
ciba e Aquidauana) constituído por depósi- coluna sedimentar subjacente do Proterozói-
tos sedimentares de origem glácio-marinha, co de forte influência marinha, contendo
e Guatá, formado pelas rochas de deposi- igualmente indícios de gás detectados em
ção em ambiente deltáico, marinho e litorâ- subsuperfície. O preenchimento fanerozóico,
neo da Formação Rio Bonito e marinhos da com dominância do Paleozóico e secunda-
Formação Palermo com a superfície de inun- do pelo Mesozóico/Cenozóico, atinge a casa
dação máxima na sua parte intermediária. A dos 5.500 metros no principal depocentro,
parte superior, regressiva, está registrada nas na parte central da Chapada dos Parecís.
rochas marinhas e transicionais do Grupo Predominam sedimentos siliciclásticos por
Passa Dois (Formações Irati, Serra Alta, Te- toda coluna, porém no Paleozóico ocorrem
resina, Corumbataí e Rio do Rastro), regis- alguns carbonatos e um pouco de evapori-
trando ao seu final o início da instalação de tos, conferindo o caráter marinho a lacustre
clima desértico na bacia. a suas seqüências. No Mesozóico e no Ce-
A Superseqüência Gondwana III, corres- nozóico os sedimentos são continentais dos
pondente à abertura do Oceano Atlântico, tipos fluvial e eólico. Adicionalmente, derra-
compreende a Formação Botucatu compos- mes de basalto e diques de diabásio da base
ta por arenitos eólicos depositados em am- do Jurássico e kimberlitos e rochas afins do
biente desértico e os derrames de basalto da Juro-cretáceo completam o quadro estrati-
Formação Serra Geral. gráfico da bacia (Siqueira et al., 1998).
O início do registro sedimentar situa-se
Bacia dos Parecis no paleozóico demonstrado pela presença de
(CS / AJP) fósseis como acritarcas (Sysphaeridium sp.;
Cruz, 1980), restos de plantas silicificadas (Psa-
A Bacia dos Parecis, alongada na di- ronius), trilobitas, e braquiópodes de idade de-
reção leste-oeste (1.250km x 400km), está voniana. A bacia está dividida, de oeste para
localizada na região centro-norte do Estado leste, em três compartimentos geológicos ou
de Mato Grosso e no sudeste de Rondônia, domínios tectono-sedimentares separados res-
no setor sudoeste do Cráton Amazônico, pectivamente pelos arcos de Vilhena e da Serra
entre os cinturões de cisalhamento Rondô- Formosa (Siqueira & Teixeira, 1993; Siqueira et
nia e Guaporé. Teve sua evolução bastante al. 1998). Esses compartimentos geológicos
influenciada pelo desenvolvimento polifásico formam, de oeste para leste, as sub-bacias de
da região Andina, provavelmente desde o Rondônia, de Juruena e do Alto Xingu. A sub-
Paleozóico. bacia de Rondônia ocorre no Sudeste desse
Entre 1987 e 1996, a Petrobras efe- estado e as sub-bacias de Juruena e Alto Xin-
tuou diversos trabalhos visando a avaliação gu, no estado de Mato Grosso.
da potencialidade petrolífera dessa bacia. A sub-bacia de Rondônia exibe dois
Foram efetuados levantamentos magneto- grábens de direção geral E-W, aflorantes por
métricos, gravimétricos e sísmicos. O levan- cerca de 220 km, Pimenta Bueno e Colora-
tamento sísmico confirmou sob a Chapada do, separados entre si pelo Alto Estrutural do
dos Parecís a existência de uma bacia com Rio Branco.
alguns milhares de metros de sedimentos. A estrutura profunda da bacia (Braga
Dois poços estratigráficos foram perfurados & Siqueira, 1996) mostra que os grábens de
na sul da bacia: o poço 2-FI-1-MT/Fazenda Pimenta Bueno e do Colorado se estendem
Itamarati e o poço 2-SM-1-MT/Salto Magessi. por baixo dela em direção a sudeste, alcan-
Levantamentos geofísicos adicionais, tanto çando o estado de Mato Grosso. Assim, es-
aéreos, quanto terrestres, facilitaram a elabo- ses dois grábens se prolongam para leste em
ração do arcabouço tectônico dessa bacia sub-superfície, de forma aproximadamente
(Siqueira et al., 1998). paralela, sob a Chapada dos Parecís e para
Os dados geológicos e geofísicos dentro dos domínios do Espanador do Xin-
apontam para uma bacia intracratônica, pro- gu, sempre separados pelo Alto Estrutural
43
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
do Rio Branco. A norte destes, encontram- as Formações Furnas, Ponta Grossa, Jauru
se as plataformas de Brasnorte e Manissauá, (substitui a Formação Cacoal de Siqueira,
enquanto respectivamente ao sul e sudeste 1989), Pimenta Bueno, Fazenda da Casa
estão as plataformas de Itamarati e Canara- Branca, Rio Ávila (substitui a Formação Bo-
na. tucatu de Siqueira, 1989) e o Grupo Parecis
As duas perfurações estratigráficas (Formações Salto das Nuvens e Utiariti).
executadas pela Petrobras na sub-bacia de Essas unidades litoestratigráficas for-
Juruena, confirmaram a existência de expres- mam seqüências deposicionais separadas
sivo pacote sedimentar horizontal na porção por discordâncias regionais, indicando a atu-
mediana da bacia. O furo estratigráfico 2-SM- ação de eventos tectônicos responsáveis por
1-MT (5.779m) perfurado nas proximidades variações de suas fácies e espessuras den-
da exsudação de gás de Salto Magessi, na tro da bacia (Siqueira & Teixeira, 1993). As
extensão oriental do Gráben do Colorado, formações foram agrupadas em cinco super-
detectou três níveis de arenito gaseífero, em seqüências por Teixeira (2001): Siluro-devo-
profundidades entre cerca de 2.800 a 5.000m niana (que não aflora no Estado de Mato
(Siqueira et al., 1998). Grosso), Devoniana, Carbonífero-permiana-
Aparentemente, a gravimetria reflete triássica, Juro-cretácea e Cretácea, que pos-
estruturas geradas no Proterozóico, enquan- suem uma espessura total de aproximada-
to a magnetometria revela feições estruturais mente 5.800m (Braga & Siqueira, 1996). Hoje,
do Fanerozóico, estas possivelmente relacio- sabe-se, com base em datações geocrono-
nadas à evolução dos Andes paleozóicos e à lógicas, que a Superseqüência Juro-cretá-
reativação Wealdeniana ou Sul-Atlantiana. O cea deve ser considerada de idade Jurássica
mapa gravimétrico mostra alternância de ou talvez Triássico-jurássica, esta ultima, na
anomalias regionais positivas e negativas, hipótese de a deposição da Formação Rio Ávi-
alongadas, projetando-se para NW a partir la já ter-se iniciado no Triássico superior. Por
da faixa orogênica Paraguai-Araguaia que outro lado, seqüências mais antigas, tentati-
aflora ao sul da Bacia dos Parecis. São ano- vamente atribuídas ao Neo-proterozóico-Eo-
malias representantes de feições estruturais paleozóico, ocupam depressões do tipo rifte,
que ocorrem paralelas ao Gráben dos Caia- e, nas seções sísmicas, podem ser bem visu-
bis preenchido pela Formação Dardanelos, alizadas em nítida discordância erosiva sob
do Proterozóico (idade <1383Ma U-Pb). Pro- amplas seqüências sub-horizontais da tipo
vavelmente, parte dessas anomalias é con- sinéclise do Neo-paleozóico e Mesozóico (Si-
temporânea do rifteamento precursor da re- queira et al. 1998).
ferida faixa dobrada. As formações Furnas e Ponta Gros-
As três sub-bacias, anteriormente de- sa, componentes da Superseqüência Devo-
finidas com base em feições morfológicas e niana, consistem respectivamente de areni-
estruturais-estratigráficas e separadas pelos to com seixos, e folhelho (Costa et al., 1975;
arcos de Vilhena e Serra Formosa, continu- Ribeiro Filho et al., 1975); o seu ambiente de-
am evidenciadas por feições tanto magnéti- posicional determinado na Bacia do Paraná,
cas, quanto gravimétricas. Além disso, a mag- indica que essas rochas foram depositadas
netometria sugere um maior acúmulo de se- em ambientes transicional e marinho, respec-
dimentos na região da Chapada dos Pare- tivamente. A Superseqüência Carbonífero-
cis, do que nas regiões Sudeste de Rondô- permiana-triássica compreende os conglome-
nia e Espanador do Xingu, ou seja, uma di- rados, arcóseos e folhelhos das formações
ferenciação da subsidência com realce so- Pimenta Bueno e Fazenda da Casa Branca
bre a individualização das três sub-bacias (Montes et al., 1974; Costa et al., 1975; Ribeiro
(Siqueira et al. 1998). Filho et al., 1975), que são interpretados como
No Paleozóico inferior, o Cráton Ama- glaciais na primeira (Bahia & Pedreira, 1996),
zônico, no Estado de Mato Grosso foi afeta- e periglaciais na segunda (Caput, 1984).
do por um evento extensional, quando se im- Durante o Mesozóico (Juro-cretá-
plantou um sistema de riftes intracontinen- ceo), o Cráton Amazônico foi afetado por
tais, aproveitando zonas de fraqueza anteri- outro evento extensional, relacionado à se-
ores (Pedreira & Bahia, 2000). Em uma sinécli- paração entre a América do Sul e a África,
se desenvolvida sobre este sistema de riftes, quando depressões foram preenchidas por
depositaram-se, do Devoniano ao Cretáceo, rochas sedimentares e vulcânicas. Na parte
44
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
matogrossense da Bacia dos Parecis, este iniciada com um sistema rifte interior/depres-
evento corresponde aos derrames basálticos são interior (IF/IS) rifeano/vendiano (Neopro-
da Formação Tapirapuã (ou Formação Ana- terozóico), sucedido por outro sistema seme-
ri, em Rondônia). Na Formação Tapirapuã, a lhante no Paleozóico.
idade determinada por Marzoli et al. (1999) é A bacia está em não-conformidade so-
de aproximadamente 198Ma, pelo método bre rochas vulcânicas do Grupo Iriri, metas-
Pb-Pb (Sinemuriano; Jurássico Inferior). Es- sedimentos do Grupo Beneficente, e rochas
ses derrames cobriram os arenitos da For- da Suíte Magmática Sucunduri (Riker & Oli-
mação Rio Ávila, interpretada como de ori- veira, 2001), entre outras. A megaseqüência
gem eólica e ambos formam a Superseqüên- paleozóica, formada pelas superseqüências
cia Jurássica (ou Triássico-jurássica). Ante- Siluro-devoniana e Carbonífero-permiano-tri-
riormente à datação da Formação Tapirapuã, ássica, que foi mapeada no flanco norte da
a Formação Rio Ávila era correlacionada com bacia e ao longo do rio Sucunduri, compre-
a Formação Botucatu do Jurássico superi- ende as Formações Borrachudo, Capoeiras,
or-Cretáceo inferior da Bacia do Paraná, com São Benedito, Ipixuna, São Manoel, Nava-
base em semelhança de ambiente de sedi- lha e o Diabásio Cururu. Destas, afloram no
mentação (Ribeiro Filho et al., 1975). Estado de Mato Grosso compostas por fo-
A Superseqüência Cretácea se restrin- lhelhos devonianos de ambiente fluvial e are-
ge ao Grupo Parecis, do Cretáceo médio a nitos litorâneos carbo-permianos formações
superior, composta por conglomerados e are- Capoeiras, Igarapé Ipixuna, São Manoel e
nitos, depositada em ambientes fluvial e eóli- Navalha capeadas por formações peleozói-
co (Montes et al., 1974; Costa et al., 1975; Ri- cas diferenciadas
beiro Filho et al., 1975). A idade deste grupo é
balizada pela ocorrência de fósseis de répteis 2.3.2 - BACIAS CENOZÓICAS
crocodilianos: mesosuchidae (nelosuchidae) e (AJP)
que, conforme Silva et al (2003) seriam de há-
bito terrestre, de ocorrência em unidades cre- Bacia do Alto Xingu
táceas do Brasil e da América do Sul.
Corpos kimberlíticos e rochas afins, Sobre o domínio mais oriental da Bacia
datados entre o Jurássico inferior e o Cretá- dos Parecis está a Bacia do Alto Xingu. Os
ceo superior, ocorrem nas regiões noroeste sedimentos cenozóicos pertencentes a ela
e sudeste da bacia. consistem em conglomerado, areia e silte,
A Bacia dos Parecis está coberta discor- denominados de Formação Ranuro.
dantemente por areias, siltes e argilas de ida-
de cenozóica, depositados sobre uma cros- Bacia do Pantanal
ta laterítica desmantelada.
A Bacia do Pantanal, que é uma das mai-
Bacia Alto Tapajós ores bacias intracratônicas cenozóicas do
Brasil, possui cerca de 600 metros de espes-
No extremo norte do Estado de Mato sura de sedimentos. A área-fonte dos sedi-
Grosso aflora um pequeno setor desta ba- mentos está a leste da bacia: trata-se de pla-
cia, cuja sedimentação alcança 1.700 metros naltos resultantes da erosão regressiva das
de espessura (Santiago et al., 1980). A idade rochas paleozóicas da Bacia do Paraná. A
fanerozóica da bacia é atestada pela presen- Bacia do Pantanal é uma vasta planície aluvi-
ça de icnofósseis (Paleophycus sp.) na sua for- al constituída por depósitos de leques aluvi-
mação basal (Riker & Oliveira, 2001) e de es- ais de talude e lateritos ferruginosos, forma-
poromorfos devonianos. Adicionalmente, Tei- dos por sedimentos de natureza arenosa e
xeira (2001) se refere à idade devoniana de síltico-argilosa com pouco cascalho (Almei-
folhelhos pretos situados mais acima na colu- da, 1964). Ela é caracterizada por inúmeros
na estratigráfica da bacia (Formação São Be- canais abandonados e pequenas lagoas (Ra-
nedito), conforme determinado pelo belo & Soares, 1999) que definiram a Forma-
CENPES/Petrobras (L. Teixeira, comunicação ção Pantanal.
escrita, 2001). Este mesmo autor, com base
em dados aerogravimétricos e aeromagneto- Bacia do Bananal
métricos, sugere para a bacia uma evolução A Bacia do Bananal é constituída por
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3.
DESCRIÇÃO DAS UNIDADES
LITOESTRATIGRÁFICAS
idade relativa como mais antiga que 1810 Ma., encontradas em margens continentais ativas,
idade máxima atribuída às rochas da Suíte como as séries monzoníticas da Patagônia
Paranaíta que a seccionam. Outros dados, a nor- (Lameyre, 1987 e Rapele e Pankhurst, 1996).
te da Folha Vila Guarita, obtidos pelo JICA/MMAJ Mostram valores entre 56 e 75% de SiO2, 14 a
(2000) atribuem idades de cristalização U-Pb de 18% de Al2O3 e 1,5 e 4,7% de CaO, elevada
1.848 ± 17Ma., 1.823 ± 35Ma. e 1.817 ± 57Ma. razão MgO/TiO2 (2,1) razão K2O/NaO maior
que 1, enriquecimento em Ba e Sr, valores
PP3 γpa - Suíte Intrusiva Paranaíta moderados de Zr e Rb e baixos teores de Nb,
ASF Y e Ta. Os padrões de terras-raras, normaliza-
dos em relação ao condrito, apontam eleva-
Bittencourt Rosa et al. (1997) propu- do enriquecimento em ETRL e menor em
seram a denominação de Granitóide Para- ETRP, forte fracionamento (La/Yb) e anoma-
naíta para as rochas graníticas da região de lia negativa de Eu.
Paranaíta-Alta Floresta. Scabora (1997) car- A potencialidade metalogenética des-
tografou corpos de menores dimensões des- tas rochas graníticas é evidenciada pelo gran-
tas rochas, nas proximidades da fazenda de número de garimpos de ouro primário em
Mogno, denominando-os de Complexo In- veios de quartzo encaixados nestas intrusões,
trusivo Félsico. Estudos de prospecção mi- e garimpos de ouro secundário localizados
neral nestas rochas foram também realiza- nas bordas das intrusões. A concentração
dos pelo convênio JICA/MMAJ (2000) a 20 elevada de fácies oxidada, rica em magneti-
km a NW de Paranaíta, ocasião em que as ta, demonstra um magma hidratado com alta
designaram de Granitos Pré-Uatumã, do tipo taxa de fugacidade de oxigênio e rico em
II, e as correlacionaram ao Granito Matupá sulfetos e ouro.
(Moura, 1998). Dados geocronológicos, pelo método
Oliveira e Albuquerque (2004); Ribei- U-Pb, revelaram as seguintes idades: 1.793 ±
ro e Villas Boas (2004) e Frasca e Borges 6Ma.,1.803 ± 16Ma., 1.801 ± 7,8Ma. e 1.816 ±
(2004) denominaram de Suíte Intrusiva Pa- 57Ma. (Santos, 2000). Análises isotópicas Sm-
ranaíta as rochas calcioalcalinas de médio a Nd em granito porfirítico da pedreira de Alta
alto potássio e composição monzonítica, Floresta, mostraram idade modelo TDM de
monzogranítica e granítica aflorantes nas 2.221Ma. com eNd (T) de –1.25 (Pimentel et al.,
imediações de Paranaíta, Alta Floresta e Api- 2000).
acás. Os corpos ocorrem sob a forma de
batólitos e stocks semicirculares a elípticos, PP3δg - Intrusivas Máficas Guadalupe
com até 600 km2 de área, em sua maioria ASF
alongados na direção NW-SE. São intrusi-
vos na Suíte Juruena com posicionamento Esta denominação foi proposta por Oli-
crustal meso e epizonal e de estilo intrusivo for- veira e Albuquerque (2004) para individuali-
çado a permissivo, indicado pela presença, zar um clã de corpos básicos representados
forma e orientação de enclaves, foliação confi- por gabro, microgabro, diabásio e diorito por-
nada e feldspatos pertíticos. Localmente são firítico, aflorantes nas cercanias da comuni-
observados contatos tectônicos com o Grani- dade de Nossa Senhora de Guadalupe, su-
to São Pedro e com as suítes Colíder e Jurue- doeste de Alta Floresta. Estes litótipos ocor-
na. Próximo a Alta Floresta são ainda envolvi- rem sob a forma de stocks, intrusivos em
dos pelos granitos Nhandu ou mostram me- granitos porfiríticos da Suíte Intrusiva Para-
gaenclaves do Complexo Cuiú-Cuiú e das In- naíta, e também sob a forma de enclaves e
trusivas Máficas Guadalupe. As exposições lo- megaenclaves, razão pela qual estas unida-
calizadas no córrego Jaú e nas adjacências do des são consideradas contemporâneas.
Porto da Aldeia, situadas a NW de Paranaíta, Corpos monzodioríticos e dioríticos
foram consideradas como áreas-tipo. aparecem a norte de Nova Bandeirantes, pró-
Os dados litoquímicos desta suíte ximo à sede da Agropecuária Blumenau e
(Souza et al., 2004) caracterizam-na como na região de Novo Astro, no córrego Quei-
uma série calcioalcalina de médio a alto po- xadinha. Neste último local, além de estarem
tássio, metaluminosa a levemente peralumi- associadas à Suíte Intrusiva Paranaíta, são
nosa, com quimismo compatível a granitos controlados por zonas de cisalhamentos
de arcos vulcânicos, similares às intrusões transcorrentes com direção variando de NW-
57
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
A denominação Gorotire foi criada por lustiano (derrames ácidos). Silva et al. (1980)
Barbosa et al. (1966) para descrever rochas se- passaram a designar o conjunto plutovulcâni-
dimentares encontradas entre os rios Araguaia co (rochas vulcânicas, piroclásticas e granitos
e Xingu, considerando sua seção-tipo a serra intrusivos) de Grupo Uatumã.
Gorotire, margem do rio Fresco (PA). Os primeiros trabalhos sugerindo epi-
Essas rochas sedimentares ocorrem sódios magmáticos distintos foram apresenta-
em forma de extensos platôs orientados NW- dos por Silva et al. (1974) e Basei (1974) quan-
SE, formando serras elevadas e de topo aplai- do admitiram um decréscimo das idades des-
nado, por vezes formando cuestas com bor- sas rochas, de nordeste para sudoeste, apoia-
das ravinadas. A formação assenta-se discor- dos em datações Rb-Sr. Isso vem sendo con-
dantemente sobre rochas do Grupo Iriri e do firmado pelos modelos geocronológicos de
Complexo Xingu, e acha-se intrudida por plu- evolução do Craton Amazonas, ao longo do
tonitos Teles Pires. tempo (Amaral, 1974; Cordani et al., 1979;
As rochas dominantes são arenitos es- Teixeira et al., 1989; Tassinari, 1996; Tassinari
branquiçados, cinza-claro, com tons averme- e Macambira, 1999; e Santos et al., 2000).
lhados, granulometria fina a grossa, por vezes A extensiva distribuição dessas rochas
conglomeráticos, ora maciços ora estratificados, vulcânicas no Cráton Amazônico, nos seus di-
sendo comum a presença de estratificações cru- versos compartimentos tectônicos, com ida-
zadas de baixo ângulo. Quartzo arenito é o tipo de, metalogênese e estruturas distintas, tem
litológico dominante, além de arcóseos e are- sido interpretada, dentro de um modelo mobi-
nitos líticos. Intercalações de folhelhos são ra- lista, como relacionadas à formação de suces-
ras; normalmente elas consistem em folhelhos sivos arcos magmáticos. Neste contexto,
sílticos, bem laminados de cor cinza. Na base vários autores (Moreton e Martins, 2004; Ribei-
da seqüência encontram-se conglomerados ro e Villas Boas, 2004; Oliveira e Albuquerque,
polimíticos com abundantes seixos de riolitos. 2004; Frasca e Borges, 2004) denominaram de
Os arenitos Gorotire, em geral, apresentam mer- Suíte Colíder as rochas vulcânicas, subvulcâ-
gulhos suaves, sub horizontalizados, com fortes nicas, piroclásticas e epiclásticas, aflorantes nas
mergulhos somente próximos a zonas de fa- cercanias da cidade de Colíder e que borde-
lhas e/ou a corpos intrusivos. jam a parte sul da serra do Cachimbo. Estas
O relevo magnético é suave, com al- rochas apresentam-se relacionadas ao Arco
gumas áreas anômalas provavelmente refletin- Magmático Juruena, erigido entre 1.85Ga. e
do seu embasamento. As rochas são fratura- 1.75Ga, que inclui rochas vulcânicas félsicas
das e falhadas. Algumas serras têm a forma de de composição ácida a intermediária e filiação
grandes dobras de flancos suaves, com eixos calcioalcalina, no mesmo contexto evolutivo
NW e caimento para SE (Silva et al., 1974). das suítes graníticas Paranaíta, Juruena e
As características litológicas apontam Nhandu.
para uma sedimentação essencialmente con- Esta unidade apresenta ampla distribui-
tinental. Segundo Pastana e Silva Neto et al., ção geográfica e manifesta-se como uma fai-
(1980) a freqüente presença de arcóseos é in- xa contínua, com largura média de 20 km, di-
dicativa de rápida subsidência, com formação reção WNW-ESSE, com boas exposições nas
de bacias molássicas. Estes mesmos autores proximidades de Colíder, onde foi considera-
estimaram uma espessura de 200 metros para da área tipo. Ocorre em contato tectônico com
a Formação Gorotire e confirmaram seu posi- as unidades plutônicas São Pedro, Nova Ca-
cionamento pós magmatismo Iriri. naã, Nhandu e Matupá e é intrudida pelos gra-
nitos Teles Pires. Localmente observa-se uma
PP4c - Suíte Colíder transição entre os microgranitos e granófiros
ASF subvulcânicos desta suite e os granitóides Nhan-
du que, por vezes, cortam também as rochas
Oliveira e Leonardos (1940) denomina- vulcânicas. É recoberta pelas rochas sedimen-
ram de Série Uatumã um extensivo vulcanis- tares paleoproterozóicas do Grupo Beneficen-
mo ácido anorogênico pré-cambriano, ocor- te e pelas rochas sedimentares mesoprotero-
rido no Cráton Amazônico, posteriormente re- zóicas da Formação Dardanelos.
nomeado de formação, subgrupo e, finalmen- A área de ocorrência desta suíte é bem
te de Grupo Iriri (Andrade et al.,1978) subdividi- marcada nos mapas radiométricos por anomali-
do nas formações Aruri (vulcanoclásticas) e Sa- as moderadas a altas nos canais de Th e K e
59
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
delineada também nos mapas magnetométricos. adjacências pelo mesmo método, obtendo-se
Reúne uma grande diversidade litoló- idades da ordem de 1.801 a 1.803Ma.
gica com predominância de rochas vulcâni- Pimentel (2001) obteve idade pelo mé-
cas e subvulcânicas, seguidas de rochas piro- todo U-Pb de 1.781 ± 8Ma. e idade modelo
clásticas e epiclásticas em menor proporção. Tdm de 2.344Ma. com eNd (T) de –3,75, em rioli-
As rochas subvulcânicas têm uma ampla dis- tos pórfiros atribuídos como pertencentes a
tribuição e representam cúpulas de intrusões Suíte Colíder, indicando uma fonte geradora
graníticas, hipoabissais, compondo um paco- híbrida, mantélica, com contaminação crustal.
te maciço, com texturas microporfiríticas a fi- Pinho et al. (2001) obtiveram idade U-
namente cristalina, com estruturas de fluxo Pb de 1.801 ± 11Ma., em ignimbritos e riodaci-
pouco evidentes. São formadas por microgra- tos na região do rio Moriru, que caracteriza pro-
nito, microquartzo monzonito, micromonzoni- vavelmente a continuidade para oeste da faixa
to, micromonzogranito e granófiro. Apresen- de vulcânicas cartografada pelo Projeto Alta
tam composição homogênea, estrutura maci- Floresta, da base da serra do Cachimbo e da
ça e cores variando de cinza-avermelhado a serra Formosa.
cinza-arroxeado com tonalidades róseas e es- Os dados geocronológicos obtidos nes-
verdeadas. ta faixa de rochas vulcânicas e vulcanoclásticas
Associadas a estas rochas são obser- ácidas da região Norte de Mato Grosso, com
vadas brechas vulcânicas bandadas, ricas em idades de formação oscilando entre 1.800Ma. a
sulfetos (pirita e calcopirita) com matriz rioda- 1.780Ma., confirmam uma nova geração de ro-
cítica, afanítica a microgranular, contendo frag- chas vulcânicas e subvulcânicas, mais jovens
mentos centi a decimétricos de riodacito e de em pelo menos 80Ma. que aquelas similares
rochas quartzo-feldspática félsica cripto a mi- da Província Tapajós, justificando a proposição
crocristalina, estirados e orientados vertical- da Suite Colíder como uma nova unidade lito-
mente ao longo do fluxo. estratigráfica, distinta do Grupo Iriri. Esta suíte é
Corpos andesíticos ocupam áreas ar- intrudida pelos granitos Teles Pires, que apre-
rasadas e originam solos avermelhados e ri- sentam idade em torno de 1.750Ma.
cos em magnetita. Estes litótipos apresentam
cor cinza-escura a preta, estrutura maciça e PP4aj – Grupo Alto Jauru
textura microlítica fluidal e porfirítica a micro- GJR
porfirítica, com fenocristais euédricos e ripifor-
mes de plagioclásio e raros cristais de quartzo As rochas pertencentes a esta unida-
com indícios de corrosão magmática, imersos de litostratigráfica, originalmente designadas
em matriz originalmente vítrea. de Greenstone Belt do Alto Jauru, estão ex-
Em termos litoquímicos (Souza et al. postas nas porções superiores das bacias hi-
2004) esta suíte apresenta afinidade calcioalca- drográficas dos rios Jauru e Cabaçal. Inclui
lina, alto–K, metaluminosa a peraluminosa, com- uma associação de litótipos que se distribuem
patível com os padrões geoquímicos dos gra- em faixas subparalelas (Cabaçal, Araputanga
nitos orogênicos (suítes Paranaíta e Juruena e e Jauru) separadas por terrenos granito-gnáis-
Granito Nhandu). São registradas acentuadas sicos e migmatíticos, com contato transicional
anomalias negativas de Nb, Sr, Ti, Sm e Eu, e/ou por falhas entre os domínios.
ausência de anomalias de Y e enriquecimen- Monteiro et al., (1986) agrupou os litóti-
tos sensíveis dos elementos litófilos LILE, tais pos em três formações assim divididas, da base
como La, Ce, Rb e Ba, e dos elementos HFS para o topo: Formação Mata Preta - Compre-
como Zr, Hf e ETRL e uma pronunciada de- ende metabasaltos toleiíticos com estrutura em
pleção em ETRP. Isto é semelhante ao encon- pillow, ultramáficas komatiíticas, níveis descon-
trado na Suíte Intrusiva Paranaíta e no Granito tínuos de lavas e tufos andesíticos, dacíticos e
Nhandu, evidenciando uma correlação destes riodacíticos; o componente metassedimentar
litótipos plutovulcânicos. é subordinado e representado por metachets
Datação efetuada pela JICA/MMAJ e xistos pelíticos com níveis de magnetita e gra-
(2000) em riolito pórfiro situado a noroeste de nada; Formação Manuel Leme - Composta por
Paranaíta, na Folha Alta Floresta, pelo método lavas e tufos dacíticos a riodacíticos na porção
U-Pb, resultou em idade de 1.786 ± 17Ma. Este inferior, metacherts, bif, clorita-xistos, sericita-xis-
riolito está espacialmente relacionado com os tos e raros metatufos félsicos na porção supe-
monzogranitos da Suíte Paranaíta, datados nas rior; e Formação Rancho Grande - Represen-
60
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
tos e teluretos (Pinho et al., 1997).
tada por anfibolitos intercalados com quartzi-
tos, xistos grafitosos e gnaisses biotíticos. PP4ag - Complexo Alto Guaporé
Neste trabalho adotou-se a designa- GJR
ção de Grupo Alto Jauru, mantendo-se as for-
mações propostas por Monteiro (1986). O Complexo Metamórfico Alto Guapo-
Ortognaisses e migmatitos, que fazem ré (Menezes et al., 1993) é constituído por or-
parte do terreno granito-greenstone, afloram tognaisses tonalíticos e granodioríticos, gnais-
em estruturas do tipo domo, nos flancos e ses paraderivados e leucogranitos anatéticos.
entre as faixas vulcanossedimentares. São re- As rochas deste complexo se estendem numa
presentados por várias unidades, tais como faixa alongada de direção NW-SE, desde o en-
Complexo Gnaissico Brigadeirinho, Tonalito troncamento das rodovias MT-388 e MT-248,
Cabaçal, Gnaisse Quatro Marcos, Gnaisse bordejando o batólito Santa Helena e prolon-
Rosa e Gnaisse Aliança. gando-se para norte até os arenitos da Forma-
Os dados geoquímicos, apesar de es- ção Parecis. Ocorrem também na fazenda Bri-
cassos, permitem evidenciar uma zonação gadeirinho, 10 km a norte da cidade de Jauru,
tectônica das faixas vulcanossedimentares: a descritas originalmente por Saes et al. (1984).
