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o 133 — 11-6-1997
lizando uma orientação e apoio conjugados entre edu- cidas em termos sociais, económicos e culturais, mar-
cadores e pais. cadas por processos de exclusão social e escolar.
A conjugação destes vários elementos tem conduzido O presente diploma representa também um desen-
a que as políticas educativas não só procurem a gene- volvimento dos princípios e regras consignados no Pacto
ralização da educação pré-escolar, enquanto primeira de Cooperação para a Solidariedade Social, os quais
etapa da educação básica, como também privilegiem irão ser observados na respectiva regulamentação.
e desenvolvam as condições e serviços prestados nestes O presente decreto-lei resulta ainda da audição
estabelecimentos educativos, elegendo como medidas pública de várias entidades legalmente envolvidas neste
activas, designadamente, a fixação da dimensão máxima processo, designadamente a Associação Nacional de
dos grupos de crianças e a relação adulto-criança, a qua- Municípios Portugueses, as organizações representativas
lidade das actividades educativas, a preparação e a esta- do ensino particular e cooperativo, das instituições par-
bilidade da equipa educativa e o desenvolvimento de ticulares de solidariedade social, das misericórdias, das
projectos pedagógicos participados. mutualidades e das associações de pais, bem como as
Apesar da oferta de três anos de educação pré-escolar organizações sindicais de professores.
em Portugal, verifica-se que apenas 50 % das crianças Assim:
entre os 3 e os 5 anos beneficiam de ofertas educativas Nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 201.o da
a este nível. Constituição, o Governo decreta o seguinte:
Nesta perspectiva, torna-se urgente o lançamento do
Programa de Expansão e Desenvolvimento da Educação
Pré-Escolar, que responda às necessidades educativas CAPÍTULO I
e concretize o princípio da igualdade de oportunidades.
O presente diploma procede ao desenvolvimento da Objecto e âmbito
Lei Quadro da Educação Pré-Escolar, visando-se, assim,
dar execução aos objectivos constitucionais e legais no Artigo 1.o
domínio educativo, desde o direito à educação até à
Objecto
liberdade de ensinar e aprender. Trata-se de dar corpo
a uma tarefa educativa, complementada pela acção nas O presente diploma estabelece o regime jurídico do
áreas da solidariedade e segurança social, a fim de que desenvolvimento e expansão da educação pré-escolar
não haja discriminações e de que a educação pré-escolar e define o respectivo sistema de organização e finan-
não constitua um privilégio, mas um direito, integrado ciamento.
na realização do objectivo afirmado pela UNESCO de
que a educação é para todos. Artigo 2.o
O desenvolvimento de uma educação pré-escolar de
Âmbito de aplicação
qualidade constitui, assim, o objectivo central do pre-
sente diploma, devendo materializar-se na criação de O presente diploma aplica-se às redes de educação
uma rede nacional de educação pré-escolar, integrando pré-escolar, pública e privada.
uma rede pública, constituída a partir da iniciativa da
administração central e local, e uma rede privada, desen-
volvida a partir das iniciativas das instituições parti- CAPÍTULO II
culares de solidariedade social, dos estabelecimentos de
ensino particular e cooperativo e de outras instituições Princípios gerais
sem fins lucrativos que prossigam actividades no domí-
nio da educação e do ensino.
Artigo 3.o
O presente diploma desenvolve os princípios gerais
da educação pré-escolar, consagrando o direito da partici- Redes de educação pré-escolar
pação das famílias na elaboração dos projectos educativos,
estabelecendo mecanismos de garantia de igualdade de 1 — As redes de educação pré-escolar, pública e pri-
oportunidades no acesso à educação pré-escolar e defi- vada, constituem uma rede nacional, visando efectivar
nindo instrumentos de cooperação institucional entre a universalidade da educação pré-escolar.
os vários departamentos governamentais envolvidos no 2 — A rede pública integra os estabelecimentos de
Programa de Expansão e Desenvolvimento da Educação educação pré-escolar criados e a funcionar na directa
Pré-Escolar. Por outro lado, é prestada especial atenção dependência da administração pública central e local.
