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Sustentabilidade Como Princípio Estruturante
Sustentabilidade Como Princípio Estruturante
I. Referências normativas
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Tékhne, 2010, Vol VIII, nº13
José Joaquim Gomes Canotilho
II – Sentido jurídico-constitucional
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O Princípio da sustentabilidade como Princípio estruturante do Direito Constitucional
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1. Instrumentos conformadores
8. Não pertence a uma lei-quadro fundamental, como é a Constituição, fixar
concretamente os instrumentos políticos, económicos, jurídicos, técnicos e
científicos indispensáveis à solução dos problemas ecológico-ambientais, sejam
eles da primeira ou da segunda geração. Também neste aspecto, o texto
4 Veja-se, precisamente, Klaus Bosselmann, The Principle of Sustainability, Transponing Law and
Governance, 2008; Maria da Glória Garcia, O Lugar do Direito do Ambiente na Protecção do Ambiente,
Coimbra, 2007, p. 369 e segs.
5 Seguimos de perto o que escrevemos em J.J. Gomes Canotilho/J. Rubens Morato Leite (org.),
Direito Constitucional Ambiental Luso-Brasileiro, São Paulo, 3.ª ed., 2003.
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6 Uma visão global e actualizada do problema ver-se-á em FELIX EKARDT, Steuerungsdefizite vom
Umweltrecht – Ursachen unter besonder Berücksichtigung des Naturschutsrecht und das Grundrechte.
Zugleich zur Relevanz religiösen Säkularisats im öffentlichen Recht, 2001. Do mesmo Autor veja-se
também o recente trabalho “Information, Verfahren, Selbsregulierung, Flexibilisierung. Instrumente
eines effektiven Umweltrechts?”, in Natura und Recht, 4/2005, p. 215 e segs.
7 O exemplo mais elaborado de good governance global é o do Protocolo de Quioto que entrou em
vigor em 16 de Fevereiro de 2005. Veja-se o ilustrativo estudo de C. KREUTER – KIRCHHOF,
“Dinamisierung des internationalen Klimaschutzregimes durch Institutionalisierung” in ZaörRV
(Zeitschrift für ausländisches öffentliches Recht und Völkerrecht), 65 (2005), p. 967 e segs. Entre a
literatura jusambiental em língua portuguesa cfr. MARIA DA GLÓRIA GARCIA, O Lugar do Direito do
Ambiente na Protecção do Ambiente, cit., p. 348 e segs.
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8 Para uma visão global da discussão vide MICHAEL KLOEPFER, “Umweltschutz und
Verfassungsrecht”, in DVBL, 1988, p. 305 e segs. Veja-se a série de argumentos jurídico-dogmáticos
contra o reconhecimento de um direito fundamental ao ambiente em ASTRID EPINEY, anotação do art.
20.ºem MANGOLDT/KLEIN/STARCK, Bonner Grundgesetz Kommentar, 4.ª ed., vol. 2.º, München, 2000,
p. 203 e segs.
9 Veja-se, neste sentido, CH. CALIESS, Rechtsstaat und Umwelstaat, Tübingen, 2001, p. 74 e segs.
ALEXANDRA ARAGÃO, “Direito Constitucional do Ambiente e a União Europeia”, in J.J. GOMES
CANOTILHO/J. RUBENS MORATO LEITE (org.), Direito Constitucional Ambiental Luso-Brasileiro, cit., p.
36 e segs.
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14 Note-se que não se trata, em rigor, de rigidificar uma garantia de perpetuação do actual complexo
normativo-ambiental. Seria, por isso, mais adequado – até porque se dá centralidade à defesa da
integridade dos componentes ambientais naturais – falar de uma proibição de retrocesso ecológico. Cfr.,
precisamente, M. Kloepfer, Umweltrecht, 3.ª ed., § 3.º, anotação 38. Há que ter em conta, porém, as
garantias jurídico-normativas do nível de protecção como eventual limite às desregulações do ambiente
por imposições económicas. Veja-se, por exemplo, Kadelbach, “Verfassungsrechtliche Grenzen für
Deregulierungen des Ordnungsverwaltungsrecht”, in Kritische Viertel Jahresschrift, 1997, p. 263.
15 Veja-se, entre outros, o estudo de Bernsdorf, “Positivierung des Umweltschutzs im Grundgesetz”,
Natur und Recht, 1997, p. 328 e segs.
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19. Pretende-se, além disso, que a inclusão desses interesses ganhe efectividade e
operacionalidade prática. Articulado com outros princípios, o princípio da
solidariedade entre gerações pressupõe logo, como ponto de partida, a efectivação
do princípio da precaução. Configurado como verdadeiro princípio fundante e
primário16 da protecção dos interesses das futuras gerações é ele que impõe
prioritariamente e antecipadamente a adopção de medidas preventivas e justifica a
aplicação de outros princípios como o da responsabilização e da utilização das
melhores tecnologias disponíveis. O princípio da responsabilização, ao implicar a
assumpção das consequências pelos agentes causadores de danos ao ambiente,
significa imputação de custos e obrigação de medidas de compensação e de
recuperação que conduzirão à consideração, de forma antecipativa, dos efeitos
imediatos ou a prazo das respectivas actuações ambientalmente relevantes.
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