Faixa Jauru é representada por basaltos toleíti- As rochas orto e paraderivadas encon-
cos de fundo oceânico; a Faixa Araputanga é tram-se gnáissificadas e polideformadas. Exi-
definida por basaltos toleíticos com estrutura bem feições estruturais que evidenciam sua
em pillow; e a Faixa Cabaçal possui caráter evolução em ambiente de ampla mobilidade, in-
bimodal, representada por basaltos toleíticos cluindo processos de fusão parcial acompanha-
e vulcânicas félsicas calcioalcalinas. dos de migmatização. A foliação milonítica é
As rochas supracrustais encontram- generalizada nos litótipos da unidade, resultan-
se estruturadas em calhas sinformais de di- te de cavalgamentos oblíquos de amplitude
reção N20º-40ºW, mergulhando 40º-75º para regional. Apesar de variar constantemente em
SW. Dobramento do tipo isoclinal a aperta- função de dobramentos, a direção média da
do desenvolveu-se concomitante ao meta- foliação está em torno de N40°W.
morfismo regional da fácies xisto verde a an- Os dados petrográficos dos paragnais-
fibolito. A zona de cisalhamento Indiavaí-Lu- ses e gnaisses migmatíticos mostraram a pre-
cialva, de direção geral N 30º-45º W, é defi- sença de sillimanita e cianita cristalizadas para-
nida por falhas tangenciais às faixas vulcanos- lelamente à foliação metamórfica que são indi-
sedimentares. cativas de condições metamórficas da fácies
Os zircões de um tufo riolítico da Faixa anfibolito superior e de média P/T. Da mesma
Cabaçal forneceram idade U-Pb de 1.747 ± forma, os hornblenda-biotita gnaisses e os bi-
17Ma. (MSWD=282) e uma rocha vulcanoclás- otita gnaisses granodioríticos apresentam um
tica da mina de ouro Cabaçal, idade U-Pb de fluxo milonítico marcado pelo alinhamento dos
1.758 ± 7Ma. e idade-modelo TDM de 1,87Ga. minerais máficos e minerais ocelares e tabula-
Pinho (1996) datou cristais individuais de zir- res recristalizados de plagioclásio. A química
cão de rocha metavulcânica da Faixa Caba- dos ortognaisses revelou caráter metalumino-
çal, pelo método U-Pb (SHRIMP) e obteve ida- so de afinidade calcioalcalina, similares aos
des de 1.769 ± 29 Ma. e 1.724 ± 30Ma. As ro- batólitos cordilheiranos modernos.
chas plutônicas (Gnaisse Rosa) da mesma área Os contatos dos metamorfitos desse
forneceram idade U-Pb de 1.795 ± 21Ma. complexo com as rochas metassedimentares
(MSWD=0,093) com idade-modelo TDM=1,93Ga. do Grupo Pontes e Lacerda são bruscos e mar-
e ÎNd(t)= +2,20; o Tonalito Cabaçal, idade Pb-Pb cados por falhas, enquanto que os granitos
de 1.780 ± 10Ma., enquanto que o Gnaisse Ali- das suítes Guapé e São Domingos mostram
ança é de idade U-Pb de 1.744 ± 38Ma. relações intrusivas com as suas rochas polide-
(MSWD=36) TDM=1,87Ga e ÎNd(t)= +2,40 (Geral- formadas.
des, 2000). Os dados geocronológicos disponíveis
O depósito de ouro do Cabaçal está restringem-se a uma isócrona Rb-Sr de 1.971
hospedado em uma seqüência de tufos e ro- ± 70Ma. com razão inicial 87Sr/86Sr de 0,7017 e
chas vulcanoclásticas, intercalados com níveis a uma idade U-Pb em zircão de 1.740 ± 27Ma.
estreitos de metacherts. O minério é composto
de pirita, pirrotita, calcopirita, esfalerita, marcas- PP4γn - Granito Nhandu
sita, molibdenita, cubanita e galena. Ligas de ASF
Au-Ag e Au-Bi ocorrem associadas a selene-
61
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Biotita monzogranito com textura ra- 2000). As rochas desta unidade são seme-
pakivi/anti-rapakivi é freqüente na parte oes- lhantes, pelas suas características evolutivas,
te (rio Apiacás) e na região de Alta Floresta petrográficas, químicas e modo de ocorrên-
foi observado álcali-granito, onde o plagio- cia, aos granitos mais antigos da Suíte Intru-
clásio aparece em percentual reduzido. siva Maloquinha, com idade de 1.880Ma.
Fácies subvulcânica aparece de modo (Klein et al., 2000) porém, originados em
subordinado e é representada por microgra- eventos geotectônicos distintos, com dife-
nito, granito fino e granófiro. Estas rochas mos- rença em idade em torno de 130Ma.
tram cor cinza-rosado a vermelho-tijolo, tex-
tura fina a microgranular, felsítica e estrutura PPmcs – PPmc Grupo São Marcelo-Cabeça
homogênea e maciça. ASF
Os granitos não apresentam defor-
mações e/ou metamorfismo, salvo discretos Barros et al., (1999) identificaram, na re-
fraturamentos de natureza rúptil, as vezes nu- gião sul da Folha Ilha 24 de Maio, uma se-
cleados por alteração hidrotermal, não rara- qüência metavulcanossedimentar, com alto
mente preenchidos por material quartzoso. potencial metalogenético aurífero denominan-
Bandas de cisalhamento em escala centimé- do-a Subprovíncia Cabeça.
trica são localizadas. Madrucci (2000) denominou as rochas
Os resultados analíticos para elemen- que ocorrem na região do garimpo homônimo
tos maiores, traços e terras-raras e o cálculo de Seqüência Metavulcanossedimentar do Ca-
de alguns parâmetros litoquímicos (Souza et beça. Elas são constituídas por quartzito, quart-
al., 2004) mostram um alto conteúdo em SiO2 zo-sericita xisto, granada-sericita xisto, clorita-se-
(>70%) acentuado enriquecimento em álca- ricita xisto, quartzo milonito e metacherts. São
lis (K2O>5) e baixo conteúdo em Al2O3 (en- rochas deformadas em regime dúctil, dobradas
tre 12% e 14%). Os níveis de concentração e transpostas por foliações miloníticas e cata-
de Ba e Sr são semelhantes aos encontra- clásticas, dentro de um cinturão de cisalhamen-
dos nas suítes calcioalcalinas de alto potás- to transcorrente, de orientação WNW-ESE.
sio (Granito Nhandu) e mais elevados que Frasca e Borges (2004) renomearam
os granitos alcalinos anorogênicos que, se- esta unidade para Grupo São Marcelo-Ca-
gundo Küster et al. (1998) são profundamen- beça, pois constataram que a maior área de
te depletados nestes elementos. Os dados ocorrência das rochas metavulcânicas en-
litoquímicos indicam que estes granitos são contra-se nas nascentes do rio São Marcelo
metaluminosos e pós-orogênicos. e à sua margem esquerda, além da área de
O padrão apresentado pelos elemen- estudo de Madrucci (2000).
tos terras-raras mostra enriquecimento em Assim, esta unidade passa a ser redefi-
ETRL, estabilização para ETRP e discreta ano- nida como uma seqüência constituída por
malia negativa para Európio, indicando simila- rochas metassedimentares clásticas, pelíticas
ridade com as curvas obtidas para os granitos e químicas, e por uma associação vulcâni-
Nhandu e Juruena. Suas características quí- ca-subvulcânica félsica, composta por ro-
micas e petrográficas e as relações de campo chas piroclásticas e epiclásticas, com intru-
vinculam sua evolução aos granitos tipo I, alta- sões quartzo-dioríticas subordinadas. Todos
mente fracionados, com similaridade com os os litótipos apresentam uma variável taxa de
granitos alcalinos tipo A. deformação dúctil, com tramas compatíveis
Wernick (2001) sugere que os grani- às condições de fácies xisto verde.
tos rapakivi podem ocorrer tanto relaciona- A litoquímica das rochas metavulcânicas
dos a arco magmático ou a fragmentos de mostra afinidade calcioalcalina, alto-K, peralu-
crosta estabilizada, adicionados a arcos pós- minosa a metaluminosa, geradas em ambien-
colisionados ou vinculados a ambiente ano- te de arco vulcânico, com enriquecimento mo-
rogênico emplaçados em regime transtraci- derado em ETRL e ETRP, e com anomalia ne-
onal a extensional, posicionados imediata- gativa em Eu.
mente após o magmatismo orogênico. Esta seqüência foi seccionada por
Datações geocronológicas, em bioti- cisalhamento transcorrente dúctil, pre-
ta granito da região de Terra Nova do Norte, dominantemente sinistral, de direção geral
forneceram idade U-Pb de 1.757 ± 16Ma. e N30-60W e EW, com médio ângulo de mer-
idade-modelo Sm-Nd de 2.100Ma. (Santos, gulho, desenvolvendo foliações desde pro-
67
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Roosevelt são atribuídos a Leal et al. (1978) A paragênese metamórfica com seri-
que as correlacionaram ao vulcanismo félsi- cita, clorita e epidoto, tanto nos metapelitos
co Iriri do Grupo Uatumã e as denominaram como nas metavulcânicas é compatível com
de Formação Roosevelt. Rizzotto et al. (1995) metamorfismo da fácies xisto verde. Entretan-
descreveram uma intercalação entre rochas to, desde as imediações da ponte do rio Ver-
vulcânicas e sedimentares na margem esquer- melho, na rodovia MT-170, até as proximida-
da do rio Roosevelt e denominaram de Se- des da comunidade Novo Horizonte, as asso-
qüência Metavulcanossedimentar Roosevelt. ciações minerais encontradas são característi-
Scandolara et al. (1997) passaram a denomi- cas de condições metamórficas da fácies anfi-
nar de Suíte Vulcânica Roosevelt as rochas bolito, ocorrendo um corpo tabular de rochas
de derrame e piroclásticas de composição metassedimentares, descontínuo, alongado
félsica dominante, variando de riolitos a da- dominantemente segundo a direção NE-SW,
citos, com andesitos subordinados. Santos por aproximadamente 40 km. Esta subunida-
et al. (2000) passam a denominar essa mes- de consiste de uma sucessão de quartzo-mus-
ma associação de rochas como Grupo Roo- covita xisto, sillimanita-quartzo xisto, formações
sevelt. A área de ocorrência dos litótipos está ferríferas bandadas e delgadas camadas de
restrita às bacias hidrográficas dos rios Roo- rochas calcissilicatadas. Os xistos apresentam
sevelt e Aripuanã. Entretanto, é ao longo do cores variegadas desde vermelho, rosa, cre-
médio-alto curso do rio Roosevelt que se me, amarelo com granulometria variável de
encontram as melhores exposições de ro- média a fina, onde se destacam raros porfi-
chas deste grupo. roblastos de sillimanita. Entretanto, estes por-
O Grupo Roosevelt é representado por firoblastos podem ser resultantes do meta-
um conjunto metavulcanossedimentar, de am- morfismo térmico ocasionado pela intrusão
biente de deposição subaquoso, assim com- do Granito Rio Vermelho. As rochas calcissi-
posto: unidade superior de metargilitos interdi- licatadas, constituídas por epidoto, quartzo,
gitados com metacherts, formações ferríferas- calcita e granada, ocorrem como delgadas
manganesíferas e metatufos; unidade interme- camadas de cor verde a verde-esbranquiça-
diária, de ignimbritos e conglomerados vulca- do, intercaladas a pacotes métricos de for-
noclásticos e; unidade basal, com dacitos-rioli- mação ferrífera bandada. Esta última é ca-
tos intercalados com raros basaltos e tufos su- racterizada pela alternância de leitos centimé-
bordinados. Boas exposições das unidades tricos ricos em quartzo e leitos ricos em quart-
superior e intermediária podem ser visualizadas zo e magnetita e mais raramente grunerita.
no perfil por estrada partindo-se da cidade de Datação U-Pb (SHRIMP) em zircão de
Aripuanã à oeste, em direção ao rio Branco e um metadacito a NNE da seqüência, forne-
nas proximidades do distrito de Filadélfia. ceu idade de 1.762 ± 6Ma. (Neder et al., 2000)
O contato do Grupo Roosevelt é ge- enquanto que um outro metadacito próximo
ralmente tectônico com os granitos São Pe- do rio Roosevelt, forneceu idade de 1.740 ±
dro e Zé do Torno e é cortado pelos corpos 8Ma. (Santos et al. 2000).
plutônicos do Granito Aripuanã e da Suíte A mineralização associada às rochas do
Serra da Providência. As rochas componen- Grupo Roosevelt compreende principalmente
tes do grupo formam serras alongadas de gossans de sulfetos de Pb e Zn e zonas enri-
direção E-W, constituídas de amplos sinfor- quecidas em metais-base (Cu, Pb, Zn, Au) na
mes balizados por cristas subverticalizadas. interfácie sulfeto-óxido, base do conjunto me-
A estruturação regional dos litótipos tavulcanossedimentar, além de ouro livre aalu-
do Grupo Roosevelt segue um trend NW-SE viões. Resultados parciais de avaliação do De-
a E-W com mergulhos de 40 a 70º para NNE. pósito da Serra do Expedito (Aripuanã-MT)
A deformação nas rochas do grupo é muito he- indicam reservas de 11,65 milhões de tone-
terogênea, existindo zonas de forte dobramento ladas métricas de metais-base com teores de
e milonitização, porém predominando nas por- 6,29% de Zn, 2,25% de Pb, 0,07% de Cu, 65
ções superiores do pacote vulcanossedimentar, g/t. de Ag e 0,25 g/t. de Au (Ambrex, relató-
zonas com estruturas primárias preservadas. rio interno 1998).
Amplas dobras antiformes e isoclinais possu-
em plano axial de direção E-W, com mergulho PP4γzt – Granito Zé do Torno
moderado para norte e eixo com caimento para (GJR / JDL)
noroeste.
69
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
veis escuros, não foram observados fósseis. ampla em relação às unidades anteriores.
Esses argilitos são interpretados como depó- Em função das intercalações de argili-
sitos overbank ou planícies de inundação, com tos exibirem mergulhos suaves e os arenitos
os níveis de material escuro representando zo- serem muito friáveis, os locais onde se instalou
nas pantanosas. esta unidade acham-se arrasados e marcados
por uma vegetação menos exuberante facili-
Unidade II (PP4b2) – Distribui-se sob tando sua individualização através de fotoin-
a forma de estreita faixa paralela à unidade terpretação.
anterior, à qual recobre de maneira concor- Os arenitos apresentam cor esbran-
dante, com espessura estimada em mais de quiçada, granulação fina a média, estratifica-
150 metros. Constitui-se de pelitos averme- ções plano-paralelas, cruzadas acanaladas,
lhados onde argilitos laminados represen- tabulares e marcas onduladas. Localmente
tam as rochas predominantes. Arenitos finos foram observados níveis de granulação gros-
e arenitos manganesíferos aparecem como sa a microconglomerática, geralmente asso-
lentes ou finas intercalações. Também ocorre ciados a faixa de argilitos avermelhados com
calcário margoso, cinza-escuro, com textura lentes de siltitos e arenitos muito finos.
muito fina, estrutura finamente laminada, com- Arenitos róseos, finos, arcoseanos a
posto predominantemente por carbonatos, ortoquartzíticos, com grãos bem seleciona-
argilominerais, sericita, quartzo, feldspato dos, localmente mostrando estratificação cru-
potássico, clorita e opacos e apresentando zada, silexito e cherts, são descritos no Pro-
forte efervescência ao HCl diluído. jeto Apiacás (Silva Neto et al., 1980) ao lon-
A presença dos argilitos indica planí- go dos rios Azul e São Benedito. Rochas íg-
cie de inundação ou superfíciie de afogamen- neas extrusivas de cor avermelhada, com-
to e, devido a presença de lentes de rochas pactas, finas e vítreas, são descritas pelos
carbonáticas, esta unidade é interpretada autores acima citados e estão correlaciona-
como uma plataforma carbonática. das a zonas de falhas N-S, localizadas a oeste
da fazenda Rio Azul. Esta unidade e as duas
Unidade III (PP4b3) – Mostra-se dis- anteriores foram inicialmente consideradas
tribuída sob a forma de estreita faixa paralela por Pedreira (2000) como um sistema fluvial
às unidades anteriores, constituindo a parte entrelaçado com planícies de inundação.
mais acidentada da borda desta bacia sedi- Em interpretação de dois furos de
mentar, que é conhecida regionalmente como sonda localizados nas partes NW e SE Serra
Serra do Apiacás. As unidades I e III, compos- do Cachimbo, Lopes (2001) sugere, com base
tas predominantemente por arenitos, formam nas litologias e na perfilagem geofísica, a in-
morrotes alinhados constituindo lineamentos dividualização de três seqüências siliciclásti-
positivos nas imagens de satélite e de radar, cas e uma carbonática.
enquanto na unidade II, argilosa, o relevo é A correlação entre os perfis executa-
menos saliente, conferindo uma textura foto- dos na borda sul da Serra do Cachimbo,
gráfica diferente, o que, aliado aos dados de norte da folha Alta Floresta, e estes furos, a
campo, permitiram sua individualização. Reco- Unidade I corresponderia à Seqüência Sili-
bre concordantemente os pelitos da Unidade ciclástica Basal (SS1). A unidade II, predomi-
II e é constituída por camadas de arenito fino a nantemente pelítica, equivaleria à parte ba-
médio, com estratificações plano-paralelas e sal da Seqüência Carbonática (SC) com seu
cruzadas e localmente apresentam finas inter- topo coincidindo com a superfície de máxi-
calações de siltitos e argilitos. Sua espessura é ma inundação. As unidades III e IV seriam
estimada em cerca de 100 metros. correlacionáveis ao restante da seqüência
carbonática presente no furo SE e ausente
Unidade IV (PP4b 4) - É constituída no furo NW, possivelmente devido a proces-
por uma seqüência de arenitos claros com sos erosivos.
intercalações de argilitos e siltitos avermelha- As idades obtidas por Tassinari et al.
dos. Sua espessura é estimada em pouco (1978) em siltitos (1.485 ± 32Ma. – Rb-Sr em
mais de 150 metros e em função de as ca- rocha total e 1.331 ± 28Ma. – Rb-Sr em fra-
madas apresentarem mergulhos mais sua- ção fina) aflorantes na BR-163, a sul da Base
ves em relação às unidades sotopostas, sua Aérea da Serra do Cachimbo pode ser inter-
distribuição e faixa de ocorrência é bem mais pretada como a idade mínima do Grupo Be-
73
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
neficente. As idades Pb-Pb obtidas na popu- firítica seccionando a fácies rosa, equigranu-
lação de zircões detríticos mais jovens de fá- lar.
cies conglomerática da base deste grupo Geraldes (2000) através de datação U-
confirmam que a idade máxima do início de Pb convencional em monocristais de zircão,
sua deposição é de 1,74 Ga. (Leite & Saes, obteve idade de 1.587 ± 04Ma., admitida
2002) portanto do Estateriano. como idade de cristalização.
cráticos, de cor rosa, definindo um arranjo de mando diques tabulares com mais de 3 me-
intrusões tabulares subparalelas. tros de espessura, limitados por zonas de ci-
As principais ocorrências desta unida- salhamentos.
de foram observadas na fazenda São Miguel e São igualmente notáveis os diques
Gleba Bacurizal, na estrada de acesso às fa- graníticos tabulares, compondo um arranjo
zendas Reunidas Boi Gordo, e em extensas ex- de corpos subparalelos, com contatos retos
posições nos domínios da Gleba dos Mineiros. e abruptos, por vezes, assimilando porções
Na fazenda São Miguel, próximo ao de gnaisses. A rocha granítica exibe uma co-
limite com a Área Indígena Vale do Guaporé, loração rosa avermelhada, composição
essas rochas ortoderivadas afloram sob a for- monzogranítica, essencialmente isotrópica e,
ma de lajedos e matacões amplos. em certos sítios, com uma textura pegmatíti-
São ortognaisses cinzas, leucocráticos, ca com cristais de feldspato alcalino de até
bandados, exibindo complexo padrão de de- 10 cm de diâmetro.
formação e composição variando de tonalito Ruiz et al.(2004) apresentam idade U-
a granodiorito. O bandamento gnáissico é de- Pb em zircão, pelo método convencional, de
finido pela alternância de bandas félsicas (leu- 1.552 ± 03Ma. interpretando-a como a pro-
cocráticas) quartzo-feldspáticas, e máficas (me- vável idade de cristalização da unidade gnáis-
socráticas) constituídas essencialmente por sica.
biotita e hornblenda.
As bandas gnáissicas mostram-se do- MP1γc - Tonalito Cabaçal
bradas e usualmente seccionadas e/ou trans- ASR
postas ao longo de discretas zonas de cisa-
lhamentos subverticais. Corpos plutônicos gra- Inicialmente descrito como rochas to-
níticos, mesocráticos a leucocráticos, de gra- nalíticas metamorfisadas do Complexo Xin-
nulação média a fina, encaixam-se paralela- gu (Barros et al., 1982); coube a Monteiro et
mente às faixas cisalhadas, sugerindo que a al.(1986) individualizar esta intrusão de com-
colocação destes corpos, pelo menos em par- posição tonalítica, exposta ao longo do curso
te, tenha sido controlada pelo mesmo regime médio do rio Cabaçal, região do Distrito de Ca-
deformacional que conduziu a implantação das choeirinha, como unidade litoestratigráfica,
zonas cisalhantes. formalmente designada de Tonalito Cabaçal.
São freqüentes enclaves de litótipos Trata-se de um corpo intrusivo em ro-
máficos de granulação grossa a média, por- chas metavulcanossedimentares do Grupo
tadores de foliação pretérita, os quais podem Alto Jauru e em gnaisses e migmatitos do
apresentar-se totalmente estirados segundo as Complexo Alto Guaporé, de forma alonga-
zonas de alta deformação superimpostas ou, da, que acompanha o trend regional NNW,
mais raramente, exibindo-se como blocos an- com marcada foliação tectônica, comumen-
gulosos caoticamente dispersos na matriz gnáis- te uma xistosidade, que em sítios de alta de-
sica. Em adição, também são freqüentes os re- formação, adquire aspecto ocelar, típico de
gistros de diques e veios de granitos róseos, que zonas miloníticas.
recortam ortogonalmente os gnaisses. Ruiz (1992) descreve estas rochas na
Na pedreira desativada situada na fa- região de Cachoeirinha, caracterizando-as
zenda São Miguel, próxima à BR-174, esta como mesocráticas, cinza-escuras, granula-
unidade faz-se representar por gnaisses cin- ção média a grossa, comumente equigranu-
za-escuros, mesocráticos, bandados, granu- lares. A foliação tectônica confere as rochas
lação grossa e composição variando entre uma trama planar intensa, que em alguns
tonalito a granodiorito, em contato, a leste exemplares, pode produzir aspecto ocelar
com a Suíte Intrusiva Córrego Dourado, uma nos augen gnaisses.
intrusão máfica-ultramáfica, de dimensão ba- Ao microscópio nota-se predomínio
tolítica e, a sul e oeste com os metassedimen- da textura granonematoblástica ou grano-
tos do Complexo Rio Galera. lepidobrástica, resultante do arranjo preferen-
Vale ressaltar que, à semelhança dos cial dos cristais de hornblenda e biotita, alter-
gnaisses da fazenda São Miguel, os da pe- nados aos níveis ricos em plagioclásio, felds-
dreira também exibem notáveis exposições pato alcalino e quartzo. O plagioclásio (ande-
de rochas mesocráticas, cinza-escuras a ne- sina e raramente oligoclásio) é o constituinte
gras, faneríticas, equigranulares, foliadas, for- principal da rocha, sendo comum apresentar-
75
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
se, com o quartzo, em arranjos do tipo mosai- signar uma associação de corpos intrusivos,
co e, também, como porfiroclastos nas faixas de composição básica a ultrabásica, aloja-
milonitizadas. O quartzo, sempre xenomórfico, dos em gnaisses e rochas metassedimenta-
é um dos principais componentes da matriz, res dos complexos Rio Galera e Rio Novo
engrenando-se com o plagioclásio e o felds- (Ruiz et al., 2004).
pato alcalino (microclínio). A hornblenda, prin- As principais ocorrências cartografa-
cipal máfico, comumente subidiomórfica, das situam-se no alto curso do Rio Novo, nos
mantêm contatos retos e abruptos com os domínios da Área Indígena Vale do Guapo-
félsicos e a biotita, esta por sua vez, apresen- ré, fazenda São Miguel e Gleba Bacurizal.
ta-se com hábito ripiforme e com o anfibólio, Constituí-se por plutons alongados segun-
destaca a trama planar típica destas rochas. do a direção NNW, com formato subelíptico,
Há raros registros de opacos e os minerais compostos por rochas melanocráticas, cin-
acessórios comuns são o epidoto, a titanita za a verde escura, granulação grossa, folia-
e o zircão. das, embora haja ocorrências menores de
Ruiz (1992) reporta-se ao diagrama litótipos maciços, composicionalmente, vari-
isocrônico Rb-Sr obtido por Leite et al., 1985 am de metagabros a serpentinitos.
que indica uma idade de 1.558 ± 250Ma. e Não há dados geocronológicos dis-
razão inicial Sr87/Sr86 de 0,70444, sugerindo poníveis para este magmatismo e a correla-
uma derivação primitiva para esta unidade. ção lito-estratigráfica com outras suítes máfi-
co-ultramáficas ocorrentes a sul, na Folha
PP4δfb - Suíte Intrusiva Figueira Branca Jauru, ou com as do Morro do Leme e Sem
ASR Boné, permanece como uma questão em
aberto.
Figueiredo et al. (1974) designaram de
Intrusivas Básico-Ultrabásicas os gabros, anfi- MP1γγp - Suíte Intrusiva Serra da Providên-
bolitos e serpentinitos intrusivos nos gnaisses cia
do embasamento. Saes et al. (1984) propuse- GJR
ram a denominação de Suíte Intrusiva Figueira
Branca para a associação de litótipos máfico- A formalização da unidade litostrati-
ultramáficos diferenciados que compreendem gráfica Granito Serra da Providência foi pro-
dunito, anortosito, troctolito, norito e gabro. posta por Leal et al. (1976) para intrusões
São intrusivas nas rochas metavulca- graníticas de textura rapakivi que afloram na
nossedimentares do Grupo Alto Jauru e con- serra homônima. Tassinari et al. (1984) pas-
têm xenólitos de metabasaltos nos gabros. saram a referir essa unidade como Suíte In-
Suas áreas de ocorrência se estendem desde trusiva Serra da Providência. Gabros, char-
as proximidades de Indiavaí até a fazenda Grão nockitos e mangeritos foram incluídos na
de Ouro, a norte, e ao longo do vale do rio suíte por Rizzotto et al. (1995) assim como o
Jauru, na fazenda Figueira Branca. mangerito do Maciço União e o charnockito
Os gabros e noritos são dominantes, de Ouro Preto (Bettencourt et al., 1995a) além
estratificados em leitos de olivina e labradorita e de vários stocks deformados e intrusivos no
mostraram raras texturas cumuláticas. As textu- Complexo Jamari (Scandolara et al. 1999).
ras subofíticas e intercumuláticas predominam, As rochas da referida suíte distribuem-se
com bordas de reação de olivina para piroxê- principalmente no alto curso do rio Branco,
nio e este para anfibólio. Lamelas de exsolução extremo noroeste de Mato Grosso, constitu-
de ortopiroxênio em clinopiroxênio são comu- índo um batólito que sustenta a serra homô-
mente observadas. Serpentina e uralita estão as- nima. Também ocorrem vários outros corpos
sociadas a hidrotermalismo tardio. Uma idade isolados na forma de stocks que distribuem-
isocrônica Sm-Nd de 1.688 ± 46Ma.em gabro, se tanto a leste como a oeste da serra da Pro-
apresentada por Toledo (1997) vidência.
O batólito Serra da Providência apre-
senta forma ovalada com 140 km de exten-
δcd - Suíte Intrusiva Córrego Dourado
MP1δ são por 40 km de largura, constituído pela
ASR associação gabro-charnockito-mangerito-
granito. Rizzotto et al. (1995) reconhecem
Denominação empregada para de- quatro fácies graníticas sendo assim consti-
76
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
área, sendo caracterizada por uma cor cinza Nas proximidades do Distrito de Novo
com tonalidade esbranquiçada, granulação Horizonte foram identificados vários veios
média a grossa. A deformação também varia subverticalizados de dimensões subdecamé-
de fraca a incipiente e sua mineralogia é com- tricas preenchidos por cristais euedrais de
posta por plagioclásio, feldspato alcalino, hor- ametista.
nblenda, granada, quartzo e epidoto.
Dados isotópicos de Sm-Nd indicam MP1γar - Granito Aripuanã
valores de 1.916Ma. com eNd +0,90 suge- (GJR / JDL)
rindo pouco tempo de residência crustal.
Várias denominações foram sugeri-
MP1γrv - Granito do Rio Vermelho das para o batólito subcircular que intrude
(GJR / JDL) as rochas metavulcanossedimentares do
Grupo Roosevelt na serra do Expedito, em
As feições circulares que se apresen- Aripuanã. Originalmente foi denominado por
tam destacadas em imagens de radar, na fo- Costa (1999) de Granito Rio Branco, o qual
lha SC.21, eram interpretadas como maciços foi substituído por Granito Subvulcânico Ano-
arrasados pela erosão e representantes plu- rogênico Aripuanã (Néder et al., 2000). Ri-
tônicos do Grupo Uatumã (Silva et al.,1974, zzotto et al. (2002) em estudos realizados
Issler, 1977). Silva et al. (1980) associam es- entre os rios Branco e Aripuanã, mantêm a
tes corpos aos granitos Teles Pires. Leite denominação de Neder et al. (2000) simplifi-
(2004) denomina de Granito Novo Horizonte cando-a para Granito Aripuanã, adotada nes-
um corpo batolítico de aproximadamente te trabalho.