à definição das condições organizativas dos estabele- 3 — A rede privada integra os estabelecimentos de
cimentos de educação pré-escolar, estabelecendo nor- educação pré-escolar que funcionem em estabelecimen-
mas enquadradoras de uma organização educativa de tos de ensino particular ou cooperativo, em instituições
qualidade, nomeadamente quanto a normas pedagógicas particulares de solidariedade social e em instituições,
e técnicas, à qualificação do respectivo pessoal docente sem fins lucrativos, que prossigam actividades no domí-
e direcção pedagógica e a mecanismos de avaliação e nio da educação e do ensino.
inspecção, bem como normas gerais de funcionamento,
designadamente quanto a horários e lotação das salas.
Artigo 4.o
O diploma define ainda as condições que deverão
enquadrar o apoio financeiro ao desenvolvimento da Destinatários
rede nacional de educação pré-escolar. São, assim, esta-
belecidas as prioridades a que deve obedecer o alar- A educação pré-escolar destina-se a crianças com ida-
gamento da rede nacional de educação pré-escolar, des compreendidas entre os 3 anos e a idade de ingresso
dando especial relevo a zonas carenciadas de estabe- no ensino básico e é ministrada em estabelecimentos
lecimentos de educação pré-escolar e áreas desfavore- de educação pré-escolar.
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1 — Para efeitos do presente diploma, a igualdade 1 — A actividade educativa numa sala de educação
de oportunidades implica, nomeadamente, que as famí- pré-escolar é desenvolvida por um educador de infância
lias, independentemente dos seus rendimentos, bene- com as habilitações legalmente previstas para o efeito.
ficiem das mesmas condições de acesso, qualquer que 2 — Ao educador de infância compete ainda coor-
seja a entidade titular do estabelecimento de educação denar as actividades de animação sócio-educativa da sala
pré-escolar. de educação pré-escolar, devendo salvaguardar a qua-
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, lidade do atendimento prestado às crianças.
compete ao Estado a criação de condições para apoiar
e tornar efectivo o direito de acesso à educação pré-
-escolar, nomeadamente através da gratuitidade da com- Artigo 13.o
ponente educativa, nos termos da lei. Direcção pedagógica
Artigo 14.o
CAPÍTULO IV
Pessoal não docente
Financiamento
A relação do pessoal não docente por número de
salas do estabelecimento de educação pré-escolar é Artigo 19.o
fixada por despacho conjunto dos Ministros da Edu-
cação e da Solidariedade e Segurança Social. Âmbito do financiamento
cados na 2.a série do Diário da República, mediante a 2 — O valor do financiamento, a fundo perdido, refe-
apresentação de candidaturas por parte das entidades rido na alínea a) do número anterior poderá atingir
beneficiárias. 100 % do custo total da obra, nos casos de construção
2 — O concurso referido no número anterior é pelos municípios de infra-estruturas de educação pré-
objecto de regulamento, a definir por despacho conjunto -escolar em zonas muito carenciadas.
dos Ministros das Finanças, da Educação e da Solida- 3 — O valor do financiamento, a fundo perdido, a
riedade e Segurança Social. suportar pelo Estado na ampliação, remodelação e bene-
3 — Os termos de concessão do financiamento são ficiação de infra-estruturas de estabelecimentos de edu-
objecto de contrato a celebrar entre as partes. cação pré-escolar é o seguinte:
4 — A atribuição de apoio financeiro ao funciona-
a) 50 % do custo total da obra, para os municípios;
mento é feita através da celebração de acordos de cola-
b) Entre 25 % e 50 % do custo total da obra, para
boração e de cooperação entre os Ministérios da Edu-
as instituições particulares de solidariedade
cação e da Solidariedade e Segurança Social e a entidade
social e instituições, sem fins lucrativos, que
beneficiária, após aprovação de proposta por esta
prossigam actividades no domínio da educação
apresentada.
e do ensino.
Artigo 23.o Artigo 25.o
Prioridades Requisitos para financiamento de infra-estruturas
O Governo, através do Ministro das Finanças, tomará 1 — A colocação de pessoal auxiliar de acção edu-
as providências necessárias para a criação de linhas de cativa nos estabelecimentos de educação pré-escolar da
crédito bonificado destinadas à aquisição, construção rede pública, na dependência directa do Ministério da
e equipamento de estabelecimentos de educação pré- Educação ou da administração local, é da responsabi-
-escolar abrangidos por este diploma. lidade dos municípios.