1200 km2, com forma subarredondada, ten- O corpo principal constitui-se de um
do suas principais exposições nas proximi- stock circunscrito, com dimensões aproxima-
dades do Distrito homônimo e limitado a das de 20 km de diâmetro, intrusivo nas ro-
WNW pelo rio Vermelho. Neste trabalho, pas- chas metavulcanoclásticas do Grupo Roose-
sa-se a denominar de Granito do Rio Verme- velt, situando-se no noroeste de Mato Gros-
lho para o batólito anorogênico, de caracte- so, a norte/noroeste do Graben Dardanelos
rística de posicionamento crustal a nível raso, e limitado a oeste pelo rio Branco. Além dele,
de textura equigranular média, por vezes por- vários outros corpos com as mesmas carac-
firítica com cores cinza e cinza esbranquiça- terísticas composicionais, assinatura geofísi-
da, apresentando incipiente estrutura de flu- ca e modo de ocorrência afloram na borda
xo magmático. norte da Bacia dos Caiabis/Dardanelos, nas
Apresenta contato nitidamente intrusi- imediações do distrito de Filadélfia e a WNW
vo nas rochas metassedimentares do Grupo do rio Branco.
Roosevelt, ocasionando, por vezes, metamor- O Granito Aripuanã possui caracterís-
fismo de contato e contato intrusivo nas ro- ticas de posicionamento crustal a níveis ra-
chas graníticas da Unidade Fontanillas, con- sos como pode ser observado pela sua vari-
forme se visualiza em imagem de satélite. ação textural nas fácies porfirítica, micropor-
O fenocristal dominante é de ortoclá- firítica, equigranular fina e pórfira com carac-
sio pertítitico com raros cristais de plagioclá- terísticas subvulcânica a vulcânica. É intrusi-
sio levemente epidotizado o que lhe confere vo na unidade metavulcano-sedimentar Roo-
uma tonalidade esverdeada. sevelt, fato este evidenciado pelas macrofei-
Em termos composicionais ocorre ções estruturais regionais, as quais encon-
uma estreita variação entre sieno e monzo- tram-se deslocadas e rompidas devido a in-
granito. Uma feição típica desta unidade é a trusão. Veios, apófises graníticas, feições tipo
presença de quartzo subarredondado de stockwork, além de zonas de forte brecha-
cor azul e intensa disseminação de pirita e, ção hidrotermal aliados a processos de epi-
mais raramente, calcopirita. É comum tam- dotização, cloritização e sericitização são
bém a presença de enclaves máficos de gra- encontrados ao redor da intrusão e no inte-
nulação fina, arredondados a elipsoidais, rior da seqüência metavulcanossedimentar.
possivelmente de composição diorítica. Es- Sienogranito porfirítico de granulação
sas características se assemelham aquelas grossa é o tipo predominante, exibindo fe-
do Granito Aripuanã com o qual considera- nocristais euédricos de feldspato alcalino per-
mos correlacionável. títico dispersos numa matriz grossa de quart-
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
tólito, enquanto o valor de TDM 1.77Ga., indi- 2003) corresponde a um corpo intrusivo,
caria o período de fracionamento mantélico. alongado segundo a direção NNW, alojado
em gnaisses e migmatitos do Complexo Me-
tavulcanossedimentar Pontes e Lacerda e
MP1γp - Suíte Intrusiva Pindaituba marcado por intensa foliação penetrativa. A
(ASR) relativa homogeneidade petrográfica dessa
unidade é quebrada pela ocorrência de ní-
Constitui uma associação de rochas veis subvulcânicos e por sítios restritos de
graníticas intrusivas encaixadas no Grupo rochas poupadas da deformação dúctil, ge-
Pontes e Lacerda e no Complexo Metavul- radoras da foliação penetrativa, seu princi-
canossedimentar Rio Galera. Neste trabalho pal elemento estrutural.
engloba também parte das rochas anterior- O corpo ígneo é constituído por ro-
mente atribuídas à Suíte Intrusiva Santa Cla- chas leucocráticas, de granulação grossa, por-
ra (Ruiz et al., 2004). firítica, coloração variando de rósea a cinza-
Compreende granitóides foliados, milo- rosada, com intensa anisotropia caracterizada
níticos a protomiloníticos, de composição es- por uma foliação milonítica e estrutura ocelar
sencialmente monzogranítica a granodiorítica e típica. Composicionalmente são classificados
sienogranítica, expostos sob a forma de batóli- como biotita-monzogranitos e apresentam
tos ou intrusões menores, aparentemente tabu- composição mineralógica à base de quartzo,
lares, controlados pela estrutura regional NW. plagioclásio, feldspato alcalino, biotita, grana-
Foram identificados na região oito cor- da, zircão, apatita, allanita e opacos.
pos graníticos como constituintes desta suí- Os dados geocronológicos obtidos
te, representados pelos Granitos Sapé, pelo método convencional U-Pb em zircão
Anhanguera, Pedra Branca, Nossa Senhora no Granito Sapé indicam uma provável ida-
da Conceição, Nova Lacerda Santa Elina, de de cristalização ao redor de 1.436 ±
Banhado e Santa Clara. 04Ma., portanto, a provável idade de forma-
O Granito Sapé é um corpo intrusivo, ção desta Suíte.
deformado e metamorfisado, de dimensão ba- Granito Pedra Branca - exibe duas fá-
tolítica, orientado segundo a direção NNW, alo- cies distintas: a mais antiga e abundante, cons-
jado em xistos do Complexo Metavulcanosse- tituída por litótipos leucocráticos, porfiríticos, de
dimentar Pontes e Lacerda, constituindo-se de cor rosa a cinza rosado, localmente pegmatíti-
duas fácies petrográficas distintas: uma mais cos, com marcada textura ocelar e composi-
antiga, dominada por rochas cinza-escuras, ção monzogranítica; a fácies mais jovem ocor-
granodioríticas e outra, mais jovem, composta re sob a forma de veios e diques, dispostos
por rochas cinza clara, granodioríticas a mon- concordantes à Sn, constitui-se por rochas
zograníticas. foliadas, de granulação fina, eqüigranulares,
A fácies mais velha exibe composição cor rosa clara e composição monzogranítica,
granodiorítica a monzogranítica, cinza-escura concordantes com a foliação Sn.
e restringe-se à borda NE do batólito, em uma Granito Nossa Senhora da Conceição
faixa alongada na direção NNW, com aproxi- - aflora na encosta da Chapada dos Parecis e
madamente 10 km de comprimento. Consti- corresponde a uma intrusão de pequena di-
tui-se de rochas mesocráticas, cinza-escuras, mensão, subelíptica, encaixada em rochas do
granulação média a grossa, foliadas, sendo Complexo Metavulcanossedimentar Rio Gale-
comum estruturas ocelar, típicas de cisalha- ra. Exibe duas fácies: uma dominante que cor-
mento. A composição mineralógica essencial responde a rochas leucocráticas, grossas, por-
é dada por quartzo, plagioclásio, feldspato al- firíticas, cor cinza-claro, composição monzo a
calino, biotita, clorita, zircão, apatita e opacos. granodiorítica, textura protomilonítica; e outra
A fácies mais jovem é composta por ro- subordinada, mais jovem, sob a forma de di-
chas leucocráticas, cinza-claras, granulação ques centimétricos, caoticamente distribuídos,
média, foliada e composição variando de bioti- formado por rochas eqüigranulares, fina a
ta-monzogranitos e, mais raramente, biotita-gra- média, cor cinza clara, foliadas e de composi-
nodioritos. Mineralogicamente é definida por ção monzogranítica.
quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino, biotita, Granito Nova Lacerda - corresponde
clorita, epidoto, zircão, apatita e opacos. a um corpo irregular, levemente orientado se-
Granito Anhangüera (Araújo Ruiz, gundo o trend regional NNW, alojado em ro-
83
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
mostram textura ígnea preservada em zonas nitos mostram uma intensa serpentinização, to-
de deformação de alto ângulo. davia, a mineralogia primária preservada é re-
presentada por olivina, ortopiroxênio e clinopi-
MP2γlj - Granito Lajes roxênio. A paragênese neoformada é consti-
ASR tuída por agregados fibrosos e lamelares de
serpentina, carbonato, talco e clorita, caracte-
Matos e Ruiz (1991) descreveram a rizando a textura mesh. Uma intensa rede de
ocorrência de um pluton granítico na região fraturas preenchidas por sílica amorfa, garnie-
limítrofe Brasil-Bolívia, mais exatamente nas pro- rita e malaquita corta os dunitos.
ximidades do Destacamento Fortuna. Esta in- Os serpentinitos do morro Sem-Boné
trusão é constituída por rochas leucocráticas, são maciços, de granulação fina, textura gra-
cinza-esbranquiçadas, com tonalidades esver- noblástica, constituídos essencialmente por
deadas, granulação fina a média, fracamente serpentina (95%) e óxidos de Fe, Ni e Cr. A
anisotrópicas, identificadas como sienogra- serpentina ocorre em agregados lamelares,
nitos e monzogranitos. microlamelares e fibrosos, associados a hi-
As encaixantes são rochas gnáissicas dróxidos de ferro.
e migmatíticas, enfeixadas por Matos e Ruiz As rochas máfico-ultramáficas dessa
(1991) no embasamento metamórfico, equi- suíte apresentam uma assinatura geofísica
valente ao Complexo Metamórfico Tarumã característica evidenciada por fortes anoma-
(Ruiz et al., 2004). A extensa cobertura holo- lias magnéticas bipolares, simétricas.
cênica que recobre as áreas arrasadas em Mineralização associada nesta unidade
direção ao chaco boliviano, impede uma refere-se ao depósito de níquel em rochas ul-
definição mais precisa da forma deste plu- tramáficas serpentinizadas dos morros do
ton. Leme e Sem Boné. Teores anômalos em Cu,
Geraldes (2000) através de duas data- Co, elementos do grupo da platina e ouro es-
ções U-Pb em zircões, obteve duas idades tão relacionados à concentração supergênica.
para este corpo granítico: uma mais antiga, Datação pelo método K-Ar em plagi-
muito imprecisa, indica uma idade de 1.608 oclásio, forneceu idade de 1.245 ± 35 Ma.
± 200 Ma. e outra, mais jovem, obtida a partir para o metamorfismo (Ruiz, 2003).
de quatro frações de zircões, mostra uma ida-
de de 1.310 ± 34 Ma. Este autor e Tassinari et MP2λac - Alcalinas Canamã
al. (2001) interpretaram esses resultados como GJR
a re-homogenização do sistema U-Pb, após
a cristalização da rocha em torno de 1.600 Ma. A denominação de Sienito Canamã
(Silva e Issler, 1974) foi dada ao álcali-sienito
δva – Suíte Intrusiva Vale do Alegre
MP2δ intrusivo nas rochas do Complexo Xingu. Sil-
ASR va et al. (1980) englobaram outros corpos de
características geológicas semelhantes com
O conceito original da unidade foi pro- a designação genérica de Alcalinas Canamã,
posto por Barros et al. (1982) para uma associ- e a posicionaram como a unidade mais jo-
ação máfico-ultramáfica que aflora dispersa- vem do Grupo Caiabis.
mente ao longo do vale do rio homônimo, A principal área de ocorrência das ro-
entre as serras Santa Bárbara e Pau-a-Pique, chas alcalinas está indicada, em imagens de
constituída por gabro, gabro anfibolitizado e/ sensores remotos, por duas estruturas circu-
ou anfibolito e serpentinito. Corpos ultramáfi- lares no alto curso do rio Canamã. Outros
cos (morro do Leme e morro Sem-Boné) ocor- corpos de menor expressão em área ocor-
rem como ilhas na planície do rio Guaporé. rem no domínio do Domo do Sucunduri.
Matos (1995) agrupa na Seqüência Metavul- Estas rochas alcalinas são dominan-
canossedimentar Rio Alegre rochas ultramáfi- temente leucocráticas, de granulação média a
cas e anfibolitos intercalados em mica-xistos, grossa, com variedades microgranulares e peg-
além de gabros e serpentinitos metamorfisa- matíticas associadas. Mostram-se porfiróides e
dos na fácies xisto verde. com texturas de fluxo magmático.
Nunes (2000) descreve os peridotitos, As Alcalinas Canamã são constituídas
dunitos e serpentinitos que ocorrem nos mor- por sienito, microssienito, quartzo-sienito albi-
ros do Leme e Sem-Boné. Os peridotitos e du- tizados e aegirina-arfvedsonita granito. Possu-
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
unidade as rochas siliciclásticas que afloram mação Nova Floresta, datadas em torno de
na região do igarapé Preto, no sul do Amazo- 1,00Ga. Dados recentes obtidos pelo méto-
nas, e aquelas da região limítrofe entre os es- do U-Pb (SHRIMP) em zircões detríticos, for-
tados de Rondônia e Mato Grosso. neceram idade máxima da sedimentação em
A Formação Palmeiral é constituída es- 1.030 Ma., que também é a idade máxima da
sencialmente de ortoconglomerados, quartzo- Formação Prosperança. Na área-tipo (vila Pal-
arenitos e arenitos arcosianos. Bahia (1997) in- meiral) o zircão mais jovem tem 1.154 Ma.
dividualizou seis litofácies, as quais compreen- (Santos, com. verbal).
dem ortoconglomerado maciço ou com estra-
tificação incipiente, arenito com estratificação NP1γo - Suíte Intrusiva Rondônia
horizontal, arenito com estratificação cruzada GJR
acanalada, arenito com estratificação cruzada
tabular, arenito com estratificação cruzada sig- Essa suíte foi originalmente descrita
moidal e arenito maciço. por Kloosterman (1968) como Younger Gra-
Os conglomerados são oligomíticos, nites of Rondônia, sendo sua localidade-tipo
constituídos essencialmente de seixos e ca- nas cabeceiras do rio Candeias. Bettencourt
lhaus arredondados e achatados de quartzo- et al. (1997) mantiveram a definição de Kloos-
arenito, quartzo leitoso e subordinadamente terman, mas englobaram nos Younger Gra-
de sílex, quartzito e rochas vulcânicas félsica. nites somente os granitos com idades U-Pb
Os seixos ocorrem estratificados e imbricados. em zircão entre 998 a 991 Ma. Os granitos e
Os arenitos variam de finos a médios, rochas afins doravante englobados nesta
ocorrendo subordinadamente frações grossas, Suíte distribuem-se amplamente na porção
com grau de seleção moderado a boa. O ar- centro-norte do Estado de Rondônia. No
cabouço dos arenitos é geralmente fechado, Estado de Mato Grosso ocorre como um
com porções abertas devido a presença abun- pequeno corpo localizado no extremo noro-
dante de matriz. São compostos por grãos de este, na conflência do rio Madeirinha com
quartzo, sílex e, eventualmente, feldspatos e vul- Igarapé São Francisco.
canitos, além de filossilicatos (caulinita e illita) e Estes maciços graníticos ocorrem sob
níveis de manganês (Bahia, 1997). a fomra de batólitos e stocks multifásicos epizo-
Os litótipos da Formação Palmeiral fo- nais, alojados segundo estruturas N-S e NE-SW,
ram depositados em bacia do tipo sinéclise, principalmente. Apresentam forma subcircular
relacionada a um sistema fluvial proximal ou variando de 2 a 25km de diâmetro, de caracte-
de leque aluvial (Bahia, 1997) cuja sedimenta- rísticas subvulcânicas e intrusivos nas rochas do
ção foi confinada posteriormente em grabens, Complexo Jamari, em Rondônia e da Forma-
dos quais destacam-se os grábens dos Pacaás ção Paimeiral e da suíte Intrusiva São Romão
Novos, Uopianes e São Lourenço (Leal et al., em Mato Grosso. Os contatos são irregulares,
1978; Bahia, 1997; Quadros et al., 1998). abruptos, com presença esporádica de encla-
A análise das paleocorrentes nos di- ves das encaixantes. Estruturas vulcânicas e
versos compartimentos de ocorrência da For- subvulcânicas, tipo diques anelares e subsidên-
mação Palmeiral, utilizando-se das medidas cia de caldeira ocorrem em alguns maciços.
de atitudes de seqüências frontais das estra- As rochas da Suíte Rondônia são se-
tificações cruzadas 2D, dos eixos de estratos paradas em dois tipos principais conforme
curvados da estratificação 3D, de imbricação as características petrográficas e químicas:
dos seixos oblatos nos conglomerados e da subsolvus subalcalinas e hipersolvus alcalinas.
orientação do eixo maior de seixos prolatos, As relações de campo sugerem que as ro-
mostram um sentido de paleofluxo de NNE chas alcalinas são mais jovens que as subal-
para SSW (Bahia, 1997). Utilizando-se do es- calinas adjacentes.
tudo das populações de zircões detríticos dos As rochas subsolvus subalcalinas são
arenitos, Santos et al. (2002) sugerem uma representadas por sienogranito equigranu-
bacia do tipo foreland para a deposição dos lar, monzogranito porfirítico e ortoclásio gra-
sedimentos da Formação Palmeiral. nito dominantes, além de topazio-albita gra-
A idade das rochas sedimentares da nito e topazio-quartzo-feldspato pórfiro su-
Formação Palmeiral foi atribuída inicialmente bordinados. Ortoclásio sienito, microssienito,
à interface Meso-Neoproterozóico, baseada na ortoclásio microgranito e feldspato-quartzo
relação de intrusão das rochas máficas da For- pórfiro caracterizam as rochas hipersolvus al-
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
calinas. Os sienogranitos e monzogranitos são do tipo alcalino possui idade de 974 ± 6 Ma.
as fases mais precoces, as quais apresentam Por fim, o biotita sienogranito porfirítico do
feições rapakivíticas. Possuem megacristais de maciço Massangana tem idade de 991 ± 4
feldspato alcalino pertítico, por vezes mantea- Ma (Bettencourt et al., 1999).
dos por um agregado policristalino de oligo- Associadas a estes corpos ocorrem
clásio-albita. Os acessórios mais típicos são mag- mineralizações primárias de Sn, W, Nb-Ta, Be,
netita, zircão, apatita, allanita, esfeno e fluorita. F e sulfetos está espacialmente associada
Os microgranitos mostram intercrescimento gra- principalmente com os protolitionita-albita leu-
nofírico na matriz juntamente com raros feno- cogranitos. O minério encontra-se nos peg-
cristais de feldspato alcalino e biotita. Fluorita é matitos com topázio e berilio, corpos de grei-
o acessório mais abundante, além de allanita e sen com quartzo, mica litinífera e topázio, to-
zircão. pázio-protolitiolita-albita riolitos com cassite-
Os minerais máficos do tipo augita e/ rita e veios de quartzo com cassiterita, wol-
ou hornblenda são comuns nos sienitos e framita, berílio e sulfetos de Cu-Pb-Zn e Fe.
microssienitos, enquanto a biotita e anfibólio Dentre as principais minas destaca-se a de
sódico estão presentes nos granitos alcali- Oriente Novo em Rondônia e São Francisco
nos. Nos primeiros, os cristais ocelares de em Mato Grosso, onde a associação Sn-W
quartzo encontram-se manteados por piro- está hospedada em greisen, na forma de sto-
xênios e/ou anfibólios. Fluorita, zircão, alla- ckwork e vênulas de quartzo. Nas minas de
nita e opacos são os acessórios principais. Caritianas, Santa Bárbara e Massangana, a
Os dois grupos de granitos exibem mineralização de Sn está associada a corpos
um padrão geoquímico distinto. Os tipos su- de greisen juntamente com zircão, fluorita,
balcalinos são metaluminosos a levemente topázio, zinwaldita e galena. No depósito de
peraluminosos, com características similares Bom Futuro, a mineralização de Sn-W hos-
aos granitos do tipo A. peda-se em quartzo-zinwaldita-topázio grei-
Três maciços graníticos subalcalinos sen e veios/vênulas de quartzo, associada a
e um alcalino foram datados pelo método U- fluorita, esfalerita, calcopirita, pirita e galena.
Pb em zircão. O biotita sienogranito do ma-
ciço Pedra Branca tem uma idade de 998 ± NP1γ g - Suíte Intrusiva Guapé
5 Ma. O biotita-hornblenda-ortoclásio grani- ASR
to do maciço São Carlos possui idade de 995
± 73 Ma, enquanto que o piroxênio-anfibó- Barros et al. (1982) utilizaram o ter-
lio-ortoclásio sienito do mesmo maciço, mas mo Suíte Intrusiva Guapé para designar um
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
gioclásio, quartzo, biotita, muscovita e gra- tropia de origem cataclástica, evidenciada pela
nada. A presença de pegmatitos em volume orientação sub-verticalizada e estiramento de
considerável recortando esses granitos, cristais de quartzo e feldspatos (microclínio e/
sugerem uma profundidade de colocação ou plagioclásio).
bastante rasa para os mesmos. Fácies Biotita Monzogranito (C) a
Babinski et al.(2001) apresentaram um mais antiga, ocorre na porção sul do maciço e
conjunto de dados isotópicos e geocrono- é representada por rochas isotrópicas de com-
lógicos (U-Pb, Sm-Nd e Pb-Pb) que indicam posição monzogranítica, ineqüigranulares, leu-
uma idade de cristalização do granito em tor- cocráticas, de coloração avermelhada, macros-
no de 930Ma., mais jovem, portanto, que a copicamente rica em ripas de biotita, apresen-
deformação dos metassedimentos do Grupo tando quantidade de máficos superior àquela
Aguapeí. Ruiz (2003) utilizando-se o método observada nas fácies norte e central. São ro-
U-Pb em zircão, obteve idade de 912 ± 15 Ma. chas constituídas essencialmente por microclí-
nio, plagioclásio e quartzo, além de biotita e a
NP1γ s - Granito Sararé muscovita. As plaquetas de muscovita, apesar
ASR de freqüentes, não são tão abundantes como
na Fácies Muscovita Monzogranito (B).
Araújo Ruiz (2003) e Araújo Ruiz et al. Em função da escala deste trabalho,
(2003b) individualizaram o Maciço Sararé ca- estas fácies não puderam ser cartografadas.
racterizando-o como um leucogranito róseo,
maciço, de composição monzogranítica, hos- NP1γγgn - Ortognaisses do Oeste de Goiás
pedado em ortognaisses e rochas metasse- PSER
dimentares.
Segundo esses autores, trata-se de um Esses terrenos são constituídos por
corpo granítico de forma elíptica, disposto se- gnaisses granitóides neoproterozóicos (Pi-
gundo o “trend” regional de direção NNW, com mentel e Fuck, 1992) anteriormente atribuí-
uma área de exposição ao redor de 80 km2. Con- dos ao Complexo Basal (Almeida, 1968; Ia-
forma um relevo de suaves morros do tipo “meia nhez, 1983; Pena et al., 1975).
laranja”, com notáveis afloramentos sob a forma Estas rochas estão associadas a evo-
de lajedos e matacões isolados. O mapeamento lução do Arco Magmático de Goiás e distri-
faciológico do maciço granítico permitiu-lhes de- buem-se por mais de 300 km, desde o sudo-
finir de três fácies, descritas a seguir. este de Goiás (região de Arenópolis-Piranhas)
Fácies Monzogranito (A) a mais jo- até a região de Mara Rosa-Porangatu, sepa-
vem, constitui intrusões localizadas e circuns- radas em dois segmentos pelos Terrenos
critas, compreendendo duas ocorrências iso- Granito-greenstone Arqueanos e seguindo
ladas sob a forma de plugs graníticos: a pri- em direção NE, adentrando o Estado do To-
meira, aflorante no extremo norte da área de cantins. No Estado de Mato Grosso ocor-
ocorrência desta unidade;e a segunda ocor- rem de forma restrita na porção sudeste, ca-
rência, mais restrita, apresenta-se como pe- peados pelos sedimentos quaternários da
quenos corpos intrusivos, de menor expres- Formação Araguaia.
são, constituindo diques aplíticos tardios nas Na porção sudoeste de Goiás, estes
demais fácies do maciço. São rochas leuco- gnaisses foram particularmente bem estuda-
cráticas, de cor rósea a avermelhada, isotrópi- dos nas proximidades de Bom Jardim de Goi-
cas, inequi-equigranulares a localmente porfi- ás (Seer, 1985) Arenópolis-Piranhas (Faria et
rítica do tipo serial, microporfirítica a granofíri- al., 1975; Pimentel, 1985; Pimentel et al., 1985,
ca. A feição mais comum desta fácies é o cará- 1991; Pimentel e Fuck, 1986, 1987) e Jaupa-
ter inequigranular e a granulação média. ci-Iporá (Amaro, 1989; Danni e Campos, 1994;
Fácies Muscovita Monzogranito (B) Franco et al., 1994; Pimentel, 1995). São rochas
é a mais abundante, distribuindo-se por toda de coloração cinza, granulação média a gros-
porção norte-central do corpo como mata- sa, composição tonalítica a granodiorítica, com
cões, lajedos e suaves morros subarredonda- encaves máficos deformados. Foram obtidos
dos do tipo “meia laranja”. São rochas leuco- os seguintes dados geocronológicos e isotó-
cráticas, róseas, inequigranulares média, ricas picos: gnaisses Arenópolis (899 ± 7 Ma., U-Pb,
em muscovita. Exibe estrutura isotrópica, po- Ri 0.7042, TDM 1,0-2,0, åNd(t) + 1,9 ± 3,2); gnais-
dendo localmente, mostrar uma fraca aniso- ses Matrinxã (895 Ma., Rb-Sr, Ri 0,7026, TDM 0,9
96
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
åNd(t) + 6) e gnaisses Sanclerlândia (950 Ma., tares do Grupo Cuiabá sugerindo contem-
Rb-Sr, Ri 0,7025, TDM 0,9-1,0, åNd(t) + 4,0 ± 6,0). poraneidade na geração da Seqüência Vul-
Isotopicamente são muito primitivos, canossedimentar Nova Xavantina e do Gru-
com baixas razões Sr87/Sr86, iniciais (Ca 0,703) po Cuiabá. Interpreta que a origem estaria
e idade modelo de Nd, mais jovem que ca 1,1 associada a ambiente marinho, possivel-
Ga. Datado pelo método U/Pb em zircão, o mente do tipo back-arc.
gnaisse tonalítico da região de Mara Rosa, for-
neceu idade 856 ± 13 Ma. (Pimentel et al., 1997). Grupo Cuiabá
WAF/MCA/CRV
NPnx - Unidade Metavulcanossedimentar
Nova Xavantina O Grupo Cuiabá constitui uma se-
WAF/MCA/CRV qüência de metassedimentos dobrados que
integra a unidade tectônica denominada de
Esta unidade foi desmembrada do Gru- Faixa Paraguai, cujo desenvolvimento está
po Cuiabá, individualizada e nominada por Pi- relacionado ao ciclo Pan-Africano/Brasiliano
nho (1990) como Seqüência Metavulcanosse- (1.000-500Ma.). As primeiras referências so-
dimentar Nova Xavantina, na localidade conhe- bre essas rochas devem-se a Evans (1894)
cida como Garimpo do Araés, à margem es- que denominou de Cuiabá Slates as ardósi-
querda do rio das Mortes, cerca de 25 km a oeste as com clivagens e deformações bem acen-
da cidade de Nova Xavantina-MT. Situa-se no tuadas aflorantes no Rio Paraguai, próximo
extremo leste da Faixa Paraguai, sotoposta ao a São Luiz de Cáceres (Vila Maria) em dire-
Grupo Cuiabá, caracterizando uma fase embri- ção norte-nordeste, a leste de Diamantino e
onária de abertura de fundo oceânico na Faixa oeste das águas superiores do rio Cuiabá,
Paraguai. Estado de Mato Grosso.
Martinelli et al. (1997) descreveram nes- Oliveira & Leonardos (1943) utilizaram
sa região formações ferríferas bandadas e cal- o termo Série Cuiabá ao caracterizar os fili-
co-filitos, associados a lentes de vulcânicas tos ardosianos e conglomerados xistosos su-
félsicas, intermediárias e máficas (basaltos bordinados, aflorantes nos arredores de Cui-
magnesianos, metatufos máficos, dacitos en- abá, denominação esta incorporada por Oli-
tre outros) transformadas em verdadeiros xis- veira & Moura (1944); Almeida (1948b; 1954;
tos verdes, além de filitos grafitosos, metacherts 1964; 1965) e Vieira (1965a).
ferruginosos, metacherts quartzosos, quartzo Luz et al. (1980) subdividiram o Gru-
sericita filitos, metargilitos, metassiltitos e quart- po Cuiabá, na Baixada Cuiabana, em nove
zitos. Martinelli (1998) propõe para a área do subunidades lito-estratigráficas, denominan-
Garimpo do Araés uma coluna estratigráfica do-as informalmente de 1, 2, 3, 4; 5, 6, 7, 8 e
compreendendo rochas clásticas psamíticas uma indivisa, as quais foram estendidas neste
e pelíticas; rochas químicas silicáticas, carbo- estudo para toda a área de ocorrência deste
náticas e ferríferas e rochas metavulcânicas grupo na Faixa Paraguai.
intermediárias e básicas.
Martinelli e Batista (2003) renomearam a NPcu1 - Subunidade 1 - filitos sericíticos,
Seqüência Metavulcanossedimentar Nova Xa- com intercalações de filitos e metarenitos,
vantina de Pinho (1990) de Seqüência Metavul- algo grafitosos;
canossedimentar dos Araés, constituída da base
para o topo por três associações litológicas: NPcu2 - Subunidade 2 - metarenitos arco-
Associação Metavulcânica (unidade inferior – seanos, metarcóseos e filitos grASFitosos,
metabasalto e metatufo; e unidade superior – com intercalações de metarenitos e lentes de
xistos, metandesito e lapili-tufo) Associação Quí- mármores calcíferos. Os filitos grASFitosos
mica (formações ferríferas bandadas, filitos car- mostram acamadamento com preservação
bonáticos e metacherts) e Associação Clástica de estruturas sedimentares sob a forma de
(metassiltitos, metargilitos e quartzitos). lentes estiradas isoladas (wavy) ou conecta-
A seqüência ocorre balizada por fa- das (linsen) de arenito muito fino;
lhas transcorrentes dextrais, de direção Ncu3 - Subunidade 3 - filitos, filitos conglo-
ENE, subparalelas à Zona de Cisalhamento meráticos, metaconglomerados, metarcóse-
do Araés. Pinho (1990) identifica contato os, metarenitos, quartzitos, com lentes de fi-
gradacional com as rochas metassedimen- litos e mármores calcíferos, além de níveis de
97
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
cas nas rochas desse Grupo. No entanto, Al- po Alto Paraguai o contato é por discordân-
varenga (1999) atribuiu-lhe uma deposição cia erosiva e por falha inversa, na borda leste
provável durante o período glacial Varangiano da serra do Tombador.
(670-630 Ma.). Alvarenga (1990) propõe uma idade en-
tre 670 a 630Ma. (período glacial Varangiano)
O Grupo Cuiabá apresenta potencial
para a Formação Bauxi, uma vez que diversos
para depósitos auríferos associados a veios
autores (Almeida, 1964a,b, 1965, 1974; Alva-
de quartzo em zonas de cisalhamento. Três
renga 1985, 1988; Alvarenga e Trompette 1988)
já foram definidas, além de dezenas de pe-
admitem uma deposição contemporânea en-
quenos depósitos. Encerra ainda potencial
tre as formações Puga e Bauxi e o Grupo Cui-
para a produção de brita (calcário/metareni-
abá. O conjunto de estruturas sedimentares,
to) pó corretivo de solos e cal.
geometria e relações de contato, observados
nesta formação, indicam uma deposição su-
NPbx – Formação Bauxi baquosa, na forma de barras de desemboca-
WAF/MCA/CRV dura em sistema deltaico, com retrabalhamen-
to episódico por ação de ondas normais e de
Definida por Vieira (1965) na porção tempestades.
norte da serra das Araras, próxima ao povoa-
do de Bauxi. Figueiredo et al. (1974) subdividi- NPpu - Formação Puga
ram-na em dois membros: O Inferior compre- WAF/MCA/CRV
ende uma seqüência de metassiltitos, metargi-
litos e folhelhos, finamente estratificados, me- Essa formação foi descrita por Maciel
tarcóseos e metagrauvacas; O superior cons- (1959) no Morro do Puga, margem direita do
titui-se de metarenitos ortoquartzíticos, com Rio Paraguai, 6 km a sudoeste de Porto Es-
níveis conglomeráticos. São descritas tam- perança, município de Corumbá-MS. Ocor-
bém camadas de arenito muito fino e siltito re também nas serras das Araras, Tombador,
de cores esverdeadas, camadas de arcóseo Padre Inácio, no Alto do Rio Santíssimo, no
médio a grosso, lenticulares, amalgamadas córrego Figueirinha e na borda oeste da ser-
entre si. Identifica ainda, laminação cruzada ra da Bodoquena (Vieira, 1965; Figueiredo
acompanhando a geometria das camadas, et al., 1974; Corrêa et al., 1976).
paleocorrentes e laminação ondulada e es- Figueiredo et al. (1974) posicionam
tratificação cruzada hummocky em pelito cin- essa formação como a unidade basal do Gru-
za-claro intercalado a arenito fino. po Alto Paraguai. Alvarenga (1988, 1990)
Os litótipos da Formação Bauxi ocor- chamou-a de Unidade Média, Turbidítica
rem em estreitas faixas de direção NW-SE, Glaciogênica, situando-a na porção inferior
com espessura média de cerca de 1.200 da zona externa da Faixa Paraguai, na sua
metros, localizadas na serra Rio Branco, a fácies Proximal. Excluiu-a do Grupo Alto Pa-
noroeste de Cáceres. Segundo Ribeiro Filho raguai, posicionamento este já consagrado
et al. (1975) essa unidade apresenta fraco e reconhecido. Neste trabalho adotou-se a
metamorfismo, mostrando dobras amplas e proposta de Alvarenga (1988, 1990).
abertas e estruturas sedimentares como es- Constitui-se de camadas de diamicti-
tratificação plano-paralela, cruzada e marcas to associadas a paraconglomerado, arenito,
de onda. Alvarenga (1992) a considera como siltito e folhelho. Os paraconglomerados con-
uma variação lateral de fácies do metacon- têm blocos e seixos de quartzitos, calcários,
glomerado Puga. gnaisses, anfibolitos, granitos e riodacitos, dis-
Figueiredo et al. (1974) descreveram persos caoticamente na matriz (Ribeiro Filho
contatos inferiores por discordância angular et al., 1975). Na BR-070, próximo a Cáceres,
com as rochas da Unidade Aguapeí e do descreve-a como constituída por metadiamic-
Complexo Basal, na serra do Roncador e na titos com matriz síltica a arenosa fina, contendo
borda ocidental da serra do Padre Inácio, clastos desde a fração areia grossa até blocos
respectivamente e, por falha com as rochas de rochas ígneas e metamórficas. Chama a
da Formação Diamantino, na serra das Ara- atenção para a presença de seixos com forma-
ras. O contato com o Grupo Cuiabá acha-se to triangular, correspondendo às descrições de
em discordância angular (Ribeiro Filho et al., seixos facetados originados de processos de
1975) e por falha (Vieira, 1965). Com o Gru- abrasão glacial no fundo de geleiras. Afirma
99
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
ainda que a composição e textura desses sei- da base para o topo, pelas formações Bauxi,
xos nada diferem dos metaparaconglomera- Puga, Araras, Raizama e Diamantino. Almei-
dos atribuídos às Unidades IV, VI e VII do Gru- da et al. (1981a) admitiram-no compreenden-
po Cuiabá. do apenas as formações Raizama e Diaman-
As relações de contato com o Grupo tino. Dell‘Arco et al. (1982) deduziram que
Cuiabá e as formações Bauxi e Diamantino apesar das semelhanças, os grupos Alto Pa-
acham-se tanto por falhas como em discor- raguai e Corumbá deveriam ser considera-
dâncias angular e erosiva (Barros et al., 1974; dos separadamente. Almeida (1968) Alvaren-
Ribeiro Filho et al., 1975). Nogueira & Oliveira, ga (1988 e 1990) e Alvarenga e Trompette
(1978) constataram que essa formação, em (1992) desvincularam a formação Puga do
Mato Grosso do Sul, encontra-se sotoposta Grupo Alto Paraguai, que passou então a
aos sedimentos das formações Cerradinho e constituir-se pelas formações Araras, Raizama
Bocaina, em contato aparentemente grada- e Diamantino, entendimento este adotado nes-
cional e/ou por falhamentos inversos. se trabalho.
Alvarenga e Trompette (1992) apre-
sentaram um modelo de sedimentação para NP3ar - Formação Araras
a Formação Puga, nas regiões de Cáceres, WAF
Cuiabá e Província Serrana, onde os sedi-
mentos glaciomarinhos plataformais foram A designação de Araras Limestones
parcialmente retrabalhados por fluxos de gra- deveu-se a Evans (1894) quando descreveu
vidade na borda do Cráton Amazônico. Este rochas calcárias na borda norte da serra das
mecanismo resultou na acumulação de se- Araras, na localidade de Araras, hoje Bauxi,
dimentos dow slope (conglomerado, areni- na estrada Jangada-Barra do Bugres. Almei-
tos e diamictitos) interpretados como um sis- da (1964) definiu e posicionou estratigrafica-
tema de canal submarino. mente essas rochas, denominando-as de
A idade de deposição dos sedimen- Grupo Araras, constituído por um pacote
tos da Formação Puga é atribuída à última gla- pelítico-carbonático, na base e outro dolo-
ciação do Proterozóico Superior, relacionados mítico, no topo. Hennies (1966) adotou a pro-
à glaciação Varanger, entre 670 a 630Ma. (Al- posição de Almeida (1964) no entanto dividin-
varenga, 1990; Alvarenga e Trompette, 1992). do o Grupo nas formações Guia (inferior) e
Nobres (superior). A primeira constituída por
Grupo Alto Paraguai uma seqüencia pelito-carbonática e a segun-
WAF da representada por dolomitos. Guimarães &
Almeida (1972) preferiram considerar o Gru-
Ocorre na região centro-sul do Esta- po Araras indivisível, descrevendo-o, da base
do de Mato Grosso, conformando a unida- para o topo, compreendendo pelitos margo-
de geomorfológica reconhecida como Pro- sos, calcários calcíticos e dolomíticos.
víncia Serrana (Almeida, 1964) configuran- Figueiredo et al. (1974) nominaram-
do uma faixa em forma de arco de aproxi- na de Formação Araras, dividindo-a em três
madamente 350Km x 30km, de direção su- níveis distintos: basal (margas conglomeráti-
doeste/nordeste, situada na zona externa da cas e calcários); médio (dolomíticos e inter-
Faixa Paraguai. calações de calcários calcíticos) e superior
Foi primeiramente definida por Almei- (dolomitos com nódulos de silex e lentes de
da (1984) para caracterizar uma seqüência arenitos finos). Ribeiro Filho et al. (1975) e
sedimentar constituída pelas Formações Rai- Olivatti & Ribeiro Filho (1976) concordaram
zama (arenitos) Sepotuba (folhelhos) e Dia- com a proposta de Figueiredo et al. (1974).
mantino (arcóseos) nas cercanias da cidade Luz et al. (1978 e 1980) mantiveram a
de Alto Paraguai-MT. Figueiredo et al. (1974) definição de Figueiredo et al. (1974) todavia,
e Figueiredo e Olivatti (1974) mantiveram a amparados em características litológicas,
designação de Grupo Alto Paraguai, no en- subdividiram-na em dois membros, informal-
tanto redefiniram-no, anexando-lhe as forma- mente nominados de Membro Superior e
ções Puga e Araras. Não reconheceram a for- Membro Superior.
mação Sepotuba, incluindo-a como uma fá- NP3ari - Membro Inferior - Margas com sei-
cies da Formação Diamantino. Barros e Si- xos e/ou conglomerados com matriz margo-
mões (1980) definiram-no como constituído, sa, na base, passando a calcários margosos
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
com intercalações de siltitos, argilitos calcífe- niu-a como Formação Raizama, situando-a
ros e calcários calcíticos e dolomíticos, no topo na base do Grupo Alto Paraguai.
NP3ars - Membro Superior - Dolomitos com Constitui-se de arenitos ortoquartzíti-
intercalações subordinadas de arenitos, silti- cos brancos, médios a grossos, com níveis
tos e argilitos calcíferos com níveis de silex e conglomeráticos, passando a arenitos felds-
concreções silicosas.. páticos e arcoseanos de cores branca, ró-
Dardenne (1980) definiu esta forma- sea e violácea, granulometria média, subma-
ção como constituída por calcários na por- turos, com estratificações plano-paralela e
ção basal e dolomitos na porção superior. cruzada, marcas de onda e finas intercala-
Barros et al. (1982) admitiram a validade da ções de folhelhos e siltitos (Figueiredo et al.,
conceituação de Luz et al. (1978) todavia 1974; Ribeiro Filho et al., 1975). Na região de
consideraram–na como um pacote único. Nova Brasilândia/Planalto da Serra aparece
O contato inferior com a Formação como camadas dobradas de folhelhos com
Puga e o superior com a Formação Raizama laminação plano-paralela e intercalações de
é gradacional. São registrados contatos tec- lâminas e camadas de arenito muito fino a
tônicos através de falhas de empurrão e in- médio. Na BR-163, na Serra do Tombador,
versas com as Formações Bauxi e Puga (Luz mostra camadas lenticulares alongadas de
et al., 1980). quartzo-arenito a subarcóseos médios a
Almeida (1964) admite deposição em grossos, por vezes caolínico, com estratifica-
um ambiente predominantemente nerítico, ção cruzada tangencial e marcas onduladas
de águas rasas. assimétricas, no topo. Na BR-070 surge como
Segundo Luz et al. (1980) esta forma- camadas de arenito, separadas por drapes
ção teria se depositado em ambiente neríti- de pelito, com estruturas “em chama” na
co de águas rasas e calmas. Dardenne base. Detecta ainda a presença de intraclas-
(1980) atribuiu-lhe um ambiente marinho tos pelíticos, depósitos de preenchimento de
raso, sendo que os calcários representariam canal, estratificações onduladas e indicação
a fácies sublitorânea e os dolomitos a litorâ- de paleocorrente para NW.
nea. Barros et al. (1982) admitem uma depo- Os contatos inferior e superior com as
sição em ambiente marinho raso, de águas formações Araras e Diamantino, respectivamen-
calmas, tipo plataformal. Concluem que a fá- te, é gradacional. Contatos por falha são regis-
cies carbonáticas que marca o final da in- trados nas serras do Tombador, Azul e Doura-
fluência glacial na bacia, pode ser conside- da, com as formações Puga e Bauxi e o Grupo
rada como uma unidade cronoestratigráfi- Cuiabá. Acha-se também recoberta pelos se-
ca relacionada a um período de relativa ele- dimentos da Formação Pantanal (Ribeiro Fi-
vação do nível do mar. lho et al., 1975).
Apesar da ausência de dados isotó- Os litótipos dessa formação foram afe-
picos, estima-se uma idade de cerca de 600 tados pelo último evento tectônico registra-
Ma. para a deposição da Formação Araras do na região (550 a 500Ma.) resultante de
(Alvarenga, 1990; Rodrigues et al., 1994). esforços compressivos de sudeste para no-
As rochas calcárias/dolomíticas da roeste, condicionando o desenvolvimento de
Formação Araras vêm sendo explotadas por extensos braquianticlinais e braquissinclinais
mais de duas dezenas de empresas na pro- de direção NE-SW e dobras com vergência
dução de corretivo de solos, brita e cal, e uma para NW.
empresa na produção de cimento. Uma ou- Figueiredo et al. (1974) propõem uma
tra fábrica de cimento encontra-se em fase deposição marinha nerítica na base, gradan-
de implantação do a continental no topo. Segundo esses au-
tores, a presença de arenitos ortoquartzíticos
NP3ra - Formação Raizama sinaliza ambiente epinerítico que, associado
WAF à ocorrência de feldspatos no topo, indicaria
uma mudança gradativa para ambiente con-
Coube a Evans (1894) a denomina- tinental. Conseqüentemente, a sedimentação
ção de Rizama Sandstone, referenciando o estaria associada a uma regressão marinha.
povoado de Raizama, ao descrever os areni- As camadas tabulares de arenito são indica-
tos feldspáticos, na Serra do Tombador, Es- tivas de deposição por correntes de turbidez,
tado de Mato Grosso. Almeida (1964) defi- enquanto que as intercalações de siltito e are-
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
nito muito fino, sob a forma de fina lamina- tratificações cruzadas de pequeno porte e bai-
ção, representa a dispersão da fração areia xo ângulo (Barros et al., 1982).
sobre fundo lamoso. A geometria e estrutu- No entorno da cidade de Diamanti-
ras sedimentares dos arenitos, indicam de- no, é constituída por uma seqüência de are-
posição em um contexto litorâneo, sugerin- nitos arcoseanos avermelhados, localmente
do como hipótese, um ambiente estuarino com intercalações de argilitos e siltitos. As ca-
ou planície de marés arenosa sujeita à ação madas de arenito mostram formatos sigmoi-
eventual de ondas. dais e estruturas primárias de marcas de
Alvarenga (1990) posicionou-a no Cam- onda no topo, com cristas orientadas segun-
briano Inferior ou Vendiano Superior (630-570 do a direção N65E, paleocorrente 20/235,
Ma.) compatível com os registros de icnofós- com variações locais para N80W e estratifi-
seis Planolites-Paleophycus e Cochlichnus do cações cruzadas de pequeno porte tangen-
início do Vendiano (Zaine e Fairchild, 1996). ciais de baixo ângulo. Os arenitos são cons-
tituídos por quartzo, feldspato alterado e pa-
NP3di - Formação Diamantino lhetas de mica, cimentados por sílica ou car-
WAF bonato e óxido de ferro e com granulome-
tria variando de fina a média. Na porção in-
Deve-se a Almeida (1964a) a denomi- termediária da seqüência, ocorrem níveis de
nação de Formação Diamantino, referindo- arenitos maciços, mais silicificados.
se aos arcóseos que ocorrem nas bordas do O contato inferior com a Formação Rai-
Planalto dos Parecis, entre as cidades de Di- zama é gradacional. Encontra-se encoberta
amantino (Morro Vermelho) e Arenápolis, em em discordância angular e erosiva pelos sedi-
contato gradacional com os folhelhos da For- mentos do Grupo Paraná, Formação Panta-
mação Sepotuba. Vieira (1965) definiu a se- nal, Cobertura Detrítica-Laterítica e Depósitos
ção-tipo dessa unidade, unificando as forma- Aluvionares. Contatos térmicos são registra-
ções Sepotuba e Diamantino, definidas por dos com as rochas basálticas da Formação
Almeida (1964, 1964a). Figueiredo et al. Tapirapuã (Arenápolis) e kimberlíticas do Cre-
(1974) interpretaram as exposições do Folhe- táceo. São freqüentes contatos por falhas com
lho Sepotuba, nas regiões dos rios Juba e o Grupo Cuiabá e com as formações Puga,
Tarumã, como lentes situadas na porção Araras e Raizama (Ribeiro Filho et al., 1975).
basal dos siltitos Diamantino, propondo con- Vieira (1965b) e Figueiredo et al.
siderá-las como uma fácies (Fácies Sepotu- (1974) admitem um ambiente de sedimenta-
ba) da Formação Diamantino, que é uma ção continental de clima quente. Hennies
seqüência que se inicia por um espesso pa- (1966) sugere a presença de ambiente mari-
cote de folhelhos e siltitos, micáceos, fina- nho associado a continental. Barros et al.
mente laminados, compondo quase a totali- (1982) advogam a presença de um ambien-
dade do pacote. Na porção basal é comum te de águas rasas, provavelmente marinho
a presença de lutitos e arenitos arcoseanos. sublitorâneo.
Esses autores, seguidos por Ribeiro Neste projeto propõe-se uma sedi-
Filho et al.(1975) descrevem-na como cons- mentação em ambiente deposicional deltai-
tituída por arcóseos finos, siltitos e folhelhos, co, constituindo os arenitos depósitos de bar-
vermelhos e marrons, finamente interestrati- ras de desembocadura.
ficados e com estratificações cruzadas centi- Dados geocronológicos Rb-Sr apre-
métricas. Na região de Diamantino, admitem sentaram idades variando entre 547 a 660
que os níveis de arcóseos finos a médios tor- Ma., interpretadas como idade de sedimen-
nam-se mais espessos e os siltitos e folhelhos, tação da Formação Diamantino (Cordani et
configuram-se subordinadamente. al., 1978; Bonhomme et al., 1982 e Cordani
Litologicamente, em sua seção basal, et al., 1985).
constitui-se de freqüentes intercalações de fo-
lhelhos, siltitos arcoseanos e arcóseos, em vá- NPu – Grupo Jacadigo - Formação Urucum
rios ciclos sucessivos, conformando camadas EGM
com espessuras variadas. Os pelitos normal-
mente mostram-se com estratos plano-para- Definida por Lisboa (1909) como “Bré-
lelos, inclinados suavemente para NW. Exibem cia do Urucum”, sua seção–tipo encontra-se
estruturas primárias tipo marcas de onda e es- na Morraria do Urucum, a sul da cidade de
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
de 503 Ma., relacionando-a a reativação mag- porfiríticas com matriz muito fina ou simplesmen-
mática que origina rochas extrusivas (riolíti- te afaníticas. Apresentam fraturamento regular
cas e riodacíticas) através de falhas cônicas característico das vulcânicas ácidas, no caso,
na câmara e abóboda do corpo. Segundo assumindo as direções NE e NW com mergu-
esses autores, a intrusão seria de caráter di- lhos verticalizados.
apírico e sua idade relacionada ao primeiro São classificadas como dacito, rioda-
tectonismo que provocou o metamorfismo cito e riolito. Os dacitos apresentam colora-
regional nas rochas do Grupo Cuiabá. ção esverdeada, pórfiras de matriz fina. São
Del’Arco, et al. (1982) descreveram- constituídas por plagioclásio, feldspato alcali-
no microscopicamente como um conjunto nos, quartzo, hornblenda, biotita, clorita e aces-
heterogranular, textura xenomórfica a hipoauto- sórios. Já os riodacitos exibem coloração cinza,
mórfica, granulação fina a grossa, suavemente textura fina e afanítica incluindo fenocristais de
orientado, com registros de processos hidroter- feldspatos. Os riolitos são de coloração cinza a
mais e metassomáticos bem definidos. Minera- negra, porfiróides, as vezes, com cristais grossei-
logicamente constitui-se por microclínio, quart- ros de feldspato e quartzo imersos em matriz fina
zo e plagioclásio e, secundariamente biotita e felsítica. Esses tipos petrográficos não apresen-
muscovita, além de grãos geralmente anédricos tam limites definidos entre si, mas ao contrário
de opacos, titanita, epidoto, zircão, fluorita e apa- gradam naturalmente de um tipo ao outro.
tita como acessórios, enquanto carbonato, clo- Análises geocronológicas Rb-Sr rea-
rita e saussurita como produtos secundários. lizadas por Del’Arco et al. (1982) revelaram
Dados isotópicos K-Ar e Rb-Sr apresen- valores de 480 Ma., o que comprova uma re-
tam idades entre 483 a 504Ma.(Amaral, 1966; lação, pelo menos temporal, com os grani-
Hassui e Almeida, 1970; Almeida e Montovani, tos São Vicente, que apresentam idades K-
1975; Cordani e Tassinari, 1979b; Del’Arco et al., Ar e Rb-Sr similares.
1982). Pinho (2001) através de datação U-Pb
em zircão, encontrou idade de 504 ± 05 Ma. BACIA DO PARANÁ
Economicamente, sem regularidade,
tem sido explotada para obtenção de brita e, O3S1rv - Grupo Rio Ivaí
secundariamente, como rocha ornamental. RCL
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
hummocky, que nas proximidades da cidade Nas regiões centro-sul e leste, sobre-
de Jaciara compõem uma segunda cuesta põe-se à Formação Furnas por contato gra-
na escarpa da bacia, após a faixa de aflora- dual e concordante e é sobreposta pela For-
mento do Grupo Rio Ivaí. Seu contato inferi- mação Aquidauana por discordância erosiva
or é uma superfície erosiva sobre unidades e também pela Cobertura Detrito-laterítica e por
mais antigas e o superior é transicional para aluviões recentes. Por vezes, o contato tanto
os folhelhos da Formação Ponta Grossa. Sua com a Formação Furnas como com a Forma-
deposição é interpretada como de leques cos- ção Aquidauana é por falha normal.
teiros e braided deltas e em ambiente mari- É considerada de idade Devoniana por
nho raso, entre o nível de ação das ondas seu conteúdo fossilífero (macro e microscópico).
normais e do nível de ação das ondas de tem- Trilobitas, braquiópodos e tentaculites constitu-
pestades, postulando ainda a ação de corren- em o conjunto de macrofósseis, enquanto que
tes de marés (Assine, 1996). Rica em icnofós- os microfósseis estão representados principal-
seis nas fácies arenosas, sua idade ordovicia- mente por acritarcas e quitinozoários. Para o Mb.
na inferior é balizada pela Formação Ponta Tibagi, Assine (1996) destaca a presença de bra-
Grossa (Ordoviciano Inferior a Superior). quiópodos do gênero Australospirifer. Sanford e
Lange (1960) e mais recentemente Zalán et al.
Dpg – Grupo Paraná - Formação Ponta (1990) indicam os folhelhos desta unidade como
Grossa geradores de hidrocarbonetos e gás.
WAF/RCL Os tipos de fósseis, as estratificações
cruzadas planas e acanaladas e os níveis su-
Definida por Oliveira, (1912) tendo bordinados de siltitos e arenitos finos com ra-
como área tipo os arredores de Ponta Gros- ras marcas onduladas, mostram que esta for-
sa, Estado do Paraná. Constituída por folhe- mação depositou-se em ambiente marinho de
lhos marinhos de cor cinza e intercalações águas rasas, com fluxos de alta energia e ele-
de arenitos finos depositados sob a ação de vada taxa de deposição, ocorrendo no topo
ondas em uma plataforma rasa, a Formação do pacote um episódio regressivo.
Ponta Grossa atinge espessura máxima de A potencialidade mineral restringe-se
654m no poço 2-AP-1-PR e é interpretada por à utilização dos argilitos e siltitos na fabrica-
Assine et al. (1994) como o resultado do afo- ção de cerâmica.
gamento dos depósitos litorâneos da Forma-
ção. Furnas por um evento transgressivo de C2P1a - Formação Aquidauana
idade devoniana média. A presença de um WAF/RCL
episódio regressivo intercalado é marcada pela
variação faciológica (Lange e Petri, 1967) re- Definida por Lisboa, (1909) sua seção
presentada por uma seção intermediária are- tipo situa-se no vale do Rio Aquidauana, Esta-
nosa (Membro Tibagi) que separa uma seção do de Mato Grosso do Sul, no trecho cortado
dominantemente pelítica basal (Membro Ja- pela Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. fo-
guariaíva) de uma pelítica superior (Membro lhelhos que se aprofunda mais para o sul. Em
São Domingos). Este evento progradacional Mato Grosso aflora nas regiões leste e sudeste.
teve como causa reativações tectônicas nas Schneider et al. (1974) propõem uma
áreas-fonte situadas a leste e nordeste, pro- divisão em três intervalos: o inferior compos-
porcionando a avanço de sistemas deltaicos. to por arenitos vermelhos a róseos, de gra-
No Estado de Mato Grosso, foi mapea- nulação média a grossa, exibindo estratifica-
da nas regiões centro-sul, leste e nordeste, sen- ção cruzada acanalada e com intercalações
do caracterizada por uma seqüência de folhe- de diamictitos, arenitos esbranquiçados e
lhos e siltitos de cores variando de cinza a cin- conglomerado basal; o médio composto por
za-esverdeada na base e apresentando para siltitos, folhelhos e arenitos finos, vermelhos
o topo intercalações de arenitos finos a muito a róseos, laminados, com intercalações de
finos, micáceos, feldspáticos, finamente estra- diamictito e folhelho de cor cinza-esverdea-
tificados de cor branca, marrom ou esverdea- do e o superior acha-se constituído dominan-
da. São freqüentes bioturbações e níveis finos temente por arenitos vermelhos com estrati-
de conglomerado na base. Em geral são ro- ficação cruzada. O contato inferior com o
chas com boa fissilidade, com níveis fossilífe- Grupo Paraná e com o embasamento, se faz
ros nos folhelhos. por discordância angular, enquanto que o
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
superior é marcado por superfícies erosivas. cem uma idade carbonífera superior (Stepha-
Admitem ainda uma espessura máxima de niano) com base em dados palinológicos. Eco-
799m, definida no poço 2-AG-1-MT. nomicamente, apresenta ocorrência de argi-
Na região sudeste do Estado, constitui- las para uso em cerâmica.
se essencialmente de arenitos vermelhos a ro-
xos, friáveis, porosos, compostos principalmente P1p - Formação Palermo
por quartzo, as vezes feldspáticos, com cimen- WAF/RCL
to ferruginoso e escassa matriz arenosa e argi-
losa. As variações litológicas e faciológicas são Foi definida por White,(1906) em Pa-
freqüentes, tanto vertical como lateralmente, lermo, Municipio de Lauro Muller, Estado de
com níveis lenticulares subordinados, conglo- Santa Catarina. Gonçalves. & Scheneider
meráticos, siltosos ou argilosos, com contatos (1970) cartografaram esta unidade nas regi-
bruscos ou gradacionais. São comuns níveis ões leste e sudeste de Mato Grosso.
lenticulares de diamictitos vermelhos, forma- Constitui-se, essencialmente, por se-
dos por uma matriz areno-argilosa que englo- dimentos de granulação fina (siltitos e arenitos
ba clastos de quartzo e arenito e subordinada- finos e muito finos) de cores acinzentadas a
mente de granito, quartzito, gnaisse, micaxisto amareladas. As camadas apresentam geome-
e vulcânicas. bem arredondados e de tama- trias tabular ou lenticular, muito estendidas.
nhos variados. Como regra, distribuem-se em ciclos granocres-
Na Serra da Petrovina observam-se três centes (parasseqüências) que iniciam com pe-
conjuntos litológicos com posição estratigráfi- litos maciços ou laminados, passando superior-
ca definida. mente a siltitos com acamadamentos wavy e lin-
O primeiro, inferior, é formado por areni- sen, e eventualmente arenitos com estratificação
tos vermelho-arroxeados, as vezes esbranquiça- cruzada hummocky, acamadamentos flaser e dra-
dos ou avermelhados, médios a grossos, felds- pe, marcas de ondulação simétrica e assimétrica
páticos, com níveis conglomeráticos e com in- e laminações cruzadas cavalgantes. Estas litolo-
tercalações subordinadas de siltitos e diamictitos gias correspondem à deposição abaixo do nível
finos. Os arenitos mostram estratificação cruza- de ação das ondas de bom tempo, porém
da acanalada, composição quartzosa, com grãos em profundidades influenciadas por ondas
angulosos a subarredondados e por vezes com de tempestade. Existe uma tendência em
cimento ferruginoso. Nos planos de estratifica- considerar a Formação Palermo como repre-
ção podem acumular-se minerais pesados, in- sentando um ambiente marinho raso, com
dicando deposição em fundo de canal. baixa salinidade devido a quase total ausên-
O intermediário é composto por silti- cia de organismos estenohalinos.
tos finamente estratificados, vermelho arro-
xeado ou vermelho-tijolo, e, secundariamen- P2T1pd – Grupo Passa Dois
te, por arenitos arcoseanos, folhelhos cinza RCL
(fossilíferos) e bolsões e lentes de diamictito
vermelhos. Observam-se estratificação plano- O Grupo Passa Dois no Estado de
paralela, marcas de onda e, localmente, estru- Mato Grosso engloba as formações Irati e
turas de sobrecarga como diápiros e dobras Corumbataí, esta última correspondendo na
convolutas. litoestratigrafia da Bacia do Paraná ao interva-
No superior predominam os sedimen- lo sedimentar composto pelas formações Ser-
tos arenosos, vermelho-arroxeados, mais finos ra Alta, Teresina e Rio do Rasto na região cen-
e melhor selecionados do que os do conjunto tro e sul da bacia (Schneider et al., 1974; Gama
inferior. Apresentam estratificação plano-parale- Jr et al., 1982; Milani et al.,1994). Sua cartogra-
la e estratificação cruzada. fia de forma indivisa utilizada neste projeto
O ambiente de deposição, segundo deve-se à escala adotada e a descrição na bi-
Schneider et al. (1974) é continental, consti- bliografia de lentes de calcários da Formação
tuído por depósitos fluviais e lacustres. Sua Irati como base da Formação Corumbataí.
associação lateral, em direção ao sul da ba- Conforme Zalán et al. (1990) a deposição dos
cia, com depósitos glaciais das demais uni- folhelhos e calcários da Formação Irati corres-
dades do Grupo Itararé, sugere a presença de ponde ao máximo de extensão areal da trans-
área glacial próxima à área de sedimentação gressão marinha permiana na Bacia do Para-
desta unidade. Daemon e Quadros estabele- ná, enquanto que a Formação Corumbataí re-
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
datação do impacto pelo método 40Ar/39Ar. Descrito inicialmente por White, (1906)
Duas frações granulométricas de uma amos- sua área tipo é a Serra Geral do Planalto Meri-
tra de material fundido forneceram idades-pla- dional Brasileiro, na estrada entre Lauro Müller
tô de 245.5 ± 3.5Ma. e 243.3 ± 3.0Ma., respec- e São Joaquim, Estado de Santa Catarina.
tivamente, confirmando que o evento de im- Compreende um pacote de rochas vulcânicas,
pacto de Araguainha ocorreu próximo ao limi- formado por um extenso conjunto de derra-
te Permiano-Triássico. mes basálticos e subordinadamente félsicos
que ocorrem em uma grande extensão da
J3K1bt - Formação Botucatu Bacia do Paraná desde a sua borda norte de
WAF/RCL Mato Grosso e Goiás até o Rio Grande do Sul.