2 — Até à definição das competências da adminis-
tração local autárquica em matéria de pessoal não
SECÇÃO II docente da rede pública da educação pré-escolar, os
Funcionamento respectivos encargos são suportados por verbas inscritas
ou a inscrever nas dotações orçamentais do Ministério
Artigo 29.o da Educação.
3 — Os encargos com o pessoal referido no número
Rede pública
anterior não são considerados para os limites fixados
1 — Nos estabelecimentos de educação pré-escolar nos n.os 1 e 2 do artigo 10.o do Decreto-Lei n.o 116/84,
da rede pública na dependência directa do Ministério de 6 de Abril.
da Educação ou da administração local, o Ministério 4 — As candidaturas aprovadas nos termos do Decre-
da Educação é responsável pela colocação dos educa- to-Lei n.o 173/95, de 20 de Junho, continuam a reger-se
dores de infância. pela legislação ao abrigo da qual foram celebrados os
2 — Por despacho do Ministro da Educação, é defi- respectivos contratos, sem prejuízo do disposto no
nido anualmente o montante a atribuir aos estabele- número seguinte.
cimentos de educação pré-escolar na dependência 5 — A pedido das entidades beneficiárias e no prazo
directa do Ministério da Educação destinado à aquisição de 60 dias a contar da entrada em vigor do presente
de material didáctico. decreto-lei, podem ser objecto de revisão todos os con-
tratos referidos no número anterior, passando a ser-lhes
aplicáveis as disposições constantes deste diploma.
Artigo 30.o 6 — No prazo de 60 dias a contar da data da entrada
Rede privada em vigor do presente diploma, as entidades beneficiárias
que apresentaram a sua candidatura nos termos do
1 — O financiamento dos estabelecimentos de edu- Decreto-Lei n.o 173/95, de 20 de Junho, a qual se encon-
cação pré-escolar pertencentes a instituições particula- tra pendente de aprovação, podem optar pela convo-
res de solidariedade social e instituições, sem fins lucra- lação da candidatura ao abrigo do presente diploma.
tivos, que prossigam actividades no domínio da educação 7 — As entidades beneficiárias que optem pela apli-
e do ensino é efectuado com base no custo por criança. cação do regime transitório previsto no número anterior
2 — O custo referido no número anterior é definido deverão manifestar expressamente tal intenção, reme-
anualmente, por despacho conjunto dos Ministros da tendo aos serviços competentes do Ministério da Edu-
Educação e da Solidariedade e Segurança Social, tendo cação a respectiva declaração de vontade.
em conta os pareceres das organizações representativas 8 — O Decreto-Lei n.o 542/79, de 31 de Dezembro,
das instituições particulares de solidariedade social, das será revisto no prazo de 180 dias a contar da entrada
misericórdias e das mutualidades. em vigor do presente diploma, de modo a ser adaptado
3 — Os estabelecimentos de educação pré-escolar ao regime dele constante.
que se inserem no âmbito do Estatuto do Ensino Par- 9 — Os estabelecimentos de educação pré-escolar tute-
ticular e Cooperativo são apoiados financeiramente de lados por serviços de acção social complementar ou
acordo com os mecanismos e critérios a definir por des- outros serviços específicos dos vários ministérios devem
pacho do Ministro da Educação, tendo em conta o pare- proceder à adaptação gradual das respectivas condições
cer do Conselho Coordenador do Ensino Particular e de funcionamento ao regime constante do presente
Cooperativo. diploma.
CAPÍTULO V 10 — A aplicação do disposto no presente diploma
realizar-se-á de forma gradual, devendo, no prazo de
Formação três anos, os responsáveis pelos estabelecimentos de
educação pré-escolar proceder às adaptações necessá-
Artigo 31.o rias à satisfação da totalidade dos requisitos legalmente
Formação fixados, sendo integrados na rede nacional de educação
pré-escolar, nos termos do n.o 3 do artigo 18.o do pre-
O Ministério da Educação, em articulação com as sente diploma.
instituições de ensino superior, com os centros de for-
mação das associações de escolas e com outras entidades Artigo 33.o
formadoras, deve desenvolver programas de formação Aplicação às Regiões Autónomas
contínua do pessoal docente e não docente dos esta-
belecimentos de educação pré-escolar da rede nacional O presente diploma aplica-se às Regiões Autónomas
de educação pré-escolar. dos Açores e da Madeira, com as necessárias adaptações.
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