Em Mato Grosso ocorre na região sudeste,
Sua área tipo localiza-se na rodovia en- constituindo-se por uma secessão de derra-
tre São Paulo e Botucatu, ao longo da Serra mes vulcânicos, mormente de natureza basál-
de Botucatu, Estado de São Paulo. (Gonzaga tica e, secundariamente, ácida a intermediária.
de Campos, 1889). São basaltos e basaltos andesíticos de filiação
Constituí-se dominantemente por are- toleítica, maciços, cinza-escuro, granulação fina
nitos finos a grossos, coloração avermelhada, a média, as vezes amigdaloidal e muito fratu-
bem arredondados e com alta esfericidade, dis- rados. Disjunções colunares estão presentes
postos em sets e/ou cosets de estratificações indicando derrames mais espessos. Subordi-
cruzadas de grande porte. Os estratos cruza- nadamente, ocorrem riolitos e riodacito, com
dos são compostos na sua porção mais íngre- intercalações de camadas de arenito, litoare-
me por lâminas alternadas de fluxos de grãos e nito e arenito vulcânico.
queda livre de grãos que se interdigitam em di- O magmaatismo Serra Geral teve mai-
reção a base com laminações transladantes ca- or pico entre 137+0,7Ma. e 126,8+2,0Ma. e a
valgantes. Os estratos cruzados da Formação pilha de derrames pode alcançar uma espes-
Botucatu têm sido interpretados como depósi- sura de 2000m (Milane & Tomaz Filho, 2000).
tos residuais de dunas eólicas crescentes e li- Esta unidade é portadora de ocorrên-
neares acumuladas em um extenso mar de areia cias de cobre e ouro, mas sua principal mine-
(sand sea). A ausência de depósitos de interdu- ralização consiste em ágatas e ametistas (RS).
nas úmidos permite interpretar a Formação Bo- Lajes brutas ou beneficiadas são de amplo uso
tucatu como um sistema eólico seco. como piso e no revestimento de edificações,
Ocorre nas regiões centro-sul e leste do além de ser fonte primordial de brita para a
Estado de Mato Grosso e compreendem are- construção civil. Diques e sills de rochas bási-
nitos vermelho-tijolo, friáveis, pouco argilosos, cas geram metamorfismo de contato que tem
caulínicos, feldspáticos, geralmente médios a como resultado o aumento do rank dos car-
finos, grãos bem arredondados a subarredon- vões em algumas áreas próximas à cidade de
dados, esfericidade boa, mal selecionado no Criciúma (SC), bem como propiciam ocorrên-
conjunto e bem selecionado ao longo das ex- cias localizadas de cobre nas formações Irati e
tensas e abundantes lâminas que seguem os Corumbataí. Em Mato Grosso sua utilização
planos de estratificações cruzadas eólicas, fi- econômica restringe-se apenas ao forneci-
namente estratificados plano-paralelamente. Os mento de brita para a construção civil.
grãos de quartzo mostram superfícies foscas e
são envolvidos por uma película ferruginosa. K2b - Grupo Bauru
Esta unidade é fonte de areias quart- RCL
zosas para uso industrial e é explorada para a
obtenção de lajes de uso em piso ou revesti- Embora esta unidade permaneça na
mento e blocos de alicerce na construção ci- categoria de Grupo, seu entendimento foi
vil. Os arenitos desta Unidade constituem-se substancialmente modificado pelos trabalhos
em excelentes aqüíferos explotados em diver- de Fernandes (1992) Fernandes e Coimbra
sos estados brasileiros, fazendo parte do de- (1994) Fernandes (1998) e Fernandes e Coim-
nominado Aqüífero Guarani. bra (2000) com a retirada da Formação Caiuá,
sua redefinição na categoria de Grupo e a in-
K1β sg - Formação Serra Geral clusão da Formação Santo Anastácio. Desta
WAF/RCL/JVL forma, o Grupo Bauru permanece composto
pelas formações Uberaba e Marília, a Forma-
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
ção Adamantina é, na quase totalidade de sua ares, dificultando seu reconhecimento. A pa-
sucessão de camadas, redefinida como For- ragênese principal é plagioclásio + piroxênio
mação Vale do Rio do Peixe, e são definidas as + anfibólio e juntamente com a textura porfirí-
formações Presidente Prudente, São José do tica com matriz intergranular e intersertal são
Rio Preto e Araçatuba. As rochas vulcânicas diagnósticas para rochas da família dos
alcalinas, intercaladas na Formação Vale do Rio basaltos. A composição modal para a amos-
do Peixe (ex. Adamantina) são designadas de tra do Derrame da Raizinha, próximo a Poxo-
Analcimitos Taiúva. Os recursos minerais as- réo, é: plagioclásio An58-52 (60%); clinopiro-
sociados a este grupo são diamantes, calcá- xênios (20%); anfibólio (15%); opacos (3%); flo-
rios, argilas e ouro. gopita (2%); olivina? (< 1%).
O Grupo Bauru na região da Chapa- Depósitos identificados como de na-
da dos Guimarães assenta em discordância tureza piroclástica foram descritos como bre-
erosiva sobre unidades mais antigas e é pas- chas vulcânicas e tufos, podendo ocorrer in-
sível de individualização em quatro unidades teração com a sedimentação siliciclástica de
conforme Weska et al. (1988) Godoy et al. ambiente desértico sob a forma de pavimen-
(2003) e Costa et al. (2003). Todavia não exis- tos contendo bombas vulcânicas ou sedi-
tem mapeamentos cuja cobertura permita mentos nas frações areia e silte englobados
uma compilação e integração com imagens nos derrames.
de sensores remotos de modo que esta divi- A Formação Quilombinho é a unida-
são possa ser representada neste trabalho. de conglomerática basal junto aos aparelhos
Perfis realizados nas regiões da Fazenda vulcânicos, com espessuras da ordem de 30 a
Chafariz, Cachoeira do Bom Jardim, Dom 50 metros (Weska et al., 1988) sendo constituí-
Aquino e Poxoréo permitiram a consolidação da por clastos dominantemente provenientes da
da propriedade da divisão proposta em qua- erosão destes centros vulcânicos, ocorrendo ain-
tro formações: Paredão Grande, Quilombi- da seixos de quartzo e clastos de rochas das
nho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambam- unidades mais antigas. Ocorrem orto e paracon-
be. Entretanto, por questão de escala, ape- glomerados, arenitos e subordinadamente peli-
nas a Paredão Grande foi individualizada tos. As cores são róseas a acinzentadas e as ca-
como Suíte Magmática ficando as restantes madas apresentam geometria lenticular. Os con-
como Bauru Indiviso. glomerados exibem acamadamento gradacio-
L1λpg – Suíte Magmática Paredão nal normal e inverso enquanto nos arenitos são
Grande - É composta por rochas ígneas al- encontrada estratificações cruzada tangencial e
calinas (derrames, diques e rochas vulcano- laminação plano-paralela. O ambiente deposi-
clásticas) recorrentes ao longo do desenvol- cional é interpretado como de leque aluvial e a
vimento da sedimentação. A idade deste deposição sob regime de enxurradas, consti-
magmatismo é de 83,9 + 4 Ma. (Ar-Ar). Aná- tuindo-se de depósitos de fluxo em lençol, bar-
lises petrográficas caracterizaram as rochas ras conglomeráticas e areno-conglomeráticas
componentes dos derrames como apresen- e dunas tipo 3D. As camadas de pelitos exi-
tando textura geral porfirítica ou microporfirí- bem laminação plano-paralela e intercalações
tica, de grão fino com matriz intergranular a de camadas de arenito fino a muito fino com
intersertal. Os fenocristais somam cerca de laminação cruzada cavalgante, indicando
2%, possuem grãos médio a fino (1,5mm a deposição por desaceleração do fluxo e de-
0,70mm) isolados ou glomeroporfiríticos, em cantação em condições de baixa energia, em
geral de plagioclásio subédrico zonado e, su- sítios laterais aos canais fluviais.
bordinadamente, de clinopiroxênio prismáti- Nas áreas laterais aos aparelhos vulcâ-
co ou globular. A matriz é muito fina (tamanho nicos a unidade basal encontrada é a Forma-
inferior a 0,25mm) e em uma amostra pode ser ção Cachoeira do Bom Jardim, constituída
observada uma leve textura de fluxo. A mine- por ortoconglomerado composto por seixos
ralogia da matriz consiste de prismas de plagi- de rochas sedimentares e vulcânicas, com in-
oclásio, glóbulos de clinopiroxênio incolor par- tercalações de lentes de arenito róseo com
cial a totalmente transformado para anfibólio seixos na base e exibindo estratificação cruza-
verde sendo que esta transformação deve ser da tangencial. Sucedendo as camadas basais
tardimagmática, não sendo produto de hidro- ocorrem camadas sigmoidais amalgamadas
termalismo. Ocorre de forma subordinada pi- de arenito médio a grosso, podendo ser con-
roxênio rosado. Alguns cristais ocorrem reliqui- glomerático com seixos de quartzo e arenito
110
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
dispersos, maciços ou com estratificação cru- leques aluviais, representada por depósitos
zada tangencial e camadas lenticulares de are- de canais entrelaçados e de fluxos densos,
nito fino, que passam a predominar em dire- com a presença subordinada de dunas eóli-
ção ao topo da unidade. Na região de Poxo- cas de pequeno porte. Para o Membro. Echa-
réo a ocorrência de calcário (brecha e mar- porã, interpretam uma deposição sob a for-
ga) reveste-se de importância para a ativida- ma de fluxos em lençol, em contexto de franja
de agrícola do Estado. Ocorrem com menor de leque aluvial, representando as porções
freqüência camadas de paraconglomerado distais dos depósitos sedimentares compo-
e camadas com presença de fendas de res- nentes dos outros dois membros. Seu con-
secamento. Uma característica marcante tato gradual com litótipos da Fm. Vale do Rio
desta unidade, conforme Costa et al. (2003) do Peixe, indica a transição do sistema de
e Godoy et al. (2003) é a presença de calcre- leques aluviais para a planície eólica. As pa-
tes. A sucessão de camadas representa um leocorrentes, obtidas no Membro. Serra da
ciclo regressivo, ocasionado pelo aplaina- Galga indicam transporte para noroeste e se-
mento das áreas-fonte e uma deposição em cundariamente para WNW.
ambiente desértico por sistemas de leques Em Mato Grosso estes sedimentos
aluviais, fluvio-deltáico e lacustre, conforme são encontrados nas regiões sul e sudeste
interpretado por Weska et al. (1988). sendo cartografada como indivisa, uma vez
A unidade superior é a Formação que não foi possível separar os membros
Cambambe, constituída por arenitos e are- Serra da Galga, Ponte Alta e Echaporã. São
nitos conglomeráticos, aos quais intercalam- constituídos por um pacote de arenito gros-
se lentes de conglomerados e siltitos. As co- so a fino, coloração amarelada e avermelha-
res são avermelhadas a róseas e a presença da, imaturo, mal selecionado, conglomeráti-
de silcretes é uma característica marcante co com clastos de quartzo, quartzito, calce-
desta unidade. Os conglomerados ocorrem dônia e calcário fino, cimentados por sílica
como paraconglomerados com gradação e amorfa, além de um pacote de arenito fino a
como ortoconglomerados maciços ou com médio, imaturo, com fração areia grossa a
estratificação cruzada acanalada, enquanto grânulos. Apresenta também lentes de cal-
que os arenitos exibem laminação plano-pa- cário fino e estratos de siltito e argilito subor-
ralela ou estratificação cruzada acanalada e dinados. O ambiente deposicional sugere
cruzada tabular. As camadas de pelitos são condições subaquosas fluvial e lacustre, com
maciças ou com laminação plano-paralela. canais de deltas aluviais e planícies de inun-
O ambiente deposicional é interpretado como dação. Os níveis de calcário sugerem fases
de leque aluvial, fluvial efêmero e lacustre em de aridez, enquanto que os conglomeráticos
condições de extrema aridez (Costa et al., estariam associados a fluxos hidrodinâmicos
2003 e Godoy et al., 2003). de alta energia.
Sua utilização econômica em Mato
K2m - Formação Marília Grosso está limitada à explotação dos níveis
WAF de calcário como corretivo de solos.
Definida por Almeida & Barbosa (1953) K2vp - Formação Vale do Rio do Peixe
como subdivisão do Grupo Bauru, esta uni- RCL/WAF
dade é constituída basicamente por deposi-
tos imaturos. Tem área-tipo nos arredores de É a unidade com maior área de aflo-
Marília e Garça, Estado de São Paulo. ramento do Grupo Bauru, estendendo-se
Foi inicialmente dividida, por Setzer desde a borda oriental da Bacia até os vales
(1948) nos membros Serra da Galga, Ponte dos rios Paraná e Paranaíba. Sua continui-
Alta e Echaporã. dade a oeste do rio Paraná, em território do
A diferença entre os membros Serra Estado de Mato Grosso do Sul, ainda não
da Galga e Ponte Alta reside no maior grau está cartografada. Sua seção de referência é
de cimentação carbonática dos litótipos Pon- encontrada no km 87 da rodovia SP-457,
te Alta (Fernandes & Coimbra, 2000) fruto de entre as localidades de Rancharia e Iacri, no
processos pós-deposicionais, uma vez que vale do Rio do Peixe (Fernandes, 1998).
o ambiente deposicional é semelhante e re- Constitui-se por camadas tabulares
lacionado às porções medianas e distais de de arenitos muito finos a finos, com cor mar-
111
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
rom, rosa e alaranjado, exibindo dominan- para designar os quartzo-arenitos com inter-
temente seleção boa a moderada, maciços calações de siltitos e lentes de argilitos com
ou exibindo estratificação cruzada tabular e espessura mínima estimada em torno de 120
acanalada de pequeno a médio porte, ou la- metros. A área de ocorrência estende-se ao
minação plano-paralela incipiente ou lamina- longo das corredeiras Capoeiras e Chaco-
ção de migração de ondulações (ripples rão no rio Tapajós e no interflúvio dos igara-
transladantes). Intercalam-se camadas tam- pés Mingau e Borrachudo. Em Mato Grosso
bém tabulares de siltitos maciços de cor cre- foi cartografada na região norte do Estado
me a marrom. Localmente podem ocorrer nos municípios de Guarantã do Norte e Novo
lentes de arenito conglomerático com estra- Mundo.
tificação cruzada de pequeno porte conten- As relações de contato entre essa uni-
do intraclastos argilosos ou carbonáticos. dade com as formações Borrachudo e São
Em Mato Grosso foi identificada na Benedito são interpretativas e baseiam-se nas
sua extremidade sul, sob a forma de cama- diferenças litológicas e paleoambientais. Des-
das tabulares constituídas por arenito fino a sa forma, a Formação Capoeiras está sobre-
muito fino, coloração amarronzada, rosada posta à Formação Borrachudo e sotoposta
e alaranjada, mostrando estratificações pla- à Formação São Benedito.
no-paralela cruzada tabular e acanalada de Os quartzo-arenitos são finos a médi-
pequeno porte, seleção boa a moderada. Su- os, esbranquiçados a avermelhados, bem se-
bordinadamente tem-se intercalações de lecionados, exibindo no topo das camadas,
camadas tabulares de siltito maciço, cor cre- marcas onduladas assimétricas indicando
me a marrom e lentes de arenito conglome- paleocorrentes para SW. Ocorrem, localmen-
rático com intraclastos argilosos ou carbo- te, intercalações de siltitos esverdeados e ar-
natados. gilitos vermelhos com gretas de contração e
O ambiente deposicional é caracteriza- que apresentam localmente glauconita e bi-
do por Fernandes (1998) e Fernandes e Co- oturbações. Subordinadamente ocorrem
imbra (2000) como essencialmente eólico, camadas do tipo red bed, com direção NNW-
constituído por lençóis de areia pequenas du- SSE e mergulhos entre 2o e 5o para SW.
nas e depósitos de loess. Depósitos associa- O ambiente deposicional da Forma-
dos a deposição subaquosa, correspondente ção Capoeiras é de águas rasas, possivel-
a fluxos de lagos efêmeros gerados por enxur- mente em zona litorânea sob influência de
radas, estariam representados pelos arenitos maré, na região de inter-maré, evidenciada
conglomeráticos e lamitos. As paleocorrentes pela presença de correntes bidirecionais.
para os depósitos eólicos indicam ventos so- A presença localizada de estruturas tu-
prando para sudoeste. bulares ramificadas nos quartzo-arenitos são
O conteúdo fossilífero está composto resultantes da atividade de organismos do tipo
por fragmentos de ossos de répteis, moluscos Palaeophicus sp. O conteúdo palinológico é
a artrópodes. Ocorrem ainda moldes de raí- representado por esporomorfos do tipo Calip-
zes, oogônios de algas caráceas e, possivel- tosorite cf. velatus, Verrucosisporites cf. nitidus,
mente, tubos de pequenos animais. Geminispora sp., Secariosporite sp., Auroros-
Suas relações de contato com as de- pora sp., Apicularetusispora sp e Retusotriletes
mais unidades deste grupo se faz de forma sp., os quais indicaram idade Devoniana.
transicional ou então através de diastemas. A potencialidade mineral da unidade
Na porção ocidental da Bacia, o contato com restringe-se a ocorrência de lentes de calcá-
unidades do Grupo Caiuá também se faz de rio associadas aos siltitos e fosfato nos quart-
maneira transicional zo-arenitos glauconíticos.
112
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
mação Capoeiras de idade siluro-devoniana sicional, clastos com feições de “ferro de en-
(Santiago et al., 1980). gomar” e a falta de estratificação de um modo
geral, sugerem uma contribuição glacial à
Formação Jauru, depositada em ambiente
PZi – Formações Paleozóicas Indiferenciadas
continental.
RCL
As análises palinológicas indicaram a
Sob esta designação englobam-se as presença de palinomorfos Cristatisporites sp.,
rochas sedimentares clásticas sobrepostas às característicos do Eocarbonífero.
rochas do Grupo Beneficente, as quais não
permitem uma subdivisão precisa em função C1pb - Formação Pimenta Bueno
de os dados disponíveis ainda serem escas- RBCB
sos. Essa unidade foi cartografada no extremo
norte de Mato Grosso, limite com o Estado do Essa unidade foi descrita inicialmente
Pará e agrupa arenitos que formam platôs ta- por Nahass et al. (1974) sendo chamada de
bulares com freqüentes intercalações de siltito Formação Pimenta Bueno por Leal et al. (1978).
e argilito, além de níveis de conglomerados. Seus afloramentos encontram-se nos grabens
de Pimenta Bueno e Colorado, localizados no
BACIA DO PARECIS extremo noroeste da Bacia dos Parecis. É cons-
tituída de folhelhos, arenitos, siltitos e conglo-
C1ja -Formação Jauru merados suportados pela matriz. Em Mato
RBCB Grosso foi definida na região oeste-noroeste
do Estado, no município de Juina.
Olivatti e Ribeiro Filho (1976) reconhe- O contato inferior dá-se com embasa-
ceram a origem glacial para o pacote de se- mento cristalino e o superior é com a Forma-
dimentos cartografados na região sudoeste ção Fazenda da Casa Branca. Segundo Si-
do Estado de Mato Grosso, nos vales dos rios queira (1989) possui espessura de 761 metros.
Jauru e Aguapeí, constituído por arenitos ar- Os folhelhos são de coloração mar-
cosianos, siltitos, folhelhos e ritmitos, para os rom, micáceos e intercalados com siltito mar-
quais propuseram a denominacao de Uni- rom ou arenitos claros. Os arenitos são com-
dade Jauru. Cardoso et al., (1980) a reno- postos de quartzo, feldspato e muscovita de
mearam para Formação Jauru. Os litótipos cor marrom com pintas claras, granulometria
desta unidade estendem-se desde as proxi- média, acamamento plano-paralelo e estratifi-
midades de Figueirópolis, a norte, prolon- cações cruzadas tabular e acanalada. Os con-
gando-se a sul até além do rio Aguapeí, indo glomerados são suportados pela matriz, aver-
próximo ao limite meridional da Folha Cuia- melhados e possuem seixos e boulders su-
bá (SD-21). barredondados de granitos, gnaisses e rochas
A Formação Jauru constitui-se de um básicas e seixos angulosos de xistos e quartzi-
pacote sedimentar suborizontalizado compos- tos. Seus diâmetros máximos são de 40 centí-
to de paraconglomerados petromíticos, siltitos metros. Associados a esses conglomerados
arenosos, folhelhos e tilitos. Os folhelhos e silti- ocorrem siltitos com laminação plano-parale-
tos ocorrem interestratificados, com alguma rit- la, na qual existem grãos de areia flutuando e
micidade, passando para o topo a diamictitos. seixos dispersos, deformando a laminação
Os paraconglomerados mostram-se (unidade dropstone).
parcialmente lateritizados, apresentando 70% Os folhelhos foram depositados em
de matriz com clastos de quartzitos, arenitos ambiente marinho raso, evidenciado pela
arcosianos, gnaisses e granitos caoticamente presença de acritarcas do gênero Sphaeri-
distribuídos exibindo superfícies polidas e acha- dium, identificados por Cruz (1980). As es-
tadas do tipo “ferro de engomar”. Os folhelhos truturas sedimentares dos arenitos sugerem
apresentam cor marrom com tonalidade es- sua deposição em ambiente fluvial, em ca-
verdeada, laminação plano-paralela e presen- nais entrelaçados, com abundante supri-
ça esporádica de minerais micáceos nos pla- mento de areia, a qual apresenta uma com-
nos de estratificação. posição feldspática, indicando um clima
As características inerentes aos para- desértico ou glacial. A associação diamicti-
conglomerados como a enorme variação da to -unidade dropstone segundo o modelo
fração rudácea, tanto modal como compo- de Ojakangas (1985) é interpretada como
114
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
evidência de clima glacial; os diamictitos cor- pelos derrames basálticos da Formação Ta-
respondem ao tilito de alojamento, forma- pirapuã. Arcóseos, correspondentes à por-
do pela deposição de detrítos na base da ção intermediária da formação, ocorrem nas
geleira e a unidade dropstone resulta da que- regiões central e sul da bacia, gradando a
da de clastos dos icebergs durante a depo- leste para siltitos com seixos pingados
sição do siltito, em ambiente marinho. (dropstones). Argilitos e folhelhos, fechando
o topo da formação, estão intercalados com
C2cb - Formação Fazenda da Casa Branca siltitos.
Siqueira (1989) correlaciona-a ao Gru-
RBCB/WAF
po Itararé da Bacia do Paraná e Formação
Pedra de Fogo da Bacia do Parnaíba, am-
Guimarães, (1971) definiu estes sedi- bas de idade permiana. Costa, et al. (1975)
mentos na BR-364, nominando-os de Cretá- na região da Serra do roncador, registraram
ceo Parecis. Padilha, et al. (1974) reconhece- a presença de restos de planta silicificada e
ram, na região de Porto dos Gaúchos e nos denominaram esta unidade de Unidade Per-
canais dos rios Arinos e Juruena (dois paco- mocarbonífera 1, correlacionando-a à For-
tes sedimentares distintos: Um superior, for- mação Aquidauana, conseqüentemente tor-
mado por sedimentos maturos e um inferior, nando indevida a designação de Eopaleo-
de sedimentos imaturos e de grande variação zóico Indiviso, proposta por Padilha, et al.
faciológica. Dividiram-no então em Cretáceo (1974). Tanto Leal, et al. (1978) como Silva,
Parecis (Unidade Superior) e Eopaleozóico Indi- et al. (1980) concordam com a idade Permo-
viso (Unidade Inferior). Costa, et al. (1975) advo- carbonífera atribuída a esta Unidade.
gam que esta unidade apresenta continuidade Padilha, et al. (1974) interpretou o am-
física em direção à serra do Roncador, posocio- biente deposicional como fluvio-lacustrino,
nando-a no Permocarbonífero 1. Leal, et al. em ampla planície de inundação. Entretan-
(1978) denominaram informalmente estes sedi- to, Siqueira (1989) menciona que Caputo
mentos de Arenito da Fazenda Casa Branca, (1984) faz referências à existência, em Ron-
designação esta mantida por Silva, et al. (1980) dônia, de evidências de ambiente glacial ou
e também adotada neste trabalho. peri-glacial nesta Unidade.
No nordeste de Mato Grosso encon-
tram-se arenitos vermelhos pintalgados de
branco, arcoseanos de granulometria fina, Jra - Formação Rio Ávila
média e grossa, matriz argilosa, mal seleciona- JVL
dos, com estratificação plano-paralela. Notam-
se finas intercalações de arenito vermelho, Denominação usada por Bizzi et al.
fino a muito fino, argiloso e feldspático, bem (2001) para caracterizarem, no vale do rio Cu-
como pequenas lentes de siltitos e argilitos, luene e a noroeste de Vilhena, no Estado de
Rondônia, uma sequência de arenitos verme-
além de arenitos ortoquartzíticos, amarelos e
lhos a róseos, friáveis, com grãos arredonda-
esbranquiçados, litificados com cimento sili-
dos, bem a mal selecionados, apresentando
coso, granulometria fina a muito fina, estratifi-
estratificações cruzadas cuneiformes e inter-
cação plano-paralela e microestratificações
pretadas como depositados em ambiente
cruzadas.
eólico. Localmente notam-se intrusões de di-
O contato inferior dá-se com a For-
abásios e lamprófiros.
mação Pimenta Bueno ou com o embasa- No Estado de Mato Grosso estes se-
mento cristalino. O contato superior, de acor- dimentos afloram a noroeste de Comodoro,
do com Costa et al. (1975) é erosivo do tipo onde recobrem rochas da Suíte Metamórfi-
inconformidade. A espessura no centro da ca Colorado e são recobertos por sedimen-
bacia é de 200 metros, adelgaçando para 40 tos arenosos da Formação Utiariti. Em Ron-
metros na localidade de Porto dos Gaúchos dônia, os derrames basálticos da Formação
(Padilha, et al. 1974). No sudoeste da bacia Anari, equivalentes da Formação Tapirapuã
ocorrem nesta unidade conglomerados poli- em Mato Grosso, cobrem os arenitos da
míticos, cujos clastos apresentam diâmetro Formação Rio Ávila, o que permite posicio-
máximo de 40cm separados por camadas ou nar estes sedimentos na base do jurássico.
lentes de areia fina a grossa, superpostos Assim, a correlação da Formação Rio Ávila
115
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
com a Formação Botucatu, de idade juro- ção fina e textura ofítica típica. Sua espessura
cretássica, na Bacia do Paraná, sugerida por estimada oscila de 15 a 310 metros.
Ribeiro Filho et al. (1975), não pode mais ser A formação Tapirapuã, correlacionada
sustentada. Sua espessura foi estimada por em Rondônia com a Formação Anari, tem ida-
Siqueira (1989) em 90m no vale do rio Colu- de de aproxidamente 198Ma. (Marzoli et al.,
ene e em 20m a noroeste de Vilhena. 1999), posicionando-a no Sinemuriano/Juás-
sico Inferior. Esses derrames cobriram os are-
J1ββat - Formação Tapirapuã nitos da Formação Rio Ávila, interpretada como
JVL/WAF/RBCB de origem eólica.
Eventos magmáticos mesozóicos de
composição básica se fazem presentes na K2sn - Formação Salto das Nuvens
região centro-sul do Estado, e são respon- WAF/RCL/RBCB
sáveis por um relevo peculiar que constitui a A designação de Formação Salto das
serra de Tapirapuã. Estes derrames vulcâni- Nuvens foi proposta por Barros et al., (1982)
cos foram objetos de estudos de Corrêa & com seção-tipo na queda d’água homôni-
Couto (1972) que adotaram a denominação ma, localizada no rio Sepotuba, (Fazenda
de Formação Tapirapuã para caracterizar Santa Amália, município de Tangará da Ser-
uma série de derrames de basaltos toleíticos ra). Está representada por conglomerados
que afloram no município de Arenápolis na petromíticos de matriz argilo-arenosa interca-
serra homônima, onde estimaram uma es- lados por lentes de arenitos vermelhos de
pessura ao redor de 100 metros. Almeida et granulometria variável desde muito fina a con-
al., (1972) estudaram estes basaltos nos mu- glomerática. Sobreposto aos conglomerados
nicípios de Barra do Bugres, Nortelândia e Alto ocorre geralmente arenito imaturo com estra-
Paraguai, classificando-os como basaltos an- tificação cruzada de médio porte, contendo
desíticos. Figueiredo et al., (1974) nas cabe- seixos e calhaus de diversos litótipos. Também
ceiras do rio Arinos, descreveram-nos como é freqüente a presença de camadas de areni-
rochas de granulação muito fina, cinza-chum- to bimodal, maciço de espessura variável, com
bo, ricas em amígdalas. Padilha et al., (1974) leitos de argila vermelha intercalados. No topo
no rio Jatobá, identificaram como sendo dia- da seqüência é comum arenito bimodal bem
básios e rochas alteradas de aspecto brechói- laminado e com estratificação cruzada de
de, correlacionando-as com o Grupo Iporá, grande porte.
não descartando a possibilidade de correla- Não menos comuns são as variações la-
ção destas rochas com o derrame basálticos terais dessa seqüência sedimentar, onde se des-
da Bacia do Paraná. tacam vários níveis conglomeráticos oligomíticos,
Barros et al., (1982) adotam também intercalados em arenitos ortoquartzíticos finos a
a denominação de Formação Tapirapuã e muito finos, além de arenitos avermelhados com
concluiram que os basaltos da serra de Tapi- matriz argilosa, mal classificados e maciços, in-
rapuã representariam, provavelmente, as úl- tercalados com lentes de siltitos, argilitos verme-
timas manifestações do grande vulcanismo lhos e com bolas de argila na base dos bancos
fissural que atuou no Brasil, mormente na (Barros et al., 1982).
Bacia do Paraná, onde conformam a Forma- Na MT-358, próximo ao rio Russo II, em
ção Serra Geral. Não descartam a possibili- dois cortes da estrada, esta Unidade está cons-
dade de que corpos básicos (basaltos) ocor- tituída por conglomerado de grânulos, areni-
rentes no rio Jatobá e os corpos kimberlíti- tos conglomeráticos, arenitos finos em cama-
cos aflorantes no rio Batovi, estejam vincula- das lenticulares, de coloração bege a casta-
dos a este vulcanismo fissural. nho arroxeado, com estratificação cruzada tan-
São derrames vulcânicos básicos, gencial de médio porte e cruzada festonada, e
normalmente constituídos por basaltos isotró- camada de pelito. Os clastos, nas frações grâ-
picos, cinza-chumbo, nas bordas e, no centro nulo a seixo, são da rocha vulcânica subjacen-
por diabásios finos a médios, de composição te, composta por uma matriz afanítica com fe-
toleítica.Os basaltos mostram estruturas amig- nocristais de feldspato. As camadas com es-
daloidais, disjunções colunares e são afeta- tratificação cruzada apresentam nítido conta-
dos por falhamentos gravitacionais pouco pro- to erosivo com as camadas arenosas subja-
nunciados e por um intenso diaclasamento. centes. A presença de clastos de rocha vulcâ-
Ao microscópio os diabásios exibem granula- nica nos arenitos conduz a duas interpreta-
116
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
ções: estes clastos se originariam da Unidade Observações colhidas nos afloramentos da MT-
Inferior ao Grupo Parecis na área (Basalto Ta- 358, logo após o rio Russo, conduzem a aven-
pirapuã – 167Ma.). Neste caso a sedimenta- tar uma deposição por sistema fluvial ou flú-
ção seria mais nova, ou seja, pós Jurássico vio-deltaico (lacustre) tendo como uma das
Médio, ou então provirem de vulcânicas alcali- áreas-fonte as rochas vulcânicas subjacentes.
nas que ocorrem intercaladas na base do Gru- Silva et al., (2003) posicionaram esta Uni-
po Parecis a nordeste, o que conduziria à con- dade no Cretáceo Médio a Superior, embasa-
firmação de uma idade cretácia superior para dos na ocorrência de fósseis de Mesosuchidae
estes depósitos. Estas observações sobre o (Notosuchidae) os quais constituem-se de rép-
contato coincidem com a interpretação de teis crocodilomorfos de hábito terrestre, que ocor-
Barros et al., (1982). rem em unidades sedimentares cretácicas do
Silva et al., (2003) associaram a esta Uni- Brasil e da América do Sul.
dade uma seqüência sedimentar clasto-quími-
ca, constituída por argilitos calcíferos, margas, K2ut - Formação Utiariti
siltitos, arenitos e pontualmente conglomera- WAF/RBCB/RCL
dos intraformacionais, que ocorre na escarpa
da serra do Roncador e em vales a oeste e no- Sob esta designação Barros et al.,
roeste da serra de Tapirapé, região nordeste do (1982) englobaram os arenitos quartzosos da
Estado de Mato Grosso. Estes autores subdivi- seção de topo do grupo Parecis, tendo como
diram-na em dois níveis com características fa- seção-tipo a queda d’água Utiariti, no rio Pa-
ciológicas e litológicas distintas: um basal, com- pagaio. As rochas desta unidade constituem
preendendo argilito de cor cinza, cinza-esver- as partes mais elevadas do Planalto dos Pare-
deado e vermelho a róseo, maciço, as vezes cis, sobrepondo-se às rochas da Formação
com laminação horizontal ou ripples, varian- Salto das Nuvens em contato gradacional e
do composicionalmente a calcilutitos e mar- concordante. Apresentam cores variáveis, des-
gas, mostrando faixas centimétricas de pisó- de amarela, roxa a avermelhada, conformando
litos e venulações de material calcífero pre- bancos com bases irregulares, maciços ou lo-
enchendo fraturas. calmente apresentando estratificação cruzada
O nível superior, aflorante preferenci- de pequeno porte ou plano-paralela. A granu-
almente na escarpa da Serra do Roncador e lometria varia de fina a média, podendo local-
nas porções medianas e basais dos morros, mente ser grossa. Nas camadas basais podem
está constituído por arenitos e siltitos, maciços ocorrer seixos de quartzo arredondados e de
a laminados, de coloração avermelhada, ama- boa esfericidade. A composição é essencial-
relada e amarronzada, consolidados a semi-con- mente por grãos de quartzo e feldspato, os
solidados raramente calcíferos com laminação primeiros com superfície hialina, fosca, normal-
cavalgante, estratificação cruzada acanalada de mente envolta por uma película ferruginosa.
pequeno a médio porte, laminação plano-pa- Possuem pouco cimento e matriz sendo facil-
ralela e ciclos de gradação normal. Mostram ain- mente desagregados. Localmente podem se
da lentes e estratos centimétricas de conglo- apresentar com intensa silicificação devido à
merados intraformacionais. No topo ocorrem diagênese ou proximidade de falhas.
arenitos finos, vermelho-róseos, feldspáticos, Estruturas sedimentares como estra-
com estratificação cruzada acanalada de gran- tificação cruzada de pequeno porte e baixo
de porte, por vezes obliterada pela alteração, ângulo, e formas acanaladas vinculadas a
além de níveis argilosos descontínuos com até bancos maciços espessos de base irregular,
10 centímetros de espessura, entre os sets de indicando uma deposição rápida com regi-
estratificação. me hidrodinâmico superior ao de escoamen-
Na zona de transição entre os dois ní- to, associadas à presença de seixos espar-
veis predomina uma intercalação milimétrica de sos em bancos maciços, mostram tratar-se
argilito e siltito avermelhados, acinzentados e cin- de sedimentos originados em ambiente flu-
za-esverdeados, laminados horizontalmente ou vial.
com laminação cruzada cavalgante.
O ambiente de sedimentação sugeri- δc - Diabásio Cururu
Jδ
do para esta Formação é continental fluvial de ASF
semi-aridez, com manifestações desérticas es-
porádicas em algumas seções da unidade. As primeiras referências aos diques de
117
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
118
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
se recortados pelos canais meandrantes dos glomerado basal, siltes e areia siltosa, incon-
rios Guaporé e Mamoré, onde são comuns as solidados e mal selecionados de derivação
feições de lagos de meandros e meandros continental. Pena et al.(1975) estenderam a
colmatados abandonados, além de depósitos área de ocorrência da Formação Araguaia
de barras com cristas de linhas de acresção até a região de Barra do Garças. Lacerda Fi-
lateral, desenvolvidas durante o processo de lho et al. (1999) retomaram a denominação
migração do canal fluvial. original e consideraram a Formação Araguaia,
As coberturas Sedimentares Indiferen- individualizando os terrenos mais antigos
ciadas são desprovidas de fósseis. Assim sen- como coberturas arenosas indiferenciadas e
do, utilizou-se os dados sedimentológicos (tex- subdividiram esta unidade em duas fácies:
turais e estruturais) geomorfológicos e a late- Fácies Terraços Aluvionares (Qag1) e Fácies
ritização subsequente, para posicionar crono- Depósitos Aluvionares (Qag2). A primeira é
estratigraficamente essa unidade no Plioce- constituída de sedimentos síltico-argilosos e
no ao Holoceno. arenosos, semiconsolidados, tendo conglo-
merado basal parcialmente lateritzado.
NQdl -Coberturas Detrito-Lateríticas Fer- A segunda formada por sedimentos ar-
ruginosas gilo-síltico e arenosos, inconsolidados, flúvio-
GJR lacustroso, que preenchem as depressões ge-
Os sedimentos detrito-lateríticos ocor- radas através de reativações neotectônicas que
rem preferencialmente no vale do Guaporé, ocorreram no Vale do Rio Araguaia. Estes se-
numa extensa área aplainada, com interflú- dimentos, depositados em estruturas exten-
vios tabulares e associados a pequenas ele- sionais, foram reativados por falhas transcor-
vações dominadas pelo horizonte concreci- rentes de direções NE-SW, NW-SE, N-S e E-
onário do perfil laterítico. As superfícies aplai- W (Del’Arco et al.,1998; Gesicki e Riccomini,
nadas são constituídas dominantemente por 1998). Na Fazenda Canadá(GO) Pena (1975)
solos argilo-arenosos de tonalidade averme- determinou através furo de sonda uma es-
lhada, ricos em concreções ferruginosas, pessura aproximada de 48m para a Forma-
além de niveis de argilas coloridas e areias ção Araguaia, onde predominam areias in-
inconsolidadas. consolidadas, com lentes de argila e casca-
Os lateritos imaturos, quando em per- lho. Araujo e Carneiro (1977) utilizando estu-
fis completos e preservados, modelam gran- dos sísmicos na ilha do Bananal, concluíram
de parte do relevo atual. Apresentam a sua que o seu substrato é composto provavel-
parte superior (horizonte colunar/concrecio- mente por rochas metassedimentares e/ou
nário) aflorante, configurando a parte mais ele- ígneas, localizadas a uma profundidade que
vada do relevo. Em certas áreas, onde a parte varia de 170-320m.
superior está mais espessa e endurecida e
houve maior entalhamento da drenagem, ob- FORMAÇÃO PANTANAL
serva-se a formação de um relevo tendendo WAF/JVL
a platôs. Nas encostas aflora a parte mediana
dos perfis (horizonte mosqueado), podendo Oliveira e Leonardo (1943) denomina-
estar parcialmente recoberta por colúvios/alú- ram de Formação Pantanal os depósitos alu-
vios areno-argilosos. Esses depósitos colúvio/ vionares constituídos por vasas, arenitos e ar-
aluviais, na sua base, são constituídos por sei- gilas de deposição recente que ocorrem no
xos provenientes dos próprios lateritos con- Pantanal Mato-Grossense. Almeida (1964)
crecionários, formando corpos do tipo stone- definiu esta formação como depósito de le-
layer e no topo por material argiloso proveni- ques aluviais de talude e lateritos ferrugino-
ente do horizonte mosqueado. Este é encon- sos, constituídos por sedimentos de nature-
trado nas partes mais baixas do relevo atual, za arenosa e síltico-argilosa, com pouco cas-
podendo estar coberto por solos amarelos e calho. Figueiredo et al. (1974) dividiram-na
areias brancas, além de colúvios e alúvios. em três unidades reconhecidas como Qp1,
Qp2 e Qp3. Ramalho (1978) subdividiu as
FORMAÇÃO ARAGUAIA aluviões da depressão mato-grossense em
ESA/JVL sete tipos, sendo cinco aluviões essencial-
Definida por Barbosa et al.(1966) no mente fluviais e dois de espraiamento aluvial
vale do Rio Araguaia. É formada por um con- sobre a área pediplanizada.
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
mostra forte relação com estruturas de abati- locênico dessas drenagens em geral é carac-
mento de blocos com direções NE-SW, de ida- terizado por depósitos de acresção lateral de
de possivelmente do Holoceno/Pleistoceno. margem de canal e de carga de fundo, que
incluem barras em pontal, barras de meio de
Q2a - Depósitos Aluvionares canal e depósitos de carga de fundo. Estes
GJR/JVL sedimentos distribuem-se também nas planí-
cies de inundação dos rios onde ocorre o
Constituem depósitos caracterizados ambiente lacustre, representado por lagos re-
por sedimentos inconsolidados, dominante- siduais, formados pela migração das cristas
mente arenosos, representados por areias de acresção lateral das barras, além de la-
com níveis de cascalhos e lentes de material gos represados.
silto-argiloso. A idade provável desses depósitos é
Ocorrem associados às calhas dos cur- Pleistocênica, obtida pelo conteúdo fossilífero
sos d’água de maior porte, encaixados tanto encontrado nos aluviões e paleoterraços alu-
no embasamento cristalino como nos depósi- viais de alguns rios da região.
tos terciários, compreendendo basicamente Associadas a estes sedimentos são en-
sedimentos aluviais. contradas na região importantes concentrações
O padrão de sedimentação fluvial ho- de ouro e diamante.
122
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
4.
RECURSOS MINERAIS E
METALOGENIA
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
126
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
quatro diferentes distritos: Peixoto de Azeve- e do Gil (tabela 4.1), localizados cerca de 97
do, Teles Pires, Cabeças e Aripuanã. km a sudoeste de Alta Floresta, no Distrito
Neste trabalho, propõe-se a subdivi- do Cabeça (Frasca & Borges, 2004), onde
são da Província Alta Floresta em oito distri- vem sendo retirado ouro de natureza primá-
tos, onde se concentram áreas detentoras de ria desde 1990.
mineralizações auríferas (pólo), que foram ou Estes jazimentos acham-se inseridos
estão sendo objeto de extração de ouro. em veios de quartzo nas zonas de charnei-
Destacam-se os seguintes distritos e pólos: ras de dobras isoclinais, formadas por xistos
Distrito de Moriru miloníticos, lustrosos, friáveis, hidrotermaliza-
Pólo 1 – Moriru dos (sericita + clorita + epidoto + sulfetos-
Distrito Novo Astro pirita), transformadas a partir de metavulcâ-
Pólo 2– Juruena/Novo Astro) nicas, meta-subvulcânicas ácidas e rochas
Distrito Apiacás – Paranaíta metassedimentares (grauvacas e pelitos grafi-
Pólos 3– Apiacás/Novo Planeta tosos), pertencentes ao Grupo São Mar-
Pólo 4 – Paranaíta celo-Cabeça.
Distrito Alta Floresta/Garimpo do Trairão Exposições na cava do garimpo (ga-
Pólo 5 – Alta Floresta rimpos do Fabinho e do Gil) mostram que
Pólo 6– Garimpo do Trairão os xistos acham-se estruturados em dobras
Distrito de Peixoto de Azevedo/Matupá isoclinais reclinadas, cujos eixos, de atitudes
Pólo 7 – Novo Mundo 45º a 75º/N90 a N100 (Santos, 2001), estão
Pólo 8 – Guarantã do Norte refletidos em conspícuas estruturas lineares
Pólo 9 – Peixoto de Azevedo/Matupá tipo lápis e crenulações, bem expostas em
Pólo 10 – Vila União cortes verticais na frente da lavra do Gil. Na
Pólo 11 – Figueira Branca Lavra do Fabinho, existe um shaft vertical, atu-
Distrito Nova Canaã/Santa Helena almente com 40 m de profundidade, e a partir
Pólo 12 – Nova Canaã daí uma galeria em desenvolvimento, na dire-
Distrito do Cabeça ção N60W, coincidente com o plano axial das
Pólo 13 – Cabeça dobras. Neste local, os afloramentos mostram
Distrito Fazenda Mogno zonas com maior taxa de deformação, onde
Pólo 14 – Fazenda Mogno, Garimpo as minidobras subsidiárias, marcadas por vei-
do Rato, Morro do Túnel os de quartzo lenticularizados, estão transpos-
tos por foliação anastomosada com atitude
Os distritos e pólos acima listados serão des- em torno de N60W/75NE.
critos conforme seus contextos geológicos
e geotectônicos (figura 4.2). O filão principal no Fabinho é descon-
tínuo e estruturado sob a forma de boudins,
Com base em características morfo- com cerca de 80 cm de espessura e, segun-
lógicas, texturais e estruturais, foram reconhe- do informações de trabalhadores locais, pro-
cidos três tipos principais de mineralizações duz 800 g de ouro por semana. Em amonto-
auríferas primárias: veios de quartzo dobra- ados de quartzo cinzento, retirados das es-
dos e boudinados com ouro, situados no cavações, observou-se ouro livre, alteração
domínio dúctil; veios de quartzo com ouro de sulfetos em boxworks e zonas de altera-
preenchendo zonas de cisalhamento confi- ção hidrotermal, nas rochas encaixantes mi-
nadas no domínio rúptil-dúctil; e minério dis- loníticas (Santos, 2001). Acha-se encaixado
seminado tipo ouro pórfiro, stockworks, bre- no Grupo São Marcelo-Cabeça, formado por
chas hidrotermais e veios de quartzo extensi- pelitos finos, metarenitos, metassiltitos e ní-
onais com ouro, situados no domínio rúptil ( veis de xistos grafitosos interdigitados em
Delgado et al., 2001; Santos, 2000; Santos, metavulcânicas ácidas a intermediárias, intru-
2001; Cruz, 2002 e Ribeiro et al., 2001). didas por quartzo dioritos transpostos em
zonas de cisalhamento dúctil.
Veios de Quartzo Dobrados e Bou- Wildner (2001) sugere uma provável
dinados - Os jazimentos estão reunidos na ligação do ouro com os níveis de grafita xis-
forma de veios de quartzo simples dobrados tos lavrados ao longo do eixo das dobras
e boudinados (domínio dúctil) e concentram- apertadas.
se principalmente nos garimpos do Fabinho A análise de concentrados de bateia
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
revelou uma extensa zona anômala, com 15 ppm), Cu (11 ppm), Pb (10-33 ppm) e Zn (56-
a 40% de turmalina, em drenagens próximas 185 ppm), quando comparados com os ou-
a esse garimpo, ligada provavelmente a pos- tros depósitos da Província Alta Floresta (Ri-
síveis BIF’s turmalínicos ricos em sulfetos beiro et al., 2001).
com ouro (Frasca & Borges, 2004). O controle estrutural dos veios mine-
Essa mineralização apresenta uma ralizados (sempre injetados em zonas de
paragênese sulfetada a base de pirita, calco- deformação dúctil), somados aos controles
pirita e arsenopirita, com valores altos de As litológico e geoquímico, à associação para-
(580 ppm) e baixos de Ag (1,7 ppm), Bi (3,9 genética do minério (com a presença mar-
neração organizada e mecanizada, que evo- so DNPM: 866374/90, cita que o teor médio
luiu a partir de um dos mais tradicionais ga- é de 18,17g/t de Au e que foram bloqueadas
rimpos da região, descoberto na década de as seguintes reservas: medida de 5.056 kg
70, explorado a céu aberto até uma profundi- de Au; indicada de 3.160 kg de Au e inferida
dade de cerca de 30 m (Siqueira, 1997). 3.794 kg de Au.
A geologia da região circunvizinha do Garimpo Fazenda Uru (pólo 11) – Si-
depósito foi descrita por Barros (1993), que tua-se a cerca de 40 km a NE de Nova Santa
ressaltou a carência de afloramentos, devido Helena, onde a mineralização acha-se conti-
ao extenso manto de intemperismo que atin- da em veio de quartzo com sulfeto (pirita e
ge cerca de 15 m de espessura. São citadas calcopirita), apresenta atitude dominante E-
algumas exposições de gnaisses tonalíticos, W/vertical, espessura variando de 20 a 30 cm
que nas proximidades das mineralizações tor- e comprimento aproximado de 500 m, pre-
nam-se granodioríticos e monzoníticos, exi- enchendo zona de cisalhamento desenvol-
bindo bandamento milonítico com formas sig- vida em granito da Suíte Intrusiva Matupá.
moidais e bandas de cisalhamento transver- Nesta zona de cisalhamento ocorre um en-
sais, definidos pelo autor supracitado como velope de hidrotermalitos à base de quartzo,
pertencentes ao Complexo Xingu. clorita e sericita.
Na escavação original, Santos (2000) Garimpo Serrinha de Guarantã (pólo
constatou um filão de quartzo leitoso com 8) – Localiza-se a cerca de 10 km a norte da
orientação NS e mergulhos fortes para leste cidade de Matupá, próximo de Guarantã do
(65-70º), posicionado na interface entre ro- Norte, onde a mineralização aurífera acha-
chas básicas foliadas (anfibolitos foliados) e se contida em veio de quartzo com atitude
monzogranitos miloníticos hidrotermalizados, dominante NW/subvertical. Ocorre preen-
atribuídos respectivamente às suítes Flor da chendo uma zona de cisalhamento dúctil,
Serra e Matupá. Nas paredes da escavação, encaixado em talco-clorita xisto. Análises efe-
ocorre intensa alteração de sulfetos e exu- tuadas em amostras de canais na cava do
dação de sais, em rochas básicas, as quais garimpo revelaram teores médios de 0,32 g/
adquirem aspecto xistoso apenas nas proxi- t de Au e 0,25% de Cu (JICA/MMAJ-2000).
midades do filão. Um furo de sondagem realizado pela
O acesso à galeria subterrânea, a 100 JICA/MMAJ (2000), mostrou continuidade da
m de profundidade, é feito através de um mineralização de Au em profundidade, com
shaft, utilizando-se um elevador com guin- teores variando 1,76 a 2,54 g/t de Au. A mi-
cho elétrico. A extensão atual da galeria é de neralização está contida em veio de quartzo,
290 m, no sentido sul, acompanhando o fi- distribuído em uma zona de cisalhamento
lão. O principal veio de quartzo mineralizado NW-SE/subvertical. As encaixantes são tal-
(filão) tem forma lenticular, espessura varian- co-clorita xisto, que se alterna com níveis de
do entre 0,18m e 1,4m e extensão estimada biotita-muscovita xisto e xisto preto. Estas
em 1.500 m. Tem aspecto laminado, localmen- rochas estão enriquecidas em cobre, com
te bandado, e é composto basicamente de teores de até 1,41% e representam vestígios
quartzo, sulfetos (pirita, calcopirita, pirrotita, de uma possível seqüência metavulcano-se-
calcocita, bornita, esfalerita, galena, tetraedri- dimentar. Encontram-se interceptadas por
ta, molibdenita e bismutinita) e magnetita. rochas graníticas (granito porfirítico róseo e
Superfícies de falha de direção NS, hornblenda-biotita granito - Suíte Intrusiva
com estrias subhorizontais e ressaltos, defi- Matupá?) e por diques básicos.
nem uma cinemática transcorrente dextral, a Estudos de inclusões fluidas realiza-
qual é corroborada pela forma dos veios de dos, nos veios de quartzo, mostraram uma
quartzo em zonas transtracionais, no teto da temperatura de homogeneização da ordem
galeria (Santos, 2000). 155,3°C e baixo conteúdo de NaCl, com va-
Estudos de inclusões fluidas feitos por lores em torno de 7%.
Sarnes (1990) apud Relatório Final de Pes- Garimpo do Aluízio (pólo 8) – Situa-
quisa (1998), revelaram alto conteúdo de CO2 se cerca de 5 km a sudoeste da cidade de
e CH4 e temperaturas superiores a 300°C, Guarantã do Norte, em domínio de biotita
apontando para fluidos mesotermais confi- granito róseo, possivelmente relacionado à
nados a zonas de falhas. Suíte Matupá. Trata-se de uma zona de cisa-
O Relatório Final de Pesquisa, proces- lhamento com direção N80W, com dimen-
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
entre 28,73 g/t a 45,06 g/t, está contida em detectados teores de até 75,23g/t de Au, num
veios de quartzo, encaixados em zonas de intervalo de 2m.
cisalhamento (de direção WNW-ESE) que Garimpo Tapajós (pólo 12) – Locali-
cortam rochas graníticas. Estudos de inclu- zado a sudeste de Nova Canaã do Norte,
sões fluidas indicaram temperatura de homo- onde foi aberta uma trincheira (3m de largu-
geneização de 234,8°C e salinidade 7,5% em ra, 200m de comprimento e 7m de profundi-
peso NaCl eq.. dade), seguindo uma estreita zona de cisa-
Garimpo Pé de Fora (pólo 5) - Locali- lhamento rúptil-dúctil, que intercepta álcali-
za-se a NE de Alta Floresta, onde foram iden- granitos e sienogranitos, da fácies 4 da Suíte
tificados veios de quartzo leitoso, lenticula- Nova Canaã, onde se encaixam veios de
res, com espessuras milimétricas a centimé- quartzo mineralizados, orientados N80°W/
tricas (máximo 25 cm), estrutura laminada, subvertical, Cruz (2002).
encaixados em saprólitos mosqueados de Estes veios, observados no fundo da
biotita granito porfirítico da Suíte Intrusiva escavação, são centimétricos a decimétricos
Paranaíta, alojados num envelope hidroter- e constituem, no conjunto, um filão com es-
mal formado por quartzo, sericita, clorita, pessura máxima de 4m, Santos (2000). Os
óxidos de ferro e pirita. veios individuais têm formas tabulares a len-
A regularidade de direções desses ticulares, e acham-se contidos em envelope
veios e suas formas e texturas são indicati- de filonitos à base de sericita e clorita, com
vas de preenchimento ao longo de falha malaquita nos planos de foliação.
transcorrente EW, de cinemática sinistral. De Em posição de cruzamento com a
acordo com Santos (2001), esses veios fo- zona de cisalhamento principal, foram des-
ram formados em zonas transtrativas ao lon- critas fraturas extensionais, orientadas
go dessa falha transcorrente (dilational jogs). N50E/50°SE, que alojam brechas hidroter-
Garimpo do Rato (pólo 14) - Situa- mais e veios de quartzo extensionais (Del-
se 75 km a sudoeste de Alta Floresta, na Fa- gado et al., 2001).
zenda Flor do Prado, antiga sede da Fazen- Cruz (2002) identificou cinco tipos de
da Mogno. No local, foi aberto um pit de 200 alteração hidrotermal: hematitização, silicifi-
x 100 metros, o qual encontra-se atualmen- cação, sericitização, k-feldspatização e sul-
te alagado. fetização, que podem ou não estar orienta-
Pesquisa mineral realizada pela Mine- das ou estruturalmente controladas.
ração Santa Elina (Scabora, 1997) identifi- Garimpo do Edu– Localiza-se 2 km a
cou, através de furos de sondagem, níveis noroeste de Nova Santa Helena,na área do
centimétricos a métricos de milonitos e hidro- Distrito Nova Canaã/Santa Helena, encon-
termalitos, com atitude N70E/70°-80°NW, trando-se atualmente em atividade, através
acompanhados de veios de quartzo, às ve- de lavra subterrânea, com três shafts de pro-
zes com Au visível. Foram também observa- fundidade em torno de 40 m e galerias ori-
das disseminações de sulfetos no granito entadas N25E.
porfirítico, magnético, tido como pertencen- A mineralização aurífera está associ-
te à Suíte Intrusiva Paranaíta, intrusivo nos ada a veio de quartzo com cerca de 2,5 m de
litótipos do Complexo Bacaeri-Mogno (Oli- espessura, inserido num envelope de filoni-
veira & Albuquerque, 2003). to/quartzo filonito (sericita + quartzo + clori-
Nos filonitos/hidrotermalitos, foram ta + opacos + carbonato) em zona de cisa-
reconhecidos filetes milimétricos de carbo- lhamento transcorrente rúptil-dúctil de cine-
nato e faixas centimétricas a métricas de sul- mática dextral, revelada por estrias subhori-
fetos. No geral, os sulfetos são inferiores a zontais e formas sigmoidais orientadas N25E/
2% do volume da rocha hidrotermalizada, 80ºNW (Santos, 2000), encaixada em mon-
predominando pirita, secundada por calco- zogranito magnético (Granito Nhandu).
pirita, pirrotita, esfalerita e bornita, concen- Os teores variam de 15 a 20 g/t, com
trados e contidos nos planos miloníticos, as- uma recuperação muito baixa da ordem de
sociados a biotita. 30%, devido à grande quantidade de pirita
A mineralização aurífera está direta- associada ao ouro.
mente associada às zonas sulfetadas, sendo Depósito de Moriru (pólo 1) – Situa-
que os valores mais expressivos acham-se se na área Cedro Bom, vale do rio Moriru,
ligados aos veios de quartzo, onde foram aproximadamente 140 km a NNE de Aripua-
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Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
nã, extremo oeste da Província Alta Floresta, envolvendo sistemas localizados de alta pres-
onde Pinho & Chemale (2001), Pinho et al. são de fluidos (Delgado et al., 2001).
(1999) e Pinho (2001) descreveram vulcâni- Este ambiente é o que apresenta ca-
cas ácidas (1.8 Ga.) e rochas piroclásticas racterísticas mais favoráveis ao desenvolvi-
com mineralização de ouro associada a piri- mento de depósitos de grande volume e bai-
ta, calcopirita, galena e ilmenita. Os sulfetos xo teor de Au e acha-se representado pelos
acham-se disseminados ou em bandas ma- seguintes jazimentos distribuídos nos Distri-
ciças, distribuídos em rochas subvulcânicas tos: de Peixoto Azevedo/Matupá (pólo 9-Pei-
ou alojados em veios de quartzo-carbonato- xoto de Azevedo/Matupá); de Apiacás/Para-
clorita, encaixados em riolitos. Coutinho et naíta (pólos 3 – Apiacás-Novo Planeta e 4 –
al. (1998), constataram a existência de uma Paranaíta); de Alta Floresta/Trairão (pólo 6–
zona rica em sulfetos e ouro nas áreas co- Trairão) e do Novo Astro (pólo 2– Juruena/
nhecidas como zona Baixa Pressão e Danu- Novo Astro) (figura 4.2 e Tabela 4.3).
sa, próximas de Cedro Bom. Garimpo Serrinha (pólo 9) – Localiza-
Na área de Cedro Bom foram realiza- do cerca de 10 km a sudeste de Matupá, em
dos 15 furos de sonda, que atravessaram duas áreas que foram objeto de pesquisa
rochas vulcânicas félsicas de caráter explo- pela Mineradora WMC-Western Mine Com-
sivo, com ignimbritos predominando sobre pany e uma tese de doutorado desenvolvida
as lavas félsicas, de idade U-Pb em torno de por Moura (1998).
1.80 Ga (Pinho, 2001), semelhante à encon- As áreas estão posicionadas em duas
trada para as vulcânicas da Suíte Colíder colinas que se destacam na topografia pla-
(Moreton & Gaspar, 2004) suscitando uma na da região, denominadas Serrinha 1 e Ser-
provável correlação entre essas unidades rinha 2, alongadas na direção NE-SW, nas
vulcânicas na Província Alta Floresta. quais existem escavações a céu aberto feitas
Pelos estudos realizados por Pinho em rocha não intemperizada.
(2001), o minério apresenta-se disseminado Na frente Serrinha 2, situada cerca de
em sulfetos, em veios de quartzo e em depó- 4 km a leste da Serrinha 1, a escavação tem
sito supergênico. orientação norte-sul e expõe o biotita mon-
O tipo disseminado ocorre em sulfe- zogranito hidrotemalizado tipo Granito Ma-
tos, principalmente a pirita, distribuído em tupá, Moura (1998).
rochas vulcânicas félsicas e básicas. Algumas fraturas verticais EW (domi-
O antigo garimpo Filão representa o nante) e NE-SW mostram slickenlines subho-
segundo tipo, sendo constituído por um veio rizontais e ressaltos indicativos de falhas trans-
de quartzo de direção N50E/subvertical, com correntes dextrais. No entanto, as fraturas
aproximadamente 150 m de comprimento, mais freqüentes apresentam direções alea-
encaixado num riolito microporfirítico corta- tórias e são preenchidas por veios milimétri-
do por diques de rocha máfica. Neste veio cos de material de origem hidrotermal con-
de quartzo ocorrem pirita, galena, calcopiri- tendo quartzo, sulfetos e carbonatos, desen-
ta, esfalerita e traços de arsenopirita e coveli- volvendo lateralmente zonas de alteração no
ta. O ouro encontra-se na forma livre e inclu- granitóide encaixante (Santos, 2000). Como
so nos sulfetos, com teores da ordem de 90 existe um denso reticulado das fraturas mul-
g/t. O tipo supergênico provém do baixão, tidirecionais tipo stockworks, geralmente es-
onde foram extraídas, por processos rudi- tas zonas interagiram entre si e o granitóide
mentares, cerca de 12 t de Au. tornou-se totalmente hidrotermalizado.
Na região de Serrinha 1, a escavação
Stockworks, brechas hidrotermais e veios acha-se orientada NW-SE e observa-se as
de quartzo com ouro: Reúnem os jazimen- mesmas feições presentes em Serrinha 2,
tos que se desenvolveram no domínio rúptil muito embora aqui os processos hidroter-
em ambiente extensional. Neste contexto, mais tenham sido registrados com maior in-
além dos veios de quartzo extensionais, ocor- tensidade (feldspatização, sericitização, epi-
rem também brechas hidrotermais e sto- dotização e silicificação no granitóide). Ob-
ckworks, formados por uma rede de veios serva-se a existência de abundantes concen-
multidirecionais de espessura milimétrica a trações de pirita ao longo das fraturas, às
centimétrica. Estas estruturas estão vincula- vezes formando bolsões nos cruzamentos
das a processos magmático-hidrotermais das mesmas, ou disseminadas em microfra-
135
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
136
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
sitos do tipo ouro pórfiro, a exemplo do de- cente ao domínio Roosevelt-Aripuanã (1,74-
pósito de Serrinha (Moura 1998). Além dis- 1,52Ga.) e está, possivelmente, relacionado
so, existem outros tipos de depósitos de alta a processos metamórfico-hidrotermais do
sulfetação, relacionados a zonas de cisalha- ambiente de arco vulcânico, geradores de
mento decorrentes de nucleação de fraturas. fluidos tardios enriquecidos em Au, carrea-
Ocorre ainda um depósito de Au contido em dos e depositados em condutos estruturais.
veios de quartzo dobrados e boudinados A classificação proposta por Cruz
(Garimpo do Fabinho), que difere de todos (2002) para alguns depósitos auríferos, como
os demais por estar associado ao regime epitermais de baixa sulfetação, às vezes em
dúctil (Delgado et al., 2001). Este depósito transição para Au pórfiro, foi feita com base
encontra-se inserido no Grupo São Marcelo nas seguintes características: assinaturas dos
Cabeças (Frasca & Borges, 2004), perten- fluidos hidrotermais, rocha hospedeira (vul-
Figura 4.4 - Modelo esquemático para a gênese e evolução das mineralizações auríferas na Província Alta Floresta,
modificado e ampliado do sugerido por Moura (1998),para o deposito de Serrinha.. Estágio A) depósito de Au pórfiro com
pirita-cúpula de plúton-granítico calcioalcalíno, tipo I, oxidado, gerado em ambiente de arco plutovulcânico, a partir de fluido
magmático hipersalino (30-60% NaCl eq), tipo Depósito de Serrinha (Moura, 1998). B) Estágio tardio-epitermal de baixa
sulfetação - gerado em condições mais rasas na crosta (2 - 3 km). Com mistura do fluido salino com água meteórica, (< 20%
NaCl eq.). Arco pluto-vulcânico Juruena, (Suítes calcioalcalinas tipo I, oxidadas), (tipo os garimpos: C 7, Pé de Fora, Valdomiro
- Suíte Paranaíta); Trairão (Granito Nhandú) e Crentes e Álvaro Tavares (Suíte Colíder).
138
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
cânicas subaéreas ou intrusões graníticas), 2 km) e entraram em contato com água me-
da associação do ouro com a pirita ± calco- teórica, ocorreu um rebaixamento da salini-
pirita e pelas formas de mineralizações em dade dos fluidos magmático-hidrotermais
veios, disseminações e/ou stockworks. Cruz para valôres da ordem de <15% em peso de
(op. cit) apela para a ausência de alteração NaCl eq. e as temperaturas de homogenei-
potássio-silicática (K-feldspato ± biotita) nes- zação (T) ficaram abaixo de 300°C, ocasio-
ses depósitos para descaracterizá-los como nando a geração de uma zona de alteração
do tipo Au pórfiro. fílica (sericítica) tardia (Moura 1998).
Moura (1998) modelou o depósito de De acordo com Souza et al., (2004),
Serrinha (Matupá), como ouro pórfiro (figu- a composição, grau de fracionamento e es-
ra 4.4) em função de estudos isotópicos, in- tado de oxidação/redução das rochas gra-
clusões de fluidos e da alteração potássio- níticas constituíram controles fundamentais
silicática (K-feldspato + biotita) na zona cen- na geração dos jazimentos auríferos da Pro-
tral, que passa externamente para uma zona víncia Alta Floresta, revelados na forte liga-
quartzo-clorita sobreposta por sericita-pirita ção existente entre os depósitos de Au e os
(zona sericítica) com mineralização de Au, do granitos da série magnetita e seu grau de
tipo disseminada e inclusa na pirita, acom- fracionamento (figura 4.5), conforme esta-
panhada de magnetita hidrotermal e rutilo. belece Sillitoe (1996).
Os fluidos mineralizantes revelaram-se inici-
almente hipersalinos (30-60% em peso de A maioria dos depósitos da tabela 4.3
NaCl eq.) e temperaturas de homogeneiza- (Garimpos Trairão, Crentes, Álvaro Tavares, Cla-
ção (T) de 500 a 600°C, indicativas de um reira/Novo Astro, Cunhadinho/Novo Planeta,
nível crustal entre 4 a 5 km de profundidade. Tião Fera/Baixão Água Azul, Cabeças/ Novo
À medida que os plútons graníticos Astro), forram formados em condições de cros-
ascenderam a níveis crustais mais rasos (1 a ta rasa, ligadas a rochas graníticas/monzogra-
Figura 4.6 - Seção geológica de uma linha de sondagem mostrando a distribuição do ouro em
profundidade. os teores são geralmente baixos, caracteristicos do minério disseminado. (Fonte:
JICA, 2001)
139
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Figura 4.7 - Mapa e blocos diagramas mostrando os Domínios e modelos tectônicos associados do Distrito Aurífero do Alto Guaporé.
(Adapatado de Fernandes et al., 2003)
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Figura 4.8 - Mapa Geológico da Faixa Aguapeí com os depósitos Auríferos e Idades Ar/Ar (Fernandes et al., 2003)
142
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
146
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
147
Figura 4.11. - Bloco diagrama (ao centro) ilustrando as relações geométricas dos vários tipos de veios com uma dobra Dn. Os
desenhos foram confeccionados a partir de fotos e observações de campo e estão fora de escala. A dobra Dn no bloco diagrama é
esquemática (Segundo Silva et al., 2002). a) veio dobrado subparalelo a S0 (tipo 1) em corte; b) arranjo de veios escalonados
subparalelos a Sn (tipo 2) em corte; c) veios em neck de boudin (tipo 3), em planta; d) veio subparalelo à foliação Sn (tipo 2) em corte;
e) veio tabular subperpendicular a Sn (tipo 3), em planta; f) veio tabular subperpendicular a Sn (tipo 3), em planta, dobrado, com Sn
em posição plano axial; g) veio tabular subperpendicular a Sn (tipo 3), em corte vertical, com várias ramificações; h) vários veios
tabulares, subperpendiculares a Sn (tipo 3), em corte vertical; i) veios tabulares subperpendiculares a Sn (tipo 3), em planta
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
este mineral ocorre associado ao solo eluvial Melgaço. Outra hipótese seria a de uma ori-
e agregado a óxidos/hidróxidos de ferro nas gem sedimentar, na qual o ouro, sob a for-
crostas lateríticas (cangas). Este tipo de jazi- ma coloidal, tenderia a depositar-se em am-
mento exibe um padrão extremamente irre- bientes de sedimentação argilosa e/ou nos
gular, gerando localmente a presença de horizontes ferruginosos, sendo remobilizado
“bonanzas de pepitas” (Pires et al., 1986). O durante o metamorfismo, concomitantemen-
segundo tipo de depósito relaciona-se à te com a sílica, concentrando-se nos veios
ocorrência de ouro disseminado no protóli- de quartzo, ou permanecer na rocha associ-
to sedimentar, podendo concentrar-se em ados a sulfetos que se encontram dissemi-
camadas piritosas (Fagundes & Veiga, 1991), nados em alguns níveis de filitos. A última
ou em pacotes com intercalação de metadi- hipótese, é que o ouro estaria originalmente
amictitos, mármores e filitos (Silva et al., contido em rochas ígneas básicas, associa-
2003), apresentando teores pouco ou medi- das a sulfetos, e teria sido posteriormente
anamente expressivos. O terceiro tipo, o mais remobilizado através de processos metamór-
importante em relação à produção de ouro, ficos. Embora não sejam encontradas rochas
corresponde aos veios de quartzo encaixa- básicas na Baixada Cuiabana, elas ocorrem
dos em rochas metassedimentares do Gru- na seqüência metassedimentar do Grupo,
po Cuiabá. As relações geométricas entre os em outras regiões.
veios e as estruturas geradas durante a fase Estudos de inclusões fluidas indicam
Dn levaram Silva et al. (2002) a proporem a presença de composições variadas carbô-
uma separação dos veios em três tipos (Fi- nicas e aquosas, nos três tipos de veios (pré,
gura 4.11): (i) Veios tipo 1 - paralelos a S0; (ii) sin e pós-foliação principal). As temperatu-
Veios tipo 2 - paralelos a Sn; e (iii) Veios tipo 3 ras de homogeneização obtidas por Alvaren-
- subperpendiculares à direção de Sn. Des- ga et al. (1990) variam de 250ºC a 350ºC, para
tes destacam-se os veios do tipo 3, que são as inclusões carbônicas e para as inclusões
os mais abundantes e mais ricos, com teo- aquosas, mais novas, a faixa de variação é
res de ouro de 2 a 5 g/t, sendo que ocasio- de 120ºC a 260ºC. Os resultados destas últi-
nalmente registram-se bonanzas com teores mas sugerem um gradiente térmico, com au-
superiores a 100 g/t. De acordo com Silva et mento de temperatura de NW para SE. Os
al. (2002) estes veios são perpendiculares à autores não reconheceram diferenças signifi-
lineação de estiramento e relacionados às cativas de temperatura entre os veios caracte-
fraturas de extensão, relacionadas a um even- rizados como pré, sin e pós-foliação princi-
to tardio na fase Dn. pal, interpretando tal fato como devido a um
Luz et al. (1980) discutem três possí- processo de homogeneização das inclusões
veis origens para o ouro: a primeira estaria durante o último evento de geração de veios.
associada a veios de origem hidrotermal, pro-
vavelmente vinculados às intrusões ácidas
que ocorrem em São Vicente e Barão de
148
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Figura 4.12 - Croqui de Locação dos veios. No veio principal do depósito aurífero de Nova Xavantina (Pinho, 1990)
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
1
0°
Lineamento Transbrasiliano
2
1 Picos
Gilbués
Fontanillas 3
Pimenta Paranatinga
Bueno
Pontes e
16° Lacerda Amorinópolis
BRASIL
Coromandel
Lineamento 125° Az
Cobertura Fanerozóica 4
Oceano Atlântico
Cinturões Brasilianos Lajes
Crátons Pré-Brasilianos Jaguari
1 - Amazônico,2- Saão Luís
3 - São Francisco, 4 - Luís Alves
5 - Rio de la Plata
0 500 km
60° 52° 44° 36°
Kimberlito Kamafugitos
Figura 4.13 - Localização dos províncias kimberlíticas e kamafugíticas brasileiras (Almeida e Svisero, 1991)
Tabela 4.4 - Localização e data dos maiores diamantes encontrados no Distrito Diamantífero de Juína.
153
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
W e WNW-ESSE, com dimensão maior su- 1.606 ± 24 Ma., seguido por um hornblen-
perior a 200 km. da-biotita monzogranito de idade U/Pb de
1.573 ± 15 Ma. Uma fase magmática pos-
As rochas desta unidade compreen-
terior, representada por biotita sienograni-
dem monzogranitos a sienogranitos, afloran-
to pórfiro, tem idade de 1.554 ± 47 Ma.,
tes nos morros sob a forma de blocos tabu-
enquanto que as fases finais do magmatis-
lares, matacões arredondados e lajeados,
mo, caracterizadas por quartzo sienito,
que variam de 05 a 400 m de comprimento. forneceram uma idade de 1.532 ± 05 Ma.
Esses litotipos têm granulação gros- (Bettencourt et al., 1999).
sa a média, cores que variam entre cinza-cla- A Formação Casa Branca (Nahas et
ro e rosa, com uma foliação milonítica WNW- al., 1974; Leal, et al., 1978) constitui-se de
ESE persistente, caracterizada por porfiro- sedimentos carboníferos, basicamente con-
clastos de feldspato alcalino rapaquivítico e glomerados, arcóseos, grauvacas, arenitos
pelo paralelismo de cristais de biotita e, mais ortoquartzíticos, argilitos e folhelhos. Os con-
raramente, anfibólio. Injeções decimétricas a glomerados são polimíticos, separados por
decamétricas pegmatíticas e aplíticas são camadas ou lentes de areia fina a grossa,
comuns e se encontram deformadas, con- com clastos de diâmetro máximo ao redor
cordantemente com o restante da unidade, de 40 centímetros. Padilha et al. (1974) inter-
o que dá um aspecto gnáissico ao conjunto. pretaram o ambiente deposicional desta for-
Enclaves de tamanho e forma variados e de mação como flúvio-lacustrino, em ampla pla-
composição diorítica a granítica são comuns. nície de inundação. Siqueira (1989), citando
As condições de temperatura de metamor- Caputo (1984), interpretou o ambiente depo-
fismo nestas zonas são compatíveis com a sicional como glacial ou periglacial, funda-
fácies xisto verde superior a anfibolito (Rizzot- mentando-se em uma provável associação
to et al., 1995). diamictito-unidade dropstone.
O magmatismo foi episódico e ma- As estruturas kimberlíticas dessa re-
nifestou-se, possivelmente, por um perío- gião exibem peculiaridades subvulcânicas
do superior a 50 Ma., onde a fase intrusiva explosivas com amplas crateras e estreitos
mais antiga, representada por biotita sieno- ventos, onde podem ser identificadas as se-
granito porfirítico, mostra idade U/Pb de guintes características, da base para o topo
155
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Figura 4.15 - Seção típica e esquemática do rio Coité (Dardenne & Schobbenhaus, 2001)
Indiviso. Caracterizam-se pela concentração tais-base foram identificados a partir dos tra-
vertical dos diamantes resultante da erosão balhos de reconhecimento geológico execu-
a que essas áreas fontes intermediárias fo- tados pela Anglo American Brasil Ltda, inici-
ram submetidas, com o transporte dos tipos ados em 1992, na região de Aripuanã, noro-
litológicos mais finos (areias e argilas), po- este do Estado de Mato Grosso. Tais traba-
rém sem capacidade de carga suficiente para lhos levaram à identificação de gossans ri-
transportar os seixos, matacões e o próprio cos em Zn e Cu em antigas ocorrências de
diamante. Tais depósitos podem produzir ouro. Após os trabalhos iniciais de pesquisa,
concentrações significativas de diamante, esses gossans foram definidos como a zona
entretanto, como possuem volume peque- oxidada de um depósito polimetálico do tipo
no, tornam-se economicamente inviáveis. Os VMS com mineralização de Zn, Pb e Cu (Cos-
depósitos coluviais posicionam-se junto às ta, 1999). Os trabalhos de pesquisa confir-
escarpas de falha ou de erosão e nos mor- maram o potencial dessas ocorrências que,
ros testemunhos internos à bacia, sendo posteriormente, na fase de detalhamento,
depósitos resultantes de pequeno transpor- levaram à definição de vários outros corpos
te, produzidos por movimentos bruscos de mineralizados e a um recurso mineral que
massa (depósitos de talus). A distribuição pode ser enquadrado como de médio a gran-
do diamante neste tipo de depósito é erráti- de porte, para esse tipo de depósito.
ca devido a ausência de seleção. Os depó-
sitos aluviais, mormente aqueles de canais, As mineralizações ocorrem associa-
ocorrem na região de Poxoréu, assim como das à Seqüência Metavulcanossedimentar
de resto em todas bacias diamantíferas no (SVS) Roosevelt, anteriormente denominada
Estado de Mato Grosso, constituindo as jazi- de Seqüência Metavulcanossedimentar Ari-
das mais importantes no tocante aos teores. puanã, de idade Paleoproterozóica (1.762 –
Tais depósitos resultam de transportes à lon- 1.740 Ma), inserida no Grupo Roosevelt. O
ga distância, que associados ao gradiente depósito polimetálico de Aripuanã situa-se 14
elevado e à capacidade de carga do meio km a norte da cidade homônima, no local
transportador, proporcionam as condições denominado Serra do Expedito, onde des-
adequadas à concentração do diamante. A tacam-se os corpos mineralizados do Arex e
jazida descoberta pela empresa Mineração Ambrex, na porção ocidental da referida ser-
São José Ltda, no rio Coité, município de ra. Na porção oriental, a Serra do Expedito
Poxoréu, é o exemplo clássico deste tipo de inflete primeiramente para sul, onde estão
depósito (Weska, 1987 & Weska et al., 1991). localizados corpos menores como os do
Nos depósitos de leques aluviais, as Babaçu, Boroca, Mocotó-Gossan, Mocotó-
principais concentrações do diamante ocor- Cabeça Branca (Au). Posteriormente, a Ser-
rem nos paleocanais em detrimento das por- ra do Expedito inflete para sudeste, onde se
ções laterais, onde a distribuição é errática. situam, dentre outros, os alvos Vaca, Bigo-
Nesse caso, a distribuição é mais errática do de, Cafundó e Acampamento Velho. (Figu-
que aquela registrada nos depósitos quater- ra 4.16)
nários (Weska, 1987 & Weska et al., 1991).
De acordo com os trabalhos de pesquisa, o
4.3 - SUBSTÂNCIAS METÁLICAS Grupo Roosevelt, de ambiência paleotectô-
nica incerta (possivelmente arco-vulcânico
O Estado exibe um grande potencial epicratônico), pode ser grosseiramente sub-
para depósitos polimetálicos de metais-base dividido em um domínio de natureza bimo-
e depósitos de níquel, os quais distribuem- dal (basalto-riolito), com predomínio de ro-
se principalmente na região noroeste e su- chas félsicas, a norte, e outro de natureza
doeste. Na região sudoeste, o conjunto de vulcanossedimentar, félsico, posicionado a
distritos mineráis é parte integrante da Pro- sul. Ambos são intrudidos por uma varieda-
víncia Polimetálica do SW do Mato Grosso. de de batólitos e stocks graníticos, além de
corpos menores de diorito, diabásio e gabro.
4.3.1 - Distrito Polimetálico de Aripuanã O limite entre estes dois domínios é marca-
(NBS) do por corpos subvulcânicos alongados, dis-
postos na direção WNW, de composição gra-
Estes depósitos polimetálicos de me- nítica, denominados de granitos do tipo Zé
158
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
159
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
160
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Figura 4.17 - Perfil Geológico - Região de Aripuanã. Relatório Final de Pesquisa - Anglo American Brasil Ltda / 2003
ckwork (stringer zone). Os depósitos de Magnetita e hematita são os óxidos mais co-
sul(Costa, 1999). muns. Os minerais de ganga mais comuns
A zona de minério stringer representa são quartzo, carbonato, sericita e clorita.
o conduto por onde ascenderam as soluções
hidrotermais. O sulfeto mais comum é a piri- Os depósitos apresentam um zonea-
ta, com pirrotita, calcopirita, galena e esfale- mento acentuado na sua mineralogia e com-
rita ocorrendo em menores proporções. posição química. O padrão mais comum de
161
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
zoneamento é o decréscimo da relação cal- rita, pirrotita, pirita, magnetita, galena, calco-
copirita/esfalerita (Cu/Cu+Zn) em direção ao pirita, cubanita e arsenopirita. As principais
topo e para as bordas das lentes de sulfeto características dos depósitos relacionados ao
maciço e o acréscimo dessa relação na zona Horizonte Valley podem ser assim resumidas:
de minério stringer . Esse zoneamento metá- as rochas hospedeiras compreendem tufos,
lico é interpretado como a substituição su- mármores e quantidades menores de cherts
cessiva da assembléia mineralógica de baixa e encontram-se deformadas e alteradas. A
temperatura (pirita-esfalerita) pela de alta tem- mineralização é stratabound, porém com
peratura (calcopirita-pirrotita) (Costa, 1999). contatos internos discordantes relacionados
a frentes de substituição. Em direção ao topo
Os sulfetos maciços têm expressão estratigráfico (hangingwall) os corpos de sul-
superficial na zona oxidada, sob a forma de fetos maciços são dominantemente piríticos,
gossans associados a níveis de cloritito de- mais pobres em Zn e mais bandados. A pir-
composto. As mineralizações econômicas, rotita é mais comum na zona de stringer e na
no entanto, estão ligadas aos minérios sulfe- base do horizonte (footwall).
tados não oxidados e não aflorantes.
As mineralizações sulfetadas (tipo strin-
A maior parte das reservas conheci- ger) estão confinadas no pipe de alteração,
das localiza-se na área Arex-Ambrex, em uma nas rochas sotopostas estratigraficamente ao
região estruturalmente complexa. No Am- Valley. Este pipe de alteração mostra zonea-
brex, na zona denominada Valley, a minerali- mento com relação à temperatura dos flui-
zação posiciona-se na crista de um anticlinal dos mineralizantes. Todos os tipos de mine-
apertado, fortemente inclinado, com plano rais de minério presentes, com exceção da
axial para NE e plunge suave para WNW. No magnetita, foram submetidos a processos de
Arex, a faixa mineralizada é contínua por remobilização tectônica (veios e vênulas).
1.300 metros de extensão, ao longo do plun-
ge e está relacionada a uma zona de intensa Minérios do Toddy Zones – Esta zona
cloritização (alteração hidrotermal), com pre- mineralizada constitui-se de lentes maciças,
sença de rocha clorítica magnesiana, biotita concordantes e semi-concordantes de pirro-
e, em muitos casos, engloba cristais de mag- tita-pirita-esfalerita-galena-calcopirita-magne-
netita e tremolita. Esta zona de cloritito en- tita, recobertas por tufos fracamente altera-
volve a mineralização principal de metais- dos. Essas lentes recobrem lavas com inten-
base. As mineralizações de Zn-Pb-Ag são sa alteração a clorita-biotita e com minerali-
constituídas principalmente por sulfetos dis- zação sulfetada do tipo stringer. Os sulfetos
seminados e maciços de Zn (esfalerita) e Pb exalativos representam a porção menor do
(galena), além de pirrotita e calcopirita, com depósito e exibem zoneamento, com a base
prata associada. As mineralizações de Cu- das lentes mais rica em Zn- Pb-Cu que o topo.
Au, por sua vez, caracterizam-se pelo pre- As características gerais do depósito são su-
domínio de calcopirita em relação à pirrotita, gestivas de um modelo do tipo VMS, similar
pirita e ouro. ao observado em Noranda, Canadá.
Figura 4.18 - Seção Geológica da Área Arex - Relatório Final de Pesquisa - Anglo American Brasil Ltda / 2003
Figura 4.19 - Correlação estratigráfica das áreas Arex, Ambrex, Massaranduba e Babaçu e Mocotó.
Relatório Final de Pesquisa. Anglo American Brasil Ltda / 2003.
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Figura 4.20 - Mapa Geológico da área de ocorrência da Mina do Cabaçal e do Depósito C2c
deformado (Pinho, 1996; Pinho et al., 1997). ambiente de arco de ilhas para geração do
A idade do sistema vulcânico foi estabeleci- vulcanismo.
da, pelo método U-Pb (SHRIMP), em 1.7 Ga. O ouro está distribuído de forma er-
e a deformação em 1.6 Ga. (Pinho, 1996). rática nas diferentes zonas mineralizadas. No
O minério está distribuído em três zo- entanto, os mais altos teores foram relacio-
nas, denominadas de Zonas do cobre Sul,
Central e Leste. Os limites das zonas minera-
lizadas são marcados por falhas de direções
NE e NW, por um sill de gabro a nordeste e,
a SW, por uma rocha vulcanoclástica félsica,
cuja alteração hidrotermal diminui na direção
SW (Mason & Kerr, 1990). O limite noroeste
é definido por um sistema de falhas na dire-
ção NE (Figura 4.21).
As rochas encaixantes são vulcano-
clásticas félsicas da Formação Manuel Leme
e estão comumente cisalhadas em direção
subparalela aos contatos litológicos. Uma
intensa alteração hidrotermal afeta as rochas
encaixantes nas proximidades dos corpos
mineralizados. Esta alteração consiste em
uma zona central cloritizada, com zonas de
sericitização nos entornos. Pinho (1996), atra- Figura 4.21 - Limites das zonas mineralizadas do De-
vés de estudos litogeoquímicos, aponta um pósito Cabaçal (modificado de Mason & Kerr, 1990)
166
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Figura 4.22 - Perfis de Alteração dos Depósitos - Relatório Final de Pesquisa - Anglo American Brasil Ltda/ 2003
Figura 4.23 - Perfis de Alteração dos Depósitos - Relatório Final de Pesquisa - Anglo American Brasil Ltda / 2003
168
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Figura 4.24 - Perfil geoquímico do Depósito Morro Sem Boné - Relatório Final de Pesquisa - Anglo American
Ltda / 2003
Figura 4.25 - Perfil geoquímico evolutivo da leterita niquelífera do Morro Sem Boné - Relatório Final de
Pesquisa - Anglo American Ltda / 2003
169
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
· Zona Laterítica e Zona Silicosa (estéril pleistocênicos e nas calhas das drenagens
aflorante) com Ni < 0,9%; (Schobbenhaus & Silva Coelho, 1988).
· Zona Silicosa Saprolítica, de material sa- A mineralização primária localiza-se
prolítico com venulações de sílica, com principalmente na zona central do maciço
Ni > 0,9% (minério ácido); granítico, associada ao evento mais jovem da
· Zona Saprolítica Argilosa Ferruginosa, com intrusão, controlada por alterações hidroter-
Ni > 0,9%, Fe > 18% (minério ácido); mais tardias, compreendendo basicamente
· Zona Saprolítica Argilosa, com Ni > 0,9%, albitização e caolinização, com disseminações
Fe < 18% (minério básico); de Sn e, secundariamente, Nb, Ta e Terras-
· Zona Saprolítica Homogênea, com estru- Raras (Schobbenhaus & Silva Coelho, 1988).
tura da rocha original preservada, com Segundo Pelachin et al. (1986) exis-
Ni > 0,9%, Fe < 15% (minério básico); tem duas fases que caracterizam a intrusão
· Zona de Transição para Rocha Fresca, granítica responsável pela mineralização es-
com Ni < 0,9%. tanífera de São Francisco: uma fase mais an-
tiga, denominada de Fase Baiano, compre-
Os depósitos dos morros Sem Boné e endendo um biotita granito médio a grosso,
do Leme possuem reservas minerais bloquea- rapakivítico, normalmente cataclasado; e uma
das de aproximadamente 47 milhões de tone- fase mais jovem, definida como Fase São
ladas de minério, com teores médios de 1,76% Francisco, relacionada ao núcleo do maciço
de Ni, 14,5% Fe, mostrando ainda uma rela- granítico, representada por um granito fino, a
ção Si02/Mg0 de 2,29 e um cut- off de 0,9% Ni. biotita, encaixado nas rochas da Fase Baiano
e afetado por alterações hidrotermais tardias.
4.3.4 - DISTRITO ESTANÍFERO SÃO Estudos executados pelo Grupo Para-
FRANCISCO napanema na Mina São Francisco, permitiram
(WAF) definir as principais feições geológicas vincu-
ladas à mineralização de Sn e associados:
Localiza-se na Amazônia Ocidental,
no extremo noroeste do Estado de Mato · as mineralizações primárias estão relaci-
Grosso, próximo aos limites com os estados onadas à área de ocorrência do evento
de Rondônia e Amazonas. Esse distrito mi- mais jovem da intrusão (Fase São Fran-
neiro é parte integrante da Província Estaní- cisco), hidrotermalmente alterada (caoli-
fera de Rondônia e está relacionado a um nização e greisenização) e à zona exter-
corpo granítico circular, isotrópico, anorogê- na de contato, sob a forma de veios de
nico, com textura rapakivi, pertencente à Su- greisen, encaixados no evento mais anti-
íte Intrusiva Rondônia. Este corpo encontra- go da intrusão (Fase Baiano);
se intrudido em rochas metagranodioríticas · como as feições cataclásticas registradas no
da Suíte Intrusiva São Romão (PP4gamma evento mais antigo não são detectadas no
sr) e recoberto, discordantemente, pelos se- evento mais jovem, assume-se a existência
dimentos neopaleozóicos continentais da de um gap cronológico entre ambos;
Formação Palmeiral (NP1 p). A área foi des-
· as concentrações de estanho na base dos
coberta e trabalhada por garimpeiros e, pos-
sedimentos relacionam-se a canais, nor-
teriormente, pesquisada pelo Grupo Parana-
malmente meandrantes, vinculados ao iní-
panema, que culminou com o dimensiona-
cio do processo de deposição da bacia;
mento de uma jazida de cassiterita e a con-
seqüente atividade de lavra. · os paleovales pleistocênicos caracterizam
Os trabalhos de pesquisa concluíram um sistema de drenagem pretérito que,
que a mineralização classifica-se como se- apesar de mineralizado, é economica-
cundária e primária. mente inviável;
A mineralização secundária está re-
· os depósitos aluvionares estão relaciona-
lacionada ao produto da erosão da zona de
dos tanto à erosão da fonte primária (gra-
alteração dos granitos mineralizados da Su-
nitos associados à Fase São Francisco)
íte Intrusiva Rondônia e conformam placers
quanto ao retrabalhamento de sedimen-
com concentrações de estanho na base dos
tos mineralizados da borda da bacia.
sedimentos da Formação Palmeiral, em alu-
viões imaturas, conformando paleovales Os trabalhos de pesquisa do Grupo
170
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
1970, e paralisada no final desta mesma dé- te da cidade de Nova Xavantina, na margem
cada. Atualmente, aos problemas técnicos direita do Rio das Mortes, município de Co-
que dificultam a retomada dos trabalhos de calinho.
pesquisa/explotação da jazida, associa-se um Luz et al. (1978) registram reservas
passivo ambiental significativo. aflorantes de calcários dolomíticos e dolomi-
tos, com boa aplicabilidade na construção
4.4 - SUBSTÂNCIAS NÃO METÁLI- civil e corretivos de solos, em torno de 60 bi-
CAS lhões de toneladas e reservas geológicas fa-
cilmente aproveitáveis de calcário calcítico,
4.4.1 - ROCHAS E MINERAIS INDUS- para produção de cal, brita e cimento, esti-
TRIAIS madas em aproximadamente 800 milhões de
toneladas.
Rochas Carbonáticas
(FECP) Os calcários calcíticos, com interca-
lações subordinadas de siltitos e margas,
As rochas carbonáticas cons- associam-se ao membro inferior da Forma-
tituem um dos bens minerais da mais alta ção Araras (Grupo Alto Paraguai), enquanto
importância para a agricultura do Estado, os calcários dolomíticos e dolomitos estão
sendo utilizadas na condição de insumo agrí- ligados ao membro superior desta mesma
cola, principalmente como corretivos de so- formação.
los. Destacam-se nessa condição as rochas A lavra destas rochas carbonáticas
da Faixa Paraguai (grupos Alto Paraguai e vem crescendo a partir do final da última dé-
Cuiabá) e da Bacia do Paraná (grupos Passa cada. Após atravessar um período de crise
Dois e Bauru). de 1995 a 1997, a produção ultrapassou os
3 milhões de toneladas em 1999 e os 5 mi-
Distrito de Rochas Carbonáticas da Provín- lhões de toneladas no ano de 2003, com um
cia Serrana total de 5.279.129 toneladas (Figura 4.27).
(FECP) Segundo dados do IPEM (2000), na
Província Serrana, com a abertura de exten-
Os depósitos de rochas carbonáticas sas áreas para agricultura, estas rochas car-
associados ao Grupo Alto Paraguai ocupam bonáticas vêm sendo extensivamente explo-
uma faixa com forma aproximada de um arco, tadas, com o surgimento de dezessete indús-
com cerca de 30 km de largura por 350 km trias produzindo pó calcário, brita e cal, além
de comprimento. Estendem-se desde a bor- de uma fábrica de cimento implantada e ou-
da do Pantanal Matogrossense, a sul de Cá- tra em implantação.
ceres, até a região de Paranatinga, passan- Na parte leste do Estado, no municí-
do por Rosário Oeste e Nobres (Figura pio de Cocalinho, uma indústria (Calcário
4.26). Um depósito isolado ocorre a nordes- Araras) produz pó corretivo.
171
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
172
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
doce, 68,7% encontram-se sob a forma de dissolvidos, temperaturas entre 39ºC a 41ºC
gelo, 29,9% constituem as águas subterrâ- e radioatividade local de 50 CPS. São classi-
neas e apenas 0,26 % as águas superficiais. ficadas como fontes termais (hipertermais)
O Estado de Mato Grosso registrou, nas radioativas e suas águas como oligominerais.
últimas décadas, um aumento substancial da O hipertermalismo deve-se ao grau geotér-
demanda hídrica e, em decorrência, a perspec- mico local, com contribuição da desintegra-
tiva do aumento da poluição ambiental. ção de minerais radioativos (Olivatti & Mar-
As águas minerais e potáveis de mesa, ques, 1972). O segundo contexto correspon-
envasadas em Mato Grosso para consumo de a um aqüífero termal subterrâneo, situa-
humano, alcançaram em 2002/2003 uma do nos sedimentos arenosos da Formação
produção da ordem de 150 milhões de litros, Furnas. Abrange os municípios de Jaciara,
segundo registros oriundos do DNPM/MT. Juscimeira, D. Aquino, Pedra Preta, Rondo-
Novos empreendimentos, ainda em fase de nópolis, Poxoréu, General Carneiro e Barra
pesquisa, estão se credenciando para a ex- do Garças, no limite com o vizinho estado
plotação desse segmento industrial no Esta- de Goiás, controlado por uma mega falha de
do. O potencial dos aqüíferos é substancial e direção nordeste.
estimula essa perspectiva. Estas águas estão A temperatura da água varia entre
geneticamente condicionadas ao aqüífero 41ºC e 51ºC e o hipertermalismo desse aqü-
Furnas e afloram sob a forma de surgência, ífero se processa pelo grau geotérmico re-
preferencialmente na zona de contato com a gistrado na região (1ºC/29m), em associa-
Formação Ponta Grossa (sotoposta). ção com a velocidade de circulação da água
As fontes termais despontam como que permite o seu aquecimento nas zonas
uma nova opção para viabilizar a implanta- profundas e com uma velocidade de ascen-
ção de projetos de hotelaria/balneário, para são superior à taxa de resfriamento devido
aproveitamento turístico, e compreendem ao equilíbrio térmico com as zonas mais ra-
dois contextos geológicos: no primeiro, a sas, sob influência da tectônica registrada na
fonte termal encontra-se associada à intru- região (sistemas de falhas/fraturas).
são do batólito granítico da Serra de São Vi- Apenas no município de Juscimeira,
cente, condicionada por um sistema de fa- em uma área de 22 x 22 km, este aqüífero
lhas de direção N40E/subvertical e fraturas vem sendo explotado através de duas deze-
de direções N20-40E e N70-80W. Neste con- nas de poços tubulares profundos, com uma
texto existem cerca de uma dezena de fon- vazão média de 25m³/h/poço.
tes, três das quais situadas no leito do córre- Atualmente, esse complexo de
go Águas Quentes, com uma vazão total de águas termais vem sendo explorado comer-
aproximadamente 1.500.000 l/dia. As águas cialmente por um empreendimento hote-
apresentam baixo conteúdo de sais minerais leiro/balneário, nas Águas Quentes de São
Vicente, e subaproveitado através de pe-
quenos balneários nos municípios de Jus-
cimeira e Barra do Garças.
175
176
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
5.
ECONOMIA MINERAL
como: DOCEGEO - Vale do Rio Doce; NU- Mato Grosso ( PMMt) com o PMB nacional e
CLEBRÁS; Mineração Santa Elina Ltda; Mor- sua relação o PIB estadual, demonstra que
rinho Mineração Ltda; Minérios Salomão há um potencial interno ainda pouco explo-
Ltda.; Mineração Jaguar Ltda.; Pró Metálica rado e que poderá proporcionar crescimen-
Mineração Ltda. (Associada ao Grupo Anglo to real muito grande para a região, depen-
American); SOPEMI; RTZ - Rio Tinto Zinc dendo basicamente da implantação de polí-
Mineradora Bauxita; Western Mining Com- ticas que estimulem investimento nos seto-
pany; Sumitomo Corporation do Brasil S.A., res potenciais.
além da atuação de grandes grupos empre- Dessa forma,o setor mineral do Mato
sariais importantes como Votorantin, Andra- Grosso poderá crescer em termos qualitati-
de Gutierrez e Camargo Corrêa. vos e quantitativos contribuindo com o pro-
Também surgiram associações e coo- cesso de desenvolvimento regional e aumen-
perativas garimpeiras organizadas na tentati- tando a oferta de produtos para induzir o
va de melhorar a produtividade nos garimpos crescimento industrial e agregar cada vez
outrora explorados de forma rudimentar. mais valores à economia regional.
A economia mineral do estado está
calcada principalmente na extração do ouro
e diamante, mas vem se diversificando com 5.2 - INFRA – ESTRUTURA BÁSICA
a produção de minerais importantes para o
desenvolvimento regional como o calcário O Estado dispõe de uma boa infra-
dolomítico, utilizado em grande escala na estrutura básica, com uma malha rodoviária
agropecuária como corretivo da acidez do satisfatória e várias hidrovias ainda pouco ex-
solo e o calcário calcítico, insumo fundamen- ploradas, além de uma malha ferroviária im-
tal para a indústria de cimento, além da utili- plantada e em expansão (FERRONORTE).
zação como corretivo.
As rochas ornamentais, os materiais Cuiabá, capital do estado, encontra-
agregados para a construção civil (areia, bri- se a 2.000 Km da costa atlântica no porto de
ta e argilas), e a revelação de um novo po- Santos em São Paulo, por rodovias asfalta-
tencial para metais (zinco, chumbo, cobre, das, ou pela ferrovia FERRONORTE. Dista
prata e níquel) além de minerais industriais 1.800 Km do porto de Santarém, no estado
(caulim e argilas industriais), e água mineral do Pará, pela BR-163. Situa-se ainda a 2.359
e termal completam o quadro dos bens mi- Km do porto de Ilo e 2.472 Km do porto de
nerais conhecidos e explorados na região. Matarani (ambos no Peru), e a 2.000 Km dos
No que tange a sua balança comer- portos de Arica e Iquique (no Chile), todos
cial, Mato Grosso ainda é produtor de bens na Costa do Pacífico, sendo que 1.550 Km
primários. Importa os produtos acabados, são asfaltados e 450 Km são de estrada sem
principalmente insumos utilizados na indús- pavimento asfáltico, em território boliviano.
tria de fertilizantes, que contribuem com cer- A rede hidroviária compreende a hi-
ca de 80% dos produtos importados; situa- drovia Paraguai-Paraná, desde o porto de
ção que gera um déficit na sua balança co- Cáceres ao porto de Buenos Aires, com ex-
mercial com conseqüências na geração de tensão de 3.442Km e da hidrovia Madeira-
emprego e renda. Amazonas, com extensão de 1.100Km, a
No ano de 2001 o Produto Mineral partir de Porto Velho (RO) até Itacoatiara, no
do Estado (PMMt) foi da ordem de R$ 202 Amazonas. O Aeroporto Internacional Mare-
milhões e correspondeu a 1,4% do PIB inter- chal Rondon está sendo dotado da mais
no que atingiu R$ 14,5 bilhões. moderna infra-estrutura para operar aviões
Em relação ao PMB – Produto Mine- cargueiros de vôos nacionais e internacio-
ral Brasileiro (soma de toda a produção mi- nais. Portanto, Mato Grosso está se constitu-
neral oficial do Brasil) a participação do Pro- indo em um grande entroncamento sul-ame-
duto Mineral de Mato Grosso - PMMt é mui- ricano, com ligações norte-sul e leste-oeste,
to pequena , em torno de 0,21%. Vale salien- com ponto intermediário entre as duas cos-
tar que esta média é ainda mais preocupan- tas marítimas do Atlântico e do Pacífico. En-
te se comparada com a participação do PMB contra-se interligado ao sistema elétrico na-
no PIB nacional que é da ordem de 25%. cional e ao de comunicações a cabos de fi-
A comparação do Produto Mineral de bra ótica, com telefonia convencional fixa,
178
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
179
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
180
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
GRÁFICO 1
GRÁFICO 2
Fonte: SICME
co verticalizado do setor mineral mato-grossen- origem mineral importados justamente para
se onde verifica-se que a quase totalidade dos atender à demanda industrial dos produtos
produtos importados está diretamente ligada utilizados na agricultura e pecuária.
aos insumos agrícolas principalmente para pro-
dução de fertilizantes, ou seja , produtos de A baixa participação do setor mineral
182
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
nas exportações e a grande dependência Oeste do Mato Grosso, além dos Depósitos
externa de insumos e produtos acabados de polimetálicos de Aripuanã, Cabaçal e Níquel
origem mineral mostram o perfil da econo- de Comodoro.
mia mineral do estado, caracterizada por pro-
dução de bens primários e importação de Nas últimas décadas o setor mineral
insumos e produtos industrializados, quadro recebeu a atenção de órgãos e empresas es-
que pode ser revertido com programas de tatais que implementaram ações importantes
governo voltados para a verticalização indus- para desenvolve-lo. A presença do DNPM -
trial da mineração com aproveitamento dos Departamento Nacional da Produção Mineral
recursos minerais na própria região. da CPRM - Companhia de Pesquisas de Re-
cursos Minerais foi fundamental para o conhe-
5.4 - O SETOR MINERAL cimento do potencial mineral e geológico do
território mato-grossense, através da execu-
5.4.1 - Pesquisa Mineral ção de mapeamentos geológicos básicos.
A partir de então , várias empresas
No território mato-grossense encon- foram atraídas para desenvolverem pesqui-
tram-se importantes jazimentos que encer- sas minerais na região.
ram mineralizações de ouro, diamante, me- Atualmente, observa-se no período
tais (níquel, cobre, chumbo, manganês, es- entre 2002/2003 um incremento no número
tanho e zinco), rochas ornamentais, mine- de requerimentos junto ao DNPM – Departa-
rais industriais, água mineral e termal, rochas mento Nacional de Produção Mineral (Tabe-
carbonáticas. la 1), da ordem de 55,2% no estado, contra
Como pode ser observado neste levan- 24,25% a nível nacional.
tamento, os maiores destaques são: Incremento ainda maior verificou-se
na publicação de alvarás de pesquisa, da
• Províncias e Distritos Auríferos ( ordem de 110% contra apenas 18,87% a ní-
Alta Floresta; Alto Guaporé e Baixada Cuia- vel nacional.
bana) e a região aurífera de Nova Xavantina; O número de Requerimentos de Li-
• Distrito de Rochas Carbonáticas cença também aumentou significativamente
– Província Serrana (Cáceres; -Nobres-Ro- no período , como pode ser visto, um cresci-
sário Oeste-Paranatiga) - Bacia do Paraná mento de 84% em Mato Grosso contra de-
(Alto Garças e Poxoréo); Grupo Alto Para- créscimo de 0,73% a nível nacional. Houve
guai- Formação Araras (Cocalinho, Nova Xa- crescimento também na obtenção de Lavra
vantina): Baixada Cuiabana (Cuiabá/Distrito e Registro de Extração.
da Guia).
• Distritos Diamantíferas (Juína, Pa- 5.4.2 - Reservas e Produção Mineral
ranatinga, Alto Paraguai e Poxoréo), que com-
põem a Província diamantífera do Centro As reservas cubadas e devidamente
183
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
MME – 2002, o estado dispõe de importan- sito de Zinco do País com reservas de 22,3
tes mineralizações de cobre, chumbo, zinco milhões de toneladas de minério, contendo
e prata, com destaque para o chamado Dis- Zn a 7,89%, Ag a 49,7 g/t., 0,08% de cobre,
trito Polimetálico do Cabaçal, e mineraliza- 1,60% de Pb e 0,22 g/t/Au.
ções de níquel conhecidas nos Depósitos de A existência de ambientes semelhan-
Níquel de Comodoro. tes ao do depósito de Aripuanã, recomen-
O Distrito Polimetálico de Cabaçal dam novas pesquisas e prospecções princi-
está localizado no município de Rio Branco palmente na região norte do estado.
no curso médio do Rio Cabaçal. A implantação de empreendimentos
No período de 1980 a 1985 a BP Mine- para produção de metais no Estado de Mato
ração, através da subsidiária Mineração Ma- Grosso passa por dificuldades devido à falta
nati, desenvolveu trabalhos de detalhe e semi- de investimentos em energia elétrica, em ní-
detalhe nesta área, dando origem a abertura veis compatíveis com a demanda , nos lo-
da Mina do Cabaçal que operou entre os anos cais onde estão as jazidas, necessitando de
de 1987 até 1992. Neste período foram pro- ações de governo no sentido de viabilizar a
duzidas 870.000t de minério com teor médio oferta deste serviço a curto–prazo, como for-
de 0,82% de cobre e 0,5g/t de ouro. ma de assegurar a efetiva instalação destes
A partir de 1999 o consórcio Votoran- empreendimentos.
tim/Pró Metálica iniciou a reavaliação do de-
pósito denominado C-2C, semelhante ao 5.5.2 - MINERAIS NÃO-METÁLI-
depósito da mina de Cabaçal com possibili- COS
dade de retomar a produção.
Quanto ao minério de zinco existe Rochas Carbonáticas
um projeto em desenvolvimento pela Pro- As rochas carbonáticas têm grande
metálica Mineração Ltda. para implantação importância para a economia do Estado de
de um empreendimento mineiro denomina- Mato Grosso por se tratar de uma região com
do Monte Cristo, no Município de Rio Bran- forte vocação para a agropecuária. O Esta-
co, com o objetivo de lavrar 1.200.000t de do posiciona-se como o maior produtor de
minério, produzindo anualmente 20.700t de Calcário Agrícola do país, com capacidade
concentrado de zinco. instalada de 2.000 t/h, suficiente para suprir
Região do Jaurú situada ao longo do sua demanda interna.
médio vale do Rio Jaurú, no município de Existem atualmente mais de duas de-
Indiavaí, em uma faixa de 60km de largura zenas de unidades moageiras de pó-calcá-
por 150km de comprimento na direção NW- rio no estado, responsáveis pelo suprimen-
SE, encerra várias ocorrências de sulfetos de to do mercado interno de corretivo de solo.
cobre, sendo o mais importante o da fazen- Cerca de 15 destas unidades estão instala-
da Grão de Ouro, no norte do município de das na região da Província Serrana, onde se
Indiavaí. Além do cobre, também ocorrem concentram as maiores reservas deste bem
pequenos depósitos de níquel e cobalto, o mineral, sendo 07 concentradas na região de
que demonstra o potencial da área. Nobres/Rosário Oeste. As demais localizam-
Região do Rio Alegre está situada a se na Baixada Cuiabana/Distrito de Guia (01);
W-NW de Pontes e Lacerda, tem potencial, município de Alto Garças (01); município de
principalmente para níquel, sendo que as Tangará da Serra (01); município de Cocali-
ocorrências mais conhecidas estão localiza- nho (01); município de Poxoréu (01) e muni-
das no Morro Solteiro. cípio de Nova Xavantina (01). .
Distrito de Comodoro , nas localida- As reservas medidas e indicadas so-
des conhecidas como Morro do Leme e Sem mam mais de 10 bilhões de toneladas, o
Boné, no município homônimo, no período que mostra um potencial inestimável des-
de 1997-2001, a empresa Anglo-American se bem mineral para a região.
identificou um depósito de níquel laterítico Além das unidades moageiras de
com reservas de minério da ordem de calcário que ainda produzem como subpro-
47.000.000 de toneladas, com teor de 1,76% duto brita e cal, encontra-se em atividade 01
de Ni. Essa mesma empresas investiu na re- fábrica de cimento no município de Nobres
gião de Aripuanã em trabalhos de pesquisa, e uma outra em fase de implantação no mu-
que definiram como um dos maiores depó- nicípio de Rosário Oeste.
187
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Gráfico 06
188
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
da contribui muito com o PIB interno do es- A areia, cascalho, argila e brita são as
tado. (Tabela 8) matérias primas utilizadas diretamente na in-
Agregados de Uso na Construção Civil dústria de construção civil na produção de
tijolos, telhas, concreto, argamassas.
Gráfico 07
Estes bens minerais apresentam baixo por exemplo, é abastecida de areia e casca-
valor agregado e por conseguinte têm no pre- lho retirados do leito do rio Cuiabá.
ço do transporte o principal vetor de custo para A produção geralmente é feita por
o seu aproveitamento econômico, com influ- pequenas empresas que utilizam técnicas
ência direta da localização dos depósitos mi- simples de extração e não se preocupam em
nerais em relação aos centros consumidores investir na preservação ambiental, quadro
para atingir a sua economicidade. este que está mudando, devido a preocupa-
ção crescente da sociedade com o desen-
Areia e Cascalho volvimento sustentável, ou seja implantação
desta atividade industrial com um mínimo de
A areia e o cascalho são matérias pri- impacto ambiental.
mas de fácil extração, mas as novas leis am- Somente na região de Cuiabá en-
bientais vêm dificultando esta atividade que contram-se 41 dragas responsáveis pela pro-
até então está sendo apontada como fator dução de quase um milhão de metros cúbi-
de degradação ambiental. A produção de cos, mais da metade da produção do Esta-
areia e cascalho ocorre nas imediações da do de Mato Grosso.
maioria das sedes dos municípios, com mai- O quadro que segue (Tabela 9) mostra
or expressão nas grandes cidades. Cuiabá, a evolução da produção de areia e cascalho
189nos últimos anos no estado do Mato Grosso.
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Gráfico 10
veis no ano de 2003 pela oferta da ordem de O crescimento com picos nos anos de 1997/
53 milhões de litros, conforme pode ser vi- 98 conFigura o maior poder aquisitivo da po-
sualizado na Tabela 12. pulação devido aos reflexos do plano Real,
As fontes de águas minerais atualmen- aumentando o hábito de consumo de água
te exploradas são provenientes dos municípi- mineral, o que aconteceu em todo o país.
os de Chapada dos Guimarães, Jaciara, Cam- A queda na produção em 2003 pode
po Verde, Dom Aquino e Tangará da Serra. estar refletindo alguma mudança de compor-
O quadro a seguir (Tabela 13) mos- tamento interno das empresas não tendo ne-
tra a produção de água mineral no Estado cessariamente motivação técnica. (Gráfico 11).
nos últimos anos. O grande potencial de águas termais
Registra-se uma crescente produção para fins turísticos constitui um importante
acompanhando o crescimento da população segmento na economia do estado.
do Estado, atingindo um pico no ano de 2002. Além das Águas Quentes do Balneá-
192
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
rio de São Vicente, que se encontra em ope- madamente 50.000 Km2, envolvendo os mu-
ração comercial, uma grande faixa de dire- nicípios de Cuiabá, Chapada dos Guimarães,
ção E-W contendo dezenas de surgências Campo Verde, Jaciara, Dom Aquino, Jusci-
de águas termais constitui, nas regiões cen- meira, São Pedro da Cipa, Rondonópolis,
tro-sul e leste do Estado, sua principal pro- Pedra Preta, São José do Povo, Poxoréo,
víncia termal. Abrange uma área de aproxi- General Carneiro e Barra do Garças.
Gráfico 11
193
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
Gráfico 12
ses que priorizaram essa política, elevando a CPRM-Serviço Geológico do Brasil e de rela-
produção mineral à ordem de 20% do PIB. tórios da SICME do Estado de Mato Grosso.
No Brasil, particularmente nos Estados de
Minas Gerais, Bahia e Pará, onde esses es- No setor de exploração do Ouro :
forços se tornaram significativos, foram de- Mineração Santa Elina Ltda.
tectados ambientes com importante poten- Morrinho Mineração Ltda.
cial metalogenético, atraindo grandes empre- Minérios Salomão Ltda
sas nacionais e multinacionais, que vêm apli- Mineração Jaguar Ltda
cando expressivos investimentos de risco na COOPEIXOTO
busca de detectar depósitos minerais eco- No setor de Calcário Dolomítico
nomicamente viáveis. Calcário Tangará Ind. e Co. Ltda
Mesmo diante do pouco conheci- Mineração Caieira N.S.da Guia
mento geológico ainda registrado em Mato Emal – Empresa de Mineração Ari-
Grosso, empresas e grupos privados estão puanã Ltda
presentes investindo na busca de oportuni- Copacel Ind. e Com. de Calcário e Ce-
dades minerais. reais Ltda.
A seguir são relacionadas as empre- Ecoplan Mineração Ltda.
sas nas suas devidas áreas de atuação por Império Minerações Ltda.
setor, segundo levantamento efetuado pela Supercal – Extração de Calcário Ltda.
196
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
199
200
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
6.
CONCLUSÕES
E RECOMENDAÇÕES
202
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
novas jazidas o que irá definir novas minerais na própria região, através de
oportunidades de investimentos; uma política agressiva de incentivos e
Implantação de programas específicos atração de investimentos, oferecendo
na busca e definição de ambientes inclusive melhoria na infra-estrutura,
geológicos promissores para a principalmente na distribuição da rede
descoberta de depósitos de minerais de energia elétrica para aproveitamento
para utilização na agricultura como dos minérios polimetálicos, minerais
fosfato, potássio e caracterização dos industriais e dos pólos de turismo,
calcários, visando diminuir a estes, com o aproveitamento do
dependência interna do estado em potencial de água termal e de cenários
insumos agrícolas que hoje responde naturais paisagísticos.
por 80% das importações; Essas ações conjuntas irão contribuir
Elaboração de um inventário sobre o para o desenvolvimento do Estado,
meio-físico objetivando um diagnóstico consolidando o setor mineral como um dos
completo do potencial hídrico, mais importantes para a economia regional.
ambiental e mineral do Estado com As informações científicas atualizadas
objetivo de definir novas oportunidades concorrerão para criar novas alternativas de
de negócios e consolidar novas investimentos, com menores riscos e maior
parcerias e implantar novos confiança para os investidores, o que dará
empreendimentos aproveitando o suporte à instalação de novos
grande potencial de recursos naturais empreendimentos.
existente em Mato Grosso;
Estabelecer diretrizes para a
verticalização industrial dos produtos
203
204
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso
BIBLIOGRAFIA
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235
ANEXOS
RECURSOS MINERAIS DO ESTADO DE MATO GROSSO
GRUPO IRIRI
Ignibrito 1.890 ± 02 Pb-Pb Zircão Lamarão et al - 1999
Riolito 1.877 ± 04 Pb-Pb Zircão Lamarão et al - 1999
1890 U-Pb Zircão Pinho - 2004
TONALITO CABAÇAL
Tonalito 1.558 ±250 Rb-Sr Saes & Leite - 2.003
Tonalito 1.780 ± 10 U-Pb Pinho - 1.996
SUÍTE COLIDER
Riolito porfiro 1.786 ± 17 U-Pb JICA/MMAJ - 2.000
Riolito porfiro 1.781 ± 08 U-Pb Zircão Pimentel -2001
Riodacito 1.801 ± 11 U-Pb Zircão Pinho et al. - 2.001
A-1 Metariolito 1.767 ± 02 U-Pb Zircão Pinho et al. - 2.003
A-2 Riodacito 1.761 ± 05 U-Pb Zircão Pinho et al. - 2.003
A-3 Monzogranito (Moriru) 1.774 ± 04 U-Pb Zircão Pinho et al. - 2.003
A-4 Monzogranito (Moriru) 1.775 ± 13 U-Pb Zircão Pinho et al. - 2.003
A-6 Monzogranito (Moriru) 1.759 ± 03 U-Pb Zircão Pinho et al. - 2.003
A-7 Monzogranito (Moriru) 1.764 ± 32 U-Pb Zircão Pinho et al. - 2.003
A-8 Monzogranito (Moriru) 1.766 ± 05 U-Pb Zircão Pinho et al. - 2.003
P - 20 Sienogranito (Moriru) 1.772 ± 66 U-Pb Zircão Pinho et al. - 2.003
P - 21 Granodiorito (Moriru) 1.765 ± 04 U-Pb Zircão Pinho et al. - 2.003
P - 25 Monzogranito (Moriru) 1.763 ± 06 U-Pb Zircão Pinho et al. - 2.003
P - 27 Sienogranito (Moriru) 1.772 ± 04 U-Pb Zircão Pinho et al. - 2.003
P - 29 Monzogranito (Moriru) 1.803 ± 03 U-Pb Zircão Pinho et al. - 2.003
GRUPO ROOSEVELT
Metadacito 1.762 ± 06 U-Pb Zircão Neder et al - 2.000
Metadacito 1.740 ± 08 U-Pb Zircão Santos et al. - 2.000
Dacito 1.755 ± 05 U-Pb Neder et al - 2.000
GRANITO ZÉ DO TORNO
1.757 ± U-Pb Zircão Jaime D. Leite - 2.004
GRANITO FONTANILLAS
JV - 122 Biotita metagranito 11°09'00,8" 57°14'36,4" 1.800 ± 20 U-Pb Zircão Lacerda Filho - 2.004
SUÍTE INTRUSIVA FIGUEIRA BRANCA
Gabro 1.688 ± 46 Sm-Nd Geraldes et al - 1.986
Gabro 2.8 Ga K-Ar Plagioclásio Monteiro et al 1986
GRUPO BENEFICENTE
Ignimbrito 10º 17' 42" 54º 11' 46" 1.790 ± 02 Rb-Sr Leite, Jayme A. D.
Siltito 1.485 ± 32 Rb-Sr Tassinári et al. - 1.978
Siltito 1.331 ± 28 Rb-Sr Tassinári et al. - 1.978
Conglomerado basal 1.714 ± 39 Pb-Pb Zircão Saes & Leite - 2.002
GRANITO ARIPUANÃ
MQ-33 Sienogranito 1.537 ± 07 U-Pb Zircão Rizzotto et al. - 2.002
MQ-33 Granito 1.546 ± 05 Pb-Pb Zircão Rizzotto et al. - 2.002
GRANITO LAJES
ALCALINAS CANAMÃ
1.608 ± 200 Rb-Sr Dall'agnol & Santos - 1996
FORMAÇÃO ARINOS
Basalto 1.225 ± 20 K-Ar Silva et al - 1.980
Basalto 1.416 ± 14 K-Ar Silva et al - 1.980
Granito Foliado F. 10º 07' 00" 59º 09' 00" 2.201 Sm-Nd Rocha Total Rizzotto et al - 2.002
FORMAÇÃO DARDANELOS
Arenito 1.710 ± 11 Pb-Pb Detritico Saes & Leite - 2.002
Arenito 1.367 ± 149 Pb-Pb Detritico Saes & Leite - 2.002
1.848 ± 17 U-Pb JICA/MMAJ - 2.000
1.755 ± 05 U-Pb JICA/MMAJ - 2.000
1.653 ± 42 U-Pb Pimentel - 2.001
Conglomerado basal 1.987 ± 04 Pb-Pb Detritico Saes & Leite - 2.003
Conglomerado 1.377 ± 13 Pb-Pb Detritico Saes & Leite - 2.003
1.383 ± 04 Pb-Pb Detritico Saes & Leite - 2.001
FORMAÇÃO PALMEIRAL
1030 U-Pb Detritico Bahia - 1.997
1154 U-Pb Detritico Santos, J. O. - 2.002
GRUPO CUIABÁ
4034/AM-OC/196 Filito 746 ± 28 Rb-Sr Barros et al - 1.982
4034/AM-OC/194 Filito 752 ± 26 Rb-Sr Barros et al - 1.982
UNIDADE ARAGAUINHA
247 -243 Ma Ar-Ar
FORMAÇÃO TAPIRAPUÃ
198 Ar-Ar Minioli et al. - 1.999
112 ± 03 K-Ar Adalberto Maia Barros et al - 1.982
123 ± 13 K-Ar Minioli et al. - 1.971
Basalto 112 ± 04 K-Ar Minioli et al. - 1.971
Basalto 126 ± 04 K-Ar Minioli et al. - 1.971
Basalto 196 ± 1,8 Ar-Ar Minioli et al. - 1.999
FORMAÇÃO SERRA GERAL
Basalto 138 à 129 Ar-Ar Cordani & Vandoros - 1.967
112,3 à 125,7 K-Ar Minioli et al - 1.971
130 Rb-Sr Teixeira - 1.980